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domingo, 28 de agosto de 2011

Pai Rico, Pai Pobre

PAI Rico, PAI Pobre

ROBERT T. KIYOSAKI
SHARON I. LECHTER

Obs: Este livro foi postado neste Blog, pois já se encontra na
internet, para ser baixado no Megaupload. Caso tenha condições
financeiras e seja vidente, podendo usufruir da leitura considerada
normal, recomendamos que adquira o original.

Paulinho Geller

Orelhas do livro:

A escola prepara as crianças para a vida real?
Esta é a primeira pergunta com que o leitor se depara neste Livro, O
recado é ousado e está implícito: boa formação e notas altas não bastam
para garantir o sucesso de alguém. O mundo mudou; a maioria dos jovens
tem cartão de crédito, antes mesmo de concluir os estudos, e nunca
tiveram aula sobre dinheiro, investimento, juros etc. Ou seja, vão para
a escola, mas continuam analfabetos financeiros, despreparados para
enfrentar um mundo que dá mais ênfase à despesa do que à poupança.

Para os autores, o conselho mais perigoso que se pode dar a um jovem nos
dias de hoje é:
"Vá para a escola, tire notas altas e depois procure um emprego seguro."
O fato é que as regras mudaram, e não existe mais emprego certo para
ninguém. Pai Rico, Pai Pobre demonstra que o problema não está entre ser
empregado ou empregador, mas entre ter o controle de seu próprio destino
ou entregar o controle a alguém. essa a tese de Robert Kiyosaki e Sharon
Lechter neste livro original e contundente. Para eles, a formação
proporcionada pelo sistema de ensino não prepara os jovens para o mundo
que encontrarão depois de formados.
___
E como os pais podem ensinar aos filhos o que a escola não ensina?
Esta é outra das muitas perguntas com que o leitor se depara em Pai
Rico, Pai Pobre. Nesse sentido, a proposta dos autores é facilitar a
tarefa dos pais. O leitor que sabe contabilidade deve esquecer seus
conhecimentos acadêmicos, pois muitas das teorias expostas por Robert
Kiyosaki contrariam os princípios contábeis geralmente aceitos e
apresentam uma valiosa e moderna percepção da forma como se realizam os
investimentos.

O mundo enfrenta mudanças radicais e, talvez, de alcance maior do que as
ocorridas em séculos passados. Não existe bola de cristal, mas algo é
certo: a perspectiva global é de mudanças que transcendem nossa
realidade imediata. Aconteça o que acontecer, só existem duas
alternativas: a segurança ou a inteligência. E o objetivo de Pai Rico,
Pai Pobre é instruir o leitor e despertar seu gênio financeiro e o de
seus filhos.

Este livro é dedicado a todos os pais, de qualquer lugar, os mestres
mais importantes de toda a criança.

Agradecimentos

Como dizer"obrigado" quando há tantos a quem agradecer? Obviamente este
livro é um agradecimento a meus pais, poderosos modelos de vida, e a
minha mãe, que me ensinou o amor e a bondade.

Algumas pessoas são responsáveis de forma mais direta pela
transformação deste livro em realidade. Agradeço a minha esposa Kim, que
torna minha vida mais plena. Kim é minha parceira no casamento, nos
negócios e na vida. Sem ela estaria perdido. Aos pais de Kim, Winnie e
Bill Meyer, por terem criado uma filha tão maravilhosa. Agradeço a
Sharon Lechter por reunir os pedaços deste livro em meu computador. Ao
marido de Sharon, Mike, por ser um grande especialista em direito e
propriedade intelectual e a seus filhos, Phillip, Shelly e Rick, por sua
participação e cooperação. Agradeço a Keith Cunningham por seus
conhecimentos financeiros e por sua inspiração. A Larry e Lisa Clark
pelo dom da amizade e do incentivo. A Rolf Parta pelo gênio técnico. A
Anne Nevin, Bobbi DePorter e Joe Chapon por sua compreensão do
aprendizado. A DC e Hohn Harrison, Jannie Tay, Sandy Khoo, Richard e
Veronica Tan, Peter Johnston e Suzi Dafnis, Jacqueline Seow, a Nyhl
Henson, Michael e Monette Hamlin, Edwin e Camilla Khoo, K.C. e Jessica
See, pelo apoio profissional; a Kevin e Sara da InSync pelos gráficos
brilhantes. AJohn e Shari Burley, Bill e Cindy Shopoff, Van Tharp, Diane
Kennedy, C.W Allen, Marilu Deignan, Kim Arries e Tom Weisenborn, por
seus conhecimentos financeiros. A Sam Georges, Anthony Robbins, Enid
Vien, Lawrence e Jayne Taylor-West, Alan Wright e Zig Ziglar, pela
clareza mental. A J.W Wilson, Marty Weber, Randy Craft, Don Mueller,
Brad Walker, Blair e Eileen Singer, Wayne e Lynn Morgan, Mimi Brennan,
Jerome Summers, Dr. Peter Powers, Will Hepburn, Dr. Enrique Teuscher,
Dr. Robert Marin, Betty Oyster, Julie Belden, Jamie Danforth, Cherie
Clark, Rick Merica, Joia Jitahide, Jeff Bassett, Dr. Tom Burns e Bill
Galvin, pela grande amizade e apoio aos projetos. Ao Center Managers e
aos milhares de graduados de Money and You e The Business School for
Entrepreneurs. E a Frank Crerie, Clint Miller, Thomas Allen e Norman
Long, por serem grandes parceiros nos negócios.

Sumário
Introdução
Há uma necessidade 11

LIçÔES

Capítulo Um
Pai rico, pai pobre 21

Capítulo Dois
Lição 1: Os ricos não trabalham pelo dinheiro 29

Capítulo Três
Lição 2: Para que alfabetização financeira? 59

Capítulo Quatro
Lição 3: Cuide de seus negócios 85

Capítulo Cinco
Lição 4: A história dos impostos
e o poder da sociedade anônima 93

Capítulo Seis
Lição 5: Os ricos inventam dinheiro 103

Capítulo Sete
Lição 6: Trabalhe para aprender -
não trabalhe pelo dinheiro 123

INÍCIO

Capítulo Oito
Como superar obstáculos 137

Capítulo Nove Em ação 153

Capítulo Dez Ainda quer mais? 173

Conclusão
Como pagar a faculdade dos filhos com apenas
US$7.000 179

Aja! 183

Os Autores 185

Leituras Recomendadas 187

INTRODUÇÃO


Há uma necessidade

A escola prepara as crianças para o mundo real?"Estude com afinco tire
boas notas e você encontrará um bom emprego com um salário alto",
costumavam falar meus pais. O objetivo deles na vida era oferecer
instrução superior para mim e para minha irmã mais velha, de modo que no
futuro tivéssemos maiores oportunidades de sucesso. Quando finalmente me
formei em 1976 com destaque, pois fui um dos primeiros lugares da turma
no curso de contabilidade da Florida State University -, meus pais
finalmente atingiram seu objetivo. De acordo com o"Plano Diretor", fui
contratada por um dos"Oito Grandes" escritórios de contabilidade e
imaginava à minha frente uma longa carreira e uma aposentadoria enquanto
ainda fosse jovem.
Meu marido, Michael, seguiu um percurso semelhante. Ambos viemos
de famílias trabalhadoras, de recursos modestos, mas com uma forte ética
em relação ao trabalho. Michael também se formou com louvor, e ele o fez
duas vezes: primeiro em engenharia e depois em direito. Rapidamente foi
contratado por um prestigioso escritório de advocacia em Washington,
D.C., especializado em patentes. Seu futuro parecia brilhante, com uma
trajetória profissional bem definida e uma aposentadoria precoce
garantida.
Embora nossas carreiras tenham sido bem-sucedidas, elas não
foram exatamente o que esperávamos. Ambos mudamos de emprego várias
vezes, pelas razões certas. Contudo, não há planos de pensão garantidos:
nossos fundos de aposentadoria só aumentam em função de nossas
contribuições individuais.
Michael e eu somos muito felizes no casamento e temos três
filhos maravilhosos. Enquanto escrevo este livro, dois deles já estão na
faculdade e o

12 13

terceiro está começando o segundo grau. Gastamos uma fortuna para
assegurar-nos de que nossos filhos estão recebendo a melhor formação
possível.
Um dia, em 1996, um dos meus filhos chegou em casa decepcionado
com a escola. Estava aborrecido e cansado de estudar.
- Por que tenho que perder tempo estudando coisas que nunca
aplicarei na vida real? protestou.
Sem pensar, respondi:
- Porque se você não tiver boas notas, você não vai entrar na
faculdade.
- Mesmo que não entre na faculdade replicou vou ficar rico.
- Se você não se formar, não vai conseguir um bom emprego -
respondi com uma ponta de pânico e preocupação maternal. - E se você não
tiver um bom emprego, como é que você pode ficar rico?
Meu filho deu um sorriso forçado e balançou a cabeça. Já
tínhamos levado este papo várias vezes. Ele abaixou a cabeça e desviou o
olhar. Minhas palavras cheias de sabedoria materna caíam novamente em
ouvidos surdos. Embora esperto e determinado, ele sempre se mostrou um
garoto bem-educado e respeitador.
- Mãe! começou. Era minha vez de ouvir um sermão. - Caia na
real! Olhe o que está acontecendo. As pessoas mais ricas não ficaram
ricas por causa do estudo. Veja o Michael Jordan e a Madonna. Até o Bill
Gates largou Harvard para fundar a Microsoft, e ainda tem pouco mais de
trinta anos. Há um arremessador de beisebol que ganha mais de US$4
milhões embora digam que é"desafiado mentalmente".*
Seguiu-se um prolongado silêncio. Percebi que estava dando a meu
filho os mesmos conselhos que meus pais tinham me dado. O mundo havia
mudado, mas os conselhos continuavam os mesmos. Boa formação e notas
altas não são mais suficientes para garantir o sucesso e ninguém parece
ter se dado conta, a não ser nossos filhos.
- Mãe continuou ele -, não quero trabalhar tanto como você e o
papai. Vocês ganham muito dinheiro, moramos numa casa grande e temos
muitos brinquedos. Se seguir seu conselho vou acabar como vocês,
trabalhando demais só para pagar mais impostos e me endividar. Não há
mais segurança no emprego; já sei tudo a respeito dedownsizinge
derightsizing.** Também sei que o pessoal que se forma na universidade
não está ganhando tanto


* Terminologia politicamente correta para o que se costumava chamar
de"débil mental". (N. T.) ** Nova corrente administrativa que sugere às
empresas não meramente"enxugar" o número de seus empregados, mas sim
manter o número necessário às suas atividades. (N. T.)


quanto antigamente. Sei que não posso depender da Seguridade Social ou
dos fundos de pensão da empresa para aposentar-me. Preciso de novas
respostas.
Ele estava certo. Ele precisava de novas respostas e eu também.
O conselho de meus pais pode ter funcionado para as pessoas que nasceram
antes de 1945, mas pode ser um desastre para os que nasceram em um mundo
em rápida transformação. Não basta dizer para meus filhos"Vá para a
escola, tire boas notas e procure um emprego tranqüilo e seguro".
Eu sabia que tinha que procurar novas formas de orientar a
educação de meus filhos.
Como mãe e contadora, preocupava-me com a falta de instrução
financeira nas escolas que nossos filhos freqüentam. Muitos dos jovens
de hoje têm cartão de crédito antes de concluir o segundo grau e,
todavia, nunca tiveram aulas sobre dinheiro e a maneira de investi-lo,
para não falar da compreensão do impacto dos juros compostos sobre os
cartões de crédito. Simplesmente, são analfabetos financeiros e, sem o
conhecimento de como o dinheiro funciona, eles não estão preparados para
enfrentar o mundo que os espera, um mundo que dá mais ênfase à despesa
do que à poupança.
Quando meu filho mais velho ficou totalmente endividado no
cartão de crédito, no primeiro ano da faculdade, eu o ajudei a rasgar os
cartões e comecei a procurar um programa que me ajudasse a educar meus
filhos em termos de questões financeiras.
No ano passado, meu marido ligou do escritório:"Encontrei alguém
que pode ajudar você", disse ele."Seu nome é Robert Kiyosaki. Ele é
empresário e investidor e está aqui para patentear um produto
educacional. Penso que é o que você estava procurando."


Justamente o que eu estava procurando

Meu marido, Mike, ficou tão impressionado com CASHFLOW, o novo
produto educacional que Robert Kiyosaki estava desenvolvendo, que
conseguiu que nós participássemos de um teste do protótipo. Como se
tratava de um produto educacional, perguntei também a minha filha de
dezenove anos, caloura na universidade local, se ela gostaria de
participar do teste e ela concordou.
Cerca de quinze pessoas, divididas em três grupos, participaram
do teste. Mike estava certo. Era esse o produto educacional que eu
estava procurando. Parecia um tabuleiro coloridíssimo de Banco
Imobiliário, contudo havia duas pistas: uma interna e outra externa, O
objetivo do jogo era sair da

14 Pai Rico, Pai Pobre
Introdução 15

pista interna, que Robert chamava de"Corrida dos Ratos,* e alcançar a
pista externa, ou"Pista de Alta Velocidade.** Como dizia Robert, a Pista
de Alta Velocidade simula o jogo dos ricos na vida real.
Então Robert descreveu para nós a"Corrida dos Ratos":
"Se você observar a vida das pessoas de instrução média,
trabalhadoras, você verá uma trajetória semelhante. A criança nasce e
vai para a escola. Os pais se orgulham porque o filho se destaca, tira
notas boas ou altas e consegue entrar na universidade. O filho se forma,
talvez faça uma pós-graduação, e então faz exatamente o que estava
determinado: procura um emprego ou segue uma carreira segura e
tranqüila. Encontra esse emprego, quem sabe de médico ou de advogado, ou
entra para as Forças Armadas ou para o serviço público. Geralmente, o
filho começa a ganhar dinheiro, chega um monte de cartões de crédito e
começam as compras, se é que já não tinham começado.
Com dinheiro para torrar, o filho vai aos mesmos lugares onde
vão os jovens, conhece alguém, namora e, às vezes, casa. A vida é então
maravilhosa porque atualmente marido e mulher trabalham. Dois salários
são uma bênção. Eles se sentem bem-sucedidos, seu futuro é brilhante, e
eles decidem comprar uma casa, um carro, uma televisão, tirar férias e
ter filhos. O desejo se concretiza. A necessidade de dinheiro é imensa.
O feliz casal concluiu que suas carreiras são da maior importância e
começa a trabalhar cada vez mais para conseguir promoções e aumentos. A
renda aumenta e vem outro filho... e a necessidade de uma casa maior.
Eles trabalham ainda mais arduamente, tornam-se funcionários melhores.
Voltam a estudar para obter especializaçao e ganhar mais dinheiro.
Talvez arrumem mais um emprego. Suas rendas crescem, mas a alíquota do
imposto de renda, o imposto predial da casa maior, as contribuições para
a Seguridade Social e outros impostos também crescem. Eles olham para
aquele contracheque alto e se perguntam para onde todo aquele dinheiro
vai. Aplicam em alguns fundos mútuos e pagam as contas do supermercado
com cartão de crédito. As crianças já têm cinco ou seis anos e é
necessário poupar não só para os aumentos das mensalidades escolares,
mas também para a velhice. O feliz casal, nascido há 35 anos, está agora
preso na armadilha da Corrida dos Ratos pelo resto de seus dias. Eles
trabalham para os donos da empre-

---
Rat race (literalmente"corrida dos ratos") é uma expressão usada
correntemente na língua inglesa para se referir de modo pejorativo à
incessante busca do sucesso no mundo dos negócios. (N. t.)
Fast track (literalmente "pista de alta velocidade") é uma expressão
usada na língua inglesa para denotar um estilo de vida cheio de emoções.
(N. T.)

---

sa, para o governo, quando pagam os impostos, e para o banco, quando
pagam cartões de crédito e hipoteca.
Então eles aconselham seus filhos a estudar com afinco, obter
boas notas e conseguir um emprego ou carreira seguros. Eles não aprendem
nada sobre dinheiro, a não ser com aqueles que se aproveitam de sua
ingenuidade e trabalham arduamente a vida inteira. O processo se repete
com a geração seguinte de trabalhadores. Esta é a Corrida dos Ratos."
A única maneira de sair da"Corrida dos Ratos" é provar sua
proficiência tanto na contabilidade quanto no investimento, que são dois
dos assuntos mais difíceis de dominar. Como auditora independente
formada que já trabalhou para um dos Oito Grandes escritórios de
contabilidade, fiquei surpresa ao ver que Robert tornara o aprendizado
desses dois temas divertido e empolgante. O processo estava tão bem
dissimulado que enquanto trabalhávamos diligentemente para sair
da"Corrida dos Ratos" esquecíamos rapidamente que estávamos aprendendo.
Logo o teste do produto se transformou em uma tarde divertida em
que falei com minha filha de coisas que nunca tínhamos discutido antes.
Como contadora, jogar um jogo que precisava de uma Demonstração de Renda
e de um Balanço era fácil, de modo que tive tempo para ajudar minha
filha e os demais jogadores do meu grupo a entender conceitos que eles
desconheciam. Naquele dia, fui a primeira pessoa e a única de todo o
grupo do teste a sair da"Corrida dos Ratos". Saí em cinqüenta minutos,
embora o jogo continuasse por cerca de três horas.
Na minha mesa estavam um gerente de banco, o dono de uma empresa
e um programador de computadores. O que me perturbou muito foi o pouco
que essas pessoas sabiam sobre contabilidade e investimento, assuntos
importantes para suas vidas. Fiquei imaginando como eles administravam
as questões financeiras na vida real. Podia entender que minha filha de
dezenove anos não soubesse nada, mas eles eram adultos com pelo menos o
dobro de sua idade.
Depois que terminei a"Corrida dos Ratos", fiquei acompanhando
por duas horas minha filha e aqueles adultos instruídos e abastados que
rolavam os dados e movimentavam seus marcadores. Embora estivesse
contente de vê-los aprender tanto, fiquei incomodada ao perceber como os
adultos tinham pouco conhecimento dos princípios básicos da
contabilidade e do investimento. Eles não conseguiam ver com clareza a
relação entre suas Demonstrações de Renda e seus Balanços. A medida que
compravam e vendiam ativos, eles tinham dificuldade em lembrar que cada
transação poderia ter impacto sobre o fluxo de renda mensal. Pensei em
quantos milhões de pes-

16 Pai Rico, PaiPobre
Introdução 17

soas, no mundo real, lutam com problemas financeiros só porque nunca
estudaram esse tema.
Graças a Deus, estes estavam se divertindo e se distraíam na
ânsia de ganhar o jogo, disse para mim mesma. Quando Robert deu por
finalizado o teste, ele nos concedeu quinze minutos para discutir e
criticar CASHFLOW entre nós mesmos.
O dono de empresa do meu grupo não estava feliz. Ele não gostou
do jogo. "Não preciso conhecer isso", disse."Tenho contadores, gerentes
de banco e advogados que me assessoram nestes assuntos."
Robert lhe respondeu:"Você já notou que há uma porção de
contadores que não ficam ricos? E gerentes de banco, e advogados, e
corretores de valores e corretores imobiliários? Eles sabem muita coisa,
e em geral são inteligentes, mas a maioria não é rica. Como nossas
escolas não ensinam o que os ricos conhecem, seguimos os conselhos
dessas pessoas. Mas, um dia, você está dirigindo na estrada, preso no
engarrafamento enquanto tenta chegar ao escritório e olha para o lado e
vê seu contador preso no mesmo engarrafamento. Você olha para o outro
lado e vê seu gerente de banco. Isso deveria dizer-lhe alguma coisa.
O programador de computadores também não ficou muito
impressionado com o jogo:"Posso comprar um software que me ensine tudo
isto."
O gerente de banco, contudo, estava empolgado:"Estudei isto na
escola quer dizer, a parte da contabilidade mas nunca soube aplicá-la
à vida real. Agora sei. Preciso sair da Corrida dos Ratos."
Mas foi o comentário de minha filha o que mais me
impressionou:"Me diverti aprendendo" disse."Aprendi um monte de coisas
sobre como o dinheiro funciona e como investi-lo."
Então acrescentou:"Agora posso escolher uma profissão pelo que
quero fazer e não para ter um emprego seguro ou mordomias ou pelo
salário. Se eu aprender o que este jogo ensina, ficarei livre para fazer
e estudar o que meu coração pede... e não porque as empresas estão à
procura de determinadas habilidades profissionais. Se aprender isto, não
vou ter que me preocupar com segurança no emprego e Seguridade Social
como a maioria de minha turma."
Não consegui ficar para conversar com Robert depois que o jogo
acabou, mas concordei em voltar a me encontrar com ele para falar mais
do projeto. Sabia que ele queria usar o jogo para ajudar os outros a
ficarem mais espertos do ponto de vista financeiro e estava ansiosa para
ouvir mais a respeito de seus projetos.
Meu marido e eu marcamos um jantar com Robert e sua esposa para
dali a alguns dias. Embora fosse nosso primeiro encontro social, parecia
que nos conhecíamos há anos. Descobrimos que tínhamos muito em comum.
Falamos de tudo, de esportes e teatro a restaurantes e questões
socioeconômicas. Falamos do mundo em transformação. Ficamos conversando
bastante tempo sobre como a maioria dos americanos tem pouca ou nenhuma
poupança para a aposentadoria, bem como sobre a quase falência da
Seguridade Social e do Medicare.* Meus filhos teriam que financiar a
aposentadoria dos 75 milhões de baby boomers?** Ficamos imaginando se as
pessoas percebem como é arriscado depender de planos de pensão.
A principal preocupação de Robert era o hiato crescente entre os
que têm e os que não têm, nos Estados Unidos e nos outros países.
Empresário autodidata que viajava em torno do mundo para fazer
investimentos, Robert tinha conseguido se aposentar aos 47 anos. Ele
saiu do conforto da aposentadoria porque tinha a mesma preocupação que
eu tinha em relação a meus filhos. Ele sabe que o mundo mudou, mas que a
educação não mudou com ele. Na opinião de Robert, as crianças passam
anos em um sistema educacional ultrapassado, estudando matérias que
jamais usarão, preparando-se para um mundo que não existe mais.
"Hoje, o conselho mais perigoso que se pode dar a um garoto é Vá
para a escola, tire boas notas e procure um emprego seguro", ele gosta
de dizer."Este velho conselho é um mau conselho. Se você pudesse ver o
que está acontecendo na Ásia, na Europa, na América do Sul estaria tão
preocupado quanto eu." É um mau conselho, acredita ele,"porque se você
quer que seu filho tenha um futuro financeiro seguro, ele não pode jogar
pelas velhas regras. É arriscado demais". Perguntei então o que ele
entendia por"velhas regras".
- As pessoas como eu jogam por regras diferentes das suas disse.
- O que acontece quando uma grande empresa anuncia um downsizing?
- As pessoas são demitidas respondi. - As famílias sofrem. O
desemprego aumenta.
- Sim, mas o que acontece com a empresa, em especial com uma
empresa de capital aberto que tem ações na bolsa?
- Em geral o preço das ações aumenta quando se anuncia o
downsizing respondi. - O mercado gosta quando uma empresa reduz seus
custos salariais, seja mediante a automação, seja apenas racionalizando
o uso da mão-de-obra

---
* Medicare é um programa de saúde do governo dos Estados Unidos voltado
para os idosos. (N. T.)
** Referência às pessoas nascidas em um período de explosào
populacional e, mais especificamente, às pessoas que nasceram na década
de 1950. (N. T.)

18 Pai Rico, Pai Pobre
Introdução 19

- Certo respondeu ele. - E quando o preço das ações aumenta, as
pessoas como eu, os acionistas, ficam mais ricas. Isso é o que quero
dizer sobre regras diferentes. Os empregados perdem; os proprietários e
os investidores ganham.
Robert estava descrevendo não apenas a diferença entre empregado
e empregador mas também entre controlar seu próprio destino e entregar
esse controle a alguém.
- Mas para a maioria das pessoas é difícil entender por que isso
acontece disse eu. - Elas só pensam que isso não é justo.
- É por isso que é uma besteira falar para uma criança
simplesmente "Tenha uma boa instrução" disse. - E besteira imaginar que
a formação oferecida pelo sistema de ensino preparará seus filhos para o
mundo que eles encontrarão depois de formados. As crianças precisam de
mais educação. Uma instrução diferente. E elas precisam conhecer as
regras. As regras diferentes.
Robert continuou:
- Há as regras seguidas pelos ricos e há as regras seguidas
pelos outros 95% da população disse. - E os 95% aprendem essas regras em
casa e na escola. É por isso que hoje é tão arriscado dizer a uma
criança, simplesmente, "Estude bastante e procure um emprego". Hoje uma
criança precisa de uma formação mais sofisticada e o sistema corrente
não está atendendo essa necessidade. Não estou preocupado com quantos
computadores há na sala de aula ou com quanto as escolas gastam. Como o
sistema educacional pode ensinar o que não conhece? E como os pais podem
ensinar a seus filhos o que a escola não ensina? Como você pode ensinar
contabilidade para uma criança? Ela não achará aborrecido? E como os
pais podem ensinar a investir se eles próprios são avessos ao risco? Em
vez de ensinar a meus filhos a buscar a segurança, decidi que o melhor
era ensiná-los a ficar espertos.
- Então como é que você ensinaria a uma criança sobre tudo isso
de que estamos falando? perguntei a Robert. - Como podemos facilitar a
tarefa dos pais, especialmente quando eles próprios não sabem do que se
trata?
- Escrevi um livro sobre o assunto foi sua resposta.
- E onde está?
- Em meu computador. Está lá há anos, em pedaços. De vez em
quando acrescento algo mas nunca consegui organizar o material. Comecei
a escrevelo depois que meu outro livro virou best-seller, mas nunca
acabei o livro novo. Só tenho pedaços.
E estava em pedaços mesmo. Depois de ler os capítulos, achei que
o livro tinha méritos e que devia ser publicado, sobretudo nestes tempos
em transformação. Concordei em ser co-autora do livro de Robert.
Perguntei-lhe de quanta informação financeira ele achava que uma
criança precisaria. Ele falou que dependeria da criança. Ele sabia que
desde garoto queria ser rico e teve a felicidade de encontrar uma figura
paterna que era rica e que quis orientá-lo."A educação é o fundamento do
sucesso", disse Robert. Da mesma forma que as habilidades acadêmicas são
importantes, as habilidades financeiras e de comunicação também o são.
O que se segue é a história dos dois pais de Robert, um rico e
outro pobre, mostrando as habilidades que ele desenvolveu ao longo de
uma vida. O contraste entre os dois pais oferece uma perspectiva
importante. Apoiei, editei e compilei este livro. Para os contadores que
o lerem, peço que suspendam seus conhecimentos acadêmicos e abram suas
mentes às teorias apresentadas por Robert. Embora muitas delas contestem
os próprios princípios contábeis geralmente aceitos, elas oferecem uma
valiosa percepção da forma como os verdadeiros investidores analisam
suas decisões de investimento.
Quando nós, como pais, aconselhamos nossos filhos a"ir para a
escola, estudar muito e obter um bom emprego", fazemos isso muitas vezes
em decorrencia de um hábito cultural. Sempre foi certo fazer isso.
Quando encontrei Robert, suas idéias de início me espantaram. Tendo sido
criado por dois pais, ele foi ensinado a procurar dois objetivos
diferentes. Seu pai instruído o aconselhava a trabalhar para uma grande
empresa. Seu pai rico o aconselhava a ser dono de uma grande empresa.
Ambas as trajetórias de vida exigiam instrução, mas os objetos de estudo
eram completamente diferentes. Seu pai instruido o incentivava a ser uma
pessoa instruída. Seu pai rico o incentivava a contratar pessoas
instruídas.
Ter dois pais causou muitos problemas. O pai verdadeiro de
Robert era superintendente de educação no estado do Havaí. Quando Robert
estava com dezesseis anos, a ameaça de"Se você não tirar boas notas,
você não vai conseguir um bom emprego" tinha pouco efeito. Ele já sabia
que sua trajetória era ser dono de empresas, não trabalhar para elas. De
fato, se ele não houvesse tido no curso secundário um orientador escolar
sábio e persistente, poderia não ter continuado os estudos. Ele admite
isso. Estava ansioso para começar a acumular seus ativos, mas finalmente
concordou que uma educação Superior também lhe seria útil.
Na verdade, as idéias deste livro são provavelmente muito
extremas e radicais para a maioria dos pais. Alguns estão tendo
dificuldades até para manter seus filhos na escola. Mas à luz de nossos
tempos em transformação, como pais, precisamos estar abertos a idéias
novas e ousadas. Incentivar filhos a ser empregados é aconselhar nossos
filhos a pagar mais do que a justa parcela em impostos ao longo da vida,
com pouca ou nenhuma esperança de uma

20 Pai Rico, Pai Pobre

aposentadoria. De fato, a maioria das famílias trabalha de janeiro a
meados de maio para o governo, apenas para cobrir seus impostos. São
necessárias novas idéias e este livro as oferece.
Robert afirma que os ricos educam seus filhos de forma
diferente. Eles ensinam aos filhos em casa, em volta da mesa de jantar.
Essas idéias podem não ser aquelas que você escolheria para discutir com
seus filhos, mas obrigada por olhar para elas. E eu o aconselho a
continuar buscando. Em minha opinião, como mãe e auditora independente,
o conceito de simplesmente ter boas notas e achar um bom emprego é uma
idéia velha. Precisamos de novas idéias e de uma educação diferente.
Talvez falar para seus filhos sobre lutar para serem bons funcionários e
criarem sua própria empresa de investimentos não seja uma idéia tão má.
Espero como mãe que este livro auxilie outros pais. Robert
espera poder informar a outras pessoas que qualquer um pode alcançar a
prosperidade se decidir fazê-lo. Se você for um jardineiro ou um
porteiro ou até um desempregado, você tem a capacidade de instruir-se e
de ensinar a quem você ama a cuidar de si próprio financeiramente.
Lembre que a inteligência financeira é o processo mental pelo qual
resolvemos nossos problemas financeiros.
Hoje estamos enfrentando mudanças globais e tecnológicas iguais
ou até maiores que as ocorridas anteriormente. Ninguém tem uma bola de
cristal, mas um fato é certo: à nossa frente descortinam-se mudanças que
estão além de nossa realidade. Quem sabe o que o futuro nos trará? Mas
aconteça o que acontecer, temos duas escolhas fundamentais: a segurança
ou a inteligência, preparando-nos, instruindo-nos e despertando nosso
gênio financeiro e o de nossas crianças.

- SHARON LECI-ITER

CAPITULO UM


Pai rico,
Pai pobre
por Robert Kiyosaki

Tive dois pais, um rico e outro pobre. Um era muito instruído e
inteligente; tinha o Ph.D. e fizera um curso universitário de graduação,
com duração de quatro anos, em menos de dois. Foi então para a
Universidade de Stanford, para a Universidade de Chicago e para a
NorthWeStetn Unjversity, sempre com bolsa de estudos. O outro pai nunca
concluiu o segundo grau.
Ambos foram homens bemsucedidoS em suas carreiras e trabalharam
arduamente durante toda a vida. Ambos auferiam rendas consideráveis.
Contudo, um sempre enfrentou dificuldades financeiras. O outro se tornou
o homem mais rico do Havaí. Um morreu deixando milhões de dólares para
sua família, para instituiçõeS de caridade e para sua igreja. O outro
deixou contas a pagar.
Ambos eram homens fortes, carismáticos e influenteS. Ambos me
ofereceram conselhos, mas não aconselharam as mesmas coisas. Ambos
acreditavam firmemente na instrução mas não sugeriram os mesmos estudos.
Se eu tivesse tido um único pai, teria tido que aceitar ou
rejeitar seus conselhos. Tendo dois, tive a escolha entre pontos de
vista contrastantes; a visão de um homem rico e a visão de um homem
pobre.
Em vez de aceitar ou rejeitar simplesmente um desses pontos de
vista, me descobri pensando mais, comparando-os e escolhendo por mim
mesmo.
O problema é que o homem rico ainda não era rico e o homem pobre
ainda não era pobre. Ambos estavam no início de suas carreiras e lutavam
por dinheiro e pela família. Mas tinham idéias muito diferentes sobre o
dinheiro.
Por exemplo, um dos pais dizia:"O amor ao dinheiro é a raiz de
todo mal." O outro:"A falta de dinheiro é a raiz de todo mal."

22 Pai Rico, Pai Pobre
Pai Rico, Pai Pobre 23

Quando garoto, a influência de dois pais, ambos homens fortes,
era uma situação complicada. Eu queria ser um bom filho e ouvia, mas os
dois pais não falavam a mesma língua. O contraste entre suas idéias,
especialmente no que se referia ao dinheiro, era tão extremo que eu
ficava curioso e intrigado. Comecei a pensar profundamente sobre o que
cada um deles dizia.
Muito do meu tempo era gasto refletindo, fazendo-me perguntas
como "Por que ele fala isso?", a respeito das afirmações dos pais. Teria
sido muito mais simples falar"Sim, ele está certo. Concordo com isso".
Ou simplesmente rejeitar o ponto de vista dizendo"O velho não sabe do
que está falando". Porém, tendo dois pais que eu amava, fui forçado a
pensar e a escolher um dos caminhos por mim mesmo. Esse processo de
escolher por mim mesmo se mostrou muito valioso no longo prazo, não se
tratou simplesmente da aceitação ou da rejeição de um único ponto de
vista.
Uma das razões pelas quais os ricos ficam mais ricos, os pobres,
mais pobres e a classe média luta com as dívidas é que o assunto
dinheiro não é ensinado nem em casa nem na escola. Muitos de nós
aprendemos sobre o dinheiro com nossos pais. O que pode dizer um pai
pobre a respeito do dinheiro para seu filho? Ele diz simplesmente:"Fique
na escola e estude muito." O filho pode se formar com ótimas notas; mas
com uma programação financeira e uma mentalidade de pessoa pobre. Isso
foi aprendido pelo filho em sua tenra idade.
O dinheiro não é ensinado nas escolas. As escolas se concentram
nas habilidades acadêmicas e profissionais mas não nas habilidades
financeiras. Isso explica por que médicos, gerentes de banco e
contadores inteligentes que tiveram ótimas notas quando estudantes terão
problemas financeiros durante toda a sua vida. Nossa impressionante
dívida nacional se deve em boa medida a políticos e funcionários
públicos muito instruídos que tomam decisões financeiras com pouco ou
nenhum treinamento na área do dinheiro.
Muitas vezes penso no novo milênio e imagino o que acontecera
quando houver milhões de pessoas precisando de assistência financeira e
médica. Eles se tornarão dependentes do apoio financeiro de suas
famílias ou do governo. O que acontecerá quando o Medicare e a
Seguridade Social ficarem sem dinheiro? Como uma nação sobreviverá se
ensinar sobre dinheiro continuar sendo tarefa dos pais cuja maioria será
ou já é pobre?
Como tive dois pais a me influenciar, aprendi com ambos. Tive
que refletir sobre os conselhos de cada um deles e ao fazê-lo percebi o
poder e o impacto dos nossos pensamentos sobre nossa própria vida. Por
exemplo, um pai costumava falar"Não dá para comprar isso". O outro
proibia o uso dessas palavras. Insistia em que eu falasse: "O que posso
fazer para comprar isso?" Num caso temos uma afirmação, no outro uma
pergunta. Um deixa você sem alternativa, o outro obriga você a refletir.
Meu pai-que-logo-ficaria-rico explicava que ao falar automaticamente"Não
dá para comprar isso" seu cérebro pára de trabalhar. Ao perguntar"O que
posso fazer para comprar isso?", você mantém seu cérebro trabalhando.
Ele não estava dizendo que comprasse tudo o que desejasse. Ele
incentivava fanaticamente que exercitasse minha mente, o computador mais
poderoso do mundo."Meu cérebro fica mais forte a cada dia porque eu o
exercito. Quanto mais forte fica, mais dinheiro ganho." Ele acreditava
que repetir mecanicamente"Não dá para comprar isso era um sinal de
preguiça mental.
Embora ambos os pais trabalhassem com afinco, observei que um
deles tinha o hábito de pôr seu cérebro a dormir quando o assunto era
dinheiro e o outro tinha o costume de exercitar seu cérebro. O resultado
era que, ao longo do tempo, um dos pais ficava mais forte
financeiramente, e o outro enfraquecia. Isso não é muito diferente do
que ocorre quando uma pessoa faz exercícios físicos regulares enquanto a
outra senta no sofá e fica assistindo à televisão. O exercício físico
adequado aumenta suas chances de ter boa saúde, e o exercício mental
adequado aumenta suas chances de ficar rico. A preguiça reduz tanto a
saúde quanto a riqueza.
Meus dois pais tinham atitudes mentais diferentes. Um acreditava
que os ricos deviam pagar mais impostos para atender os menos
afortunados. O outro dizia:"Os impostos punem os que produzem e
recompensam os que não produzem."
Um dos pais recomendava:"Estude arduamente para poder trabalhar
em uma boa empresa." O outro falava:"Estude arduamente para poder
comprar uma boa empresa."
Um dos pais dizia:"Não sou rico porque tenho filhos." O
outro:"Tenho que ser rico por causa de vocês, meus filhos."
Um incentivava as conversas sobre dinheiro e negócios na hora do
jantar. O outro proibia que se falasse do assunto durante as refeições.
Um dizia:"Em questões de dinheiro seja cuidadoso, não se
arrisque." O outro:"Aprenda a administrar o risco."
Um recomendava:"Nossa casa é nosso maior investimento e nosso
maior patrimônio." O outro:"Minha casa é uma dívida e se sua casa for
seu maior investimento, você terá problemas."
Ambos os pais pagavam suas contas no prazo, mas um deles pagava
suas contas em primeiro lugar enquanto o outro as deixava para a última
hora.
Um deles acreditava que a empresa ou o governo deveria cuidar de
você e de suas necessidades. Estava sempre preocupado com aumentos
salariais,

24 Pai Rico, Pai Pobre
Pai Rico, Pai Pobre 25

planos de aposentadoria, benefícios médicos, licenças de saúde, férias e
outros benefícios. Ele ficava impressionado com dois de seus tios que
foram para o exército e se aposentaram com vários benefícios após vinte
anos de serviço ativo. Ele adorava a idéia de assistência médica e
serviços de reembolso de alimentos que os militares ofereciam a seus
aposentados. Ele também se empolgava com as cátedras vitalícias do
sistema universitário. A idéia de estabilidade no emprego e benefícios
trabalhistas lhe parecia às vezes mais importante do que o próprio
emprego. Dizia freqüentemente:"Trabalhei muito para o governo, mereço
essas mordomias."
O outro pai acreditava na total auto-suficiência financeira. Ele
sempre se manifestava contra a mentalidade dos"direitos" e falava que
isso estava criando pessoas fracas e financeiramente necessitadas. Ele
dava muita ênfase à competência financeira.
Um dos pais lutava para poupar alguns poucos dólares. O outro
simplesmente criava investimentos.
Um pai me ensinou a escrever um currículo impressionante para
que eu pudesse encontrar um bom emprego. O outro me ensinou a fazer
sólidos planos financeiros e de negócios de modo que eu pudesse criar
empregos.
Ter dois pais fortes me proporcionou o luxo de observar o
impacto de diferentes formas de pensar sobre a própria vida. Observei
que as pessoas moldam suas vidas por meio de seus pensamentos.
Por exemplo, meu pai pobre sempre me dizia:"Nunca vou ficar
rico." E isso acabou acontecendo. Meu pai rico, por outro lado, sempre
se referia a si próprio como sendo rico. Ele dizia coisas como:"Sou um
homem rico e pessoas ricas não fazem isto." Mesmo que estivesse
totalmente quebrado após um revés financeiro, ele continuava a se
considerar um homem rico. Ele se justificava dizendo:"Há uma diferença
entre ser pobre e estar quebrado. Estar quebrado é algo temporário, ser
pobre é algo eterno."
Meu pai pobre dizia:"Não ligo para dinheiro" ou"O dinheiro não é
imp ortante." Meu pai rico sempre dizia:"Dinheiro é poder."
O poder de nossos pensamentos nunca poderá ser medido ou
avaliado, mas desde jovem se tornou óbvio para mim a tomada de
consciência de meus pensamentos e da forma como me expressava. Observei
que meu pai pobre não era pobre por causa do dinheiro que ganhava, que
era bastante, mas por causa de seus pensamentos e ações. Quando garoto,
tendo dois pais, me tornei consciente de que deveria ser cuidadoso com
os pensamentos que decidisse adotar como meus. A quem ouviria a meu pai
rico ou a meu pai pobre?
Embora ambos tivessem um enorme respeito pela educação e pelo
aprendizado, eles discordavam quanto ao que era importante aprender. Um
queria que eu estudasse arduamente, me formasse e conseguisse um bom
emprego para trabalhar pelo dinheiro. Ele queria que eu estudasse para
me tornar um profissional, um advogado ou um contador, ou que fosse para
uma faculdade de administração para obter um MBA. O outro me incentivava
a estudar para ficar rico, para entender como funciona o dinheiro e para
aprender como fazê-lo trabalhar para mim."Não trabalho por dinheiro",
costumava repetir uma e outra vez."O dinheiro trabalha para mim."
Com nove anos de idade resolvi ouvir e aprender com meu pai rico
tudo sobre dinheiro. Optei por não dar ouvidos a meu pai pobre, mesmo
que fosse ele quem possuísse todos os títulos universitários.


Uma lição de Robert Frost

Robert Frost é meu poeta favorito. Embora goste de muitas de
suas poesias, a minha preferida é The Road Not Taken. Quase todos os
dias recorro a suas lições:

The road not taken*

Two roads diverged in a yellow wood,
And sorry I could not travel both
And be one traveler, long I stood
And looked down one as far as I could
To where it bent in the undergrowth;

Then took the other, as just as fair,
And having perhaps the better clairn,
Because it was grassy and wanted wear
Though as for that the passing there
Had worn them really about the sarne,

---

* O caminho não escolhido

Num bosque amarelo dois caminhos se separavam, / E lamentando não poder
seguir os dois / E sendo apenas um viajante, fiquei muito tempo parado /
E olhei para um deles tão distante quanto pude / Até onde se perdia na
mata; / Então segui o outro, como sendo mais merecedor, / E tendo talvez
melhor direito, / Porque coberto de mato e querendo uso / Embora os que
por lá passaram / Os tenham realmente percorrido de igual forma, / E
ambos ficaram essa manhã / Com folhas que passo nenhum pisou. / Oh,
guardei o primeiro para outro dia! / Embora sabendo como um caminho leva
para longe, / Duvidasse que algum dia voltasse novamente. / Direi isto
suspirando / Em algum lugar, daqui a muito e muito tempo: / Dois
caminhos se separaram em um bosque e eu... / Eu escolhi o menos
percorrido / E iSso fez toda a diferença. / Robert Frost, 1916

26 Pai Rico, Pai Pobre

And both that morning equally lay
In leaves no step had trodden black.
Oh, I kept the first for another day!
Yet knowing how way leads onto way,
I doubted if I should ever come back.

I shall be telling this with a sigh Somewhere ages and ages hence;
Two roads diverged in a wood, and I -
I took the one less traveled by,
And that has made ail the difference.

ROBERT FROST, 1916


E isso fez toda a diferença.
No correr dos anos pensei muitas vezes no poema de Robert Frost.
Ao escolher não dar atenção aos conselhos e atitudes quanto a dinheiro
de meu pai muito instruído, tomei uma decisão dolorosa, mas foi uma
decisão que determinou o resto de minha vida.
Com a decisão de quanto a quem dar ouvidos, teve início minha
educação sobre dinheiro. Meu pai rico me deu lições ao longo de um
período de trinta anos, até que cheguei aos 39 anos de idade. Suas
lições pararam quando ele percebeu que eu conhecia e entendia plenamente
o que ele estava tentando martelar na minha cabeça, às vezes, bastante
dura.
O dinheiro é uma forma de poder. Mais poderosa ainda,
entretanto, é a instrução financeira. O dinheiro vem e vai, mas se você
tiver sido educado quanto ao funcionamento do dinheiro, você adquire
poder sobre ele e pode começar a construir riqueza. O motivo pelo qual o
simples pensamento positivo não funciona é porque a maioria das pessoas
foi à escola e nunca aprendeu como o dinheiro funciona, e assim passam
suas vidas trabalhando pelo dinheiro.
Como comecei com apenas nove anos, as lições que meu pai rico me
ensinou foram simples. E quando tudo foi dito e tudo foi feito,
encontramos apenas seis lições, repetidas ao longo de trinta anos. Este
livro trata dessas seis lições, expostas da maneira mais simples
possível, da forma como meu pai rico as passou para mim. Estas lições
não pretendem ser respostas e sim marcos. Marcos que ajudarão você e
seus filhos a enriquecerem, não importa um mundo de crescente mudança e
incerteza.

Lição 1:
Os ricos não trabalham pelo dinheiro

Lição 2:
Para que alfabetização financeira?

Lição 3:
Cuide de seus negócios

Lição 4:
A história dos impostos e o poder da sociedade anônima

Lição 5:
Os ricos inventam dinheiro

Lição 6:
Trabalhe para aprender - não trabalhe pelo dinheiro

CAPÍTuLO Dois

Lição 1:

Os ricos não trabalham pelo dinheiro


- Pai, como é que a gente fica rico?
Meu pai largou o jornal.
- Por que você quer ficar rico, filho?
- Porque a mãe do Jimmy chegou hoje num Cadillac novo e eles iam
passar o fim de semana na praia. Ele chamou três amiguinhos, mas o Mike
e eu não fomos convidados. Eles disseram que não chamavam a gente porque
éramos"garotos pobres".
- Falaram isso mesmo? perguntou meu pai, incrédulo.
- Falaram mesmo respondi magoado.
Meu pai balançou a cabeça em silêncio, ajeitou os óculos e
voltou para a leitura do jornal. Fiquei esperando a resposta.
Era o ano de 1956. Eu tinha nove anos. Por algum golpe de sorte,
eu freqüentava a mesma escola pública onde estudavam os filhos dos
ricos. A cidade vivia especialmente em função das usinas de açúcar. Os
gerentes das usinas e outras pessoas influentes da cidade, como médicos,
proprietáriOS de estabelecimentos comerciais e gerentes de bancos,
matriculavam seus filhos nessa escola. Terminado o primeiro grau, estes
iam em geral para colégios particulares. Eu fazia parte desta escola
porque minha família morava num lado da rua. Se morasse do outro lado,
eu teria ido para uma escola diferente e meus colegas seriam de famílias
mais parecidas com a minha. Concluído O primeiro grau, estes garotos e
eu faríamos o segundo grau também em escolas públicas. Não havia
colégios particulares para eles ou para mim.
Meu pai finalmente largou o jornal. Senti que estava pensando.

30 Pai Rico, Pai Pobre
Os ricos não trabalham pelo dinheiro 31

- Filho, começou lentamente. - Se você quiser ficar rico, você
tem que aprender a ganhar dinheiro.
- E como ganho dinheiro? perguntei.
- Use sua cabeça, filho respondeu sorrindo. O que na verdade
queria dizer:"Isso é tudo o que vou lhe dizer ou"Não sei a resposta, de
modo que não me perturbe".


Forma-se uma parceria

Na manhã seguinte, contei para meu melhor amigo, Mike, o que meu
pai tinha falado. Tenho a impressão de que Mike e eu éramos os únicos
garotos pobres da escola. Também Mike estava nesta escola por um golpe
de sorte. Alguém tinha traçado aleatoriamente a linha divisória dos
distritos escolares e nós acabamos na escola dos garotos ricos. Não
éramos pobres de verdade, mas sentíamos como se fôssemos porque os
demais garotos tinham luvas de beisebol novas, bicicletas novas, tudo
novo.
Mãe e pai nos davam o básico, comida, teto e roupa. Mas isso era
tudo. Meu pai costumava falar:"Se você quiser alguma coisa, trabalhe
para obtê-la." Queríamos muitas coisas, mas não havia muito trabalho
disponível para garotos de nove anos.
- E então, como ganhamos dinheiro? perguntou Mike.
- Não sei respondi. - Mas você quer ser meu sócio?
Ele concordou e, naquele sábado de manhã, Mike se tornou meu
primeiro sócio nos negócios. Gastamos toda a manhã imaginando formas de
ganhar dinheiro. De vez em quando falávamos dos"caras legais" que
estavam se divertindo na casa de praia de Jimmy. Sentíamos uma certa
mágoa, mas era uma mágoa boa, pois nos inspirou a ficar pensando em como
ganhar dinheiro. Finalmente, nessa tarde, um lampejo surgiu em nossas
mentes. Era uma idéia que Mike havia tirado de um livro de ciências que
lera. Empolgados, demos um aperto de mão e a sociedade agora tinha um
objetivo.
Durante as semanas seguintes, Mike e eu percorremos a vizinhança
pedindo aos vizinhos que guardassem para nós os tubos vazios de pasta de
dentes. Intrigados, muitos adultos concordavam sorrindo. Alguns
perguntavam o que estávamos fazendo. Respondíamos:"Não dá para contar, é
um segredo de negócios."
Conforme as semanas passavam, mamãe ficava nervosa. Tínhamos
escolhido um lugar perto da máquina de lavar roupas para estocar nossa
matéria-prima. Numa caixa de papelão, que contivera vidros de molho de
tomate, acumulava-se nossa pilha de tubos de pasta de dentes usados.
Finalmente, mamãe deu uma bronca. Não agüentava mais ver aquele
monte de tubos espremidos na maior confusão.
- O que vocês estão fazendo, garotos? perguntou. - E não me
venham novamente com a desculpa de que é um segredo de negócios. Dêem um
jeito nesta bagunça ou jogo tudo fora.
Mike e eu argumentamos, explicamos que em breve teríamos o
suficiente para começar a produção. Dissemos que estávamos esperando que
alguns vizinhos acabassem de usar suas pastas para que pudéssemos
recolher os tubos. Mamãe nos deu uma semana de prazo.
Antecipamos a data do início da produção. A pressão aumentava.
Minha primeira sociedade já estava sendo ameaçada por uma notificação de
despejo do nosso armazém, feita por minha própria mãe. Mike se
encarregou de apressar o consumo das pastas, informando que os dentistas
recomendavam escovação mais freqüente dos dentes. Comecei a instalar a
linha de produção.
Um dia meu pai chegou em casa com um amigo para mostrar como os
garotos" operavam a linha de produção a todo vapor, perto da garagem.
Por todo o lugar havia uma fina poeira branca. Numa mesa comprida se
alinhavam embalagens de leite trazidas da escola e no forno japonês da
família as brasas do carvão brilhavam gerando o máximo de calor.
Papai caminhava com cuidado, o carro fora estacionado próximo ao
portão da rua porque a linha de produção estava na frente da porta da
garagem. Quando ele e seu amigo se aproximaram, viram uma vasilha de aço
em cima das brasas, e dentro dela os tubos de pasta de dentes derretiam.
Naquela época não havia tubos de pasta de dentes de plástico, eles eram
de chumbo. Por isso, depois que a pintura queimava, os tubos dentro da
vasilha derretiam até ficarem líquidos. Com a ajuda do pegador de panela
da mamãe, nós despejávamos o chumbo derretido através de um pequeno furo
nas embalagens de leite, que estavam recheadas de gesso.
O pó branco do gesso que ainda não fora misturado à água estava
por toda parte. Com a pressa tínhamos derrubado o saco de gesso e
parecia que toda a área fora atingida por uma nevasca. As embalagens de
leite vazias serviam para fazer moldes de gesso. Meu pai e seu amigo nos
observavam enquanto vertíamos o chumbo derretido num pequeno buraco no
topo de um cubo de gesso.
- Cuidado disse meu pai.
Fiz que sim com a cabeça, sem olhar para cima.
Quando terminei de colocar o chumbo derretido, larguei a vasilha
e sorri para meu pai.
- O que vocês estão fazendo? perguntou com um sorriso cauteloso.
- Estamos fazendo o que você me mandou fazer. Estamos nos
tornando ricos respondi.

32 Pai Rico, Pai Pobre
Os ricos não trabalham pelo dinheiro 33

- Somos sócios disse Mike sorrindo e balançando a cabeça.
- E o que há nesses moldes de gesso? perguntou papai.
- Veja falei. - Esta vai ser uma boa fornada.
Com um pequeno martelo, bati no selo que dividia o cubo em dois.
Com cuidado, puxei a parte de cima do molde de gesso e uma moedinha de
chumbo caiu.
- Minha nossa! falou papai. Vocês estão cunhando moedinhas de
chumbo!
- Certo falou Mike. - Estamos fazendo o que o senhor disse.
Estamos fazendo* dinheiro.
O amigo de meu pai se virou e caiu na gargalhada. Meu pai sorriu
e balançou a cabeça. À sua frente estavam, além do fogo e da caixa de
tubos de pasta de dentes vazios, dois garotos cobertos por uma poeira
branca rindo de orelha a orelha.
Meu pai pediu que largássemos tudo e nos sentássemos com ele no
degrau da frente de casa. Sorrindo nos explicou carinhosamente o que
significava a palavra"falsificação".
Nossos sonhos estavam desfeitos.
- Você quer dizer que isto é ilegal? perguntou Mike com um
soluço na voz.
- Deixe eles disse o amigo de meu pai. - Eles podem estar
desenvolvendo um talento natural.
Meu pai olhou para ele, furioso.
- Sim, é ilegal falou papai calmamente. - Mas vocês demonstraram
muita criatividade e idéias originais. Continuem, estou orgulhoso de
vocês!
Desapontados, Mike e eu ficamos sentados uns vinte minutos antes
de começarmos a arrumar a bagunça. O negócio fora encerrado no próprio
dia da inauguração. Varrendo a poeira, olhei para Mike e falei:
- Acho que Jimmy e os amigos dele estavam certos. Somos pobres.
Quando falei isso meu pai já estava saindo.
- Garotos falou -, vocês só serão pobres se desistirem. O mais
importante é que fizeram alguma coisa. Muitas pessoas falam e sonham em
ficar ricas. Vocês fizeram alguma coisa. Estou muito orgulhoso de vocês.
Repito. Continuem. Não desistam.
Mike e eu ficamos quietos, calados. Eram palavras simpáticaS,
mas nós ainda não sabíamos o que fazer.
- Então por que você não é rico, papai? perguntei.

---

* Em inglês usa-se a mesma expressão para significar fazer e ganhar
dinheiro, make money. (N. T.)


- Porque resolvi ser professor. Os professores não estão muito
preocupados em ficar ricos. Nós gostamos de ensinar. Gostaria de poder
ajudar vocês, mas na verdade não sei como ganhar dinheiro.
Mike e eu voltamos à arrumação.
- E falou meu pai -, se vocês querem aprender como enriquecer,
não perguntem para mim. Falem com seu pai, Mike.
- Meu pai? perguntou Mike surpreso.
- Sim, seu pai repetiu papai com um sorriso. - Seu pai e eu
temos conta no mesmo banco e o gerente está encantado com seu pai. Ele
me disse várias vezes que seu pai é brilhante quando se trata de ganhar
dinheiro.
- Meu pai? repetiu Mike, incrédulo. - Então por que não temos
uma casa bonita, um carrão como os garotos ricos da escola?
- Um carrão e uma casa bonita não querem necessariamente dizer
que você é rico ou que tem muito dinheiro respondeu papai. - O pai de
Jimmy trabalha na usina. Ele não é muito diferente de mim. Ele trabalha
para uma empresa e eu trabalho para o governo. A empresa compra o carro
para ele. Se a usina tiver problemas financeiros, o pai de Jimmy pode
acabar sem nada. Seu pai é diferente, Mike. Ele parece estar construindo
um império e desconfio que em alguns anos ele será um homem muito rico.
Ao ouvir isso, Mike e eu nos empolgamos novamente. Mais
dispostos, limpamos a confusão provocada por nosso defunto negócio.
Enquanto limpávamos, fazíamos planos sobre quando e onde falar com o pai
de Mike. O problema é que o pai de Mike trabalhava muito e, às vezes,
chegava muito tarde em casa. Ele era dono de armazéns, de uma empresa de
construção, de uma cadeia de lojas e de três restaurantes. Eram os
restaurantes que o faziam voltar para casa tarde.
Acabada a limpeza, Mike se despediu. Ele iria falar com seu pai
à noite e perguntar se este queria nos ensinar a ficar ricos. Mike
prometeu me ligar assim que tivesse uma resposta, mesmo que fosse tarde.
Às 20:30 tocou o telefone.
- OK falei. - Sábado que vem e desliguei. O pai de Mike
concordara em conversar conosco.
Às 7:30 de sábado, peguei o ônibus para o lado pobre da cidade.


Começam as lições

"Vou pagar a vocês 10 centavos por hora."
Mesmo pelos padrões de remuneração vigentes em 1956, era pouco.
Michael e eu encontramos seu pai às 8:00 daquela manhã. Ele
estava ocupado e trabalhando há mais de uma hora. Seu supervisor de
construções já estava saindo na caminhonete quando entrei naquele lar
simples, pequeno, arrumado. Mike me esperava na porta.
- Papai está no telefone, e ele falou para esperar na varanda
dos fundos disse Mike ao abrir a porta.
O antigo assoalho de madeira chiou quando passei pela soleira da
velha casa. Do lado de fora havia um capacho simples escondendo os
muitos anos de uso e os incontáveis passos que suportara. Apesar de
limpo, precisava ser substituído.
Quando entrei na sala estreita senti claustrofobia. O cômodo
estava mobiliado com móveis que hoje seriam objeto de colecionadores.
Duas mulheres estavam sentadas no sofá, eram um pouco mais velhas do que
a minha mãe. Em frente às mulheres estava um homem em trajes de
trabalhador. Ele vestia calça e camisa cáquis, bem passados mas não
engomados, e calçava botas de trabalho bem engraxadas. Deveria ser uns
dez anos mais velho que papai; diria que tinha uns 45 anos. Eles
sorriram quando Mike e eu passamos em direção à cozinha, de onde se saía
para um pátio nos fundos. Timidamente devolvi o sorriso.
- Quem são eles? perguntei.
- Ah, eles trabalham para papai. O mais velho dirige seus
armazéns e as mulheres são gerentes dos restaurantes. E você já viu o
supervisor das construções, que está trabalhando em um projeto
rodoviário, a uns 80 quilômetros daqui. O outro supervisor, que cuida da
construção das casas, saiu antes de você chegar.
- Isso acontece o tempo todo? perguntei.
- Nem sempre, mas muitas vezes disse Mike sorrindo enquanto
puxava uma cadeira para sentar perto de mim.
- Perguntei ao papai se ele vai nos ensinar a ganhar dinheiro
disse Mike.
- E o que ele respondeu? perguntei com cauteLosa curiosidade.
- Bom, primeiro me encarou com uma expressão engraçada, e então
falou que iria nos fazer uma oferta.
- Oh respondi balançando a cadeira para trás em direção à
parede; a cadeira em que sentava se sustentava nos pés de trás.
Mike fazia o mesmo.
- Você sabe o que ele vai nos oferecer? perguntei.
- Não, mas a gente já vai descobrir.
De repente o pai de Mike passou pela porta de tela e pisou no
alpendre. Mike e eu pulamos, ficando em pé não por respeito mas pelo
susto que levamos.
- Prontos, garotos? perguntou o pai de Mike, puxando uma cadeira
para sentar perto de nós.
Fizemos que sim com a cabeça e aproximamos as cadeiras. Ele era
um homem grande, com cerca de 1,80 metro e 100 quilos. Meu pai era mais
alto, pesava mais ou menos o mesmo e era cinco anos mais velho que o pai
de Mike. Eles eram de certo modo parecidos, embora de origens étnicas
diferentes. Talvez tivessem energias semelhantes.
- Mike falou que você quer aprender a ganhar dinheiro? É isso
mesmo, Robert?
Rapidamente assenti com a cabeça, não sem uma pequena sensação
de intimidação. Senti muito poder por trás de suas palavras e de seu
sorriso.
- Muito bem, eis a minha oferta. Vou ensinar a vocês, mas não
como em uma sala de aula. Vocês trabalham para mim, eu ensino a vocês.
Vocês não trabalham para mim, eu não ensino a Vocês. Posso ensinar mais
rápido se trabalharem, e não fico perdendo tempo se só ficarem sentados
escutando, como fazem na escola. Esta é minha oferta. É pegar ou largar.
- Posso fazer uma pergunta.., antes? falei.
- Não. É pegar ou largar. Tenho trabalho demais para perder
tempo. De qualquer modo, se você não puder se decidir logo, não vai
aprender nunca a ganhar dinheiro. As oportunidades vêm e vão. Ser capaz
de tomar decisões rápidas é uma habilidade importante. Você tem a
Oportunidade que pediu. As aulas começam em dez segundos respondeu o pai
de Mike com um sorriso incentivador.
- Topo respondi.
- Topo respondeu Mike.
- Bom falou o pai de Mike -, a senhora Martin vai chegar daqui a
dez minutos. Depois que eu conversar com ela, vocês a acompanham até
minha lojinha e já podem começar. Vou lhes pagar 10 centavos por hora e
vocês terão que trabalhar três horas todo sábado.
- Mas hoje tenho jogo de beisebol falei. o pai de Mike abaixou a
voz e falou com seriedade. É pegar ou largar disse.
-Topo respondi, decidindo trabalhar em lugar de jogar beisebol.


30 centavos depois

Às 9:00 de uma bela manhã de sábado, Mike e eu estávamos
trabalhando para a senhora Martin. Ela era uma mulher bondosa e
paciente. Sempre dizia que eu e Mike a lembrávamos de seus dois filhos
que já estavam crescidos e
moravam com ela. Apesar de bondosa, ela acreditava no trabalho
árduo e nos fazia trabalhar. Era uma chefe rigorosa. Passávamos três
horas pegando latas das prateleiras e espanandoas para depois
recolocálas no lugar. Era uma tarefa incrivelmente monótona.

36 Pai Rico, Pai Pobre
Os ricos não trabalham pelo dinheiro 37

O pai de Mike, que eu chamo de meu pai rico, era dono de nove
dessas lojinhas com amplos estacionamentos. Eram as primeiras versões
das lojas de conveniência. Nesses pequenos armazéns de bairro as pessoas
compravam artigos como leite, pão, manteiga e cigarros. O problema é que
no Havaí, e isto aconteceu antes do ar-condicionado, não se podia fechar
a porta das lojas por causa do calor. Nestas havia duas amplas portas
que davam para a rua e para o estacionamento. Cada vez que um carro
passava ou estacionava, levantava poeira que se acumulava nas
prateleiras.
Portanto, tínhamos um emprego que duraria enquanto não houvesse
ar-condicionado.
Durante três semanas Mike e eu comparecemos aos sábados à loja
da senhora Martin e trabalhamos durante três horas. Ao meio-dia
terminava nosso trabalho e ela nos dava três pratinhas de 10 centavos.
Mas nem aos nove anos, em meados da década de 1950, 30 centavos eram
algo muito empolgante. Na época um gibi custava 10 centavos, de modo que
em geral eu gastava meu dinheiro com revistas em quadrinhos e voltava
para casa.
Na quarta-feira da quarta semana, eu já estava a fim de largar.
Tinha concordado em trabalhar só porque eu queria aprender a ganhar
dinheiro com o pai do Mike, mas agora era um escravo por 10 centavos a
hora. E, ainda por cima, não tinha voltado a ver o pai do Mike desde
aquele sábado.
- Desisto falei para Mike na hora do almoço. O almoço da escola
era horrível. A escola era monótona e agora já nem podia esperar pelos
sábados. Mas o que estava me perturbando eram os 30 centavos.
Desta vez Mike sorriu.
- De que é que você está rindo? perguntei zangado e frustrado.
- Papai falou que isso ia acontecer. Ele disse para você
procurá-lo quando estivesse a fim de largar.
- O quê? disse indignado. - Ele está esperando que eu fique
saturado?
- Por aí falou Mike. - O papai é meio diferente, ele ensina de
modo diferente do seu pai. Seu pai e sua mãe falam muito. Meu pai é
tranqüilo e caladão. Espere até sábado. Vou falar para ele que você está
a fim de largar.
- Você está dizendo que eu fui enrolado?
- Não, não é isso, mas pode ser. Papai vai explicar no sábado.


Fazendo fila no sábado

Estava pronto e preparado para enfrentá-lo. Até meu pai de
verdade estava furioso com ele. Meu verdadeiro pai, aquele que chamo de
pai pobre, pensou que meu pai rico estava infringindo a legislação sobre
trabalho de menores e deveria ser investigado.
Meu instruído pai pobre me falou que eu deveria exigir o que
merecia. Pelo menos 25 centavos por hora. Falou ainda que se não
conseguisse o aumento deveria me demitir imediatamente.
- De qualquer maneira você não precisa dessa droga de emprego
falou meu pai pobre indignado.
Às 8:00 da manhã de sábado eu estava entrando pela velha porta
da casa de Mike.
- Sente e espere na fila falou o pai de Mike quando entrei. Ele
então se virou e foi para o pequeno escritório que ficava junto de um
quarto de dormir.
Olhei em volta e não vi Mike em lugar algum. Achando tudo meio
esquisito, sentei perto daquelas duas mulheres, as mesmas que lá estavam
três semanas antes. Elas sorriram e me deram um lugar no sofá.
Passaram-se 45 minutos e eu estava possesso. As duas mulheres já
tinham falado com ele e saído há meia hora. Um senhor mais velho ficou
lá vinte minutos e foi embora.
A casa estava vazia e eu sentado na sala antiquada, escura, numa
bela manhã do Havaí, esperando para falar com um avarento explorador de
menores. Podia ouvi-lo se movimentando no escritório, falando ao
telefone e me ignorando. Queria sair dali, mas por alguma razão fiquei.
Finalmente, quinze minutos depois, exatamente às 9:00, o pai
rico apareceu sem dizer palavra e me fez sinal com a mão para entrar no
modesto escritório.
- Parece que você está querendo um aumento ou vai largar falou
pai rico rodando a cadeira giratória.
- Bem, o senhor não está cumprindo sua parte do acordo falei
quase em prantos. Para um garoto de nove anos era de fato apavorante
confrontar um adulto. - O senhor falou que, se eu trabalhasse para o
senhor, o senhor ia me ensinar. Eu trabalhei. Dei duro. Larguei meus
jogos de beisebol para trabalhar. E o senhor não cumpriu sua palavra.
Não me ensinou nada. O senhor é um desonesto, como todo o mundo fala. O
senhor é ganancioso. O senhor só quer todo o dinheiro e não se preocupa
com seus empregados. O senhor me deixou esperando e não me respeita. Eu
sou apenas um garoto e mereço ser tratado melhor.
De sua cadeira giratória, as mãos no queixo, o pai rico me
fitava. Parecia que estava me estudando.
- E, nada mau falou. - Em menos de um mês você já se parece com
a maioria dos meus empregados.
- O quê? exclamei. Como não entendia o que ele estava falando
continuei reclamando. - Pensei que o senhor ia cumprir sua parte do
acordo e me ensinar. Em lugar disso o senhor quer me torturar? Isso é
cruel. Muito cruel.

38 Pai Rico, Pai Pobre
Os ricos não trabalham pelo dinheiro 39

- Estou lhe ensinando falou calmamente o pai rico.
- O que o senhor me ensinou? Nada! repliquei furioso. - Nem
falou comigo depois que eu aceitei trabalhar por uma merreCa. Dez
centavos por hora. Eu devia denunciar o senhor ao governo. Existem leis
sobre o trabalho infantil, o senhor sabe disso. Meu pai trabalha para o
governo. - Uau! disse pai rico. - Agora você parece com a maioria das
pessoas que trabalharam para mim. Pessoas que eu mandei embora ou que se
demitiram.
- O que o senhor tem a me dizer? questiOflei sentindOme muito
corajoso para um moleque. - O senhor mentiu para mim. Trabalhei e o
senhor não manteve sua palavra. Não me ensinou nada.
- E como você sabe que não lhe ensinei nada? perguntou
calmamente pai rico.
- Bom, o senhor nunca falou comigo. Trabalhei três semanas e o
senhor não me ensinou nada disse com cara de zangado.
- Ensinar quer dizer falar ou dar uma aula? perguntou pai rico.
- Sim, lógico respondi.
- É assim que a escola ensina ele disse sorrindo. - Mas não é
assim que a vida ensina você e eu diria que a vida é o melhor dos
mestres. Na maioria das vezes a vida não fala com você. É mais como se
ela lhe desse um empurrão. Cada empurrão é a vida dizendo"Acorde. Quero
que aprenda alguma coisa".
"Do que este cara está falandO?", pensei com meus botões."A vida
me empurrando era a vida falando comigo?" Agora tinha certeza que
deveria largar o emprego. Eu estava falando com alguém que não regulava
bem.
- Se você aprender as lições da vida, você vai se dar bem. Se
não, a vida vai continuar dando trancOs em VOCê. Alguns apenas deixam a
vida continuar batendo neles. Outros ficam zangados e batem de volta.
Mas eles batem no patrão ou no emprego, no marido ou na mulher. Eles não
sabem que é a vida que está batendo.
Eu não tinha a menor idéia do que ele estava falando.
- A vida bate em todos nós. AlgunS desistem. Outros lutam.
Alguns aprendem a lição e seguem em frente. Eles recebem satisfeitos os
trancOs da vida. Para estes, isto quer dizer que precisam e querem
aprender alguma coisa. Eles aprendem e prosseguem em frente. A maioria
desiste e uns poucOS como você, lutam.
Pai rico ficou em pé e fechou a velha janela de madeira que
precisava de conserto. Continuou:
- Se você aprender esta lição, você se tornará um jovem sábio,
rico e feliz. Se você não aprender, passará a vida culpando um emprego,
um baixo salário ou seu chefe pelos seus problemaS. Passará sua vida
esperando por um golpe de sorte que resolva seus problemas de dinheiro.
Pai rico olhou para mim a fim de verificar se eu ainda estava
ouvindo. Seus olhos encontraram os meus. Estabeleceu-se uma comunicação
entre nossos olhares. Finalmente, me afastei ao perceber que tinha
assimilado esta última mensagem. Sabia que ele estava certo. Eu o estava
culpando e eu tinha pedido para aprender. Eu estava lutando.
Pai rico continuou:
- Se for o tipo de pessoa que não tem garra, desistirá toda vez
que a vida bater em você. Se for uma pessoa assim, passará sua vida
buscando segurança, fazendo as coisas certas, esperando por algo que
nunca vai acontecer. E, então, morrerá como um velho rabugento. Terá um
monte de amigos que gostam de você, porque é um cara trabalhador. Você
passa a vida na rotina, fazendo as coisas certas. Mas a verdade é que a
vida o leva à submissão. No fundo, no fundo, você tem pavor de se
arriscar. Queria, na verdade, vencer, mas o medo de perder é maior do
que o entusiasmo da vitória. No íntimo, só VOCê saberá que não foi atrás
disso. Você escolheu a segurança.
Nossos olhos voltaram a se encontrar. Por dez segundos ficamos
nos encarando e só depois que a mensagem foi recebida nossoS olhos se
afastaram.
- O senhor estava"me empurrando"? perguntei.
- Algumas pessoas achariam isso sorriu pai rico. - Eu diria que
apenas lhe mostrei o gostinho da vida.
- Que gostinho da vida? respondi ainda zangado, mas agora
curioso.


Pronto, até, para aprender.
- Vocês dois, garotOS foram as primeiras pessoas na vida que me
pediram para lhes ensinar a ganhar dinheiro. Tenho mais de 150
empregados e nenhum deles me perguntou o que eu sei sobre dinheiro. Eles
me pedem um emprego e um salário, mas nunca que lhes ensine sobre o
dinheiro. De modo que a maioria deles passará os melhores anos de suas
vidas trabalhando pelo dinheiro, sem entender realmente para que é que
eles estão trabalhando.
Eu estava ouvindo atentamente.
- Assim, quando Mike falou que você queria aprender como ganhar
dinheiro, resolvi planejar um curso que se aproximasse da vida real. Eu
poderia falar horas, mas você não escutaria nada. Portanto resolvi
deixar que a vida batesse um pouco em você para que pudesse me escutar.
É por isso que só pago io centavos.
- E qual é a lição que aprendi trabalhando por 10 centavos a
hora? - perguntei. - Que você é mesquinho e explora seus empregados?
Pai rico se inclinoU para trás e soltou uma gargalhada.
Finalmente, quando parou de rir, falou:

40 Pai Rico, Pai Pobre
Os ricos não trabalham pelo dinheiro 41

- É melhor que você mude seu ponto de vista. Pare de culpar-me
pensando que eu sou o problema. Se você pensa que eu sou o problema,
então terá que me modificar. Se perceber que você é o problema, então
poderá modificar a si mesmo, aprender alguma coisa e tornar-se mais
sábio. A maioria das pessoas quer que todos no mundo mudem, menos elas
próprias. Mas eu lhe digo: é mais fácil mudar a si próprio que a todos
os demais.
- Não entendo falei.
- Não me culpe por seus problemas falou pai rico dando sinais de
impaciência.
- Mas o senhor só me paga 10 centavos.
- E então, o que você está aprendendo? perguntou pai rico com um
sorriso.
- Que o senhor é mesquinho respondi com uma risadinha.
- Está vendo, você acha que eu sou o problema retrucou pai rico.
- Mas o senhor é.
- Bem, continue assim e você não aprenderá nada. Pense que sou o
problema, então quais são suas escolhas?
- Bem, se o senhor não me pagar mais ou não me respeitar mais e
me ensinar, eu largo tudo.
- Muito bem disse pai rico. - E isso é exatamente o que faz a
maioria das pessoas. Elas se demitem e começam a procurar outro emprego,
uma oportunidade melhor e um salário mais alto, pensando que um novo
emprego ou um salário mais alto resolverão o problema. Não é o que
acontece na maioria dos casos.
- Então, o que resolve o problema? perguntei. - Pegar esses
miseráveis 10 centavos por hora e sorrir?
Pai rico sorriu:
- Isso é o que fazem as outras pessoas. Apenas aceitam o
pagamento sabendo que eles e suas famílias lutarão com dificuldades
financeiras. Mas é tudo o que fazem, esperando um aumento na ilusão de
que mais dinheiro resolverá o problema. A maioria se conforma e alguns
procuram um segundo emprego, trabalhando mais, mas continuam aceitando
um contracheque ínfimo.
Fiquei olhando para o chão, começando a entender a lição que pai
rico estava apresentando. Podia sentir que tinha um gosto de vida.
Finalmente, olhei para cima e repeti a pergunta:
- Então, o que é que resolve o problema?
- Isto disse ele dando-me um ligeiro tapinha na cabeça. - Essa
coisa que está entre suas orelhas.
Foi nesse momento que pai rico me mostrou o ponto de vista
central que o separava de seus empregados e de meu pai pobre e que mais
tarde o levou a tornar-se um dos homens mais ricos do Havaí, enquanto
meu pai, muito instruído mas pobre, lutou com problemas financeiros
durante toda sua vida. Era um ponto de vista singular que faz toda a
diferença durante uma vida inteira.
Pai rico repetia de vez em quando esse ponto de vista que eu
chamo a Lição 1.


"Os pobres e a classe média trabalham pelo dinheiro. Os ricos fazem o
dinheiro trabalhar para eles."

Naquela bela manhã de sábado eu estava aprendendo um ponto de
vista diferente daquele que meu pai pobre me ensinara. Aos nove anos de
idade eu percebia que ambos os pais queriam que eu aprendesse. Ambos me
incentivavam a estudar... mas não as mesmas coisas.
Meu pai muito instruído recomendava que fizesse o que ele
fizera: "Filho, quero que você estude muito, que tenha boas notas, para
que você possa conseguir um bom emprego, seguro, em uma grande empresa,
que lhe traga grandes benefícios." Meu pai rico queria que eu aprendesse
como funciona o dinheiro para que eu pudesse colocá-lo a trabalhar para
mim. Essas lições eu aprenderia ao longo da vida, sob sua orientação e
não na sala de aula.
Meu pai rico continuou a primeira lição:
- Fico contente em ver que você se enfureceu por trabalhar por
10 centavos a hora. Se não tivesse se zangado e tivesse aceitado isso
satisfeito, teria que lhe dizer que não poderia ensinar nada. Veja,
aprender de verdade exige energia, paixão e um desejo ardente. A raiva é
uma grande parte desta fórmula, pois a paixão é uma combinação de raiva
e amor. No caso do dinheiro, a maioria das pessoas prefere não arriscar
e se sentir seguras. Ou seja, não são conduzidas pela paixão, são
conduzidas pelo medo.
- É por isso que elas aceitam um emprego com salário baixo?
perguntei.
- Sim respondeu pai rico. - Algumas pessoas dizem que eu exploro
os empregados porque não pago tanto quanto a usina de açúcar ou o
governo. Eu digo que as pessoas se exploram a elas mesmas. O medo é
delas, não meu.
- Mas o senhor não acha que deveria pagar mais para elas?
indaguei.
- Não tenho que fazê-lo. E, além disso, mais dinheiro não vai
resolver o problema. Veja seu pai. Ele ganha bastante dinheiro e ainda
assim não dá conta das despesas. A maioria das pessoas, se receber mais
dinheiro, apenas passará a se endividar mais.
- Daí os 10 centavos por hora eu disse rindo - É parte da lição.

42 Pai Rico, Pai Pobre
Os ricos não trabalham pelo dinheiro 43

- Certo sorriu pai rico. - Você vê, seu pai estudou muito de
modo que conseguiu um salário alto. Mas ele ainda tem problemas
financeiros porque nunca aprendeu nada sobre dinheiro na escola. E,
ainda por cima, ele acredita em trabalhar pelo dinheiro.
- E o senhor não acredita? perguntei.
- Não, de verdade não disse pai rico. - Se você quiser aprender
a trabalhar pelo dinheiro então fique na escola. É um bom lugar para
aprender isso. Mas se você quer aprender como fazer o dinheiro trabalhar
para você, então vou lhe ensinar como fazer. Mas só se você quiser
aprender.
- E todo mundo não quer aprender isso? indaguei.
- Não respondeu pai rico. - Simplesmente porque é mais fácil
aprender a trabalhar pelo dinheiro, em especial se o medo é a principal
emoção quando se trata de discutir dinheiro.
- Não estou entendendo retruquei franzindo as sobrancelhas.
- Não se preocupe com isso, por enquanto. Saiba apenas que é o
medo que faz a maioria das pessoas trabalhar num emprego. O medo de não
pagar as contas. O medo de ser mandado embora. O medo de não ter
dinheiro suficiente. O medo de começar de novo. Esse é o preço de
aprender uma profissão ou habilidade e então trabalhar pelo dinheiro. A
maioria das pessoas se torna escrava do dinheiro.., e fica zangada com o
patrao.
- Aprender a pôr o dinheiro a trabalhar para a gente é um tipo
de estudo totalmente diferente? perguntei.
- Sem dúvida, sem dúvida respondeu pai rico.
Ficamos sentados em silêncio contemplando a bela manhã. Meus
amigos deviam estar começando seu jogo de beisebol infantil. E, por
alguma razão, agora eu estava feliz de ter decidido trabalhar por 10
centavos a hora. Sentia que estava a ponto de aprender alguma coisa que
meus colegas não aprenderiam na escola.
- Pronto para aprender? perguntou pai rico.
- Sem dúvida respondi com um risinho.
- Estou cumprindo minha promessa. Estive ensinando a você de
longe falou pai rico. - Aos nove anos de idade você teve um gostinho do
que é trabalhar pelo dinheiro. Multiplique seu mês passado por quinze
anos e voce terá uma idéia do que muitas pessoas passam a vida fazendo.
- Não entendo falei.
- Como você se sentiu esperando na fila para falar comigo? Uma
vez para ser contratado e outra para pedir um aumento?
- Péssimo disse.
- Quando se opta por trabalhar pelo dinheiro, essa é a vida que
levam muitas pessoas disse pai rico. - E como se sentiu quando a senhora
Martin pôs na sua mão 30 centavos por três horas de trabalho?
- Achei que não era suficiente. Parecia que não valia nada.
Fiquei desapontado respondi.
- É assim que a maioria dos empregados se sente quando recebe
seus contracheques. Especialmente com todos os descontos de impostos e
outros itens. Pelo menos você recebeu 100%.
- O senhor está dizendo que a maioria dos empregados não recebe
tudo? perguntei espantado.
- Claro que não! disse pai rico. - O governo sempre tira sua
parte antes. - E como é que ele faz? perguntei.
- Impostos disse pai rico. - Você paga impostos quando ganha.
Você paga impostos quando gasta. Você paga impostos quando poupa. Você
paga impostos quando morre.
- Por que é que as pessoas deixam que o governo faça isso com
elas?
- Os ricos não deixam disse pai rico com um sorriso. - Os pobres
e a classe média deixam. Aposto que ganho mais que seu pai e contudo ele
paga mais impostos.
- E como pode ser? perguntei. Aos nove anos de idade isso não
fazia sentido para mim. - Por que alguém deixaria o governo fazer isso
com ele?
Pai rico ficou sentado em silêncio. Acho que ele queria que eu
ouvisse, em lugar de ficar falando besteira.
Finalmente me acalmei. Não tinha gostado do que ouvira. Sabia
que meu pai vivia reclamando dos impostos que pagava, mas na verdade não
tomava nenhuma atitude quanto a isso. A vida estaria batendo nele?
Pai rico se balançava em sua cadeira tranqüilamente enquanto
olhava para mim.
- Pronto para aprender? perguntou. Fiz que sim com a cabeça,
lentamente.
- Como já falei, há muito a aprender. E aprender como se faz o
dinheiro trabalhar para a gente é estudo para uma vida inteira. A
maioria das pessoas fica quatro anos numa faculdade e aí termina os
estudos. Eu sei que meu estudo sobre o dinheiro vai continuar por toda a
minha vida, simplesmente Porque quanto mais sei, mais descubro que tenho
que aprender ainda. As Pessoas em geral nunca estudam o assunto.
Trabalha-se, recebe-se o salário, Conferem-se os canhotos do talão de
cheques e isso é tudo. E ainda se espantam porque têm problemas de
dinheiro. Então pensam que mais dinheiro vai resolver a situação. Poucos
percebem que lhes falta instrução financeira.

44 Pai Rico, Pai Pobre
Os ricos não trabalham pelo dinheiro 45

- Então papai tem dificuldade com os impostos porque ele não
entende de dinheiro? perguntei confuso.
- Olha disse pai rico. - Os impostos são apenas uma pequena
parte do aprendizado para fazer o dinheiro trabalhar para você. Hoje, eu
só queria descobrir se você ainda tem a paixão de aprender sobre
dinheiro. A maioria das pessoas não tem. Elas querem ir para a escola,
aprender uma profissão, divertir-se no trabalho e ganhar rios de
dinheiro. Um dia acordam com serios problemas financeiros e então não
podem parar de trabalhar. Esse é o preço de só saber como trabalhar pelo
dinheiro em lugar de estudar para saber como pôr o dinheiro a trabalhar
para você. E então, você continua apaixonado por aprender? perguntou pai
rico.
Acenei afirmativamente com a cabeça.
- Bom disse pai rico. - Agora de volta ao trabalho. Desta vez
nao vou lhe pagar nada.
- O quê? perguntei espantado.
- Você ouviu. Nada. Trabalhará as mesmas três horas no sábado,
mas desta vez não receberá os 10 centavos por hora. Você disse que
queria aprender a não trabalhar pelo dinheiro, sendo assim não vou pagar
nada.
Eu não podia acreditar no que estava ouvindo.
- Já conversei sobre isso com Mike. Ele já está trabalhando,
tirando a poeira e arrumando as latas para mim. Melhor você se apressar
e correr para lá.
- Não é justo gritei. - O senhor tem que pagar alguma coisa.
- Você disse que queria aprender. Se não aprender isso agora,
será como aquelas duas mulheres e o homem que estavam sentados na minha
sala: trabalham pelo dinheiro e esperam que eu não os mande embora. Ou
como seu pai, ganhando rios de dinheiro apenas para ficar endividado até
o pescoço e esperando que mais dinheiro resolva o problema. Se for isso
o que você quer, então volte para aqueles 10 centavos a hora. Ou você
pode ainda fazer aquilo que muitas pessoas acabam fazendo: reclamar que
o salário não é suficiente, demitir-se e procurar outro emprego.
- Que é que eu faço? perguntei. Pai rico deu um tapinha em minha
cabeça.
- Use isto falou. - Se você usar bem, logo estará me agradecendo
por ter lhe dado uma oportunidade de se tornar um homem rico.
Fiquei parado, sem acreditar que eu estivesse embarcando nessa
canoa. Queria conseguir um aumento e acabei sendo convencido a trabalhar
de graça.
Pai rico voltou a dar um tapinha na minha cabeça e disse: LIÇÃO
1: Os ricos não trabalham pelo dinheiro

Não contei para meu pai pobre que não estava mais sendo pago.
Ele não teria entendido e eu não queria tentar explicar algo que eu
próprio ainda não estava entendendo.
Durante três semanas, Mike e eu trabalhamos três horas, todo
sábado, sem ganhar nada. O trabalho não me preocupava, e a rotina se
tornou mais fácil. O que me deixava danado era perder os jogos de
beisebol e não poder comprar os gibis.
Na terceira semana, por volta do meio-dia, apareceu pai rico.
Ouvimos seu caminhão chegar ao estacionamento e fazer um barulhão quando
o motor foi desligado. Ele entrou na loja e cumprimentou a senhora
Martin com um abraço. Depois de verificar como a loja estava indo, ele
abriu o freezer dos sorvetes, pegou dois picolés, pagou e chamou a mim e
a Mike.
- Vamos dar uma voltinha, moçada.
Atravessamos a rua e fomos para um amplo gramado onde alguns
adultos estavam jogando beisebol. Sentando em uma mesa de piquenique
afastada, ele deu os picolés para mim e para o Mike.
- Como as coisas estão indo, garotos?
- OK respondeu Mike.
Concordei com ele.
- Aprenderam alguma coisa? perguntou pai rico.
Mike e eu olhamos um para o outro, levantamos os ombros e
balançamos a cabeça em uníssono.


Evitando uma das maiores armadilhas da vida

- Bom, garotos, precisam começar a pensar. Vocês estão
observando uma das maiores lições de vida. Se aprenderem a lição, terão
uma vida de grande liberdade e segurança. Se não aprenderem, acabarão
como a senhora Martin e a maioria das pessoas que jogam beisebol aqui no
parque. Elas trabalham muito, por um salário baixo, agarrando-se à
ilusão da segurança no emprego, esperando pelas três semanas de férias
anuais e pela reduzida aposentadoria depois de 45 anos de trabalho. Se
isso os empolga, vou dar-lhes um aumento para 25 centavos a hora.
- Mas estas pessoas são boas e trabalhadoras. Por que o senhor
está debochando delas? indaguei.
Pai rico abriu um sorriso.
- A senhora Martin é como uma mãe para mim. Nunca seria tão
cruel. Pode parecer que estou sendo desalmado porque estou tentando
chamar a

46 Pai Rico, Pai Pobre
Os ricos não trabalham pelo dinheiro 47

atenção de vocês dois para um fato que a maioria das pessoas não
consegue ter a felicidade de enxergar. Graças a uma visão muito
estreita, as pessoas não percebem em que armadilha caíram.
Mike e eu ficamos sentados sem captar totalmente a mensagem. Ele
parecia cruel, contudo sentíamos que ele desejava desesperadamente que
percebêssemos algo.
Sorrindo, pai rico continuou:
- Não estão gostando desses 25 centavos a hora? O coração de
vocês não bate um pouquinho mais rápido?
Fiz um"não" com a cabeça, mas na realidade meu coração batia
mais rápido. Para mim 25 centavos a hora representava uma fortuna.
- OK, vou pagar 1 dólar a hora prosseguiu pai rico, com um
sorriso malicioso.
Agora meu coração acelerou de verdade. Meu cérebro gritava"Topa.
Topa". Eu não podia acreditar no que estava ouvindo. Ainda assim, fiquei
calado.
- Ok, 2 dólares a hora.
Meu pequeno cérebro e meu pequeno coração de nove anos quase
explodiram. Afinal, estávamos em 1956 e receber 2 dólares a hora teria
me tornado o garoto mais rico do mundo. Não me podia imaginar ganhando
esse dinheiro todo. Eu queria dizer"sim". Eu queria fechar o negócio. E
podia ver a bicicleta nova, a luva de beisebol nova e a adoração de meus
colegas quando eu mostrasse algum dinheiro. E, ainda por cima, Jimmy e
seus amigos ricos nunca poderiam voltar a me chamar de pobre. Mas
consegui me manter em silêncio.
Quem sabe tivesse torrado os miolos e queimado um fusível. Mas
no fundo do coração eu queria loucamente esses 2 dólares a hora.
O sorvete estava se derretendo e escorregando pela minha mão. As
formigas se deliciavam com a pasta melada de baunilha e chocolate. Pai
rico olhava para dois garotos que o olhavam de volta embasbacados. Ele
sabia que estava nos testando e ele sabia que parte de nossas emoções
queria topar a parada. Sabia que todo ser humano tem uma parte fraca e
necessitada de suas almas que pode ser comprada. E sabia que todo ser
humano também tinha uma parte da alma que era forte e que jamais se
deixaria comprar. A questão era saber qual prevaleceria. Ele tinha
testado milhares de almas ao longo de sua vida. Ele testava almas toda
vez que entrevistava um candidato a emprego.
- Ok, 5 dólares a hora.
De repente fez-se um silêncio dentro de mim. Alguma coisa tinha
mudado. A oferta era grande demais e se tornara ridícula. Nem muitos
adultos ganhavam 5 dólares por hora em 1956. A tentação se esvaiu e a
calma se instalou. Lentamente me virei para a esquerda para olhar Mike.
Ele devolveu meu olhar. A parte de minha alma que era fraca e
necessitada estava silenciada. A parte que não se vendia estava à
frente. Então uma calma e uma certeza sobre o dinheiro invadiram meu
cérebro e minha alma. Sabia que Mike também chegara a esse ponto.
- Muito bem disse pai rico suavemente. - A maioria das pessoas
tem um preço. E tem um preço por causa de duas emoções humanas, o medo e
a ambição. Primeiro, o medo de não ter dinheiro as leva a trabalhar
arduamente e, quando recebem o contracheque, a ambição ou o desejo as
leva a pensar nas coisas maravilhosas que podem ser compradas. Então se
define o padrão.
- Que padrão? perguntei.
- Acordar, ir para o trabalho, pagar contas, acordar, ir para o
trabalho, pagar contas... Suas vidas então são conduzidas sempre por
duas emoções: medo e ambição. Ofereça-lhes mais dinheiro e elas
continuarão o ciclo, aumentando também as despesas. É isso que chamo
de"Corrida dos Ratos".
- E há outro jeito? perguntou Mike.
- Sim disse pai rico. - Mas poucas pessoas o descobrem.
- E qual é esse jeito? perguntou Mike.
- É o que espero que vocês descubram enquanto trabalham e
estudam comigo. É por isso que acabei com todas as formas de pagamento.
- Alguma dica? perguntou Mike. - Estamos um pouco cansados de
trabalhar muito, especialmente sem receber.
- Bem, o primeiro passo é falar a verdade disse pai rico.
- Nós não mentimos falei.
- Não disse que estavam mentindo. Disse para falar a verdade
retrucou pai rico.
- A verdade sobre o quê? perguntei.
- Sobre como estão se sentindo respondeu pai rico. - Vocês não
precisam falar para mais ninguém. Só para vocês mesmos.
- O senhor está dizendo que as pessoas que estão no parque, as
pessoas que trabalham para o senhor, a senhora Martin não fazem isso?
perguntei.
- Duvido disse pai rico. - Elas têm medo de ficar sem dinheiro.
Em lugar de enfrentar o medo, elas reagem em vez de pensar. Elas reagem
racionalmente em lugar de usar suas cabeças disse pai rico batendo nas
nosSas cabeças. - Então, elas se vêem com alguns dólares na mão e
novamente as emoções da alegria e do desejo e da ambição se apossam
delas e novamente reagem em vez de pensar.
- São suas emoções que pensam por elas falou Mike.

48 Pai Rico, Pai Pobre
Os ricos não trabalham pelo dinheiro 49

- Certo falou pai rico. - Em vez de falar a verdade sobre como
se sentem, elas reagem a seus sentimentos, e não pensam. Elas sentem o
medo, vão para o trabalho esperando que o trabalho acalme esse medo, mas
não é isso que acontece. Esse medo antigo as assombra, e elas voltam ao
trabalho esperando novamente que o dinheiro acalme seu medo e,
novamente, nada. O medo as leva a essa armadilha de trabalhar, ganhar
dinheiro, trabalhar, ganhar dinheiro, esperando que o medo vá embora.
Mas a cada dia elas acordam, e o velho medo acorda com elas. Para
milhões de pessoas, esse velho medo as mantém acordadas de noite,
perturbando-as com ansiedade e preocupação. De modo que se levantam e
vão para o trabalho esperando que o contracheque mate esse medo que lhes
rói a alma. O dinheiro conduz suas vidas e elas se recusam a aceitar
essa verdade. O dinheiro controla suas emoções e, conseqüentemente, suas
almas.
Pai rico ficou sentado, quieto, deixando que assimilássemos suas
palavras. Mike e eu havíamos escutado o que ele disse, mas na verdade
não entendemos o que ele falou. Eu só sabia que muitas vezes ficava
pensando em por que os adultos corriam para o trabalho. Não parecia ser
algo muito divertido e eles não aparentavam estar muito felizes, mas
alguma coisa os impelia a correr para o trabalho.
Percebendo que tínhamos absorvido o que era possível de suas
palavras, pai rico falou:
- E quero que vocês, garotos, evitem essa armadilha. É isso que
quero ensinar a vocês. Não apenas a ser rico, porque ser rico não
resolve o problema.
- Não resolve? perguntei surpreso.
- Não, não resolve. Deixem-me falar desta outra emoção, que é o
desejo. Alguns a chamam de ganância mas eu prefiro desejo. É
perfeitamente normal querer coisas melhores, mais bonitas, mais
divertidas ou empolgantes. Portanto, as pessoas também trabalham por
dinheiro por causa do desejo. Elas desejam o dinheiro pela alegria que,
acreditam, o dinheiro pode comprar. Mas a alegria que o dinheiro traz
muitas vezes tem curta duração e é preciso mais dinheiro para adquirir
mais alegria, mais satisfação, mais conforto, mais segurança. Assim,
continua-se trabalhando, pensando que o dinheiro um dia acalmará suas
almas perturbadas pelo medo e pelo desejo. Mas o dinheiro nao pode fazer
isso.
- Mesmo para as pessoas ricas? perguntou Mike.
- Incluindo os ricos respondeu pai rico. - De fato, a razão pela
qual muitas pessoas são ricas não é o desejo, mas o medo. Elas pensam
que o dinheiro pode acabar com seu medo de ficar sem dinheiro, de serem
pobres, de modo que acumulam fortunas para descobrir que o medo fica
pior. Agora elas receiam perdê-lo. Tenho amigos que continuam
trabalhando mesmo quando já têm muito. Sei de pessoas que têm milhões e
estão mais apavoradas do que quando eram pobres. Estão aterrorizadas com
a possibilidade de perder todo o seu dinheiro. Os medos que as levaram a
se tornarem ricas ficam maiores. Essa parte fraca e necessitada de suas
almas na verdade grita ainda mais forte. Não querem perder suas mansões,
seus carros, a vida de luxo que o dinheiro pode comprar. Preocupam-se
com o que seus amigos dirão se perderem todo o seu dinheiro. Muitos
estão emocionalmente desesperados e neuróticos embora pareçam ricos e
tenham grandes fortunas.
- Então a pessoa pobre é mais feliz? perguntei.
- Não, não acho replicou pai rico. - Evitar o dinheiro é tão
neurótico quanto ser apegado ao dinheiro.
Como se isso tivesse sido uma deixa, o mendigo da cidade passou
perto de nossa mesa, parou junto ao cesto de lixo e começou a vasculhar.
Nós três observamos com grande interesse, talvez antes o tivéssemos
ignorado.
Pai rico tirou da carteira uma nota de 1 dólar e fez um gesto
para o velho. Este ao ver o dinheiro se aproximou imediatamente, pegou a
nota, agradeceu profusamente e saiu encantado com sua boa sorte.
- Ele não é muito diferente da maioria dos meus empregados disse
pai rico. - Já encontrei tanta gente que fala,"Ah, não estou interessado
no dinheiro". Contudo, eles trabalham oito horas por dia nos seus
empregos. Isso é uma negação da verdade. Se não estão interessados no
dinheiro, então por que é que trabalham? Esse tipo de pensamento é
possivelmente mais neurótico do que o de uma pessoa que junta dinheiro.
Enquanto eu estava ali sentado, ouvindo meu pai rico, minha
mente recordava as inúmeras vezes em que meu próprio pai dizia:"Não
estou interessado no dinheiro." Ele falava isso freqüentemente. Também
se justificava dizendo sempre:"Trabalho porque gosto do que faço."
- Então o que temos que fazer? perguntei. - Não trabalhar pelo
dinheiro até perder todos os resquícios de medo e ganância?
- Não, isso seria uma perda de tempo falou pai rico. - As
emoções São o que nos torna humanos. Elas nos tornam reais. A
palavra"emoção" representa energia em movimento. Seja sincero a respeito
de suas emoções e use sua mente e suas emoções a seu favor, não contra
você.
Nossa! exclamou Mike.
- Não se preocupe com o que acabei de falar. Daqui a alguns anos
você entenderá melhor. Observe suas emoções, não reaja a elas. A maioria
das pesSoas não percebe que está pensando com suas emoções. Suas emoções
são suas emoções, mas você precisa aprender a pensar por si próprio.

50 Pai Rico, Pai Pobre
Os ricos não trabalham pelo dinheiro 51

- O senhor poderia dar um exemplo? pedi.
- Lógico retrucou pai rico. - Quando uma pessoa fala"Preciso
procurar um emprego", o mais provável é que esteja pensando com uma
emoção, O medo de não ter dinheiro é que gera esse pensamento.
- Mas as pessoas precisam de dinheiro se têm contas a pagar
falei.
- Sem dúvida disse pai rico sorrindo. - Tudo o que estou dizendo
é que na maioria das vezes são as emoções que comandam o pensamento.
- Não estou entendendo disse Mike.
- Por exemplo continuou pai rico -, se existe o medo de não ter
dinheiro suficiente, em vez de sair correndo para procurar um emprego a
fim de ganhar algum, as pessoas poderiam se perguntar:"Um emprego seria,
no longo prazo, a melhor solução para este medo?" Na minha opinião a
resposta é"Não". Especialmente se levarmos em conta a duração da vida da
pessoa. Um emprego é na verdade uma solução de curto prazo para um
problema de longo prazo.
- Mas meu pai sempre fala,"va para a escola, tire notas boas
para que possa conseguir um emprego bom e seguro" disse eu, um pouco
confuso.
- Sim, entendo o que ele diz afirmou pai rico sorrindo. - A
maioria das pessoas aconselha isso e costuma considerar uma boa idéia.
Mas, em geral, é o medo que leva as pessoas a dar esse conselho.
- O senhor quer dizer que meu pai fala isso porque tem medo?
- Sim" respondeu pai rico. - Seu pai está apavorado com a
possibilidade de você não ser capaz de ganhar dinheiro e enquadrar-se na
sociedade. Não me entenda mal. Ele o ama e quer o melhor para seu filho.
E eu acho que seu receio se justifica. Instrução e emprego são coisas
importantes. Mas elas não resolvem a questão do medo. Veja, é esse mesmo
medo que o faz levantar todas as manhãs para ganhar alguns dólares e o
que o leva a preocupar-se tanto com que você vá para a escola.
- E o senhor, aconselha o quê? perguntei.
- Quero ensinar a vocês o domínio sobre o poder do dinheiro. A
não ter medo dele. E isso não é ensinado na escola. Se não aprenderem
isso, se tornarão escravos do dinheiro.
Começava, finalmente, a fazer sentido. Ele queria abrir nossos
horizontes. Mostrar-nos o que a senhora Martin não via, o que seus
empregados não viam, ou, por falar nisso, o que meu pai não via. Naquele
dia minha visão se ampliou e comecei a vislumbrar a armadilha que
aguardava tanta gente.
- Vejam, em última análise, somos todos empregados. Só que
trabalhamos em níveis diferentes disse pai rico. - Eu só quero que vocês
tenham a chance de escapar da armadilha. A armadilha criada por essas
duas emoções, o medo e o desejo. Usem-nas a seu favor, não contra. Isso
é o que quero ensinar a vocês. Não estou interessado em ensinar apenas a
ganhar rios de dinheiro. Isso não vai cuidar do medo e do desejo. Se,
primeiramente, vocês não cuidarem do medo e do desejo, e ficarem ricos,
vocês serão apenas escravos bem pagos.
- E como escapar da armadilha? perguntei.
- A causa principal da pobreza ou das dificuldades financeiras
está no medo e na ignorância, não na economia, ou no governo ou nos
ricos. É o medo que instalamos em nós mesmos e a ignorância que mantêm
as pessoas presas na armadilha. Então vocês, garotos, vão para a escola
e se formem. Eu lhes ensinarei como não cair na armadilha.
As peças do quebra-cabeça começavam a se encaixar. Meu pai
instruído tinha ótima formação e uma ótima carreira. Mas a escola nunca
lhe tinha dito como lidar com o dinheiro ou com seus medos. Tornava-se
claro que eu poderia aprender coisas diferentes e importantes com dois
pais.
- O senhor está falando do medo de não ter dinheiro. Como o
desejo por dinheiro afeta nosso pensamento? perguntou Mike.
- Como você se sentiu quando eu o tentei com um aumento no
pagamento? Você notou que seu desejo crescia?
Balançamos a cabeça afirmativamente.
- Ao não ceder a suas emoções, vocês foram capazes de adiar suas
reações e pensar. Isso é o mais importante. Sempre sentiremos emoções de
medo e ambição. Daqui para frente, o mais importante será que vocês usem
essas emoções a seu favor e a longo prazo e não apenas deixem que elas
os conduzam e controlem seus pensamentos. A maioria das pessoas usa o
medo e a ambição contra si mesmas. Isso é o começo da ignorância. Grande
parte das pessoas passa a vida atrás de contracheques, aumentos
salariais e segurança no emprego por causa dessas emoções de desejo e
medo, sem se questionar realmente para onde esses pensamentos conduzidos
pela emoção as estão levando. E como a história do burro que movimenta o
carro enquanto seu dono fica balançando uma cenoura à frente de seu
nariz. O dono do burro pode estar indo aonde deseja ir, mas o burro está
correndo atrás de uma ilusão. Amanhã só haverá outra cenoura para o
burro.
O senhor quer dizer que no momento em que eu imaginei a nova
luva de beisebol, os doces e os brinquedos, isso era como a cenoura para
o burro? perguntou Mike.
- Isso mesmo! E quando você crescer os brinquedos serão mais
caros. Um carro novo, uma lancha e uma casa grande para impressionar
seus amigos - disse pai rico com um sorriso. - O medo empurra para fora
da porta

52 Pai Rico, PaiPobre
Os ricos não trabalham pelo dinheiro 53

e o desejo o atrai, fazendo com que vocês vão de encontro ao rochedo.
Esta é a armadilha.
- E qual é a resposta? perguntou Mike.
- O que aumenta o medo e o desejo é a ignorância. É por isso que
pessoas ricas com muito dinheiro muitas vezes têm mais medo à medida que
ficam mais ricas. O dinheiro é a cenoura, a ilusão. Se o burro pudesse
entender todo o contexto, ele poderia pensar duas vezes antes de sair
correndo atrás da cenoura.
Pai rico passou a explicar que a vida humana é uma luta entre a
ignorância e o esclarecimento. Explicou que ao deixarmos de buscar
informação e conhecimento sobre nós mesmos, instala-se a ignorância. A
luta é uma decisão feita momento a momento de aprender a abrir ou fechar
a própria mente.
- Veja, a escola é muito, muito importante. Vocês vão à escola
para aprender uma habilidade ou uma profissão e poder se tornar um
membro útil da sociedade. Cada cultura necessita de professores,
médicos, artistas, cozinheiros, homens de negócios, policiais,
bombeiros, soldados. A escola os treina de modo que nossa cultura possa
florescer disse pai rico. - Infelizmente para muita gente a escola é o
fim e não o início.
Fez-se um longo silêncio. Pai rico sorria. Não entendi tudo o
que ele disse naquele dia. Mas como ocorre com a maioria dos grandes
mestres, cujas palavras continuam repercutindo por muitos anos, muitas
vezes até depois que se foram, suas palavras estão comigo até hoje.
- Hoje me mostrei um pouco cruel disse pai rico. - Cruel por um
motivo. Queria que vocês sempre se lembrassem desta conversa. Quero que
pensem sempre na senhora Martin. Quero que pensem sempre no burro. Não
esqueçam nunca, porque as duas emoções, medo e desejo, podem levá-los à
maior armadilha da vida, se não tiverem consciência de que elas estão
controlando seu pensamento. Passar a vida com medo, não explorando
jamais seus sonhos, é cruel. Trabalhar arduamente por dinheiro, pensando
que este comprará aquilo que lhes trará felicidade é também cruel.
Acordar no meio da noite apavorado com as contas a pagar é uma forma de
vida horrível. Viver uma vida determinada pelo montante de seu
contracheque não é realmente viver. Pensar que um emprego os fará
sentir-se seguros é mentir para voces mesmos. É cruel e é a armadilha
que quero que evitem, se possível. Vi como o dinheiro conduz a vida das
pessoas. Não deixem que isso aconteça com vocês. Por favor, não deixem o
dinheiro dominar suas vidas.
Uma bola de beisebol rolou para nossa mesa. Pai rico a pegou e a
lançou de volta.
- É a ignorância sobre o dinheiro que causa tanta ambição e
tanto medo
-disse pai rico. - Vou dar alguns exemplos. Um médico, querendo
mais dinheiro para sustentar melhor sua família, aumenta o preço de suas
consultas. Isso prejudica principalmente os mais pobres, de modo que
estes têm saúde pior do que aqueles que têm dinheiro. E continuou:
- Como os médicos aumentam suas consultas, os advogados também
aumentam sua remuneração. Como a remuneração dos advogados aumentou, os
professores querem um aumento, o que provoca um aumento dos impostos e
assim por diante. Logo, logo, a disparidade entre ricos e pobres será
tão grande que surgirá o caos e outra civilização entrará em colapso. As
grandes civilizações entraram em colapso porque a distância entre os que
têm e os que não têm era grande demais. Os Estados Unidos estão seguindo
o mesmo caminho, provando mais uma vez que a história se repete, porque
não aprendemos com ela. Só decoramos mecanicamente datas e nomes e não a
lição.
- E os preços não aumentam? perguntei.
- Não numa sociedade instruída, com um bom governo. Os preços na
verdade deveriam cair. Naturalmente, isso às vezes só é verdadeiro na
teoria. Os preços sobem devido ao medo e à ambição gerados pela
ignorância. Se as escolas ensinassem às pessoas sobre o dinheiro,
haveria mais dinheiro e preços mais baixos, mas as escolas estão
preocupadas em ensinar as pessoas a trabalhar pelo dinheiro e não a
controlar o poder do dinheiro.
- Mas não existem faculdades de administração? perguntou Mike. -
O senhor não está incentivando que eu vá fazer meu mestrado em uma
faculdade de administração?
- Sim falou pai rico. - Mas na maioria das vezes as faculdades
de administração treinam empregados que são profissionais sofisticados.
Que os céus não permitam que um contador domine uma empresa! Tudo o que
eles fazem é olhar para os números, demitir gente e aniquilar o negócio.
Sei disso Porque contrato contadores. Tudo o que eles pensam é cortar
custos e aumentar preços, o que causa mais problemas. A contabilidade é
importante. Gostaria que mais gente a conhecesse, mas, ao mesmo tempo,
ela não mostra tudo acrescentou pai rico furioso.
- Há uma solução? perguntou Mike.
- Sim disse pai rico. - Aprenda a usar suas emoções para pensar
e
não pensar com suas emoções. Quando vocês, garotos, dominaram
suas emoÇões, concordando em trabalhar de graça para mim, eu sabia que
havia
esperança. Quando novamente vocês resistiram a suas emoções quando os
tentei

54 Pai Rico, Pai Pobre
Os ricos não trabalham pelo dinheiro 55

com mais dinheiro, vocês estavam novamente aprendendo a pensar em vez de
se renderem às emoções. Este é o primeiro passo.
- Por que esse primeiro passo é tão importante? perguntei.
- Isso vocês terão de descobrir. Quero que vocês aprendam. Vou
levá-los pelo caminho dos espinhos. É um lugar que quase todos evitam.
Vou levá-los a esse lugar aonde a maioria das pessoas tem medo de ir. Se
forem comigo, abandonarão a idéia de trabalhar por dinheiro e aprenderão
a fazer o dinheiro trabalhar para vocês.
- E o que receberemos se formos com o senhor? O que acontecerá
se concordamos em aprender com o senhor? O que obteremos? perguntei.
- O mesmo que Irmão Coelho obteve disse pai rico. - Libertação
da Boneca de Piche.*
- Há um caminho de espinhos? perguntei.
- Sim assentiu pai rico. - O caminho de espinhos é nosso medo e
nossa ambição. A saída está em pôr de lado o medo e confrontar nossa
ambição, nossas fraquezas, nossa carência. E a saída também está na
mente, na escolha de nossos pensamentos.
- Escolher nossos pensamentos? perguntou Mike intrigado.
- Sim. Escolher o que pensamos em lugar de reagir a nossas
emoções, em lugar de levantar da cama e ir para o trabalho para resolver
os problemas, porque estamos assombrados pelo medo de não ter dinheiro
para pagar nossas contas. O pensamento o levaria a dedicar tempo a
colocar-se a si mesmo a pergunta:"Trabalhar com mais afinco seria a
melhor solução para este problema?" A maioria das pessoas está tão
apavorada por não encarar a verdade - o medo está controlando-as - que
não pode pensar e assim corre para sair de casa. A Boneca de Piche está
no controle. Isto é o que quero dizer quando falo em escolher os
pensamentos.
- E como fazemos isso? perguntou Mike.
- Isso é o que vou ensinar a vocês. Vou lhes ensinar como
escolher seus pensamentos, em lugar de reagir apavorados, tomando o café
da manhã afobadamente e disparando porta afora.
- Lembrem-se do que disse antes: um emprego é apenas uma solução
de curto prazo para um problema de longo prazo. A maioria das pessoas só
tem um problema em mente e é de curto prazo. São as contas do fim do
mês, a Boneca de Piche. O dinheiro passa a conduzir suas vidas. Ou
melhor dizen

---
* Referências a personagens de uma conhecida história infantil passada
no sul dos EUA, Uncle Remus (1881), de Joel C. Harris. Com base nela,
Disney criou em 1946 o filme A Canção do Sul. Aboneca de (NT)

do, o medo e a ignorância em relação ao dinheiro. Da mesma forma que
faziam seus pais, elas acordam toda manhã e vão trabalhar por dinheiro.
Não têm tempo de se perguntar se há outra maneira. Suas emoções estão no
controle do seu pensamento, não a razão.
- O senhor pode distinguir o pensar com as emoções do pensar com
a cabeça? perguntou Mike.
- Sim, eu ouço isso o tempo todo respondeu pai rico. - Ouço
coisas como "Bem, todo mundo tem que trabalhar". Ou"Os ricos são
desonestos". Ou"Vou procurar outro emprego. Mereço esse aumento. Eles
não vão me passar para trás". Ou"Gosto deste emprego porque ele é
seguro". Em lugar de perguntas como"O que é que eu estou perdendo
aqui?", o que interromperia o pensamento emocional e daria tempo de
pensar com clareza.
Devo admitir que estava recebendo uma grande lição: saber quando
alguém estava falando a partir de suas emoções ou de um pensamento
claro. Era uma lição que me prestou bons serviços a vida toda.
Especialmente quando era eu que estava falando a partir de uma reação e
não de um pensamento claro.
Enquanto caminhávamos de volta à loja, pai rico explicou que os
ricos realmente"faziam dinheiro". Eles não trabalhavam por ele. Ele
continuou explicando que quando Mike e eu estávamos cunhando pratinhas
de 5 centavos com o chumbo, pensando que estávamos fazendo dinheiro, nós
estávamos pensando quase como os ricos. O problema é que nós estávamos
praticando um ato ilegal. Era legal quando o governo e os bancos faziam
isso, mas não quando nós o fazíamos. Ele explicou que havia formas
legais de fazer dinheiro e formas ilegais.
Pai rico continuou explicando que os ricos sabiam que o dinheiro
era uma ilusão, como a cenoura para o burro. E em virtude do medo e da
ambição que milhões de pessoas aceitam a ilusão de que o dinheiro é
real. O dinheiro é uma ficção. Somente a ilusão de confiança e a
ignorância das massas permitem que o castelo de cartas fique em pé."De
fato", disse ele,"de várias maneiras a cenoura do burro é mais valiosa
do que o dinheiro". Ele falou do padrão-ouro que vigorava nos Estados
Unidos e que na verdade cada nota de dólar era um certificado de prata.
O que o preocupava é que algum dia o país pudesse abandonar o
padrão-ouro e os dólares deixassem de ser certificado de prata.
- O que aconteceria, garotos, seria uma grande confusão. Os
pobres, a classe média e os ignorantes teriam suas vidas arruinadas
simplesmente porque continuariam acreditando que o dinheiro é real e que
a empresa para a qual trabalham, ou o governo, cuidaria deles.

56 Pai Rico, PaiPobre
Os ricos não trabalham pelo dinheiro 57

Naquele dia não entendemos do que ele estava falando, mas com o
correr dos anos isso passou a fazer cada vez mais sentido.

Vendo o que os outros não vêem

Ao entrar em sua caminhonete, no estacionamento da pequena loja
de conveniência, ele disse:
- Continuem trabalhando garotos, mas quanto mais cedo Vocês se
esquecerem de que precisam de um contracheque, mais fácil se tornará sua
vida adulta. Continuem usando seu cérebro, trabalhem de graça e logo sua
mente lhes mostrará formas de ganhar muito mais dinheiro do que eu
poderia lhes pagar. Vocês verão o que outras pessoas nunca percebem.
Oportunidades que estão à frente de seu nariz. A maioria jamais enxerga
essas Oportunidades porque estão atrás de dinheiro e segurança, e é isso
que elas recebem. No momento em que vislumbrarem uma oportunidade, vocês
a reconhecerão pelo resto de suas vidas. Quando conseguirem isso, vou
lhes ensinar outra coisa. Aprendam essa lição e evitarão uma das maiores
armadilhas da vida. Vocês não tocarão, nunca, Jamais, nessa Boneca de
Piche. *
Mike e eu pegamos nossas coisas na loja e nos despedimos da
senhora Martin. Voltamos ao parque, ao mesmo banco da área de
piquenique, e passamos várias horas pensando e conversando.
Passamos a semana seguinte na escola, pensando e conversando.
Durante outras duas semanas, pensamos, conversamos e trabalhamos de
graça.
No fim do segundo sábado, estava eu, outra vez, me despedindo da
senhora Martin e atirando um olhar sonhador para a estante das revistas
em quadrinhos. O duro de não ganhar nem mesmo 30 centavos aos sábados
era que eu não tinha dinheiro para comprar gibis. De repente, enquanto a
senhora Martin se despedia de Mike e de mim, vi que ela estava fazendo
algo que eu nunca a vira fazer antes. Ou melhor, vira, mas nunca
prestara atenção.
A senhora Martin estava arrancando a metade superior da capa do
gibi. Ela guardava essa metade e jogava, numa caixa de papelão, o resto
da revistinha. Quando perguntei o que estava fazendo com as revistinhas,
ela falou: "Estou jogando fora. Devolvo a parte de cima da capa para o
distribuidor das revistas que me dá um crédito quando traz os novos
gibis. Ele vai chegar daqui a uma hora."

---
* A boneca de piche da história é totalmente pegajosa, daí a
dificuldade de se livrar dela e dos problemas que ela provoca. (N.T.)

Mike e eu esperamos uma hora. Quando ele chegou perguntamos se
podíamos ficar com os gibis velhos. Ele respondeu:"Vocês podem ficar se
vocês trabalharem nesta loja e não os revenderem."
Nossa parceria ressuscitou. A mãe de Mike tinha um quarto vazio
no porão da casa. Nós o limpamos e começamos a empilhar ali centenas de
gibis. Em Pouco tempo, nossa biblioteca de gibis estava aberta ao
público. Contratamos a irmã caçula de Mike, que adorava estudar para ser
bibliotecária. Ela cobrava de cada criança um ingresso de 10 centavos e
a biblioteca permanecia aberta, depois das aulas, das 14:30 às 16:30,
todos os dias. Os freqüentadores, as crianças da vizinhança, podiam ler
quantos gibis conseguissem nessas duas horas. Era uma pechincha pois
cada gibi custava 10 centavos e podiam-se ler cinco ou seis nessas duas
horas.
A irmã de Mike controlava a saída da garotada para assegurar-se
de que ninguém estivesse levando uma revista emprestada. Ela também
controlava os livros, registrava quantas crianças compareciam
diariamente quem eram elas e os comentários que faziam. Recebia um dólar
por semana e deixávamos que lesse de graça quantos gibis desejasse, o
que ela fazia raramente porque estava sempre estudando.
Mike e eu mantivemos o acordo de trabalhar todo sábado na loja e
arrecadávamos os gibis descartados. Mantivemos nosso acordo com o
distribuidor pois não revendíamos nenhum gibi. Quando eles ficavam muito
rasgados, os queimávamos. Tentamos abrir uma filial, mas nunca
encontramos alguém tão dedicado e Confiável quanto a irmã do Mike para
cuidar dela.
Nessa idade precoce descobrimos como era difícil conseguir bons
funcionários.
Três meses depois da inauguração da biblioteca, houve uma briga
na sala. Alguns garotos de outro bairro a invadiram e começaram a
confusão. O pai de Mike sugeriu que fechássemos o negócio. Nossa
biblioteca deixou de existir e paramos de trabalhar aos sábados na loja
de conveniência. De qualquer forma, pai rico estava entusiasmado e
queria nos ensinar mais. Ele estava feliz Porque tivemos muito êxito na
primeira lição. Aprendemos a fazer o dinheiro trabalhar para nós. Como
não tínhamos recebido pagamento pelo trabalho na loja, forçamos nossa
imaginação identificando uma oportunidade de ganhar dinheiro. Ao Começar
nosso próprio negócio, a biblioteca de gibis, estávamos
controlando nossas próprias finanças e não dependendo de um
empregador. A melhor parte é que nOSSO negócio rendia dinheiro para nós,
mesmo
que nós não estivéssemos fisicamente presentes. Nosso dinheiro
trabalhava para nós.
Em lugar de nos pagar em dinheiro, pai rico tinha nos dado muito
mais.

CAPÍTULO TRÊS

Lição 2:

Para que alfabetização financeira?

Em 1990, meu melhor amigo, Mike, assumiu o império de seu pai e está
fazendo, fato, um trabalho melhor do que o dele. Encontramo-nos uma ou
duas vezes no ano, no campo de golfe. Ele e sua mulher são muito mais
ricos do que você possa imaginar. O império de pai rico está em grandes
mãos e Mike está agora preparando seu filho para ocupar seu lugar, tal
como seu pai nos preparou.
Em 1994, aposentei-me aos 47 anos de idade e minha mulher, Kim,
tinha 37 anos. Aposentadoria não significa deixar de trabalhar. Para
minha mulher e para mim, quer dizer que, se não houver mudanças
cataclísmicas inesperadas, podemos trabalhar ou não, e nossa riqueza
continuará aumentando automaticamente, ficando bem à frente da inflação.
Acho que isso representa liberdade. Os ativos são suficientemente
grandes para crescerem por si própios. É como plantar uma árvore. Você a
rega durante anos e, então, umdia, ela não precisa mais disso. Suas
raízes são suficientemente profundas. Então, a árvore lhe proporciona
sombra para seu prazer.
Mike optou por dirigir o império e eu por aposentar-me.
Sempre que faço palestras, as pessoas perguntam o que lhes
aconselho ou o que elas deveriam fazer: "Como começar?" "Há algum bom
livro que eu possa recomendar?" "O que elas deveriam fazer para preparar
seus filhos?" "Qual é o segredo do sucesso?" "Como é o segredo do
sucesso?" "Como é que eu ganho milhões?" Nessas ocasiões sempre me
lembro de um artigo que me deram certa vez. Diz mais ou menos o
seguinte:

60 Pai Rico, Pai Pobre
Para que alfabetização financeira? 61

OS HOMENS DE NEGÓCIOS MAIS RICOS

Em 1923 um grupo de nossos maiores líderes e homens de negócios
mais ricos participou de um encontro no hotel Edgewater Beach em
Chicago. Entre eles estavam Charies Schwab, presidente da maior
siderúrgiCa independente; Samuel Insuli, presidente da maior empresa de
energia elétrica; I-ioward Hopsof, presidente da maior empresa
fornecedora de gás; Ivar Kreuger, presidente da Internacional Match Co.,
uma das maiores empresas da época; Leon Frazier, presidente do Banco
InternaCional de Compensações Financeiras; Richard Whitney, presidente
da Bolsa de Valores de Nova York; Arthur Cotton e Jesse LivermOre, dois
dos maiores especuladores de ações, e Albert Fali, um membro do gabinete
do Presidente Harding. Vinte e cinco anos depois, nove deles (os
listados anteriormente) terminaram como se segue. Schwab morreu sem um
centavo, depois de viver cinco anos de empréstimos. Insull morreu
falido, em um país estrangeiro. Kreuger e Cotton também morreram
falidos. Hopsofl ficou louco. Whitney e Albert Fali tinham acabado de
sair da cadeia. Fraser e LivermOre se suicidaram.
Duvido que alguém possa dizer o que aconteceu realmente com
aqueles homens. Se você olhar a data da reunião, 1923, foi antes do
crash da bolsa de 1929 e da Grande Depressão, o que, desconfio, deve ter
provocado grande impacto sobre esses homens e suas vidas. O interessante
é isto: hoje vivemos em tempos de mudanças maiores e mais aceleradas do
que esses homens vivenciaram. Imagino que nos próximos 25 anos deverão
registrar-se auges e quedas comparáveis aos enfrentados por eles. Estou
muito preocupado com o fato de que gente demais se preocupa
excessivamente com dinheiro e não com sua maior riqueza, a educação. Se
as pessoas estiverem preparadas para ser flexíveiS, se mantiverem suas
mentes abertas e aprenderem, elas se tornarão cada vez mais ricas ao
longo dessas mudanças. Se elas pensarem que o dinheiro resolverá seus
problemas receio que terão dias difíceis. A inteligência resolve
problemas e gera dinheiro. O dinheiro sem a inteligência financeira é
dinheiro que desaparece depressa.
A maioria das pessoas não percebe que na vida o que importa não
é quanto dinheiro você ganha, mas quanto dinheiro você conserva. Todos
ouvimos histórias de ganhadores de prêmios na loteria que eram pobres,
enriqueceram subitamente e voltaram a ser pobres. Ganham milhões e logo
estão de volta ao ponto de partida. Ou histórias de atletas
profissionais que, aos 24 anoS, ganham milhões de dólares ao ano e que,
aos 34, estão dormindo embaixo da ponte. Hoje de manhã, quando estou
escrevendo isto, o jornal conta a história de um jovem jogador de
basquete que um ano atrás era milionário. Hoje, ele diz que seus amigos,
seu advogado e seu contador levaram todo o seu dinheiro e está
trabalhando em um lava-carros por um salário mínimo.
Ele tem apenas 29 anos. Foi demitido do lava-carros porque se
recusou a tirar seu anel de campeão enquanto trabalhava e, por isso, sua
história chegou ao jornal. Ele estava lutando por sua reintegração,
alegando dificuldades para sobreviver e discriminação, o anel era tudo o
que lhe restara. Afirmava que se isso lhe fosse tirado ele desmoronaria.
Em 1997 sei de muitas pessoas que estão se tornando milionários
instantâneos. É a volta dos Loucos Anos 20. E embora fique feliz de ver
que pessoas se tornam cada vez mais ricas, só posso advertir que, a
longo prazo, não importa tanto o quanto você ganhou mas o quanto você
conservou e por quantas gerações isso é conservado.
Partindo deste princípio, quando as pessoas perguntam"Como o
senhor começou?" ou"Diga-me como ficar rico rapidamente", elas
freqüentemente ficam muito desapontadas com minha resposta. Eu
simplesmente lhes digo o que meu pai rico me falou quando eu era um
moleque:"Se você quiser ficar rico, você precisa de uma alfabetização
financeira."
A idéia era martelada na minha cabeça toda vez que nos
encontrávamos. Como já disse, meu pai instruído destacava a importância
da leitura de livros, enquanto meu pai rico destacava a necessidade de
dominar os conhecimentos das finanças.
Se você quer construir um Empire State Building, a primeira
coisa a fazer é cavar profundamente o terreno e construir sólidos
alicerces. Se você vai construir uma casa no subúrbio,* tudo o que tem a
fazer é assentá-la numa laje de concreto de 15 cm. A maioria das
pessoas, em sua ânsia de enriquecer, tenta construir um Empire State
Building sobre uma laje de 15 cm.
Nosso sistema escolar, por ter sido criado na época agrária,
ainda acredita em casas sem alicerces. Chão de terra batida ainda está
na moda. Assim, a garotada sai da escola sem qualquer fundamento
financeiro. Um dia, insones e endividados no subúrbio, vivendo o sonho
americano, elas decidem que a resposta para seus problemas financeiros
está em achar um meio de enriquecer rapidamente.
Começam a construção do arranha-céu. Sobe rapidamente e, logo,
em lugar de um Empire State Building, temos a Torre Inclinada dos
Subúrbios. De volta às noites insones.

---
* É bom recordar que, diferentemente do Brasil, nos EUA os subúrbios
são os locais de moradia das classes mais abastadas. (N. t.)

62 Pai Rico, Pai Pobre
Para que alfabetização financeira? 63

No meu caso e no de Mike, quando adultos, as nossas escolhas
foram possíveis porque fomos ensinados a construir sólidos alicerces
quando éramos apenas crianças.
Agora vejamoS, a contabilidade é possivelmente um dos assuntos
mais áridos do mundo. E pode também ser o mais confuso. Mas se você
quiser ser rico, pode ser o assunto mais importante. A questão é, como
pegar um tema entediante e confuso e ensiná-lo a crianças? A resposta é:
simplifique. Comece por ensiná-lo por meio de figuras.
Meu pai rico construiu um sólido alicerce financeiro para Mike e
para mim. Já que éramos apenas crianças, ele criou uma forma muito
simples de ensinar. Durante anos ele apenas fazia desenhos e usava
palavras. Mike e eu entendíamos os desenhos simples, o jargão, o
movimento do dinheiro e então, anos mais tarde, pai rico começou a
incluir números. Hoje, Mike domina uma análise contábil muito mais
complexa e sofisticada porque precisa disso. Ele tem que controlar um
império de um bilhão de dólares. Eu não sou tão sofisticado porque meu
império é menor; contudo, ambos partimos do mesmo alicerce simplificado.
Nas páginas que se seguem apresentarei as mesmas figuras simples que o
pai de Mike criou para nós. Embora simples, esses desenhos ajudaram a
orientar dois garotos na construção de uma grande riqueza embasada em
fundamentos sólidos e profundos.

Regra Número Um. Você tem que conhecer a diferença entre um
ativo e um passivo e comprar ativos. Se você deseja ser rico, isso é
tudo o que voce precisa conhecer. E a Regra Número Um e é a única regra.
Isto pode parecer absurdamente simples, porque não se tem idéia do
quanto é profunda. A maioria das pessoas tem dificuldades financeiras
porque não conhece a diferença entre um ativo e um passivo.
- As pessoas ricas adquirem ativos. Os pobres e a classe média
adquirem obrigações pensando que são ativos.
Quando pai rico explicou isso para Mike e para mim, pensamos que
ele estava brincando. Aí estávamos, quase adolescentes, esperando pelo
segredo do enriquecimento e essa era a resposta. Era tão simples que
precisamos parar um longo tempo para pensar a respeito.
- O que é um ativo? perguntou Mike.
- Não se preocupe agora disse pai rico. - Deixe a idéia
amadurecer. Se você puder entender a simplicidade, sua vida terá um rumo
e será fácil do ponto de vista financeiro. É simples, por isso é que não
se presta atenção. - O senhor quer dizer que tudo o que precisamos
conhecer é o que é um ativo, comprá-lo e então ficaremos ricos? -
perguntei. Pai rico balançou a cabeça afirmativamente. - É simples
assim. - Se é tão simples, por que é que todos não ficam ricos?
perguntei. Pai rico sorriu: - Porque as pessoas não sabem distinguir um
ativo de um passivo.
Lembro-me de ter perguntado:"Como é que os adultos podem ser tão
ignorantes. Se é tão simples, tão importante, por que todo mundo não
procura descobrir a diferença?"
Pai rico levou apenas alguns minutos para explicar o que eram
ativos e paSSiVOS.
Já adulto tive dificuldade em explicar isso a outros adultos.
Por quê? Porque os adultos são mais espertos. Na maioria dos casos, a
simplicidade da ideia escapa aos adultos porque eles foram educados de
maneira diferente. Eles foram educados por outros profissionais
instruídos, como banqueiros, contadores, agentes imobiliáriOs,
planejadores financeiros e assim por diante. A dificuldade está em levar
os adultos a desaprender, ou em torná-los outra vez crianças. Um adulto
inteligente freqüentemente se sente diminuído ao prestar atenção em
definições simplistas.
Pai rico acreditava no princípio SE -"Simplifique, Estúpido" de
modo que ele simplificou as coisas para os dois garotos e deu-lhes uma
sólida base financeira.
O que provoca a confusão? Ou como algo tão simples pode parecer
tão enrolado? Por que alguém compraria um ativo que na verdade era uma
obrigação? A resposta está nos conhecimentos básicos.
Pensamos em"alfabetização" e não em"alfabetização financeira". O
que define se algo é um ativo, ou é um passivo, não são as palavras. De
fato, se você quer ficar realmente confuso, procure as palavras"ativo
e"passivo" no dicionário. Sei que um contador pode achar boa a
definição, mas para a pessoa média não faz sentido. Mas nós adultos
muitas vezes somos orgulhosos demais para admitir que algo não faz
sentido.
Quando éramos garotos, pai rico falava:"O que define um ativo
não são as palavras, mas os números. E se você não puder ler os numeros,
voce nao pode distinguir um ativo de um buraco no chão. Na
contabilidade", dizia pai rico,"não importam os números mas o que os
números contam. É como as palavras. Não são as palavras. Mas as
histórias que elas nos contam.
Muitas pessoas lêem, mas não entendem muita coisa. É a chamada
comDreensão da leitura. E todos temos habilidades diferentes no que se
refere à compreensão da leitura. Por exemplo, recentemente comprei um
novo aparelho de vídeo. Junto vinha o manual que explicava como fazer
gravações.

64 Pai Rico, Pai Pobre
Para que alfabetização financeira? 65

Tudo o que eu queria era gravar meu programa preferido numa sexta-feira
à noite. Quase fiquei maluco tentando ler o manual. Nada no meu mundo é
tão complexo quanto programar a gravação do vídeo. Eu li as palavras,
mas não entendi nada. Eu tiro"10" no reconhecimento das palavras, mas
tiro"0" na compreensão. E o mesmo acontece com a maioria das pessoas
quando se trata de demonstrações financeiras.
"Se você quer ficar rico, você tem que ler e entender os
números." Ouvi meu pai rico repetir isso mil vezes. E também aprendi:"Os
ricos adquirem ativos e os pobres e a classe média adquirem obrigações."
Aqui está a maneira de distinguir ativos de passivos. A maioria
dos contadores e profissionais das finanças não concorda com as
definições, mas estes desenhos simples foram o início de uma base
financeira sólida para dois garotos.
Para ensinar a pré-adolescentes, pai rico simplificou tudo,
durante anos, usando tantos diagramas quanto possível, o menor número de
palavras possível e nenhum número.

"Este é o padrão do fluxo de caixa de um ativo."

RENDA <--- ATIVOS
DESPESA PASSIVOS

A caixa de cima é uma Demonstração de Renda, muitas vezes
chamada de Demonstração de Lucros e Perdas. Mede renda e despesas.
Dinheiro que entra e dinheiro que sai. O diagrama inferior é um Balanço.
É chamado de Balanço porque representa o equilíbrio entre ativos e
passivos. Muitos novatos nas finanças não conhecem a relação entre a
Demonstração de Renda e o Balanço. O entendimento desta relação é vital.
A principal causa da dificuldade financeira está simplesmente no
desconhecimento da diferença entre um ativo e um passivo. E a confusão
decorre da definição das duas palavras. Se você quer uma lição de
confusão busque no dicionário as palavras"ativo e passivo".
Isto pode fazer sentido para contadores formados, mas para as
pessoas comuns parece que está escrito em mandarim. * Você lê as
palavras da definição, mas o entendimento verdadeiro é difícil.
Como disse anteriormente, meu pai rico dizia para dois garotos
que "ativos põem dinheiro no seu bolso". Simpático, simples e útil.


"Este é o padrão do fluxo de caixa de um passivo."

RENDA ATIVOS
<--- DESPESA <--- PASSIVOS

Agora que ativos e passivos foram definidos em diagramas, pode
ficar mais fácil o entendimento das palavras.
Um ativo é algo que põe dinheiro no meu bolso.
Um passivo é algo que tira dinheiro do meu bolso.

---
* Conjunto de dialetos do norte da China que, desde 1949, constitui a
base do idioma chinês padrão. (N. T.)

66 Pai Rico, Pai Pobre
Para que alfabetização financeira? 67

Isso é o que você realmente precisa saber. Se quer ser rico,
simplesmente passe sua vida comprando ativos. Se quer ser pobre ou
pertencer à classe média, passe a vida comprando passivos. É o
desconhecimento dessa diferença que provoca a maior parte das
dificuldades financeiras na vida real.
Analfabetismo, tanto de palavras quanto de números, é a base das
dificuldades financeiras. Se as pessoas têm problemas com as finanças,
existem dados que elas não podem ler, sejam palavras, sejam números.
Alguma coisa não está sendo compreendida. Os ricos são ricos porque
possuem nível de alfabetização superior ao das pessoas com dificuldades
financeiras. Se você quer ficar rico e conservar sua fortuna, é
importante ser alfabetizado do ponto de vista financeiro, tanto em
palavras quanto em números.
As setas nos diagramas representam o movimento do dinheiro
ou"fluxo de caixa". Números dizem pouco. Palavras também dizem pouco. É
a história que conta. Nas demonstrações financeiras, a leitura dos
números é a busca pelo enredo, pela história. A história de para onde o
dinheiro está indo. Em 80% das famílias, a história financeira é um
percurso de trabalho árduo na tentativa de progredir. Não porque não
ganhem dinheiro. Mas porque passam suas vidas comprando passivos no
lugar de ativos.
Por exemplo, este é o padrão do fluxo de caixa de uma pessoa
pobre, ou de um jovem que ainda mora com os pais:


Emprego ---> Renda: contracheque --->
---> Despesa: impostos, alimentação, aluguel, vestimentas,
diversão, transporte --->

Este é o fluxo de caixa de uma pessoa de classe média:

Emprego ---> Renda ---> Despesa ---> Passivo --->
Despesa --->

Emprego: ---> Renda: contracheque --->
---> Despesa: Impostos, Hipoteca, imobiliária,
Alimentação, Roupa, Diversão

Passivos: Hipoteca, imobiliária, Empréstimos ao consumidor,
Cartões de Crédito

68 Pai Rico, Pai Pobre
Para que alfabetização financeira? 69

Este é o fluxo de caixa de uma pessoa rica:


Renda <--- Ativos

Renda: Dividendos, Juros, imobiliária, Royalties

Ativos: Ações, Títulos, Promissórias, Imóveis, Propriedade intelectual


Todos esses diagramas estão obviamente bastante simplificados.
Todos têm despesas de subsistência, necessidade de alimentação, moradia
e vestimentas.
Os diagramas mostram o fluxo de caixa na vida de pessoas pobres,
da classe média e ricas. É esse fluxo de caixa que conta a história. É a
história de como a pessoa lida com o dinheiro e o que faz depois que tem
o dinheiro em mãos.
Comecei apresentando a história dos homens mais ricos dos
Estados Unidos porque quis ilustrar a falha no pensamento de tantas
pessoas. A falha é considerar que o dinheiro resolverá todos os
problemas. É por isso que me arrepio quando ouço as pessoas perguntando
como ficar ricas rapidamente. Ou por onde começar. Muitas vezes
ouço"Estou endividado, por isso preciso ganhar mais dinheiro".
Porém, mais dinheiro nem sempre resolve o problema; de fato,
pode até aumentá-lo. O dinheiro muitas vezes põe a nu nossas trágicas
falhas humanas, é como um holofote sobre o que não sabemos. É por isso
que, com muita freqüência, uma pessoa que tem um ganho súbito de
dinheiro - uma herança, um aumento salarial ou um prêmio na loteria -
volta rapidamente ao mesmo ponto, ou até pior, ao caos financeiro em que
se encontrava antes de receber esse dinheiro. O dinheiro só acentua o
padrão de fluxo de caixa que está na sua mente. Se seu padrão for gastar
tudo o que ganha, o mais provável é que um aumento de dinheiro
disponível apenas resulte em um aumento de despesa. Como se diz
popularmente:"Um louco e seu dinheiro fazem uma grande festa."
Repeti inúmeras vezes que vamos a escola para adquirir
habilidades acadêmicas e profissionais, ambas muito importantes. Na
década de 1970, quando eu freqüentava o segundo grau, se alguém fosse
bem-sucedido academicamente, quase imediatamente imaginava-se que esse
estudante brilhante se tornaria um médico. Muitas vezes nem se
perguntava se o jovem desejava ser médico. Era uma pressuposição. Era
uma profissão que prometia a maior recompensa financeira.
Hoje, os médicos enfrentam dificuldades financeiras que não
desejaria a meus piores inimigos: seguradoras controlando os negócios,
cuidados de saúde administrados, intervenção governamental e processos
por erro médico, Para mencionar algumas. E a garotada quer ser estrela
do basquete, jogador
golfe como Tiger Woods, gênio da computação, estrela do cinema,
roqueiro, rainha de beleza ou corretor de Wall Street. Isso ocorre,
simplesmente, Porque é aí que estão a fama, o dinheiro e o prestígio.
Eis o motivo por que é
difícil motivar a garotada na escola. Eles sabem que o sucesso
profissional já não depende apenas do sucesso acadêmico como em outros
tempos.
Como os estudantes deixam a escola sem habilidades financeiras,
milhões de pessoas instruídas obtêm sucesso em suas profissões mas
depois se deparam com dificuldades financeiras. Trabalham muito, mas não
progridem. O que falta em sua educação não é saber como ganhar dinheiro,
mas como gastá-lo - o que fazer com ele depois de tê-lo ganhado. É o que
se chama aptidão

70 Pai Rico, Pai Pobre
Para que alfabetização financeira? 71

financeira - o que você faz com o dinheiro depois que o ganhou, como
evitar que as pessoas lhe tirem o dinheiro, quanto tempo você o conserva
e o quanto esse dinheiro trabalha para você. A maioria das pessoas não
descobre o motivo de suas dificuldades financeiras porque não entende os
fluxos de caixa. Uma pessoa pode ser muito instruída, bem-sucedida
profissionalmente e ser analfabeta do ponto de vista financeiro. Essas
pessoas muitas vezes trabalham mais do que seria necessário porque
aprenderam a trabalhar arduamente mas não como fazer o dinheiro
trabalhar para elas.


A história de como a conquista de um sonho financeiro se transforma em
um pesadelo financeiro

A visão cinematográfica de pessoas trabalhadoras tem um padrão
definido. Recém-casados, jovens altamente instruídos, felizes, mudam-se
para um de seus pequenos apartamentos alugados. Imediatamente percebem
que estão poupando dinheiro, porque dois podem viver com a mesma despesa
de um.
O problema é que o apartamento é apertado. Decidem então poupar
para comprar a casa de seus sonhos e ter filhos. Eles têm duas rendas e
se concentram em suas carreiras. Suas rendas começam a aumentar. E a
aumentar... E suas despesas também.

A despesa n0 1, para a maioria, são os impostos. Muitas pessoas
pensam que se trata do imposto de renda, mas para grande parte dos
americanos o que pesa mais é a Seguridade Social. Para o empregado
parece que a contribuição para a Seguridade Social combinada com a do
Medicare é de cerca de 7,50%, mas na verdade é de 15%, porque o
empregador deve dar uma contrapartida do mesmo montante. Essencialmente,
esse é um dinheiro que o empregador não pode pagar a você. Além disso,
você ainda paga imposto de renda sobre a quantia deduzida de seus
salários para a Seguridade Social,* renda essa que você nunca recebeu
porque foi transferida na fonte para a Seguridade Social.
E seu passivo também aumenta.

---

* No caso brasileiro, as contribuições para a Previdência Social são
deduzidas do salário antes do cálculo do imposto de renda. (N. t.)

72 Pai Rico, Pai Pobre
Para que alfabetização financeira? 73

Isso é visto mais claramente se voltarmos ao caso do jovem
casal. Em conseqüência do aumento de suas rendas, eles resolvem comprar
a casa de seus sonhos. Uma vez adquirida, eles pagam um novo imposto, o
chamado imposto de propriedade. Então, eles compram um carro novo, novos
móveis e novos eletrodomésticos para montar o novo lar. E de repente
acordam e a coluna do passivo está atulhada de dívidas hipotecárias e do
cartão de crédito.
Agora eles estão aprisionados na Corrida dos Ratos. Chega o
primeiro filho. Eles trabalham ainda mais. Mais dinheiro e mais
impostos, a chamada escalada da alíquota. Um cartão de crédito chega
pelo correio. Eles o usam. Mais despesa. Uma financeira telefona e diz
que seu maior"ativo", sua casa, teve seu valor aumentado. A empresa
oferece um empréstimo de "consolidação", porque sua ficha é tão boa, e
lhes diz que o mais inteligente a fazer é zerar os altos juros ao
consumidor liquidando seu débito junto ao cartão de crédito. E, além de
tudo, os juros pagos sobre a hipoteca imobiliária podem ser deduzidos do
imposto de renda. Eles aceitam e zeram os débitos de seus cartões de
crédito onerados pelos elevados juros ao consumidor. Eles suspiram
aliviados. A dívida com o cartão de crédito está encerrada. Agora suas
dívidas de consumo estão somadas à hipoteca imobiliária de sua casa
própria. As prestações mensais são reduzidas porque ampliaram o
financiamento para trinta anos. É atitude muito inteligente.
O vizinho os convida para irem às compras - afinal está
começando a liquidação do Memorial Day.* - uma chance de poupar algum
dinheiro. Eles se dizem:"Não vamos comprar nada. Só vamos olhar." Mas,
para a eventualidade de achar uma boa oferta, põem aquele novo cartão de
crédito na carteira.
Encontro este jovem casal a toda hora. Seus nomes mudam, mas seu
dilema financeiro é o mesmo. Eles vêm a minhas palestras para ouvir o
que eu tenho a dizer. Perguntam-me:"O senhor pode nos dizer como ganhar
mais dinheiro?" Seus hábitos de compra os levam a buscar mais renda.
Eles nem sabem que o problema está na forma que escolheram para
gastar o dinheiro que têm. São provocados por seu analfabetismo
financeiro e por não entenderem a diferença entre um ativo e um passivo.
Raramente os problemas de dinheiro das pessoas são resolvidos
com mais dinheiro. A inteligência resolve os problemas. Um amigo meu
costuma repetir uma frase para as pessoas endividadas.
"Se você descobre que se enterrou num buraco... pare de cavar."
Quando criança, meu pai dizia freqüentemente que os japoneses
conheciam três poderes:"O poder da espada, o poder da jóia e o poder do
espelho."
A espada simboliza o poder das armas. Os Estados Unidos têm
gastado trilhões de dólares em armamento e, por isso, são a presença
militar suprema do mundo.
A jóia representa o poder do dinheiro. Há uma certa verdade no
dito: "Lembre-se da regra de ouro. Quem tem o ouro faz as regras."
O espelho significa o poder do autoconhecimento. Esse
autoconhecimento, de acordo com a lenda japonesa, era o mais apreciado
dos três.
Os pobres e a classe média muitas vezes permitem que o poder do
dinheiro os controle. Ao simplesmente acordar e trabalhar mais
arduamente, deixando de perguntar-se a si mesmos se o que fazem tem
sentido, eles dão um tiro no próprio pé na hora em que saem de casa
todos os dias. Por não entendêlo plenamente, a vasta maioria das pessoas
permite que o formidável poder do dinheiro exerça o controle sobre elas.
Contudo, o poder do dinheiro é usado contra elas.
Se usassem o poder do espelho, teriam se perguntado:"Isto tem
sentido?" Com muita freqüência, em vez de confiar em sua sabedoria
íntima, a maioria das pessoas acompanha a multidão. Fazem apenas o que
todo mundo faz. Conformam-se em vez de questionar. Muitas vezes, repetem
sem pensar o que

---
* Importante feriado americano em que se homenageia os mortos nas
guerras. É comemorado na última segunda-feira de maio. (N.T.)

74 Pai Rico, Pai Pobre
Para que alfabetização financeira? 75

lhes foi dito. Idéias como"diversifique" ou"sua casa é um ativo"."Sua
casa é o maior investimento.""Você terá uma redução nos impostos
endividando-se mais.""Consiga um emprego seguro.""Não assuma riscos."
Diz-se que, para muitas pessoas, o medo de falar em público é
maior do que o medo da morte. De acordo com psiquiatras, o medo de falar
em público é provocado pelo medo do ostracismo, o medo de aparecer, o
medo das críticas, o medo do ridículo, o medo de se tornar um pária, O
medo de ser diferente - impede que muitas pessoas busquem novas formas
de resolver seus problemas.
É por isso que meu pai instruído dizia que os japoneses davam o
maior valor ao poder do espelho, porque somente quando nós, como seres
humanos, nos olhamos no espelho, encontramos a verdade. E a principal
razão pela qual as pessoas dizem"Procure segurança" é o medo. Isso vale
para tudo, esporte, relacionamento, carreira ou dinheiro.
É esse mesmo medo, o medo do ostracismo, que leva as pessoas a
se conformarem e a não questionarem opiniões aceitas ou tendências
generalizadas. "Sua casa é um ativo.""Faça um empréstimo consolidando
suas dívidas e li-vre-se delas.""Trabalhe com mais afinco.""É uma
promoção.""Algum dia chego a vice-presidente.""Poupe.""Quando tiver um
aumento, vou comprar uma casa maior.""Fundos mútuos são
seguros.""Bonecas Tickle Me Elmo estão em falta, mas ainda tenho uma
reservada para um cliente que não apateceu.
Muitos dos grandes problemas financeiros são causados pelo
desejo de se acompanhar a maioria e não querer ficar atrás do vizinho.
Ocasionalmente, todos nós precisamos nos olhar no espelho e seguir nossa
sabedoria interior e não nossos medos.
Quando Mike e eu estávamos com uns dezesseis anos, começamos a
ter problemas na escola. Não éramos maus garotos. Apenas começamos a nos
distanciar da maioria. Trabalhávamos para o pai do Mike depois das aulas
e nos fins de semana. Muitas vezes, Mike e eu passávamos horas depois do
trabalho sentados junto do seu pai enquanto este se reunia com diretores
de banco, advogados, contadores, corretores, investidores, gerentes e
empregados. Ele era um homem que deixara a escola aos treze anos, e
agora dirigia, instruía, comandava e questionava pessoas com alto nível
de escolaridade. Elas acorriam a seu chamado e se preocupavam quando ele
não as aprovava.
Esse era um homem que não tinha acompanhado a multidão, um homem
que pensava por si próprio e detestava as palavras "Temos que fazer
assim, porque todos fazem assim". Ele também odiava ouvir"Não é
possível". Se você quisesse levá-lo a fazer alguma coisa bastava
dizer"Acho que o senhor não consegue isso".
Mike e eu aprendemos mais assistindo a essas reuniões do que em
anos de escola, incluindo a faculdade. O pai de Mike não tinha uma
instrução formal, mas tinha conhecimentos financeiros e, em
conseqüência, era bem-sucedido. Ele costumava repetir para nós:"Uma
pessoa inteligente contrata pessoas mais inteligentes do que ela mesma."
Portanto, Mike e eu tínhamos o privilégio de passar horas ouvindo e, no
processo, aprendendo com pessoas inteligentes.
Mas, por causa disso, Mike e eu não podíamos acomodar-nos ao
dogma padrão que nossos professores pregavam. E isso criava problemas.
Sempre que um professor falava"Se vocês não tirarem boas notas, vocês
não se saitão bem no mundo real", Mike e eu franzíamos as sobrancelhas.
Quando nos diziam para seguir as normas e não nos desviarmos das regras,
víamos por que esse processo de ensino desestimulava de fato a
criatividade. Começamos a entender por que pai rico nos dizia que as
escolas se destinavam a formar bons empregados em lugar de bons
empregadores.
De vez em quando, Mike e eu perguntávamos a nossos professores
como se aplicava na prática o que estávamos estudando, ou por que não
estudávamos o dinheiro e como ele funcionava. Esta última pergunta era
muitas vezes respondida com a afirmação de que o dinheiro não era
importante, que se nós tivéssemos uma educação excelente, o dinheiro
viria atrás.
Quanto mais sabíamos sobre o poder do dinheiro, mais nos
distanciávamos de nossos mestres e colegas.
Meu pai instruído nunca me pressionava em relação às notas.
Muitas vezes me perguntei por quê. Ele, porém, começou a discutir sobre
dinheiro. Com dezesseis anos, já tinha provavelmente uma base de
conhecimentos sobre dinheiro melhor do que minha mãe e meu pai. Eu sabia
escriturar livros contábeis, ouvia especialistas em tributação,
advogados especializados em questões empresariais, gerentes de banco,
corretores imobiliários e investidores. Meu pai falava com professores.
Certo dia meu pai falou que nossa casa era seu maior
investimento. Uma discussão um tanto desagradável teve início quando eu
lhe mostrei por que não achava que uma casa fosse um bom investimento.
O diagrama a seguir ilustra a diferença na percepção de meu pai
rico e de meu pai pobre no que se referia a casas. Um pensava que sua
casa era um ati-

76 Pai Rico, Pai Pobre
Para que alfabetização financeira? 77

Pai rico Casa: passivo
Pai pobre Casa: ativo

Lembro que tracei o diagrama a seguir para mostrar a meu pai a
direção dos fluxos de caixa. Também lhe mostrei as despesas que
acompanhavam a posse de uma casa. Uma casa maior representa despesas
maiores e o fluxo de caixa sai pela coluna das despesas.

Despesa - hipoteca imobiliária, impostos sobre a propriedade mobiliária,
seguro, manutenção, serviços de utilidade pública ---> Passivos
- hipoteca imobiliária ---> despesa --->

Atualmente, ainda ouço contestações à idéia de que uma casa não
é um ativo. E sei que, para a maioria das pessoas, ela é não só seu
maior investimento como também seu sonho. E sermos donos de nossa
moradia é melhor do que nada. Eu ofereço simplesmente uma maneira
alternativa de encarar esse dogma popular. Se minha mulher e eu fôssemos
comprar uma casa maior, mais vistosa, nós a encararíamos não como um
ativo mas como um passivo, já que iria tirar dinheiro de nossos bolsos.
Aqui vai o argumento que desenvolvo. Na verdade, não espero que
a maioria das pessoas concorde com ele, uma vez que um lar agradável é
um fator emocional. E, no que se refere a dinheiro, grandes emoções
tendem a reduzir a inteligência financeira.

1. Em relação a casas, destaco que em geral as pessoas passam a
vida pagando por uma moradia que nunca será delas. Em outras palavras,
compra-se uma casa nova a cada tantos anos, incorrendo, cada vez, em um
novo empréstimo de trinta anos sobre a casa anterior.
2. Apesar de poderem deduzir os juros da hipoteca para fins de
imposto de renda, as pessoas pagam todas as demais despesas com o
dinheiro que sobra depois de pago o imposto, mesmo depois que liquidam a
hipoteca.
3. Impostos sobre a propriedade. Os pais de minha mulher ficaram
chocados quando os impostos sobre a propriedade relativos a sua
residência aumentaram para US$1.000 mensais. Isso ocorreu após sua
aposentadoria, de modo que o aumento pressionou seu orçamento e eles se
viram obrigados a mudar de casa.
4. O valor dos imóveis nem sempre aumenta. Em 1997, enquanto
escrevo este livro, eu tenho amigos que devem US$1 milhão por imóveis
que só conseguiriam vender por US$700 mil.
5. As maiores perdas são as das oportunidades que não foram
aproveitadas. Se todo o seu dinheiro está comprometido com o imóvel onde
mora, você pode ser obrigado a trabalhar mais porque todo o seu dinheiro
continua saindo na coluna das despesas (o padrão clássico do fluxo de
caixa da classe média) em lugar de aumentar a coluna dos ativos. Se um
jovem casal destinasse uma soma maior à aquisição de ativos, mais tarde
teria maiores facilidades, especialmente estaria preparado para pagar os
estudos superiores de seus filhos. Seus ativos teriam aumentado e
estariam disponíveis para cobrir despesas. Com excessiva freqüência, um
imóvel residencial só serve como meio de incorrer em empréstimos
hipotecários para pagar despesas crescentes.

78 Pai Rico, Pai Pobre
Para que alfabetização financeira? 79

Em suma, o resultado final de optar por possuir um imóvel
residencial caro demais, em lugar de começar a formar um portfólio de
ativos mais cedo, prejudica o indivíduo de três formas:

1. Perda de tempo, porque outros ativos poderiam ter registrado
aumento em seu valor.
2. Perda de capital adicional, que poderia ter sido investido em
vez de se ter pagado as altas despesas de manutenção relacionadas
diretamente ao imóvel residencial.
3. Perdas na instrução. Com muita freqüência, os casais
consideram seu imóvel residencial, as poupanças e o plano de
aposentadoria como o total de sua coluna de ativos. Como não têm
dinheiro para investir, eles simplesmente não investem. Isso lhes custa
a experiência do investimento. Quase nunca conseguem tornar-se o que o
mundo dos investimentos denomina um"investidor sofisticado". E os
melhores investimentos sao em geral oferecidos aos"investidores
sofisticados" que, por sua vez,
vendem-nos às pessoas que buscam a segurança.

A demonstração financeira de meu pai instruído é a melhor
demonstração da vida de alguém que está na Corrida dos Ratos. Suas
despesas sempre acompanharam sua renda, de modo que nunca investiu em
ativos. Em conseqüência, seus passivos, como a hipoteca imobiliária e as
dívidas do cartão de crédito, eram maiores que seus ativos. A figura a
seguir fala mais do que mil palavras.


Demonstração financeira de pai pobre:
Renda = Despesa
Ativo < Passivo


A demonstração financeira pessoal de pai rico, por outro lado,
reflete os resultados de uma vida dedicada ao investimento e a
minimização do passivo.

Demonstração financeira de pai rico:
Renda > Despesa
Ativo > Passivo


Uma revisão da demonstração financeira de meu pai rico mostra
por que os ricos ficam mais ricos. A coluna dos ativos gera renda mais
do que suficiente para cobrir as despesas, com o saldo reinvestido na
coluna dos ativos. A coluna dos ativos continua crescendo e, portanto, a
renda gerada continua crescendo com eles.
O resultado é: os ricos ficam mais ricos!

Por que os ricos ficam mais ricos

+ Renda
- Despesa
+ Ativos
- Passivos
Renda ---> Despesa ---> Ativos ---> Renda ---> Despesa ---> Ativos --->

80 Pai Rico, Pai Pobre
Para que alfabetização financeira? 81

A classe média se encontra em um estado de constantes
dificuldades financeiras. Sua renda principal é gerada por salários e
quando seus salários aumentam, os impostos também aumentam. Suas
despesas tendem a crescer no mesmo montante de seus salários, daí a
expressão"Corrida dos Ratos". Eles consideram seu imóvel residencial
como seu principal ativo, em lugar de investir em ativos geradores de
renda.


Por que a classe média tem dificuldades financeiras:
+ Renda = + Despesa
Ativos < + Passivos

O padrão de se considerar o imóvel residencial como investimento
e a filosofia de que um aumento de salário significa que você pode
comprar uma casa maior ou gastar mais é a base do atual endividamento da
sociedade. Este processo de despesa crescente faz com que as famílias se
endividem mais e tenham mais incerteza financeira, mesmo quando
progridem no emprego e recebem aumentos salariais regulares. Esta é uma
vida muito arriscada decorrente da precária instrução financeira.
A maciça perda de empregos de década de 1990 o downsizing das
empresas trouxe à luz a instabilidade financeira da classe média. De
repente, os planos de pensão das empresas estavam sendo substituídos por
planos 401k.* A Seguridade Social está obviamente com problemas e não
pode ser

---

* Planos de contribuição definida em que a aposentadoria resulta do
montante acumulado ao longo dos anos e que são o oposto dos antigos
planos de aposentadoria em que o benefício era definido. (N. T)

considerada uma alternativa de aposentadoria. O pânico se instalou na
classe média. O bom, nestes dias, é que muitas dessas pessoas
reconheceram esses problemas e começaram a aplicar em fundos mútuos.
Este aumento nos investimentos é responsável em boa medida pela
acentuada alta do mercado de ações. Hoje, mais e mais fundos mútuos
estão sendo criados em resposta à demanda da classe média.
Os fundos mútuos são populares porque representam segurança. Os
aplicadores médios dos fundos de pensão estão demasiadamente ocupados
trabalhando para pagar impostos e hipotecas imobiliárias, e têm
dificuldade em poupar de modo a poder pôr seus filhos na faculdade e
liquidar as dívidas do cartão de crédito. Não têm tempo de aprender a
investir, de modo que confiam na experiência do administrador do fundo
mútuo. Como o fundo mútuo também inclui muitos tipos diferentes de
investimento, tem-se uma sensação de segurança porque o fundo
é"diversificado".
Este grupo da classe média instruída aceita o dogma
da"diversificação" defendido por corretores de fundos mútuos e
consultores financeiros. Procure a segurança. Evite o risco.
A verdadeira tragédia, contudo, é a falta de instrução
financeira precoce, responsável pelo risco enfrentado pela pessoa comum
da classe média. A razão é que precisam procurar a segurança porque uma
situação financeira é, na melhor das hipóteses, precária. Seus balanços
não fecham. Estão atulhados de passivos, sem verdadeiros ativos para
gerar renda. Em geral, sua única fonte de renda é o contracheque. Seu
modo de vida depende totalmente do empregador.
Sendo assim, quando os verdadeiros"negócios de sua vida"
aparecem, essas mesmas pessoas não podem aproveitar a oportunidade. Elas
devem procurar a segurança, porque estão trabalhando muito, pagando
impostos máximos e assoberbadas de dívidas.
Como disse no início da seção, a regra mais importante é
conhecer a diferença entre um ativo e um passivo. Uma vez que você
consiga entender a diferença, concentre seus esforços na compra
exclusiva de ativos geradores de renda. Essa é a melhor maneira de dar o
primeiro passo para se tornar rico. Continue fazendo isso e sua coluna
dos ativos crescerá. Concentre-se em reduzir passivos e despesas. Isso
aumentará o dinheiro disponível para contiQUar aumentando a coluna dos
ativos. Logo, a base de ativos será tão profunda que você poderá
permitir-se olhar para investimentos mais especulativos. Investimentos
que podem ter retornos que variam de 100% ao infinito. Investimentos em
que US$5 mil podem se transformar rapidamente em US$1 milhão ou mais.
Investimentos que a classe média considera"demasiado ar-

82 Pai Rico, Pai Pobre Para que alfabetização financeira? 83

riscados". O investimento não é arriscado. É a falta de simples
inteligência financeira, a começar pela alfabetização financeira, que
leva o indivíduo a ser "muito arriscado".
Se você fizer o que as massas fazem, você estará na seguinte
situação.


Renda: Trabalha para o patrão
Despesa: Trabalha para o governo
Ativos:
Passivos: Trabalha para o banco


Como empregado possuidor da casa própria, seus esforços no
trabalho em geral resultam no seguinte:

1. Você trabalha para alguém. Os esforços e o sucesso da maioria das
pessoas assalariadas ajudarão a garantir o sucesso, o enriquecimento e a
aposentadoria do dono da empresa e de seus acionistas.

2. Você trabalha para o governo. O governo fica com uma parte de seu
contracheque, antes mesmo que você veja o dinheiro. Ao trabalhar mais,
você simplesmente aumenta o montante de impostos que o governo arrecada
- a maioria das pessoas trabalha de janeiro a maio apenas para o
governo.

3. Você trabalha para o banco. Depois dos impostos, sua maior despesa é,
em geral, a hipoteca imobiliária e a conta do cartão de crédito.

O problema decorrente de simplesmente trabalhar mais é que cada uma
dessas três parcelas leva consigo uma parte maior de seu esforço. Você
precisa aprender a fazer com que seus maiores esforços beneficiem
diretamente você e sua família.
Uma vez que você decidiu cuidar de seus próprios problemas, como
determinar seus objetivos? É necessário, em geral, dedicar-se à sua
profissão e usar os salarios recebidos para financiar a aquisição de
ativos.
À medida que os ativos crescem, como medir a extensão de seu
sucesso: quando alguém percebe que está rico, que tem fortuna? Da mesma
maneira que tenho minhas definições de ativos e passivos, também tenho
minha própria definição para riqueza. Na verdade, eu a tomei emprestada
de alguém chamado Buckminster Fuller. Alguns o consideram um charlatão e
outros um genio vivo. Anos atrás ele criou um auê entre os arquitetos ao
solicitar a patente para algo chamado um"domo geodésico". Mas, ao fazer
isso, ele também falou algo sobre a riqueza. Parecia à primeira vista
muito confuso, mas depois de relê-lo algumas vezes começou a fazer
sentido: a riqueza é a capacidade de uma pessoa sobreviver tantos dias a
mais.., ou, se eu parar de trabalhar hoje, por quanto tempo poderei
sobreviver?
Ao contrário do património líquido a diferença entre ativos e
passivos, que freqüentemente está repleta com o lixo caro e as opiniões
de pessoas sobre o valor das coisas - esta definição cria a
possibilidade de desenvolver uma mensuração verdadeiramente acurada.
Poderia assim medir e saber realmente em que pé estou em termos de meu
objetivo de tornar-me financeiramente independente.
Embora o patrimônio líquido freqüentemente inclua ativos que não
geram dinheiro, como objetos comprados e agora abandonados num canto da
garagem, a riqueza mede quanto dinheiro seu dinheiro está gerando e,
portanto, sua sobrevivência financeira.
A riqueza é a medida do fluxo de caixa gerado pela coluna dos
ativos em comparação com a coluna das despesas.
Vejamos um exemplo. Digamos que o fluxo de caixa da minha coluna
de ativos gere US$1 mil por mês, e que eu tenha despesas mensais de US$2
mil. Qual é a minha riqueza?
Voltemos à definição de Buckminster Fuller. Usando essa
definiçao, quantos dias para a frente posso sobreviver? Consideremos um
mês de trinta dias. Por essa definição, eu tenho um fluxo de caixa
suficiente para meio mês.
Quando eu tiver alcançado um fluxo de caixa gerado por meus
ativos de US$2 mil, então eu serei abastado.
Ainda não estou rico, mas sou abastado. Agora eu tenho uma renda
gerada por ativos, a cada mês, que cobre totalmente minhas despesas
mensais. Se desejo aumentar essas despesas, preciso primeiro aumentar o
fluxo de cai-

84 Pai Rico, Pai Pobre

xa gerado por meus ativos para manter esse nível de vida. Observe que
nesse ponto eu não dependo mais de meu salário. Eu me concentro com
sucesso em construir uma coluna de ativos que me tornou financeiramente
independente. Se eu largar meu emprego hoje, eu poderei cobrir minhas
despesas mensais com o fluxo de caixa gerado por meus ativos.
Meu próximo objetivo poderia ser empregar o excedente de meu
fluxo de caixa no reinvestimento, em mais ativos. Quanto mais dinheiro
for destinado para a coluna dos ativos, mais esta crescerá. Quanto mais
meus ativos crescerem, mais aumentará meu fluxo de caixa. E enquanto eu
mantiver minhas despesas menores do que o fluxo de caixa gerado por
esses ativos, eu me tornarei mais rico, com mais e mais fontes de renda
além de meu trabalho físico.
Enquanto este processo de reinvestimento continuar, estarei no
caminho do enriquecimento. A verdadeira definição de riqueza depende de
quem a define, você nunca poderá ser rico demais.
Lembre desta observação simples:
Os ricos compram ativos.
Os pobres só têm despesas.
A classe média compra passivos pensando que são ativos.
E como eu cuido dos meus negócios? Qual é a resposta? Ouça o
fundador do McDonald's.

CAPÍTULO QUATRO

Lição 3:

Cuide de seus negócios

Em 1974, Ray Kroc, fundador do McDonald's, foi convidado a fazer uma
palestra para turma de MBA da Universidade do Texas, em Austin. Um
querido amigo meu, Keith Cunningham, era aluno dessa turma. Depois de
uma exposição forte e inspiradora, os estudantes perguntaram a Ray se
gostaria de juntar-se a eles num bar que freqüentavam para tomar uma
cerveja. Ray aceitou gentilmente.
- Qual é o meu negócio? perguntou Ray, quando todo mundo já
estava com o seu copo de cerveja.
- Todos riram - conta Keith. - A maioria da turma pensou que Ray
estivesse brincando.
Ninguém respondeu e Ray repetiu a pergunta. - Em que negócio
vocês pensam que eu atuo?
Os estudantes soltaram uma gargalhada e finalmente uma alma
corajosa gritou:
- Ray, não há ninguém no mundo que não saiba que você está no
ramo dos hambúrgueres.
Ray deu uma risada.
- Achei que vocês fossem responder isso mesmo - fez uma pausa e
disse rapidamente: - Senhoras e senhores, eu não atuo no ramo de
hambúrgueres. Meu negócio são imóveis.
Keith conta que Ray passou um bom tempo explicando seu ponto de
vista. Em seu plano de negócios, Ray sabia que o principal foco era a
venda de franquias de hambúrguer, mas nunca perdeu de vista a
localização de cada franquia. Ele sabia que os imóveis e sua localização
eram o mais importante

86 Pai Rico, Pai Pobre
Cuide de seus negócios

fator de sucesso de cada franquia. Basicamente, a pessoa que comprava a
franquia estava também pagando, comprando, o terreno em que se situava a
franquia da organização de Ray Kroc.
O McDonald's é hoje o maior proprietário individual de terrenos
no mundo, superando até a Igreja Católica. Atualmente, o McDonald's é
proprietário de alguns dos cruzamentos e esquinas mais valiosos não só
dos Estados Unidos como também de outras partes do mundo.
Keith diz que essa foi uma das mais importantes lições que
recebeu em sua vida. Atualmente, Keith é proprietário de lava-carros,
mas seu negócio são os terrenos que estão por baixo desses lava-carros.
O capítulo anterior terminou com diagramas ilustrando que a
maioria das pessoas trabalha para todo mundo menos para elas próprias.
Elas trabalham, em primeiro lugar, para os donos das empresas, depois
para o governo ao pagar impostos e finalmente para o banco onde fizeram
a hipoteca.
Quando garoto, não havia nenhum McDonald's por perto. Contudo,
meu pai rico ensinou a mim e a Mike a mesma lição que Ray Kroc deu na
Universidade do Texas. É a lição 3 dos ricos.
O segredo é:"Cuide de seu negócio." As dificuldades financeiras
são muitas vezes o resultado direto de se trabalhar toda a vida para
outras pessoas. Muita gente chegará sem nada ao fim de sua vida de
trabalho.
Novamente, uma imagem vale mil palavras. Aqui está o diagrama da
demonstração de renda e do balanço que descrevem o conselho de Ray Kroc.


Sua profissão - Renda: trabalha para o patrão <--- ativos: Seu negócio


Nosso atual sistema de ensino se concentra em preparar a
juventude para os empregos por meio do desenvolvimento de habilidades
acadêmicas. Suas vidas girarão em torno de seus salários ou, como
mostrado anteriormente, na coluna da renda. Depois de desenvolvidas as
habilidades acadêmicas, os estudantes vão para níveis mais elevados de
ensino a fim de desenvolver suas habilidades profissionais. Eles estudam
para tornar-se engenheiros, cientistas, cozinheiros, policiais,
artistas, escritores etc. Suas habilidades profissionais lhes permitirão
ingressar na força de trabalho e trabalhar por dinheiro.
Há uma grande diferença entre sua profissão e seu negócio.
Muitas vezes pergunto às pessoas: "Qual é o seu negócio?" E elas
respondem: "Sou banqueiro.* Então lhes pergunto se eles são donos do
banco. Em geral respondem: "Não, eu trabalho para o banco."
Nesse caso, está-se confundindo profissão com negócio. Sua
profissão pode ser a de banqueiro, mas elas ainda não são donas do
negócio. Ray Kroc sabia claramente a diferença entre sua profissão e seu
negócio. Em uma época ele vendia misturadores de milkshake, e pouco
depois vendia franquias de hambúrguer. Mas enquanto sua profissão era
vender franquia de hambúrguer, seu negócio era acumular imóveis
geradores de renda.
Um dos problemas com a escola é que freqüentemente você se
transforma naquilo que você estuda. Se você estuda, digamos, culinária,
você se torna um chef. Se você estuda direito, você se torna um
advogado, e se você estuda mecânica de automóveis, você se torna um
mecânico. O erro de tornar-se aquilo para o que você estuda é que muitas
pessoas se esquecem de cuidar de seu negócio. Elas passam a vida
cuidando dos negócios de outras pessoas e enriquecendo essa pessoa.
Para ter segurança financeira, a pessoa precisa cuidar de seu
negócio. Seu negócio gira em torno de sua coluna de ativos, em oposição
a sua coluna de renda. Como dito anteriormente, a regra n0 1 é conhecer
a diferença entre um ativo e um passivo e comprar ativos. Os ricos se
concentram em sua coluna de ativos enquanto os demais se preocupam com
sua demonstração de renda.
É por isso que ouvimos com tanta freqüência: "Preciso de um
aumento." "Se pelo menos conseguisse uma promoção." "Vou voltar a
estudar para poder procurar um emprego melhor." "Vou fazer hora extra."
"Quem sabe consigo mais um emprego." "Vou me demitir em duas semanas,
encontrei um emprego com salário melhor."
Em alguns círculos, estas são idéias sensatas. Contudo, se
prestar atenção em Ray Kroc, verá que ainda não está cuidando de seu
negócio. Essas idéias

---

* No inglês, usa-se a mesma palavra, banker, para denominar o banqueiro
e o gerente do banco. (N.T.)

88 Pai Rico, Pai Pobre
Cuide de seus negócios 89

todas ainda focam a coluna da renda e só ajudarão a pessoa a ter mais
segurança financeira - se o dinheiro adicional for utilizado na
aquisição de ativos geradores de renda.
A principal razão pela qual pobres e classe média são
conservadores, do ponto de vista financeiro - o que quer dizer"não posso
me arriscar" -, é que eles não têm um embasamento financeiro. Apenas
agarram-se a seus empregos. Fazem o que é seguro.
Quando o corte de pessoal se tornou a coisa in a ser feita,
milhões de trabalhadores descobriram que seu chamado maior ativo, sua
residência, os estava comendo vivos. Seu ativo, chamado de casa, ainda
lhes custava dinheiro a cada mês. Seu carro, outro"ativo, os devorava.
Os tacos de golfe guardados na garagem e que tinham custado US$ 1 mil já
não valiam isso. Sem segurança no emprego, não tinham nada a que
recorrer. O que eles pensavam que eram ativos não os podia ajudar a
sobreviver em uma época de crise financeira.
Imagino que todos nós já tenhamos preenchido uma ficha de
cadastro para solicitar um financiamento bancário para comprar um imóvel
ou um automóvel. É bem interessante olhar para o item"patrimônio
líquido". É interessante porque é isso que os bancos e as práticas
contábeis aceitam como ativo de uma pessoa.
Certo dia, minha posição financeira não parecia muito boa para
obter um crédito," de modo que incluí meus tacos de golfe, minha coleção
de arte, livros, aparelho de som, televisão, ternos Armani, relógios de
pulso, sapatos e outros objetos pessoais a fim de aumentar o montante da
coluna dos ativos. O empréstimo, entretanto, foi recusado porque eu
tinha muito dinheiro investido em imóveis. Os responsáveis pela
concessão de empréstimos não gostaram do fato de eu obter uma parte tão
grande de minha renda com apartamentos alugados. Eles queriam saber por
que eu não tinha um emprego normal, com um salário. Eles não
questionaram os ternos Armani, os tacos de golfe ou a coleção de arte. A
vida, às vezes, é dura para quem não se encaixa no perfil "padrão".
Tenho arrepios sempre que ouço alguém falar para mim que seu
patrimônio líquido é de US$1 milhão ou de US$100 mil, ou qualquer outro
valor. Um dos motivos por que o patrimônio líquido não é um indicador
acurado é simplesmente porque no momento em que você começa a vender
seus ativos, seus ganhos são tributados.
Muitas pessoas se envolvem em dificuldades financeiras quando
sua renda é reduzida. Elas tomam empréstimos, elas vendem seus ativos.
Primeiro, seus ativos em geral só podem ser vendidos por uma fração do
valor declarado em seu balanço pessoal. Ou se houver um ganho na venda
desses ativos,esse ganho será tributado. De modo que repito, o governo
pega uma parte dos ganhos, reduzindo assim o montante disponível para
auxiliá-las a sair da dívida. Por isso, costumo dizer que o patrimônio
líquido de alguém freqüentemente"vale menos" do que ele pensa.
Comece a cuidar de seus negócios. Fique no seu emprego, mas
comece a comprar ativos reais, não passivos ou objetos pessoais que não
têm valor real, uma vez que você os leva para dentro de casa. Um carro
novo perde cerca de 25% do preço que você paga no momento em que sai da
concessionária. Não é um ativo verdadeiro, mesmo que seu banco permita
que você o liste entre seus ativos. Meu novo taco de titânio que custou
US$400, passou a valer US$150 no momento em que pisei no campo de golfe.
Para adultos, a lição é manter reduzidas as despesas, reduzir os
passivos e formar diligentemente uma sólida base de ativos. Para os
jovens, que ainda não saíram de casa, é importante que seus pais lhes
ensinem a diferença entre ativos e passivos. Faça com que seus filhos
comecem a construir uma firme base de ativos antes que saiam de casa,
casem, comprem casa, tenham filhos e se encontrem em uma situação
financeira difícil, agarrando-se a um emprego e comprando tudo a
crédito. Vejo muitos jovens casarem e se verem aprisionados em um estilo
de vida que não lhes permite sair do atoleiro das dívidas durante a
maior parte dos anos de trabalho.
Freqüentemente, quando o último filho sai de casa, os pais
constatam que não se prepararam adequadamente para a aposentadoria e
começam a tentar pôr de lado algum dinheiro. Então, seus próprios pais
adoecem e eles se deparam com novas dificuldades.
Qual o tipo de ativo que sugiro a você ou a seus filhos
adquirirem? No meu mundo, ativos reais se agrupam em várias categorias
diferentes:

1. Negócios que não exigem minha presença. Sou o dono deles, mas
eles são administrados por outras pessoas. Se eu tiver que trabalhar
neles, não é um negócio. Torna-se uma profissão.

2. Ações.

3. Títulos.

4. Fundos mútuos.

5. Imóveis que geram renda.

6. Promissórias.

7. Royalties de propriedade intelectual como música, escritos, patentes.

8. Tudo o que tenha valor, gere renda ou se valorize e tenha um mercado.

90 Pai Rico, Pai Pobre

Quando garoto, meu pai instruído me incentivava a procurar um
emprego seguro. Meu pai rico, por outro lado, me incentivava a começar a
adquirir ativos que me agradassem."Se você não gostar deles, você não
cuidará deles." Comecei a adquirir imóveis simplesmente porque adoro
prédios e terrenos. Gosto de comprá-los. Poderia buscá-los o dia todo.
Quando surgem problemas, não são tão graves que mudem meu apreço pelos
imóveis. Pessoas que detestam imóveis não deveriam comprá-los.
Adoro ações de pequenas empresas, especialmente aquelas que
estão iniciando suas atividades. A razão e que eu sou um empreendedor,
não um homem da grande empresa. Quando jovem, trabalhei em grandes
organizaçoes como a Standard Ou da Califórnia, a Marinha dos Estados
Unidos e a Xerox Corp. Apreciei o tempo que lá passei e tenho boas
lembranças, mas eu sabia lá no fundo que não era um homem de
organização. Gosto de iniciar empresas, não de dirigi-las. Então compro,
em geral, ações de pequenas empresas e, às vezes, até inicio a empresa e
depois a levo ao mercado. Podem se fazer fortunas com a emissão de novas
ações e eu gosto desse jogo. Muitas pessoas têm medo de pequenas
empresas e as consideram arriscadas, e de fato o são. Mas o risco sempre
é diminuído se você gostar daquilo em que está investindo, entendê-lo e
conhecer o jogo. Com pequenas empresas, minha estratégia é de
inVestimento, é desfazer-me das ações no prazo de um ano. Por outro
lado, minha estratégia para os imóveis é começar com pouco, depois
troca-los por imóveis maiores e, portanto, adiar o pagamento dos
impostos sobre os ganhos. Isto permite que seu valor aumente
acentuadamente. Costumo ficar com os imóveis menos do que sete anos.
Durante anos, mesmo quando estava na Marinha ou na Xerox, fiz o
que aconselhava meu pai rico. Fiquei no meu emprego, mas ainda assim
cuidava dos meus negócios. Estava atento à minha coluna de ativos.
Negociava com imóveis e ações. Pai rico sempre destacava a importância
da alfabetização financeira. Quanto melhor eu entendesse a contabilidade
e a gestão do dinheiro, melhor eu poderia analisar investimentos e, por
fim, construir minha própria empresa.
Eu não incentivaria ninguém a iniciar uma nova empresa a menos
que realmente o desejasse. Conhecendo o que conheço quanto à direção de
uma empresa, não recomendaria a tarefa a ninguém. Em certos casos,
quando a pessoa não consegue um emprego, iniciar uma empresa pode ser
uma solUção. As chances entretanto são adversas: nove entre dez empresas
quebram em cinco anos. Das que sobrevivem aos primeiros cinco anos, nove
entre cada dez também quebram. Se você realmente tem o desejo de ter sua

Cuide de seus negócios 91

empresa, vá em frente. Se não for esse o caso, fique no seu emprego e
cuide de seus negócios.
Quando digo"cuide de seus negócios", refiro-me à formação e à
manutenção de uma sólida coluna de ativos. Se um dólar entrar nela,
nunca o deixe sair de lá. Pense deste modo, uma vez que um dólar entra
na coluna dos ativos, ele se transforma em seu empregado. O melhor do
dinheiro é que ele trabalha 24 horas por dia e pode fazê-lo durante
gerações. Fique no seu emprego, seja um ótimo empregado, mas construa
essa coluna de ativos. À medida que seu fluxo de caixa cresce, você pode
comprar alguns artigos de luxo. Uma distinção importante é que os ricos
compram os artigos de luxo por último, enquanto pobres e classe média
tendem a fazê-lo antes. Nos Estados Unidos, os pobres e a classe média
freqüentemente compram itens de luxo como casas grandes, diamantes,
peles, jóias ou barcos porque desejam parecer ricos. Parecem ricos, mas
na verdade estão afundando em dívidas. As pessoas que já têm dinheiro,
os ricos a longo prazo, constroem primeiro sua coluna de ativos. Então,
com a renda gerada por sua coluna de ativos, compram os artigos de luxo.
Os pobres e a classe média compram artigos de luxo com seu próprio suor,
sangue e com a herança de seus filhos.
Um luxo verdadeiro é uma recompensa por ter investido e
desenvolvido uma coluna de ativos. Por exemplo, quando minha mulher e eu
auferimos uma renda maior com nossos apartamentos, ela comprou sua
Mercedes. Ela não fez nenhum trabalho extra, ou arriscou sua parte,
porque os imóveis compraram o carro. Contudo, ela teve que esperar
durante quatro anos enquanto o portfóliô de imóveis crescia e finalmente
começou a gerar suficiente renda extra para pagar o carro. Mas o luxo, a
Mercedes, foi uma verdadeira recompensa: ela provou que sabia como
aumentar sua coluna de ativos. Esse carro significa muito mais para ela
do que apenas outro carro bonito. Significa que utilizou sua
inteligência financeira para adquiri-lo.
O que muita gente faz é comprar compulsivamente um carro ou
outro bem de luxo a crédito. Podem estar se sentindo entediadas e
desejam apenas um brinquedo novo. Comprar um luxo a crédito leva alguém,
mais cedo ou mais tarde, a se ressentir desse luxo, porque o
endividamento se torna em ônus financeiro. Depois que você dedicou seu
tempo e investiu em seus negócios, está pronto para acrescentar o toque
mágico - o maior segredo dos ricos. O segredo põe os ricos muito à
frente da multidão. A recompensa no fim da estrada por ter dedicado
diligentemente seu tempo para cuidar de seus negócios.


CAPÍTULO CiNco

Lição 4:

A história dos impostos e o poder da sociedade anônima


Lembro-me de ter ouvido na escola a história de Robin Hood. Meu
professor pensava que fosse uma maravilhosa história de um herói
romântico, tipo Kevin Costner, que roubava dos ricos para dar aos
pobres. Meu pai rico não via Robin Hood como um herói. Ele o chamava de
bandido.
Robin Hood pode ter desaparecido há muito tempo, mas seus
seguidores perduraram. Quantas vezes ouço as pessoas dizerem:"Por que os
ricos não pagam por isso?" ou"Os ricos deveriam pagar mais impostos para
atender à pobreza."
Essa idéia de Robin Hood, ou de tirar dos ricos para dar aos
pobres, é que provoca os maiores sofrimentos para os pobres e para a
classe média. Razão pela qual a classe média paga impostos tão pesados
está no ideal de Robin Hood. Na verdade, os ricos não são tributados. É
a classe média que paga pelos pobres, especialmente, a classe média alta
instruída.
Novamente, para entender bem como tudo acontece, precisamos
adotar uma perspectiva histórica. Precisamos conhecer a história dos
impostos. Meu pai muito instruído era especialista em história da
educação, já meu pai rico se tornou um especialista na história dos
impostos.
Pai rico explicou a Mike e a mim que originalmente na Inglaterra
e nos Estados Unidos não havia impostos. De vez em quando eram lançados
imPostos eventuais para financiar guerras. O rei ou o presidente
anunciava o acontecido e convocava todos para"rachar" a despesa.
Impostos foram lançados na Grã-Bretanha para financiar as lutas contra
Napoleão de 1799 a 1816 e nos Estados Unidos para financiar a Guerra
Civil entre 1861 e 1865.

94 Pai Rico, Pai Pobre
A história dos impostos e o poder da sociedade anônima 95

Em 1874, a Inglaterra instituiu um imposto de renda permanente
para seus cidadãos. Em 1913, o imposto de renda se tornou permanente nos
Estados Unidos com a adoção da 16 emenda à Constituição. Durante certo
tempo, os americanos eram contrários aos impostos. Foi o excessivo
imposto sobre o chá que levou ao famoso Tea Party no porto de Boston, um
incidente que ajudou a desencadear a Guerra Revolucionária. Foram
necessários cerca de cinqüenta anos, tanto na Inglaterra quanto nos
Estados Unidos, para se consolidar a idéia de um imposto de renda
rotineiro.
O que esses dados históricos não revelam é que, em ambos os
casos, os impostos foram inicialmente lançados sobre os ricos. Era isso
o que pai rico queria que Mike e eu entendêssemos. Ele explicou que a
idéia de impostos se tornou popular e foi aceita pela maioria,
divulgando-se aos pobres e à classe média que os impostos estavam sendo
criados para punir os ricos. Foi assim que as massas votaram a favor da
lei e ela se tornou constitucionalmente legal. Embora fosse imaginada
para punir os ricos, na realidade acabou punindo aquelas pessoas que
votaram a seu favor, isto é, os pobres e a classe média.
"Quando o governo sentiu o gosto do dinheiro, seu apetite
aumentou", disse pai rico."Seu pai e eu somos exatamente os opostos. Ele
é um burocrata do governo, eu sou um capitalista. Quanto mais ele gasta
e quanto mais gente ele contrata, maior será sua organização. No
governo, quanto maior sua organização, mais ele será respeitado. Por
outro lado, dentro de minha organização, quanto menos gente eu contratar
e quanto menos eu gastar, mais respeito obterei de meus investidores. É
por isso que não gosto de gente do governo. Eles têm objetivos
diferentes daqueles da maioria dos homens de negócios. À medida que o
governo cresce, mais e mais dólares, saídos dos impostos, serão
necessários para sustentá-lo."
Meu pai instruído acreditava sinceramente que o governo deveria
ajudar as pessoas. Gostava de John F. Kennedy e, especialmente, da idéia
do Corpo da Paz. Gostava tanto dessa idéia que ele e mamãe trabalharam
para o Corpo da Paz treinando voluntários para a Malásia, Tailândia e
Filipinas. Ele sempre lutava por doações adicionais e aumentos no
orçamento de modo que pudesse contratar mais gente, tanto no seu cargo
no Departamento de Educação quanto no Corpo da Paz. Essa era sua função.
Desde meus dez anos de idade, ouvia meu pai rico dizer que os
funcionários do governo eram um bando de ladrões preguiçosos, e meu pai
pobre falava que os ricos eram bandidos gananciosos que deveriam ser
obrigados a pagar mais impostos. Ambos os lados tinham argumentos
válidos. Era difícil trabalhar para um dos maiores capitalistas da
cidade e chegar à casa onde o pai era um destacado líder do governo. Não
era fácil saber em quem acreditar.
Contudo, quando você estuda a história dos impostos, aparece uma
perspectiva interessante. Como já disse, a aprovação dos impostos só foi
possível porque as massas acreditavam na teoria Robin Hood da economia,
que era tirar dos ricos para distribuir aos demais. O problema é que o
apetite do governo por dinheiro era tão grande que logo os impostos
precisaram ser lançados sobre a classe média e daí"ir descendo".
Os ricos, por outro lado, viram nisso uma oportunidade. Eles não
jogam pelas mesmas regras. Como já disse, os ricos já sabiam sobre as
sociedades anônimas que se tornaram populares na época das navegações.
Os ricos criaram a sociedade anônima como veículo para limitar o risco
dos ativos a cada viagem. Os ricos colocavam seu dinheiro em uma
sociedade anônima para financiar a viagem. A sociedade anônima, então,
contratava uma tripulação para ir ao Novo Mundo em busca de tesouros. Se
a embarcação se perdesse, a tripulação perdia a vida, mas a perda para
os ricos se limitava apenas ao dinheiro investido em cada viagem. O
diagrama que se segue mostra como a estrutura da sociedade anônima fica
fora de sua demonstração pessoal de renda e de seu balanço.

Ativos ---> Renda: Sociedade Anônima Pessoal ---> Despesa:
Sociedade anônima Pessoal ---> Renda: Redução da Renda Tributável

Despesa: taxas, outras despesas ---> Despesa: sociedade anônima
pessoal ---> Renda: redução da renda tributável


É o reconhecimento do poder da estrutura legal da sociedade anônima e dá
aos ricos uma grande vantagem sobre os pobres e a classe média. Tendo
dois pais a me ensinar, um socialista e o outro capitalista, rapidamente

96 Pai Rico, Pai Pobre
A história dos impostos e o poder da sociedade anônima 97

percebi que a filosofia dos capitalistas tinha mais sentido financeiro
para mim. Tinha a impressão de que os socialistas, em última análise,
puniam a si próprios, em decorrência de sua falta de instrução
financeira. Não importa o que inventasse a turma do "Tire dos ricos" ,
os ricos sempre encontravam umaforma de passá-la para trás. E desta
forma os impostos acabaram onerando a classe média. Os ricos passaram
para trás os intelectuais, somente porque aqueles entendiam o poder do
dinheiro, um tema não abordado pela escola.
Como os ricos passaram para trás os intelectuais? Quando o
imposto "Tire dos ricos" foi implementado, o dinheiro começou a fluir
para os cofres do governo. Inicialmente as pessoas ficaram felizes. O
dinheiro foi repassado para os funcionários do governo e para os ricos.
Foi para os funcionários na forma de empregos e aposentadorias. Foi para
os ricos quando as empresas receberam contratos do governo. O governo se
tornou uma grande fonte de dinheiro, mas o problema era a administração
fiscal desses recursos. Na verdade, não havia recirculação. Em outras
palavras, a política do governo, se você fosse um burocrata estatal, era
evitar ter excesso de dinheiro. Se não conseguisse gastar a verba
recebida, você se arriscava a perdê-la no próximo orçamento. Certamente,
não haveria reconhecimento para você se fosse eficiente. Os homens de
negócios, por outro lado, são recompensados pelo dinheiro que sobra e
são reconhecidos por sua eficiência.
À medida que este ciclo de despesas públicas crescentes
continuava, a demanda por dinheiro aumentava e a idéia de "Tire dos
ricos" se ajustava agora para incluir níveis de renda mais baixos,
chegando aos que tinham votado em favor dos impostos, os pobres e a
classe média.
Os verdadeiros capitalistas aplicavam seus conhecimentos
financeiros para simplesmente encontrar uma maneira de escapar. Eles se
voltaram para a proteção de uma sociedade anônima. Uma sociedade anônima
protege os ricos. Mas o que muita gente desconhece é que uma sociedade
anônima não é algo concreto, no sentido literal do termo. Uma sociedade
anônima é simplesmente uma pasta de arquivo com alguns documentos
legais, que descansa no escritório de um advogado e está registrada em
um órgão público. Não é um edifício com o nome de uma empresa. Não é uma
fábrica ou um grupo de pessoas. Uma sociedade anônima é simplesmente um
documento legal que cria um corpo jurídico sem alma. A fortuna dos ricos
estava novamente protegida. Mais uma vez as sociedades anônimas se
tornaram populares - depois que as leis do imposto de renda permanente
foram aprovadas - porque a alíquota do imposto de renda sobre as
sociedades anônimas era menor do que as vigentes sobre as pessoas
físicas. Além disso, como foi mostrado anteriormente, certas despesas
poderiam ser descontadas da renda tributável da sociedade anônima.
Esta guerra entre os que têm e os que não têm se mantém há
centenas de anos. E a turma do "Tire dos ricos" contra os ricos. A
batalha é travada sempre que são discutidas leis, e continuará sempre. O
problema é que as pessoas que perdem não têm informação. Se elas
entendessem a maneira como os ricos jogam, também poderiam jogar. Então
estariam a caminho de sua independência financeira. É por isso que me
arrepio toda vez que ouço um pai aconselhar seu filho a estudar para
poder conseguir um bom emprego seguro. Um empregado com um emprego bom e
seguro não tem escapatoria.
O americano comum de hoje trabalha de cinco a seis meses para o
governo, antes de ter conseguido o suficiente para pagar seus impostos.
Em minha opinião, isso é tempo demais. Quanto mais arduamente você
trabalha, tanto mais você paga ao governo. É por isso que acredito que a
idéia de "Tire dos ricos" acaba sendo um tiro pela culatra para aqueles
que a votaram.
Toda vez que as pessoas tentam punir os ricos, estes não apenas
não obedecem, como reagem. Eles têm o dinheiro, o poder e a intenção de
mudar as coisas. Não ficam sentados e pagam voluntariamente mais
impostos, ao contrário buscam maneiras de minimizar sua carga
tributária. Contratam advogados e contadores competentes e convencem os
políticos a mudar as leis ou a criar artifícios legais. Eles têm os
recursos para fazer mudanças.
O Código Tributário dos Estados Unidos também oferece outras
formas de elidir os impostos. Muitos desses instrumentos estão à
disposição de qualquer um, mas são em geral os ricos que tiram proveito
deles porque cuidam de seus negócios. Por exemplo, "1031" é um jargão
para a seção 1031 do ódigo da Receita Federal, que permite a um vendedor
adiar o pagamento dos impostos sobre o ganho de capital resultante da
venda de um imóvel se este for trocado por um imóvel mais caro. Se você
continuar aumentando seu patrimônio mediante a troca de imóveis, seus
ganhos não serão tributados, enquanto você não liquidar a transação. As
pessoas que não se beneficiam com a poupança de impostos, permitida
legalmente, estão perdendo uma grande oportunidade de aumentar sua
coluna de ativos.
Os pobres e a classe média não têm os mesmos recursos. Eles
ficam sentados e deixam que o governo espete em seus braços as agulhas
para a doação de sangue. Atualmente fico chocado com o número de pessoas
que pagam impostos ou aplicam menos deduções simplesmente porque têm
medo do governo. E sei como um agente tributário do governo pode ser
apavorante e intimidante. Tenho amigos cujos negócios foram fechados e
destruídos, só depois descobrirem que se tratava de um erro do governo.
Eu perce-

98 Pai Rico, Pai Pobre
A história dos impostos e o poder da sociedade anônima 99

bi isso. Mas o preço de trabalhar de janeiro a meados de maio é um preço
muito alto para essa intimidação. Meu pai pobre nunca se rebelou. Nem
meu pai rico. Este foi apenas mais esperto, e usou as sociedades
anônimas o maior segredo dos ricos.
Você lembrará a primeira lição que aprendi com meu pai rico. Eu
era um garoto de nove anos que teve que sentar e esperar até que ele
resolvesse falar comigo. Freqüentemente sentei em seu escritório
esperando que ele"me atendesse". Ele me ignorava propositalmente. Queria
que eu reconhecesse seu poder e desejasse ter um dia esse mesmo poder.
Durante todos os anos que estudei e trabalhei com ele, sempre me lembrou
que conhecimento é poder. E com o dinheiro vem mais poder, o que exige o
conhecimento certo para mantê-lo e fazê-lo se multiplicar. Sem esse
conhecimento, o mundo arrasta você. Pai rico sempre recordava, a mim e a
Mike, que o maior tirano não era o patrão ou o supervisor, mas o homem
dos impostos. Se você deixar, o homem dos impostos sempre tirará mais de
você.
A primeira lição relativa a fazer o dinheiro trabalhar para mim,
em vez de trabalhar pelo dinheiro, tem na verdade tudo a ver com poder.
Se você trabalha pelo dinheiro, está cedendo o poder a seu empregador.
Se seu dinheiro trabalha para você, você mantém e controla o poder.
No momento em que adquirimos esse conhecimento do poder do
dinheiro trabalhando para nós, pai rico quis que nos tornássemos
financeiramente espertos e não deixássemos os tiranos nos intimidarem.
Você precisa conhecer as leis, a forma como funciona o sistema. Se for
ignorante, é fácil ser intimidado. Se você sabe do que está falando, tem
uma chance de vencer. É por isso que ele pagava tanto a advogados e
contadores especialistas em tributação. Era menos dispendioso pagar-lhes
do que pagar ao governo. A melhor lição que me deu, e que apliquei a
maior parte de minha vida, é:"Seja esperto e você não será oprimido."
Ele conhecia a lei porque era um cidadão respeitador das leis."Se você
sabe que está certo, você não terá receio de se defender." Mesmo se você
estiver indo contra Robin Hood e seu bando.
Meu pai instruído sempre me incentivou a conseguir um bom
emprego em uma grande empresa. Ele falava das vantagens de"subir na
hierarquia empresarial". Ele não entendia que dependendo apenas do
contracheque de um patrão eu seria úma vaca dócil pronta a ser
ordenhada.
Quando contei a meu pai rico o conselho de pai pobre, ele deu
uma risadinha."Por que não ser dono da hierarquia?" foi tudo o que
disse.
Eu era garoto e não entendia o que meu pai rico queria dizer com
tornar-me dono de minha empresa. Era uma idéia que parecia impossível e
assuStadora. Embora a idéia me empolgasse, minha juventude não me
permitia vislumbrar a possibilidade de que adultos trabalhassem, algum
dia, para uma empresa da qual eu era o dono.
O importante é que se não fosse por meu pai rico, eu teria
provavelmente seguido o conselho de meu pai instruído. Foi apenas a
lembrança ocasional de meu pai rico que manteve viva a idéia de eu vir a
ter minha própria empresa e me fez seguir um caminho diferente. Quando
eu já estava com quinze ou dezesseis anos, sabia que não podia continuar
a trajetória que meu pai instruído recomendava. Não tinha idéia de como
fazer, mas estava disposto a não seguir na direção em que a maioria de
meus colegas se encaminhava. Essa decisão mudou minha vida.
Não foi antes de eu chegar aos vinte e poucos anos que o
conselho de meu pai rico começou a fazer sentido. Tinha saído da Marinha
e estava trabalhando na Xerox. Ganhava muito bem, mas cada vez que
olhava para o contra-cheque me sentia desapontado. As deduções eram tão
grandes e, quanto mais eu trabalhava, maiores elas eram. Na medida em
que eu era bem-sucedido, meus chefes falavam de promoções e aumentos.
Era lisonjeador, mas podia ouvir pai rico sussurrando em meu
ouvido:"Para quem você está trabalhando? Quem você está enriquecendo?"
Em 1974, ainda estava na Xerox, criei minha primeira sociedade
anônima e comecei a"cuidar de meu negócio". Já havia alguns ativos em
minha coluna de ativos, mas agora estava determinado a focar um mercado
maior. Esses contracheques cheios de deduções justificavam todos os
conselhos que rico me dera ao longo dos anos. Via o futuro que me
aguardava se seguiso conselho de meu pai instruído. Muitos empregadores
temem aconselhar seus empregados a cuidar de seus próprios negócios.
Estou certo de que isso pode valer para certas pessoas. Mas em meu caso,
a atenção dada aos meus negócios, ao aumento de ativos, tornou-me um
empregado melhor. Agora eu tinha um objetivo. Chegava cedo e trabalhava
diligentemente, juntando todo o dinheiro possível para poder começar a
adquirir imóveis, O Havaí estava começando a crescer, e havia fortunas a
serem feitas. Quanto mais eu percebia os estágios iniciais da expansão,
mais máquinas Xerox eu vendia. Quantas mais vendia, mais dinheiro
ganhava e, naturalmente, mais deduções apareciam em meu contracheque.
Era inspirador. Estava tão ansioso para fugir da armadilha que
eu trabalhava mais, e não menos. Por volta de 1978, costumava ocupar um
dos primeiros cinco lugares entre os vendedores, às vezes o primeiro.
Estava louco para sair da Corrida dos Ratos. Em menos de três anos eu
estava faturando mais em minha pequena empresa, uma companhia
imobiliária, do que na Xerox. E o dinheiro que ga-

100 Pai Rico, Pai Pobre
A história dos impostos e o poder da sociedade anônima 101

nhava na minha coluna de ativos, minha companhia imobiliária, era
dinheiro que trabalhava para mim. Não era eu batendo em portas para
vender copiadoras. O conselho de meu pai rico fazia mais sentido. Logo o
fluxo de caixa de minhas propriedades permitiu que minha empresa
comprasse meu primeiro Porsche. Meus colegas vendedores da Xerox
pensavam que eu estava gastando minhas comissões. Não estava. Estava
gastando minhas comissões em ativos.
Meu dinheiro estava trabalhando arduamente para ganhar mais
dinheiro. Cada dólar de minha coluna de ativos era um grande empregado
dando duro para fazer mais empregados e comprando para o chefe um novo
Porsche a ser deduzido da renda tributável. Comecei a trabalhar mais
para a Xerox. O plano estava funcionando e meu Porsche era a prova. Ao
aplicar as lições de meu pai rico, eu, tão jovem, podia sair da
proverbial Corrida dos Ratos" de ser empregado. E isso foi possível
dados os sólidos conhecimentos financeiros adquiridos com estas lições.
Sem esses conhecimentos, que chamo de QI financeiro, meu caminho para a
independência financeira teria sido muito mais difícil. Agora divido com
outros, por meio de semináriOS, tudo que aprendi. Sempre que faço minhas
palestras, lembro aos ouvintes que o QI financeiro se compõe de quatro
grandes áreas.
Contabilidade: É o que chamo de alfabetização financeira. Uma
habilidade vital se você quer construir um império. Quanto mais dinheiro
estiver sob sua responsabilidade, mais acuidade é exigida ou a casa
desmorona. E o lado esquerdo do cérebro, ou os detalhes. A alfabetização
financeira é a capacidade de ler e entender demonstrações financeiras.
Isso lhe permite identificar os pontos fortes e fracos de qualquer
negócio.
Investimento: O que eu chamo de ciência do dinheiro que faz
dinheiro. Isso envolve estratégias e fórmulas. E o lado direito do
cérebro, ou o lado criativo.
Entendimento dos mercados: A ciência da oferta e da demanda. Há
necessidade de conhecer os aspectos"técnicos" do mercado, o que está
relacionado à emoção. O boneco Tickle Me Elmo, no Natal de 1996, é um
caso de mercado técnico ou conduzido pelas emoções. O outro fator de
mercado é O dos"fundamentos" ou do sentido econômico de um investimento.
Um investimento faz sentido ou não de acordo com as condições correntes
do mercado.
Muitas pessoas pensam que os conceitos de investimento e a
compreensão do mercado são muito complexos para as crianças. Elas não
consegueni ver que as crianças conhecem esses assuntos intuitivamente.
Para aqueles que não estão familiarizados com o boneco Elmo, esse era o
personagem de Vila Sésamo que estava povoando o sonho das crianças antes
do Natal. A maioria queria um e o colocava em primeiro lugar em sua
lista de presentes. Muitos pais se perguntavam se a empresa estava
retendo intencionalmente o produto fora do mercado, enquanto o
continuava anunciando nas vésperas do Natal. Desencadeou-se um pânico em
função da grande demanda e da oferta escassa. Sem encontrar bonecos à
venda nas lojas, especuladores viram uma oportunidade de fazer pequenas
fortunas à custa de pais desesperados. Os infelizes pais que não acharam
o boneco foram forçados a comprar outros brinquedos. A incrível
popularidade do boneco Elmo não fazia sentido para mim, mas serve como
um excelente exemplo econômico de oferta e demanda. O mesmo pode ser
dito dos mercados de ações, títulos, imóveis e cartões de beisebol.
Lei: Por exemplo, utilizando uma sociedade anônima com os
artifícios técnicos contábeis, o investimento e os mercados podem
permitir um crescimento explosivo. Uma pessoa com conhecimento das
vantagens tributárias e a proteção oferecida por uma sociedade anônima
pode enriquecer muito mais rapidamente do que alguém que é simples
empregado ou proprietário único de uma empresa. É como a diferença entre
andar e voar. A diferença é muito profunda quando se trata de riqueza a
longo prazo.
1. Vantagens tributárias: Uma sociedade anônima pode fazer
muitas coisas que a pessoa física não pode, como pagar despesas antes de
pagar impostos. Isto é uma especialização muito empolgante, mas não
necessária, a menos que você tenha grandes ativos ou uma empresa.
Os empregados ganham e o imposto é descontado na fonte, assim
eles têm que tentar sobreviver com o que sobra. Uma sociedade anônima
fatura, gasta tudo o que pode e paga imposto sobre o que sobra. É uma
das principais brechas tributárias de que se valem os ricos. E fácil
constituí-las e não são dispendiosas se seus próprios investimentos
geram um bom fluxo de caixa. Por exemplo, se você é dono de sua
sociedade anônima, suas férias podem ser reuniões do Conselho no Havaí.
Prestações de carro, seguros, consertos são despesas da sociedade. A
mensalidade da academia de ginástica é uma despesa da sociedade. A
maioria das refeições em restaurante pode ser considerada como despesa.
E assim por diante mas faça-o legalmente antes de pagar o imposto.
2. Proteção contra processos judiciais: Vivemos em uma sociedade
litigiosa. Todos querem uma parte de seu dinheiro. Os ricos escondem boa
parte de sua fortuna por meio de sociedades anônimas e fundos
fiduciários para proteger seus ativos dos credores. Quando alguém
processa uma pessoa rica, depara-se freqüentemente com camadas de
proteção legal e descobre, finalmente, que a pessoa rica não possui, de
fato, nada. Os ricos controlam tudo, mas não possuem nada. Os pobres e a
classe média tentam ser donos de tudo

102 Pai Rico, Pai Pobre

e o perdem para o governo ou para outros cidadãos que gostam de
processar os ricos. Eles aprenderam com a história de Robin Hood. Tire
dos ricos, dê aos pobres.
Não é o objetivo deste livro entrar nos detalhes da propriedade
de uma sociedade anônima. Mas se você possui qualquer tipo de ativo
legítimo, eu sugeriria que você pensasse, o mais rápido possível, em
saber mais a respeito dos benefícios e da proteção oferecidos por uma
sociedade anônima. Há muitos livros sobre o assunto que lhe mostrarão
até os passos necessários para formar uma sociedade anônima. Um livro em
especial, mc. and Grow Rich, oferece conhecimentos importantes sobre o
assunto.
O QI financeiro é na verdade a sinergia de várias habilidades e
talentos. Mas eu diria que é uma combinação das quatro habilidades
técnicas mencionadas anteriormente o que constitui a inteligência
financeira básica. Se você aspira a uma grande fortuna, é a combinação
dessas habilidades que amplificará a sua inteligência financeira. EM
RESUMO

Os ricos com
sociedades anônimas
1. Ganham
2. Gastam
3. Pagam impostos
As pessoas que
trabalham para empresas
1. Ganham
2. Pagam impostos
3. Gastam
Como parte de sua estratégia financeira geral, recomendamos
firmemente que você agrupe seus ativos sob o manto de uma sociedade
anônima.

CAPÍTULO SEIS


Lição 5:

Os ricos inventam
dinheiro

Ontem de noite interrompi a redação e fui assistir a um programa
de televisão sobre a história de um jovem chamado Alexander Graham Bell.
Bell acabara de patentear o telefone e estava tendo dificuldades
crescentes em função da grande demanda por seu novo invento. Precisando
ampliar suas atividades, ele procurou o gigante da época, a Western
Union, para perguntar se havia interesse na compra de sua patente e de
sua pequena empresa. Ele desejava US$100 mil por todo o pacote. O
presidente da Western Union zombou dele e recusou a oferta afirmando que
o preço era ridículo. O resto é história. Surgiu uma indústria
multibilionária e nascia a AT&T.
Quando terminou a história de Alexander Graham Bell, veio o
noticiário noturno. Entre as notícias estava o downsizing de outra
empresa local. Os trabalhadores estavam furiosos e reclamavam que os
donos da empresa estavam sendo injustos. Um gerente demitido, de cerca
de 45 anos de idade, estava na fábrica com sua mulher e duas crianças,
pedindo aos guardas que o deixassem entrar para falar com os
proprietários a fim de solicitar que reconsiderassem sua demissão. Ele
acabara de comprar uma casa e estava com medo de perdê-la. A câmera
focalizava suas queixas para que todo mundo pudesse ver. Não preciso
dizer que isso prendeu minha atenção.
Ensino profissionalmente desde 1984. Tem sido uma experiência
muito gratificante. E também uma atividade perturbadora, pois tenho
ensinado para milhares de pessoas e vejo algo em comum em todos nós,
incluindo eu próprio. Todos temos um potencial tremendo e fomos
abençoados com dons. Contudo a única coisa que nos detém é alguma
insegurança. Não é tanto a

104 Pai Rico, Pai Pobre
Os ricos inventam dinheiro 105

falta de informação mas sim a falta de autoconfiança. Alguns são mais
afetados do que outros.
Quando saímos da escola, a maioria de nós sabe que o que conta
não é tanto o título que obtivemos ou as notas que tiramos. No mundo
real, fora da academia, é necessário algo mais do que simplesmente
notas. Já ouvi falar
de"garra","ousadia","audácia,"coragem,"cara-de-pau,"esperteza",
"tenacidade","brilho". Este fator, qualquer que seja o nome que se lhe
atribui, é mais decisivo, em última instância, para nosso futuro do que
as notas obtidas ao longo dos estudos.
Dentro de cada um de nós há alguma dessas características.
Existe também o reverso das mesmas: pessoas que, se necessário, se
ajoelhariam suplicantes. Depois de passar um ano no Vietnã, como piloto
da Marinha, passei a conhecer intimamente esses dois aspectos dentro de
mim. Nenhum deles é melhor do que o outro.
Contudo, como professor, reconheço que são o medo excessivo e a
falta de autoconfiança os grandes empecilhos à manifestação do gênio
pessoal. Partia-me o coração ver estudantes que sabiam as respostas e
que, no entanto, não tinham a coragem de agir em conseqüência. Muitas
vezes, no mundo real, não são os talentosos que vão em frente, mas os
ousados.

Em minha experiência pessoal, o gênio financeiro exige tanto
conhecimento técnico quanto ousadia. Se o medo for muito forte, o gênio
se extingue. Nas aulas, incentivo os estudantes a aprenderem a assumir
riscos, a serem ousados, a deixarem seu gênio converter seu medo em
poder e brilhantismo. Funciona para alguns e apavora outros. Acabei
percebendo que a maioria das pessoas, quando se trata de dinheiro,
prefere a segurança. Tive que responder a perguntas como: Por que
arriscar? Por que me dar ao trabalho de desenvolver meu QI financeiro?
Por que me alfabetizar financeiramente?
E a resposta é:"Para ter mais opções."
Há grandes mudanças à nossa frente. Comecei com a história do
jovem inventor Alexander Graham Bell, nos próximos anos haverá mais
pessoas como ele. Haverá centenas de pessoas como Bill Gates e empresas
extremamente bem-sucedidas como a Microsoft sendo criadas a cada ano, em
todo o mundo. E também haverá muito mais falências, demissões e
downsizing.
Então, por que se preocupar em desenvolver o QI financeiro?
Ninguém pode responder isso a não ser você. Contudo, posso dizer por que
eu o faço. Faço porque esta é a época mais empolgante para se viver.
Prefiro saudar a mudança do que temê-la. Prefiro me entusiasmar com a
possibilidade de ganhar milhões do que me preocupar com não conseguir um
aumento de salário. O período em que nos encontramos é arrebatador, não
tem precedentes na história mundial. As gerações futuras olharão para
esta época e verão o quanto de vibração deve ter havido. Terá sido a
morte do velho e o nascimento do novo. Terá sido tumultuada e
empolgante.
Então, por que se preocupar em desenvolver o QI financeiro?
Porque se você o fizer, poderá prosperar muito. E se você não o fizer,
este será um período apavorante. Será uma época em que pessoas seguem
ousadamente em frente enquanto outras se agarram a modos de vida
decadentes.
Há trezentos anos, a terra era riqueza, de modo que quem a
possuísse, possuía riqueza. Então, apareceram as fábricas e a produção e
os Estados Unidos ascenderam ao domínio. Os industriais eram os donos da
riqueza. Hoje é a informação. E a pessoa que tiver a informação na hora
certa, terá a riqueza. O problema é que a informação voa em volta do
mundo à velocidade da luz. A nova riqueza não fica restrita por limites
e fronteiras, como ocorria com as fábricas. As mudanças serão mais
aceleradas e dramáticas. Haverá um aumento impressionante de novos
multimilionários. E haverá também os que ficam para tras.
Atualmente, vejo tantas pessoas com dificuldades, trabalhando
mais arduamente, simplesmente porque se agarram às velhas idéias. Querem
que tudo seja como era antes, resistem à mudança. Conheço pessoas que
estão perdendo seus empregos e suas casas e que culpam a tecnologia, ou
a economia, ou o chefe. Infelizmente, elas não percebem que elas
próprias podem ser o problema. Velhas idéias são seu maior passivo. E um
passivo simplesmente porque não conseguem perceber que aquela idéia ou
maneira de fazer alguma Coisa, que era um ativo ontem, não mais existe.
Uma tarde estava ensinando a investir utilizando um jogo de
tabuleiro, CASHFLOW, que inventei como uma ferramenta de ensino. Um
amigo tinha trazido consigo uma conhecida para assistir à aula. Essa
conhecida tinha se divorciado recentemente sendo grandemente prejudicada
pelo acordo feito e agora estava à procura de respostas. Seu amigo
pensou que a aula pudesse ajudar.
O jogo foi criado de modo a ajudar as pessoas a entender como
funciona o dinheiro. Ao jogar, aprendem a interação entre demonstração
de renda e balanço. Elas aprendem como"o dinheiro flui* entre os dois e
como a traje-

---

* O autor faz aqui um trocadilho intraduzível entre o nome do jogo
CASHFLOW (fluxo de caixa) e cash Rotos que pode ser traduzido como"o
dinheiro flui". (N. T.)

106 Pai Rico, Pai Pobre
Os ricos inventam dinheiro 107

tória para a riqueza depende de aumentar o montante gerado mensalmente
pela coluna de ativos até o ponto que este supere nossas despesas
mensais. Uma vez atingido esse ponto, você pode abandonar a"Corrida dos
Ratos" e entrar na"Pista da Alta Velocidade".
Como disse, algumas pessoas odeiam o jogo, outras adoram e
algumas não entendem. Essa mulher perdeu uma valiosa oportunidade de
aprender. Logo no começo do jogo ela tirou um cartão em que aparecia uma
lancha. No início ficou feliz."Oh! Ganhei uma lancha." Então, quando o
amigo tentou lhe explicar como funcionavam as contas de sua demonstração
de renda e de seu balanço, ela ficou frustrada porque nunca gostara de
matemática. O resto dos jogadores de sua mesa ficou esperando enquanto o
amigo lhe explicava a relação entre demonstração de renda, balanço e
fluxo de caixa mensal. De repente, ela percebeu como os números se
encaixavam e que a lancha a estava comendo viva. No correr do jogo,
também foi atingida pelo downsizing e teve um filho. Para ela foi um
jogo terrível.
Depois da aula, seu amigo se aproximou de mim e disse que ela
estava perturbada. Viera para a aula pensando em aprender a investir e
não gostara "do tempo gasto com um jogo bobo".
Seu amigo tentou levá-la a pensar se o jogo não teria
se"refletido" nela de alguma forma. Com essa sugestão, a mulher pediu o
dinheiro de volta. Disse que a mera idéia de que o jogo pudesse ter algo
a ver com ela era ridícula. Seu dinheiro foi rapidamente devolvido e ela
foi embora.
Desde 1984, ganho milhões simplesmente fazendo o que o sistema
de ensino não faz. Na escola, a maioria dos professores faz exposições.
Eu detestava exposições quando estudante; logo me aborrecia e minha
mente começava a divagar.
Em 1984, comecei a ensinar por meio de jogos e simulações.
Sempre incentivei os estudantes adultos a pensar nos jogos como uma
reflexão sobre o que eles já sabem e sobre o que precisam ainda
aprender. É um sistema de feedback instantâneo. Em lugar de um professor
fazendo uma exposição para o aluno, o jogo lhe devolve uma exposição
personalizada, feita sob medida para voce.
O amigo da mulher que foi embora me ligou mais tarde contando o
que estava acontecendo. Ele disse que a amiga estava ótima e se
acalmara. DepOiS de mais calma, ela começou a ver alguma relação entre o
jogo e sua vida.
Embora ela e o marido não possuíssem uma lancha, tinham tudo o
que se pode imaginar. Ela estava furiosa depois do divórcio, tanto
porque ele a dei xara por uma mulher mais nova, quanto pelo fato de em
vinte anos de casamento eles terem acumulado poucos ativos. Não havia
quase nada a dividir. Os vinte anos de casamento tinham sido muito
divertidos, mas tudo o que eles tinham acumulado era um monte de
badulaques.
Ela percebeu, ao fazer as contas a demonstração de renda e o
balanço que sua raiva decorria do fato de não entendê-las. Ela tinha
acreditado que as finanças eram assunto de homem. Ela cuidava da casa e
da vida social e ele tratava das finanças. Estava agora certa de que nos
últimos cinco anos de casamento ele ocultara dinheiro dela. Ela estava
furiosa consigo mesma por não ter visto para onde o dinheiro ia, tanto
quanto por não ter descoberto a existência da outra mulher.
Da mesma maneira que o jogo de tabuleiro, o mundo está sempre
nos dando umfeedback instantâneo. Poderíamos aprender muito se
prestássemos mais atenção. Um dia, não muito tempo atrás, queixei-me com
minha mulher de que a lavanderia devia ter encolhido minhas calças.
Minha mulher sorriu gentilmente e cutucou minha barriga para informar
que as calças não tinham encolhido, alguma coisa tinha se expandido: eu!
O jogo CASHFLOW se destina a oferecer a cada jogador um feedback
pessoal. Seu objetivo é apresentar opções. Se você tirar um cartão que o
endivida, a questão é"O que posso fazer agora?". Quantas opções
financeiras diferentes você pode imaginar? Este é o objetivo do jogo:
ensinar os jogadores a pensar e criar várias e novas opções financeiras.
Já observei mais de mil pessoas jogarem CASHFLOW. Aquelas que
saem da Corrida dos Ratos mais rapidamente são as que têm um bom
conhecimento dos números e uma mente criativa do ponto de vista
financeiro. Elas reconhecem as diferentes opções financeiras. As pessoas
que demoram mais são as que não têm familiaridade com números e que
freqüentemente não entendem o poder do investimento. As pessoas ricas
freqüentemente são criativas e assumem riscos calculados.
Há muita gente que ganha rios de dinheiro no jogo, mas não sabe
o que fazer com ele. A maioria dessas pessoas também não é bem-sucedida
nas finanças na vida real, todos parecem passar à sua frente. São muitos
os que, apesar da quantidade de dinheiro que possuem, não progridem
financeiramente.
Limitar suas opções é o mesmo que agarrar-se a idéias
antiquadas. Tenho Um amigo, do meu tempo no segundo grau, que trabalha
em três empregos. Vinte anos atrás era o mais rico da minha turma.
Quando a usina de açúcar local fechou, a empresa em que trabalhava
quebrou junto. Na sua cabeça, ele só tinha uma opção e essa era a opção
antiga: trabalhar arduamente. O pro-

108 Pai Rico, Pai Pobre
Os ricos inventam dinheiro 109

blema é que não conseguia encontrar um emprego que reconhecesse sua
antigüidade na empresa quebrada. Em conseqüência, ele tem uma
qualificação superior ao necessário no emprego atual e seu salário é,
portanto, inferior. Então ele está trabalhando em três empregos para
conseguir sobreviver.
Observei pessoas que jogam CASHFLOW queixando-se de que as
cartas não lhes oferecem as oportunidades"certas" e, assim, ficam
paradas. Conheço quem faça isso na vida real. Esperam pela
oportunidade"certa".
Observei pessoas que tiram a carta"certa mas não têm dinheiro
suficiente. Então se queixam de que poderiam ter saído da Corrida dos
Ratos se tivessem mais dinheiro e, assim, ficam paradas. Na vida real há
quem faça o mesmo. Vêem todos os grandes negócios mas não têm dinheiro.
E já vi pessoas tirarem uma carta com uma grande oportunidade,
lê-la em voz alta e não terem a idéia do que se tratava. Têm o dinheiro,
a época é oportuna, têm a carta, mas não vêem a chance que está à sua
frente. Não conseguem ver como isso se encaixa em seu plano financeiro
para sair da Corrida dos Ratos. E ainda os que parecem todos esses tipos
combinados. A maioria tem uma oportunidade única bem na sua frente e não
consegue vê-la. Um ano depois descobre que todos os outros ficaram
ricos.
A inteligência financeira é simplesmente ter mais opções. Se as
oportunidades não aparecem à sua frente, que outra coisa você pode fazer
para melhorar sua posição financeira? Se uma oportunidade lhe cai do
céu, e você não tem dinheiro, e o banco não lhe dá atenção, o que mais
poderia fazer para essa oportunidade trabalhar a seu favor? Se seu
palpite é errado e o que você esperava não acontece, como pode
transformar um limão em milhões? Isso é inteligência financeira. Não é
tanto o que acontece, mas quantas soluções financeiras diferentes você
pode imaginar para transformar um limão em milhões. É a sua criatividade
a serviço da solução de problemas financeiros.
A maioria das pessoas só conhece uma solução: trabalhar
arduamente, poupar e levantar empréstimos.
Então, por que você quer aumentar sua inteligência financeira?
Porque você quer ser o tipo de pessoa que cria sua própria sorte. Você
pega o que quer que aconteça e o torna melhor. Poucas pessoas percebem
que a sorte é criada. Do mesmo modo que o dinheiro. E se você quer ter
mais sorte e criar dinheiro em lugar de trabalhar arduamente, então sua
inteligência financeira é importante. Agora, se você é o tipo de pessoa
que fica à espera de a coisa "certa" acontecer, pode esperar muito
tempo. É como esperar que todas as luzes estejam verdes cinco
quilômetros antes de começar a viagem.
Quando éramos garotos, Mike e eu ouvíamos meu pai rico dizer que
"Dinheiro não é real". Pai rico de vez em quando nos lembrava como
chegamos perto do segredo do dinheiro naquele primeiro dia em que
começamos a"fazer dinheiro com gesso."Os pobres e a classe média
trabalham pelo dinheiro", dizia."Os ricos fazem dinheiro. Quanto mais
real vocês pensarem que o dinheiro é, tanto mais arduamente trabalharão
por ele. Se vocês perceberem que o dinheiro não é real, enriquecerão
mais rápido."
"Então o que é?", era a pergunta que Mike e eu repetíamos
freqüentemente."O que é a moeda se não é real?"
"O que nós concordamos que seja", era tudo que pai rico
respondia.
O ativo mais poderoso que todos nós possuímos é nossa mente. Se
for bem treinada, pode criar uma imensa riqueza no que parece ser um
instante. Riqueza muito além dos sonhos de reis ou rainhas há trezentos
anos. Uma mente não treinada também pode criar pobreza externa que
perdura por muito tempo quando é transmitida às famílias.
Na Era da Informação, o dinheiro cresce exponencialmente.
Algumas poucas pessoas estão se tornando fabulosamente ricas a partir do
nada, apenas com idéias e acordos. Se você perguntar a muitas pessoas
que negociam com ações ou outros investimentos como meio de vida, elas
dirão que vêem isso acontecer a toda hora. Milhões podem ser ganhos
instantaneamente a partir do nada. E ao dizer nada estão querendo dizer
que não há dinheiro sendo trocado. Tudo é feito por um acordo, um sinal
manual do pregão, um sinal na tela de um corretor em Lisboa originado
por um corretor em Toronto e de volta a Lisboa; um telefonema para meu
corretor para comprar e outro, logo a seguir, para vender. O dinheiro
não muda de mãos. Os acordos mudam.
Então, por que desenvolver seu gênio financeiro? Só você pode
responder a isso. Eu só posso dizer porque tenho estado desenvolvendo
essa área de minha inteligência. Eu o faço porque quero ganhar dinheiro
rapidamente. Não Porque eu precise, mas porque quero. E um processo de
aprendizado fantástico. Desenvolvo meu QI financeiro porque quero
participar do maior jogo do mundo. E de minha maneira pequena, gostaria
de ser parte dessa evolução sem precedentes da humanidade, a era em que
os seres humanos não trabalham com seus corpos, mas apenas com suas
mentes. Aliás, nestas é onde está a ação. É o que está acontecendo. É
fantástico. É apavorante. E é divertido. É por isso que invisto em minha
inteligência financeira, desenvolvendo o ativo mais poderoso que possuo.
Quero estar junto das pessoas que se dirigem ousadamente para a frente.
Não quero estar entre os que ficam para tras.

110 Pai Rico, Pai Pobre
Os ricos inventam dinheiro 111

Vou lhe apresentar um exemplo simples de criação de dinheiro. No
início da década de 1990, a economia de Phoenix estava em situação
deplorável. Assistia na televisão ao"Bom Dia América" quando um
consultor financeiro começou a prever dias de desgraça e sombra. Seu
conselho era"poupe seu dinheiro. Ponha US$100 de lado a cada mês",
dizia,"e em quarenta anos você será um multimilionário".
Bem, fazer uma poupança mensal é uma orientação válida. É uma
opção a opção que a maioria das pessoas encamjaria. O problema é o
seguinte: torna-nos cegos ao que está acontecendo a nossa volta.
Perdem-se grandes oportunidades de um ganho maior. O mundo passa ao
largo daqueles que optam por esse caminho.
Como disse, a economia estava em situação deplorável naquele
momento. Para os investidores, essa é a condição perfeita do mercado.
Parte de meu dinheiro estava aplicada em ações e apartamentos. Tinha
pouco dinheiro em mãos. Como todos estavam se desfazendo de coisas, eu
estava comprando. Eu não estava poupando, estava investindo. Minha
mulher e eu tínhamos mais de US$1 milhão trabalhando em um mercado que
crescia rapidamente. Era a melhor oportunidade para investir. A economia
encontrava-se em má situação. Eu não podia deixar aqueles pequenos
negócios passarem ao largo.
Casas que valiam US$100 mil, estavam agora sendo oferecidas por
US$75 mil. Mas em vez de comprar na imobiliária local, comecei a comprar
no escritório do advogado especializado em falências ou nos degraus do
tribunal. Nesses lugares, uma casa de US$75 mil podia ser adquirida por
US$20 mil ou menos. Com US$2 mil que um amigo me emprestou por noventa
dias e encargos de US$200, dei ao advogado um cheque como entrada.
Enquanto a aquisição estava sendo processada, coloquei um anúncio no
jornal oferecendo uma casa que valia US$75 mil por US$60 mil, sem
entrada. Choveram telefonemas. Depois de verificado o cadastro dos
possíveis compradores e de que a casa fora passada para meu nome, os
interessados puderam vê-la. Foi uma loucura. Em alguns minutos a casa
estava vendida. Pedi ao comprador US$2.500 como taxa de processamento, o
que foi logo pago imediatamente, e depois a transação passou às mãos da
financeira. Devolvi a meu amigo os US$2 mil com um adicional de US$200.
Ele ficou feliz, o comprador da casa ficou feliz, o advogado ficou feliz
e eu fiquei feliz. Vendi por US$60 mil uma casa que me custou US$20 mil.
Os US$40 mil foram criados com dinheiro que estava em minha coluna de
ativos na forma de uma promissória do comprador. Tempo total de
trabalho: cinco horas.
Agora que você está alfabetizado financeiramente e lê os
números, mostrarei por que isto é um exemplo de dinheiro sendo
inventado.

Poupança - quanto tempo seria necessário para, poupar US$40 mil
e quanto custaria considerando uma alíquota de imposto
de 50%


Emprego ---> Renda ---> Despesa: impostos ---> ativos: poupança


Nessa fase de mercado deprimido, minha mulher e eu fizemos seis
de tais simples transações nas horas vagas. Enquanto o grosso de nosso
dinheiro estava aplicado em imóveis maiores e em ações, conseguimos
criar mais de US$190 mil em ativos (promissórias a juros de 10%) a
partir dessas seis transações de compra, cria e vende. Isso representa
uma renda anual de aproximadamente US$19 mil, boa parte dos quais
abrigados sob o manto de nossa sociedade anônima. Esses US$19 mil anuais
se destinarão sobretudo a pagar os carros de nossa empresa, gasolina,
viagens, seguros, jantares com clientes e outros. Quando o governo
tributa essa renda, ela já foi gasta em despesas legalmente dedutíveis.

112 Pai Rico, Pai Pobre Os ricos inventam dinheiro 113

US$40 mil criados na coluna de ativos - Dinheiro inventado sem
tributação. A juros de 10% -você criou US$4 mil ao ano em fluxo de caixa

Ativos: promissória (US$40.000), total: (US$190.000) ---> Renda

Despesa: impostos; passivos: US$20.000


Isso foi um exemplo simples de como o dinheiro é inventado,
criado e protegido usando-se inteligência financeira.
Pergunte-se quanto tempo levaria para poupar US$190 mil. O banco
lhe pagaria um juro de 10% sobre esse dinheiro? E a promissória é de
trinta anos. Espero que eles nunca me paguem os US$190 mil. Eu teria que
pagar impostos se eles me pagassem o principal e, além disso, US$19 mil
pagos ao longo de trinta anos geram uma renda de pouco mais de US$500
mil.
Já vi pessoas perguntarem o que aconteceria se o comprador não
pagasse. Também seria bom. O mercado imobiliário de Phoenix foi, entre
1994 e 1997, um dos mais quentes do país. Aquela casa de US$60 mil teria
sido retomada e revendida por US$70 mil, mais outros US$2.500 a título
de despesas de processamento. E ainda seria um bom negócio para o novo
comprador. E o processo prosseguiria.
Se você lembra, a primeira vez que vendi essa casa, devolvi os
US$2 mil. Tecnicamente não pus dinheiro na transação. Meu retorno sobre
o investimento (ROI)* é infinito. Esse é um exemplo de um monte de
dinheiro sendo feito a partir do nada.

---

* Mantivemos a sigla em inglês ROL (return on investment) por esta ser
freqüentemente encontrada em publicações financeiras. (N. T.)

Na segunda transação, quando revendi, eu teria posto US$2 mil de
meu bolso e renovado o empréstimo por trinta anos. Qual teria sido o ROl
se eu recebi dinheiro para fazer dinheiro? Não sei, mas sem dúvida é
muito mais do que seria obtido poupando US$100 todo mês, o que na
verdade acaba sendo equivalente a US$150 porque se trata de uma renda,
já descontado o imposto durante quarenta anos a 5%, e que novamente
sofrerá tributação de 5%. Não é algo muito inteligente. Pode ser seguro
mas não é esperto. Atualmente, em 1997, quando estou escrevendo este
livro, as condições de mercado são exatamente o oposto do registrado
cinco anos atrás. O mercado de Phoenix é a inveja dos Estados Unidos. As
casas que eram vendidas a US$60 mil, valem agora US$110 mil. Há ainda
oportunidades, mas me custariam um ativo valioso, meu tempo, sair por aí
atrás delas. São raras. Mas hoje há milhares de compradores buscando
esses negócios e apenas uns poucos fariam sentido financeiramente. O
mercado mudou. É tempo de mudar e buscar outras oportunidades para sua
coluna de ativos.
"Você não pode fazer isso aqui.""Isso é contra a lei.""Você está
mentindo."
Ouço esses comentários com muito mais freqüência do que"Você
pode me mostrar como fazer isso"
A matemática é simples. Você não precisa de álgebra ou de
cálculo. Não escrevo muito porque a financeira cuida do lado legal da
transação e do controle do pagamento. Não preciso consertar tetos ou
instalações hidráulicas porque os proprietários cuidam disso. É a casa
deles. De vez em quando alguém não paga. E isso é muito bom porque há
multas de mora ou eles se mudam e a propriedade é vendida de novo. O
sistema judiciário cuida disso.
Pode até não funcionar na sua região. As condições de mercado
podem ser diferentes. Mas o exemplo ilustra como um processo financeiro
simples cria centenas de milhares de dólares com pouco dinheiro e baixo
risco. É um exemplo de dinheiro sendo apenas um contrato. Qualquer
pessoa com instrução secundária pode fazer isso.
Contudo, muita gente não o faz. Muita gente segue o conselho
padrão: "Trabalhe arduamente e poupe dinheiro."
Com cerca de trinta horas de trabalho, foram criados
aproximadamente US$190 mil na coluna de ativos sem se pagar impostos. O
que lhe parece mais complicado?

1. Trabalhar arduamente, pagar impostos com alíquota de 50%, poupar o
que sobra (suas poupanças rendem 5%, que também são tributados)?

114 Pai Rico, Pai Pobre
Os ricos inventam dinheiro 115

2. Despender tempo para desenvolver sua inteligência financeira e
dominar o poder de seu cérebro e a coluna dos ativos?

Acrescente a isso o tempo, e este é um de seus maiores ativos,
que levará para poupar US$190 mil se você escolher a opçao 1.
Agora você pode entender por que balanço a cabeça
silenciosamente quando ouço pais dizerem:"Meu filho está indo muito bem
na escola e está recebendo uma boa instrução." Pode ser bom, mas é
adequado?
Sei que essa estratégia de investimento é pequena. Foi usada
para mostrar como o pequeno pode transformar-se em grande. Novamente,
meu sucesso reflete a importância de um sólido embasamentO financeiro, o
que começa com uma boa instrução financeira. Já disse antes mas vale a
pena repetir a inteligência financeira é constituída por estas quatro
habilidades técnicas:

1. AlfabetizaçãO financeira. A capacidade de entender números.
2. Estratégias de investimento. A ciência do dinheiro fazendo
dinheiro. 3. O mercado. Oferta e demanda. Alexander Graham Bell deu ao
mercado o que este desejava. Bill Gates fez o mesmo. Uma casa de US$75
mil oferecida por US$60 mil e que custou US$20 mil também foi o
resultado de perceber uma oportunidade criada pelo mercado. Alguém
estava comprando e alguém estava vendendo. 4. A lei. O conhecimento de
lei e regulamentos estaduais e nacionais sobre contabilidade e empresas.
Recomendo que se jogue dentro das regras.

São os fundamentos básicos ou a combinação destas habilidades o
necessário para ser bem-sucedido na busca da riqueza, seja pela compra e
venda de pequenos imóveis, grandes apartamentOs, empresas, ações,
títulos, fundos mútuos, metais preciosos, cartões de beisebol ou coisas
do gênero.
Por volta de 1996, o mercado imobiliário tinha se recuperado e
todos estavam entrando. O mercado de ações estava em alta e todos
estavam entrando. A economia dos Estados Unidos punha-se de pé
novamente. Comecei a vender em 1996 e viajei para o Peru, Noruega,
Malásia e Fihpinas. Os investimentos tinham mudado. Nós estávamos fora
do mercado imobiliário pelo menos no que se referia a compras. Eu apenas
observava o aumento dos valores da coluna de ativos e provavelmente
começaria a vender mais para O fim do ano. Isto estava dependendo de
algumas alterações na legislação serem aprovadas pelo Congresso.
Desconfio que alguns desses pequenos negócios imobiliários começarão a
ser vendidos e a promissória de US$40 mil será convertida em dinheiro.
Preciso consultar meus contadores e me preparar para liquidá-la e
procurar formas de resguardar o dinheiro.
O que desejo ressaltar aqui é que os investimentos vêm e vao, os
mercados sobem e descem, as economias melhoram e entram em crise. O
mundo está sempre lhe apresentando oportunidades únicas, a cada dia de
sua vida, mas, na maior parte das vezes, não conseguimos percebê-las.
Mas elas estão lá. E quanto mais o mundo muda e quanto mais a tecnologia
progride, maiores oportunidades existirão para permitir que você e sua
família estejam seguros pelas próximas gerações.
Então, por que desenvolver sua inteligência financeira? Repito,
só você pode responder a isso. Sei por que eu continuo a aprender e
desenvolver. Eu o faço porque sei que estão vindo mudanças. Prefiro
saudar a mudança do que me agarrar ao passado. Sei que haverá expansões
do mercado e crises. Quero desenvolver continuamente minha inteligência
financeira porque, a cada mudança, algumas pessoas estarão de joelhos
suplicando por seus empregos. Outras, entretanto, pegarão os limões que
a vida lhes dá e ela nos dá a todos, ocasionalmente e os transformarão
em milhões. Isso é inteligência financeira.
Muitas vezes me perguntam sobre os limões que transformei em
milhões. Hesito, porém, em usar mais exemplos de investimentos pessoais.
Hesito porque tenho medo de que pareça bravata ou auto-elogio. Não é
essa minha intenção. Uso os exemplos apenas como ilustração numérica e
cronológica de casos concretos e simples. Uso os meus exemplos porque
quero que você saiba que é fácil. Torna-se mais fácil quanto mais você
se familiariza com os quatro pilares da inteligência financeira.
Pessoalmente, emprego dois veículos principais para obter
crescimento financeiro: imóveis e ações de pequenas empresas. Os imóveis
são a base. Todo dia meus imóveis geram um fluxo de caixa e de tanto em
tanto seu valor aumenta. As ações são usadas para obter um crescimento
rápido. Não recomendo nada do que faço. Os exemplos são apenas isso:
exemplos. Se a oportunidade é muito complexa e eu não entendo o
investimento, não faço. Matemática simples e bom senso são tudo o de que
se necessita para alcançar sucesso financeiro.
Há cinco razões para usar os exemplos:

1. Inspirar as pessoas para que aprendam mais.
2. Mostrar às pessoas que tudo é fácil se o embasamentO é
sólido.
3. Mostrar que qualquer um pode obter uma grande
fortuna.
4. Mostrar que há milhões de maneiras de atingir nossos
objetivos.
5. Mostrar que isto não é ciência espacial.

116 Pai Rico, Pai Pobre
Os ricos inventam dinheiro 117

Em 1989, eu costumava correr numa bela região de Portland,
Oregon. Era um subúrbio com lindas casas que pareciam de boneca. Eram
pequenas e lindas. Eu quase que esperava encontrar na calçada
ChapeuzinhO Vermelho a caminho da casa da Vovó.
Por todo lugar havia cartazes de"vende-se". O mercado de toras
de madeira estava em crise, e o mercado de ações acabara de entrar em
colapso e a economia estava deprimida. Numa rua notei um cartaz, que
parecia pregado lá há mais tempo que os outros, anunciando a venda de
uma casa. Correndo por lá um dia encontrei o dono da casa que tinha um
ar preocupado.
- Quanto o senhor quer pela casa? perguntei. O dono se virou e
deu um sorriso desanimado.
- Faça uma oferta disse. - Está à venda há um ano. Ninguém mais
aparece para vê-la.
- Vou olhar disse eu, e meia hora depois comprava a casa por
menos de US$20 mil do que o proprietário pedira originalmente.
Era uma bela casinha de dois quartos, com enfeites de madeira em
todas as janelas. Sua cor era azul com detalhes cinza e fora construída
em 1930. Em seu interior uma lareira de pedra. Uma casa perfeita para se
alugar.
Dei uma entrada de US$5 mil por uma casa de US$45 mil, mas que
realmente valia US$65 mil, embora ninguém quisesse comprá-la. O
proprietário a desocupou em uma semana, feliz de se ver livre dela e
logo chegou meu inquilino, üm professor da escola local. Depois de pagar
a hipoteca e despesas diversas, eu ficava com US$40 ao fim de cada mês.
Nada muito empolgante.
Um ano depois, o mercado imobiliário deprimido do Oregon começou
a se recuperar. Os investidores da Califórnia, cheios de dinheiro obtido
em seu mercado imobiliário ainda em expansão, estavam se deslocando para
o norte e comprando imóveis no Oregon e em Washington.
Vendi a casinha por US$95 mil a um casal californiano que achou
que estava diante de uma pechincha. Meu ganho de capital de cerca de
US$40 mil foi empregado numa aplicação amparada pela sessão 1031 * e
comecei a procurar um lugar onde pôr o dinheiro. Em um mês encontrei um
prédio com doze apartamentos perto da fábrica da Intel em Beaverton,
Oregon. Seus donos moravam na Alemanha e não tinham idéia de quanto
valia o local e, novamente, só queriam se desfazer do imóvel. Ofereci
US$275 mil por um prédio que valia US$450 mil. Concordaram com US$300
mil. Comprei e fiquei com ele por dois anos. Utilizando o mesmo processo
de troca de imóveis com tributação deferida, minha mulher e eu vendemos
o prédio por US$495 mil

---

* Dispositivo da Legislação tributária americana que trata do adiamento
do pagamento de impostos. (N. T.)

e compramos outro com trinta apartamentos, em Phoenix, Arizona. Naquela
época nos mudamos para Phoenix, para sair de uma crise, e teríamos que
vendê-lo de qualquer maneira. O preço do prédio de trinta apartamentos
era
de US$875 mil com entrada de US$225 mil. O fluxo de caixa
decorrente do
aluguel dos trinta apartamentos era de pouco mais de US$5 mil ao mês. O
mercado de imóveis do Arizona começou a subir e, em 1996, um
investidor do Cobrado nos ofereceu US$1,2 milhão pelo imóvel. Minha
mulher e eu pensamos em vendê-lo mas decidimos esperar para ver se a
legislação relativa a ganhos de capital seria alterada pelo Congresso.
Se mudasse o imóvel deveria aumentar, acredito, outros 15% ou
20%. Além disso, os US$5 mil ao mês eram um bom fluxo de caixa.
Este exemplo mostra como é possível transformar uma pequena soma
de dinheiro em outra muito maior. Repito, é uma questão de entender
demonstraçoes financeiras, estratégias de investimento, sentir o mercado
e conhecer
as leis. Se as pessoas não são versadas nesses tópicos, então
tenderão a seguir o dogma padrão, que é buscar segurança, diversificar e
só aplicar em investimentos seguros. O problema é que
investimentos"seguros" muitas vezes sao esterilizados. Isto é, são tão
seguros que seus ganhos são menores.
A maioria das corretoras não tocará em transações especulativas
para se proteger a si próprias e a seus clientes. E essa é uma política
sábia.
Os negócios realmente quentes não são oferecidos aos novatos.
Normalmente, os melhores negócios, que tornam os ricos ainda mais ricos,
são reservados para aqueles que entendem o jogo. É tecnicamente ilegal
oferecer a alguém que não é considerado"sofisticado" esses negócios
especulativos, mas, naturalmente, acontece.
Quanto mais"sofisticado" me torno, mais oportunidades aparecem
no meu caminho. Outro argumento para desenvolver sua inteligência
financeira, ao longo da vida, é, simplesmente, que mais oportunidades
são apresentadas a você. E quanto maior for sua inteligência financeira
mais fácil será
um bom negócio. Quanto mais aprendo e há muito a aprender mais
dinheiro ganho, simplesmente porque com o passar dos anos acumulo
experiência e sabedoria. Tenho amigos que se aprisionam à segurança,
trabalhando com afinco em suas profissões, e que não conseguem adquirir
sabedoria financeira, que leva tempo para ser desenvolvida. De modo
geral, minha filosofia é plantar sementes em minha coluna de ativos.
Essa é a minha fórmula. Começo com pouco e planto sementes. Algumas se
desenvolvem; outras não.
Na nossa empresa imobiliária há propriedades que valem muitos
milhões. É nosso próprio Truste de Investimento em Imóveis. A maioria
desses milhões

118 Pai Rico, PaiPobre
Os ricos inventam dinheiro 119

partiu de investimentos mínimos, da ordem de US$5 mil ou US$10 mil.
Todas essas entradas foram beneficiadas por terem ocorrido em momentos
de rápida ascensão do mercado, aumentos isentos de imposto, compras e
vendas feitas repentinamente ao longo de alguns anos.
Também temos um portfólio de ações, abrigado em uma empresa que
minha mulher e eu chamamos de nosso fundo mútuo pessoal. Temos amigos
que fazem negócios especificamente com investidores como nós, de modo
que temos a cada mês dinheiro extra para investir. Compramos ações de
empresas de capital fechado, de alto risco, especulativas, que estão
próximas de serem listadas em bolsas dos Estados Unidos ou do Canadá. Um
exemplo de como é possível obter ganhos rápidos são 100 mil ações
compradas a 25 centavos pouco antes da abertura de capital da empresa.
Seis meses depois, a empresa estava listada em bolsa e as 100 mil ações
agora valem US$2 cada uma. Se a empresa for bem administrada, o preço
continuará subindo e as ações podem alcançar US$20 ou mais, cada uma.
Houve ocasiões em que nossos US$25 mil se transformaram em um milhão em
menos de um ano.
Se você sabe o que está fazendo, você não está jogando. É jogo
quando você põe dinheiro em um negócio e reza para que dê certo. O
importante é usar conhecimento técnico, sabedoria e amor ao jogo para
minimizar os riscos. Naturalmente sempre há algum risco. É a
inteligência financeira que aumenta as chances. Assim, o que é muito
arriscado para uma pessoa é menos arriscado para outra. Essa é a
principal razão pela qual incentivo sempre as pessoas a investir mais em
sua instrução financeira do que em ações, imóveis ou outros mercados.
Quanto mais esperto você for, mais chances terá de reduzir os riscos.
As ações nas quais eu invisto são extremamente arriscadas para a
maioria das pessoas e não aconselho de forma alguma que outros o façam.
Estou nesse jogo desde 1979 e já paguei mais do que devia por elas. Mas
se você reler por que tais investimentos são um alto risco para a
maioria das pessoas, poderá organizar sua vida de modo diferente, de
modo a que a habilidade de pegar US$25 mil e transformá-los em US$1
milhão em um ano seja de baixo risco para você.
Como já disse anteriormente, nada do que escrevi é uma mendaçãO.
São exemplos do que é simples e possível. O que faço é café pequeno no
esquema das coisas, contudo, para o indivíduo médio, uma renda de US$100
mil ao ano sem fazer muita força é agradável e não muito difícil de
obter. Dependendo do mercado e do quão esperto você for, isso pode ser
conseguido num prazo de cinco a dez anos. Se mantiver suas despesas
correntes em um nível modesto, US$100 mil como renda adicional é bom,
não impOrtando se você trabalha. Você pode trabalhar se quiser ou tirar
folga e usar o sistema tributário a seu favor e não contra voce.
Minha base pessoal são os imóveis. Adoro imóveis porque são
estáveis e mudam devagar. Mantenho essa base sólida. O fluxo de caixa é
constante e, se administrado adequadamente, tem boas chances de ter seu
valor aumentado. A beleza de uma sólida base em imóveis é que ela me
permite arriscar um pouco mais com as ações especulativas que compro.
Se tenho grandes lucros no mercado de ações, pago o imposto
sobre os ganhos de capital e reinvisto o que sobra em imóveis,
garantindo assim o alicerce de meus ativos.
Uma última palavra sobre imóveis. Tenho viajado por todo o mundo
ensinando a investir. Em todas as cidades ouço as pessoas dizerem que
não há imóveis baratos. Não é essa minha experiência. Mesmo em Nova York
ou Tóquio, ou mesmo nos arredores das cidades, há pechinchas desprezadas
pela maioria das pessoas. Em Cingapura, que atualmente registra uma alta
no preço dos imóveis, podem se encontrar ainda pechinchas em locais não
muito distantes. Logo, sempre que ouço alguém me dizer"Você não pode
fazer isso aqui", respondo que talvez a afirmação adequada seja:"Não sei
como fazer isso aqui... ainda."
grandes oportunidades não são vistas com os olhos. São vistas
com a mente. Muita gente não ficará rica nunca simplesmente porque não
tem o treinamentO financeiro para reconhecer oportunidades que estão bem
à sua frente.
Muitas vezes me perguntam:"Como começo?"
No último capítulo, mostro dez passos que segui na trajetória
para minha independência financeira. Mas sempre lembro que é preciso que
seja divertido.
É apenas um jogo. Algumas vezes você ganha e outras aprende. Mas
divirta-se. A maioria das pessoas jamais ganha porque tem medo de
perder. É por isso que a escola é tão tola. Na escola aprendemos que os
erros sao maus e somos punidos por cometê-los. Contudo, se você prestar
atenção à maneira como os seres humanos aprendem, verá que aprendemos
errando. Aprendemos a andar, caindo. Se nunca cairmos, não andaremos
nunca. O mesmo quanto a andar de bicicleta. Ainda tenho cicatrizes nos
joelhos, mas hoje ando de bicicleta sem pensar. O mesmo vale para
enriquecer. Infelizmente, a principal razão pela qual a maioria das
pessoas não é rica é por seu pavor de perder. Os vencedores não têm medo
de perder. Mas os perdedores, sim. Os fracos são parte do processo do
sucesso. As pessoas que evitam os fracassos também evitam os sucessos.
Penso no dinheiro de forma semelhante ao meu jogo de tênis. Jogo
muito, erro, corrijo, erro mais, volto a corrigir e melhoro meu jogo. Se
eu perder o jogo, vou até a rede e aperto a mão de meu adversário,
sorrio e digo:"Até sábado."

120 Pai Rico, Pai Pobre Os ricos inventam dinheiro 121

Há dois tipos de investidor:

1. O primeiro e mais comum são as pessoas que compram um investimento
empacotado. Eles procuram um varejista, seja uma imobiliária, seja um
corretor ou um consultor financeiro e compram alguma coisa. Pode ser um
fundo mútuo, um truste de investimentos imobiliários, ações ou títulos.
É uma forma bem limpa e simples de investir. Pode ser comparado à pessoa
que vai à loja e compra um computador direto da prateleira.

2. O segundo são os investidores que criam investimentos. Este
investidor em geral organiza o negócio de forma semelhante às pessoas
que compram os componentes e montam seu computador. É algo sob medida.
Eu não sei como juntar componentes de computador. Mas sei como juntar
oportunidades ou conheço gente que sabe.

É este segundo tipo que tem mais probabilidade de se tornar um
investidor profissional. Algumas vezes são necessários anos para se
juntarem todas as peças. E às vezes nunca se consegue isso. Meu pai rico
me incentivou a ser este tipo de investidor. É importante aprender a
juntar as peças porque é aí onde estão os grandes ganhos e, se a maré é
adversa, as grandes perdas.
Se você quer ser o segundo tipo de investidor, precisa
desenvolver três habilidades principais. Estas se somam àquelas
necessárias para se adquirir a inteligência financeira.

1. Como encontrar uma oportunidade que ninguém mais viu. Você vê com sua
mente o que os outros vêem com os olhos. Por exemplo, um amigo comprou
uma casa caindo aos pedaços. Era assustador olhar para ela, todos se
perguntavam por que ele a teria comprado. O que ele viu e nós não vimos
foi que junto com a casa, a compra envolvia mais quatro lotes de terreno
vazio. Ele verificou isso indo à imobiliária. Depois de comprar a casa,
ele a demoliu e vendeu os cinco lotes para um construtor por três vezes
o que tinha pago. Ele ganhou US$75 mil em dois meses de trabalho. Não é
muito dinheiro, mas sem dúvida é muito mais do que o salário mínimo, e
não há muitas dificuldades técnicas.

2. Como conseguir dinheiro. Em geral as pessoas só procuram o banco.
Esse segundo tipo de investidor precisa saber onde levantar recursos e
há muitas formas de fazê-lo sem ir ao banco. Para começar, aprendi a
comprar imóveis sem precisar de banco. Não é tanto pelos imóveis, mas
pela aprendizagem de como conseguir o dinheiro, o que não tem preço.
Muito freqüentemente ouço as pessoas dizerem"O banco não me dá
um empréstimo", ou"Não tenho dinheiro para comprar isso". Se você quiser
se tornar um investidor do tipo 2, precisará aprender a fazer o que
atrapalha tanta gente. Em outras palavras, a maioria das pessoas deixa
que a falta de dinheiro as impeça de fechar um negócio. Se você puder
evitar esse obstáculo, estará milhões à frente dos que não aprenderam
essas habilidades. Muitas vezes adquiri uma casa ou ações ou um prédio
de apartamentos sem ter um tostão no banco. Uma vez comprei um prédio
por US$1,2 milhão. O que eu fiz é chamado "amarrar" a transação com um
contrato escrito entre comprador e vendedor. Então, consegui o
necessário para pagar o depósito de US$100 mil, o que me permitiu obter
noventa dias para levantar o resto do dinheiro. Por que eu fiz isso?
Simplesmente sabia que o prédio valia US$2 milhões. Nunca levantei o
dinheiro. Em lugar disso, a pessoa que depositou os US$100 mil me deu
US$50 mil por ter encontrado o prédio, assumiu minha posição e eu saí do
negócio. Total de tempo de trabalho: três dias. Repito, conta mais o que
você sabe do que o que voce compra. investir não é comprar. É conhecer.

3. Como organizar pessoas espertas. Pessoas inteligentes são aquelas que
trabalham com, ou contratam, uma pessoa mais inteligente do que elas.
Quando você precisar de orientação assegure-se de escolher sabiamente
seu conselheiro.

Há muito o que aprender, mas a recompensa pode ser astronômica. Se Você
não quer aprender estas habilidades, então é aconselhável ser um
investidor do tipo 1. Sua maior riqueza é o que você sabe. Seu maior
risco é o que não conhece.
Sempre há risco, de modo que aprenda a administrá-lo em vez de
evitá-lo.

CAPÍTULO SETE

Lição 6:

Trabalhe para aprender -
não trabalhe pelo dinheiro

Em 1995, concedi uma entrevista a um jornal de Cingapura. A jovem
repórter chegou na hora e, imediatamente, começou a entrevista. Sentamos
no hall de entrada de um hotel luxuoso, tomamos café e falamos do
objetivo de minha visita à cidade. Eu devia dividir o palco com Zig
Ziglar. Ele falaria de motivação e eu dos"Segredos dos Ricos".
- Gostaria de ser, um dia, uma autora de best-sellers como o
senhor - disse ela. Eu já lera alguns de seus artigos de jornal e ficara
impressionado. Ela tinha um estilo forte e claro. Seus artigos atraíam o
interesse do leitor.
- A senhora tem ótimo estilo respondi. - O que a impede de
alcançar seu sonho?
- Parece que não consigo ir adiante - ela respondeu calmamente.
- Todos dizem que meus romances são ótimos, mas não acontece nada. De
modo que continuo no jornal. Pelo menos dá para pagar as contas. O
senhor teria alguma sugestão?
- Sim - retruquei animadamente. - Um amigo meu tem, aqui em
Cingapura, um curso que ensina as pessoas a vender. Ele dá cursos de
treinamento em vendas para as principais empresas desta cidade e penso
que se a senhora assistisse a um de seus cursos, sua carreira poderia se
beneficiar bastante.
Ela se espantou:
- O senhor está dizendo que eu deveria aprender a vender?
Balancei a cabeça afirmativamente.

124 Pai Rico, Pai Pobre
Trabalhe para aprender não trabalhe pelo dinheiro 125

- O senhor está falando sério?
Voltei a fazer que sim com a cabeça."O que há de errado com
isso?" Agora eu estava recuando. Ela se ofendera com o que eu disse.
Preferiria não ter dito nada. Em minha tentativa de ser útil, comecei a
defender minha sugestão.
- Tenho um mestrado em literatura inglesa. Por que freqüentaria
um curso de vendas? Sou uma profissional. Fui para a universidade para
nao ser vendedora. Odeio vendedores. Eles só pensam em dinheiro.
Diga-me, para que vou estudar vendas? ela começou a arrumar suas coisas.
A entrevista tinha acabado.
Na mesa em frente ao sofá estava um exemplar de um best-selier
que eu publicara. Peguei o livro e algumas notas que ela fizera num
bloco.
- Está vendo isto? disse eu apontando para suas anotações.
Ela olhou para o bloco:
- O quê? ela disse confusa.
Novamente, apontei para suas anotações. No bloco ela
escrevera"Robert Kiyosaki, autor de best-sellers". - Aqui fala"autor de
best-sellers", não diz "melhor escritor".
Seus olhos se arregalaram imediatamente.
- Sou um péssimo escritor. Você é uma grande escritora. Eu
freqüentei cursos de vendas. Você tem um mestrado. Junte as duas coisas
e você terá uma "autora de best-sellers" e uma"boa escritora".
Seu olhar estava enfurecido.
- Nunca me rebaixarei tanto quanto chegar a aprender como
vender. Pessoas como o senhor não têm nada que ficar escrevendo. Fui
treinada profissionalmente para escrever e o senhor para vender. Não é
justo.
Guardou o resto de suas notas e disparou pelas amplas portas de
vidro para a úmida manhã de Cingapura.
Pelo menos, na manhã seguinte, sua reportagem era equilibrada e
favorável.
O mundo está cheio de gente inteligente, talentosa, instruída e
qualificada. Encontramos com elas todos os dias. Estão todas em volta de
nós.
Alguns dias atrás, meu carro estava com problemas. Entrei numa
oficina e o jovem mecânico o consertou em alguns minutos. Ele sabia o
que estava errado apenas pelo barulho do motor. Fiquei impressionado.
A triste verdade é que um grande talento não é suficiente.
Sempre fico chocado ao perceber o pouco que ganham as pessoas
talentosas. Ouvi outro dia que menos de 5% dos americanos ganham mais de
US$100 mil ao ano. Já encontrei gente muito instruída, brilhante, que
ganha menos de US$20 mil ao ano. Um consultor comercial especializado na
área médica me dizia que muitos médicos, dentistas e quiropráticos têm
dificuldades financeiras. Até então eu pensava que, quando eles se
formassem,
os dólares choveriam. Foi esse consultor que me disse:"Eles
estão uma habilidade atrás da grande riqueza."
O que isso quer dizer é que muitas pessoas precisam apenas
aprender e dominar uma habilidade a mais e sua renda aumentará
exponencialmente. Já mencionei que a inteligência financeira é uma
sinergia entre contabilidade, investimento, marketing e direito. Combine
essas quatro habilidades técnicas e ganhar dinheiro, com dinheiro, será
mais fácil. Quando se fala de dinheiro a única habilidade que a maioria
das pessoas conhece é trabalhar mais.
O exemplo clássico de sinergia de habilidades era essa jovem
jornalista. Se ela aprendesse ativamente as habilidades de vendas e
marketing, sua renda poderia aumentar de forma espetacular. Se eu fosse
ela, faria alguns cursos de redação publicitária além de vendas. Então,
em vez de trabalhar no jornal, eu procuraria um emprego em uma agência
de publicidade. Mesmo se seu salário se reduzisse, ela aprenderia a
comunicar-se"sinteticamente" como se faz com tanto sucesso na
publicidade. Ela também aprenderia relações públicas, uma habilidade
importante. Aprenderia a como obter milhões em publicidade gratuita.
Então, de noite e nos fins de semana ela poderia escrever seu grande
romance. E, quando este tivesse terminado, ela estaria mais apta a
vender seu livro. E, assim, em pouco tempo, ela poderia ser"autora de
best-sellers".
Quando publiquei meu primeiro livro, If you want to be rich and
happy, don't go to school? [Se você quer ser rico e feliz, não vá para a
escola?], um editor sugeriu que eu mudasse o título para A economia da
educação. Falei que com um título como este eu só conseguiria vender
dois exemplares: um para minha família, o outro para meu melhor amigo. O
problema é que eles esperariam ganhá-lo. O agressivo título foi
escolhido porque eu sabia que assim obteria toneladas de publicidade.
Sou favorável à educação e acredito em reforma educacional. De outra
forma, por que continuaria eu a pressionar por mudanças em nosso sistema
de ensino antiquado? Por isso, escolhi um título que me permitisse ir a
mais apresentações de televisão e rádio, simplesmente por causa da
controvérsia. Muitas pessoas pensaram que eu era louco, mas o livro
vendeu muito bem. Quando me formei na Academia de Marinha Mercante dos
Estados Unidos, em 1969, meu pai instruído ficou feliz. A Standard Ou da
Califórnia me contratara para sua frota de navios-tanque. Eu era
terceiro imediato e o salário era baixo em comparação ao de meus
colegas, mas era um bom emprego para um recém-formado. Meu salário
inicial era de cerca de US$42 mil ao

126 Pai Rico, Pai Pobre
Trabalhe para aprender não trabalhe pelo dinheiro 127

ano, incluindo as horas extras, e eu só trabalhava durante sete meses.
Tinha cinco meses de férias. Se eu quisesse poderia ter ido para o
Vietnã com uma empresa de navegação subsidiária e teria com facilidade
dobrado meu salário em vez de descansar nas férias.
Tinha uma grande carreira à minha frente, contudo me demiti seis
meses depois e fui para a Marinha dos Estados Unidos para aprender a
voar. Meu pai instruído ficou arrasado. Pai rico me deu parabéns.
Na escola e no local de trabalho estava na moda
a"especialização". Isto é, para ganhar mais ou obter uma promoção era
necessário especializar-se em algo como ortopedia ou pediatria. O mesmo
se aplica a contadores, arquitetos, advogados, pilotos e outros.
Meu pai instruído acreditava no mesmo dogma e ficou empolgado
quando finalmente obteve um doutorado. Ele muitas vezes admitia que as
escolas recompensam pessoas que estudam mais e mais a respeito de menos
e menos.
Pai rico me incentivava a fazer exatamente o oposto."Você
precisa saber um pouco sobre várias coisas - era a sua sugestão. É por
isso que durante anos trabalhei em diferentes áreas de suas empresas.
Por um tempo, trabalhei no departamento de contabilidade. Embora eu
provavelmente nunca chegasse a ser um contador, ele queria que eu
aprendesse por "osmose". Pai rico sabia que eu pegaria o"jargão" e o
sentimento daquilo que é importante e do que não é importante. Também
trabalhei como ajudante de garçom e como operário na construção, bem
como em vendas, reservas e marketing. Ele estava "preparando" Mike e eu.
Ele insistia em que nos sentássemos para assistir a seus encontros com
diretores de banco, advogados, contadores e corretores. Queria que
conhecêssemos um pouco sobre cada aspecto de seu império.
Quando abandonei meu emprego bem pago na Standard Oil, meu pai
instruído teve uma conversa séria comigo. Ele estava perturbado. Ele não
podia entender minha decisão de largar uma carreira que oferecia salário
alto, grandes benefícios, muito tempo de folga e oportunidades de
promoção. Quando me perguntou certa noite"Por que você se demitiu?", eu
não consegui, por mais que tentasse, explicar para ele. Minha lógica não
se encaixava com a lógica dele. O grande problema é que minha lógica era
a lógica de meu pai rico.
A segurança no emprego era tudo para meu pai instruído. Aprender
era tudo para meu pai rico.
Meu pai instruído pensou que eu tivesse ido para o curso para
aprender a ser um comandante de navio. Pai rico sabia que eu estava lá
para estudar comércio internacional. Enquanto estudava fiz transporte de
cargas, naveguei em grandes cargueiros, em navios de passageiros pelo
Extremo Oriente e pelo Pacífico Sul. Pai rico me incentivava a navegar
pelo Pacífico em lugar de ir para a Europa porque sabia que as"nações
emergentes" estavam na Ásia e não no velho continente. A maioria de meus
colegas de turma, incluindo Mike, ainda participava de festas nas suas
fraternidades,* e eu já estudava comércio, gente, estilos de negócio e
culturas no Japão, Taiwan, Tailândia, Cingapura, Hong Kong, Vietnã,
Coréia, Taiti, Samoa e Filipinas. Eu também freqüentava festas, mas não
em fraternidades. Cresci rapidamente.
Meu pai instruído não conseguia entender por que eu me demitira
do emprego e entrara para a Marinha dos Estados Unidos. Disse-lhe que
queria aprender a voar, mas realmente queria aprender a comandar tropas.
Pai rico me explicara que a parte mais difícil da condução de uma
empresa é a gestão de pessoas. Ele passara três anos no exército; meu
pai instruído tinha sido isento do serviço militar. Pai rico me falou do
valor de aprender a liderar pessoas em situações difíceis."Liderança é o
que você precisa aprender agora", dizia."Se você não for um bom líder,
receberá um tiro pelas costas, como ocorre nos negócios.
Ao voltar do Vietnã, em 1973, me desliguei embora adorasse voar.
Consegui um emprego na Xerox Corp. Fui para lá por uma razão, e esta não
estava nos benefícios. Eu era bastante tímido e a idéia de vender me
parecia a coisa mais apavorante do mundo. A Xerox tem um dos melhores
programas de treinamento em vendas dos Estados Unidos.
Pai rico ficou muito orgulhoso de mim. Meu pai instruído ficou
envergonhado. Sendo um intelectual, considerava que os vendedores
estavam abaixo dele. Trabalhei na Xerox durante quatro anos, até que
superei o medo de bater às portas e ser rejeitado. Ao alcançar,
permanentemente, um lugar entre os cinco maiores vendedores, me demiti e
fui em frente deixando atrás de mim outra grande carreira em uma ótima
empresa.
Em 1977 formei minha primeira empresa. Pai rico preparara Mike e
eu assumirmos empresas. De modo que agora eu precisava formá-las e
pô-Las a funcionar. Meu primeiro produto, uma carteira de náilon e
velcro, era fabricado no Extremo Oriente e remetido a um armazém em Nova
York, perto
escola que eu freqüentara. Minha educação formal estava completa
e era enipo de testar minhas asas. Se eu fracassasse, estaria falido.
Pai rico achava
era melhor quebrar antes dos trinta."Você ainda tem tempo de se
recuerar", era seu conselho. Na véspera de meu trigésimo aniversário, a
primeira remessa saiu da Coréia para Nova York.

---

* Nos Estados Unidos, grande parte dos estudantes do ensino superior
está associada a fraternidades e são uma espécie de clube e que com
freqüência também funciona como uma espécie de república estudantil onde
residem. (N. T.)

128 Pai Rico, Pai Pobre
Trabalhe para aprender não trabalhe pelo dinheiro 129

Hoje, ainda faço negócios internacionais. E conforme me
incentivou pai rico, procuro os países emergentes. Minha empresa de
investimentos opera na América do Sul, Ásia, Noruega e Rússia.
Há um velho dito segundo o qual"Emprego é a sigla de Quase
Quebrado".* E, infelizmente, eu diria que isso se aplica a milhões de
pessoas. Como a escola não acha que inteligência financeira seja
inteligência, a maioria dos trabalhadores"vive dentro de suas posses".
Trabalham e pagam as contas.
Há outra terrível teoria da administração que diz:"Os empregados
trabalham apenas o suficiente para não serem demitidos e os empregadores
pagam apenas o suficiente para os trabalhadores não irem embora." E se
você observa a escala salarial da maioria das empresas, diria que há uma
certa verdade na afirmação.
O resultado líquido é que, em geral, os trabalhadores não
progridem. Eles fazem o que foram ensinados a fazer:"Conseguir um
emprego seguro." A maioria dos empregados se concentra em salários e
benefícios que os remuneram a curto prazo, mas que são freqüentemente
desastrosos a longo prazo.
Já eu recomendo aos jovens que procurem emprego pelas
oportunidades de aprendizado, mais do que pelo que possam receber. E
preciso ver que habilidades se deseja adquirir antes de escolher uma
profissão específica e antes de cair na Corrida dos Ratos.
Uma vez aprisionadas num processo permanente de pagamento de
contas, as pessoas se tornam como os pequenos hamsters correndo em suas
gaiolas. Suas pequenas pernas peludas correm furiosamente, a roda gira
furiosamente, mas dia vai, dia vem, elas ainda estão na mesma gaiola:
grande emprego...
No filme Jerry Mguire, com Tom Cruise, há grandes bordões.
Talvez o mais memorável seja"Mostre-me o dinheiro". Mas há outra frase
que me parece mais verdadeira. Aparece na cena em que Tom Cruise está
saindo da empresa. Ele acaba de ser demitido e pergunta para toda a
empresa:"Quem quer me acompanhar?" E todos permanecem silenciosos e
petrificados. Apenas uma mulher se levanta e diz:"Eu gostaria, mas daqui
a três meses serei promovida."
A afirmação é provavelmente a mais verdadeira de todo o filme. É
o tipo de frase que as pessoas usam para continuar trabalhando de forma
a pagar suas contas. Sei que meu pai instruído esperava por seu aumento
anual, e todo ano ficava desapontado. Então ele voltava a estudar para
se tornar mais

---

* Expressão que contém um trocadilho intraduzíveL: Job is an acronym
for "Just Over Broke". (N.T.)

qualificado de modo a poder ganhar outro aumento, mas novamente sofria
uma decepção.
Freqüentemente pergunto às pessoas:"Para onde essa atividade
diária está levando você?" Como o pequeno hamster, duvido que as pessoas
olhem para onde seu trabalho árduo as está levando. O que o futuro
oferece?
Cyril Brickfiel, o antigo diretor executivo da Associação
Americana de Aposentados, afirma que"as aposentadorias privadas estão um
caos. Em primeiro lugar, 50% da força de trabalho não contam atualmente
com fundos de pensão. Apenas isso já deveria ser motivo de grande
preocupação. E de 75% a 80% dos demais têm aposentadorias desprezíveis
que pagam US$55 ou US$150 ou US$300 por mês".
Em seu livro The retirement myth [O mito da aposentadoria],
Craig S. Karpel escreve:"Visitei a sede de uma grande empresa nacional
de consultoria especializada em aposentadorias e falei com uma diretora
administrativa que planeja exuberantes planos para altos executivos.
Quando lhe perguntei o que as pessoas comuns poderiam esperar receber
como aposentadoria, ela disse com um sorriso confiante: "A Bala de
Prata".
- O que é perguntei - "A Bala de Prata"? Ela deu de ombros:
- Se os baby boomers* descobrem que não têm dinheiro suficiente
para viver quando forem mais velhos, eles sempre podem dar um tiro nos
miolos.
Karpel continua explicando a diferença entre os antigos planos
de Benefícios Definidos e os novos planos de Contribuições Programadas
que são mais arriscados. Não é um quadro animador para a maioria das
pessoas que esta trabalhando atualmente. E isso é só a aposentadoria.
Quando se acrescentam despesas médicas e casas de repouso para idosos, o
quadro se torna aterrador. Em seu livro de 1995, ela indica que as
despesas hospitalares variam de 15$30 mil a US$125 mil ao ano. Em uma
casa de repouso para idosos, sem qualquer mordomia, a anuidade estava em
torno de US$88 mil.
Muitos hospitais em países onde a medicina é socializada já têm
que tomar decisões dramáticas como:"Quem permanecerá vivo e quem vai
morrer. Eles tomam essas decisões com base no orçamento e na idade dos
pacientes. Os cuidados médicos são destinados ao paciente mais jovem. O
paciente mais velho fica para o fim da fila. Assim como os ricos podem
se permitir uma educação, eles também podem se manter vivos enquanto
aqueles com pouca fortuna morrem.

---

* Expressão usada para a geração nascida após a Segunda Guerra Mundial.
(N. T.)

130 Pai Rico, Pai Pobre Trabalhe para aprender não trabalhe pelo
dinheiro 131

Fico imaginando se há trabalhadores pensando no futuro ou se
eles apenas se preocupam com o próximo contracheque sem questionar-se
sobre o que virá mais adiante?
Quando falo para adultos que querem ganhar mais dinheiro, sempre
dou o mesmo conselho. Sugiro que pensem no longo prazo. Em lugar de
trabalhar simplesmente pelo dinheiro e pela segurança que são, admito,
importantes, sugiro que procurem um segundo emprego onde possam aprender
outra habilidade. Muitas vezes recomendo que se integrem a uma empresa
de marketing de rede, também chamado de marketing multinível, se
quiserem adquirir habilidades de venda. Algumas dessas empresas têm
excelentes programas de treinamento que ajudam as pessoas a suportar o
medo do fracasso e da rejeição que são as principais razões pelas quais
a maioria das pessoas não é bem-sucedida. A instrução vale mais do que o
dinheiro, a longo prazo.
Quando ofereço esta sugestão, ouço muitas vezes:"Ah, isso é
muito trabalhoso" ou"Só quero fazer o que me interessa".
Quanto à primeira resposta, retruco:"Então o senhor prefere
passar a vida entregando 50% do que ganha ao governo?" Quanto à segunda
observação, digo:"Eu não tenho interesse em ir à academia de ginástica,
mas vou para me sentir melhor e viver mais."
Infelizmente há verdade no velho adágio"Não se pode ensinar
truques novos a um cachorro velho". A menos que a pessoa esteja
acostumada a mudar, é difícil mudar.
Mas para aqueles que ainda estão em cima do muro em relação à
idéia de trabalhar para aprender algo novo, ofereço esta palavra de
incentivo: a vida se parece muito com ir à academia. A parte mais
difícil é se decidir a começar. Uma vez feito isso, fica fácil. Em
muitas ocasiões, ficava temeroso de ir para a academia, mas chegando lá,
em movimento, era ótimo. Depois dos exercícios fico feliz de ter me
decidido a ir.
Se você não está disposto a trabalhar para aprender algo novo e
insiste em se especializar em sua área, assegure-se de trabalhar em uma
empresa sindicalizada.* Os sindicatos foram planejados para proteger
especialistas.
Meu pai instruído, depois de ter caído em desgraça junto ao
governador tornou-se presidente do sindicato de professores do Havaí.
Ele dizia que esse ---

* A legislação trabalhista dos Estados Unidos considera a possibilidade
de haver empresas em que todOS os trabalhadores devam ser sindicalizados
e outras em que nenhum seja sindicalizado. Até mais ou menos 1947, eram
admitidas empresas em que a contratação de trabalhadores só pudesse ser
feita entre sindicalizados. Depois o dispositivo foi modificado para que
os trabalhadores pudessem sindicalizar-se após a contratação. (N. T.)

era o trabalho mais pesado que já tivera na vida. Meu pai rico, por
outro lado, passou toda sua vida fazendo o possível para que suas
empresas não fossem sindicalizadas. Ele foi bem-sucedido. Embora os
sindicatos fizessem força, pai rico sempre conseguiu combatê-los.
Pessoalmente, não tomo partido porque posso ver a necessidade e
os benefícios de ambas as situações. Se você seguir os conselhos da
escola, tornando-se altamente especializado, então procure a proteção do
sindicato. Por exemplo, se eu tivesse prosseguido minha carreira de
piloto de aviões, eu teria procurado trabalhar em uma empresa em que o
sindicato dos pilotos fosse forte. Por quê? Porque minha vida teria sido
dedicada a aprender uma habilidade que só tem valor em um ramo de
atividade. Se eu tivesse que abandonar esse ramo, as minhas habilidades
não teriam valor em outras atividades. Um piloto sênior com 100 mil
horas de vôo, ganhando US$150 mil ao ano teria dificuldades em encontrar
um emprego com igual remuneração no ensino escolar. As habilidades não
se transferem necessariamente de um ramo de atividades para outro; os
pilotos recebem salários altos por possuírem habilidade que não teriam
valor, por exemplo, no sistema de ensino.
Atualmente se pode dizer o mesmo até no caso dos médicos. Com
todas as
mudanças ocorridas na medicina, os especialistas têm que se agrupar em
organizações médicas como os planos de saúde. Sem dúvida que professores
precisam se sindicalizar. Atualmente nos Estados Unidos o sindicato dos
professores é o maior e mais rico deles. A Associação Nacional de
Educação tem uma força política tremenda. Os professores precisam da
proteção de seu sindicato porque suas habilidades também têm escasso
valor fora da área da educação. De modo que regra prática é:"Se for
atualmente especializado, sindicalize-se."
Quando pergunto às minhas turmas"Quais de vocês fazem um
hambúrguer melhor do que o do McDonald's?" quase todos levantam a mão.
Então pergunto:"Se a maioria de vocês faz um hambúrguer melhor do que o
do McDonald's, como pode ser que o McDonald's ganhe mais dinheiro do que
vocês?"
A resposta é óbvia: o McDonald's é um ótimo sistema de negócios.
A razão pela qual tantas pessoas talentosas são pobres é que elas se
concentram na preparação de um melhor hambúrguer e sabem muito pouco
sobre sistemas de negócios.
Um amigo meu, do Havaí, é um grande artista. Ganha bastante
dinheiro. Um dia o advogado de sua mãe ligou dizendo que ela lhe deixara
US$35 mil. Isto é o que sobrou de seus bens depois que o advogado e o
governo pegaram sua parte. Imediatamente, ele viu uma oportunidade de
aumentar seus negócios usando parte desse dinheiro em publicidade. Dois
meses depois, seu pri-

132 Pai Rico, Pai Pobre
Trabalhe para aprender - não trabalhe pelo dinheiro 133

meiro anúncio em cores, de página inteira, apareceu em uma revista cara
voltada para os muito ricos. O anúncio foi publicado durante três meses.
Ele não teve qualquer retorno e toda a sua herança foi embora. Agora ele
quer processar a revista por ter sido enganado.
Este é um caso típico de alguém que pode fazer um belo
hambúrguer mas conhece pouco de negócios. Quando eu lhe perguntei o que
ele tinha aprendido, sua resposta foi que"publicitários são escroques".
Então lhe perguntei se ele não gostaria de fazer um curso de vendas e
outro de marketing direto. Sua resposta foi:"Não tenho tempo e não quero
jogar dinheiro fora."
O mundo está cheio de pessoas talentosas. Com muita freqüência,
são pobres ou têm dificuldades financeiras ou ganham menos do que
poderiam, não pelo que sabem mas pelo que não sabem. Concentram-se em
aperfeiçoar suas habilidades de fazer um melhor hambúrguer em vez de
pensar em como vender e entregar esse hambúrguer. Talvez o McDonald's
não faça o melhor hambúrguer, mas é o melhor no ofício de vender e
entregar um sanduíche básico médio.
Pai pobre queria que eu me especializasse. Era assim que ele
achava que se ganhava mais. Mesmo depois de ouvir do governador do Havaí
que não poderia mais trabalhar no governo do estado, meu pai instruído
continuou me incentivando a me especializar. Pai pobre então encampou a
causa do sindicato dos professores, fazendo campanhas por mais proteção
e maiores benefícios para esses profissionais altamente especializados e
instruídos. Ele nunca entendeu que quanto mais especializado você se
torna mais você fica amarrado e dependente dessa especialização.
Pai rico aconselhava Mike e eu a nos"prepararmos". Muitas
grandes empresas fazem o mesmo: procuram jovens recém-formados nas
faculdades e começam a"preparar" essas pessoas para exercer, um dia,
altos cargos na organização. Esses jovens brilhantes não se especializam
em um departamento; eles percorrem os vários departamentos para aprender
todos os aspectos dos sistemas de negócios. Os ricos
freqüentemente"preparam" seus filhos ou os filhos dos outros. Ao
fazê-lo, seus filhos adquirem uma visão geral das operações da empresa e
conhecem a inter-relação entre os vários departamentos.
A geração da Segunda Guerra Mundial considerava"ruim" ficar
trocando de emprego. Hoje considera-se uma atitude inteligente. Já que
as pessoas ficarão mudando de emprego em lugar de buscar maior
especialização, por que não pensar em"aprender" mais do que em"ganhar"?
No curto praZO você pode ganhar menos. No longo prazo, resultará em
grandes dividendos. As principais habilidades administrativas
necessárias para o sucesso são:

1. Gestão do fluxo de caixa.
2. Gestão de sistemas (incluindo você e o tempo dedicado à família).
3. Gestão de pessoal.

As habilidades especializadas mais importantes são vendas e
compreensão da comercialização. É a habilidade de vender portanto, de
comunicar-se com outro ser humano, seja cliente, funcionário, chefe,
cônjuge ou filho a base para o sucesso pessoal. São habilidades de
comunicação como redigir, falar e negociar que são cruciais para uma
vida de sucesso. São habilidades que exercito constantemente, fazendo
cursos ou comprando fitas educativas para expandir meu conhecimento.
Como já mencionei, meu pai instruído trabalhava cada vez mais arduamente
quanto mais competente se tornava. Ele também se via cada vez mais
encurralado quanto mais se especializava. Embora seu salário
aumentasse, suas escolhas diminuíam. Pouco depois de ter sido mandado
embora do trabalho no governo, descobriu como era vulnerável
profissionalmente. É semelhante ao que ocorre com os atletas
profissionais que de repente sofrem uma lesão ou ficam velhos demais
para o esporte. Sua posição bem remunerada é perdida e eles têm
habilidades limitadas às quais recorrer. Penso que é por isso que meu
pai instruído se envolveu tanto com os sindicatos a partir daí. Ele
percebeu o quanto o sindicato poderia tê-lo favorecido.
Atualmente, encontro ex-professores ganhando centenas de
milhares de dólares ao ano. Eles ganham tanto porque têm, alem das
habilidades especializadas de sua área, outras habilidades. Eles podem
tanto ensinar quanto vender e comercializar. As habilidades de venda
marketing são difíceis para
muitas pessoas sobretudo em decorrência de seu medo da rejeição.
Quanto melhor você se comunicar, negociar e lidar com esse medo da
rejeição, tanto mais fácil será a vida. Da mesma maneira que aconselhei
àquela jornalista que queria tornar-se"autora de best-sellers", repito
isso para todos: ter uma especialização técnica tem seus pontos fortes e
fracos. Tenho amigos que são genios, mas não conseguem comunicar-se
efetivamente e, em conseqüência, seus ganhos são lamentáveis. Eu os
aconselho a passar um ano aprendendo a vender. Mesmo se não ganharem
nada, sua capacidade de comunicação melhorará. E isso não tem preço.
Além de sermos bons aprendizes e vendedores e de entendermos de
marketing, devemos ser tanto bons professores quanto bons alunos. Para
sermos verdadeiramente ricos, devemos ser capazes tanto de dar quanto de
re-

134 Pai Rico, Pai Pobre

ceber. Em casos de dificuldades financeiras, freqüentemente, o que falta
é dar e receber. Sei de muita gente que é pobre porque não é nem bom
estudante nem bom mestre.
Ambos os meus pais eram homens generosos. Ambos tinham como
regra primeira o dar. A educação era uma de suas formas de doação.
Quanto mais davam mais recebiam. Uma diferença evidente estava na doação
de dinheiro. Meu pai rico doava altos montantes. Doava para a igreja,
para instituições de caridade, para sua fundação. Ele sabia que para
receber dinheiro, você deve dar dinheiro. A doação de dinheiro é o
segredo da maioria das grandes famílias ricas. É por isso que existem
instituições como a Fundação Rockfeller e a Fundação Ford. São
organizações destinadas a tomar a própria riqueza e aumentá-la, bem como
a distribuí-la perpetuamente.
Meu pai instruído costumava dizer sempre:"Quando tiver algum
dinheiro extra, vou doá-lo." O problema é que nunca havia um extra.
Trabalhava sempre mais para conseguir mais dinheiro em lugar de
concentrar-se na principal lei do dinheiro:"Dai e recebereis." Ele
acreditava no contrário: "Recebe e darás."
Concluindo, tornei-me ambos os pais. Uma parte de mim é um
capitalista convicto que adora o jogo do dinheiro fazendo dinheiro. A
outra é o do mestre socialmente responsável que está profundamente
preocupado com o crescente hiato que separa os que têm dos que não têm.
Acredito que o principal responsável por esse hiato crescente é o
sistema de ensino arcaico.

Início

CAPÍTuLO OITO

Como superar obstáculos

Mesmo que as pessoas tenham estudado e se alfabetizado do ponto
de vista financeiro, elas ainda podem enfrentar obstáculos para se
tornar financeiramente independentes. Há cinco razões principais que
levam pessoas financeiramente alfabetizadas a não desenvolver uma coluna
de ativos significativa, que poderia render grandes montantes de fluxo
de caixa. Colunas de ativos que as poderiam libertar para viver a vida
sonhada em lugar de trabalhar em tempo integral apenas para pagar as
contas. Essas cinco razões são:

1. Medo. 2. Ceticismo. 3. Preguiça. 4. Maus hábitos. 5.
Arrogância.

Razão n 1. Superar o medo de perder dinheiro. Nunca encontrei
alguém que gostasse realmente de perder dinheiro. E em toda a minha vida
nunca encontrei uma pessoa rica que nunca tivesse perdido dinheiro. Mas
encontrei uma porção de gente pobre que nunca perdeu um tostão...
investindo. O medo de perder dinheiro é real. Todo mundo tem. Mesmo os
ricos. Mas o problema não está no medo, está na maneira de lidar com as
perdas. É a maneira de lidar com o fracasso que faz a diferença na vida
da gente. Isso serve para qualquer coisa, não apenas para o dinheiro. A
principal diferença entre uma pessoa rica e outra pobre está em como
elas lidam com esse medo.

138 Pai Rico, Pai Pobre
Como superar obstáculos 139

Não há nada errado em ter medo. É aceitável ser um covarde
quando se trata de dinheiro. Você ainda pode ser rico. Somos todos
heróis em algumas circunstâncias e covardes em outras. Uma amiga de
minha esposa é enfermeira de um pronto-socOrrO. Quando vê sangue, entra
em ação. Quando falo em investir, ela sai correndo. Quando eu vejo
sangue, nao fujo, desmaio.
Meu pai rico entendia as fobias relativas ao dinheiro."Algumas
pessoas têm pavor de cobra. Algumas pessoas têm pavor de perder
dinheiro. Ambas são fobias", dizia. Sua solução para a fobia de perder
dinheiro era um pequeno verso:
"Se você odeia risco e preocupaçãO... comece cedo."
É por isso que os bancos aconselham iniciar o hábito da poupança
desde a juventude. Se você começar jovem, será fácil ser rico. Não vou
me estender sobre isso mas há uma grande diferença entre pessoas que
começam a poupar aos vinte anos e as que começam aos trinta. Uma
diferença apreciável.
Diz-se que um dos assombros do mundo é o poder dos juros
compostos. A aquisição da Ilha de Manhattan é considerada uma das
maiores pechinchas de todos os tempos. Nova York foi comprada por US$24
em badulaques e contas de vidro. Contudo, se esses US$24 tivessem sido
investidos a juros de 8% ao ano, esses US$24 estariam valendo mais de
US$28 trilhões em 1995. Manhattan poderia ser recomprada e ainda
sobraria dinheiro para comprar boa parte de Los Angeles, especialmente
com os preços de imóveis vigentes em 1995.
Meu vizinho trabalha para uma grande empresa de computadores.
Está lá há 25 anos. Em cinco anos ele deixará a empresa com US$4 milhões
em seu fundo de pensão privado. O dinheiro está aplicado em fundos
mútuos altamente rentáveis, que ele converterá em títulos e papéis do
governo. Ao aposentar-se ele estará com 55 e terá um fluxo de caixa de
cerca de US$300 mil ao ano, mais do que o seu salário atual. Isto quer
dizer que é possível fazer, mesmo se você não quer perder ou odeia
riscos. Mas precisa começar cedo e fazer um plano de pensão; além disso,
você deveria contratar um consultor financeiro em que confie antes de
investir.
Mas se não tiver muito tempo pela frente ou se quiser
aposentar-se mais cedo? Como você lida com o medo de perder dinheiro?
Meu pai pobre não fez nada. Ele simplesmente evitava o assunto,
recusando-se a discuti-lo.
Pai rico por outro lado recomendava que eu pensasse como um
texano. "Gosto do Texas e dos texanos", falava."No Texas tudo é maior.
Quando OS texanos ganham, eles ganham muito. E quando perdem, é
espetacular." - Eles gostam de perder? - perguntei.
- Não estou dizendo isso. Ninguém gosta de perder. Mostre-me um
perdedor feliz e eu lhe mostro um fracassado respondeu pai rico. - É da
atitude dos texanos em face do risco, da recompensa e do fracasso que
estou falando. É como eles encaram a vida. Eles vivem grande. Não como a
maioria do pessoal daqui, que vive como baratas quando se trata de
dinheiro. Baratas com medo que alguém jogue um facho de luz em cima
delas. Gente que se lamuria quando o empregado do armazém erra o troco
por vinte centavos.
Pai rico continuou explicando.
- O que eu mais gosto é da atitude dos texanos. Eles se orgulham
de ganhar e se gabam quando perdem. Os texanos têm um ditado:"Se você
for quebrar, quebre em grande estilo." Você não vai querer admitir que
quebrou por uma ninharia. A maioria das pessoas aqui tem tanto medo de
perder que não tem sequer uma ninharia para perder.
Ele falava constantemente com Mike e comigo que a maior razão da
falta de sucesso financeiro era que a maioria das pessoas buscava
segurança demais. "As pessoas têm tanto medo de perder que elas perdem",
costumava dizer.
Fran Tarkenton, que foi um grande zagueiro do futebol americano,
dizia isso de outra forma:"Vencer significa não ter medo de perder."
Ao longo de minha vida, observei que os ganhos em geral se
seguem às perdas. Antes de aprender a andar de bicicleta, levei muitas
quedas. Nunca encontrei um jogador de golfe que não tivesse perdido
alguma vez uma bola. Nunca encontrei alguém apaixonado que nunca tivesse
tido o coração despedaçado. E nunca encontrei ninguém rico que não
tivesse perdido dinheiro.
A maioria das pessoas não obtém ganhos financeiros porque a dor
de perder dinheiro é maior do que a alegria de ficar rico. Outro ditado
do Texas é: "Todos querem ir para o céu, mas ninguém quer morrer." Todos
sonham em ser ricos, mas têm pavor de perder dinheiro. Então nunca se
chegará ao céu.
Pai rico costumava contar para Mike e para mim histórias de suas
viagens ao Texas."Se você quer realmente aprender como lidar com o
risco, com as perdas e com os fracassos, vá para San Antonio e visite o
Álamo. O Alamo é uma grande história de gente corajosa que optou por
lutar, sabendo que não havia esperança de sucesso contra a superioridade
do inimigo. Eles preferiram morrer a render-se. É uma história
inspiradora que merece ser estudada contudo, não deixa de ser uma
trágica derrota militar. Eles levaram um chute no traseiro. Um fracasso,
se quiserem. Perderam. Então, como é que os texanos lidam com o
fracasso? Eles ainda gritam: Lembre-se do Ala mo!"
Mike e eu ouvimos esta história muitas vezes. Pai rico sempre as
repetia quando estava entrando em um grande negócio e ficava nervoso.
Depois que
tinha estudado tudo e era pegar ou largar, ele nos contava a
história. Toda

140 Pai Rico, Pai Pobre
Como superar obstáculos 141

vez que sentia medo de cometer um erro, ou de perder dinheiro, ele nos
contava a história. Ela lhe dava força, lembrava-lhe que sempre é
possível transformar uma perda financeira em um ganho financeiro. Pai
rico sabia que esse fracasso o tornaria mais forte e mais esperto. Não é
que ele quisesse perder; apenas sabia quem ele era e como ele aceitaria
a perda. Ele pegaria uma perda e a transformaria em um ganho. Isso é que
o tornava um vencedor e os outros, perdedores. A história lhe dava
coragem para avançar quando outros recuavam."É por isso que gosto tanto
dos texanos. Eles pegaram um grande fracasso e o transformaram em uma
grande atração turística que lhes rende milhões."
Provavelmente, as palavras que mais significam para mim nos dias
de hoje são estas:"Os texanos não escondem seus fracassos. São
inspirados por eles. Pegam seus fracassos e os transformam em gritos de
guerra. O fracasso inspira os texanos a se tornarem vencedores. Mas isso
não é apenas uma fórmula para os texanos. É uma fórmula para todos os
vencedores."
É como andar de bicicleta: as quedas foram parte do meu
aprendizado. Lembro que elas aumentavam minha determinação de aprender.
Não a diminuíam. Também disse que nunca encontrei um jogador de golfe
que nunca tivesse perdido uma bola. Perder uma bola ou um torneio serve
de inspiração aos jogadores de golfe para serem melhores, praticarem
mais, estudarem mais. Isso é o que os aperfeiçoa. Para os vencedores, os
fracassos são uma inspiração. Para os perdedores, o fracasso é uma
derrota.
Citando John D. Rockefeller:"Sempre tentei transformar cada
fracasso em uma oportunidade."
Sendo nipo-americano, posso falar o seguinte. Muitas pessoas
dizem que Pearl Harbor foi um erro americano. Eu digo que foi um erro
japonês. No filme Tora, Tora, Tora, um sombrio almirante japonês diz a
seus subordinados: "Receio que tenhamos acordado um gigante
adormecido.""Lembre-se de Pearl Harbor" tornou-se um grito de guerra.
Transformou uma das maiores derrotas dos Estados Unidos em uma razão
para vencer. Esta grande derrota deu força aos Estados Unidos, que logo
se transformaram em uma potência mundial.
O fracasso inspira os vencedores. E o fracasso derrota os
perdedores. É O maior segredo dos ganhadores. É o segredo que os
perdedores não conhecem. O maior segredo dos vencedores é que o fracasso
inspira a vitória; por isso eles não têm medo de perder. Repetindo Fran
Tarkenton:"Vencer significa não ter medo de perder." Pessoas como
Tarkenton não têm medo de perder porque sabem quem são. Odeiam perder,
de modo que sabem que O fracasso apenas as incentivará a se tornarem
melhores. Há uma grande diferença entre detestar perder e ter medo de
perder. A maioria das pessoas tem tanto medo de perder dinheiro que
acaba perdendo. Elas quebram por uma ninharia. Financeiramente desejam
segurança demais e têm um horizonte estreito. Compram casas grandes e
carros grandes, mas não fazem grandes investimentos. A principal razão
que leva 90% dos americanos a ter proble- mas financeiros é que eles
jogam para não perder. Não jogam para ganhar.
Eles procuram seus consultores financeiros ou seus contadores ou
seus corretores e adquirem um portfólio equilibrado. Muitos aplicam
altas somas em Certificados de Depósito, em títulos de baixo rendimento,
em fundos mútuos e em poucas ações. É um portfólio seguro e inteligente.
Mas não é um portfólio vencedor. É o portfólio de quem não quer perder.
Não me entenda mal. É provavelmente um portfólio melhor do que o
da maioria da população, mas isso é apavorante. Um portfólio seguro é
melhor do que nenhum portfólio. É um grande portfólio para quem adora a
segurança. Mas buscar a segurança e o"equilíbrio" em seu portfólio de
aplicaçoes não é a forma como jogam os investidores bem-sucedidos. Se
você tem pouco dinheiro e quer ficar rico, você deve estar"focado", não
"equilibra do". Se você observar qualquer pessoa bem-sucedida, verá que
no início elas não estavam equilibradas. Pessoas equilibradas não vão a
lugar algum. Ficam em um lugar. Para progredir é preciso, no início, de
um desequilíbrio. Veja como você progride quando anda.
Thomas Edison não estava equilibrado. Estava focado. Bill Gates
não estava equilibrado. Estava focado. Donald Trump está focado. George
Soros está focado. George Patton não distribuiu seus tanques por uma
área ampla. Ele os focou e arrasou os pontos fracos da linha alemã. Os
franceses se espalharam pela Linha Maginot e você sabe o que aconteceu
com eles.
Se você tem algum desejo de ser rico, você deve focar. Pôr uma
porção de Ovos em umas poucas cestas. Não fazer o que fazem os pobres e
a classe média: põem poucos ovos em muitas cestas.
Se você odeia perder, procure a segurança. Se perder o
enfraquece, procure a segurança. Procure aplicações equilibradas. Se
você tem mais de 25 anos e está apavorado em assumir riscos, não mude.
Procure a segurança, mas comece cedo. Comece a formar suas poupanças
cedo porque vai levar tempo.
Mas se você tem sonhos de liberdade, a primeira coisa a
perguntar-se é: "Qual a minha reação ante o fracasso?" Se o fracasso o
inspirar a ganhar, talVez você deva seguir adiante - mas só talvez. Se o
fracasso o enfraquece ou O leva ao desespero - como os garotos mimados
que correm ao advogado para processar alguém toda vez que as coisas não
saem do seu jeito - então procure a segurança. Fique com seu emprego. Ou
compre títulos ou fundos mútuos. Mas lembre que esses instrumentos
financeiros também têm seus riscos mesmo sendo mais seguros.

142 Pai Rico, Pai Pobre
Como superar obstáculos 143

Digo tudo isso, citando os texanos e Fran Tarkenton, porque
aumentar a coluna de ativos é fácil. É realmente um jogo que não exige
grandes atitudes. Não exige muita instrução. A matemática do primeiro
grau resolve. Mas aumentar a coluna de ativos é um jogo de atitude.
Exige garra, paciência e resistência ante o fracasso. Os perdedores
evitam o fracasso. E o fracasso transforma perdedores em vencedores,
lembre-se do Álamo.
Razão n 2. Superar o ceticismo."O céu está caindo. O céu está
caindo." Todos nós conhecemos a história da galinha pessimista, que
corria em torno do terreiro anunciando o fim do mundo. Todos conhecemos
gente assim. Mas todos temos uma"galinha pessimista" dentro de nós.
Como já disse em outra ocasião, o cético é verdadeiramente uma
galinha pessimista. Todos nós parecemos com a galinha pessimista quando
o medo e a dúvida toldam nossos pensamentos.
Todos nós temos dúvidas."Não sou inteligente.""Não sou tão bom
assim.""Fulano é melhor do que eu." Nossas dúvidas muitas vezes nos
paralisam. Jogamos o jogo do"E se?"."E se a economia entrar em colapso
logo depois de eu fazer o investimento?""E se eu me descontrolar e não
conseguir pagar as dívidas?""E se as coisas não funcionarem como
planejado?" Ou temos amigos ou pessoas amadas que nos lembram sempre
nossas falhas. Eles dizem freqüentemente:"O que o faz pensar que você
pode fazer isso?" "Se fosse uma idéia tão boa, então como foi que
ninguém se lembrou disso antes?""Isso nunca vai dar certo. Você não sabe
do que está falando." Essas palavras de dúvida muitas vezes calam tão
profundamente que deixamos de agir. Um sentimento horrível aperta nosso
estômago. Às vezes não conseguimos dormir. Não andamos para a frente, de
modo que ficamos com a segurança e abandonamos as oportunidades.
Observamos a vida passando por nós enquanto sentamos imobilizados com um
frio no corpo. Todos já passamos por isso na vida, alguns mais do que
outros. Peter Lynch, do Fidelity Magellan, um conhecido fundo mútuo, faz
advertências sobre o céu que despenca como um"ruído" e todos nós o
ouvimos. O"ruído" pode ser criado dentro da nossa cabeça ou vir de fora.
Muitas vezes de amigos, familiares, colegas ou da mídia. Lynch lembra o
tempo na década de 1950, em que a ameaça de uma guerra nuclear era tão
comum no noticiário que as pessoas começaram a construir abrigos
antinucleares e a estocar alimentos e água. Se elas investissem esse
dinheiro sabiamente no mercado, em lugar de construir os abrigos,
provavelmente teriam atingido a independência financeira nos dias de
hoje.
Quando explodiram os motins em Los Angeles há alguns anos, as
vendas de armas aumentaram em todo o país. Uma pessoa morreu depois de
ter ingerido um hambúrguer malpassado no estado de Washington e o
Departamento de Saúde do Arizona determinou que os restaurantes
preparassem somente carne bem-passada. Uma empresa farmacêutica divulgou
nacionalmente um anúncio de televisão mostrando pessoas gripadas. O
anúncio foi divulgado em fevereiro. Os casos de gripe aumentaram bem
como as vendas do medicamento anunciado.
A maioria das pessoas é pobre porque quando se trata de
investir, o mundo está cheio de"pessimistas" que correm gritando"O céu
está caindo"."O céu está caindo." E os pessimistas atingem seus
objetivos porque todos somos um pouco pessimistas. Muitas vezes é
necessário coragem para não permitir que rumores e anúncios de desastres
afetem nossas dúvidas e medos.
Em 1992, um amigo chamado Richard foi de Boston a Phoenix para
visitar minha mulher e eu. Ele estava impressionado com o que tínhamos
feito por meio de ações e imóveis. Os preços dos imóveis em Phoenix
estavam deprimidos. Passamos dois dias mostrando-lhe o que
considerávamos excelentes oportunidades de geração de fluxo de caixa e
de valorização de capital.
Minha mulher e eu não somos verdadeiramente corretores
imobiliários. Somos apenas investidores. Depois de identificar uma
unidade em um condomínio de lazer, chamamos o corretor que a vendeu para
Richard naquela mesma tarde. O preço era de apenas US$42 mil para uma
casa de dois quartos. Unidades semelhantes estavam sendo vendidas a
US$65 mil. Meu amigo achou que era uma pechincha, fechou o negócio e
voltou para Boston.
Duas semanas depois o corretor ligou dizendo que meu amigo tinha
voltado atrás. Liguei imediatamente para ele a fim de saber o que
ocorrera. Tudo o que ele disse foi que falou com um vizinho e este lhe
disse que era um mau negócio. O preço era alto demais.
Perguntei a Richard se o vizinho era um investidor. Richard
respondeu "nao". Quando eu lhe perguntei por que, então, lhe dava
ouvidos, meu amigo partiu para a defensiva e simplesmente disse que
preferia procurar um pouco mais. O mercado imobiliário de Phoenix se
recuperou e, por volta de 1994, aquela pequena unidade estava sendo
alugada por US$1 mil mensais - US$2,5 mil nos meses de inverno. Seu
valor alcançava, em 1995, US$95 mil. Tudo o que Richard teria precisado
era dar uma entrada de US$5 mil e já teria dado o primeiro passo para
sair da Corrida dos Ratos. Até hoje ele não fez nada. E as pechinchas de
Phoenix ainda estão aí, só que agora é preciso procurar bem mais.

144 Pai Rico, Pai Pobre
Como superar obstáculos 145

O recuo de Richard não me surpreendeu. É o chamado"remorso do
comprador" e afeta a todos. São essas dúvidas que atrapalham. O
pessimismo ganhou e perdeu-se uma chance de libertação.
Outro exemplo. Uma pequena parte de meus ativos está aplicada em
Certificados de Gravame de Impostos* em lugar de Certificados de
Depósitos. Assim, meu dinheiro rende 16% ao ano, o que sem dúvida é
melhor do que os 5% que o banco oferece. Esses certificados são
garantidos por imóveis e são estabelecidos por leis estaduais, o que
também é melhor do que o que a maioria dos bancos oferece. A fórmula em
que estão embasados os torna seguros. Eles só não têm liquidez. De modo
que eu os considero Certificados de Depósito com prazo de dois a sete
anos. Sempre que menciono para alguém, especialmente para aqueles que
aplicam em Certificados de Depósito, que também aplico daquela forma,
ouço dizer que se trata de uma opção arriscada. Dizem que eu não deveria
aplicar nesses títulos. Quando pergunto como obtiveram essa informação,
mencionam um amigo ou uma revista de negócios. Eles nunca aplicaram
nisso e falam para quem o faz que é um equívoco fazê-lo. O rendimento
mais baixo que procuro é 16%, mas pessoas cheias de dúvidas se conformam
com 5%. A dúvida é cara.
Quero ressaltar que são essas dúvidas e esse ceticismo que
mantêm muitas pessoas na pobreza, correndo atrás da segurança. O mundo
real está aí esperando que você enriqueça. Só as dúvidas mantêm as
pessoas na pobreza. E, como já disse, sair da Corrida dos Ratos é
tecnicamente fácil. Não requer muita instrução, mas as dúvidas são um
obstáculo para muita gente.
"Os céticos nunca ganham", dizia pai rico."A dúvida não
esclarecida e o medo criam o cético. Os céticos criticam e os vencedores
analisam" era outra de suas frases favoritas. Pai rico explicava que a
crítica cegava enquanto a análise abria os olhos. A análise permitia que
os vencedores vissem que os críticos eram cegos e que percebessem
oportunidades que todos os demais não percebiam. E encontrar o que os
outros não vêem é a chave para qualquer sucesso.

---

* Em boa parte dos estados americanos, a inadimplência no pagamento dos
impostos prediais é punida com multa e eventualmente o imóvel pode ir a
leilão. Como a dívida do imposto predial se sobrepõe a qualquer outro
ônus que possa pesar sobre o imóvel, criou-se um mecanismo pelo qual
pessoas ou instituições se responsabilizam pelo pagamento do imposto em
troca do recebimento da multa ou da aquisição do imóvel inadimplente.
Como o retorno desta aplicação depende de vários fatores (legitimidade
do título de propriedade, localização do imóvel etc.) que implicam
trabalho de pesquisa para o aplicador, instituições financeiras passaram
a se encarregar de fazer isso, no atacado, e emitem títulos ao público
embasados em tais direitos. (N. T.)


Os imóveis são uma poderosa ferramenta de investimento para quem
esteja em busca da independência financeira. É um instrumento único.
Contudo, sempre que menciono os imóveis como uma aplicação, ouço alguém
dizer:"Não quero consertar vasos sanitários." Isso é o que Peter Lynch
chama de"ruído". E o que pai rico chamava de conversa de cético. Alguém
que critica e não analisa. Alguém que deixa que suas dúvidas e medos
fechem sua mente em vez de abrir seus olhos.
Quando alguém fala"Não quero consertar vasos sanitários", tenho
vontade de retrucar:"E o que o faz pensar que eu quero?" Eles estão
dizendo que um vaso é mais importante do que aquilo que eles querem. Eu
falo de liberação da Corrida dos Ratos, e eles pensam em vasos
sanitários. Esse é o padrão de pensamento que mantém muita gente na
pobreza. Criticam em vez de analisar.
"A chave de seu sucesso está nos não quero", dizia pai rico.
Eu também não estou a fim de consertar vasos sanitários, procuro
sempre um bom administrador de imóveis que conserte os vasos. E ao
encontrar um bom administrador que cuide bem dos imóveis, meu fluxo de
caixa aumenta. Mais importante ainda, um bom administrador de imóveis me
permite comprar ainda mais imóveis, pois não preciso me preocupar com o
conserto dos vasos sanitários. Um bom administrador de imóveis é a chave
para o sucesso com imóveis. Achá-lo é mais importante do que o próprio
imóvel. Um bom administrador muitas vezes sabe de bons negócios antes
dos corretores, o que os torna ainda mais valiosos.
É isso o que o meu pai rico queria dizer quando falava"A chave
de seu sucesso está nos não quero". Como eu também não quero consertar
vasos, descobri uma forma de comprar mais imóveis e apressar minha saída
da Corrida dos Ratos. As pessoas que continuam falando"Não quero
consertar vasos sanitários , muitas vezes se privam desse poderoso
instrumento de investimento. Os vasos são mais importantes que sua
liberdade.
No mercado de ações ouço muita gente declarar:"Não quero perder
dinheiro." Bom, o que os leva a pensar que eu ou qualquer outra pessoa
gostamos de perder dinheiro? Eles não ganham dinheiro porque optam por
não perder dinheiro. Em lugar de analisar, fecham suas mentes a outro
poderoso meio de investimento, o mercado de ações.
Em dezembro de 1996, estava passando com um amigo pelo posto de
gasolina do bairro. Ele olhou e viu que o preço da gasolina estava
aumentando. Meu amigo é um cara encucado, um pessimista. Para ele o céu
está sempre a ponto de cair, e em geral cai sobre sua cabeça.

146 Pai Rico, Pai Pobre
Como superar obstáculos 147

Quando chegamos em casa, ele me expôs todas as estatísticas que
mostravam por que o preço do petróleo deveria aumentar nos próximos
anos. Estatísticas que eu nunca vira antes, mesmo quando eu já tinha um
substancial bloco de ações de uma empresa petrolífera. Com essa
informação em mãos comecei a procurar e achei uma nova empresa
petrolífera que estava a ponto de descobrir algumas jazidas. Meu
corretor ficou entusiasmado com essa nova empresa e eu comprei 15 mil
ações por 65 centavos cada uma.
Em fevereiro de 1997, enquanto escrevo este livro, o mesmo amigo
e eu passamos pelo mesmo posto de gasolina e, de fato, o preço do
combustível subira cerca de 15%. Novamente, o pessimista se preocupou e
se queixou. Eu sorri porque em janeiro desse mesmo ano, o preço daquelas
ações da pequena empresa petrolífera já valiam US$3 cada uma. E o preço
da gasolina deverá continuar aumentando, se o que meu amigo diz for
verdade.
Em vez de analisar, os pessimistas fecham suas mentes. Se a
maioria das pessoas entendesse como uma ordem de"stop" funciona nos
investimentos em ações, haveria mais gente investindo para ganhar do que
para não perder. O"stop" é simplesmente um comando de computador que
vende automaticamente suas ações se o preço começa a cair, ajudando-o a
minimizar as perdas e a maximizar alguns ganhos. É uma grande ferramenta
para aqueles que têm pavor de perder.
Por isso, sempre que ouço pessoas preocupadas com os"Não quero"
em vez de pensar no que querem, sei que o"ruído" de suas cabeças deve
ser grande. O pessimista se apoderou delas e grita"O céu caiu e os vasos
sanitários estão enguiçando". Assim elas evitam seus"Não quero" mas
pagam um preço alto. Nunca conseguirão o que querem na vida.
Pai rico me mostrou uma maneira de olhar o pessimista."Faça o
que fez o coronel Sanders." Com 66 anos de idade, ele perdeu seu negócio
e começou a viver da aposentadoria da Seguridade Social. Não era o
suficiente. Ele começou a percorrer o país tentando vender sua receita
de galinha frita. Ela foi recusada 1.009 vezes antes que alguém
dissesse"sim". E ele acabou se tornando um multimilionário em uma idade
em que a maioria das pessoas está desistindo."Ele era um homem corajoso
e tenaz", dizia pai rico a respeito de Harlan Sanders.
Assim, quando você estiver em dúvida e um pouco receoso, faça o
que o coronel Sanders fez com sua galinha. Ele a fritou.
Razão n0 3. Preguiça. Pessoas ocupadas são, com freqüência,
preguiçosas, todos nós conhecemos istórias do homem de negócios que
trabalha arduamente para ganhar dinheiro. Ele dá duro para ser um bom
provedor de sua mulher e de seus filhos. Ele passa longas horas no
escritório e leva trabalho para casa nos fins de semana. Um dia, ao
chegar em casa, encontra-a vazia. Sua esposa foi embora com as crianças.
Ele sabia que estava tendo problemas com a esposa, mas em vez de
esforçar-se em fortalecer a relação, ele se dedicou ao trabalho.
Desiludido, seu desempenho no emprego declina e ele é demitido.
Hoje em dia, encontro freqüentemente gente muito ocupada para
cuidar de sua riqueza. E há pessoas muito ocupadas para cuidar da
própria saúde. A causa é a mesma. Estão ocupadas e continuam ocupadas
como forma de evitar algo que não desejam enfrentar. Ninguém precisa
lhes dizer isso. No seu íntimo elas sabem. De fato, se você falar sobre
o assunto com elas, elas respondem muitas vezes com raiva ou irritaçao.
Se não estão ocupadas com o trabalho ou com as crianças, muitas
vezes estão ocupadas assistindo à televisão, jogando golfe ou fazendo
compras. Contudo, lá no fundo sabem que estão fugindo de algo
importante. Essa é a forma mais comum de preguiça. A preguiça
mantendo-se ocupado.
E qual é a cura para a preguiça? A resposta está em um pouco de
ambição.
Muitos de nós fomos educados pensando que a ambição ou a
ganância é algo ruim."Pessoas gananciosas são más", dizia minha mãe.
Contudo, todos nós temos o desejo de possuir coisas belas, novas ou
empolgantes. Para manter essa emoção de desejo sob controle, muitas
vezes os pais encontram formas de suprir esse sentimento com culpa.
"Você só pensa em você mesmo, não sabe que tem irmãos e irmãs?" -
era uma das frases favoritas da minha mãe. Ou"Você quer que eu compre o
que para você?", repetia meu pai."Você pensa que fabricamos dinheiro?
Você pensa que o dinheiro dá em árvore? Você sabe que não somos ricos."
Não eram tanto as palavras, mas o sentimento de culpa que as
acompanhava, o que me deixava possesso.
O reverso da criação desse sentimento de culpa era:"Sacrifico
minha vida para lhe comprar isto. Estou comprando para você porque nunca
tive coisas assim quando criança." Tenho um vizinho que está totalmente
falido, mas que não consegue colocar o carro na sua garagem. A garagem
está cheia de brinquedos das crianças. Esses garotos mimados têm tudo o
que sonham."Não quero que saibam o que é passar necessidade", diz o pai.
Ele não tem um tostão guardado para mandar os filhos para a universidade
ou para ele mesmo Se aposentar, mas seus filhos têm todos os brinquedos
possíveis. Recentemente recebeu pelo correio um novo cartão de crédito e
levou os filhos para conhecer Las Vegas."Faço isso pelos garotos", diz
com ar de grande sacrifício.

148 Pai Rico, Pai Pobre
Como superar obstáculos 149

Na casa de minha família de verdade, escutava isso a toda hora.
Já pai rico queria que seus filhos dissessem:"Como posso comprar isso?"
Ele considerava que as palavras"Não dá para comprar" fechavam o cérebro.
Você não precisava pensar mais."Como posso comprar isso?" era uma forma
de abrir a mente. Obrigava você a pensar e buscar alternativas.
Mais importante do que isso, ele considerava que"Não dá para
comprar é uma mentira. E o espírito humano sabe disso."O espírito humano
é poderoso, muito poderoso", dizia. Quando sua mente preguiçosa
repete"Não dá para comprar", uma guerra se estabelece dentro de você.
Seu espírito se enfurece, e sua mente preguiçosa deve defender a mentira
dita. O espírito grita:"Vamos. Vamos para a academia fazer exercícios."
E a mente preguiçosa responde:"Estou cansada. Trabalhei muito hoje." Ou
o espírito humano diz: "Estou cansado de ser pobre. Vamos sair daqui e
enriquecer." E a mente preguiçosa fala:"Pessoas ricas são gananciosas.
Além disso, dá muito trabalho. Não é seguro. Posso perder dinheiro. Do
jeito que está já trabalho muito. Já tenho que fazer coisa demais no
emprego. Veja o que tenho que fazer hoje à noite. O chefe quer que eu
entregue de manhã."
"Não dá para comprar" também traz tristeza. Uma sensação de
desamparo que leva ao desânimo e muitas vezes à depressão."Apatia"é
outra palavra que se aplica."Como posso comprar isso?" abre
possibilidades, empolgação e sonhos. Pai rico não estava tão preocupado
com o que você queria comprar, mas esse"Como posso comprar isso?"
fortalece a mente e dinamiza o espírito.
Assim, raramente ele dava alguma coisa a Mike ou a mim. Em vez
disso perguntava"Como você pode comprar isso?", e isso incluía a
mensalidade da universidade que nós tínhamos que pagar com nosso
dinheiro. Não era o objetivo, mas o processo de atingir o objetivo que
desejávamos o que ele procurava passar para nós.
O problema é que hoje sinto que milhões de pessoas se sentem
culpadas por sua ambição. É um condicionamento que vem da infância. Elas
desejam ter melhores condições que a vida oferece. A maioria foi
condicionada, entretanto, a dizer subconscientemente"Você não pode ter
isso" ou"Você nãO conseguirá comprar isso nunca". Quando decidi sair da
Corrida dos Ratos, havia uma questão simples: "Como posso conseguir não
voltar a trabalhar mais?" E minha mente começou a disparar respostas e
soluções. A parte mais difícil foi romper com os dogmas de minha família
de verdade..."Não podemos comprar isso" ou"Pare de pensar só em você"
ou"Por que você não pensa nos outros?" e outras expressões parecidas que
se destinavam a criar culpa e suprimir minha ambição.
Assim, como combater a preguiça? A resposta está em um pouco de
ambição. É como diz aquela estação de rádio, WII-FM, O que há aí para
mim?. A pessoa precisa sentar e pensar"O que há aí para mim se sou
saudável, sexy e tenho boa aparência?""Como seria minha vida se eu nunca
tivesse que voltar a trabalhar?""O que seria de mim se eu tivesse todo o
dinheiro de que preciso?" Sem esse pouco de ambição, não há o desejo de
ter algo melhor, de progredir. Vamos à escola e estudamos muito porque
queremos algo melhor. Então sempre que você se flagrar evitando algo que
você sabe que deveria fazer, a única coisa a fazer é perguntar-se O que
há aí para mim?. Seja um pouco ambicioso. É a melhor cura para a
preguiça.
Contudo, ambição demais, como todo exagero, não é bom. Mas
lembrese do que Michael Douglas falava no filme Wall Street:"A ambição é
boa." Pai rico falava de forma diferente:"A culpa é pior do que a
ambição, pois a culpa nos rouba a alma." E, para mim, quem falou melhor
foi Eleanor Roosevelt:"Faça o que seu coração acha certo - de qualquer
forma você será criticado. Você estará perdido se fizer e perdido se não
fizer."
Razao n 4. Maus hábitos. Nossas vidas são mais um reflexo de
nossos hábitos do que de nossa educação. Depois de ver o filme Gonan,
protagonizado por Arnold Schwarzenegger, um amigo falou:
- Adoraria ter o corpo de Schwarzenegger - vários caras
concordaram.
- Ouvi dizer que antes ele era magro e fraco acrescentou outro
amigo.
- Também já ouvi isso acrescentou Outro. - Dizem que ele malha
todos os dias na academia.
- Aposto que sim.
- O quê? exclamou o cínico do grupo. -Aposto que é assim de
nascença. Vamos mudar de assunto e tomar umas cervejas.
Este é um exemplo de comportamento controlado pelos hábitos.
Lembro-me de fazer perguntas a pai rico sobre os hábitos dos ricos. Em
vez de dar resposta direta, ele tentou ensinar pelo exemplo como
costumava fazer:
- Quando seu pai paga as contas dele? perguntou pai rico.
- No início do mês respondi.
- E sobra alguma coisa? prosseguiu pai rico.
- Pouco disse eu.
- É por isso que ele tem dificuldades falou pai rico. - Ele tem
maus hábitos. Seu pai paga primeiro todos os outros. Ele paga a si mesmo
por últimO, mas só se sobrar alguma coisa.
- O que em geral não acontece - comentei. - Mas ele tem que
pagar as contas, não tem? O senhor está dizendo que ele não deveria
pagar as contas?

150 Pai Rico, Pai Pobre
Como superar obstáculos 151

- Claro que não - disse pai rico. - Acredito firmemente em pagar
minhas contas no prazo. Só que eu pago a mim mesmo em primeiro lugar.
Mesmo antes de pagar ao governo.
- Mas o que acontece se o senhor não tiver dinheiro que chegue?
retruquei. - O que o senhor faz então?
- A mesma coisa prosseguiu pai rico. - Primeiro pago a mim
mesmo. Mesmo se tiver pouco dinheiro. Minha coluna de ativos é muito
mais importante para mim do que o governo.
- Mas - continuei - eles não vão atrás do senhor?
- Sim, se você não pagar - disse pai rico. - Olhe, não estou
falando para não pagar. Só que eu pago a mim mesmo primeiro, mesmo
quando tenho pouco dinheiro.
- Mas como é que o senhor consegue isso? - disse eu.
- A questão não é como. A questão é por quê? - replicou pai
rico.
- Ok, por quê?
- Motivação - falou pai rico. - Quem reclamará mais se eu não
pagar eu ou meus credores?
- Sem dúvida os credores gritarão mais alto - respondi à
pergunta óbvia. - O senhor não faria nada se pagasse a si próprio.
- Está vendo, depois de pagar a mim mesmo, a pressão para pagar
meus impostos e os demais credores é tão grande que me obriga a buscar
outras formas de renda. A pressão para pagar se torna uma motivação. Já
tive empregos extras, comecei outros empreendimentos, negociei na bolsa,
qualquer coisa para ter certeza de que esses caras não ficassem gritando
comigo. Essa pressão me fez trabalhar mais, me obrigou a pensar, e tudo
isso me tornou mais esperto e mais ativo no que se refere a dinheiro. Se
eu deixasse para me pagar no final, não teria sentido as pressões, e
estaria quebrado.
- Quer dizer que é o medo do governo ou de outras pessoas a quem
deve dinheiro que o motiva?
- Certo - disse pai rico. - Você vê, o pessoal do governo é
forte. Os demais credores também. A maioria das pessoas se rende a esses
tiranos. Elas pagam a eles e nunca se pagam a si próprias. Você conhece
a história do fracote a quem atiram areia na cara?
Abanei a cabeça afirmativamente:
- Já vi esse anúncio de aulas de fisiculturismo nos gibis muitas
vezes.
-Bem, grande parte das pessoas deixa que os fortes lhes joguem
areia na cara. Eu decidi usar o medo do tirano para me tornar mais
forte. Outros ficam mais fracos. Ao me forçar a pensar em como ter mais
dinheiro, estou fazendo como quem vai malhar na academia. Quanto mais
trabalho os músculos de minha mente, mais forte me torno. Agora não
tenho medo desse pessoal.
Gostei do que pai rico estava falando.
- Então se eu pagar a mim mesmo primeiro, ficarei mais forte
financeira, mental e fisicamente.
Pai rico concordou.
- E se eu me pagar por último, ou deixar de me pagar, fico mais
fraco, Chefes, administradores, credores e locadores ficarão me
perturbando a vida inteira, só porque não tenho bons hábitos quanto ao
dinheiro.
- Igualzinho ao fracote do anúncio disse pai rico.
Razão N 5. A arrogância é ego mais ignorância.
"O que eu sei me faz ganhar dinheiro. O que eu não sei me faz perder
dinheiro. Toda vez que fui arrogante perdi dinheiro, porque quando sou
arrogante, acredito mesmo que o que não sei não é importante", repetia
freqüentemente pai rico.
Descobri que muita gente usa a arrogância para tentar esconder a própria
ignorancia. Isso costuma acontecer quando discuto demonstrações
financeiras com contadores ou até com outros investidores. Eles tentam forçar
caminho na discussão. Para mim, fica claro que não sabem do que estão falando.
Não estão mentindo, mas também não estão falando a verdade.
Há muita gente no mundo do dinheiro, das finanças e do investimento
que não tem nenhuma idéia do que está falando. A maioria das pessoas do
setor fica fazendo proposições de venda vazias como as de um vendedor de
carros usados.
Quando você for ignorante a respeito de um assunto, comece a
instruir-se achando um especialista ou um livro sobre o tema.

CAPÍTULO Nove

Em ação

Gostaria de poder dizer que adquirir riqueza foi fácil, mas não foi.
Para responder à pergunta"Como começo?", apresento o processo pelo
qual passei dia a dia. É realmente fácil encontrar bons negócios. Garanto isso.
É como andar de bicicleta. Depois de algumas peripécias, vira um passeio.
Mas quando se trata de dinheiro, a determinação para ultrapassar a fase das
peripécias é uma decisão pessoal.
Descobrir"negócios únicos na vida", de milhões de dólares, exige que
convoquemos nosso gênio financeiro. Acredito que em cada um de nós
reside um gênio financeiro. O problema é que ele está adormecido, esperando
ser despertado. Está adormecido porque nossa cultura nos educa para
acreditar que o amor ao dinheiro é a raiz de todos os males. Ela nos incentiva a
aprender uma profissão para que possamos trabalhar pelo dinheiro, mas não
nos ensina a fazer o dinheiro trabalhar para nós. Ela nos ensina a não nos
preocupar com nosso futuro financeiro, que o governo ou a empresa cuidarão de
nós quando chegar o dia da aposentadoria. Contudo, são nossos filhos,
formados no mesmo sistema de ensino, que acabarão pagando por ela. A
mensagem é trabalhar arduamente, ganhar e gastar o dinheiro, e quando ele
faltar sempre poderemos tomar emprestado.
Infelizmente, 90% do mundo ocidental aceita essa teoria, simplesmente
Porque é mais fácil encontrar um emprego e trabalhar pelo dinheiro. Se você
faz parte dessa"massa", eu lhe mostrarei os dez passos para despertar
seu gênio financeiro. São simplesmente os passos que eu segui. Se quiser
tentar alguns deles, ótimo. Se não, escolha os seus. Seu gênio financeiro é
suficientemente esperto para desenvolver sua própria lista.

154 Pai Rico, Pai Pobre
Em ação 155

Falando no Peru com um garimpeiro de 45 anos, eu lhe perguntei por que
ele tinha tanta confiança em encontrar uma mina de ouro. Ele respondeu:"Há
ouro em todo lugar. A maioria das pessoas não está treinada para vê-lo."
E eu diria que isso é verdade. Quanto a imóveis, posso sair qualquer dia e
achar quatro ou cinco bons negócios em potencial, onde uma pessoa comum
não encontra nada. Mesmo procurando no seu bairro. A razão é que ela não
dedica tempo para desenvolver seu gênio financeiro.
Os dez passos a seguir são um processo que pode ajudá-lo desenvolver os
poderes que Deus lhe deu. Poderes que só você pode controlar.

1. PRECiSO DE UMA RAZÃO MAIOR DO QUE A REALIDADE. O poder do
espírito. Se você perguntar a maioria das pessoas se elas
desejariam ser ricas ou financeiramente independentes, elas responderão
"sim". Mas então caem na realidade. A estrada parece
demasiadamente longa, com muitas montanhas a escalar. E mais fácil trabalhar pelo
dinheiro e colocar o que sobra nas mãos do corretor.

Certa vez conheci uma jovem que sonhava participar da equipe olímpica
de natação dos Estados Unidos. Ela acordava todos os dias às 4:00 para
treinar durante três horas antes de ir à faculdade. Ela não ia a festas com os
amigos nas noites de sábado. Ela tinha que estudar para obter notas altas como
todo mundo.
Quando lhe perguntei o que a levava a essa ambição e a esse sacrifício
sobre-humano, ela simplesmente respondeu:"Faço isso por mim mesma e pelas
pessoas que amo. É o amor que me leva a superar obstáculos e sacrifícios."
Uma razão ou um propósito é uma combinação de alguns"quero" e
alguns"não quero". Quando as pessoas me perguntam qual a razão que me
levou a querer ser rico, digo que foi a combinação profunda e emocional dos
"quero" e"não quero".
Listarei alguns. Primeiro os"não quero", pois são eles que criam os
quero". Não quero trabalhar a vida inteira. Não quero o que meus pais
aspiravam para mim, que era segurança no emprego e uma casa no subúrbio. Não
quero ser um empregado. Odiava quando meu pai não assistia a meus jogos
de futebol porque estava ocupado com sua carreira. Odiava ver meu pai
trabalhando arduamente, e o governo levando boa parte do que ele tinha
obtido quando morreu. Ele não pôde nem mesmo deixar para os filhos aquilo
pelo qual tinha trabalhado tanto. Os ricos não fazem isso. Eles trabalham
arduamente e deixam um legado para seus filhos.
Agora os "quero". Quero ser livre para viajar por todo o mundo e viver o
estilo de vida que gosto. Quero fazer isso ainda jovem. Quero ser
simplesmente livre. Quero controlar meu tempo e minha vida. Quero que o
dinheiro trabalhe para mim.
Essas são minhas razões emocionais profundas. Quais são as suas? Se elas
não forem suficientemente fortes, então a realidade da estrada à frente pode
ser maior do que suas razões. Perdi dinheiro e tive vários fracassos, mas
foram essas razões emocionais que me mantiveram de pé e me fizeram
prosseguir. Queria ser livre por volta dos quarenta anos, mas precisei esperar até os
47 com muitas experiências de aprendizado ao longo do caminho.
Como disse, gostaria de dizer que foi fácil. Mas não foi, mas também
não foi duro. Sem uma forte razão ou propósito, aí sim, qualquer coisa na
vida é dura.


SE VOCÊ NÃO TIVER UM FORTE MOTIVO, NÃO FAZ SENTIDO
CONTINUAR A LEITURA. PARECERÁ TRABALHO DEMAIS.

2. ESCOLHO TODOS OS DIAS. O poder da escolha, esta é a principal
razão pela qual as pessoas querem viver em um país livre. Queremos o
poder de escolha.

Financeiramente, com cada dólar que temos em nossas mãos, temos o
poder de escolher nosso futuro de ricos, pobres ou classe média. Nossos
hábitos de despesa refletem quem somos nós. As pessoas pobres têm
simplesmente maus hábitos de despesa.
Uma vantagem que eu tive em criança foi a de que gostava de jogar
Banco Imobiliário constantemente. Ninguém me disse que Banco Imobiliário era
só para crianças, de modo que continuei jogando adulto. Também tinha pai
rico que me mostrou a diferença entre um ativo e um passivo. Sendo assim,
há muito tempo, quando ainda era garoto, escolhi ser rico e sabia que tudo o
que eu tinha a fazer era adquirir ativos, ativos reais. Meu melhor amigo, Mike,
tinha uma coluna de ativos que lhe fora dada, mas ele teve que optar por
aprender a mantê-la. Muitas famílias ricas perdem os ativos na geração
seguinte simplesmente porque não havia ninguém treinado para ser um bom
guardião dos ativos.
Muitas pessoas optam por não ser ricas. Para 90% da população, ser rico
é "confusão demais". Então inventam de dizer coisas como"Não estou
interessado em dinheiro","Nunca serei rico","Não preciso me preocupar,
ainda sou jovem-, Quando ti ver algum dinheiro vou pensar sobre meu futuro"
ou "Meu marido/mulher cuida das finanças". O problema dessas afirmações

156 Pai Rico, Pai Pobre
Em ação 157

é que elas roubam das pessoas que pensam assim duas coisas: uma, tempo,
que é nosso ativo mais precioso; e, dois, o aprendizado. Só porque você não
tem dinheiro, isso não é desculpa para não aprender. Mas é uma escolha que
fazemos a cada dia, a escolha do que fazer com nosso tempo, com nosso
dinheiro e com o que pomos em nossa cabeça. É o poder da escolha. Todos nós
temos escolha. Escolhi ser rico e faço essa opção a cada dia.
INVISTA PRIMEIRO NA INSTRUÇAO. Na verdade, o único ativo real
que você possui é sua mente, o instrumento mais importante que dominamos.
Como disse, cada um de nós pode escolher o que põe em sua mente uma vez
alcançada idade suficiente. Você pode ficar assistindo à MTV o dia inteiro,
ou ler revistas de golfe, ou fazer um curso de cerâmica ou um curso de
planejamento financeiro. Você escolhe. A maioria das pessoas simplesmente
compra investimentos em lugar de aprender a investir.
Uma de minhas amigas, uma mulher rica, teve recentemente seu
apartamento roubado. Os ladrões levaram o aparelho de televisão e o videocassete
e deixaram todos os seus livros. Nós todos temos essa escolha. Novamente,
90% da população compra aparelhos de televisão e somente uns 10%
compram livros de negócios ou fitas sobre investimento.
Então, o que é que eu faço? Vou a seminários. Gosto quando eles duram
pelo menos dois dias porque gosto de me aprofundar em um tema. Em 1973,
estava assistindo à televisão e vi o anúncio de um seminário de três dias sobre
como comprar imóveis sem precisar dar entrada. Gastei US$385 e o curso
me permitiu ganhar pelo menos US$2 milhões, talvez mais. Porém, mais
importante, me comprou vida. Não preciso trabalhar pelo resto da vida por causa
daquele curso. Faço pelo menos dois desses seminários por ano.
Adoro fitas de áudio. A razão: posso voltar para trás rápido. Estava
ouvindo uma fita de Peter Lynch e ele disse algo de que discordei completamente.
Em vez de me mostrar arrogante e crítico, simplesmente apertei o botão de
"retrocesso e ouvi aquele trecho da fita umas vinte vezes. Talvez até mais.
De repente, mantendo minha mente aberta, entendi por que ele estava
falando aquilo. Foi como uma mágica. Senti como se tivesse uma janela para a
mente de um dos maiores investidores do nosso tempo. Ganhei uma
tremenda profundidade e percepção dos vastos recursos de seu conhecimento e de
sua experiência.
Resultado líquido: ainda tenho minha velha maneira de pensar e tenho a
forma de Peter de ver o mesmo problema ou situação. Tenho dois
pensamentos em vez de um. Mais de uma forma de analisar um problema ou
tendência, e isso não tem preço. Hoje me pergunto muitas vezes:"Como Peter Lynch
faria isso, ou Donald Trump, ou Warren Buffett ou George Soros?" A única
maneira pela qual posso acessar seu vasto poder mental é sendo
suficientemente humilde para ler ou ouvir o que eles têm a dizer. Pessoas arrogantes e
críticas são muitas vezes pessoas com baixa auto-estima que têm medo de
assumir riscos. Veja, se você aprende algo novo, terá que errar a fim de
entender totalmente o que aprendeu.
Se você leu até aqui, a arrogância não é um de seus problemas. Pessoas
arrogantes raramente lêem ou compram fitas. Por que elas o fariam? Elas são
o centro do universo.
Há pessoas"inteligentes" que discutem ou se defendem quando uma idéia
nova se choca com o que pensam. Neste caso, sua assim chamada
"inteligência combinada com a"arrogância" se torna"ignorância". Cada um de nós
conhece alguém muito instruído, ou que se acredita esperto, mas cujo
balanço mostra outra coisa. Uma pessoa verdadeiramente inteligente saúda as
novas idéias, porque novas idéias podem aumentar a sinergia de outras idéias
acumuladas. Ouvir é mais importante do que falar. Se isso não fosse verdade,
Deus não teria nos dado dois ouvidos e apenas uma boca. Gente demais
pensa com a boca, em vez de ouvir para assimilar novas idéias e possibilidades.
Discute-se em lugar de se perguntar.
Penso em minha riqueza a longo prazo. Não sou partidário da
mentalidade do"fique rico depressa" de muitos compradores de bilhetes de loteria ou
freqüentadores de cassinos. Posso comprar e vender ações, mas sempre
compro instrução. Se você quer pilotar um avião, aconselho a tomar aulas antes.
Sempre fico chocado com gente que compra ações ou imóveis mas nunca
investe em seu maior ativo: sua mente. O fato de ter comprado um ou dois
imóveis não o torna um especialista em imóveis.

3. ESCOLHA OS AMIGOS COM CUIDADO. O poder da associação. Em
primeiro lugar, não escolho meus amigos levando em conta suas
demonstrações financeiras. Tenho amigos que fizeram, de fato, voto de pobreza,
bem como amigos que ganham milhões todo ano. O importante é que
aprendo com todos eles e faço um esforço consciente para isso.

Admito que há pessoas que procurei porque têm dinheiro. Mas eu não
estava atrás de seu dinheiro, queria seu conhecimento. Em alguns casos,
essas pessoas de vastas posses se tornaram amigos queridos, mas nem todos.
Há uma diferença que gostaria de destacar. Observei que meus amigos
ricos falam de dinheiro. E não estou querendo dizer que se gabem. Eles se
interessam pelo assunto. Já os amigos que sei estarem em dificuldades
financeiras não gostam de falar de dinheiro, negócios ou investimentos. Muitas

158 Pai Rico, Pai Pobre
Em ação 159

vezes pensam que isso não é educado ou que é antiintelectual. Ou seja,
também aprendo com os amigos que têm dificuldades financeiras: descubro o que
não fazer.
Tenho vários amigos que obtiveram mais de um bilhão de dólares
durante suas breves vidas. Três deles observam o mesmo fenômeno: seus amigos
que não têm dinheiro nunca lhes perguntaram como eles o conseguiram. Mas
eles pedem duas coisas: dinheiro emprestado e/ou um emprego.
ADVERTÊNCIA: Não ouça as pessoas pobres ou apavoradas. Tenho
amigos assim, e gosto muito deles, mas são pessimistas na vida. Quando se trata
de dinheiro, especialmente investimentos,"o céu está sempre caindo". Eles
sempre sabem por que as coisas não funcionam. O problema é que as pessoas
as ouvem mas aqueles que aceitam cegamente essas informações pessimistas
são também pessimistas. E, como diz o velho ditado,"Galinhas da mesma
plumagem concordam entre si".
Se você assiste à CNBC, uma mina de ouro de informações sobre
investimentos, sabe que eles apresentam freqüentemente uma mesa-redonda dos
chamados"especialistas". Um deles diz que o mercado está a ponto de
desabar e outro afirma que está em ascensão. Se você for esperto ouvirá os dois:
mantenha sua mente aberta porque ambos têm razões válidas. Infelizmente,
a maioria das pessoas ouve apenas os pessimistas.
Alguns amigos próximos procuraram me fazer desistir de algum negócio
ou investimento. Alguns anos atrás, um amigo me contou que estava
empolgado porque descobrira um certificado de depósito que rendia 6% ao ano.
Contei então que estava ganhando 16% com títulos do governo estadual. No
dia seguinte ele me enviou um artigo que mostrava por que minha aplicação
era perigosa. Há anos estou obtendo os 16% e ele continua com os 6%.
Diria que o mais difícil quanto à formação de uma fortuna é ser fiel a si
mesmo e estar disposto a não acompanhar a multidão. No mercado é muito
comum que seja a manada a chegar tarde a ser abatida. Se um grande
negócio está nas manchetes, na maioria dos casos é tarde demais. Procure um
negócio novo. Como dizem os surfistas:"Sempre há outra onda." As pessoas
que correm e pegam a onda tarde são em geral as que se dão mal.
Investidores espertos não se afobam. Se perdem uma onda, esperam pela
próxima e se preparam. Isto é difícil para a maioria dos investidores porque
comprar o que não é popular lhes parece apavorante. Os investidores
tímidos gostam de acompanhar a multidão. Sua ganância os leva para as
aplicações somente quando os investidores sábios já auferiram seus lucros e se
retiraram. Investidores sábios aplicam quando o negócio ainda não é popular.
Eles sabem que seus ganhos são gerados quando compram e não quando
vendem. Esperam pacientemente. Como já disse, eles não se afobam. Como um
surfista, eles se preparam para a próxima onda.
Tudo é insider trading.* Há formas de insider trading que são ilegais e
outras que são legais. Mas de qualquer forma é insider trading. A única
distinção é quanto você está distante do"por dentro"? A razão pela qual você quer
ter amigos ricos que estão por dentro é porque o dinheiro é ganho aí. É
informação fabricada. Você quer saber quando haverá a próxima subida,
entrar e sair antes da queda seguinte. Não estou dizendo para fazer nada ilegal,
mas quanto mais cedo você souber, maiores são as chances de lucro com
risco mínimo. Para isso existem os amigos. E isso é inteligência financeira.

4. DOMINE UMA FÓRMULA E ENTÃO APRENDA OUTRA. O poder do
aprendizado rápido. Para fazer o pão, todo padeiro segue uma receita,
mesmo que esta só exista em sua cabeça. O mesmo se pode dizer
quanto a ganhar dinheiro. Por isso, na gíria, o dinheiro é muitas vezes
chamado de"massa".

Muitos de nós já ouvimos a expressão"Você é o que você come". Eu
tenho uma variação"Você se torna o que você estuda". Em outras palavras, seja
cuidadoso com o que você estuda e aprende, porque sua mente é tão
poderosa que você se torna aquilo que você põe em sua cabeça. Por exemplo, se você
estuda culinária, você tende a ser cozinheiro. Se você não quer continuar
sendo cozinheiro, precisará estudar outra coisa. Digamos, um professor. Depois
de estudar para o magistério, você muitas vezes se torna professor. E assim
por diante. Escolha cuidadosamente o que você estuda.
Quando se trata de dinheiro, as massas têm uma fórmula básica
aprendida na escola. E essa é: trabalhe pelo dinheiro. A fórmula que vejo
predominar no mundo é que todos os dias milhões de pessoas acordam e vão
trabalhar, ganham dinheiro, pagam contas, conferem seus talões de cheque,
compram alguns fundos mútuos e voltam ao trabalho. Essa é a fórmula, ou
receita, básica.
Se você está cansado do que está fazendo ou se não ganha o suficiente,
é simplesmente o momento de mudar a fórmula com a qual você ganha
dinheiro.

---

* Expressão de difícil tradução e geralmente usada, em inglês, pelo mercado. Refere-se a negócios entre
pessoas"que estão por dentro" (administradores ou membros do conselho de sociedades anônimas de
capital aberto que compram e/ou vendem ações da própria empresa) em geral com conhecimentos do
que ocorre nas empresas mas não vem a público. (N. T.)

160 Pai Rico, PaiPobre
Em ação 161

Quando eu tinha 26 anos, fiz um curso de fim de semana chamado"Como
Comprar Imóveis Executados Judicialmente". Aprendi a fórmula. O passo
seguinte foi ter a disciplina para pôr em ação o que eu tinha aprendido. É aí
que a maioria das pessoas pára. Durante três anos, enquanto eu trabalhava
na Xerox, passava minhas horas de folga aprendendo a arte de comprar
imóveis executados. Ganhei vários milhões de dólares usando essa fórmula, mas
hoje isso é muito lento e há muita gente que faz o mesmo.
Então depois de ter dominado a fórmula, passei a procurar outras
fórmulas. Em muitos dos casos não usei de forma direta a informação que obtive,
mas sempre aprendi algo novo.
Já fiz cursos destinados a corretores especializados em derivativos, um
curso de negociação de opções de commodities e um curso sobre a Ciência
do Caos. Neste, estava fora de meu ambiente, em uma sala cheia de gente com
doutorado em física nuclear e ciência espacial. Contudo, aprendi uma
porção de coisas que tornaram meus investimentos em imóveis e ações mais
significativos e lucrativos.
Muitas instituições comunitárias de ensino superior têm cursos de
planejamento financeiro e aquisição de investimentos tradicionais. São lugares
ótimos para se começar.
Sempre procuro a fórmula mais rápida. É por isso que, com bastante
regularidade, faço mais em um dia do que muitas pessoas fazem em toda a sua vida.
Outra observação secundária. No mundo em rápida mudança de nossos
dias, a questão não é tanto o que você sabe, porque com freqüência o que
você sabe já está ultrapassado. É a rapidez com que você aprende. Esta
habilidade não tem preço. Não tem preço para encontrar fórmulas - receitas, se
preferir - mais rápidas de fazer dinheiro. Trabalhar arduamente pelo dinheiro
é uma fórmula velha nascida nos dias do homem das cavernas.

5. PAGUE A SI MESMO PRIMEIRO. O poder da autodisciplina. Se você
não pode se controlar, não tente ficar rico. Talvez fosse bom entrar para
a Marinha ou alguma ordem religiosa para aprender a se controlar. É a
falta de autodisciplina que leva à falência muitos ganhadores de loteria
pouco depois de eles terem ganhado milhões. É a falta de autodisciplina
que leva pessoas que acabaram de obter um aumento a comprar um
carro novo ou fazer um cruzeiro.

É difícil dizer qual dos dez passos é o mais importante. Mas de todos este
é possivelmente o mais difícil de dominar, se não for parte de sua
personalidade. Eu arriscaria dizer que é a falta de autodisciplina que se constitui
no
fator número um a separar ricos, pobres e classe média.
Dito de forma simples, pessoas que têm baixa auto-estima e reduzida
tolerância à pressão financeira não poderão nunca, e quero dizer isso mesmo,
nunca, ser ricas. Como já disse, uma lição aprendida com o pai rico foi que o
"mundo vai bater em você". O mundo bate nas pessoas não porque as outras
pessoas sejam ruins mas porque os indivíduos não têm controle interno e
disciplina. Quem não tem força interior muitas vezes se torna vítima daqueles
que têm autodisciplina.
Nos cursos para empreendedores onde leciono, lembro constantemente
aos participantes que não devem focar seu produto, serviço ou atividade, mas
o desenvolvimento de habilidades de gestão. As três habilidades de gestão mais
importantes para se iniciar um negócio próprio são:

1. Gestão do fluxo de caixa.

2. Gestão de pessoal.

3. Gestão pessoal do tempo.

Diria que essas habilidades de gestão se aplicam a qualquer coisa, não
apenas a empreendedores. As três têm importância para a forma como você
vive sua vida como indivíduo, ou como parte de uma família, um negócio,
uma organização de caridade, uma cidade ou uma nação.
Cada uma dessas habilidades é realçada pelo domínio da autodisciplina.
Levo a sério o dito"pague-se a si próprio em primeiro lugar".
The richest man in Babylon, * de George Classen, é onde encontrei a
expressão"pague-se a si próprio em primeiro lugar". O livro vendeu milhões
de exemplares, mas embora milhões de pessoas repitam livremente essa
afirmação poderosa, poucas seguem o conselho. Como disse, a alfabetização
financeira nos permite ler os números e estes contam a história. Vendo a
demonstração de renda e o balanço de uma pessoa, posso ver facilmente se a
pessoa que diz"pague-se a si próprio em primeiro lugar" está praticando o
que prega.
Uma imagem vale mil palavras. Comparemos então as demonstrações
financeiras de pessoas que pagam a si mesmo em primeiro lugar e as que não
as fazem.

---

* O homem mais rico da Babilônia. O livro ensina a investir por meio da história de um rei da Babilônia
que manda o homem mais rico do reino ensinar aos pobres o que fazer. Segundo a história, isso levou
O reino a um período de fartura. (N. T.)

162 Pai Rico, Pai Pobre
Em ação 163

Pessoas que se pagam em primeiro lugar

Emprego ---> Renda ---> Despesa: impostos, aluguel e alimentação --->
ativos: poupança, investimento ---> renda


Alguém que paga todos os demais primeiro - freqüentemente
não lhe sobra nada

Emprego ---> Renda ---> Despesa: impostos, aluguel,
alimentação --->

Estude os diagramas e observe se você pode notar algumas diferenças.
Repito, tem a ver com o entendimento do fluxo de caixa, que conta a história. Se
você pode realmente começar a compreender o poder do fluxo de caixa,
perceberá rapidamente o que há de errado com o diagrama a seguir. Ou seja, por
que 90% das pessoas trabalham arduamente durante toda a vida e precisam de
apoio do governo, a Seguridade Social, quando não podem mais trabalhar.
Está vendo? O diagrama anterior reflete as ações de uma pessoa que opta
por pagar a si mesma em primeiro lugar. Todo mês ela destina dinheiro para
sua coluna de ativos antes de pagar as despesas mensais. Embora milhões de
pessoas tenham lido o livro de Classen e entendido a expressão"pague-se a
si próprio em primeiro lugar", na verdade elas o fazem em último lugar.
Agora posso ouvir as reclamações daqueles que acreditam sinceramente
em pagar as contas primeiro. E posso ouvir todas as pessoas"responsáveis"
que pagam suas contas em dia. Não estou falando para ser irresponsável e
deixar de pagar as contas. Digo apenas o que está no livro, e isso é:"pague a
si mesmo em primeiro lugar". O diagrama anterior é a imagem contábil
correta dessa ação e não a que se segue.
Minha mulher e eu temos tido muitos guarda-livros, contadores e
gerentes de banco que têm problemas com esta forma de considerar o"pague a Si
próprio em primeiro lugar". A razão é que estes profissionais fazem de fato o
mesmo que as massas, que é se pagar em último lugar. Eles pagam a todos os
demais primeiro.
Em certos meses, quando por qualquer razão o fluxo de caixa é bem
menor do que minhas contas, eu pago a mim mesmo em primeiro lugar. Meu
contador gritou em pânico:"Eles vão pegar o senhor. A receita vai colocar
o senhor na cadeia. O senhor vai acabar com sua capacidade de tomar
crédito. Vão cortar a eletricidade." Ainda assim, pago a mim mesmo em
primeiro lugar.
"Por quê?", perguntará o leitor. Porque esse é todo o sentido da história
de The richest man in Babylon. O poder da autodisciplina e o poder da força
interior."Garra", num linguajar mais popular. E como pai rico me ensinou
no primeiro mês em que trabalhei para ele, a maioria das pessoas permite que
o mundo bata nelas. O cobrador liga e diz"paga ou então". Aí você deixa de
pagar a si próprio. Um vendedor diz"ponha no cartão". Seu corretor
imobiliário diz para você ir em frente porque"o governo permite dedução no
imposto de renda da hipoteca de sua casa". É disso tudo que o livro trata. Ter a
garra para ir contra a maré e enriquecer. Você pode não ser fraco, mas
quando se trata de dinheiro muitos balançam.
Não estou falando para ser irresponsável. Não dou muito valor aos
cartões de crédito e às facilidades de empréstimo porque quero pagar a mim

164 Pai Rico, Pai Pobre
Em ação 165

primeiro. A razão pela qual minimizo minha renda é porque não quero
entregá-la ao governo. É por isso, como sabem os que assistiram a meu vídeo,
The secrets ofthe rich, que minha renda se origina em minha coluna de ativos
por meio de uma sociedade anônima em Nevada. Se eu trabalhar pelo
dinheiro, o governo o pega.
Embora pague minhas contas por último, tenho suficiente astúcia
financeira para não me colocar em uma situação enrolada. Não gosto de dívidas
de consumo. Na verdade tenho passivos que são mais altos do que os de 99%
da população, mas não pago por eles, outros o fazem. Eles são chamados
locatários. O principal, então, para se pagar a si próprio em primeiro lugar é
começar por não se endividar. Apesar de pagar minhas contas por último, me
organizo para ter apenas pequenas contas sem importância, que terei que pagar.
Quando eventualmente estou num aperto, ainda assim pago primeiro a mim
mesmo. Deixo que os credores e até o governo gritem. Gosto quando eles
ficam zangados. Por quê? Porque eles me fazem um favor. Eles me inspiram a
sair e criar mais dinheiro. Continuo pagando a mim mesmo primeiro, invisto o
dinheiro e deixo os credores gritarem. Em geral acabo, de qualquer forma,
pagando logo. Minha mulher e eu temos excelente crédito. Só que não cedemos
à pressão e não gastamos nossa poupança ou liquidamos ações para pagar
dívidas de consumo. Isso não é muito inteligente do ponto de vista financeiro.
Portanto, a resposta é:

1. Não se endivide demais. Mantenha suas despesas reduzidas. Forme seus
ativos primeiro. Então compre uma casa maior ou um carro grande.
Ficar preso na Corrida dos Ratos não é inteligente.

2. Quando apertado de dinheiro, não se afobe e não gaste suas
poupanças ou investimentos. Use a pressão para inspirar seu gênio financeiro
a descobrir novas formas de ganhar mais dinheiro e então pague as
contas. Você terá aumentado sua habilidade de ganhar mais dinheiro bem
como sua inteligência financeira.

Assim, muitas vezes tive problemas financeiros e usei meu cérebro para
criar mais renda, enquanto defendia firmemente meus ativos. Meu contador
gritava e procurava cobertura, mas eu parecia um bom soldado de cavalaria
defendendo o forte, o Forte Ativos.
Pessoas pobres têm hábitos pobres. Um mau hábito comum é chamado
inocentemente de"meter a mão na poupança". Os ricos sabem que as
poupanças só são usadas para criar mais dinheiro, não para pagar contas. Sei que
isso parece cruel mas, como já disse, se não for internamente resistente, O
mundo vai sempre bater em você.
Se é do tipo que não gosta de pressão financeira, então descubra uma
fórmula que funcione para você. Uma boa fórmula é cortar despesas, pôr o
dinheiro no banco e pagar mais do que o necessário em imposto de renda,
aplicar em fundos mútuos seguros e esperar sempre resultados médios. Mas isto
viola a regra do"pague a si mesmo em primeiro lugar".
Este princípio não estimula o auto-sacrifício ou a abstinência financeira.
Não significa pagar a você mesmo primeiro e passar fome. A vida foi feita
para ser desfrutada. Se você conjura seu gênio financeiro, pode ter todas as
coisas boas da vida, enriquecer e pagar contas, sem se sacrificar. E isso é
inteligência financeira.

6. PAGUE BEM A SEUS CORRETORES. O poder do bom conselho.
Muitas vezes vejo pessoas colocando um cartaz na frente de casa:
"Proprietário vende". Ou vejo na televisão muita gente se anunciando como
"Corretor de Desconto". *

Pai rico me ensinou a fazer exatamente o contrário. Ele acreditava que os
profissionais deviam ser bem pagos e eu adotei a mesma política. Hoje,
tenho a meu serviço advogados, contadores, corretores de imóveis e de ações
caros. Por quê? Porque se, e destaco o se, as pessoas são profissionais, seus
serviços devem render dinheiro para você. E quanto mais dinheiro ganharem,
mais eu ganho.
Vivemos na Era da Informação. A informação não tem preço. Um bom
corretor deve lhe oferecer informação e dedicar tempo para instruir você.
Tenho vários corretores dispostos a fazer isso por mim. Alguns me ensinaram
quando eu tinha pouco ou nenhum dinheiro e até hoje trabalho com eles.
O que pago a um corretor é pouco em comparação com o dinheiro que
posso ganhar em conseqüência das informações que eles me trazem. Adoro
quando meu corretor de imóveis ou o de ações ganha muito dinheiro. Em
geral isso significa que ganhei muito dinheiro também.
Um bom corretor, além de ganhar dinheiro para mim, me poupa tempo
como quando comprei um lote vazio por US$9 mil e o vendi logo a seguir
por US$25 mil, de modo que pude comprar mais depressa meu Porsche.
Um corretor é seus olhos e ouvidos no mercado. Eles estão lá todos os
dias enquanto eu não preciso estar. Prefiro jogar golfe.
Também as pessoas que vendem sua casa por conta própria não dão muito
valor ao seu tempo. Por que eu iria querer deixar de gastar alguns dólares
quan-

---

* Corretores que cobram comissões inferiores e prestam também menos serviços do que os corretores
tradicionais. É muito comum atuarem por meio de home pages na Internet. (N. T.)

166 Pai Rico, Pai Pobre
Em ação 167

do posso empregar esse tempo para ganhar mais dinheiro ou para estar com
aqueles que amo? O que acho engraçado é como tantas pessoas pobres e de
classe média insistem em dar gorjetas de 15% a 20% nos restaurantes por um
mau serviço e reclamam de pagar a um corretor algo entre 3 e 7%. Elas gostam
de dar gorjeta a pessoas que figuram na coluna da despesa e maltratam as que
estão na coluna dos ativos. Isso não é inteligente do ponto de vista financeiro.
Nem todos os corretores são iguais. Infelizmente, em sua maioria, são ape-
nas vendedores. E diria que os vendedores de imóveis são os piores. Eles
vendem, mas têm poucos ou nenhum imóvel próprio. Há grande diferença entre
um corretor que vende casas e um corretor que vende investimentos. E o
mesmo se aplica a corretores de ações, títulos, fundos mútuos e seguros que se
autodenominam de consultores financeiros. Como no conto de fadas, você
tem que beijar um monte de sapos para achar um príncipe. Lembre o velho
adágio:"Nunca chame um vendedor de enciclopédias se você precisa de uma
enciclopédia."
Quando entrevisto algum profissional pago, procuro primeiro descobrir
quantos imóveis ou ações possuem pessoalmente e qual a alíquota de
imposto que pagam. E isso se aplica a meus advogados tributaristas bem como a
meu contador. Uma de minhas contadoras tem seu próprio negócio. Sua
profissão é a contabilidade, mas seu negócio são os imóveis. Eu tinha um
contador que tinha uma pequena empresa de contabilidade, mas não tinha
qualquer imóvel. Mudei porque nós não gostávamos do mesmo negócio.
Descubra um corretor que leve a sério seus interesses. Muitos corretores
dedicarão seu tempo a instruí-lo e eles podem ser o melhor ativo que você
pode encontrar. Seja apenas justo e a maioria deles será justa com você. Se
você se preocupar em cortar suas comissões, então por que eles quererão
estar com você? É uma lógica simples.
Como disse anteriormente, uma das habilidades gerenciais é a
administração de pessoas. Muitas pessoas só conseguem gerenciar pessoas que
consideram inferiores a si próprias e sobre quem podem ter um poder, como
subordinados em uma relação de trabalho. Muitos gerentes médios continuam nessa
posição e não são promovidos porque sabem como trabalhar com pessoas que
estão abaixo deles mas não com pessoas que estão acima. A verdadeira
habilidade é administrar e pagar bem pessoas que são mais inteligentes do que você
em alguma área técnica. É por isso que as grandes empresas têm conselhos
administrativos. Você também precisa de um. E isso é inteligência financeira.

7. SEJA UM"DOADOR ÍNDIO". Este é o poder de obter alguma coisa a
troco de nada. Quando os primeiros colonizadores brancos chegaram
aos Estados Unidos, eles ficaram espantados com a prática cultural de
alguns índios americanos. Por exemplo, se um colono estava com frio,
o índio lhe dava um cobertor. Achando que fosse um presente, o
colono freqüentemente ficava ofendido quando o índio o pedia de volta.

Os índios também ficavam perturbados quando constatavam que os
colonos não queriam devolver o cobertor. É daí que se origina a expressão
"doador índio". Um simples desentendimento cultural.
No mundo da"coluna de ativos" é vital para a riqueza ser um doador
índio. A primeira pergunta do investidor sofisticado é:"Com que rapidez
posso ter meu dinheiro de volta?" Ele também quer saber o que poderá obter de
graça, ou o que se chama uma participação nos lucros. É por isso que o
retorno sobre o investimento é tão importante.
Por exemplo, descobri um pequeno imóvel, a alguns quarteirões de onde
moro, que estava sendo executado judicialmente. O banco estava pedindo
US$60 mil, e eu apresentei uma oferta de US$50 mil, que foi aceita,
simplesmente porque estava acompanhada de um cheque à vista no valor de
US$50 mil. Verificaram que eu era sério. Muitos investidores perguntarão se
eu não estava imobilizando muito dinheiro de uma vez. Não seria melhor
hipotecá-lo? A resposta neste caso é não. Minha empresa de investimentos o
aluga por temporada nos meses de inverno e obtém US$2.500 ao mês
durante quatro meses, quando os"pássaros-da-neve" procuram o Arizona. Fora da
temporada de férias, seu aluguel é de apenas US$1 mil mensais. Em cerca de
três anos consegui meu dinheiro de volta. Agora sou proprietário desse
ativo, que gera dinheiro para mim todos os meses.
O mesmo se aplica às ações. Freqüentemente, meu corretor liga e sugere
que eu aplique uma considerável quantia em ações de alguma empresa que,
segundo ele, está a ponto de fazer alguma coisa que aumentará o valor delas,
como lançar um produto novo. Então, durante uma semana ou um mês,
aplico meu dinheiro nessas ações, enquanto seus preços sobem. Depois, tiro
aquela soma inicial e paro de me preocupar com as flutuações do mercado,
porque tenho de volta meu dinheiro inicial e agora sou dono de um ativo que,
tecnicamente, me saiu de graça.
Sem dúvida, em muitas ocasiões perdi dinheiro. Mas somente jogo
com
dinheiro que posso perder. Diria que na média de dez investimentos faço
uns
dois ou três gols de placa, cinco ou seis não são lá essas coisas e perco
em
dois ou três. Mas limito minhas perdas ao dinheiro que apliquei neles
naquele momento.
As pessoas que odeiam o risco põem seu dinheiro no banco. E, a
longo
prazo, qualquer poupança é melhor do que nenhuma poupança. Mas leva
muito tempo para você recuperar seu dinheiro e, em muitos casos, você não

168 Pai Rico, Pai Pobre
Em ação 169

leva nada de graça. Eles costumavam dar torradeiras,* mas atualmente isso
está ficando mais caro.
Em todos os meus investimentos precisa haver algo mais, algo de graça.
Um imóvel, um lote de terreno, uma casa, ações, escritórios. E o risco deve
ser limitado ou deve ser uma idéia de baixo risco. Há livros inteiros que
tratam deste assunto de modo que não me estenderei aqui. Ray Kroc, do
McDonald's, vendia franquias de hambúrgueres não porque gostasse do
sanduíche, mas porque queria os terrenos das franquias de graça.
Investidores sábios devem dar mais atenção ao retorno sobre o
investimento: são os ativos que você obtém de graça depois que você recebe seu
dinheiro de volta. Isso é inteligência financeira.

8. ATIVOS COMPRAM SUPÉRFLUOS. O poder do foco. O filho de um
amigo estava desenvolvendo um hábito desagradável de gastar demais.
Aos dezesseis anos naturalmente desejava ter seu carro. A desculpa: os
pais de todos os seus amigos tinham comprado um carro para o filho.
O garoto queria pegar suas poupanças e dar a entrada para o carro. Foi
aí que o pai me procurou.

- Você acha que devo fazer o que ele quer ou deveria fazer como os
outros pais e dar um carro para ele?
Minha resposta:
- A curto prazo pode ser bom, mas o que você lhe terá ensinado a longo
prazo? Você não pode usar seu desejo de ter um carro e incentivar seu filho a
aprender alguma coisa?
De repente se acendeu uma luz e ele foi correndo para casa. Dois meses
depois voltei a encontrar meu amigo.
- Seu filho já está com o carro? perguntei.
- Não. Mas lhe dei US$3 mil para comprar o carro. Falei para ele usar
meu dinheiro em lugar do seu dinheiro, reservado para a universidade.
- Você foi bastante generoso respondi.
- Nem tanto. O dinheiro veio acompanhado de uma condição. Segui sua
orientação para usar seu desejo por um carro como incentivo para que
aprendesse alguma coisa.
- E qual foi a condição? perguntei.

---

* Referência a uma prática adotada por alguns bancos americanos de distribuir eletrodomésticos a quem
abrisse contas novas. (N.T.)

- Bom, primeiro voltamos a jogar seu CASHFLOW. Jogamos e tivemos uma
longa discussão sobre o uso sábio do dinheiro. Fiz para ele uma assinatura do
WaIl Street Journal e comprei alguns livros sobre mercado de ações.
- E daí? indaguei. - O que fez?
- Falei que os US$3 mil eram dele, mas que ele não poderia comprar o
carro direto. Ele deveria usar o dinheiro para comprar e vender ações, achar seu
próprio corretor, e quando tivesse ganho US$6 mil, metade ele poderia usar para
comprar o carro e o resto devia colocar na poupança para pagar a faculdade.
- E o resultado? continuei.
- Bem, teve sorte nos primeiros negócios, mas daí a pouco perdeu tudo.
Então começou a ficar interessado de verdade. Hoje, ainda lhe faltam uns
US$2 mil e está mais interessado ainda. Leu todos os livros que dei e pegou
outros na biblioteca. Lê avidamente o Wall StreetJournal, acompanhando os
indicadores, e assiste à CNBC em vez da MTV e está aprendendo muito. Ele
sabe que se perder dinheiro vai ter que andar a pé mais uns dois anos. Mas
não está preocupado. Já nem liga tanto para o carro porque encontrou algo
mais divertido para fazer.
- E se ele perder todo o dinheiro? perguntei.
- Aí vamos ver. Prefiro que ele perca tudo agora do que ter que esperar
chegar à nossa idade para arriscar a perder tudo. E, além do mais, esses são
os melhores US$3 mil que gastei com sua educação. O que está aprendendo
vai lhe servir por toda a vida e ele parece ter adquirido mais respeito pelo
poder do dinheiro. Acho que parou de torrá-lo.
Como já falei na seção"Pague a si mesmo em primeiro lugar" se uma
pessoa não domina o poder da autodisciplina, é melhor nem tentar ficar rico.
Embora o processo de gerar fluxo de caixa a partir da coluna de ativos seja
fácil, é a fortaleza mental de direcionar o dinheiro que é difícil. Devido às
tentações externas é mais cômodo neste mundo de consumismo torrar o
dinheiro na coluna das despesas. A falta de fortaleza mental leva a permitir que
o dinheiro flua pelos caminhos de menor resistencia.
Darei um exemplo numérico de inteligência financeira, especialmente a
capacidade de usar dinheiro para ganhar mais dinheiro.
Se eu der a 100 pessoas US$10 mil no início do ano, acho que ao fim do ano:

- 80 não terão mais nada. De fato, elas terão aumentado seu
endividamento usando o dinheiro para dar entrada na compra de carro novo,
geladeira, televisor, gravador de vídeo ou em viagem de férias.

- 16 terão aumentado esses US$10 mil em torno de 5% e 10%.

- 4 terão aumentado a soma para US$20 mil ou para alguns milhões.

170 Pai Rico, Pai Pobre
Em ação 171

Estudamos para aprender uma profissão de modo a poder trabalhar pelo
dinheiro. Na minha opinião é também importante aprender a fazer o
dinheiro trabalhar para nós.
Gosto de meus supérfluos tanto quanto qualquer outro ser humano. A
diferença é que algumas pessoas compram seus supérfluos em prestações.
É a
armadilha de querer imitar o vizinho. Quando eu quis comprar um Porsche,
o caminho mais fácil foi procurar o gerente do banco e conseguir um
financiamento. Em lugar de me preocupar com a coluna do passivo, decidi me
concentrar na coluna dos ativos.
Como de hábito, empreguei meu desejo de consumir para me inspirar e
motivar meu gênio financeiro a investir.
Constantemente nos preocupamos em obter as coisas que desejamos em
vez de nos concentrarmos em criar dinheiro. É mais fácil a curto prazo,
porém mais duro a longo prazo. É um mau hábito em que incorremos como
indivíduos e como nação. Lembre, o caminho mais fácil muitas vezes se
transforma no mais áspero e o caminho árduo muitas vezes se torna suave.
Quanto mais cedo você se disciplinar - e àqueles que ama para dominar o
dinheiro, tanto melhor. O dinheiro é uma força poderosa. Infelizmente, as
pessoas usam esse poder contra elas mesmas. Se sua inteligência financeira
for pouca, o dinheiro escorrerá de suas mãos, será mais esperto que você. Se
o dinheiro for mais esperto, você trabalhará toda sua vida.
Para ser o senhor do dinheiro, você precisa ser mais esperto do que ele.
Então o dinheiro fará o que você mandar. Ele lhe obedecerá. Em vez de ser
escravo, você será o senhor. Isso é inteligência financeira.

9. A NECESSIDADE DE HERÓIS. O poder do mito. Quando eu era
garoto, admirava profundamente Willie Mays, Hank Aaron, Yogi Berra.
Eles eram meus heróis. Quando garoto, jogando no beisebol infantil,
queria ser como eles. Seus cartões de beisebol eram meu tesouro.
Queria saber tudo a respeito deles. Conhecia suas estatísticas, suas jogadas,
quanto ganhavam e como tinham ascendido aos times profissionais.
Queria saber tudo porque queria ser como eles.

Quando, aos nove, dez anos de idade, pulava para arremessar ou apanhar
a bola, não era eu: era Yogi ou Hank. É uma das formas mais poderosas de
aprender que freqüentemente esquecemos ao chegar à idade adulta.
Perdemos nossos heróis. Perdemos nossa ingenuidade.
Hoje, observo os garotos jogando beisebol perto de casa. Na quadra não
é o Joãozinho, é Michael Jordan, Sir Charles ou Clyde. Copiar ou emular
heróis é um aprendizado poderoso. E é por isso que quando alguém como
O. J. Simpson cai em desgraça, há um clamor tão grande.
É mais do que um simples julgamento. É a perda de um herói. Alguém
com quem crescemos, que observamos e quisemos imitar. De repente
precisamos nos livrar dessa pessoa.
Quando cresci encontrei novos heróis. Tenho heróis como Peter Jacobsen,
Fred Couples e Tiger Woods. Imito suas jogadas no golfe e faço o possível
para ler tudo a respeito deles. Também tenho heróis como Donald Trump,
Warren Buffett, Peter Lynch, George Soros e Jim Rogers. Em minha
maturidade acompanho suas estatísticas como o fazia com meus heróis do
beisebol. Acompanho os investimentos de Warren Buffett e leio tudo sobre suas
opiniões a respeito do mercado. Leio o livro de Peter Lynch para entender
como ele escolhe suas ações. E leio sobre Donald Trump tentando
descobrir como ele negocia e monta operações.
Da mesma maneira que não era eu no campo de beisebol, quando estou
no mercado ou fechando um negócio, estou agindo subconscientemente com
a ousadia de Trump. Ou ao analisar uma tendência, procuro pensar em como
Peter Lynch o faria. Tendo heróis, me aproprio de uma fonte imensa de
gênio em estado puro.
Mas heróis fazem mais do que simplesmente inspirá-lo. Heróis fazem com
que as situações pareçam fáceis. Ao fazer parecerem fáceis nos convencem a
querer ser como eles."Se eles conseguiram, eu também posso."
Quando se trata de investimentos, há gente demais para complicar.
Procure heróis que façam as situações parecerem fáceis.

10. ENSINA E RECEBERÁS. O poder da doação. Ambos os meus pais
eram mestres. Pai rico me ensinou uma lição que me acompanha toda
a vida, e essa foi a necessidade de ser caridoso ou de doar. Meu pai
instruído doava muito na forma de tempo ou conhecimento, mas
quase nunca doava dinheiro. Como já mencionei, ele costumava dizer que
doaria quando tivesse algum dinheiro sobrando. Só que raramente
sobrava algum dinheiro.

Pai rico doava tanto dinheiro quanto ensinamentos. Ele acreditava
firmemente na troca."Se você deseja algo, primeiro você precisa dar", dizia
sempre. Quando tinha pouco dinheiro, ele simplesmente doava dinheiro à igreja
ou a alguma instituição de caridade.
Se eu tivesse de passar apenas uma única idéia para o leitor, seria esta.
Sempre que você sentir"falta ou"escassez" de alguma coisa, doe, antes, o
que você quer e isso retornará para você aos montes. Isso é verdadeiro para

172

dinheiro, sorrisos, amor, amizade. Sei que muitas vezes isso é a última coisa
que se deseja fazer, mas, para mim, sempre funcionou. Apenas confio em que
o princípio da reciprocidade funciona e dôo o que desejo. Se quero dinheiro,
dou dinheiro e ele volta multiplicado. Se desejo vendas, ajudo alguém a
vender e as vendas aparecem para mim. Se desejo contatos, ajudo alguém a obter
contatos e, como num passe de mágica, os contatos vêm para mim. Há
muitos anos ouvi algo assim:"Deus não precisa receber, mas os homens
precisam doar."
Pai rico dizia com freqüência:"Os pobres são mais gananciosos do que
os ricos." Ele então explicava que, se uma pessoa era rica, essa pessoa
oferecia algo que os outros desejavam. Ao longo de minha vida, em todos estes
anos, sempre que senti necessidade de dinheiro ou de auxílio, procurava no
fundo de meu coração o que eu queria e decidia doá-lo antes. Ao fazê-lo, o
que eu doava sempre retornava para mim.
Isso me lembra a história do cara sentado com lenha nos braços numa noite
gelada. E ele gritava para a lareira à sua frente:"Quando você me esquentar
um pouco, eu ponho um pouco de lenha dentro de você." Quando se trata
de dinheiro, amor, felicidade, vendas e contatos, tudo o que a gente precisa
lembrar é doar primeiramente o que se deseja e isso retornará aos montes para
nós. Muitas vezes apenas o processo de refletir sobre o que você deseja e como
você o poderia doar para alguém desencadeia uma torrente de generosidade.
Sempre que sinto que as pessoas não estão sorrindo para mim, simplesmente
começo a sorrir e a cumprimentar e, como por milagre, de repente há mais
gente sorrindo à minha volta. É verdade que seu mundo é apenas um espelho
de voce.
Por isso, digo:"Ensina e receberás." Descobri que quanto mais
sinceramente ensino aos que estão desejosos de aprender, tanto mais aprendo. Se
você quer aprender sobre dinheiro, ensine a alguém. Uma torrente de novas
idéias e distinções mais sutis surgirá.
Houve momentos em que doei e nada retornou ou em que o que recebi
não erao que eu desejava. Mas depois de refletir e examinar minha alma,
concluí que em vez de doar por doar, eu estava doando para receber.
Meu pai ensinava professores e se tornou mestre dos mestres. Pai rico
sempre ensinava aos jovens seu jeito de fazer negócios. Em retrospecto, foi a
generosidade deles com o que eles sabiam que os fez melhores. Há neste
mundo poderes muito mais fortes do que nós. Você pode chegar lá por si mesmo,
mas chegará mais rápido com o auxílio dos poderes superiores. Tudo de que
precisa é ser generoso com o que você tem e os poderes superiores serão
generosos com você.

CAPÍTULO DEZ


Ainda quer mais?

Muitos podem não achar suficientes meus dez passos. Eles os vêem mais
como filosofias do que como ações. Penso que entender a filosofia é tão
importante quanto a ação. Há muita gente que quer fazer, em lugar de pensar, e
há gente que pensa mas não faz. Eu diria que sou ambos. Adoro idéias e
adoro agir.
Para aqueles que querem"coisas a fazer" para começar, irei compartilhar,
resumidamente, um pouco do que faço.

- Pare de fazer o que está fazendo. Em outras palavras, pare e avalie o
que está funcionando e o que não está funcionando. A definição de
insanidade é fazer a mesma coisa e esperar resultado diferente. Pare de
fazer o que não funciona e procure algo novo para fazer.
Procure novas idéias. Para novas idéias de investimento, vou às
livrarias e procuro livros sobre assuntos diferentes e originais. Chamo-os
de fórmulas. São livros que ensinam como aplicar de uma forma que
não conheço. Por exemplo, em uma livraria encontrei o livro The 16%
percent solution, de Joel Moskowitz.

Ação! Na quinta-feira seguinte fiz exatamente o que o livro dizia. Passo a
passo. Também fiz isso ao procurar pechinchas em imóveis nos escritórios de
advogados e bancos. Muitas pessoas não agem, ou se deixam convencer por
qualquer pessoa a desistir da fórmula que estão estudando. Meu vizinho me
disse por que os 16% não funcionariam. Não dei ouvidos, porque ele nunca
tinha experimentado isso.

174 Pai Rico, Pai Pobre
Ainda quer mais? 175

- Descubra alguém que já tenha feito o que você quer fazer. Convide-o
para almoçar. Peça dicas, macetes do negócio. No caso dos certificados
de gravames de impostos de 16%, fui à repartição de impostos
municipais e procurei a funcionária que trabalhava na respectiva seção.
Descobri que ela também aplicava em gravames de imposto. Imediatamente
a convidei para o almoço. Ela ficou encantada de me contar tudo o que
sabia e como fazer. Depois do almoço ela passou a tarde me
mostrando tudo. No dia seguinte, com seu auxílio encontrei dois ótimos
imóveis e desde então estou recebendo os juros de 16%. Levei um dia para
ler o livro, um dia para agir, uma hora para almoçar e um dia para
fechar dois bons negócios.

- Faça cursos e compre fitas. Procuro nos jornais cursos novos e
interessantes. Muitos são de graça ou baratos. Também pago seminários
caros sobre o que quero aprender. Sou rico e não preciso de um emprego
devido ao que aprendi. Tenho amigos que não fizeram esses cursos e
me dizem que estou perdendo dinheiro enquanto continuam no
mesmo emprego.

- Faça muitas ofertas. Quando quero um imóvel, procuro muito e em
geral faço uma oferta por escrito. Se você não sabe exatamente"quanto
oferecer", eu também não. Isso é tarefa do corretor imobiliário. Eles
fazem as ofertas. Eu procuro trabalhar o mínimo.

Uma amiga queria que eu lhe mostrasse como comprar apartamentos.
Num sábado, ela, seu corretor e eu visitamos seis edifícios. Quatro eram uma
droga, mas dois eram interessantes. Aconselhei que ela enviasse por escrito
uma oferta para cada um deles, mas oferecendo metade do que os
proprietários pediram. Ela e o corretor quase sofreram um enfarte. Eles pensaram que
não seria educado, que os proprietários poderiam sentir-se ofendidos. Acho
mesmo que o corretor não queria tanto trabalho assim, de modo que não
fizeram nada e continuaram procurando um negócio melhor.
Não fizeram ofertas e a pessoa ainda está procurando o
negócio"certo"
pelo preço certo. Bom, você não saberá qual é o preço certo até que você
encontre outra parte que deseja fechar o negócio. É raro que um vendedor peça
um preço inferior ao valor do objeto de venda.
Moral da história: faça ofertas. As pessoas que não são investidores não
têm idéia do que é tentar vender alguma coisa. Tive um imóvel que procurei
vender durante meses. Teria ficado contente com qualquer proposta. Não
estava preocupado com o quão baixo fosse o preço. Eles poderiam ter-me
oferecido dez porcos e eu teria ficado feliz. Não pela oferta, mas porque
alguém estava interessado. Eu teria feito uma contraproposta, talvez aceitasse
uma criação de porcos. Mas é assim que o jogo funciona. O jogo de compra e
venda é divertido. Não se esqueça disso. É divertido e é só um jogo. Faça
ofertas. Alguém pode dizer"sim".
Eu sempre faço ofertas com ressalvas. Em imóveis, faço ofertas com a
ressalva de que está"sujeita a aprovação do sócio no negócio". Nunca
especifico quem é o sócio no negócio. A maioria das pessoas não sabe que o sócio é
meu gato. Se eles aceitam a oferta e eu não estou disposto a fechar o negócio,
ligo para casa e falo com o gato. Faço esta declaração absurda para ilustrar
como o jogo é incrivelmente fácil e simples. Gente demais o dificulta e o leva
demasiado a sério.
Descobrir um bom negócio, o negócio certo, os investidores certos ou o
que quer que seja é como namorar. Você precisa ir ao mercado e falar com
um monte de gente, fazer um monte de ofertas, contrapropostas, negociar,
rejeitar e aceitar. Conheço solteiros que ficam em casa e esperam que o
telefone toque, mas a menos que você seja Cindy Crawford ou Tom Cruise,
penso que é melhor ir ao mercado, mesmo que seja apenas o supermercado.
Procurar, oferecer, rejeitar, negociar e aceitar são partes do processo de quase
tudo na vida.

- Corra, ande ou dirija por certa área, uma vez por mês, durante dez
minutos. Descobri alguns de meus melhores negócios imobiliários
enquanto corria em certa área ao longo de um ano. O que procuro é
mudança. Para que um negócio seja lucrativo são necessários dois elementos:
pechincha e mudança. Há montes de pechinchas, mas é a mudança que
transforma a pechincha em oportunidade lucrativa. Assim, corro numa
area na qual gostaria de investir. É a repetição que me permite
observar pequenas diferenças. Observo avisos de venda de imóveis que
estão lá há muito tempo. Isso significa que o vendedor estará mais
disposto a negociar. Observo caminhões de mudança indo e vindo. Paro e
converso com os motoristas. Falo com os entregadores de encomendas
postais. É impressionante quanta informação têm sobre uma área.

Descubro uma área ruim, especialmente uma área da qual todo mundo
foi afastado pelo noticiário. As vezes a percorro por um ano à espera de
sinais de que algo está mudando para melhor. Falo com os varejistas,
especialmente os novos, e descubro por que estão se mudando. Isso leva de alguns
minutos a um ano e o faço enquanto estou ocupado com outra coisa como
correr ou ir a uma loja.

176 Pai Rico, Pai Pobre
Ainda quer mais? 177

No caso de ações, gosto do livro de Peter Lynch, Beating the street, por
sua fórmula de selecionar ações que estão aumentando de valor.
Descobri que os princípios de achar valor são os mesmos, quer se trate
de imóveis, estoques, fundos mútuos, novas empresas, um novo
animal de estimação, uma nova residência, um novo cônjuge ou um
detergente em oferta.

O processo é sempre o mesmo, você precisa saber o que está procurando
então correr atrás.

- Por que os consumidores serão sempre pobres? Quando um
supermercado faz uma promoção de, digamos, papel higiênico, o
consumidor corre e faz estoque. Quando o mercado de ações faz
promoção, muitas vezes chamada de crash ou correção, o consumidor foge.
Quando o supermercado aumenta os preços, o consumidor compra
em outro lugar. Quando o preço das ações sobe, o consumidor
começa a comprá-las.

- Procure nos lugares certos. Um vizinho comprou um apartamento por
US$100 mil, comprei o apartamento contíguo ao seu por US$50 mil.
Ele me disse que estava esperando que os preços subissem. Eu lhe
mostrei que o lucro ocorre quando se compra não quando se vende. Ele
comprou um imóvel de uma corretora que não possuía imóveis
próprios. Eu comprei o meu no departamento de execuções judiciais de
um banco. Paguei US$500 por um curso que me ensinou a fazer isso.
Meu vizinho acreditava que pagar essa quantia por um curso sobre
investimentos em imóveis era muito caro. Ele disse que não tinha
dinheiro para isso, nem tempo, de modo que está esperando o preço
aumentar.

- Primeiro, procuro alguém que queira comprar, então busco o
vendedor. Um amigo estava querendo um terreno. Tinha o dinheiro mas não
tinha tempo. Descobri um terreno maior do que o desejado por meu
amigo, reservei e liguei para ele que decidiu ficar com uma parte do
terreno. Então vendi para ele e comprei o terreno. Assim o restante do
terreno me saiu de graça. Moral da história: compre o bolo e corte em
fatias. A maior parte das pessoas busca o que está dentro de seu
orçamento, tem uma visão limitada. Compram apenas uma fatia do bolo e
acabam pagando mais por pouco. Pessoas que pensam pequeno não
conseguem grandes oportunidades. Se você quer enriquecer, comece
pensando grande.
Os varejistas gostam de dar descontos para grandes quantidades,
simplesmente porque a maioria dos homens de negócios adora gente que gasta
muito. Assim, mesmo se você for pequeno, sempre é possível pensar grande.
Quando minha empresa precisou comprar computadores, liguei para vários
amigos perguntando se eles também estariam dispostos a comprar. Então
fomos a diversos vendedores e acabamos fechando um bom negócio porque
estávamos comprando várias unidades. Já fiz o mesmo com ações. Pessoas
pequenas permanecem pequenas porque pensam pequeno, agem sozinhas ou
não fazem nada.

- Aprenda com a história. Todas as grandes empresas listadas na bolsa
começaram como pequenas empresas. O coronel Sanders não ficou rico
até ter perdido tudo aos sessenta anos. Bill Gates era um dos homens
mais ricos do mundo antes dos trinta anos.

- Agir é sempre melhor que ficar parado.

Estas são apenas algumas das coisas que fiz e continuo fazendo para
reconhecer as oportunidades. As palavras importantes são"fiz" e"faço".
Conforme repeti inúmeras vezes ao longo do livro, você precisa agir antes de
poder receber recompensas financeiras. Aja agora!

CONCLUSÃO


Como pagar a faculdade
dos filhos com apenas
US$7.000


Enquanto o livro chega a seu fim e se aproxima da publicação, gostaria de
dividir um último pensamento com o leitor.
A principal razão que me fez escrever este livro foi a de partilhar
percepções quanto à maneira como uma maior inteligência financeira pode ser
empregada para resolver muitos dos problemas comuns da vida. Sem treinamento
financeiro, freqüentemente recorremos a fórmulas padronizadas para levar a
vida, como trabalhar com afinco, poupar, fazer empréstimos e pagar
impostos demais. Hoje precisamos de melhor informação.
Recorrerei à seguinte história como um exemplo de um problema
financeiro com que se deparam tantas famílias em nossos dias. Como você pode
proporcionar boa formação para seus filhos e preparar-se para sua própria
aposentadoria? É um exemplo do uso da inteligência financeira em vez de
trabalho árduo para atingir o mesmo objetivo.
Um amigo meu estava reclamando de como era difícil poupar para garantir
o pagamento da faculdade de seus filhos. Ele estava aplicando todo mês
US$300 em um fundo mútuo e já tinha acumulado US$12 mil. Ele calculava
que precisaria de US$400 mil para financiar a faculdade dos quatro filhos.
Ele tinha doze anos para conseguir isso, pois o mais velho dos filhos estava
então com seis anos.
O ano era 1991 e o mercado de imóveis de Phoenix estava péssimo. As
pessoas estavam se desfazendo de suas casas. Sugeri a meu colega que
comprasse uma casa com parte do dinheiro acumulado em seu fundo mútuo. A
idéia o deixou intrigado e
começamos a discutir a possibilidade. Sua grande
preocupação era que não tinha crédito no banco para comprar outra casa, ja

180 Pai Rico, Pai Pobre

que estava muito endividado. Eu lhe assegurei que havia outras formas de
financiar imóveis sem recorrer ao banco.
Durante duas semanas procuramos uma casa que se encaixasse nos
critérios que estabelecêramos. Havia muitas a escolher, de modo que foi bastante
divertido. Finalmente encontramos uma casa de três quartos e dois
banheiros em um bom bairro. O proprietário tinha sido demitido da empresa e
precisava vender naquele dia pois ele e a família estavam de mudança para a
Califórnia onde outro emprego o aguardava.
O proprietário queria US$102 mil, mas oferecemos apenas US$79 mil.
Ele aceitou imediatamente. A casa estava comprometida com um
financiamento chamado de não-qualificado, o que significa que até um vagabundo
desempregado poderia comprá-la sem aprovação de qualquer banco. O
proprietário estava devendo US$72 mil, e tudo o que meu amigo precisou
desembolsar foi US$7 mil, a diferença entre o preço de venda e o financiamento
pendente. Logo que o antigo proprietário se mudou, meu amigo alugou a casa.
Depois de pagas todas as despesas, incluindo a hipoteca, meu amigo ficava
com US$125 mensais.
Seu plano era ficar com a casa por doze anos, acelerando o pagamento da
hipoteca com aqueles US$125 mensais. Imaginamos que ao fim desse tempo
a maior parte da hipoteca estaria paga e ele obteria uns US$800 líquidos
mensais na época em que o primeiro filho entrasse na faculdade. Se a casa se
valorizasse também seria possível vendê-la.
Em 1994, o mercado de imóveis de Phoenix registrou uma súbita
recuperação e o inquilino que morava na casa e gostava muito dela lhe ofereceu
US$156 mil pela mesma. Novamente o amigo me perguntou o que eu achava
e eu o aconselhei a vender,recorrendo ao mecanismo de
deferimento de imposto da seção 1031.
Agora meu amigo tinha cerca de US$80 mil para fazer alguma coisa.
Liguei para uma amiga em Austin, Texas, que pegou esse dinheiro e o aplicou
em uma sociedade limitada de uma empresa que estava montando. Dentro
de três meses meu amigo passou a receber mensalmente cerca de US$1 mil
que ele imediatamente aplicava no fundo mútuo. Em 1996, minha amiga
vendeu sua pequena empresa e meu amigo recebeu cerca de US$330 mil por sua
parte, os quais foram reinvestidos em um novo projeto de minha amiga,
rendendo agora cerca de US$3 mil mensais, que eram novamente aplicados no
fundo mútuo. Assim, meu amigo está agora confiante que seu objetivo de
juntar US$400 mil será alcançado facilmente, para o que bastaram os US$7 mil
iniciais e um pouco de inteligência financeira. Seus filhos poderão ter a
instrução que desejam e ele poderá usar o ativo remanescente, mediante sua
Sociedade Anônima C,* para financiar sua aposentadoria. Em decorrência de
sua bem-sucedida estratégia de investimento, ele poderá aposentar-se cedo.
Obrigado por ler este livro. Espero que lhe tenha oferecido algumas
percepções quanto à utilização do poder de o dinheiro trabalhar para você. Hoje
precisamos de mais inteligência financeira simplesmente para sobreviver. A
idéia de que é preciso dinheiro para ganhar dinheiro é o pensamento das
pessoas sem sofisticação financeira. Não quer dizer que não sejam inteligentes.
Elas simplesmente não aprenderam a ciência de ganhar dinheiro.
O dinheiro é apenas uma idéia. Se você quer mais dinheiro, mude
simplesmente sua forma de pensar. Toda pessoa que se fez por si própria
começou com uma idéia pequena que transformou em algo grande. O mesmo
ocorre com o investimento. São necessários apenas alguns dólares para começar e
crescer até atingir algo grande. Já encontrei tanta gente que passa a vida
buscando o grande negócio ou tentando acumular dinheiro para entrar em um
grande negócio, mas isso me parece tolice. Vi muitos investidores sem
sofisticação pôr grandes poupanças num negócio e perder quase tudo rapidamente.
Eles podem ter sido bons trabalhadores mas não foram bons investidores.
Instrução e conhecimento sobre dinheiro são importantes. Comece cedo.
Compre um livro. Participe de um seminário. Pratique. Comece em pequena
escala. Transformei US$5 mil em dinheiro em um ativo de US$1 milhão que
gerou um fluxo de caixa de US$5 mil mensais em menos de seis anos. Mas
comecei a aprender desde garoto. Incentivo você a aprender porque não é
tão difícil assim. De fato é até fácil, uma vez que se pega o jeito da coisa.
Penso que minha mensagem ficou clara. É o que está em sua cabeça que
determina o que está em suas mãos. O dinheiro é só uma idéia. Há um livro
chamado Pense e enriqueça (Editora Record). O título do livro não é
Trabalhe arduamente e enriqueça. Aprenda a fazer o dinheiro trabalhar com afinco
para você e sua vida será mais fácil e mais feliz. Nos dias de hoje, não procure
segurança, seja esperto.

---

* Sociedade anônima enquadrada no capítulo C da legislação do imposto de renda dos EUA. (N.T.)

Aja!

Todos receberam dois grandes dons: sua mente e seu tempo. Cabe a você
fazer o que quiser com ambos. Você e só você tem o poder de determinar o
destino de cada nota de dólar que chega às suas mãos. Gaste-a tolamente, você
escolheu ser pobre. Gaste-a com passivos, você fará parte da classe média.
Invista-a em sua mente e aprenda a adquirir ativos e você estará escolhendo a
riqueza como seu objetivo e seu futuro. A escolha é sua e apenas sua. A cada
dia, a cada dólar, você decide ser rico, pobre ou classe média.
Escolha dividir este conhecimento com seus filhos e você os estará
preparando para o mundo que os aguarda. Ninguém mais o fará.
O seu futuro e o de seus filhos serão determinados pelas escolhas que você
faz hoje, não amanhã.
Desejamos para você muita riqueza e muita felicidade com este fabuloso
dom chamado vida.

ROBERT KJYOSAKI

SHARON LECI-TFER

Os Autores


Robert T. Kiyosaki

A principal razão que leva as pessoas a enfrentar dificuldades financeiras
é que passam anos na escola sem aprender nada sobre dinheiro. O resultado
são pessoas que precisam trabalhar pelo dinheiro.., mas nunca aprenderam a
fazer o dinheiro trabalhar para elas", diz Robert.
Nascido e criado no Havaí, Robert faz parte da quarta geração de uma
família nipo-americana. Provém de uma destacada família de educadores. Seu
pai foi diretor de ensino do estado do Havaí. Concluído o segundo grau,
Robert prosseguiu sua formação em Nova York e depois de formado entrou
para a Marinha dos Estados Unidos, indo para o Vietnã como oficial e piloto
de helicóptero de combate.
Voltando da guerra, teve início sua carreira de negócios. Em 1977, fundou
uma empresa que colocou no mercado a primeira carteira"para surfistas" de
náilon e velcro, que se transformou em um sucesso multimilionário sendo
vendida em todo o mundo. Ele e seus produtos foram matérias em Runner's
World, Gentleman's Quarterly, Success Magazine, Newsweek e até Playboy.
Abandonou o mundo dos negócios, em 1985, para ser o co-fundador de
uma empresa internacional de material educativo que opera em sete países,
tendo ensinado negócios e investimentos a milhares de graduados.
Aposentado aos 47 anos, Robert faz o que mais gosta... investir.
Preocupado com o crescente hiato entre os que têm e os que não têm, Robert criou
um jogo chamado CASHFLOW, que ensina o jogo do dinheiro, até então só
conhecido pelos ricos.
Embora o negócio de Robert sejam imóveis e desenvolvimento de
pequenas empresas, sua verdadeira paixão é o ensino. Já dividiu o palco com
palestrantes destacados como Og Mandino, Zig Ziglar e Anthony Robbins.
A mensagem de Robert Kiyosaki é clara:"Assuma a responsabilidade por suas
finanças ou receba ordens por toda a sua vida. Você é senhor do dinheiro, ou
seu escravo." Robert dá aulas que duram de uma hora a três dias, ensinando
às pessoas os segredos dos ricos. Seus temas vão do
investimento com altos
retornos e baixo risco a como ensinar seus filhos a serem ricos e a como mi-

186 Pai Rico, Pai Pobre

gociar empresas e vendê-las, mas sua mensagem é sólida e impressionante. E essa
mensagem é Desperte o gênio financeiro que está dentro de você. Seu gênio
espera revelar-se.
Eis o que diz do trabalho de Robert o mundialmente famoso palestrante
e autor Anthony Robbins:
"O trabalho de Robert Kiyosaki na educação é poderoso, profundo e
altera vidas. Saúdo seus esforços e o recomendo sinceramente."
Nestes tempos de grandes mudanças econômicas, a mensagem de Robert
não tem preço.


Sharon L. Lechter

Esposa e mãe de três filhos, formada em contabilidade, gestora e
consultora profissional de editoras e fabricantes de brinquedos, Sharon Lechter
dedicou seus esforços profissionais à educação.
Diplomou-se Summa Cum Laude em contabilidade na Florida State
University. Foi uma das primeiras mulheres a entrar em uma das então oito
maiores empresas de contabilidade, foi diretora financeira de uma empresa
de computadores, diretora tributária de uma empresa de seguros nacional e
fundadora e editora associada da primeira revista regional feminina do
Wisconsin, enquanto prosseguia suas atividades de auditora pública.
Enquanto via seus filhos crescerem, seu interesse foi se voltando cada vez
mais para as questões educacionais. Lutava para incentivá-los a ler. Eles
preferiam assistir à televisão.
Juntou-se ao inventor do primeiro"livro falante" eletrônico e ajudou a
expandir o ramo dos livros eletrônicos que atualmente é uma atividade
internacional geradora de milhões de dólares. Continua sendo pioneira no
desenvolvimento de novas tecnologias que visam trazer o livro de volta à vida
das crianças.
Esteve profundamente envolvida com a educação de seus filhos.
Tornou-se uma ativista incansável da educação nas áreas de matemática, informática,
leitura e escrita.
"Nosso sistema de ensino não tem conseguido acompanhar o ritmo das
mudanças globais e tecnológicas do mundo atual. Temos que ensinar aos
jovens as habilidades acadêmicas e financeiras de que precisarão não só para
sobreviver mas para desenvolver-se no mundo com que se deparam."
Como colaborador de Pai Pico, Pai Pobre e CASHFLOW Quadra nt, ela agora
concentra seus esforços no auxílio à criação de instrumentos educacionais para
os interessados em melhorar sua educação financeira.

Leituras Recomendadas
Para melhorar sua inteligência financeira

As a Man Thinketh (Inspirador), James Allen (Ed. bras.: O homem é aquilo
que ele pensa. Editora Pensamento).

Beating the Street (Seleção de Ações), Peter Lynch.

Chaos -Making a New Science (Geral),James Gleick (Ed. bras.: Caos: a
criação de uma nova ciência. Campus).

Creating Wealth (Imóveis), Robert AIlen.

E-Myth (Negócios), Michael Gerber.

Incorporate and Grow Rich (Incorporações), C. W AIlen.

Investment Biker (Investimentos),Jim Rogers.

Market Wizards (Negócios em Bolsa),Jack Schwager.

Over the Top (Estratégias de Sucesso), Zig Ziglar (Ed. bras.: Além do topo.
Record).

The New Positioning (Marketing), Jack Trout (Ed. bras.: O novo
posicionamento. Makron Books).

The Wall Street Journal Guide to Understanding Money & Investing (Ações,
títulos, fundos mútuos, futuros, dinheiro), Kenneth M. Morris, AlIan M.
Seigel.

The Warren Bufet Way (Estratégias de Investimento), Robert Hagstrom (Ed.
bras.: Warren Buffet. Makron Books).

Trading For A Living (Negócios em Bolsa), Dr. Alexander Elder.

Unlimited Power (Estratégias de Sucesso), Anthony Robbin (Ed. bras.: Poder
sem limites. Best-Seller).


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http://www.redemptor.com.br - Aparecida-SP

E como os pais podem ensinar aos filhos o que
a escola não ensina? Esta é outra das muitas
perguntas com que o leitor se depara em Pai
Rico, Pai Pobre. Nesse sentido, a proposta dos
autores é facilitar a tarefa dos pais. O leitor que
sabe contabilidade deve esquecer seus
conhecimentos acadêmicos, pois muitas das
teorias expostas por Robert Kiyosaki contrariam
os princípios contábeis geralmente aceitos
e apresentam uma valiosa e moderna percepçao
da forma como se realizam os investimentos.

O mundo enfrenta mudanças radicais e, talvez,
de alcance maior do que as ocorridas em
séculos passados. Não existe bola de cristal, mas
algo é certo: a perspectiva global é de mudanças
que transcendem nossa realidade Imediata.
Aconteça o que acontecer, só existem duas
alternativas: a segurança ou a inteligência.
E o objetivo de Pai Rico, Pai Pobre é instruir
o leitor e despertar seu gênio financeiro
e o de seus filhos.

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