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quarta-feira, 1 de junho de 2011

Primeiro livros da Trilogia "As estrelas de Mitra" - Romance

Estrela Oculta

Nora Roberts

Capítulo 1
Cade Parris não estava em um dos seus melhores dias quando a mulher de seus sonhos entrou em seu escritório. Sua secretária tinha se demitido no dia anterior,
de qualquer modo ela não servia para muita coisa mesmo, sempre prestando mais atenção nas suas unhas do que atendendo aos telefonemas. Mas ele precisava de alguém
para dar andamento nas coisas e arrumar os papéis nos arquivos. Mesmo o aumento que ele ofereceu em um momento de desespero não mudou a determinação dela em virar
de repente uma sensação da música country.
O resultado era que sua secretária estava neste momento, seguindo para Nashiville em uma pickup de segunda mão a milhas de distância de seu escritório em -
ele esperava sinceramente - uma estrada em péssimo estado.
Ela não estivera com a cabeça exatamente no trabalho nos dois últimos meses. Essa impressão tinha sido mais que confirmada quando ele encontrou um sanduíche
de mortadela dentro da gaveta do arquivo. Ao menos era o que parecia ser aquela massa dentro do saco plástico.
E ele tinha sido arquivado na letra A - de Almoço?
Ele não tinha se preocupado em esclarecer, como também não tinha se preocupado em atender o telefone que tocava incessantemente na mesa vazia da recepção. Ele
tinha relatórios para digitar e como digitação não era uma de suas melhores habilidades, ele queria acabar logo com aquilo.
Parris Investigations não era o que poderia se chamar de uma empresa próspera. Mas servia para ele, como o tumultuado escritório de duas salas espremido no
último andar de um estreito prédio de tijolos, de péssimo encanamento, na North West D.C. também servia para ele.
Ele não precisava de carpetes macios ou maneiras polidas. Tinha crescido com tudo isso, com a pompa e pretensões, e estava cheio de tudo quando alcançou a idade
de vinte anos. Agora aos trinta, com um casamento ruim deixado para trás e uma família que continuava a desacreditar em sua ocupação, ele era, com tudo isso, um
homem satisfeito.
Ele tinha sua licença de investigador, uma reputação decente como o homem que fazia o trabalho e recebia o suficiente para manter a agência sem afundar.
Apesar que parte de seus problemas fossem os atuais trabalhos. Estava, no que se poderia chamar, de bonança. A maioria dos casos consistiam em seguros e certos
trabalhos domésticos, alguns degraus abaixo da excitação que ele tinha imaginado quando se tornou investigador particular. Havia finalizado dois casos, dois pequenos
casos de fraude de seguros, o que não necessitava de muito esforço ou inovação de sua parte para ser concluído.
Ele não tinha nada encaminhado no momento, o ganancioso sanguessuga do seu senhorio estava aumentando seu aluguel, e ultimamente o motor de seu carro estava
fazendo um barulho duvidoso, seu ar condicionado estava aos pedaços e o teto estava pingando de novo.
Ele o pegou a delgada planta amarelada que sua antiga secretária tinha deixado para trás e colocou-a no chão sobre a goteira, esperando que assim talvez sobrevivesse.
Ele podia ouvir a voz saindo de sua secretária eletrônica. Era sua mãe."Deus, alguma homem já conseguiu escapar da sua mãe alguma vez? " pensou.
"Cade, querido, espero que você não tenha esquecido do Baile na Embaixada. Você sabe que vai acompanhar Pamela Lovett. Eu almocei com a tia dela hoje e ela
me contou que Pamela está maravilhosa depois de uma pequena passagem por Mônaco."
- Tá, tá, tá. - Ele murmurou, enquanto estreitava os olhos para o computador.
Ele e as máquinas tinham um pobre e não muito confiável relacionamento.
Recostou-se na cadeira e encarou a tela enquanto ouvia a mãe continuar a falar: "Você mandou limpar o seu smoking? Consiga um tempinho para cortar seus cabelos,
querido. Você parecia tão desleixado da última vez que o vi.
- "E não se esqueça de lavar atrás das orelhas.", pensou azedamente e parou de escutar a mãe.
Ela nunca iria aceitar que estilo de vida Parris não era seu estilo de vida, que simplesmente não queria almoçar no clube ou acompanhar chatas debutantes por
Washington e que sua opinião não iria mudar por meio de sua persuasão.
Ele queria aventura, pensou lutando para digitar o relatório com um fraco suspiro de aceitação, não era exatamente o Sam Spade1, mas ele fazia seu trabalho.
Na maioria das vezes não se sentia inútil, chateado ou fora de lugar. Gostava do som de trânsito do lado de fora da janela, mesmo que a janela só estivesse
aberta por que o prédio e o mal-cheiroso do senhorio não tinham ar condicionado central e o seu estava quebrado. O calor era intenso, e a chuva se aproximava, mas
com a janela fechada, o escritório ficaria tão abafado e sufocante como um caixão.
O suor escorria por suas costas, tornando-o grudento e irritadiço. Ele tinha se despido e só restava uma camiseta e o jeans, seus longos dedos batiam nas teclas
do computador e tinha que afastar diversas vezes o cabelo do rosto, o que o deixava mais irritado. Sua mãe tinha razão. Ele precisava cortar os cabelos.
Então quando o cabelo novamente caiu, ele ignorou-o, como ignorou o suor, o calor, o barulho do tráfego, as gotas que continuavam caindo do teto. Sentou-se,
e continuou a bater nas teclas metodicamente, um belo e memorável homem... com uma carranca no rosto.
Tinha herdado o olhos verdes e inteligentes dos Pais que podiam variar de frio como cristal a suave como névoa no mar, isso dependendo do seu humor. O cabelo,
que precisava ser aparado, era de um castanho muito escuro e tendia a ondular-se. Como agora, enrolando-se e grudando em seu pescoço, acima de suas orelhas, deixando-o
cada vez mais aborrecido. Seu nariz era reto, aristocrático e um pouco grande, sua boca era firme e rápida para sorrir quando estava se divertindo. E para se estreitar
quando não estava.
Seu rosto tinha se tornado mais endurecido desde da embaraçadora fase infantil e começo da adolescência, quando tinha o rosto rechonchudo, mas continuava com
as covinhas. Ele tinha esperado ansioso pela meia idade, quando, com sorte, estas teriam se tornado rugas másculas.
Queria ter rugas, e ao invés disso, tinha sido presenteado com uma agradável e sonhada boa aparência de capa de revista, e tinha pousado para a revista GQ2
quando estava com vinte e poucos anos, mas sob muitos protestos e uma enorme pressão familiar.
O telefone tocou novamente. Desta vez escutou a voz de sua irmã, reclamando por ele ter faltado em uma festa chata em homenagem a um senador barrigudo que ela
apoiava.
Ele pensou em arrancar a maldita secretária eletrônica da parede, jogá-la junto com a voz irritante de sua irmã pela janela no meio do tráfego na Avenida Wisconsin.
Então a chuva que se somava ao miserável e grudento calor começou a cair em sua cabeça, o computador pifou sem uma razão que ele pudesse perceber, a não ser
uma inclinação para um desagradável senso de humor, e o café que esquecera na cafeteira aquecendo ferveu com um odioso assobio.
Ele se levantou de um pulo, queimou a mão na jarra de café e praguejou furiosamente enquanto a jarra se espatifava, espalhando vidro, e espirrando café quente
em todas as direções. Ele abriu uma gaveta, procurando por guardanapos e cortou seu dedão com uma arma mortal que sua antiga secretária havia deixado em um arquivo
junto com vários outros objetos de manicure.
Quando a mulher entrou, ele ainda estava praguejando e sangrando e tinha acabado de colocar a planta no meio do chão e nem tinha levantado o olhar.
Era preocupante o jeito que ela simplesmente parou ali, pingando, encharcada pela água da chuva, a face mortalmente pálida e os olhos arregalados com o choque.
- Desculpe-me - A voz saiu arranhada, como se ela não a usasse a dias - Eu devo estar no escritório errado - Ela deu alguns passos para trás, e aqueles olhos
castanhos grandes e arregalados olharam para o nome gravado na porta. Hesitou, então olhou de volta para ele.
- Você é o Sr. Parris?
Houve um momento, um cego momento, quando ele não pode falar. Sabia que a encarava, não podia evitar. Seu coração simplesmente parou. Seus joelhos enfraqueceram.
E o único pensamento que veio em sua mente foi "Aí está você finalmente. Por que diabos demorou tanto? "
E porque isso era tão ridículo, ele lutou para colocar uma amena, mesmo que cínica, expressão de investigador em seu rosto.
- Sim - Ele lembrou do lenço em seu bolso, e o enrolou ao redor do seu dedo que pingava sangue - Tive um pequeno acidente aqui.
- Entendo - Apesar dela não parecer que entendia, pelo jeito que continuava a encarar seu rosto - Eu cheguei em má hora. Não tinha hora marcada. Acho que talvez...
- Parece que estou livre.
Ele queria que ela entrasse. Apesar de absurda e sem precedentes reação, ela era uma cliente em potencial. E droga, ninguém que tinha entrado pela porta de
Sam Spade parecia ser tão perfeita.
Ela era loira, linda e desconcertante. Seu cabelo estava molhado de chuva e por isso descia liso pelos ombros. Seus olhos eram castanhos claros, em um rosto
que poderia ter usado mais cores, era delicado como uma fada, em forma de coração, nas bochechas uma delicada curvinha e a boca era cheia, formal e sem pintura.
Ela tinha arruinado o terninho e os sapatos na chuva. Ele reconheceu os dois sendo de ótima qualidade, eram quase exclusivos, um estilo só encontrado em ateliês
do designer. Contra o molhado terninho de seda azul, a sacola de lona que ela agarrava com as duas mãos, parecia intrigantemente fora de lugar.
Donzela em perigo, ele pensou, e os lábios se curvaram. Exatamente o que o médico tinha receitado.
- Por que você não entra, feche a porta, Srta...?
- Você é um investigador particular?
- É o que está escrito na porta. - Cade sorriu de novo, usando propositalmente as covinhas enquanto a observava morder o adorável lábio inferior. Maldição
se não gostaria de morder o lábio dela ele mesmo.
E esta reação, ele pensou com pouco alívio, era muito mais que isso. Luxúria era um sentimento que ele podia entender.
- Vamos para o meu escritório - Ele examinou o vidro quebrado e a sujeira do café - Acho que terminei aqui por enquanto.
- Tudo bem - Ela inspirou profundamente, deu um passo adiante e fechou a porta. Ela achava que tinha que começar por algum lugar.
Escolhendo o caminho sobre os fragmentos, ela o seguiu para dentro da sala adjunta. Estava mobiliada com um pouco mais de uma mesa e umas velhas cadeiras. Bem,
ela não poderia ser implicante com a decoração, lembrou-se.
Esperou até que ele sentou-se atrás da mesa, recostou-se na cadeira e sorriu para ela de novo, sorriso do estilo "confie em mim".
- Você...eu poderia... - Ela apertou os olhos com força, concentrou-se e tentou novamente: - Você teria alguma credencial que eu pudesse ver?
Mais intrigado, ele pegou sua credencial, e entregou a ela. Ela usava dois bonitos anéis, um em cada mão, ele notou. Um era de citrina de corte quadrado em
um antigo modelo, o outro um trio de pedras preciosas. Seus brincos combinavam com o segundo anel, notou quando ela colocou o cabelo atrás da orelha para estudar
sua credencial como se estivesse pesando cada palavra impressa.
- Você gostaria de me dizer qual é o problema, Srta...?
- Eu acho... - lhe devolveu a credencial, então se agarrou novamente 'a sacola com ambas as mãos. - Eu acho que quero contratar você. - Os olhos dela estavam
novamente em seu rosto, tão intensos, tão preocupados, quanto estavam quando olhara sua credencial. - Você cuida de casos de pessoas desaparecidas?
- Quem você perdeu, querida? - Ele quis saber. Esperava, pelo bem dela e da pequena fantasia que sua cabeça tinha criado, que não fosse o marido dela. - Sim,
eu cuido de pessoas desaparecidas.
- Seu...ãh, preço?
- Duzentos e cinqüenta mais despesas. - Quando ela acenou em concordância, ele colocou na mesa os papéis legais e pegou uma caneta. - Quem você quer que eu
ache?
Ele respirou profundamente.
- Eu... Preciso que você me ache.
Olhando para ela, ele bateu a caneta contra o papel.
- Parece que eu já te achei. Você quer que eu mande a conta, ou você quer me pagar agora?
- Não - Ela podia sentir quebrando-se. Tinha se segurado por tanto tempo... ou achou que sim, mas agora podia sentir que, aquele galho ao qual ela vinha se
agarrado quando o mundo que conhecia tinha desaparecido, começava a se quebrar. - Eu não lembro. De nada. Eu não... - A voz dela começou a falhar. Ela tirou as mãos
da sacola que se encontrava em seu colo e apertou-as de encontro ao rosto. - Eu não sei quem eu sou. Eu não sei quem eu sou. - Então ela estava chorando as palavras
saindo por entre os dedos - Eu não sei quem eu sou!
Cade tinha muita experiência em mulheres histéricas. Crescera entre mulheres que usavam lágrimas e soluços para tudo, desde unhas quebradas a casamentos desfeitos.
Então ele se levantou, se armou com uma caixa de lenços e se agachou na frente dela.
- Agora, querida. Não se preocupe. Tudo vai acabar bem. - Com uma gentil experiência, ele limpava o rosto dela enquanto falava. Deu um tapinha na mão feminina,
afastou seus cabelos e estudou os olhos marejados.
- Sinto muito.Eu não posso...
- Apenas chore - disse a ela. - Você se sentirá melhor. Levantando-se, entrou no banheiro e pegou um copo descartável de água para ela.
Depois de um colo cheio de lenços de papel e três copos estragados, ela soltou um suspiro trêmulo. - Desculpe-me .Obrigada. Eu me sinto bem melhor. - As bochechas
dela coraram um pouco de vergonha quando pegou os lenços e os copos. Cade pegou tudo e jogou no lixo, depois descansou um lado do quadril na quina da mesa.
- Você quer me contar sobre isso agora?
Ela concordou, depois cruzou os dedos e começou a retorcê-los.
- Eu... Não tenho muito o que contar. Eu apenas não me lembro de nada. Quem eu sou, o que faço, de onde vim. Amigos, família. Nada. - Prendeu a respiração
e soltou devagar. - Nada. - repetiu
Era um sonho virando realidade, pensou, a linda mulher sem passado sai da chuva e entra em seu escritório. Ele deu uma olhada na sacola que ela ainda segurava
no colo. Eles chegariam ali em um minuto. - Por que não me conta a primeira coisa que se lembra?
- Eu acordei em um quarto de hotel na rua Dezesseis. - Deixando a cabeça descansar contra a cadeira, fechou os olhos e tentou colocar as coisas em foco. -
Até isso não está claro. Eu estava curvada na cama, e havia uma cadeira apoiada em baixo da maçaneta da porta. Estava chovendo. Eu podia ouvir a chuva. Estava meio
grogue e desorientada, mas meu coração batia forte, como se estivesse acordado de um pesadelo. Ainda estava calçada. Lembro-me de me perguntar por que tinha ido
dormir de sapatos. O quarto era escuro e abafado. Todas as janelas estavam fechadas. Eu estava cansada, então fui ao banheiro para jogar água no rosto. Abriu os
olhos, encarando-o. - Vi meu rosto no espelho. Aquele pequeno e feio espelho com marcas pretas onde precisava ser recuperado. E não significou nada para mim. O rosto.
- Ela levantou uma mão, passou pela bochecha, pela mandíbula. - Meu rosto não significava nada para mim. Eu não podia lembrar do nome que vinha com o rosto, ou dos
pensamentos ou dos planos ou do passado. Eu não sabia como tinha chegado naquele horrível quarto. Olhei nas gavetas e no guarda-roupa, mas estavam vazios. Nenhuma
roupa. Estava com medo de ficar lá, mas não sabia para onde ir.
- A sacola? Isto era tudo o que você tinha com você?
- Sim - As mãos dela agarraram a sacola de novo - Sem bolsa, sem carteira e sem chaves. Isto estava no meu bolso - colocou a mão em um bolso da jaqueta e tirou
de lá um pequeno recado escrito em um pedaço de papel.
Cade pegou o papel dela, examinou a rápida mensagem.Bailey, encontro às 7, tudo bem? M.J.
- Não sei o que significa. Eu vi o jornal. Hoje é Sexta-feira.
- Mmm. Escreva isto - Cade disse, entregando a ela uma caneta e papel.
- O quê?
- Escreva o que está escrito no recado.
- Oh - Mordendo o lábio de novo ela, ela copiou.
Apesar de ele não ter que comparar os dois para chegar a uma conclusão, ele pegou o papel dela, colocou os recados lado a lado. - Bem, você não é M.J., então
eu diria que você é Bailey.
Ela piscou, engoliu em seco.
- O quê?
- Pelo jeito de escrever do M.J. ele ou ela é canhoto. Você é destra. Você tem a forma de escrita limpa, simples, M.J. tem a escrita impaciente. O recado estava
no seu bolso. Provavelmente você é Bailey.
- Bailey - Ela tentou absorver o nome, a esperança, o sentimento e o gosto da identidade. Mas era não significava nada para ela. - Não quer dizer nada.
- Significa que nós temos um nome para chamá-la, e algum lugar para começar. Me conte o que você fez depois.
Distraída, piscou para ele.
- Oh, eu...Tinha uma lista telefônica no quarto. Eu procurei por agências de detetives.
- Por que você escolheu a minha?
- O nome. Soava forte. - Ela sorriu pela primeira vez, e apesar de hesitante estava lá. - Eu comecei a ligar, mas aí pensei que talvez devesse sair, e simplesmente
aparecer...Então esperei no quarto até que fosse horário comercial, então caminhei um pouco e peguei um táxi. E aqui estou.
- Por que você não foi a um hospital? Chamou um médico?
- Pensei nisso. - olhou para as mãos. - Eu simplesmente não fiz.
Ela estava com o estômago roncando. Ele deu a volta na mesa, abriu uma gaveta, pegou uma barra de chocolate. - Você não falou nada sobre parar para tomar café
da manhã - Ele a viu estudar a barra que ele oferecia com confusão e o que pareceu ser divertimento. - Isto vai segurá-la até possamos fazer melhor.
- Obrigada. - Com habilidade, movimentos precisos, ela desembrulhou a barra de chocolate.
Talvez parte da vibração em seu estômago fosse fome.
- Sr.Parris, talvez tenha pessoas preocupadas comigo. Família, amigos. Talvez eu tenha filhos. Eu não sei. - Seus olhos ficaram profundos, fixos em um ponto
sobre o ombro dele. - Eu acho que não. Eu não acredito que alguém pudesse esquecer o próprio filho. Mas pessoas podem estar preocupadas, querendo saber o que aconteceu
comigo. Por que não fui para casa ontem à noite.
- Você poderia ter ido a polícia.
- Eu não queria ir a polícia. - Desta vez sua voz foi cortante e definitiva. - Não até que...Não, eu não quero envolver a polícia. - Ela começou a bater os
dedos no lenço de papel, então começou a rasgá-lo em tiras. - Alguém pode estar procurando por mim e talvez não seja um amigo, ou uma familiar. Uma pessoa que pode
não estar preocupado com meu bem-estar. Não sei por que me sinto desse jeito, só sei que estou com medo. É algo mais do que o fato de não me lembrar. Mas não conseguirei
entender, nada disso, até que eu saiba quem eu sou.
Talvez fossem aqueles grandes, suaves e úmidos olhos encarando-o, ou aquelas mãos inquietas. De qualquer jeito, ele não pode resistir a se exibir, só um pouquinho.
- Eu já posso contar algumas coisas sobre você. É uma mulher inteligente, com vinte e poucos anos. Tem um bom olho para cores e estilo, e o suficiente no banco
para pagar sapatos italianos e ternos de seda. Você é precisa, provavelmente organizada. Prefere o entendimento ao óbvio. Desde que você não tente com afinco, eu
diria que não é uma boa mentirosa. Tem uma boa cabeça sobre os ombros, pensa com clareza e não entra em pânico facilmente. E gosta de chocolate.
Ela formou uma bola com a embalagem vazia do chocolate.
- Por que você assume todas essas coisas?
- Você fala bem, mesmo quando está assustada. Pensou sobre como iria lidar com isso e fez isso através de passos, logicamente. Você se veste bem e com qualidade
acima da média. Tem uma boa manicure, mas nada chamativo. Suas jóias são exclusivas, interessantes, mas não ostensivas. Além disso está segurando informações desde
que entrou por aquela porta por que ainda não decidiu o quanto vai confiar em mim.
- Quanto deveria confiar em você?
- Você veio até mim.
Ela reconhecia isso, levantou-se e andou até a janela. A chuva esmaecia, enquanto uma vaga dor de cabeça começava a surgir bem atrás de seus olhos.
- Eu não reconheço a cidade - murmurou. - Mas sinto que devia .Sei onde estou por que vi no jornal, o Washington Post. Eu sei como a Casa Branca e o Capitol3
se parecem. Eu conheço os monumentos, mas poderia tê-los visto pela televisão ou em um livro.
Apesar de estar molhado pela incessante chuva, ela descansou as mãos no peitoril da janela, apreciando o frio de sua superfície. - Eu sinto como se tivesse
saído de lugar nenhum para um feio quarto de hotel. Ainda sei como escrever e ler, como andar e falar. O motorista do táxi estava com o rádio ligado, e eu reconheci
o que era música. Reconheci árvores. Não fiquei surpresa pela chuva ser molhada. Senti cheiro de café queimado quando entrei aqui e não era um cheiro incomum. Eu
sei que seus olhos são verdes. E quando a chuva clarear, eu que o céu será azul. - Ela suspirou. - Então eu não saí de lugar nenhum. Existe coisas que sei, coisas
que tenho certeza. Mas meu próprio rosto não significa nada para mim. Posso ter machucado alguém, feito coisas. Eu posso ser egoísta e calculista, até cruel. Talvez
ter um marido que traí ou um vizinho que atormentei.
Ela se virou, e seu rosto estava duro e sério, um contraste com a fragilidade dos cílios ainda molhados de lágrimas.
- Sr.Parris, eu não sei se vou gostar da pessoa que você achar quando me encontrar, mas eu preciso saber - Ela colocou a sacola na mesa dele, hesitou por um
momento, então a abriu. - Eu acho que tenho o suficiente para pagar os seus honorários.
Ele viera do dinheiro, do tipo antigo que aumenta e se propaga em gerações. Mas mesmo com seu histórico, ele nunca tinha visto tanto em um só lugar ao mesmo
tempo. A bolsa de lona estava cheia de pilhas embrulhadas de notas de cem dólares lisas e limpas. Fascinado, Cade pegou uma pilha, girou-a. Sim, ele pensou, todas
as notas tinham o conhecido e digno rosto de Ben Franklin.
- Eu chutaria mais ou menos um milhão.
- Um milhão e duzentos dólares - Bailey murmurou enquanto olhava dentro da sacola. - Eu contei as pilhas. Eu não sei por que peguei ou por que elas estão comigo.
Eu talvez tenha roubado.
Lágrimas começaram a aparecer de novo enquanto ela se virava.
- Pode ser dinheiro de resgate. Eu poderia estar envolvida em um seqüestro. Poderia haver uma criança em algum lugar sendo presa, e eu estou com o dinheiro
do resgate. Eu só...
- Vamos acrescentar imaginação fértil junto com as outras qualidades.
Foi o tom frio e casual na voz dele que a fez se virar em sua direção.
- Tem uma fortuna aí.
- Um milhão ou dois não fazem uma fortuna hoje em dia. - colocou o dinheiro de volta na sacola. - E me desculpe, Bailey, você simplesmente não se encaixa no
frio e calculista perfil de seqüestrador.
- Mas você pode checar isso. Pode descobrir, discretamente, se houve um rapto.
- Claro. Se a polícia estiver envolvida eu posso descobrir alguma coisa.
- E se houve algum assassinato? - Lutando para ficar calma, ela pegou a sacola de novo - Desta vez ela tirou uma 38.
Como um homem cauteloso, Cade colocou o tambor de lado, e o pegou. Era um Smith & Wesson e na sua rápida averiguação, ele descobriu que estava carregada.
- Como você sentiu isso em suas mãos?
- Não entendi.
- Como você sentiu quando a pegou? O peso, o formato?
Apesar da confusão pela pergunta, ela fez o melhor para responder cuidadosamente.
- Não tão pesado quanto eu achei que seria. Parecia ser aquele tipo de coisa poderosa que deveria ter mais peso, mais substância. Eu acredito que ficou estranho.
- A caneta não ficou.
Desta vez ela simplesmente passou a mão pelos cabelos.
- Eu não sei do que você está falando. Eu acabei de lhe mostrar mais de um milhão de dólares e uma arma. E você está falando de canetas.
- Quando eu entreguei a caneta para que escrevesse, você não se sentiu estranha. Você não teve que pensar sobre isso. Apenas a pegou e usou. - sorriu um pouco
e colocou a arma no bolso em vez de devolver à sacola dela. - Eu acho que você está muito mais acostumada a segurar uma caneta do que um revólver calibre 38.
Houve um pouco de alívio nisso na simples lógica exposta. Mas não afastava todas as nuvens.
- Talvez você esteja certo. Mas não significa que eu não a tenha usado.
- Não, não significa. E como você colocou suas mãos em toda sua superfície, não podemos provar que você não o fez. Eu posso checar, para ver se está registrada
e no nome de quem.
Os olhos dela brilharam de esperança.
- Pode ser minha. Ela o alcançou, pegou a mão dele em um gesto impensado e natural. - Então, nós teremos um nome. Então saberei meu nome. Eu não imaginava
que poderia ser tão simples.
- Talvez possa ser simples.
- Você tem razão - Ela soltou a mão dele, e começou a andar. Seus movimentos eram suaves, controlados. - Estou me adiantando. Mas ajuda tanto, sabe, mais do
que eu imaginava, contar para outra pessoa. Alguém que saiba como descobrir as coisas. Eu não sei se sou muito boa com quebra-cabeças. Sr.Parris...
- Cade - disse, intrigado por achar os econômicos movimentos dela tão sexy. - Deixaremos isso menos formal.
- Cade - ela inspirou, soltou o ar. - É bom chamar alguém pelo nome. Você é a única pessoa que eu conheço, a única pessoa que eu lembro de ter tido uma conversa.
Eu posso te dizer como isso é estranho, e nesse momento, também confortador.
- Por que não fazemos eu ser única pessoa que você lembra de ter feito uma refeição? Uma barra de chocolate não é muito para um café da manhã. Você parece
exausta, Bailey.
Era tão estranho ouvir ele usar esse nome quando olhava para ela. Por que era tudo o que ela tinha... lutou para responder.
- Eu estou cansada - admitiu - Não parece que eu tenha dormido muito, e não sei quando comi pela última vez.
- Como você se sente em relação a ovos mexidos?
O sorriso apareceu nos lábios dela de novo.
- Eu não tenho a menor idéia.
- Bem, vamos descobrir - Ele começou a pegar a sacola, mas ela colocou a mão sobre a dele em cima das pilhas de dinheiro.
- Tem uma outra coisa - não falou por um momento, mas manteve os olhos nos dele do jeito como tinha feito quando entrou ali. Procurando, medindo, decidindo.
Mas não havia, ela sabia, uma escolha. Ele era tudo o que tinha. - Antes de eu lhe mostrar, preciso de sua promessa.
- Você me contratou, Bailey, eu trabalho para você.
- Eu não sei se o que eu vou pedir é completamente ético, mas eu ainda preciso de sua palavra. Se durante a investigação você descobrir que cometi um crime.
Preciso de sua palavra que você vai descobrir tudo que puder, todas as circunstâncias, todos os fatos, antes de você me entregar para a polícia.
Ele moveu a cabeça.
- Você acredita que eu iria entregar você.
- Se eu quebrei a lei, eu espero que você me entregue para a polícia. Mas preciso das razões antes de você o fazer. Eu preciso entender todos os porquês, as
razões, como fiz isso e todas as pessoas envolvidas. Você vai me dar sua palavra?
- Claro - Ele pegou a mão que ela estendia. Era delicada como porcelana, firme como uma rocha. E ela, pensou, quem quer que fosse, era uma fascinante combinação
de fragilidade e força. - Nada de polícia, até sabermos tudo. Você pode confiar em mim, Bailey.
- Você está tentando me deixar confortável com o nome. Novamente, sem pensar, em um movimento que era natural como a cor dos olhos dela, ela beijou a bochecha
dele - Você é muito gentil.
Gentil o suficiente, ela pensou, para abraçá-la se pedisse. E queria tão desesperadamente ser abraçada, confortada, escutar a promessa que o mundo dela voltaria
ao normal a qualquer momento. Mas precisava se manter sozinha. Ela só poderia esperar que fosse o tipo de mulher que se mantinha sozinha e enfrentava seus próprios
problemas.
- Tem mais uma coisa - Ela pegou a sacola novamente, colocou a mão lá no fundo, sentiu a grossa cartucheira de veludo, o peso do que estava dentro dela. -
Acho que é provavelmente a coisa mais importante.
Ela o retirou e com muito cuidado, com o que ele pensou que era reverência, desamarrou a cartucheira e deslizou o conteúdo na palma da mão.
O dinheiro o tinha surpreendido, a arma o tinha preocupado. Mas isso o tinha aterrorizado. O vislumbre daquilo, o real brilho, até mesmo no escritório escuro
pela chuva, tinha um surpreendente e suntuoso poder.
A pedra preciosa encheu a palma da mão feminina, tinha facetas claras e formas o suficiente para que o mais leve feixe de luz se refletisse no ar em brilhantes
faixas. Tinha pertencido, ele pensou, a coroa de uma rainha mística, ou tinha descansado entre os seios de uma antiga Deusa.
- Eu nunca tinha visto uma safira tão grande.
- Não é uma safira. - E quando ela a passou para as mãos dele ela juraria que tinha sentido a troca de calor - É um diamante azul, com mais ou menos cem quilates.
Corte brilhante, veio provavelmente da Ásia. Não há inclusões a olho nu, e é raro na cor e tamanho. Eu teria que chutar que vale facilmente três vezes a quantia
de dinheiro que tem na sacola.
Ele não estava mais olhando para a pedra preciosa, mas para ela. Quando ela levantou os olhos para os seus, balançou a cabeça.
- Eu não sei como sei disso. Mas sei. Como também sei que isso não é tudo...não é...totalmente.
- O que você quer dizer?
- Quem me dera saber. Mas é um sentimento muito forte, um quase reconhecimento. Eu sei que a pedra só uma parte do todo. Como também sei que não é possível
que me pertença. Não pertence a ninguém. Ninguém. - ela repetiu pausadamente. - Eu devo ter roubado isso.
Ela apertou os lábios, levantou o queixo, alinhou os ombros.
- Eu posso ter matado alguém por isso.

Capítulo 2
Cade a levou para casa. Era a melhor opção que poderia pensar. E queria a sacola de lona e o seu conteúdo em segurança o mais rápido possível. Ela não argumentou
quando a levou para fora do prédio, não fez comentários sobre o pequeno e caro Jaguar estacionado em um estreito espaço no asfalto rachado.
Ele preferia usar o seu comum e bem rebaixado Sedã para o seu trabalho, mas até que ele saísse da oficina, ele estava preso com seu última linha e chamativo
Jaguar.
Mas ela não disse nada, nem quando ele dirigiu para um adorável bairro antigo com graciosas árvores que formavam sombras acolhedoras e jardins cobertos de flores
e gramas bem aparadas e com o caminho digno do estilo Colonial de casas de tijolos.
Ele tinha se preparado para explicar que tinha herdado tudo de uma tia avó que tinha uma queda por ele, o que era verdade o suficiente. E que ele vivia ali
por que gostava da quietude e da conveniência do bairro bem situado no coração de Washington.
Mas ela não perguntou.
Para Cade parecia que ela estava esgotada. Qualquer energia que tivesse empurrado-a para a chuva, procurando seu escritório e contado sua história, tinha se
esgotado, deixando-a acabada. E frágil novamente.
Precisava checar aquela urgência de simplesmente levantá-la e carregá-la para dentro. Ele podia se imaginar claramente como o corajoso cavalheiro, o herói da
donzela, carregando-a para a segurança do castelo e longe de todos os dragões que a perseguiam.
Realmente precisava parar de pensar em coisas assim.
Em vez disso, pegou a sacola de lona, pegou a não resistente mão delicada e levou-a para a agradável vestíbulo, pelo corredor até a cozinha.
- Ovos mexidos - Ele disse, puxando uma cadeira para ela e empurrando-a para baixo para sentar-se na mesa de pedestal.
- Tudo bem. Sim. Obrigada - Ela sentia-se vacilante, fora de foco, e terrivelmente agradecida a ele. Não estava enchendo-a de perguntas, não pareceu chocado
com sua história ou com pena. Talvez fosse a natureza de seu trabalho que o fazia manter tudo à distância, mas qualquer que fosse a razão, ela estava agradecida
pelo tempo que dava para que se recuperasse.
Agora ele se movia pela cozinha de um jeito casual e eficiente.
Quebrando ovos marrons em uma tigela branca, colocando pão na torradeira que estava em um balcão colorido de granito. Ela poderia se oferecer para ajudar, pensou.
Parecia a coisa certa a fazer. Mas estava tão terrivelmente cansada, e era tão bom ficar apenas sentada naquela grande cozinha com a chuva caindo musicalmente no
teto e assistir ele fazendo a simples tarefa de fazer café da manhã.
Estava cuidando dela. E ela estava deixando. Bailey fechou os olhos e ponderou se era o tipo de mulher que precisava ser atendida por um homem, que gostava
do papel de indefesa dama.
Esperava que não, quase ferozmente esperava que não. Então se perguntou por que um pequeno traço de personalidade deveria importar tanto, quando ela não tinha
certeza se era uma ladra ou assassina.
Ela se pegou estudando as mãos, pensava nelas. Pequenas, hábeis, unhas redondas cobertas de esmalte claro. Isso significava que era prática?
As mãos eram macias e sem marcas. Duvidava que trabalhasse com elas, em nenhum tipo de trabalho manual.
Os anéis...muito bonitos, não tão audaciosos mas únicos. Pelo menos pareciam que eram. Ela conhecia as pedras que piscaram para ela. Granada, citrina e ametista.
Como poderia saber nomes de pedras coloridas e não saber o nome de seu mais íntimo amigo?
Ela tinha amigos?
Era uma pessoa gentil ou malvada? Generosa ou desonesta? Ria facilmente e chorava com filmes tristes? Havia um homem que amava e que a amava?
Será que ela teria roubado mais de um milhão de dólares e usado aquela arma horrível?
Assustou-se quando Cade colocou um prato na sua frente, então acalmou-se quando ele pousou uma mão em seu ombro.
- Você precisa comer - Voltou para o fogão, trouxe a xícara que tinha deixado lá.
- E eu acho que chá é melhor que café.
- Sim, obrigada - pegou um garfo espetou em um pouco de ovos, experimentou. - Eu gostei disso - Sorriu de novo, um hesitante e tímido sorriso que tocou o coração
dele.
- Já é alguma coisa.
Ele sentou na sua frente com um xícara de café.
- Eu sou reconhecido pelo mundo civilizado pelos meus ovos mexidos.
O sorriso dela ampliou-se.
- Eu posso ver o motivo. A pequena porção de orégano e páprica são inspiradores.
- Espere até provar meu omelete Espanhol.
- Mestre dos ovos. - Ela continuou comendo, confortada pela fácil ligação entre eles. - Você cozinha muito?
Ela olhou em torno. Cores quentes nos gabinetes, madeira clara. Uma janela sem cortinas em cima de uma pia dupla de porcelana branca. Cafeteira, torradeira,
seções misturadas do jornal matinal.
A cozinha era organizada, ela observou, mas não obsessivamente. E era um contraste marcante com a bagunça no escritório dele.
- Eu não perguntei se você era casado.
- Divorciado, e cozinho quando estou cansado de comer fora.
- Eu me pergunto o que eu faço, se cozinho ou como fora.
- Você reconheceu páprica e orégano quando os experimentou - Ele se inclinou, bebericou o café e a estudou. - Você é linda. - A energia dela voltou, alerta,
ele notou, instantaneamente preocupada. - Só foi uma observação, Bailey. Nós temos de trabalhar com o que sabemos. Você é linda e, entenda, não tem nada que pareça
particularmente projetado ou acrescentado. Você não tende ao exagerado, e não costuma receber elogios por seu visual casual. Na verdade eu acabei de deixá-la bem
nervosa.
Ela pegou a xícara, segurando-a com as duas mãos.
- É o que você está tentando fazer?
- Não, mas é interessante e doce o jeito que cora e me olha com suspeita ao mesmo tempo. Mas pode relaxar, eu não estou cantando você. - Mas era um idéia,
ele admitiu, um fascinante e agradável idéia. - Não acredito que você seja atirada, - continuou. - Eu duvido que um homem consiga ir muito longe com você dizendo
apenas que seus olhos são quentes como conhaque, e que o contraste entre eles e a sua gelada e controlada voz causa um diabo de um sensual impacto.
Ela levantou a xícara e, apesar de precisar de um esforço, manteve o nível de energia com o dele.
- Para mim parece que você está me cantando.
As covinhas dele brincaram quando ele sorriu.
- Viu, não é atirada. Mas educada, muito educada e com boas maneiras. Tem um pouco da Nova Inglaterra em sua voz, Bailey.
Encarando-o, ela abaixou a xícara.
- Nova Inglaterra?
- Connecticut, Massachussets, eu não tenho certeza. Mas há um sopro da sociedade Yankee aparecendo em sua voz, especialmente quando a torna gelada.
- Nova Inglaterra. - Ela procurou uma conexão, uma pequena ligação. - Isso não significa nada pra mim.
- Isso me dá mais um peça com o que trabalhar. Você é todinha classe. Nasceu com isso ou a desenvolveu, de qualquer jeito está aí. - Ele se levantou e pegou
o prato dela. - Como também está a exaustão. Precisa dormir.
- Sim. - O pensamento de voltar para o hotel a fez estremecer. - Devo ligar para o seu escritório, marcar um horário? Eu escrevi o número do hotel e o do quarto
onde eu estou. Você pode me ligar se descobrir alguma coisa.
- Você não vai voltar lá. - Ele pegou a mão dela, puxou para ficar em pé e a levou para fora da cozinha. - Você pode ficar aqui. Há bastante quartos.
- Aqui?
- Acho que é melhor ficar onde eu possa manter os olhos em você, pelo menos no momento. - Deu volta ao vestíbulo, levando-a escada acima. - É um bairro seguro
e tranqüilo, e até que descubramos como você colocou as mãos em um milhão de dólares e em um diamante do tamanho do seu punho, não quero você vagando pelas ruas.
- Você não me conhece.
- Nem você. Isso é outra coisa que iremos trabalhar.
Abriu a porta de um quarto onde a fraca luz brilhava singela pelas cortinas até o polido chão de carvalho. Havia uma pequena área de descanso onde se encontrava
poltronas e uma mesa trabalhada, estavam arrumadas em frente da lareira e sobre esta uma samambaia vicejava. Um edredom estava espalhado sobre a graciosa cama com
convidativos travesseiros.
- Tire um cochilo - ele recomendou. - Tem uma banheira ali, irei arranjar alguma coisa pra você vestir depois que estiver descansada.
Ela sentiu as lágrimas voltando, apertando sua garganta com uma mistura de medo e gratidão e uma ultrajante fadiga.
- Você convida todos os seus clientes para se hospedarem em sua casa?
- Não - Ele tocou a bochecha dela, e por que ele queria sentir ela mais perto, sentir a cabeça dela apoiada em seu ombro, soltou sua mão. - Não, só aqueles
que precisam. Estarei lá embaixo.Tenho algumas coisas para fazer.
- Cade - Ela pegou a mão dele, segurou por um momento. - Obrigada. Parece que eu escolhi o nome certo na lista telefônica.
- Durma um pouco. Deixe-me com as preocupações por um tempo
- Farei isso. Não feche a porta. - Ela disse apressadamente quando ele foi em direção ao corredor.
Ele a abriu de novo e estudou-a parada ali na luz fraca parecendo tão delicada, tão perdida.
- Eu estarei logo ali embaixo.
Ela escutou os passos dele antes de se afundar no banquinho aos pés da cama. Talvez fosse besteira confiar, colocar a vida nas mãos dele tão completamente do
jeito que ela fazia. Mas ela confiava nele. Não por que seu mundo consistia apenas dele e do que tinha contado para ele, mas por que todos os seus sentidos diziam
que este era um homem que podia contar.
Talvez fosse uma fé cega e esperança desesperada, mas naquele momento ela não achava que iria sobreviver mais uma hora sem isso. Então seu mundo dependia de
Cade Parris, em sua habilidade para lidar com o seu presente e em sua capacidade de descobrir o seu passado.
Ela tirou os sapatos. Tirou a jaqueta e dobrou-a deixando-a sobre o banco.
Quase tonta de cansaço, subiu na cama e deitou em cima do edredom, e estava dormindo no momento que seu rosto tocou o travesseiro.


Lá embaixo, Cade tirou as digitais de Bailey da xícara de chá. Ele tinha as conexões para ter uma resposta rápida e discreta. Se ela tivesse ficha na polícia
ou tivesse trabalhado para o governo, ele conseguiria seu RG facilmente.
Checaria nas pessoas desaparecidas, veria se alguém com as características dela estava sendo procurada. Isso, também, seria fácil.
O dinheiro e o diamante ofereceram outra rota. O roubo de uma pedra daquele tamanho seria notícia. Ele precisava verificar os fatos que Bailey tinho dito sobre
a pedra, então fazer alguma pesquisa. Verificaria também o registro da arma também, e checar com suas fontes os recentes casos de homicídio ou tiroteios com uma
calibre 38.
Todas essas coisas seriam mais efetivas se feitas pessoalmente. Mas ele não queria deixá-la sozinha tão já. Ela poderia entrar em pânico e ir embora, e ele
não iria arriscar perde-la.
Também era possível que ela acordasse do cochilo, lembrando de quem era e voltaria para sua vida antes que ele tivesse a chance de salvá-la.
E queria muito salvá-la.
Enquanto trancava a sacola na segurança de sua biblioteca, escrevia em seu computador, repassando suas anotações, lembrando-se de que talvez ela tivesse um
marido, seis filhos, vinte amantes ciumentos, ou uma ficha criminal tão longa quanto a Avenida Pensilvânia. Mas ele não se importava.
Era sua distração, e maldição, ele iria mantê-la.
Fez suas ligações, arrumou para que as digitais fossem entregues para o seu contato na polícia. Esse pequeno favor iria custar uma garrafa caríssima de uísque,
mas Cade aceitou que nada era de graça.
- A propósito, Mick, você tem alguma coisa sobre jóias roubadas? Coisa grande?
Cade poderia claramente visualizar o Detetive Mick Marshall empurrando seu trabalho, telefone colado na orelha para bloquear o barulho da delegacia, sua gravata
torta, seu ouriçado cabelo vermelho sendo esticado em pontas ao redor de seu rosto em uma permanente carranca.
- Você tem alguma coisa Parris?
- Só um rumor - Cade disse tranqüilo - Se alguma coisa grande acontecer, eu poderia usar uma ligação com a companhia de seguros. Tenho que pagar o aluguel,
Mick.
- Inferno, em primeiro lugar, eu não sei por que você não compra o prédio para então colocar essa ratoeira chão abaixo, garoto rico.
- Eu sou excêntrico, o que chamam de garoto rico andam com caras como você. Então o que você sabe?
- Não ouvi nada.
- OK. Eu estou com uma Smith & Wesson 38 especial. - Cade descreveu o número de série enquanto girava a arma na mão - Cuide disso pra mim, tá?
- Duas garrafas de uísque, Parris.
- Para que servem os amigos? Como vai Doreen?
- Respondona como sempre. Desde que você trouxe aquelas malditas tulipas, eu não parei mais de escutar sobre elas. Como se eu tivesse tempo de cuidar delas
todo dia antes de ir para casa. É melhor eu aumentar para três garrafas de uísque.
- Se você descobrir algum caso importante sobre uma pedra preciosa desaparecida, Mick, eu lhe compro uma caixa. Eu entro em contato com você.
Cade desligou o telefone e olhou malevolamente para seu computador. Homem e máquina simplesmente teriam que encontrar um meio termo para esta próxima pesquisa.
Levou o que ele estimou três vezes mais do que teria levado uma criança de doze anos para instalar o CD-ROM, procurar, e achar o que ele procurava. Amnésia.
Cade bebeu outra xícara de café e aprendeu mais sobre o cérebro humano do que ele queria saber. Por um curto e desconfortável período, temeu que Bailey tivesse
um tumor. E que ele tivesse um também. Experimentou uma profunda preocupação pessoal pelo suporte sanguíneo de seu cérebro, então reconfirmou porque não escolhera
a medicina como sua mãe esperava.
O corpo humano, com todas os seus truques e bombas de tempo correndo, era muito assustador.
Preferia muito mais encarar uma arma carregada do que a retirada dos seus próprios órgãos internos. Por fim concluiu, com alívio, que não era provável que Bailey
tivesse um tumor. Todos os sinais apontavam para amnésia histérica, que poderia ser resolvida sozinha após horas do trauma, ou poderia levar semanas. Meses. Até
anos.
O que os colocavam, ele pensou, de volta para o começo. O CD médico que tinha vindo junto com o computador indicava que a amnésia era um sintoma e não uma doença,
e que o tratamento envolvido seria achar e remover a causa.
E era ali que ele entrava. Para Cade parecia que um detetive estava tão qualificado quanto um médico para tratar do problema de Bailey.
Voltando-se para o computador, digitou elaboradamente suas anotações, perguntas e conclusões para arquivar. Satisfeito, foi escada acima para achar algumas
roupas para ela.


***

Ela não sabia se era um sonho ou realidade ou se era seu próprio sonho ou a realidade de alguém. Mas era familiar, tão estranhamente familiar...
O quarto escuro, a dura inclinação do suporte da luz do abajur.
O elefante. Como era estranho o jeito que o elefante parecia sorrir para ela, sua tromba estava levantada para dar sorte, seus cintilantes olhos azuis brilhavam
com secreto divertimento.
Uma familiar risada feminina, tão confortadora. Amiga, uma íntima risada.
"Tinha que ser Parris, Bailey. Nós não vamos desperdiçar duas semanas com você cavando na merda de novo. O que você precisa é romance, paixão, sexo. O que você
precisa é Paris."
Um triângulo, dourado e luminoso. E uma sala cheia de luz, brilhante, cegante. Um homem que não é um homem, com um rosto tão doce, esperto, generoso, arrepiava
a alma. E o triângulo dourado seguro em sua mão aberta, o oferecimento, o poder do aturdimento, o impacto do rico azul da pedra que refletia em todos os ângulos
era quase palpável. E a pedras brilhavam e pulsavam como batidas do coração e pareciam desaparecer no ar como estrelas, estrelas cadentes que espalhavam luz.
A beleza delas queimavam os olhos.
E ela estava segurando-as nas mãos, e suas mãos estavam tremendo. Raiva, tanta raiva crescendo dentro dela, medo, pânico e fúria. As pedras pularam das mãos
dela, primeiro uma, depois duas, voando para longe como pássaros de jóias. E a terceira estava presa ao seu coração pelas suas abertas e protetoras mãos.
Prata reluzindo, raios furtivos de prata. E o barulho ensurdecedor fazia o chão tremer. Sangue. Sangue por toda a parte, como uma horrível cachoeira.
Meu Deus, é molhado, tão vermelho e molhado e demoniacamente escuro.
Estava correndo, tropeçando, seu coração disparado. A escuridão estava novamente lá. A luz tinha desaparecido, as estrelas também. Havia um corredor, e seus
passos ecoavam como trovões que seguem aos raios. Estava vindo atrás dela, caçando-a no escuro enquanto as paredes se fechavam e fechavam.
Podia ouvir a o barulho da tromba do elefante, e os raios de luz cada vez mais perto.
Ela rastejou até um abrigo, tremendo e choramingando como um animal quando raios de luz se aproximaram...
- Por favor, querida. Vamos meu bem. Foi só um pesadelo.
Ela fez o caminho para fora da escuridão para a calma e segura voz, enterrou seu assustado rosto no largo e sólido ombro.
- Sangue. Tanto sangue. A luz me mostrou. Está vindo. Está próximo.
- Não, já foi agora. - Cade pressionou seus lábios em seus cabelos, embalando-a. Quando entrara no quarto para deixar um robe para ela, a encontrara chorando
em seu sono. Agora se agarrava a ele tremendo, a pegou no colo como se ela fosse uma criança. - Você está segura agora. Eu prometo.
- As estrelas.Três estrelas. - Equilibrando-se entre sonho e realidade, ela mudou de posição descansando nos braços dele.
- Eu tenho que ir até Paris.
- Você o fez. Estou bem aqui. - Ele arrumou a cabeça dela para tocar com os lábios sua têmpora. - Bem aqui. - Ele repetiu, esperando os olhos dela clarearem
e entrarem em foco. - Agora relaxe. Estou aqui.
- Não se vá. - Com um soluço, ela descansou a cabeça em seu ombro, do jeito que ele tinha imaginado. O golpe em seu coração foi imediato, e devastador.
x Ele supunha que amor à primeira vista tinha que acontecer.
- Não vou. Vou tomar conta de você.
Apenas aquilo já era o suficiente para acabar com seus tremores. Relaxou encostada nele, deixou os olhos fecharem de novo.
- Foi só um sonho, mas era tão confuso, tão assustador. Eu não entendi nada.
- Me conte.
Ele escutou enquanto ela lutava para lembrar-se dos detalhes, colocá-los em ordem.
- Havia tanta emoção, enormes ondas de emoção. Raiva, choque, um senso de traição e medo. Depois terror. Apenas um impensado terror.
- Isto poderia explicar a amnésia. Você não está pronta para enfrentar o que aconteceu, então tenta esquecer. É um tipo de conversão histérica.
- Histérica? - O termo a fez levantar o queixo. - Eu sou histérica?
- É apenas uma maneira de dizer. - Ele esfregou os dedos distraidamente no queixo erguido. - Parede se adequar a o que tem.
Em um movimento firme e deliberado que o fez levantar as sobrancelhas, ela empurrou as mãos dele de seu rosto.
- Eu não dou a mínima para o termo.
- Estou usando-o de modo estritamente médico. Você não bateu a cabeça, certo?
Os olhos dela estavam estreitos agora.
- Não que eu me lembre, mas afinal de contas, eu sou uma histérica.
- Pare. O que eu quis dizer é que a amnésia pode se resultado de uma concusão. - enrolou o cabelo feminino no dedo enquanto falava, só para sentir a textura.
- Eu pensei que fosse apenas uma invenção de Hollywood, mas os livros médicos dizem a mesma coisa. Uma das causas, entre outras, é uma disfunção nervosa, como a,
desculpe-me o termo, histeria.
Os dentes dela estavam rangendo agora.
- Eu não sou histérica, apesar de ter certeza que poderia ser, se quiser uma demonstração.
- Eu já tive o bastante delas. Eu tenho irmãs, Bailey. - pegou o rosto dela entre suas mãos em um gesto tão desarmador que os olhos estreitados dela voltaram
ao normal. - Você está em apuro, este é o ponto. E nós vamos resolver isso.
- Segurando-me no colo?
- Isso é apenas um beneficio. - Quando o sorriso dela apareceu de novo e começou a se afastar, ele apertou o abraço. - Eu gosto disso. Muito.
Ela podia ver mais do que divertimento em seus olhos, algo que disparou seu pulso.
- Eu não acho esperto de sua parte flertar com uma mulher que não sabe quem ela é.
- Talvez não, mas é divertido. E lhe dará mais alguma coisa em que pensar.
Ela ficou encantada, absolutamente encantada, pelo jeito que as covinhas apareceram, o jeito que a boca dele repuxou no cantinho, só o suficiente para fazer
o sorriso ficar meio tortinho. Seria uma boa boca para um amante, rápida, esperta, cheia de energia. Ela poderia imaginar bem demais como iria se encaixar na dela.
Talvez porque ela não pudesse imaginar outro, não podia lembrar de outro gosto, outra textura. E porque isso iria se torná-lo, de alguma maneira, seu primeiro
beijo, a excitação da antecipação subia por sua coluna.
Ele inclinou sua cabeça pra trás, devagar, seu olhar descendo de seus olhos para seus lábios, depois voltando. Ele poderia imaginar perfeitamente, tinha certeza
que haveria o soar a música para acompanhar o primeiro encontro de lábios.
- Quer experimentar?
Carência, rica, cheia e chocante; apoderou-se dela, agitando-lhe os nervos, enfraquecendo-lhe os membros. Estava sozinha com ele, este estranho a quem confiava
a vida. Este homem que ela conhecia mais do que a ela mesma.
- Eu não posso. - Colocou a mão em seu peito, e surpreendeu-se, apesar da voz calma, o coração dele estava pulsando tão rápido quanto o dela. Por tudo, podia
ser honesta com ele - Eu tenho medo.
- Em minha experiência, beijar não é uma coisa assustadora, a não ser que estejamos falando em beijar a Vovó Parris, e isto sim é bastante assustador.
Isso a fez sorrir de novo, e desta vez, quando ela se afastou, ele a deixou ir.
- Melhor não complicar as coisas mais do que elas já estão. - Com mãos inquietas, empurrou o cabelo para trás, e desviou o olhar dele. - Eu gostaria de tomar
um banho, se estiver tudo bem.
- Claro. Eu lhe trouxe um robe, e alguns jeans que você pode vestir. O melhor que eu pude fazer foi trazer um cinto que irá deixar a roupa no lugar. Irá segurá-la
e torná-la uma peça exclusiva.
- Você é um amor, Cade.
- É o que elas sempre dizem. - Ele fechou a pequena janela de luxuria e se levantou. - Você consegue ficar sozinha por uma hora? Tem algumas coisas que eu
preciso ver.
- Sim, eu vou ficar bem.
- Preciso que você prometa que não vai deixar a casa, Bailey.
Ela levantou as mãos.
- Para onde eu iria?
Ele colocou as mãos no ombro dela, esperou que levantasse os olhos para os deles.
- Prometa-me que não deixará a casa.
- Tudo bem. Eu prometo.
- Eu não vou demorar. - Ele andou até a porta, parou. - E, Bailey? Pense a respeito.
Ela captou o brilho nos olhos masculinos antes que se virasse, o que mostrou a ela que Cade não se importava com as circunstâncias que a trouxeram até ele.
Enquanto caminhava até a janela e o via entrando no carro e se afastando, pensava.
Sobre ele.
* * * *
Alguém mais estava pensando nela. Pensamentos obscuros e vingativos.
Ela tinha escapado por entre seus dedos, e, com ela, o prêmio e o poder que ele ansiava.
Ele já tinha exigido o preço pela incompetência, mas tinha sido duro o bastante.
Ela seria encontrada, e quando fosse, ela pagaria um preço muito mais alto. A vida dela, certamente, mas era insignificante.
Haveria dor antes, e muito medo. Isso seria satisfatório.
O dinheiro que tinha perdido não era nada, quase tão insignificante quanto a vida daquela tola mulher. Mas ela tinha o que precisava, o que estava destinado
a ser dele. E ele mesmo pegaria de volta.
Havia três. Individualmente não tinham preço, mas juntas o valor ia além do imaginável. Ele já tinha dado passos para recuperar as duas que ela tolamente tentou
esconder dele.
Levaria algum tempo, naturalmente, mas ele os teria de volta. Era importante ser cuidadoso, ser cauteloso, ter certeza da recuperação e qualquer violência desnecessária
permaneceria longe dele.
Mas logo as duas outras peças do triângulo seriam dele, duas estrelas antigas, com todas as suas belezas e luzes e potência.
Sentou-se na sala que tinha construído para o seus tesouros, aqueles adquiridos, roubados ou pegos com sangue. Jóias e pinturas, estátuas e preciosas peles,
brilhavam e reluziam na sua caverna secreta de Aladin4.
O altar que ele tinha desenhado para abrigar sua mais cobiçada posse estava vazio e esperando.
Mas logo...
Ele teria as duas, e quando ele tivesse a terceira ele seria imortal.
E a mulher estaria morta.

Capítulo 3


Era o corpo dela no reflexo, Bailey falou para si mesma, e era melhor se acostumar logo com ele. No espelho, embaçado pelo banho, sua pele parecia pálida e
suave. Meio inconsciente ela colocou a mão sobre os seios.
Longos dedos, unhas curtas e aparadas, mais preferível do que seios pequenos. Seus braços eram um pouco finos, ela notou com a testa franzida.Talvez pudesse
começar a pensar em exercitar-se para melhorá-los.
Não parecia haver nenhum excesso de gordura na cintura ou quadril, então talvez ela já se exercita-se. E ainda havia alguns músculos definidos nas coxas.
Sua pele era pálida, sem marcas de bronzeamento.
Quanto media? Ela desejou ser mais alta. Pelo que parecia, iria começar sua vida aos vinte e alguns anos, deveria ser capaz de escolher seu tipo de corpo. Seios
cheios e pernas longas seriam legais.
Divertida consigo mesma, se virou, torceu a cabeça e estudou a visão de trás. E seu queixo caiu. Havia uma tatuagem na sua bunda.
O que, pelo amor de Deus, ela estava fazendo com uma tatuagem de um... aquilo era um unicórnio? Na sua área traseira? Estava louca? Decoração corporal era uma
coisa, mas não naquela área em particular da anatomia, pois significava que ela tinha mostrado essa área para algum estranho manuseador de agulhas. Ela teria bebido
muito?
Terrivelmente embaraçada, puxou uma toalha e rapidamente deixou o embaçado banheiro. Passou algum tempo ajustando a calça e a camisa que Cade tinha deixado.
Pendurando seu terninho ordenadamente e ajeitando as costuras. Então suspirou e passou seus dedos pelo cabelo molhado.
Cade tinha pedido para que ficasse em casa, mas não tinha pedido para ficar dentro do quarto. Iria ficar nervosa de novo, pensando em sacolas de dinheiro, enormes
diamantes azuis, assassinatos e tatuagens, se não achasse uma distração.
Ela perambulou, percebendo que não estava desconfortável sozinha na casa. Considerou que era um reflexo dos seus sentimentos por Cade. Ele não a deixara desconfortável.
Desde do primeiro minuto, se sentira como se pudesse falar com ele, depender dele.
E imaginou que era porque ela não tinha falado com mais ninguém, e não tinha mais ninguém com que contar.
De qualquer maneira, ele era gentil, um homem atencioso. Inteligente e lógico, supôs, ou não iria ser um investigador particular. Ele tinha um sorriso incrível,
cheio e divertido, e olhos que observavam. Ele tinha força nos braços e, ela pensou, em seu caráter.
E covinhas que faziam seus dedos coçarem de vontade de percorrê-las.
O quarto dele. Ela mordeu o lábio enquanto parava do lado de fora do aposento. Era rude espreitar. Perguntou a si mesma se era rude, sem consideração pelos
sentimentos e privacidade dos outros. Mas precisava de alguma coisa, qualquer coisa, para preencher todos aqueles espaços em branco. E ele tinha deixado a porta
aberta. Ela passou pela porta.
Era um quarto maravilhosamente grande e cheio dele. Jeans largados em uma cadeira, meias no chão. Ela se segurou antes de pegá-las e procurar por um cesto de
roupa suja. Roupa suja e duas abotoaduras largadas em uma cômoda.
Um bonito e antigo baú de gavetas que indiscutivelmente guardava todos os tipos de pedaços dele.
Não levantou as alças de bronze, mas quis fazê-lo.
A cama era grande, desfeita, e marcada pelas linhas claras da cabeceira e pés em estilo Colonial. Os amarrotados lençóis eram de cor azul-escuro, e quase não
resistiu em correr os dedos por eles. Provavelmente teriam o cheiro dele, aquela devastadora essência de menta.
Quando se pegou imaginando se ele dormia nu, um calor subiu pelo seu rosto e ela virou as costas.
Havia uma singela lareira de tijolos e um cobertura de pinho polido. Uma souvenir de bronze em formato de uma boba vaca sobre a lareira a fez sorrir. Havia
livros bagunçados em um estante lotada. Bailey estudou os títulos seriamente, perguntando-se quais ela poderia já ter lido. Ele lia muito livros sobre mistérios
e crimes verdadeiros, mas havia nomes familiares. Isso a fez sentir-se melhor.
Sem pensar, pegou uma xícara de café suja e uma garrafa vazia de cerveja e carregou-as para baixo.
Ela não tinha prestado muita atenção na casa quando chegou. Tinha sido tudo tão embaçado, distorcido, em sua mente. Mas agora estudava as linhas simples e elegantes,
as longas, adoráveis janelas, com seus parapeitos clássicos, o brilho de antiguidade.
O contraste entre a graciosa casa e o escritório de segunda mão a espantou fazendo-a franzir o cenho. Deixou a xícara na pia, achou o cesto de reciclagem de
vidros, então levou-se para um passeio pela casa.
Levou menos de dez minutos para chegar a uma conclusão. O homem era rico.
A casa estava cheia de tesouros que deviam pertencer a um museu. Disso ela não tinha dúvidas.
Ela poderia não ter compreendido o unicórnio em seu próprio traseiro, mas entendia do valor embutido a uma mesa de centro de cerejeira. Ela só não podia dizer
como sabia.
Reconheceu vasos Waterford, as pratas Georgianas, a porcelana Chinesa no gabinete da sala de jantar. E duvidava que a paisagem Turner fosse uma cópia.
Ela espiou pela janela. Grama bem aparada, majestosas e antigas árvores, rosas em seu pleno vicejar. Por que um homem que poderia viver em grande estilo, escolheria
trabalhar em um prédio decadente, em um escritório abafado e apertado?
Então ela sorriu. Parecia que Cade Parris era tão confuso quanto ela.
E isso era um tremendo conforto.
Voltou para a cozinha, torcendo para se fazer útil fazendo um pouco de chá gelado ou preparando alguma coisa para o almoço. Quando o telefone tocou, saltou
como gato escaldado. A secretária eletrônica atendeu e a voz de Cade se fez escutar, acalmando-a novamente.
- Você ligou para 555-2396.Deixe uma mensagem.Eu entrarei em contato com você.
- Cade, isto está se tornando irritante. - A mulher com voz cheia de impaciência disse - Eu deixei meia dúzia de mensagens no seu escritório esta manhã, o
mínimo que você poderia fazer era ter a cortesia de retornar minhas chamadas. Eu sinceramente duvido que esteja tão ocupado com o que você chama de clientes para
falar com sua própria mãe. - Houve um suspiro, longo, sofrido e alto. - Eu sei muito bem que você não entrou em contato com Pamela sobre os arranjos desta noite.
Você me colocou em uma posição muito ruim. Estou indo na Dodie para jogar cartas. Você pode me achar lá até as quatro. Não me embarace, Cade. A propósito, Muffy
está muito chateada com você.
Houve um clique decisivo. Bailey se encontrou limpando a garganta. Ela se sentia como se tivesse recebido, ela própria, aquela fria e deliberada reprimenda.
E isso a fez se perguntar se tinha uma mãe, que a importunava e que esperava obediência, se preparando com ela.
Encheu a chaleira, ajeitou-a para ferver e pegou um bule. Estava procurando saquinhos de chá quando o telefone tocou novamente.
- Bem, Cade, aqui é Muffy. Mamãe me falou que você ainda não possível te alcançar. É óbvio que está evitando nossos telefonemas por que não quer enfrentar
seu péssimo comportamento. Você sabe muito bem que o recital de piano de Camilla foi ontem à noite. O mínimo, o mínimo mesmo, que você poderia ter feito seria ter
aparecido e mostrado um pouco de lealdade familiar. Não que eu esperasse algo diferente de você. Realmente espero que você tenha a decência de ligar para Camilla
e desculpar-se. Eu me recuso a falar com você de novo até que o faça.
Clique.
Bailey soltou o ar, revirou os olhos. Famílias, pensou, eram obviamente difíceis e complexas. E, talvez ela tivesse um irmão e fosse como a, bem...a vaca de
língua afiada da Muffy.
Ela arrumou o chá para a infusão, depois abriu o refrigerador. Havia ovos, muito deles. Isso a fez sorrir. Também tinha um pacote de mel, presunto defumado
e alguns queijos. Quando descobriu imensos filés com tomates, decidiu que estava no caminho.


Ficou algum tempo decidindo se escolheria mostarda ou maionese. E se o chá deveria ser com açúcar ou sem açúcar.Todos os detalhes eram como tijolos na reconstrução
de si mesma. Estava fatiando tomates cuidadosamente quando ouviu a porta da frente se abrir e seu humor dissolveu-se.
Mas quando ela começou a chamar por alguém, as palavras ficaram presas em sua garganta. E se não fosse Cade? E se eles a tivessem achado? Vieram atrás dela?
A mão dela apertou o cabo da faca enquanto ia até a porta da cozinha. Medo, profundo e desconfortável, havia suor aparecendo como pérolas em sua pele. Seu coração
foi parar na garganta.
Correndo, correndo da forma, do facho de Luz. No escuro, com sua própria respiração gritando em sua cabeça. Sangue por toda parte.
Seus dedos tensos na maçaneta, virou-a, como se estivesse preparada para correr ou lutar.
Quando Cade entrou, um soluço de alívio saiu de sua garganta. A faca caiu no chão quando ela se jogou nos braços dele.
- É você. É você.
- Claro que sim - sabia que deveria se sentir culpado pelo medo que a tinha levado-a para os braços dele, mas era apenas humano. E ela cheirava fabulosamente
bem. - Eu disse que está segura aqui, Bailey.
- Eu sei. Eu me senti segura. Mas quando escutei a porta, eu entrei em pânico por um minuto. - Ela se agarrava a ele, extremamente grata por estar com ela.
Inclinou sua cabeça pra trás; o encarando - Eu queria correr, só correr, quando ouvi a porta e pensei que poderia ser outra pessoa. Odeio ser tão covarde, e não
saber o que fazer. Eu não parecia...raciocinar.
Ela se deixou abraçar, hipnotizada. Ele a acariciava a face enquanto balbuciava, os olhos presos nos dela. Os braços dela circulavam a cintura firme, havia
fusão ali.A mão que corria pelos cabelos dela estava agora parada na base de seu pescoço, dedos gentis a acariciavam.
Esperou, viu a mudança nos olhos dela. Os lábios dele se curvaram apenas o suficiente para o coração dela tiritar antes que abaixasse a cabeça e gentilmente
tocasse os lábios dela com os seus.
Oh, adorável! Foi o primeiro pensamento dela. Era muito bom ser abraçada tão firmemente, ser provada tão ternamente. Aquilo era um beijo, doce encontro de lábios
que fazia seu sangue correr preguiçosamente e a alma suspirar. Com um pequeno gemido, deslizou as mãos pelas costas largas, ficou nas pontas dos pés para responder
'aquela exigência.
Quando a língua masculina traçou seus lábios, deslizando por entre eles, tremeu de prazer. E abriu-se para ele tão naturalmente como uma rosa desabrocha para
o Sol.
Ele sabia que ela o faria. De algum jeito sabia que ela seria tímida e generosa, que o gosto dela seria fresco, a sua essência etérea. Era impossível que a
conhecesse à apenas algumas horas. Parecia que a mulher que ele abraçava tinha sido sempre sua.
E era excitante, calor crescente, saber que aquele era o primeiro beijo que ela se lembraria. Que ele seria o único homem, em sua mente e coração, que a segurara
daquele jeito, que a tocara daquele modo. Seria o primeiro a fazê-la tremer, seu nome seria o primeiro que murmuraria quando a necessidade turbilhasse dentro dela.
E quando ela murmurou seu nome, todas as outras mulheres que já tinha abraçado desapareceram.Ela era a primeira para ele também.
Aprofundou o beijo gradualmente, ciente de como facilmente poderia magoar ou assustar.
Mas de repente ela ficou tão viva em seus braços, sua resposta agressiva, sua boca faminta e quente, seu corpo pressionado e palpitante contra o dele.
Ela se sentiu viva, brilhantemente viva, ciente de cada frenética batida de seu coração.
As mãos enterraram-se no cabelo dele e ficaram ali, como se pudesse puxá-lo para dentro de si. Ele preenchia todos os espaços vazios, todos os brancos assustadores.
Aquilo era vida. Aquilo era real. Aquilo era importante.
- Calma. - Ele mal consegui formular as palavras, desejou ardorosamente que não se sentisse obrigado a fazê-lo. Estava tremendo tanto quanto ela, e sabia que
se não se afastasse, se não ganhasse algum controle, a levaria exatamente para onde eles tinham parado.
- Calma - disse novamente, e pressionou a cabeça dela contra o ombro para não ficar tentado a devorar aquela suculenta e desejosa boca.
Ela vibrava contra si, nervos e necessidades se confundiam, os ecos das sensações soavam dentro de seu sistema.
- Eu não sei se alguma vez foi assim. Eu simplesmente não sei.
Isso o trouxe de volta à Terra um pouco abruptamente. Ela não sabia, lembrou-se .Ele sabia. Nunca tinha sido assim para ele.
- Não se preocupe. - se afastou, esfregou as mãos nos ombros delicados, por que estavam tensos de novo. - Você sabe que não foi comum, Bailey. Foi o suficiente
por agora.
- Mas... - mordeu o lábio virando-se e abrindo violentamente a geladeira. - Eu fiz...Estou fazendo chá gelado.
- Eu quero uma cerveja.
Ela piscou com o tom brusco.
- Você está bravo.
- Não.- Ele abriu a garrafa, bebeu três longos goles. - Sim. Comigo mesmo, um pouco. Apertei os botões, apesar de tudo. - abaixou a garrafa, a estudou. Ela
estava parada com os braços cruzados em cima do peito. O jeans dele estava como um saco e, nos quadris dela, sua camisa caia de seus ombros. Ela estava descalça
e os cabelos caídos pelas costas.
Ela parecia totalmente indefesa.
- Vamos esclarecer isso, tudo bem? - inclinou-se contra o balcão para manter certa distância. - Eu senti um clique no minuto que você entrou no meu escritório.
Nunca tinha acontecido comigo antes, só um clique, e lá está você. Imaginei que foi por que tinha aquele olhar, por que estava em apuros e veio me procurar. Tenho
alguma coisa com pessoas em apuros, especialmente mulheres bonitas.
Ele bebeu novamente, mais devagar dessa vez, enquanto ela o olhava seriamente, com muita atenção.
- Mas não é isso, Bailey, ou pelo menos, não é tudo. Eu quero te ajudar. Quero descobrir tudo sobre você tanto quanto você quer. Mas também quero fazer amor
com você, devagar, realmente devagar, como se cada segundo fosse uma hora. E quando acabássemos de fazer amor, e você estiver nua e flexível sob mim, recomeçar tudo
de novo.
Ela tinha os braços cruzados sobre os seios agora, para manter as batidas do coração no lugar.
- Oh -foi tudo o que conseguiu dizer.
- E isso é o que eu vou fazer. Quando você estiver um pouco mais segura em seus próprios pés.
- Oh, - falou novamente. - Bem. - Limpou a garganta. - Cade, eu posso ser uma criminosa.
- Uh-huh. - Calmo agora, ele inspecionou os ingredientes de um sanduíche no balcão. - Então esse é o almoço?
Ela estreitou os olhos.Que tipo de resposta era aquela de um homem que tinha acabado de dizer que queria fazer amor com ela até que ela estivesse flexível?
-Eu talvez tenha roubado uma grande quantia em dinheiro, matado pessoas, seqüestrado uma criança inocente.
- Certo - Ele cortou um pouco de presunto e colocou no pão. - Sim, você é uma verdadeira bandida, querida. Qualquer um pode ver isso. Você tem um brilho assassino
nos olhos. Então, rindo, se virou encarando-a. - Bailey, pelo amor de Deus, olhe para si. Você é educada, uma mulher com uma consciência tão grande quanto o Kansas.
Eu sinceramente duvido que você tenha sequer uma multa em seu nome, ou que você tenha feito algo mais louco do que cantar no chuveiro.
Era revoltante. Ela não poderia dizer porquê, mas a branda e boazinha descrição a fez revidar.
- Eu tenho uma tatuagem na bunda.
Ele abaixou o sanduíche escorregadio.
- Como é?
- Eu tenho uma tatuagem na bunda - ela repetiu, com um combativo brilho nos olhos.
- Verdade? - Ele mal podia esperar para ver - Bem, então agora eu tenho que entregá-la para a polícia. Agora, se me disser que tem mais alguma coisa, como
orelhas furadas, eu vou ter que pegar minha arma.
- E estou tão feliz por que consegui diverti-lo.
- Querida, você me fascina. -bloqueou seu caminho antes que ela pudesse sair - Temperamental. Isso é um bom sinal. Bailey não é uma chorona. - Ela seu uma
passo para a direita. Ele também o fez. - Ela gosta de ovos mexidos com orégano e páprica, sabe fazer chá gelado, corta tomates em fatias precisas e sabe como amarrar
um nó de haste.
- O quê?
- Seu cinto - ele disse com um gesto descuidado - Provavelmente ela era um Escoteira, ou ela gosta de velejar. A voz dela transmite gelo quando está irritada
e tem excelente gosto para roupas, morde o lábio inferior quando está nervosa, que causa em mim, devo lhe avisar, um louco desejo sem nenhuma razão aparente.
As covinhas apareceram quando ela imediatamente parou de morder o lábio e limpou a garganta.
- Ela mantém as unhas em um tamanho prático - continuou. - E pode beijar um homem até a inconsciência. Uma mulher interessante, a nossa Bailey. Deu uma puxadinha
amigável no cabelo dela. -Agora, por que não sentamos, almoçamos e eu contarei o que mais eu descobri. Você quer mostarda ou maionese?
- Eu não sei - Ainda brava, sentou-se na cadeira.
- Eu prefiro mostarda - ele trouxe para a mesa, junto com as coisas para o sanduíche dela. - Então o que é?
Ela espalhou mostarda no pão.
- O quê?
- A tatuagem? O que é?
Embaraçada agora, colocou presunto em cima da mostarda.
- Eu mal a vi, é uma incógnita.
- Vamos. - Ele se inclinou para puxar o cabelo dela novamente. - Uma borboleta? Um botão de rosa? Ou você é realmente uma motoqueira disfarçada, com caveiras
e ossos cruzados escondidos debaixo do meu jeans?
- Um unicórnio - ela murmurou.
Ele mordeu a ponta da língua.
- Corte - Ele a viu cortar seu sanduíche em precisos triângulos, mas absteve-se de comentar.
Por que ela não queria mostrar aborrecimento, mudou de assunto.
- Você ia me contar o que mais tinha descoberto.
Porque não parecia ser bom para sua pressão arterial que ele fizesse uma imagem mental de unicórnios, a deixou mudar de assunto.
- Certo. A arma não é registrada. Minha fonte não pode rastreá-la ainda. O pente estava cheio.
- O pente?
- A arma estava totalmente carregada, o que significa que não foi disparada recentemente ou que foi recarregada.
- Não foi disparada. - Ela fechou os olhos, suspirou em desespero alívio.
- Eu talvez não a tenha usado.
- Eu disse que era improvável que você o tivesse feito. Usando observações comuns, não posso imaginá-la possuindo uma arma não registrada, mas se tivermos
sorte no rastreio, teremos uma melhor visualização.
- Você já conseguiu tanto.
Ele gostaria de ficar com aquela quente admiração, mas encolheu os ombros e deu uma mordida em metade do sanduíche.
- A maioria das informações são negativas. Não houve nenhuma queixa de roubo que envolva uma pedra como aquela que você esteve carregando, ou a quantia de
dinheiro. Nenhum seqüestro ou situações com reféns que a polícia tenha sido envolvida e nenhum homicídio com aquele tipo de arma que estamos lidando durante a semana
passada. Ele tomou outro gole de cerveja. - Ninguém deu queixa do desaparecimento de uma mulher com as suas características na semana passada também.
- Mas como é possível? - Ela colocou o sanduíche de lado. - Eu tenho uma pedra preciosa, tenho o dinheiro. E estou desaparecida.
- Existe possibilidades. - Ele manteve os olhos nivelados com os dela. - Talvez alguém não queira que essas informações vazem...Bailey, você disse que o diamante
era parte de um todo. E quando você acordou do pesadelo, você falou de três estrelas. Estrelas. Diamantes. Pode ser alguma coisa. Você acha que pode existir três
daquelas pedras?
- Estrelas? - Ela apertou os dedos nas têmporas que começaram a doer. Eu falei sobre estrelas? Eu não lembro de nada sobre estrelas.
Por que doía pensar sobre isso, tentou concentrar-se no razoável.
- As pedras desse tamanho e qualidade seriam inacreditavelmente raras. Em um conjunto, mesmo que as outras fossem inferiores em pureza daquela que eu tenho,
elas estariam além de qualquer preço. Você não poderia começar a acess... - A respiração dela começou a sair em arrancos, em engasgos enquanto ela lutava por ar.
- Eu não consigo respirar.
- OK. - estava em pé, pressionando-a para que pudesse abaixar a cabeça entre os joelhos, esfregando suas costas. - É o suficiente por enquanto. Apenas relaxe,
não force.
Ele ponderou, enquanto a acariciava nas costas, sobre o que tinha colocado aquele tipo de terror cego nos olhos dela.
- Sinto muito - ela falou. -Eu quero ajudar.
- Você está. Você irá. - a levantou, esperou que empurrasse os cabelos pra trás, afastando-o do rosto pálido. - Ei, é apenas o primeiro dia, lembra?
- OK. - Por que ele não a fez se sentir envergonhada de sua fraqueza, inspirou profundamente e soltou o ar. - Quando tentei pensar, realmente pensar, sobre
o que você estava perguntando, era como um ataque de pânico, com todas as culpas, horrores e medo, tudo misturado. Minha cabeça começou a latejar, e meu coração
a bater muito rápido. Eu não conseguia respirar.
- Então iremos devagar. Não teve esse pânico quando falamos sobre essa pedra que possui?
Ela fechou os olhos por um momento, cuidadosamente trouxe a imagem para a mente.
Era tão bonita, tão extraordinária. Havia preocupação, sim. Uma camada de medo também, mas era mais focado e de algum jeito menos intenso.
- Não, não é o mesmo tipo de reação. - Balançou a cabeça, abriu os olhos. -Eu não sei porque.
- Bem, trabalhe nisso. - Ele colocou o prato de volta na frente dela. -Coma. Estou planejando uma longa noite, e você vai precisar de combustível.
- Que tipo de planos?
- Passei pela biblioteca quando sai. Peguei uma pilha de livros sobre pedras preciosas, coisas técnicas, figuras, livros sobre pedras raras, jóias raras, a
história dos diamantes, você pode escolher.
- Talvez nós a encontremos. - A possibilidade a animou por tempo suficiente para dar uma mordida no sanduíche. - Se nós pudermos identificar a pedra, podemos
rastrear o dono e então...Oh, mas você não pode.
- Não posso o quê?
- Trabalhar hoje à noite. Você tem que ir em algum lugar com Pamela.
- Eu tenho? Inferno... - Ele apertou os olhos com os dedos quando foi se lembrando.
- Desculpe, eu esqueci de mencionar. Sua mãe ligou. Eu estava aqui, então escutei a mensagem. Ela está brava com você por não ter retornado as ligações dela,
ou contatado Pamela sobre os arranjos desta noite. Ela vai estar na Dodie até as quatro.Você pode encontrá-la lá. A Muffy também está brava com você. Ela ligou logo
depois da sua mãe e não estava nada feliz por você ter faltado ao recital de piano de Camilla. Ela não vai falar com você até que você se desculpe.
- Eu sou um homem de sorte. - murmurou e abaixou as mãos. - É muito estressante. Quer um emprego? - Quando ela sorriu, balançou a cabeça e teve uma inspiração.
- Não, estou falando sério. Você é muito mais organizada que a minha última, lamentável secretária. Eu poderia ganharia ajuda no escritório, e você um atarefado
trabalho.
- Eu nem sei se sei digitar.
- Eu sei que eu não posso, então você já está na vantagem. Você pode atender os telefonemas, não pode?
- Claro, mas...
- Você estaria me fazendo um favor. - Calculando a fraqueza dela, ele apertou a vantagem. Era o jeito perfeito de mantê-la perto e ocupada. -Preferia não ter
que colocar anúncio e entrevistar secretárias agora. Se pudesse me ajudar, algumas horas por dia, eu realmente apreciaria.
Ela pensou no escritório, decidiu que ele não precisava de uma secretária e sim de uma escavadora. Bem, talvez ela tivesse alguma utilidade finalmente.
- Eu adoraria ajudar.
- Ótimo. Bom. Olhe, eu peguei algumas coisas para você enquanto estive fora.
- Coisas?
- Roupas e acessórios.
Ela o encarou enquanto ele começava a limpar os pratos.
- Você me trouxe roupas?
- Nada chique. Tive que adivinhar os tamanhos, mas tenho um bom olho. - Ele a pegou mordendo o lábio de novo e sem fôlego. - Só coisas básicas, Bailey. Por
mais linda que fique em minhas roupas, você precisa das suas, e você não pode usar um terninho dia após dia.
- Não, acho que não posso, - murmurou, tocada por ele ter pensado nisso. -Obrigada.
- Sem problemas. Parou de chover. Você sabe o que poderia aproveitar? Um pouco de ar fresco. Vamos dar uma volta, espairecer.
- Eu não tenho sapatos - pegou os pratos que ele tinha deixado no balcão, colocou-os na lava-louça.
- Eu te trouxe um par de tênis. Tamanho 36?
Com uma risada ela embrulhou o presunto.
- Me diga você.
- Vamos experimentá-los e verificar.
Ela terminou de encher a lava-louça e fechou a porta.
- Cade você tem que ligar para a sua mãe.
O sorriso dele apareceu.
- Uh-uh.
- Eu disse que ela está brava com você.
- Ela sempre está brava comigo.Eu sou a ovelha negra.
- Seja como for. - Bailey colocou um pouco de produto em um pano e metodicamente limpou os balcões. - Ela é a sua mãe, e está esperando o seu telefonema.
- Não, ela está esperando para que possa me intimidar a fazer algo que eu não quero fazer. E quando não faço, liga para Muffy, minha irmã malvada, e elas passam
um grande tempo destruindo o meu caráter.
- Isso não é jeito de falar de sua família, e você magoou Camilla. E assumo que ela seja sua sobrinha.
- Há rumores.
- A filha de sua irmã
- Não, Muffy não tem filhos, ela tem criaturas. E Camilla é uma mutante relinchante com cara atarracada.
Ela se recusou a sorrir, limpou o pano e o pendurou precisamente sobre a pia.
- É um modo deplorável de falar sobre a sua sobrinha. Mesmo que você não goste de crianças.
- Eu gosto de crianças. - Divertindo-se agora, ele se inclinou no balcão e a observou arrumá-lo. - Eu estou dizendo, Camilla não é humana. Agora minha outra
irmã, Doro, ela tem dois, e de alguma maneira o mais novo escapou da maldição Parris. Ele é um ótimo garoto, gosta de baseball e insetos. Doro acha que ele precisa
de terapia.
A risada escapou antes que ela pudesse engoli-la.
- Você está inventando.
- Querida, acredite-me, nada do que eu pudesse inventar sobre o clã Parris chegaria perto da verdade. Eles são egoístas, se acham importantes e são auto-indulgentes.
Você vai esfregar o chão agora?
Ela fechou a boca, que tinha ficado aberta com os comentários descuidados dele sobre a família. Distraída, olhou para o polido azulejo marfim.
- Oh, tudo bem. Onde...
- Bailey, eu estou brincando. - pegou a mão dela e tirou-a da cozinha no momento em que o telefone começou a tocar. - Não - ele disse, antes que ela pudesse
abrir a boca. - Eu não vou atender.
- Isso é vergonhoso.
- É auto preservação. Nunca concordei com essa ligação com Pamela, e não vou ser pressionado a entrar nessa.
- Cade, eu não quero que você brigue com sua família e fure um encontro por minha causa. Ficarei bem.
- Eu disse que não marquei nenhum encontro. Minha mãe marcou. E agora, quando tiver que enfrentar o blá blá blá, eu posso usar você como uma desculpa. Estou
agradecido. Tão agradecido que irei dar um dia todo da sua remuneração. Aqui.
Ele pegou uma das sacolas de compras que ele tinha deixado perto da porta e tirou de lá uma caixa de sapato.
- Seu sapatinho de cristal. Se eles servirem, terá que ir ao baile.
Desistindo, ela se sentou e abriu a caixa. Suas sobrancelhas arquearam.
- Tênis vermelho?
- Eu gostei deles. São sexy.
- Tênis sexy - ponderou enquanto amarrava o cadarço. Como ela poderia estar em uma confusão tão grande e encontrar-se deleitada por um bobo par de tênis.
Eles deslizaram como manteiga, e por alguma razão a fez querer rir e chorar ao mesmo tempo.
- Servem perfeitamente.
- Eu disse que tinha um bom olho. - sorriu quando ela terminou de amarrar perfeitamente o cadarço, laços cuidadosos e precisos. - Tinha razão, muito sexy.
-Ele se abaixou para levantá-la. - Na verdade, você faz um pacote e tanto agora.
- Tenho certeza que faço, quando a única coisa que me serve direito são os tênis. - Ela começou a ficar nas pontas do pé para beijá-lo no rosto, mas então
mudou de idéia.
- Covarde - ele disse.
- Talvez. - Ela estendeu a mão em vez disso. -Eu adoraria dar um passeio.
Ela passou pela porta que abriu e olhou para ele.
- Então, Pamela é bonita?
Ele considerou, decidiu que a verdade direta talvez fosse sua vantagem.
- Maravilhosa.
Fechou a porta atrás deles, deslizou um braço ao redor da cintura de Bailey.
- E ela me quer.
O frio sussurro que Bailey respondeu trouxe um sorriso satisfeito para os lábios dele.

Capítulo 4
Quebra-cabeças o fascinavam. Procurar peças, encaixá-las, tentando novos ângulos até que se encaixassem no lugar, era um desafio que sempre o satisfazia. Era
uma das razões que tinha feito Cade quebrar a tradição da família e escolher sua própria linha de trabalho.
Havia rebeldia suficiente nele para que escolhesse qualquer linha de trabalho que quebrasse a tradição familiar, mas abrindo a própria agência de investigação
tinha se permitido o benefício de subir por seus próprios méritos, resolver quebra-cabeças e acertar alguns erros pelo caminho.
Ele tinha uma opinião muito bem definida de certo e errado. Havia mocinhos e bandidos, havia lei e havia crime. Ainda assim, não era ingênuo ou simplista o
suficiente para não entender e apreciar as coisas obscuras. Na verdade, as vezes visitava áreas obscuras, as apreciava. Mas havia certas linhas que não cruzava.
Ele também tinha uma mente lógica que ocasionalmente ia dar uma volta recreativa no imaginário.
Na maioria das vezes, ele apenas adorava descobrir as coisas.
Tinha passado bastante tempo na biblioteca depois que tinha deixado Bailey aquela manhã, scaneando compridas microfichas, procurando por qualquer pedaço de
notícia sobre o roubo de um diamante azul. Não tinha coragem para confessar que não tinham a menor idéia de onde ela vinha. Talvez tivesse viajado para a D.C. de
qualquer lugar pelos últimos dias.
O fato dela, do diamante e do dinheiro estarem ali agora, não significava que era de onde tinham começado. Nenhum dos dois tinha idéia de quanto tempo ela estava
sem memória.
Ele tinha estudado mais a fundo sobre amnésia, mas não tinha achado nada particularmente útil. Até onde ele poderia dizer, qualquer coisa poderia apertar o
gatilho da memória dela, ou poderia continuar em branco, com sua nova vida começada logo após dela entrar na vida dele.
Ele não tinha dúvidas que ela tinha passado ou testemunhado algo traumático. E pensou que talvez devesse considerar algumas daquelas voltas dentro do imaginário
que ele as vezes alegava ter, estava certo que ela era inocente de qualquer coisa errada.
Como poderia uma mulher com aqueles olhos ter cometido algum crime?
Qualquer que fosse a resposta, ele estava firme em uma coisa, ele pretendia protegê-la.
Ele estava até pronto para aceitar o simples fato que tinha ficado caidinho por ela no momento que a vira. Quem quer ou o que Bailey fosse, ela era a mulher
que ele estava esperando.
Então não apenas tencionava protegê-la mas também mantê-la.
Havia escolhido a ex-esposa por todas as lógicas e tradicionais razões. Ou, pensou bem, tinha sido calculadamente apontada por seus cunhados, e também por sua
própria família. E essa fusão desalmada tinha sido um desastre e isso era o mais razoável que podia conceituar seu casamento.
Desde o divórcio, o que tinha irritado a todos exceto as duas pessoas mais envolvidas, ele vinha esquivado-se e fugindo de compromissos com a maior habilidade
possível.
Ele acreditava que a razão para tudo isso estava sentada de pernas cruzadas no tapete ao seu lado, olhando miopemente para um livro sobre pedras preciosas.
- Bailey, você precisa de óculos.
- Hum? - Ela estava quase encostando o nariz na página.
- É só um palpite louco, mas eu acho que você geralmente usa óculos de leitura. Se seu rosto chegar mais perto desse livro, você vai entrar nele.
- Oh. - Ela piscou, esfregou os olhos. -É só que as letras são terrivelmente pequenas.
- Não são. Não se preocupe, vamos cuidar disso amanhã. Nós estamos nisso há algumas horas. Quer uma taça de vinho?
- Acho que sim. - Mordendo o lábio inferior, ela lutava para trazer o texto em foco. - A Estrela da África é o maior conhecido corte de diamante na existência
com 530.2 quilates.
- Parece grande - Cade comentou enquanto escolhia uma garrafa de Sancerre que ele tinha guardado para a ocasião certa.
- Está guardada pela Autoridade Real Britânica. É muito grande, e não é um diamante azul. Até agora eu não achei nada que bata com a nossa pedra. Eu queria
ter um refratrômetro.
- Um o quê?
- Um refratrômetro - ela repetiu, empurrando os cabelos. - É um instrumento que mede as características próprias de uma pedra. O refrator de luz. A mão dela
parou enquanto olhava para ele. - Como é que eu sei disso?
Carregando duas taças, sentou-se no chão ao lado dela novamente.
- O que é um refrator de luz?
- É a relativa habilidade de refratar a luz. Diamantes são singularmente refrativos. - pausa - Cade, eu não entendo como eu sei isso.
- Como você sabe que não é uma safira? - pegou a pedra de onde ela estava como um peso de papéis em suas anotações. - Com certeza parece uma pra mim.
- Safiras são pouco refrativas. - Ela deu de ombros. - Sou uma ladra de jóias. Deve ser por isso que sei.
- Ou você é uma joalheira, uma especialista em pedras preciosas, ou então uma garota rica que gosta de brincar com essas bugigangas. - Ele entregou a taça.
- Não se precipite para as conclusões, Bailey. É assim que você perde os detalhes.
- OK. - Mas ela tinha a imagem de si mesma, vestida de preto, escalando janelas. Bebeu um gole de vinho. - Eu só queria entender por que eu me lembro de certas
coisas. Refratrometros, O Falcão Maltês...
- O Falcão Maltês?
- O filme, Bogart, Mary Astor. Você tinha o livro no seu quarto, e o filme pulou de minha cabeça. E rosas, eu conheço o cheiro delas, mas eu não sei meu perfume
preferido. Eu sei como é um unicórnio, mas eu não sei por que tenho ele tatuado!
- É um unicórnio. - Os lábios dele curvaram-se, as covinhas apareceram. -Símbolo da inocência.
Ela deu de ombros e bebeu o resto do vinho rapidamente. Cade mal passou a própria taça para ela e se levantou para enche-la novamente.
- E há esse melodia que rondava minha cabeça enquanto eu estava no banho. Eu não sei é, mas não conseguia me livrar dela. - Ela tomou outro gole, franziu a
testa concentrada, então começou a cantarolar.
- Ode to Joy de Bethoven - falou para ela. - Bethoven, Bogart é uma criatura mística. Você continua a me fascinar, Bailey.
- E que tipo de nome é Bailey? - Ela perguntou gesticulando expansivamente com sua taça. - É meu nome ou sobrenome? Quem faria uma criança ter o primeiro nome
como Bailey? Eu prefiro ser Camilla.
Ele sorriu de novo, ponderando se deveria tirar o vinho do alcance dela.
- Não, você não preferiria, aceite minha palavra nesse assunto.
Ela soprou o cabelo do olho e fez beicinho.
- Me fale sobre diamantes.
- Eles são os melhores amigos de uma garota. - Ela riu, então olhou para ele. - Eu inventei isso?
- Não, querida, você não inventou. - Gentilmente, ele pegou a meia vazia taça dela, colocou-a de lado. Anotação mental: Bailey era fraca com bebidas. - Me
conte o que você sabe sobre diamantes.
- Eles são brilhantes e luminosos. Parecem frios ao toque. É assim que você identifica facilmente um vidro tentando ser passar por diamante. Vidro é quente,
diamante é frio. Isso por que eles são excelentes condutores de calor.
Ela se deitou, espreguiçando-se como um gato, e sua boca encheu d'agua. Ela fechou os olhos.
- É a substância mais dura conhecida, com valor dez na escala de dureza Mohs. Todas os diamantes de qualidade são uniformemente em sua cor. Um amarelado ou
amarronzado é considerado imperfeição.
Deus, oh Deus. ela pensava, suspirou, sentindo a cabeça girar. - Os diamantes azuis, verdes ou vermelhos são raros e altamente caros. A cores são causadas pela
presença de pequenos elementos além do carbono.
- Ótimo - Ele estudou seu rosto, os lábios curvados, olhos fechados. Ela poderia estar falando sobre um amante.- Continue.
- Em peso especifico, diamantes variam entre 3.15 e 3.53, mas o valor de um cristal puro é quase 3.52 Você precisa de avaliar o brilho e sensibilidade - ela
murmurou novamente esticando o corpo preguiçosamente.
Apesar de suas boas intenções, o olhar dele mudou e ele observou os pequenos, e firmes seios apertados contra o material de sua camisa.
- É, aposto que sim.
- Diamantes não lapidados tem um brilho fosco, mas quando é cortado, oh, eles brilham. - Ela se virou de barriga pra baixo, levantou as pernas e cruzou os
calcanhares.
- Essas são características técnicas de diamantes. O nome diamante é derivado da palavra Grega "adamas', que significa "invencível".Tem uma certa beleza na
força.
Ela abriu os olhos novamente, e estavam pesados e nublados. Mudou de posição, balançando as pernas até que estivesse sentada, mas no colo dele.
- Você é tão forte, Cade. E tão bonito. Quando me beijou, parecia que ia poderia me devorar, e eu não poderia fazer nada a respeito. - Ela suspirou, remexeu-se
para ficar mais confortável, então confidenciou - Eu realmente gostei.
- Ai, Jesus - Ele sentiu o sangue começar vagarosamente correr da cabeça para os quadris e cuidadosamente cobriu as mãos que ela tinha deixado sobre seu peito
- Melhor mudar para o café.
- Você quer me beijar de novo.
- Tanto quanto quero pegar a próxima golfada de ar - A boca dela estava suculenta, próxima e querendo a dele. Os olhos estavam sonhadores e escuros.
E ela era uma bomba.
- Vamos guardar esse pensamento, por enquanto.
Gentilmente começou a afastá-la, mas ela estava ocupada subindo o resto do caminho para o colo dele. Em um suave e ágil movimento, ela contorceu-se e com as
pernas abraçou a cintura dele.
- Eu não...Escute... - Para uma esquecida, ela tinha movimentos bem ágeis. Ele tentava pegar as mãos frenéticas antes que ela conseguisse puxar sua camisa
para fora da calça. - Pare com isso.Estou falando sério.
Ele falava sério mesmo, ela percebeu, e aceitou o novo fato de que ele era insano.
- Você acha que eu sou boa de cama? -A pergunta conseguiu fazê-lo fechar os olhos e deu um nó em sua língua. Ela, enquanto isso, simplesmente suspirou, ajeitando
a cabeça em seu ombro enquanto murmurava - Eu espero não ser frigida.
- Não acho que exista muita chance - A pressão sanguínea de Cade caiu enquanto ela mordiscava delicadamente a ponta de sua orelha. As mãos dela entraram por
baixo de sua camisa e subiram pelas costas dele com um leve arranhar de unha.
- Seu gosto é tão bom - ela disse aprovadora, seus lábios descendo pela garganta dele.
- Estou terrivelmente quente. Você está quente?
Com um gemido, ele virou a cabeça, capturou a boca dela e devorou-a.
Ela estava suculenta de sabores, pulsante de calor. Ele se deixou afundar, afogou-se no calor delicioso daquela boca, enquanto o som do ronronar que saia da
garganta dela entrava me seu sistema como diamantes cravados em veludo.
Ela era maleável, quase fluída, em redenção. Quando ela afastou a cabeça, oferecendo a garganta, nenhum santo no céu poderia ter resistido. Ele arranhou seus
dentes na suave coluna branca e a escutou gemer, sentiu seu movimento sinuoso contra seu corpo em um convite.
Ele poderia tê-la possuído ali, simplesmente deitando-a sobre os livros e papéis e se enterrado nela. Poderia quase sentir a gloriosa fricção escorregadia,
o ritmo que seria deles e apenas deles.
E ele sabia que seria certo, seria perfeito, mas também sabia que não poderia ser nenhum dos dois, não ainda, não ali.
- Eu nunca quis alguém como quero você. - colocou a mão nos cabelos macios, virando a cabeça dela até que seus olhos se encontrassem. - Merda, preste atenção
por um minuto. Olhe pra mim.
Ela não poderia ver mais ninguém. Ela não queria mais ninguém. Seu corpo parecia leve como o ar, a mente vazia de tudo menos dele.
- Beije-me de novo, Cade. Parece um milagre quando você o faz.
Rezando por forças, ele encostou a testa na dela até que pudesse recuperar o fôlego.
- A próxima vez que eu a beijar, você vai saber o que está acontecendo. Ele levantou-se levando-a nos braços.
- Minha cabeça está girando. - Tonta, ela se deixou cair nos braços confortadores dele.
- Quem não está? - Com o que ele considerou heróico controle, deitou-a no sofá. - Durma um pouco.
- Ok. - Obedientemente, ela fechou os olhos. -Fique aqui. Eu me sinto segura com você aqui.
- Sim, eu ficarei aqui. - Ele afundou as mãos no cabelo e a viu apagar. Eles iriam rir disso algum dia, ele pensou.Talvez quando tivessem seus netos.
Deixando-a dormir, voltou ao trabalho.


...Ela estava afundada na sujeira. O Sol era um tocha no céu safira. A terra era dura e quente em formas nuances marrons, vermelhos e lavandas. Fortes e pungentes
eram as essências de sálvia do arbusto verde descorado lutando por uma fenda aberta na terra seca. Com algumas pequenas picaretas e martelos, ela foi para o trabalho
feliz.
Embaixo da estreita fenda em uma pedra grande arredondada, duas mulheres olhavam para ela. Sua sensação de contentamento era intensa, e aprofundou-se quando
fitou as mulheres.
Uma tinha cabelos curtos que brilhava como cobre e um formato sexy de rosto. E seus olhos estavam escondidos por protetores óculos escuros, mas Bailey sabia
que eles eram profundamente verdes.
A outra mulher tinha cabelos negros, apesar de estarem enfiados em um tolo chapéu de palha com flores vermelhas na parte de cima. Solto, o cabelo cairia pelos
ombros como ondas, grossos e ondulantes até a cintura. Combinava com a magia do rosto dela, a aparência angelical e penetrantes olhos azuis.
Bailey sentiu uma onda de amor só de olhar para elas, um laço de confiança e uma sensação de vidas compartilhadas. As vozes soaram como música, uma música distante
da qual ela só pegava pedacinhos.
Gostaria de uma cerveja gelada.
Qualquer coisa gelada.
"Quanto tempo você acha que ela vai continuar nisso? "
"Pelo resto das nossas vidas. Paris no próximo verão. Definitivamente. Colocar ela longe das pedras por tempo suficiente. E dos arrepios. Definitivamente."
Isso a fez sorrir por que estavam falando dela, preocupadas o suficiente para falar sobre ela. Iria para Paris sim. Mas por agora, vibrava por uma formação
interessante, esperando encontrar algo que valesse a pena, algo que pudesse levar e estudar, então confeccionar algo bonito para suas amigas.
Isso demandava paciência, e um bom olho. O que quer que encontrasse hoje, compartilharia com elas.
Então de repente, as pedras azuis apareceram em sua mão. Três perfeitos diamantes azuis com tamanhos e luzes surpreendentes. E era com prazer mais do que choque
que ela os examinou, virou-os nas palmas, então sentiu o poder cantando pelo corpo dela.
Então a tempestade rolou em rápida demanda, bloqueando o sol flamejante, escuro, soltando sombras e encobrindo a fogueira. Agora havia pânico, uma necessidade
de pressa. Pressa. Pressa. Uma pedra para cada uma delas, antes que fosse tarde demais.
Antes que a luz acabasse.
Mas já era tarde demais. Raios penetraram na pele, afiada como uma faca, e ela estava correndo, correndo cegamente. Sozinha e apavorada, com as paredes se fechando
e os raios a seguindo...
Ela acordou com a respiração pesada, levantou-se imediatamente no sofá. O que tinha feito? Deus amado, o que tinha feito? Pressionando as mãos contra a boca,
Bailey esperava que os tremores cessassem.
O ambiente estava calmo. Não havia trovões, nem raios, nem tempestades perseguindo-a.
E não estava sozinha. Do outro lado da sala, sob a luz de um abajur, Cade descansava em uma cadeira. Ele tinha um livro no colo.
Acalmou-a só olhar para ele ali, papéis espalhavam-se aos seus pés, uma xícara ao seu lado. As pernas esticadas, cruzadas confortavelmente nos calcanhares.
Até no sono, ele parecia forte, confiável. Ele não a tinha deixado sozinha.
Ela tinha que bloquear a urgência de ir até ele, subir em seu colo e se aconchegar para dormir abraçada nele. Ele a tinha afastado, afastando as emoções tão
fortes. Parecia não importar que ela o conhecesse a menos de vinte e quatro horas. Depois de tudo, ela não se conhecia a mais tempo que isso.
Afastando o cabelo, ela olhou para o relógio. Era um pouco mais de três horas da manhã, um horário vulnerável. Espreguiçando-se, ela apoiou a cabeça nas mãos
e ficou olhando. Sua lembrança da noite passada era clara, sem quebras, sem falhas.
Ela sabia que tinha se jogado nele e isso a embaraçava e a surpreendia.
Ele tinha sido correto em em ter parado antes que as coisas saíssem de controle. Ela sabia que ele estava certo.
Mas, droga, desejava que ele a tivesse possuído, bem ali no chão. Tê-la possuído antes que tivesse todo esse tempo para pensar sobre o certo e o errado disso,
as conseqüências.
Um pouco desse vazio dentro dela estaria preenchido agora, alguma dessas indefinidas necessidades encontradas. Suspirando, deitou-se e ficou olhando para o
teto. Mas ele estava certo em ter parado. Ela precisava pensar.
Fechou os olhos, não para procurar dormir, mas para se lembrar. Quem eram aquelas mulheres de seu sonho? E aonde elas estavam agora? Mas, apesar do pensamente
fixo, ela dormiu.


Cade acordou na manhã seguinte duro como uma tábua. Ossos protestaram quando ele se espreguiçou. Esfregou as mãos sobre o rosto, que fizeram barulho quando
rasparam na barba por fazer. No momento que seus olhos clarearam, ele olhou para o outro lado da sala. O sofá estava vazio.
Poderia ter pensado que ela tinha sido um sonho, se não fosse pelos livros e papéis espalhados pelo chão.Tudo parecia um sonho, uma linda mulher em apuros e
sem passado, entrando em sua vida e em seu coração ao mesmo tempo.
Na luz da manhã, ele ponderou o quanto tinha romantizado aquela conexão sentida com ela. Amor à primeira vista era uma noção romântica sobre as melhores circunstâncias.
E essa dificilmente era a melhor.
Ela não precisava dele correndo atrás dela, lembrou-se. Precisava de sua mente clara. Sonhar acordado sobre o modo que ela tinha se jogado sobre ele, pedindo
para que lhe fizesse amor simplesmente não era concebível para pensamentos lógicos.
Ele precisava de café.
Levantou-se e tentou tirar a dor do pescoço indo em direção à cozinha.
E lá estava ela, linda como uma pintura e asseada como um brilhante. O cabelo era suave, escovado em uma dourada e lustrosa cabeleira e puxada para trás com
um simples elástico de amarrar. Estava usando uma folgada calça estilo marinheiro que ele comprara para ela, junto com uma camiseta branca simples que tinha presa
a cintura. Com uma mão no balcão, e a outra segurando uma xícara fumegante, ela estava olhando pela janela para o jardim dos fundos da casa, onde uma corda pendurava
uma rede entre árvores e rosas que floresciam.
- Você acorda cedo.
A mão dela parou em reação a voz dele, e então se virou, ensaiando um sorriso. O coração dela bateu um pouco mais rápido quando o viu, amarrotado pelo sono.
- Eu fiz café. Espero que não se importe.
- Querida, eu lhe devo a vida. - disse com tom emocionado enquanto alcançava uma xícara.
- Parece que eu sei como fazer. Aparentemente algumas coisas vem naturalmente. Eu não tive nem que pensar sobre isso. Está um pouco forte. Eu devo gostar dele
mais forte.
Ele já estava bebendo, a bebida lhe queimou a boca e sacudiu seu sistema.
- Perfeito.
- Bom. Eu não sabia se devia acordar você. Não estava certa em que horário você sai para o escritório ou de quanto tempo você precisava.
- É Sábado e um longo feriado de fim de semana.
- Feriado?
- Quatro de julho5 - Enquanto a cafeína caia em seu sistema, colocou a xícara de lado. - Fogos de artifício, salada de batata, bandas marchando.
- Oh. - Ela teve um flash de uma menininha sentada no colo de uma mulher enquanto luzes explodiam no céu da noite. - Claro. Você está tirando o fim de semana
de folga. Você deve ter planos.
- Sim, tenho planos. Eu planejei para nós andarmos até o escritório no meio da manhã. Eu posso lhe mostrar as anotações. Não poderemos fazer muito trabalho
legal hoje, com tudo fechado, mas podemos começar colocar as coisas em ordem.
- Eu não quero que você desista do seu fim de semana. Eu adoraria ir e arrumar o seu escritório, e você poderia...
- Bailey, eu estou nisso com você.
Ela abaixou a xícara, olhou para as mãos.
- Por quê?
- Por que parece certo para mim. Do jeito que eu vejo, o que você não pode descobrir pela sua cabeça, você faz por instinto. - Aqueles olhos enevoados, examinavam
além do rosto dela, para então encontrar os seus. - Eu gosto de imaginar que é por isso que você me escolheu. Por nós dois.
- Estou surpresa por você dizer isso, depois do jeito que eu agi ontem à noite. Por tudo que sabemos, eu posso sair por bares todos as noites pegando homens
estranhos.
Ele riu de encontro a xícara. Melhor rir, ele decidiu do que gemer.
- Bailey do jeito que uma única taça de vinho afeta você, eu duvido que você passe muito tempo em bares. Eu nunca vi ninguém cair tão rápido.
- Eu não acho que isso seja algo de se orgulhar.
A voz dela tinha se tornado ácida e fria e isso o fez querer sorrir de novo.
- E não é nada para se envergonhar também. E você não escolheu um estranho, você me escolheu. - O divertimento nos olhos dele tinha desaparecido. - Nós dois
sabemos que foi pessoal, com ou sem álcool.
- Então por que você...não se aproveitou?
- Por que isso seria tudo. Eu não me importo de aproveitar, mas não estou interessado em fazer isso. Quer café da manhã?
Ela balançou a cabeça, esperou até que ele pegasse a caixa de cereal e uma tigela.
- Eu agradeço seu controle.
- Sério?
- Não inteiramente.
- Bom. - Ele sentiu os músculos do seu ego se expandirem e flexionarem enquanto tirava o leite da geladeira. O serviu e adicionou açúcar suficiente para fazer
os olhos de Bailey arregalarem.
- Isso não pode ser saudável.
- Minha via é um risco constante. - Ele comeu em pé. - Mais tarde eu pensei em dirigirmos até a cidade, andar como turistas. Você pode ver algo que ative sua
memória.
- Tudo bem. - Ela hesitou, então pegou uma cadeira. - Eu não sei nada sobre o seu trabalho, na verdade, sua clientela habitual. Mas para mim parece que você
deixou tudo isso completamente de lado.
- Eu adoro um mistério. - Então ele deu de ombros e comeu mais cereal. -Você é meu primeiro caso de amnésia, se é isso o que você quer dizer. Meus usuais casos
são fraudes de seguros e casos domésticos. Depende do momento.
- Você é investigador há muito tempo?
- Quatro anos. Cinco se você contar o ano em que eu treinei como um Industria de segurança Guardian. Eles são uma firma grande aqui em D.C. esse pessoal de
terno e gravata. Eu trabalho melhor do meu jeito.
- Você alguma vez...teve que atirar em alguém?
- Não. Uma pena, verdade, por que, caramba, eu sou um bom atirador. - Ele a pegou mordendo o lábio e balançou a cabeça. - Relaxe, Bailey. Policiais e investigadores
pegam bandidos o tempo todo sem sacar a arma. Eu já levei uns socos, dei alguns, mas na maioria é coisa legal, petições e telefonemas. Seu problema é apenas um outro
quebra-cabeça. É só uma questão de achar as peças e colocá-las juntas.
Ela esperava que ele estivesse certo, esperava que pudesse ser assim tão simples, tão fácil e lógico.
- Tive outro sonho. Havia duas mulheres. Eu as conhecia, tenho certeza disso. - Quando ele puxou outra cadeira e sentou-se a sua frente, contou o que se lembrava.
- Parece que você estava no deserto - disse quando ela ficou em silêncio - Arizona, talvez Novo México.
- Eu não sei. Mas eu não estava com medo. Eu estava feliz, realmente feliz. Até a tempestade começar.
- Havia três pedras, você tem certeza disso?
- Sim, quase idênticas, mas não exatamente. Eu as tinha, e eram lindas, extraordinárias. Mas eu não pude mantê-las juntas. Isso era muito importante. Ela suspirou.
- Eu não sei o quanto era real e o quanto era desordenado e simbólico, do jeito que os sonhos são.
- Se uma pedra é real, talvez exista mais duas. - Ele pegou sua mão. - Se uma mulher é real, talvez exista mais duas. Nós só temos de achá-las.


Já passava das dez quando eles entraram no escritório. O apertado e abafado espaço que ele trabalhava a espantou mais, agora que já tinha visto aonde ele vivia.
Mas o escutou atentamente enquanto ele tentava explicar como usar o computador e digitar suas anotações, como achava que o arquivamento deveria ser feito, como atender
o telefone e sistemas internos.
Quando ele a deixou sozinha para fechar em seu escritório, Bailey observou a área.
A planta no chão vazava para os lados, espalhando sujeira. Havia cacos de vidro, manchas grudentas de café velho e poeira o suficiente para ser limpa.
A digitação teria que esperar, decidiu. Ninguém poderia se concentrar em meio a tanta bagunça.
Por detrás da mesa, Cade usava o telefone para iniciar seu trabalho. Ele localizou seu agente de viagens, sob o pretexto de planejar uma viagem, pediu para
ela localizar qualquer área com deserto que a garimpagem fosse permitida. Ele disse que estava explorando um novo hobby.
Pela sua pesquisa na última noite, tinha aprendido um pouco sobre o hobby de escavar cristais e pedras preciosas. Pelo modo que Bailey tinha descrito seu sonho,
ele tinha certeza de que era o que estivera fazendo.
Talvez fosse do oeste, ou talvez estivesse apenas de visita. De qualquer forma, era um outro caminho a ser explorado.
Ele considerou chamar um especialista em pedras preciosas para examinar o diamante. Mas com a chance de Bailey estar realmente em posse dela por meios ilegais,
ele não queria arriscar.
Pegou as fotos do diamante que tinha conseguido na noite anterior e espalhou-as na mesa. Até quanto uma especialista em pedras seria capaz de contar a partir
de fotos? ele se perguntou.
Talvez valesse a pena tentar. Terça-feira, quando os negócios estivessem abertos, pensou, ele talvez pegasse esse caminho.
Mas tinha algumas outras idéias para proceder naquele momento.
Havia outro caminho, um importante, que precisava ser trabalhado antes. Ele pegou o telefone de novo, começou a fazer a ligações. Encontrou o Detetive Mick
Marshall em casa.
- Merda, Cade, é Sábado. Eu tenho umas vinte pessoas famintas lá fora e os hambúrgueres estão queimando na grelha.
- Você está dando uma festa, e não me convidou? Estou arrasado.
- Eu não brinco de policial nos meus churrascos.
- Agora você realmente me magoou. Você fez por merecer aquele uísque?
- Nada combina com aquelas digitais que você me mandou. Nada encontrado.
Cade sentiu arrepios de alívio e frustração.
- Tudo bem. Ainda não teve notícias de alguma pedra perdida?
- Talvez se você me disser que tipo de pedra?
- Uma grande e brilhante.Você saberia se tivesse havido alguma queixa.
- Nenhuma queixa, e acho que as pedras estão na sua cabeça, Parris. Agora a não ser que pense em dividir, eu tenho bocas famintas para alimentar.
- Eu vou voltar novamente nesse assunto com você. E no uísque.
Desligou o telefone, e passou algum tempo pensando.
Raios continuavam a aparecer nos sonhos de Bailey. Havia tempestades na noite que ela chegara ao seu escritório. Poderia ser simples assim, uma das últimas
coisas que ela se lembrava era trovões e raios. Talvez ela tivesse uma fobia com tempestades. Ela tinha falado do escuro também. Havia acorrido queda de energia
na cidade aquela noite. Ele já tinha checado isso.Talvez o escuro fosse literal, ao invés de simbólico.
Ele imaginava que ela estivesse no interior de algum lugar. Não tinha falado de chuva, de ter se molhado. Dentro de uma casa? Em um escritório? Se o que tivesse
acontecido com ela tivesse acontecida na noite anterior ao aparecimento dela no escritório, era quase certo que tivesse acontecido na área de D.C.
Mas nenhuma pedra estava desaparecida.
Três continuavam a aparecer nos sonhos dela. Três pedras. Três estrelas. Três mulheres. Um triângulo. Simbólico ou real?
Ele começou a fazer anotações de novo, usando duas colunas. Em uma estavam listados as lembranças e sonhos dela, na outra ele tinha explorado seus simbolismos.
E quanto mais que ele trabalhava em cima de suas anotações, mais ele acreditava que era uma combinação de ambos.
Ele fez um último telefonema, e se preparou para se chatear. Sua irmã Muffy tinha se casado com a mais velha e prestigiada família de negócios do lado Leste.
Westlake Joalherias.


Quando Cade parou do outro lado da sala do escritório, suas orelhas ainda estavam zunindo e seus nervos estavam acabados. Esses eram os resultados habituais
de uma conversa com sua irmã. Mas, já que ele tinha conseguido o que queria, tentou deixar as coisas por isso mesmo.
O choque de entrar em uma limpa e organizada sala e ainda ver Bailey eficientemente batendo no teclado do computador veio como uma brisa fresca em seu humor.
- Você é uma Deusa. - Ele agarrou a mão dela, beijou-a ruidosamente. - Uma fazedora de milagres.
- Esse lugar estava imundo. Nojento.
- É, provavelmente estava.
Ela levantou as sobrancelhas.
- Havia comida mofando nas gavetas do arquivo.
- Eu não duvido. Você sabe como mexer em um computador.
Ela franziu o cenho para a tela.
- Aparentemente. Foi como fazer café nesta manhã. Sem pensar.
- Se você sabe como isso funciona, você sabe como desligá-lo. Vamos para o centro. Vou comprar um sorvete de casquinha para você.
- Eu acabei de começar.
- Isso pode esperar. - Ele alcançou o botão de desligar, e ela deu um tapinha na mão dele.
- Não. Eu não salvei isso. - Prendendo a respiração, ela digitou uma série de teclas com tanta habilidade, que o coração dele inflou de admiração. - Eu vou
precisar de várias horas para colocar tudo em ordem por aqui.
- Nós vamos voltar. Temos algumas horas para andar por aí, depois teremos trabalho sério para fazer.
- Que tipo de trabalho? - Ela perguntou enquanto ele a puxava para que levantasse.
- Eu arranjei um refratrômetro para você. - Ele a empurrou pela porta. - Que tipo de sorvete você quer?

Capítulo 5
- Seu cunhado é dono da Joalheria Westlake?
- Não sozinho. É uma coisa de família.
- Coisa de família. - A cabeça de Bailey ainda estava girando. De alguma maneira ela passou de limpar sanduíches de gavetas para tomar sorvete de morango nos
degraus do Memorial Lincoln. Isso era confuso o suficiente, mas o jeito que Cade furava o tráfego, rodando em círculos e passando por sinais amarelos, a tinha deixado
tonta e desorientada.
- Sim. - Ele atacou suas duas bolas de sorvete de "rocky road". Como ela não tinha optado por nenhum sabor, tinha escolhido morango para ela. Ele considerava
isso como um sabor feminino.
- Eles têm filiais por todo o país, mas a matriz é aqui. Muffy conheceu Ronald em um torneio de tênis para caridade quando ela o venceu. Muito romântico.
- Entendo. - Ou ela estava tentando. - E ele aceitou que usássemos o equipamento?
- Muffy concordou. Ronald aceita qualquer coisa que Muffy quer.
Bailey lambeu seu sorvete derretido que caia da casquinha, olhou os turistas e seus familiares, crianças subindo e descendo os degraus.
- Eu pensei que ela estivesse brava com você.
- Eu resolvi isso. Bem, eu a chantageei. Camilla também faz ballet. Tem um recital mês que vem. Então eu vou ver Camilla revirar em seu tutu, o que, acredite
não é uma linda visão.
Bailey reprimiu uma risada.
- Você é malvado.
- Hey, eu já vi Camilla em tutu e você não. Aceite minha palavra. Estou sendo generoso. - Ele gostava de vê-la sorrir, se conectando com ele enquanto tomava
o sorvete de morango e sorrindo. - E há o Chip. É o outro mutante de Muffy. Ele toca flauta.
- Eu tenho certeza que você está inventando.
- Eu não poderia inventar, minha imaginação tem limites. Em algumas semanas vou ser obrigado a sentar e escutar Chip e sua flauta em um concerto do coral.
- Ele deu de ombros. - Vou comprar protetores auditivos. Vamos nos sentar.
Eles se sentaram nas escadarias embaixo do melancólico presidente.
Soprou uma brisa fresca que ajudou a enfrentar o ar quente do verão. Mas podia fazer pouco pelo calor sufocante. Bailey podia ver as ondas de vapor no ar, como
miragens no deserto.
Havia alguma coisa familiar naquilo, a multidão de pessoas andando, empurrando carrinhos, tirando fotos, a mistura de vozes e sotaques, o cheiro de suor, humanidade
e exaustão, flores floresciam nos canteiros, vendedores andando com suas mercadorias.
- Eu devo ter estado aqui antes - murmurou - Mas está fora de foco. Como o sonho de uma outra pessoa.
- Vai voltar para você. - Ele prendeu uma mecha de seu cabelo atrás da orelha. - Pedaços já voltaram. Você sabe como fazer café, usar o computador, e pode
organizar um escritório.
- Talvez eu seja uma secretária.
Ele não achava isso.O jeito que ela soltou a informação dos diamantes na noite passada tinha dado outra idéia. Mas ele queria pensar isso antes de dividir.
- Se você é, vou dobrar o seu salário se trabalhar para mim.
Deixando o assunto leve, se levantou e ofereceu a mão para ela.
- Nós temos algumas compras a fazer.
- Nós temos?
- Você precisa de óculos de leitura. Vamos olhar as lojas.
Era um outra experiência, o shopping center lotado de pessoas barganhando. As vendas de feriado estava a pleno vapor. Apesar do calor, casacos de inverno estavam
com vinte por cento de desconto e modas passadas enchiam as araras de sobras de roupas de verão.
Cade a tinha deixado em uma loja que prometia óculos em uma hora e tinha preenchido o formulário enquanto ela escolhia a armação.
Houve uma rápida e quente alegria se espalhando em seu interior quando escreveu o nome dela como Bailey Parris e escreveu seu próprio endereço. Parecia certo
para ele, sentiu certo. E quando ela foi lá para dentro para o exame gratuito com a nova armação, ele a beijou na bochecha.
Em menos de duas horas, ela estava de volta ao carro, examinando a bonita e fina armação dos óculos e o animada em carregar sacolas de compras.
- Como teve tempo de comprar todas essas coisas? - Com uma feminina admiração, ela deslizou a mão pelo couro macio da alça de uma bolsa.
- É tudo uma estratégia de mestre e planejamento, sabendo o que você quer sem se distrair.
Bailey pegou uma sacola de loja de lingerie e viu preta e rica seda. Rapidamente ela puxou o material para fora. Então aquilo era uma compra estratégica? ,
ela pensou.
- Você tem que dormir em alguma coisa - Cade falou. - Estava em desconto. Estavam praticamente dando.
Ela poderia não saber quem ela era, mas tinha certeza que conhecia roupa de dormir estilo "vem me seduzir" quando via uma. Devolveu a seda para dentro da sacola.
Procurando mais a fundo ela descobriu uma sacola de cristais.
- Oh, eles são adoráveis.
- Eles tem uma daquelas lojas de coisas naturais. Então eu peguei algumas pedras. - Ele parou no sinal e se virou para poder olhar para ela. - Peguei aquelas
que me agradaram. As mais claras são...Como é o nome delas?
- Zircônias - ela murmurou alisando-as gentilmente com as pontas do dedo.
- Citrino, , jaspe, soladita, carnelian. - Corada de prazer, ela desembrulhou o pacote. - Turmalina, turmalina melancia, vê os rosas e verdes? E esse é uma
adorável coluna de fluorite, é um dos meus favoritos.Eu... - Ela parou, e pressionou as mãos nas temporas.
Ele alcançou, pegou as pedras.
- E essa?
- Alexandrite. É uma pedra relativamente rara usada como jóia, uma pedra transparente. A cor muda com a luz. Veja está azul esverdeada agora, na luz do dia,
mas em luz incandescente poderia ficar lavanda ou violeta. -Ela engoliu em seco por causa do conhecimento que estava ali, na cabeça dela. - É uma pedra de vários
propósitos, mas escassa e cara. Foi nomeada pelo Czar Alexander I.
- OK, relaxe, tome fôlego. -Ele fez a curva e entrou em uma rua cercada por árvores. - Você conhece as pedras, Bailey.
- Aparentemente eu conheço.
- E elas lhe dão muito prazer - O rosto dela tinha se iluminado, simplesmente brilhado enquanto observava as que escolhera.
- Isso me assusta. Quanto mais informação enche minha cabeça, mais me assusta.
Ele parou no acostamento e virou para ela.
- Se sente bem para continuar o que temos que fazer hoje?
Ela poderia dizer não, percebeu. Ele poderia levá-la para dentro, para a casa dele, onde estaria segura. Ela poderia ir para o bonito quarto e se fechar lá
dentro. Não precisaria enfrentar nada exceto sua covardia.
- Quero estar. Eu estarei - ela acrescentou e soltou um longo suspiro. - Eu tenho que estar.
- OK - Alcançando-a, ele deu um rápido aperto na mão delicada - Espere aqui que eu vou buscar o refratômero.
A Joalheria Westlake ficava em um magnífico e antigo prédio com colunas de granito e longas janelas cobertas de cetim. Não era um local para barganhar. A única
placa era uma discreto e elegante prato de bronze arqueado na entrada. Cade se dirigiu para os fundos.
- Eles estão se arrumando para fechar o dia de hoje - ele explicou. - Se eu conheço Muffy, ela deixou Ronald aqui esperando. Ele pode não ser muito simpático
comigo, então...Sim, lá está o carro dele. - Cade estacionou o seu ao lado de um sedâ cinza Mercedes. - Você entra no jogo comigo, tudo bem?
- Jogar com você? - Ela juntou as sobrancelhas enquanto ele largava as pedras dentro da bolsa nova dela. - O que você quer dizer?
- Eu tive que contar uma historinha para convencê-la disso. - Descendo ele abriu a porta para Bailey. - Só me siga.
Ela saiu do carro, foi com ele para a entrada.
- Ajudaria se eu soubesse com o que eu tenho que seguir.
- Não se preocupe. - Ele tocou o interfone. - Eu cuido disso.
Ela ajeitou a agora pesada bolsa no ombro.
- Se você mentiu para sua família, eu acho que prefiro...Ela calou-se quando a porta pesada de aço abriu-se.
- Cade. - Ronald Westlake acenou rapidamente. Cade estava certo, Bailey pensou instantaneamente. Esse não era um homem feliz. Estava acima do peso, asseado
e bem apresentável, em um terno azul escuro com uma gravata listrada com o nó tão apertado que ela se perguntou como ele estava respirando. Seu rosto estava bronzeado,
seu cabelo cuidadosamente na moda, escuro e discretamente salpicado de cinza.
Dignidade emanava dele como luz.
- Ronald, que bom vê-lo - Cade disse alegremente e como se o cumprimento de Ronaldo tivesse sido caloroso, ele apertou a mão dele entusiasticamente.
- Como está o jogo de golfe? Muffy disse que você estava balançando o boné.
Enquanto ele falava, Cade entrava, , Bailey pensou, muito parecido com um vendedor com o pé colocado estrategicamente na porta. Ronald continuava de cenho franzido
e retrocedendo.
- Esta é Bailey. Muffy deve ter falado um pouco sobre ela. - Em um movimento que demonstrava possessão, Cade colocou seu braço ao redor dos ombros de Bailey
e puxou-a para o seu lado.
- Sim, como vai?
- Eu estive mantendo-a só para mim - Cade adicionou antes que Bailey pudesse falar. - E acho que você pode ver o porquê. - Suavemente ele puxou o rosto de
Bailey para cima e beijou-a.
- Eu agradeço por você deixar agente brincar com o seu equipamento. Bailey adorou. Um tipo de feriado para ela, mostrando-me como ela trabalha com as pedras.
- Ele pegou a bolsa dela para fazer as pedras chacoalharem.
- Você nunca mostrou nenhum interesse em pedras preciosas antes - Ronald apontou.
- Eu não conhecia Bailey antes - Cade disse as palavras fluindo com facilidade. - Agora estou encantado. E agora que a convenci a ficar no país, ela terá que
pensar em montar sua própria butique. Certo, meu bem?
- Eu...
- A perda da Inglaterra é nosso ganho - ele continuou. - E se alguém da realeza quer outra bugiganga, eles terão que vir aqui. Eu não vou deixar você escapar
- Ele a beijou de novo, profundamente, enquanto Ronald ficava tossindo e mexendo na gravata.
- Cade me disse que você desenha jóias há algum tempo. É um bom endossamento, ter a família real apreciando seu trabalho.
- É um tipo de coisa para ser mantida entre família também - Cade acrescentou com uma picadela. - Com a mãe Bailey sendo uma das primas. Em terceiro ou quarto
grau, querida? Oh, bem, que diferença faz?
- Terceiro - Bailey disse espantada consigo mesma não apenas por responder, mas por também dar ênfase na voz com um falso sotaque da alta classe inglesa.
- Elas não são tão próximas. Cade está aumentando muito. Acontece que há alguns anos atrás um broche de lapela que eu desenhei chamou a atenção da Princesa
de Wales. Ela uma grande compradoras de jóias, você sabe.
- Sim, sim, com certeza - O sotaque tinha um sensível efeito em um homem como Ronald, com seus requerimentos sociais. O sorriso dele se espalhou a voz se tornou
calorosa. - Estou deleitado por você poder ficar aqui. Eu gostaria de ficar, mostrar a joalheria.
- Nós não queremos atrasá-lo - Cade já estava dando tapinhas nas costas de Ronald. - Muffy me disse que vocês tem convidados.
- Tremendamente pretensioso da parte de Cade atrapalhar o feriado de vocês. Eu adoraria fazer um tour em outra ocasião.
- Claro, quando quiser, quando quiser mesmo. E você deve tentar passar lá em casa esta noite. - Pretensioso com o pensamento de receber alguém com tanta conexão
com a realeza, Ronald começou a levá-los em direção a área de trabalho das jóias. - Nós somos muito seletivos com o nosso equipamento, como também com nossas pedras.
A reputação da Westlake se mantém impecável há gerações.
- Ah, sim. - O coração dela começou a bater mais forte enquanto estudava o equipamento na sala de paredes de vidro, as mesas de trabalho, as serras, as escalas.
- Tudo top de linha.
- Nós nos orgulhamos em oferecer aos clientes somente o melhor. Nós geralmente lapidamos e moldamos nossas pedras aqui mesmo e empregamos nossos próprios lapidadores.
A mão de Bailey tremeu levemente enquanto passava a mão pelo braço do facetador. Um lapidador, ela pensou, usado para dar forma a pedra. Ela podia ver como
era feita a pedra final, o local onde o diamante fica fixado para ser desbastado, preso pela trava, o regulador de altura, o angulador e medidor de graus com travas
que permitiam sempre o mesmo ângulo de lapidação.
Ela sabia, podia ouvir o som daquele equipamento. Sentir a vibração de seu funcionamento.
- Eu gosto do trabalho manual - Bailey disse baixinho - A precisão dele.
- Receio que eu apenas admire o trabalho artístico. Esse é um magnífico anel. Posso? - Ronald pegou a mão esquerda dela, examinou o trio de pedras arranjadas
na gentil curva e colocadas em uma base de ouro. - Adorável. Seu desenho?
- Sim - Ela achou melhor responder - Eu particularmente gosto de trabalhar com pedras coloridas.
- Você deve olhar o nosso trabalho brevemente. - Ronald olhou para o relógio, estalou a língua. - Eu estou atrasado. O guarda da segurança vai deixá-los sair
quando terminarem. Por favor leve quanto tempo quiser. Receio que o salão de amostras esteja trancado, relógio cronometrado sabe, você vai precisar do guarda para
abrir a porta, é trancada por dentro e por fora. - Ele deu a Bailey um sorriso de profissional para profissional. - Você entende o quanto é importante segurança
em nosso negócio.
- Claro. Muito obrigada por seu tempo, Sr.Westlake.
Ronald pegou a mão que Bailey oferecia.
- Ronald, por favor. E o prazer foi meu. Você não deveria deixar Cade ser tão egoísta com você. Muffy está muito ansiosa por conhecer sua futura cunhada. Tente
passar lá mais tarde.
Bailey fez um som de estrangulamento, facilmente coberto pela fácil conversa enquanto fazia tudo para tirar Ronald da área.
- Cunhada? - Bailey perguntou.
- Eu tinha que contar alguma coisa para eles. - Todo inocência, Cade levantou as mãos. - Eles tem feito campanha para eu me casar novamente desde que a tinta
do divórcio secou. E você sendo da realeza, por assim dizer, é colocada muitos degraus a frente da mulher que eles estavam me empurrando.
- Pobre Cade. Tendo mulheres jogadas para ele a torto e a direito.
- Eu tenho sofrido. - Por que havia um brilho perigoso nos olhos dela, ele ostentou seu melhor sorriso. - Você não tem idéia de como eu sofri. Me abrace.
Ela empurrou as mãos dele.
- Isso tudo é uma grande brincadeira para você?
- Não, mas essa parte foi engraçada. - Ele achou que suas mãos estariam salvas dentro dos bolsos. - Eu garanto que minha irmã está ocupando a linha telefônica
desde a hora em que eu telefonei esta manhã. E agora que Ronald deu uma olhada em você...
- Você mentiu para a sua família.
- Sim. Algumas vezes é divertido. Algumas vezes é necessário para sobreviver. - Ele inclinou a cabeça. - E você entrou bem no esquema, doçura. O sotaque foi
um bom toque.
- Eu fui pega de surpresa, e não estou orgulhosa disso.
- Você seria boa em uma operação. Deixe-me dizer, mentir rápido e mentir bem é um dos principais requerimentos para esse trabalho.
- E os meios justificam os fins?
- Bastante. - Estava começando a irritar o tom desaprovador na voz dela. Ele tinha a impressão de que Bailey não estava confortável nas áreas obscuras como
ele estava. - Nós estamos aqui, não estamos? E Ronald e Muffy irão virar um sucesso em sua pequena festa. Então qual é o problema?
- Eu não sei. Eu não gosto. - Uma mentira, o simples fato de mentir, a deixou miseravelmente desconfortável. - Uma mentira sempre leva a outra.
- E algumas delas levam a verdade. - Ele pegou a bolsa dela, abriu e puxou a bolsa de veludo, deslizou o diamante em sua mão. - Você quer a verdade, Bailey?
Ou você só quer a honestidade?
- Não parece que devia haver diferença. - Mas ela pegou a pedra da mão dele. - Tudo bem, como você disse, estamos aqui. O que você quer que eu faça?
- Ter certeza que é verdadeira.
- Claro que é verdadeira - ela disse impaciente - Eu sei que é verdadeira.
Ele arqueou a sobrancelha.
- Prove isso.
Com um suspiro, ela se virou e procurou por um microscópio. Ela pegou o iluminador, ajustando o foco no microscópio com efetiva eficiência.
- Linda - ela disse depois de um momento, com um toque de reverência em sua voz. - Simplesmente linda.
- O que você está vendo?
- O interior da pedra. Não há dúvida da origem natural. As inclusões são características.
- Vamos ver. - Ele a empurrou para o lado e olhou ele mesmo - Pode ser qualquer coisa.
- Não, não. Não há bolhas de ar. Haveria se fosse de cristal ou strass. E as inclusões...
- Não quer me dizer nada. É azul, e azul significa safira.
- Oh, pelo amor de Deus, safira é Óxido de Alumínio. Você acha que eu não sei diferenciar um carbono de um Óxido de Alumínio? - Ela pegou a pedra e a colocou
em outro instrumento. - Este é um polariscópio. Testa se a pedra tem simples ou dupla refração. Como eu já te falei, safiras tem dupla refração, diamantes são tem
uma única.
Ela entrou em seu trabalho, murmurando consigo mesma, colocando os óculos quando precisava deles, devolvendo-os no V da blusa quando não precisava. Todos os
movimentos competentes, habituais e precisos.
Cade colocou as mãos nos bolsos, se inclinou nos calcanhares e ficou observando-a.
- Aqui, o refratômetro, - ela murmurou. - Qualquer idiota pode ver que a refração nessa pedra que dizer diamante, não safira. - Ela se virou segurando a pedra.
- Este é um diamante azul, corte brilhante, pesando 102.6 quilates.
- Tudo o que você precisa é de um jaleco - ele falou calmamente.
- O que?
- Você trabalha com essas coisas, Bailey. Eu pensei que poderia ser um hobby, mas você é muito precisa, está muito confortável. E muito brava quando questionada.
Então minha conclusão é que você trabalha com pedras, pedras preciosas. Esse tipo de equipamento é tão familiar para você quanto uma cafeteira. É uma parte do seu
Eu.
Ela abaixou as mãos e se ajeitou em um banquinho.
- Você não fez tudo isso, teve todo esse trabalho, para que pudéssemos identificar o diamante, não é verdade?
- Vamos apenas dizer que seria um segundo beneficio. Agora temos de descobrir se você está no ramo das pedras ou joalheria. Esse foi o jeito de você colocar
as mãos na massa. - Ele pegou o diamante e o estudou. - E esse não é o tipo de coisa que você vê à venda aqui na Westlake ou qualquer outra joalheria. É o tipo de
coisa que se encontra em coleções particulares, ou museus. Nós temos um ótimo museu, aqui mesmo na cidade. É chamado de Smithsonian. - Ele abaixou a pedra. - Talvez
você já tenha ouvido falar.
- Você acha...!Peguei isso do Smithsonian?
- Eu acho que alguém teria escutado falar sobre isso. - Ele colocou cuidadosamente a pedra valiosa em seu bolso. - Isso vai ter que esperar até amanhã. Eles
estarão fechados... Não, merda, Terça-feira. - Ele falou por entre os dentes. - Amanhã é o quatro de julho, e segunda é ainda feriado.
- O que vamos fazer até Terça?
- Nós podemos começar com alguns telefonemas. Eu me pergunto quantos especialistas em pedras preciosas estão na grande área metropolitana?


Os óculos de leitura queriam dizer que poderia ler todos aqueles livros sem se arriscar a ter uma dor de cabeça. E provou que estava certa. Era, Bailey pensava,
como reler um bom conto de fadas. Era tudo familiar, mas ela gostou de viajar por eles de novo.
Ela leu sobre a história dos desenhos da corte da Mesopotâmia, as pedras do período Hellenistico6 .Gravuras Florentinas.
Ela leu sobre um famoso diamante. Do Vargas, o Jonker, e o Grande Mogul, que havia desaparecido centenas de anos atrás. Sobre Maria Antonieta e o colar que
alguns diziam que havia lhe custada a cabeça.
Ela leu sobre explicações técnicas de cortes de pedras, de identificação, de propriedade óptica e formações.
As informações eram perfeitamente claras para ela e tão suaves quanto a carnelia que rolava por entre os dedos.
Como podia ser, se perguntava, que se lembrasse de pedras e não de pessoas?
Ela podia facilmente identificar e discutir as propriedades de centenas de cristais e pedras preciosas. Mas havia uma única pessoa em todo o mundo que ela conhecia.
E não era ela mesma.
Ela só conhecia Cade. Cade Parris, com sua rápida e geralmente confusa mente. Cade, com suas gentis e pacientes mãos e maravilhosos olhos verdes. Olhos que
olhavam para ela como se fosse o centro do mundo dele.
E o mundo dele era enorme comparado com o dela. Era povoado de pessoas, memórias, lugares que tinha ido, coisas que tinha feito, momentos que tinha dividido
com outras pessoas.O grande branco que era o seu passado escarnecia dela.
Quais pessoas que ela conhecia, quem ela amava ou odiava? Alguém já a tinha amado? Quem já a tinha magoado ou quem ela tinha magoado? E aonde ela já tinha ido,
o que ela já tinha feito?
Era uma cientista ou uma ladra? Amante ou solitária?
Ela queria ser uma amante. Amante de Cade. Era aterrorizador o quanto ela queria. Afundar-se na cama com ele e deixar tudo mais ir embora naquele rio de sensações.
Queria que ele a tocasse, realmente a tocasse.Sentir as mãos dele em seu corpo, passeando pela pele nua, aquecendo-a, levando-a a um lugar onde o passado não significasse
nada e o futuro não era importante.
Onde só houvesse o agora, o suado, maravilhoso agora.
E ela poderia tocá-lo, sentir os músculos ondulantes de suas costas e ombros enquanto ele a cobria. O coração dele iria bater contra o dela, e ela iria se arquear
para encontrá-lo, para levá-lo para dentro.E então...
Ela pulou quando o livro caiu fechado-se.
- Descanse um pouco - Cade mandou, empurrando o livro para o outro lado de onde ela tinha se sentado. - Seus olhos vão cair de seu rosto.
- Oh, eu... - Bom Deus, ela pensou, gaguejando. Ela estava tremendo dos pés a cabeça, espantada por sua fantasia. O pulso estava tão rápido quanto patins em
arenas de patinação. - Eu só estava...
- Olhe, você está toda corada.
Ele se virou para pegar o chá gelado do refrigerador, e ela rolou os olhos para as costas dele. Corada? Ela estava corada? O homem não poderia ver que ela só
estava esperando para ser carregada?
Ele pousou um copo coberto de gelo a sua frente e abriu a tampa de uma cerveja para ele mesmo.
- Nós já fizemos o bastante por um dia. Estou pensando em montar a grelha. Vamos ver se você consegue montar uma salada. Hey. - Ele alcançou o copo que tinha
estendido para ela.
- Suas mãos estão tremendo.Você se sobrecarregou.
- Não, eu... - Ela mal poderia contar para ele que tinha tido sérios pensamentos sobre mordiscar o pescoço dele. Cuidadosamente ela retirou os óculos, dobrou-os,
colocou-os sobre a mesa. - Talvez um pouco. Há muita coisa na minha cabeça.
- Eu tenho o antídoto perfeito para carregadas cabeças pensantes. - Ele pegou a mão dela e puxou-a porta afora, onde o ar estava cheio de calor e perfume de
rosas. - Meia hora de preguiça.
Pegou seu copo e colocou-o em uma mesinha de ferro ao lado de rede, colocou a cerveja ao lado.
- Vem cá, vamos ver o céu por algum tempo.
Ele queria que ela se deitasse com ele? Deitar grudada nele naquela rede, enquanto dentro dela o desejo gritava por liberação?
- Eu não acho que deveria...
- Claro que deveria. - Para mostrar a importância, ele deu um puxão e tombou na rede junto com ela. A rede balançou bastante, fazendo-o rir enquanto ela tentava
encontrar equilíbrio.
- Relaxe. É um dos meus passatempos favoritos. Há uma rede aqui desde de quando eu me lembro. Meu tio vivia cochilando em sua rede vermelha e branca quando
ele supostamente deveria estar podando o jardim.
Ele deslizou o braço ao redor dela, pegou uma das mãos nervosas.
- Gostoso e aconchegante.Você pode ver pedacinhos do céu pelas folhas.
Estava fresco ali, sombreado pelas árvores. Podia sentir o coração dele batendo forte quando ele colocou as mãos unidas sobre o peito.
- Eu costumava escapar muito para cá. Sonhei e planejei muito naquelas rede. Sempre era tranqüilo aqui, e quando estamos balançando em uma rede, nada parece
tão urgente.
- É como estar em um berço, imagino. - Ela queria relaxar, chocada com a vontade intensa de rolar sobre ele mergulhar.
- As coisas são simples em uma rede. - Ele brincou com os dedos dela, encantado por suas graça e o brilho dos anéis. Ele os beijou distraidamente e fez o coração
dela bater forte no peito. - Você confia em mim, Bailey?
Naquele momento, ela tinha certeza, independente do passado, que ela nunca tinha confiado tanto em alguém.
- Sim.
- Então vamos jogar um jogo.
A imaginação dela girou por vários cenas eróticas.
- Um...ah...jogo?
- Associação de palavras. Esvazie a mente, e eu direi uma palavra. O que vier a sua mente primeiro, diga.
- Associação de palavras. - Sem muita certeza se chorava ou gritava, ela fechou os olhos. - Você acha que isso vai melhorar a minha memória.
- Isso não pode machucar, mas vamos pensar nisso como um jogo preguiçoso para se jogar na sombra. Pronta?
Ela concordou com a cabeça e manteve os olhos fechados e se deixou levar pelo balanço da rede.
- Tudo bem.
- Cidade.
- Cheia.
- Deserto.
- Sol.
- Trabalho.
- Satisfação.
- Fogo.
- Azul.
Quando ela abriu os olhos, começou a se mexer, ele a apertou-a mais para perto.
- Não pare e analise, deixe apenas vir. Pronta?
- Amor.
- Amigas. - Ela soltou o fôlego, começou a relaxar de novo. - Amigas - ela repetiu.
- Família.
- Mãe. - Ela fez um pequeno som, e ele continuou.
- Felicidade.
- Infância.
- Diamante.
- Poder.
- Relâmpagos.
- Assassinato. - Ela soltou o ar chocada e voltou-se para enterrar o rosto no ombro dele. - Eu não posso fazer isso. Eu não posso olhar.
- OK, está tudo bem. Já chega. - Alisou o cabelo dela, e apesar da mão dele ser gentil, seus olhos estavam quentes enquanto encaravam as folhas da árvore.
O que quer que fosse que a tinha assustado, feito-a tremer de medo, ira pagar.


Enquanto Cade abraçava Bailey embaixo da árvore, outra pessoa parava em um terraço de pedra olhando para a vastidão do estado, de vales, jardins arrumados,
fontes jorrando.
Ele estava furioso.
A mulher tinha desaparecido da Terra com sua propriedade. E suas forças estavam se dissipando como as três estrelas.
Deveria ter sido simples. Ele tinha tudo para tê-las nas mãos. Mas presumidamente o tolo tinha entrado em pânico. Ou talvez tenha se tornado muito ganancioso.
Em qualquer caso, ele tinha deixado a mulher escapar, e o diamante tinha ido junto com ela.
Muito tempo havia se passado, ele pensou, batendo sua pequena, perfeitamente manicurada mão nas pedras. Uma mulher desaparecida, outra em fuga, e a terceira
incapaz de responder suas perguntas.
Isso precisava ser arrumado, e arrumado logo. E o Tempo agora estava perdido.
Havia uma única pessoa para culpar por isso, ele ponderou, e andou pelo seu escritório, pegou o telefone.
- Tragam-me ele - foi tudo o que ele disse. Ele devolveu o telefone com cuidada arrogância de um homem acostumado a ter suas ordens obedecidas.

Capítulo 6
Sábado à noite ele a levou para dançar. Ela tinha imaginado ficar estudando os livros na mesa da cozinha com uma jarra de café forte assim que tivessem jantado.
Em vez disso, ele a empurrou para fora de casa, antes que tivesse terminado de limpar o balcão, mal dando tempo de ela correr e escovar os cabelos.
Ela precisava de uma distração, disse a ela. Precisava de música. Precisava experimentar a vida.
Era certamente uma experiência.
Ela nunca tinha visto nada como aquilo. Disso ela sabia. O barulho, o clube lotado no coração de Georgetown, vibrava de vida, balançava do chão ao teto com
vozes e pés ocupados.A música era tão alta que ela não podia ouvir os próprios pensamentos, e a pequena mesa que Cade tinha achado para eles no meio de tudo isso
ainda estava suja dos últimos respingos de cerveja.
Isso a deixou atônita.
Ninguém parecia conhecer ninguém. Ou eles conheciam o suficiente para fazer amor em pé e em público. Evidentemente quentes, movimentos insinuantes de corpos
contra corpos na pequena pista de dança que não era mais nada do que um ritual.
Ele lhe trouxe club soda, pegou a mesma inofensiva bebida para ele mesmo e assistiu o show. Mais, ele assistiu ela assistindo o show.
Luzes piscavam, vozes ecoaram, e ninguém parecia ter uma preocupação no mundo.
- Isso é o que você faz geralmente no fim de semana? - teve que gritar na orelha dele, e ainda não estava certa que ele a teria escutado por cima do barulho
das guitarras e bateria.
- Agora e algumas vezes. - Raramente, ele poderia ter dito, observando a maré e o movimento no apertado bar de solteiros. Certamente não era uma boa idéia
desde os tempos de faculdade.
A idéia de trazer ela tinha sido um impulso. Até mesmo uma inspiração, ele pensou.
Ela mal podia pensar e se preocupar nessas condições.
- É um grupo local
- Algum som alternativo? - ela perguntou duvidosa
- Não, não, essa banda é um grupo local. - Ele riu, puxando sua cadeira para mais perto da dela, deslizou o braço pelos ombros femininos. - Pesado e sujo rock.
Nada de country, nada de besteira suave, e pop. Apenas rock de arrebentar.O que você acha?
Ela lutou para pensar, para se livrar do pesado, pulsante e repetitivo ritmo.
Acima da onda de música, a banda estava gritando sobre sujas proezas e fazendo isso com as faces mais sujas ainda.
- Eu não sei, mas com certeza não é ´Ode to Joy´.
Ele riu disso, alto e demoradamente, antes de segurar a mão dela.
- Vamos. Dance comigo.
Pânico instantâneo. A mão dela ficou molhada, seus olhos cresceram.
- Eu não acho, eu não sei como...
- Que droga, Bailey. Não há espaço suficiente para mais do que fazer alguns movimentos. Isso não requer nenhuma prática.
- Sim, mas... - Ele a estava puxando para a pista de dança, fazendo o caminho pelas mesas, esbarrando em pessoas. Ela perdeu a conta do número de pés que eles
deviam ter pisado.
- Cade, eu prefiro só olhar.
- Você está aqui para experimentar. - Ele a pegou em seus braços, agarrou os quadris dela de uma maneira possessiva e intima que fez o ar ficar preso em seus
pulmões.
- Vê? Um movimento para baixo. - E de repente o corpo dele estava se movendo sugestivamente contra o dela. - O resto é fácil.
- Eu não acho que alguma vez tenha feito isso. - As luzes girando e piscando sobre sua cabeça a deixava tonta. Provocava vertigens. - Eu tenho certeza de que
me lembraria.
Achava que provavelmente ela estava certa. Havia algo totalmente inocente sobre o jeito que ela fluía, do jeito como seu rosto corava. Ele deslizou as mãos
pelas nádegas dela e em seguida subiu para a cintura.
- Isso é só dançar.
- Eu não acho. Eu provavelmente dancei antes.
- Ponha seus braços ao meu redor. - levou ele mesmo os braços dela ao redor de seu pescoço.
- E me beije.
- O que?
- Deixa pra lá.
O rosto dele estava perto, e a música estavam enchendo a cabeça dela.O calor do corpo masculino, de todos os corpos pressionados tão perto contra eles, era
uma pequena fornalha.
Não podia respirar, não podia pensar e quando a boca dele desceu sobre a dela, não se importou.
A cabeça dela pendeu para trás. Era um calor impiedoso. O ar pesado de fumaça e corpos quentes, essência de suor, bebida e perfume barato, tudo desapareceu.
Ela se esfregou contra ele enquanto seus lábios partiram para os dele, e a forte essência masculina a preenchia.
- Se estivéssemos em casa, estaríamos na cama. - Ele murmurou contra os lábios dela e passeou a boca pelas reentrâncias de sua orelha. Estava usando o perfume
que ele tinha comprado para ela.
A essência disso era irracionalmente íntimo.
- Eu quero você na cama, Bailey.Eu quero estar dentro de você.
Ela fechou os olhos e se enterrou contra ele. Certamente ninguém tinha dito isso para ela antes. Ela não poderia ter esquecido essa louca excitação, esse louco
medo.
Seus dedos deslizaram por dentro dos cabelos dele que tinham ondulado por cima do colarinho.
- Antes, quando estava na cozinha, eu...
- Eu sei - Ele moveu a língua contra a orelha dela, espalhando fogo por todos os lados. - Eu poderia tê-la naquele momento. Você acha que eu não percebi isso?
-Para atormentar os dois, ele desceu os lábios pela garganta dela. - É por isso que estamos aqui em vez de em casa. Você não está pronta para o que eu preciso de
você.
- Isso não faz o menor sentido. - Ela pensou que tinha murmurado, mas ele a escutou.
- Quem diabos liga para senso? Isso é o agora. - Ele pegou o queixo dela e trouxe de volta para ele. - Nós somos o agora. - E a beijou até que seu sangue borbulhou
em sua cabeça. - Eu posso ser quente. - Ele mordiscou seu lábio inferior até que ela estivesse pronta para se desfazer no chão. - Ou doce. -Então a atormentou levemente
com sua língua. -Pode ser divertido. - Ele a girou no colo, então a puxou de volta para seus braços, com uma graça casual que a fez piscar. - O que você quiser.
As mãos dela estavam nos ombros dele, seu rosto estava perto do dele. Luzes giravam ao redor deles, a música continuava.
- Eu acho...!Acho que estaríamos mais seguros com o divertido. Por enquanto.
- Então é que vamos ter. - Ele a girou de novo, em dois rápidos círculos.
Os olhos dele brilharam de divertimento quando ela riu.
Ela recuperou o fôlego enquanto seu corpo encostava no dele novamente.
-Você deve ter tido aulas.
- Querida, eu talvez tenha me enganchado nos cotillion mais vezes do que quero admitir, mas algumas coisa fixam.
Eles estavam se movendo de novo, de alguma maneira mágica, pela grossa onda de dançarinos.
- Cotillion? Não é aquele negócio com luvas brancas e gravatas com reverências?
- Alguma coisa assim. - Ele passou as mãos pelas laterais do corpo dela, e esfregou levemente os dedos em seus seios. - E nada assim.
Ela perdeu um passo, bateu no que achou que era uma viga de ferro. Quando olhou para trás, viu o que parecia ser uma grande massa de músculos com uma careca
brilhante, um brinco de prata no nariz e um sorriso.
- Eu sinto muito - Ela começou, mas não encontrou fôlego para mais nada quando a massa de músculos empurrou-a para a direita.
Ela se encontrou no meio de dançarinos com entusiásticos movimentos de cotovelos e quadris balançantes. Eles a trataram de maneira tão amigável que ela tentou
acompanhar o ritmo dos passos. Ela estava rindo quando foi jogada de volta para os braços de Cade.
- Isso é divertido. - Elementar, libertador, quase pagão. - Estou dançando.
O jeito que o rosto dela brilhava, a voz cantava com deliciosas risadas, trouxe um sorriso para o rosto dele.
- Parece que sim.
Ela abanou a mão em frente ao rosto numa tentativa inútil de diminuir o calor.
- Eu gosto disso.
- Então iremos fazer de novo. - O volume abaixou, a batida suavizou para um zunido.
- Aí vem uma devagar. Agora tudo o que você tem de fazer é se colar toda em mim.
- Eu acho que já estou assim.
- Mais perto. - A perna dele deslizou intimamente entre as dela, as mãos se cruzaram pelos quadris dela.
- Oh, Deus. - Ela sentiu um frio no estômago. - Esse deve ser um outro passo.
- Um dos meus preferidos.
A música era sedutora, sexy e triste.Seu humor mudou com isso, da alegria para o desejo.
- Cade, eu não acho que isso seja inteligente. - Mas levantou-se nas pontas dos pés para que as faces ficassem mais perto.
- Vamos ser descuidados.Apenas por uma dança.
- Mas não vai durar, - ela murmurou enquanto apertava a bochecha na dele.
- Shh.Pelo tempo que quisermos.
Para sempre, ela pensou, e o abraçou forte.
- Eu não sou uma lousa apagada. Eu só fui apagada por um tempo.Nenhum de nós dois pode gostar do que estiver escrito lá quando encontrarmos.
Ele podia cheirá-la, senti-la, experimentá-la.
- Eu sei tudo o que preciso saber.
Ela balançou a cabeça.
- Mas eu não. - Ela se afastou e olhou dentro dos olhos dele. - Eu não, - ela repetiu. E quando se afastou de todo e rapidamente atravessou a multidão, ele
a deixou ir.


Ela se apressou para o banheiro. Precisava de privacidade, recuperar o fôlego.Precisava se lembrar, que apesar de ela querer, o seu Eu não tinha começado quando
ela entrou no tumultuado escritório e viu Cade Parris pela primeira vez.
O banheiro estava tão cheio quanto a pista de dança, com mulheres se amontoando no espelho, falando sobre homens, fofocando de outras mulheres.O lugar cheirava
densamente a spray de cabelo, perfume e suor.
Em uma das estreitas pias, Bailey deixou água gelada correr, jogou água no rosto superaquecido. Ela tinha dançado em um barulhento clube noturno e tinha rido
alto. Tinha deixado o homem que ela queria tocá-la intimamente, sem ligar para quem visse isso.
E ela sabia quando levantou o rosto e se olhou no espelho que nenhuma dessas coisas eram comuns para ela. Isso era novo. Como Cade Parris também era novidade.E
ela não sabia como tudo isso iria se encaixar na vida que era dela.
Estava acontecendo tudo tão rápido, pensou, e procurou dentro da bolsa por uma escova.
A bolsa que ele tinha comprado para ela, a escova que ele tinha comprado para ela, pensou, enquanto a emoção se espalhava por ela.Tudo o que ela tinha agora,
devia a ele.
Era isso o que ela sentia por ele? Um débito, gratidão? Luxúria?
Nenhuma das mulheres que estavam no banheiro com ela estava preocupada com coisas como essa, ela pensou.Nenhuma delas estava se fazendo esse tipo de pergunta
sobre o homem que tinham acabado de dançar.O homem que elas queriam, ou que as queriam. Elas iriam voltar lá e dançar de novo.Ou ir para casa.Elas fariam amor esta
noite, se o momento estivesse certo.E amanhã suas vidas iam simplesmente continuar.
Mas ela tinha que se questionar. E como poderia saber a resposta quando ela não se conhecia? E como ela poderia tê-lo, ou se entregar para ele, até que ela
soubesse?
Se recomponha, disse a si mesma, e metodicamente passou a escova pelos cabelos. Volte a ser sensível e prática. Calma. Satisfeita que seu cabelo estivesse em
ordem de novo, devolveu a escova de volta para a bolsa.
Uma ruiva entrou, toda perna e atitude, com cabelos curtos e modelo diferente.
- Filho da mãe apertou minha bunda, - ela disse para ninguém em particular, e com passos largos entrou no local, batendo a porta.
A visão de Bailey se turvou. Ondas de desorientação a fez se agarrar na borda da pia. Mas seus joelhos ficaram tão fracos que ela teve que se inclinar para
a pia e soluçar por ar.
- Hey, hey, você está bem?
Alguém deu tapinhas em suas costas, e a vozes eram como abelhas zumbindo em sua cabeça.
- Sim, só estou um pouco tonta. Estou bem. Estou bem. - Usando as duas mãos, ela pegou um pouco de água, jogou e jogou na face.
Quando ela achou que as pernas a sustentariam, pegou toalhas de papel e secou as bochechas que estavam pingando. Cambaleando como uma bêbada, saiu do banheiro
e voltou para a caverna gritante que era o clube.
Ela estava baqueada e colidindo e nunca sendo notada. Alguém se ofereceu para pagar-lhe uma bebida. Alguma alma iluminada bêbada se ofereceu para comprar-lhe
algo. Ela passou reto sem ver ninguém, apenas luzes cegantes e corpos sem rosto. Quando Cade a alcançou, estava branca como um fantasma. Sem fazer perguntas, ele
a pegou no colo, para aprovação geral das pessoas a sua volta, e carregou-a para fora.
- Sinto muito.Eu fiquei tonta.
- Foi uma má idéia. - Ele estava se amaldiçoando furiosamente por tê-la levado a um clube noturno de segunda categoria com regulares desordeiros. -Eu não deveria
tê-la trazido aqui.
- Não, foi uma idéia maravilhosa. Estou feliz por você ter me trazido.Eu só precisava de um pouco de ar.
Pela primeira vez, ela percebeu que ele a estava carregando, e ondulou entre embaraçamento e gratidão.
- Coloque-me no chão.Eu estou bem.
- Vou levá-la para casa.
- Não, há algum lugar onde podemos apenas nos sentar? Apenas sentar e tomar um pouco de ar?
- Claro. - Ele a colocou no chão, mas a observou cuidadosamente. - Tem um café descendo a rua. Podemos nos sentar do lado de fora. Tomar um café.
- Bom. - Ela segurou firmemente a mão dele, deixando ele levá-la pelo caminho. O barulho da banda lá dentro do clube quase tremia a calçada. O café algumas
portas adiante estava tão cheio quanto o clube, com garçons se apressando para entregar expressos e chocolates e drinks gelados de fruta.
- Eu a forcei demais - ele começou enquanto puxava uma cadeira para ela.
- Sim, você fez. Estou lisonjeada.
Cabeça inclinada, ele sentou na frente dela.
- Você está lisonjeada?
- Sim. Eu posso não me lembrar de nada, mas eu não acho que seja estúpida. - O ar, apesar de quente estava glorioso. - Você é um homem incrivelmente atrativo.
E eu olho ao redor, aqui mesmo... - Se aprumando, ela fez exatamente isso, observando as mesas juntas em baixo de um toldo verde. - Mulheres bonitas por todo os
lados. Por todos os lugares em que andamos hoje, dentro do clube, aqui neste café. Mas você está comigo, então estou lisonjeada.
- Não é exatamente a reação que eu procurava, ou esperava. Mas eu acho que serve por agora. - Ele olhou para o garçom que veio até a mesa.
- Cappucino? - Ele perguntou a Bailey.
- Isso seria perfeito.
- Descafeinado ou normal? - O garçom perguntou.
- Café normal - Cade falou para ele, e se inclinou para mais perto de Bailey. - Sua cor está voltando.
- Eu me sinto melhor.Uma mulher entrou no banheiro feminino.
- Ela te chateou?
- Não, não. - Tocada por sua imediata reação de defesa, ela colocou a mão sobre a dele.
- Eu estava me sentindo um pouco trêmula quando ela entrou. Com um andar meio afetado. - Isso fez os lábios dela se curvarem. - E por um minuto, eu achei que
a conhecia.
Ele virou a mão, e abraçou a dela.
- Você a reconheceu?
- Não, não ela precisamente, pensei eu pensei...Não, era o tipo, eu diria. Arrogante, coquete, impressionante. Uma ruiva alta em uma calça apertada, com uma
plaqueta no ombro. - Ela fechou os olhos por um momento, soltou um longa respiração, os abriu novamente. - M.J.
- Esse era o nome no papel do seu bolso.
- Está ali, - Bailey murmurou, massageando as temporas. - Está ali, em algum lugar da minha mente. E é importante. É vital, mas eu não consigo focar.Mas há
uma mulher, e ela é parte da minha vida. E Cade alguma coisa está errada.
- Você acha que ela está em apuros?
- Eu não sei. Quando eu comecei a visualizar...quando eu posso quase vê-la...é só uma imagem de total confiança e habilidade. Como se nada pudesse estar errado.
Mas eu sei que tem alguma coisa errada.E é minha culpa.Tem que ser minha culpa.
Ele balançou a cabeça. Culpa não iria ajudar.Não era um angulo muito bom para se persuadir.
- Me conte o que você vê quando começa a ter uma imagem. Apenas tente relaxar e me conte.
- Cabelo curto e vermelho, feições frias. Olhos verdes. Mas talvez esses sejam os seus. Mas eu acho que os dela são verdes, mais escuros que o seu.Eu poderia
quase desenhar seu rosto. Se eu soubesse como desenhar.
- Talvez você saiba. - Ele pegou uma caneta e um bloquinho do bolso. - Tente. -Com o lábio superior preso entre os dentes, ela tentou capturar uma forma, triangular
de rosto.Com um suspiro, abaixou a caneta enquanto o café era servido. - Eu acho que podemos seguramente assumir que não sou uma artista.
- Então vamos conseguir um. - Ele pegou o bloquinho de volta e sorriu do patético rascunho. -Até eu poderia fazer melhor do que isso, e eu passei com um C
no meu último lúgubre semestre de arte. Você acha que pode descrever as feições?
- Eu posso tentar.Eu não vejo tudo claramente.É como tentar focar a câmera que não está funcionando bem.
- Artistas policiais são bons em colocar as coisas juntas.
Ela derramou café sobre borda da xícara.
- Polícia? Nós temos de ir a polícia?
- Não oficialmente, não se preocupe.Confie em mim.
- Eu confio. - Mas a palavra polícia tocou na cabeça dela como o sirene de um alarme. - Eu irei.
- Nós temos alguma coisa para continuar. Sabemos que M.J. é uma mulher, uma ruiva alta com uma plaqueta no ombro. Mary Jane, Martha June, Melissa Jo. Você
estava com ela no deserto.
- Ela estava no sonho. - Sol, céu e pedras. Contentamento. Então o medo. - Três de nós no sonho, mas não fica claro.
- Bem, vamos ver se conseguimos achar um ponto central nisso tudo, então teremos um lugar por onde começar.
Ela olhou para baixo, para o fumegante café, pensando que sua vida era só isso, uma nuvem sombreando o centro.
- Você faz parecer fácil.
- São só passos, Bailey. Você dá o próximo passo, e veremos onde vai dar.
Ela assentiu, encarando fixamente para o café.
- Por que você se casou com alguém que não amava?
Surpreso, ele se recostou no cadeira e soltou o ar.
- Bem, é uma bela mudança de assunto.
- Sinto muito. Eu não sei por que perguntei. Não é da minha conta.
- Eu não sei. Dentro das circunstâncias, parece uma bastante justa pergunta.
Ele tamborilou os dedos na superfície mesa.
- Você poderia dizer que fiquei cansado, de saco cheio com a pressão familiar, mas isso é desculpa. Ninguém segurou uma arma na minha cabeça, e eu tinha mais
de vinte e um anos.
Irritou-o admitir isso, ele percebeu. Para ser honesto com Bailey teria que enfrentar a verdade de frente sem desculpas.
- Nós gostávamos um do outro, o bastante, ou gostávamos até que nos casamos. E alguns meses de casamento acabou com aquela amizade.
- Sinto muito, Cade. - Era fácil ver o desconforto no rosto dele, sua infelicidade com a lembrança. E apesar de invejá-lo até mesmo naquela infelicidade, ela
odiou saber que tinha ajudado a colocá-la ali.
- Nós éramos bons na cama, - ele continuou, ignorando-a. E manteve os olhos nos dela quando ela se encolheu, se afastando dele. - Era bom, até o fim o sexo
era bom. A confusão era, que no fim, o que foi uns dois anos desde o começo, tudo era apenas calor, sem coração. Nós só não ligamos a mínima. - Não poderiam terem
se importando menos, lembrou-se.Apenas duas pessoas entediadas presas na mesma casa. -Isso foi o que fez acabar. Não houve uma outra mulher, ou um outro homem. Nenhuma
luta apaixonada por dinheiro, carreiras, filhos, pratos sujos. Nós não nos importávamos mais.E quando paramos de nos importar, ficamos mesquinhos. Então os advogados
entraram, e ficamos mais mesquinhos ainda.E então tudo acabou.
- Ela o amou?
- Não. - Ele respondeu imediatamente, então franziu a testa, olhou para o nada e tentou ser honesto. E a resposta era triste esmagador. - Não, ela não me amava,
mais do que eu a amava. E nenhum de nós se preocupou em trabalhar essa parte. - Ele pegou dinheiro da carteira, jogou em cima da mesa e se levantou. - Vamos para
casa.
- Cade. - Ela tocou o braço dele. - Você merece coisa melhor.
- Certo. - Ele olhou para a mão em seu braço, os delicados dedos, os bonitos anéis. - Ela também. Mas é um pouco tarde para isso. - levantou a mão que tocava
seu braço para que os anéis brilhassem entre eles. - Você pode esquecer um monte de coisas, Bailey, mas você pode esquecer o amor?
- Não.
Ele estaria perdido se desistisse. De repente todo o seu casamento miseravelmente fracassado tinha sido jogado em sua cara.
- Se o homem que você amasse colocasse isso em seu dedo, você esqueceria? Poderia?
- Eu não sei. - Ela se afastou, apressou-se pela calçada até o carro. Quando ele a rodeou, os olhos dela estavam brilhando de fúria e medo. - Eu não sei.
- Você não esqueceria. Você não poderia, se fosse importante. E isso é importante.
Ele esmagou os lábios nos dela, empurrando suas costas contra o carro e enchendo os dois de frustração e necessidades. A paciência tinha ido embora, o astuto
calor da sedução. O que tinha sobrado era a crua necessidade que tinha borbulhado entre eles.
E ele a queria fraca e necessitada e desesperada tanto quanto ele. Somente naquele momento.
O pânico veio antes, o abraço apertado tinha tirado o ar de seus pulmões.
Ela não poderia responder essa viva e violenta necessidade. Simplesmente não estava preparada ou equipada para conhecer e sobreviver aquilo.
Então ela se rendeu, abruptamente, completamente, impensadamente, parte dela acreditando que ele não iria machucá-la. A outra parte rezando que ele não pudesse.
Entregou-se para a rápido e especulador calor, o surpreendente poder da luxuria oculta que crescia rapidamente de um momento impulsivo.
E sabia que talvez não sobrevivesse a entrega.
Ela estremeceu, enfurecendo-o. Envergonhado-o. Ele a estava machucando. Quase queria isso, ela se lembraria se ele o fizesse? A dor não era mais fácil de se
lembrar do que a bondade?
Sabia que se ela esquecesse dele, isso o mataria.
E se ele a machucasse, mataria tudo que valesse a pena dentro dele.
Ele a deixou ir, deu um passo pra trás. Instantaneamente ela passou os braços pelos próprio corpo em um gesto defensivo que o arrasou. Músicas e vozes excitadas
surgiram e as risadas fluíam pelas calçadas atrás dele enquanto olhava para ela, as luzes de faróis iluminavam a rua.
- Sinto muito.
- Cade...
Ele levantou as mãos, palmas para cima. O temperamento dele mal aparecera, mas ele sabia muito bem que era melhor alcançar a razão até que se acalmasse.
- Sinto muito, - repetiu. - É um problema meu.Vou levá-la para casa.

E quando ele o fez, quando ela estava em seu quarto e as luzes apagadas, se deitou na rede, onde poderia ver a janela dela.
Não era tanto para examinar a própria existência, percebeu, o que o tinha levado até ali. Ele conhecia os altos e baixos, os passos errados e os erros tolos.
Era o anel no dedo dela. Finalmente encarou a possibilidade de que um homem pudesse tê-lo colocado um deles nos dedos dela. Um homem que poderia estar esperando
que ela se lembrasse.
E não era sobre sexo. Sexo era fácil. Ela teria se entregado para ele aquela noite. Havia visto isso ao entrar na cozinha enquanto ela estava estudando um livro.Sabia
que ela estava pensando nele. Desejando-o.
Agora ele se achava um tolo por não ter pego o que ela lhe oferecia.
Mas ele não pegou porque queria mais. Muito mais.
Ele queria amor, e não era razoável querer isso. Ela estava desgovernada, com medo, em problemas que nenhum dos dois poderia identificar.Mesmo assim ele queria
que ela caísse de amores por ele, tão rápido e completamente quanto ele tinha caído por ela. Não era razoável.
Mas ele não dava a mínima para a razão.
Ele mataria o dragão, não importando quanto custasse .E uma vez que tivesse feito, lutaria com qualquer coisa que o afastasse dela. Mesmo que fosse a própria
Bailey.
Quando ele dormiu, ele sonhou.Quando ele sonhou, sonhou com dragões e noites negras e uma donzela loira que estava presa em uma torre alta e girando em fictícios
e ricos diamantes azuis.
E quando ela dormiu, ela sonhou.Quando sonhou, sonhou com raios e terror e uma corrida pela escuridão com o poder dos Deuses agarrados em suas mãos.

Capítulo 7
Apesar do fato de não ter dormido bem, Bailey estava acordada e fora da cama as sete horas. Tinha concluído que tinha algum tipo de despertador interno que
a fazia começar o dia com hora marcada, e não conseguia decidir se isso a fazia chata ou responsável. Em qualquer caso, ela se vestiu, resistiu a vontade de seguir
pelo corredor e ir ao quarto de Cade e desceu para fazer café.
Sabia que ele estava bravo com ela. Uma gelada, fervente raiva que ela não tinha de como derreter ou dissolver. Ele não dissera uma palavra no caminho de volta
desde Georgetown, e o silêncio estava carregado de seu temperamento e, ela tinha certeza, frustração sexual.
Perguntava-se se alguma vez causara frustração sexual em um homem antes, e desejava não sentir esse interno, e totalmente feminino, prazer por ter causado algo
em um homem como Cade.
Mas além disso, a mudança rápida de seu humor a deixou confusa e aborrecida. Ela ponderava se sabia mais sobre a natureza humana do que sabia sobre seu próprio
passado.
Saberia qualquer coisa sobre a raça masculina? Os homens se comportavam dessa maneira inexplicável o tempo todo? E se eles o fizessem, como uma mulher inteligente
lidava com isso? Ela deveria ser fria e controlada até que ele se explicasse? Ou seria melhor que ela fosse amigável e casual, como se nada tivesse acontecido?
Como se ele não a tivesse beijado como se pudesse engoli-la inteira. Como se ele não a tivesse tocado, movido as mãos por seu corpo, como se tivesse o direito
de fazer isso, como se fosse a coisa mais natural do mundo para ele fazer o corpo dela se transformar em uma massa trêmula cheia de necessidades.
Agora seu próprio humor tinha mudado de tímido para aborrecido enquanto abria a geladeira procurando por leite. Como os diabos ela deveria saber como se comportar?
Ela não tinha idéia se tinha sido beijada dessa maneira antes, sentido-se dessa maneira antes, desejado alguém desse jeito.Só porque estava perdida, ela deveria
humildemente ir na direção que Cade Parris apontava?
E se apontasse para cama, deveria pular nela?
Oh, não, ela não o faria. Ela era uma mulher adulta, capaz de tomar suas próprias decisões. Ela não era idiota e não era desamparada. Tinha contratado um detetive
sozinha, não tinha?
Droga.
Só porque não tinha precedentes do seu próprio comportamento não significava que ela não pudesse estabelecer alguns aqui e ali agora.
Ela não seria um capacho.
Ela não seria boba.
Ela não seria uma vítima.
Largou a caixa de leite no balcão, franzindo a testa para a janela.
Era um azar para Cade que ela o tivesse visto dormindo na rede justamente quando o seu humor tinha mudado.
Ele não teria dormido tão tranquilamente se pudesse ver o jeito que os olhos dela se estreitaram, o jeito que os lábios dela se torceram e seu dentes rangeram.
Cheia de energia, Bailey saiu de casa e marchou pela grama.
E deu um empurrão bem forte na rede.
- Que diabos você acha que é?
- O quê? - Ele acordou rudemente, agarrando-se nos lados da rede para ter equilíbrio, seu cérebro embaçado de sono. - O quê? Você não se lembra?
- Não se faça de espertinho pra cima de mim. - Ela empurrou de novo a rede enquanto ele lutava para se sentar. - Eu tomo minhas próprias decisões, eu comando
minha própria vida como quer que seja. Eu te contratei para me ajudar a descobrir quem eu sou e o que aconteceu comigo. Eu não estou pagando para você ficar amuado
por que eu não pulei na cama com você quando você teve um comichão.
- OK. - Ele esfregou os olhos, finalmente focando para o lindo e furioso rosto que se inclinava por cima dele. - Do que diabos você está falando? Eu não estou
amuado, eu...
- Não me diga que você não está amuado, - ela devolveu. - Dormindo no quintal como um vagabundo.
- É o meu quintal. - Irritou-o ter que apontar isso.O tinha o irritado ainda mais ter sido tirado do sono para uma discussão antes que sua mente pudesse funcionar.
- Levando-me para dançar, - ela continuou, andando de um lado para o outro. - Tentando me seduzir na pista de dança, então tendo um chilique por que...
- Um chilique? - Ele se espantou. - Escute, meu bem, eu nunca tive um chilique em minha vida toda.
- Eu digo que teve, e não me chame de meu bem nesse tom de voz.
- Agora você não gosta do meu tom de voz. - Os olhos dele estreiteram-se perigosamente, para um verde frio que ameaçava retaliação. - Bem, vamos tentar um
novo tom de voz e ver como você... - Ele terminou com um gemido quando ela empurrou a rede e deu um tapa no rosto dele.
A primeira reação dela foi o choque, então uma imediata urgência de se desculpar. Mas enquanto o ar se tornava azul ao seu redor, ela deu um passo pra trás,
levantou o queixo e deu meia volta indo embora marchando.
Ele atingiu o chão com um estrondo, e tinha certeza de ter escutado seus próprios ossos rangerem. Mas ele estava de pé rápido o suficiente, mancando um pouco,
mas ainda rápido para alcançá-la antes que chegasse a porta. Ele a virou para encará-lo.
- Que bicho mordeu sua...
- Você mereceu aquilo. - O sangue estava borbulhando em sua cabeça, o coração pulsando forte, mas ela não iria se afastar.
- Por que, merda, eu mereci?
- Por... qualquer coisa.
- Bem, isso certamente cobre todas as opções.
- Apenas saia do meu caminho.Vou dar uma volta.
- Não, - ele disse precisamente, - você não vai.
- Você não pode me dizer o que fazer.
Ele estimava que estivesse perto do dobro do peso dela e uns bons centímetros mais alto.Seus lábios curvaram-se perigosamente.
- Sim, eu posso.Você está histérica.
Isso foi um estopim.
- Eu certamente não sou histérica. Se eu fosse histérica, eu arrancaria esse sorriso nojento da sua cara, e arrancaria esses olhos de almofadinha, e...
Para simplificar, ele simplesmente a pegou no colo e levou-a para dentro. Ela sacudia-se, contorcia-se, chutou um pouco, mas ele a levou até uma cadeira na
cozinha. Colocando suas mãos nos ombros dela, seu rosto próximo, ele deu a ordem com vigor.
- Fique aí.
Se ele não tomasse café imediatamente, iria morrer. Ou matar alguém.
- Você está despedido.
- Bom, ótimo, oba!!! - Ele inspirou a fumaça enquanto colocava café e bebia como água. - Senhor, que maneira de começar o dia. - Ele agarrou um frasco de aspirina,
lutou com a tampa a prova de crianças enquanto a dor de cabeça que se insinuava estourou sem piedade.
- Eu não vou tolerar ter uma mulher gritando comigo, antes que meus olhos estejam abertos. O que quer que esteja acontecendo, querida, você se segure até que
eu... - Ele praguejou de novo, jogando o frasco na beira do balcão, onde ficou.
Sua cabeça estava estourando, seu joelho molhado onde ele tinha caído na grama, e ele poderia facilmente ter mastigado o plástico para chegar até a aspirina.
Praguejando furiosamente, pegou uma faca do bloco de madeira que estava no balcão e serrou o frasco até que conseguiu decapitá-lo. Seu rosto estava duro em
fúria, ele se voltou com o frasco em uma mão, a faca na outra. Os dentes apertados.
- Agora escute... - ele começou
Os olhos de Bailey reviraram-se, e ela deslizou da cadeira para o chão em um desmaio antes que ele pudesse se mexer.
- Deus amado. - A faca caiu no chão, e as aspirinas rolaram pra todo lado quando o frasco atingiu a cerâmica. Ele a levantou, e por falta de algo melhor, deitou-a
na mesa da cozinha enquanto pegava um pano úmido . - Vamos, Bailey, volte, querida.
Ele molhou o rosto dela, esfregou os pulsos dela e se amaldiçoou. Como ele poderia ter gritado com ela daquele jeito, manipulá-la daquele jeito, quando ela
estava tão frágil?
Talvez ele saísse e chutasse alguns filhotinhos, maltratar alguns gatinhos, para sua próxima atuação.
Quando ela murmurou e se virou, ele pressionou sua mão contra o lábio.
- Desse jeito.Todo o caminho de volta. - Os olhos dela flutuavam enquanto ele alisava seu cabelo. - Está tudo bem, Bailey. Devagar.
- Ele vai me matar. - Seus olhos estavam abertos, mas cegos. Ela agarrou a camisa de Cade com terror apertando sua respiração. - Ele vai me matar.
- Ninguém vai te machucar.Estou aqui.
- Ele vai me matar. Ele tem uma faca. Se ele me achar, vai me matar.
Ele queria pegá-la no colo, afastar tudo em volta, mas ela confiava nele para ajudar.
Ele manteve a voz bem calma, tirou os dedos dela de sua camisa e os segurou.
- Quem tem a faca, Bailey? Quem vai matá-la?
- Ele...ele... - Ela podia ver, quase ver, a mão abaixando, a faca brilhando de novo e de novo. - Tem sangue por toda parte. Sangue por toda parte. Eu tenho
que me afastar do sangue. A faca. O raio. Eu tenho que correr.
Ele a segurou firme, manteve a voz calma.
- Onde você está? Conte-me onde você está.
- No escuro. Não tem luz. Ele vai me matar. Eu tenho que correr.
- Correr para onde?
- Qualquer lugar - Sua respiração estava vindo tão rápida, a força disso arranhavam sua garganta como unhas. - Qualquer lugar, pra longe. Se ele me achar...
- Ele não vai achá-la.Eu não vou deixá-lo encontrar você. - pegou o rosto dela entre as mãos para que os olhos claros encontrassem com os dele. - Calma. Apenas
vá com calma.
Se ela continuasse arquejando desse jeito, iria hiperventilar e desmaiar em cima dele de novo. Não achava que poderia lidar com isso Novamente . - Você está
segura aqui. Você está segura comigo. Entendeu isso?
- Sim. Sim. - Ela fechou os olhos, estremeceu fortemente. - Sim. Eu preciso de ar. Por favor, eu preciso de um pouco de ar.
Ele a pegou de novo, carregou-a para o lado de fora. Acomodou-a num banco no pátio, e se sentou ao lado.
- Vá devagar. Lembre-se, você está segura aqui. Você está segura.
- Sim, tudo bem. - Com esforço, ela soltou o ar que parecia querer ficar preso em seus pulmões. - Eu estou bem.
Longe disso, ele pensou. Ela estava branca como um lençol, mole e trêmula. Mas a memória estava fechada, e ele tinha que tentar expulsar as lembranças.
- Ninguém vai machucá-la. Nada vai tocar você aqui. Fique certa disso e tente me contar tudo o que você se lembra.
- Vem em flashes. - Ela lutou para respirar e diminuir a pressão em seu peito. - Quando você estava com aquela faca... - O medo se apoderou dela de novo.
- Eu a assustei. Sinto muito. - Ele pegou suas mãos, segurou-as. - Eu não iria machucá-la.
- Eu sei. - Ela fechou os olhos novamente, deixou o sol tocar seu rosto. - Havia uma faca. Uma longa lâmina, curvada. É linda. O cabo que a segura é trabalhada.
Eu a vi, talvez eu a tenha usado.
- Onde você a viu?
- Eu não sei. Havia vozes, gritando. Eu não consigo escutar o que eles falavam. É como o oceano, todo tons, ruídos, sons violentos. - Ela pressionou as mãos
contra as orelhas, como se pudesse bloquear o som. - Então há o sangue, por todo lado. Por todo o chão.
- Que tipo de chão?
- Carpete, carpete cinza. O raio continua a brilhar, a faca continua a brilhar.
- Há alguma janela? Você vê o raio pela janela?
- Sim, eu acho... - Ela tremeu de novo, e a cena lutando para se formar em sua mente ficou branca. - Está escuro. Tudo ficou escuro, e eu tenho que escapar.
Eu tenho que me esconder.
- Onde você se esconde?
- Um lugar pequeno, quarto rude, e se ele ver, vou cair em uma cilada. Ele tem a faca. Eu posso ver, a mão dele no cabo. Está tão perto, se ele se virar...
- Fale-me sobre a mão, - Cade falou, interrompendo-a gentilmente. - Como a mão se parece, Bailey?
- É escura, muito escura, mas tem uma luz balançando ao redor.Quase me alcançou. Ele está segurando a faca, e os nós dos dedos estão brancos. Há sangue neles.
No seu anel.
- Que tipo de anel, Bailey? - Os olhos dele se fixaram no rosto dela, mas sua voz continuou calma e tranqüila. - Como o anel se parece?
- De ouro bruto, é um longo aro. No centro uma pedra rubi cabochon. No outro lado há diamantes pequenos, de corte brilhante. Iniciais T e S cravados. Os diamantes
estão vermelhos com o sangue. Ele está tão perto, tão perto, que eu posso sentir o cheiro. Se ele olhar para baixo. Se ele olhar vai me ver. Vai me matar, me fatiar
em pedaços se me encontrar.
- Ele não o fez. - Incapaz de agüentar mais, Cade a pegou no colo, abraçou-a. - Você fugiu. Como você foi embora, Bailey?
- Eu não sei. - O alívio era tão grande, sentir os braços de Cade ao seu redor, o sol morno em suas costas, a face dele pressionada contra seu cabelo, que
ela poderia chorar. - Eu não lembro.
- Está tudo bem. É o suficiente.
- Talvez eu o tenha matado. - Ela se afastou, olhou para o rosto de Cade. - Talvez eu tenha usado a arma que estava na sacola e atirei nele.
- A arma estava totalmente carregada, Bailey.
- Talvez eu tenha recarregado.
- Querida, em minha opinião profissional, você não saberia como.
- Mas se eu...
- E se você o fez, - ele pegou os ombros dela, deu um pequeno chacoalhão. - Foi se protegendo. Ele estava armado, você com medo, e parece que ele já tinha
matado alguém.Seja lá o que você fez para sobreviver foi certo.
Ela se virou, olhou para o jardim, passou pelas flores, as velhas árvores, a linha da cerca.
- Que tipo de pessoa eu sou? Há uma possibilidade real que eu tenha visto alguém ser morto. Eu não fiz nada para impedir, nada para ajudar.
- Seja razoável, Bailey.O que você poderia ter feito?
- Alguma coisa, - ela murmurou. - Eu não fui a um telefone, chamar a polícia. Apenas fugi.
- E se você não tivesse fugido, estaria morta. - Ele sabia pelo jeito que ela piscou que ele tinha sido duro. Mas era o que ela precisava. - Em vez disso você
está viva, e pedaço por pedaço, nós estamos juntando tudo.
Ele se levantou, andou ao redor, para não sofrer a tentação de acariciá-la.
- Você estava em algum tipo de prédio. Em um quarto com carpete cinza, provavelmente em uma janela. Houve uma briga e alguém tinha uma faca.Ele a usou. Suas
iniciais podem ser T.S. Ele veio atrás de você, e estava escuro.Mais parecido com um blackout e o prédio tinha perdido a energia. Um pedaço da North West D.C. perdeu
a energia por umas duas horas na noite anterior que você me contratou, então temos um lugar para procurar.Você conhecia o prédio bem o bastante para procurar um
esconderijo. Você mora ou trabalha ali.
Ele olhou para trás, notando que ela estava prestando atenção. As mãos estavam paradas no colo novamente.
- Eu posso verificar se houve algum assassinato por facadas aquela noite, mas eu tenho assistidos aos jornais, e não houve nada para a imprensa divulgar.
- Mas se foi há dois dias.Alguém deve ter encontrado...encontrado um corpo, se há algum.
- Não se foi em um sala particular, ou um escritório que fechou para o longo feriado.Se há mais alguém lá, outras pessoas no prédio quando aconteceu, teria
sido notificado. Estranho que você estivesse sozinha.
Isso fez o estômago dele revirar-se só de pensar, Bailey sozinha no escuro com um assassino.
- A tempestade não caiu até depois das dez.
Era lógico, e o simples movimento da teoria para o fato a acalmou.
- O que nós fazemos agora?
- Vamos dirigir pelas áreas que ficaram sem energia, começando pelo hotel onde você ficou.
- Eu não lembro de ir ao hotel, se eu caminhei ou fui de táxi.
- Você andou, pegou um ônibus ou o metrô. Eu já chequei os táxis. Nenhuma das companhias deixou uma mulher a três quadras do hotel aquela noite. Vamos começar
presumindo que você foi a pé, desorientada, muito trêmula para pensar em pegar um ônibus, e desde que o metrô só funciona até a meia noite, estava muito perto da
hora de fechar.
Ela acenou em concordância, olhou para as mãos.
- Sinto muito por ter gritado com você antes. Você não merecia, depois de tudo o que você fez por mim.
- Eu mereci. - colocou as mãos nos bolsos. - Eu me recuso a aceitar o termo chilique mas vou permitir a frase pelas circunstâncias. - Ele gostou de ver os
lábios dela se curvarem em um pequeno sorriso quando ela levantou a cabeça.
- Eu acho que nós dois estávamos descontrolados. Eu o machuquei quando o fiz cair?
- Meu ego vai carregar esta ferida por um tempo. Mas não fisicamente. - Ele inclinou a cabeça. Havia um ar matreiro nele, e nos olhos que brilhavam para ela.
- E eu não tentei seduzi-la na pista de dança, Bailey. Eu a seduzi na pista de dança.
O pulso dela disparou. Ele era tão ultrajantemente maravilhoso, parado ali na luz do sol da manhã, amarrotado, o cabelo escuro amarfanhado, as covinhas aparecendo
e sua boca arrogantemente curvada. Nenhuma mulher viva, Bailey pensou, poderia impedir que a boca enchesse de água.
E ela tinha certeza que ele sabia disso.
- Seu ego parece estar funcionando muito bem, machucado ou não.
- Nós sempre podemos fazer a cena novamente.
O estômago revirou com aquele pensamento, mas ela encenou um sorriso.
- Estou feliz que você não esteja mais bravo comigo. Eu não acho que lido muito bem com confrontações.
Ele esfregou o cotovelo, onde tinha perdido um pouco de pele no impacto.
- Você parece se dar bem o suficiente. Vou me limpar e depois vamos dar um passeio.


Havia tantos tipos de prédios, Bailey pensou enquanto Cade passava ao redor da cidade. Velhos, novos, casas caindo aos pedaços e casas reformadas.
Prédios de escritórios altos e frentes de lojas rebaixadas.
"Ela já tinha reparado na cidade antes? " se perguntava.As paredes de pedras, árvores crescendo nas calçadas, ônibus fazendo barulho com seus freios pneumáticos.
Era sempre tão cheio em Julho? O céu no verão era sempre daquele tom pardo?
E as flores sempre eram tão vistosas em espaços públicos ao redor de estátuas e ao longo das ruas?
Será que tinha feito compras em alguma daquelas lojas, feito refeições em algum daqueles restaurantes?
As árvores dominaram a rua novamente, altas e paradas, com vista para os dois lados da rua, então percebeu que eles se dirigiam por um parque, preferível do
que o meio da cidade lotada.
- É como ver tudo pela primeira vez, - ela murmurou. - Sinto muito.
- Não faz mal.Alguma coisa vai fazer o clique ou não.
Eles passaram por graciosas e antigas casas, tijolos e granitos, então outra rua só de lojas, elegantes e aconchegantes. Ela fez um pequeno som, e mal tinha
percebido isso, Cade percebeu.
- Alguma coisa fez o clique?
- Aquela boutique. Marguerite´s. Eu não sei.
- Vamos dar uma olhada. - Ele fez a volta, deu ré, então estacionou em uma estreita vaga em frente de várias lojas.
- Tudo está fechado, mas isso não significa que não podemos olhar as vitrines. - Estacionando, ele abriu a porta, então desceu.
- Talvez eu só tenha gostado do vestido na vitrine, - ela murmurou. Era adorável, apenas com uma variação de pétalas de rosas em seda com finas tiras de brilho
em pedrinhas que continuavam abaixo da cintura.
O conjunto completava-se por uma pequena bolsa prata de noite e absurdas sandálias de salto alto combinando, em prata.
Vendo modo que ela sorria olhando para o conjunto fez Cade desejar que a loja estivesse aberta, para que pudesse comprá-lo para ela.
- É o seu estilo.
- Eu não sei. - Ela apoiou as mãos no vidro, examinou-o pelo simples prazer de admirar coisas bonitas. - É um vestido maravilhoso para festa em linha marinha.
Oh, e aquele vestido vermelho é fabuloso. Feito para você sentir-se poderosa e recompensada. Eu realmente acho que deveria começar a usar cores bordô, mas eu sempre
recorro para os tons pastéis.

" - Tente este verde, Bailey. Tem força. Não há nada mais cansativo que roupas covardes.
- Quanto tempo eu ainda vou ter que ficar aqui parada enquanto vocês duas brincam de roupinhas? Estou faminta.
- Oh, pare de encher.Você nunca está feliz a não ser que esteja alimentando seu estômago ou comprando novos jeans. Bailey não esse bege tedioso. O verde. Confie
em mim."

- Ela me convenceu a isso, - Bailey murmurou. - Eu comprei essa roupa verde. Ela estava certa. Ela sempre está.
- Quem está certa, Bailey? - Ele não a tocou, com medo de que mesmo uma encorajadora mão em seu ombro quebrasse essa ligação. - É a M.J.?
- Não, não, não é M.J. Ela é brava, impaciente, detesta perder tempo. Comprar é uma grande perda de tempo.
Oh, sua cabeça doía. Iria explodir a qualquer momento, simplesmente pular de cima de seus ombros. Mas a necessidade era maior, a necessidade de alcançar alguma
coisa.
Essa única resposta.Seu estômago embrulhou, ameaçando uma náusea, e sua pele ficou pegajosa com o esforço de segurar a náusea.
- Grace. - A voz dela se quebrou. - Grace, - ela disse novamente enquanto seus joelhos dobravam. - O nome dela é Grace. Grace e M.J. - Lágrimas caíram de seus
olhos, rolaram por seu rosto enquanto ela jogava os braços ao redor do pescoço de Cade. - Eu estive aqui.Eu estive nesta loja. Comprei um traje verde. Eu lembro.
- Bom. Bom trabalho, Bailey. - Ele deu um rápido aperto em sua mão.
- Não, mas isso é tudo. - Ela apertou uma mão contra testa.A dor era gritante agora. - Isso é tudo que eu lembro. Apenas de ter estado aqui com elas, comprando
roupa. É tão bobo. Por que eu deveria lembrar de comprar roupa?
- Você lembrou de pessoas. - Ele esfregou os polegares nas têmporas dela. Ele quase podia sentir a dor de cabeça agitando-se lá dentro. - Elas são importantes
para você. Era um momento, algo compartilhado, um momento feliz.
- Mas eu não consigo lembrar delas .Não de verdade. Só sentimentos.
- Você está conseguindo ultrapassar. - Ele pressionou os lábios na sobrancelha delicadas, levou-a de volta para o carro. - E está acontecendo rápido agora.
- Ele a empurrou gentilmente para que se sentasse, colocou o cinto de segurança ele mesmo. - E isso machuca você.
- Não importa. Eu preciso saber.
- Importa pra mim. Vamos encontrar algo para a sua dor de cabeça, e alguma comida. Então começaremos de novo.

Argumentos não iriam fazê-lo mudar de idéia. Bailey tinha que admitir que lutar com Cade e com uma dor de cabeça era uma batalha perdida. Deixou que ele a colocasse
na cama, engoliu a aspirina que ele tinha lhe dado com dificuldade. Obedientemente fechou os olhos como ele instruía, então abriu-os novamente quando ele trouxe
uma tigela de sopa de frango.
- É de lata, - ele falou, afofando os travesseiros nas costas dela. - Mas deve fazer o trabalho.
- Eu poderia comer na cozinha, Cade. Era uma dor de cabeça não um tumor. E quase já se foi.
- Eu vou trabalhar pesado em você mais tarde. Aproveite a paparicação enquanto pode.
- Tudo bem, eu farei isso. - Ela tomou a sopa. - Está maravilhosa.Você acrescentou tomilho.
- Por um pequeno toque de França.
O sorriso dela desapareceu.
- Paris, - ela murmurou. - Alguma coisa sobre Paris. - A dor de cabeça voltou enquanto ela tentava se concentrar.
- Deixe ir por enquanto. - Ele sentou-se ao seu lado. - Eu diria que o seu subconsciente está te deixando saber que você não está totalmente pronta para se
lembrar.Um pedaço de cada vez vai funcionar.
- Eu acho que vai ter de funcionar. - Ela sorriu de novo. - Quer um pouco de sopa?
- Agora que você mencionou. - Ele se inclinou, deixou-a alimentá-lo, e não tirou os olhos dos dela. - Nada mal.
Ela pegou outra colherada para ela mesma, devagar revezando.
- Estou tentando descobrir como perguntar algo sem parecer rude.
Ele deslizou o cabelo dela para atrás da orelha.
- Apenas pergunte.
- Bem, esta adorável casa, as antigüidades, o chique carro esporte...Então há o seu escritório.
A boca dele se retorceu.
- Tem alguma coisa errada com meu escritório?
- Não. Bem, nada que uma escavadeira e um equipe de construção não resolvesse. Apenas não se compara com o resto.
- Eu tenho uma coisa em pagar meu trabalho com ele mesmo, e aquele escritório é o que eu posso pagar agora. Meu trabalho investigativo paga as contas e alguma
coisa mais. Em nível pessoal, eu estou enrolando. - Os olhos dele sorriam para os dela. - Dinheiro, é isso. Se for isso o quê você está perguntando.
- Eu acho que era. Você é rico, então.
- Depende da sua definição, ou se você se refere a mim ou minha família inteira. São shopping centers e isso tipo de coisa. Muitos médicos e advogados e banqueiros
por gerações. E eu, eu sou...
- A ovelha negra, - terminou por ele, animada por ele ser isso. - Você não quis entrar nos negócios da família.Você não quis ser um médico ou advogado ou um
banqueiro.
- Não. Eu queria ser Sam Spade.
Deleitada, ela gargalhou.
- "O Falcão Maltês".Estou feliz por você não querer ser um banqueiro.
- Eu, também. - Ele pegou a mão que ela tinha deixado em seu rosto, pressionou os lábios em sua palma e sentiu a rápida resposta.
- Estou feliz por ter achado seu nome na lista telefônica. - A voz dela enfraqueceu. - Feliz por tê-lo encontrado.
- Eu também. - Ele fez o caminho entre os dedos dela, parou. Mesmo que estivesse cego, pensou ele, teria entendido o quê havia nos olhos dela naquele momento.E
seu coração se animou com isso.
- Eu poderia ir embora e deixá-la sozinha agora. - Ele fez com o dedo o caminho de seu pescoço, então deixou ficar na pulsação que pulava tão rápida como um
coelho em sua garganta. - Isso não é o quê EU quero fazer..
Era sua, a decisão, ela sabia. Sua escolha. Seu momento.
- Não é o que eu quero também. - Quando ele pegou seu rosto entre as mãos, ela fechou os olhos. - Cade, eu posso ter feito algo horrível.
Os lábios dele pararam poucos centímetros dos dela.
- Eu não ligo.
- Eu talvez tenha...eu posso ser... - Determinada a enfrentar isso, ela abriu os olhos novamente. - Pode haver uma outra pessoa em minha vida.
Os dedos dele se endureceram.
- Eu não ligo a mínima.
Ela soltou um longo suspiro, e decidiu seu momento.
- Nem eu - disse e puxou-o para ela.

Capítulo 8
Isso era como se sentia sendo pressionada embaixo do corpo de um homem. Um corpo de homem duro e cheio de necessidades.Um homem que a queria acima de todas
as coisas.
Naquele momento.
Era com falta de ar e espanto, excitamento e frescor.O jeito que ele Afundou os dedos entre seus cabelos enquanto seus lábios cobriam os dela, a fazia estremecer.
O perfeito encaixe da boca contra a boca, como se os lábios e línguas tivessem sido feitos apenas para sentir o gosto do amante. E era o gosto dele que a preenchia,
forte, masculino e verdadeiro.
O que quer que tenha vindo antes, o que viria depois, não importava o agora.
Ela passou as mãos pelo corpo masculino, e foi maravilhoso.O formato do seu corpo, os ombros fortes, a extensão de suas costas, sua cintura estreita, os músculos
tão firmes sob sua palma, e quando suas mãos avançaram por baixo de sua camisa, a suave e quente carne por baixo dela fascinou-a.
- Oh, eu queria tocá-lo. - Os lábios dela correram pelo rosto dele. - Eu tinha medo de nunca poder fazê-lo.
- Eu a quis no momento que você entrou por aquela porta. - Ele se afastou apenas o suficiente para ver os olhos dela, o profundo e castanho tom que agora parecia
se derreter para ele. - Antes de você entrar por aquela porta. Sempre.
- Isso não faz o menor sentido.Nós não...
- Não importa. Apenas isso importa . - Os lábios dele fecharam-se sobre os dela novamente, aprofundou o beijo, experimentando seus sabores unidos.
Ele queria ir devagar, aproveitar cada momento. Parecia que tinha esperado por ela a vida toda, então agora ele queria levar todo o tempo do mundo para tocar,
experimentar, explorar e explodir. Cada pedaço do corpo dela embaixo do seu era um presente. Cada suspiro um bem precioso.
Tê-la dessa maneira, com o sol atravessando a janela, com o cabelo loiro dela flutuando sobre a velha colcha e o corpo dela ansioso e desejoso, era mais doce
que qualquer sonho.
Eles se pertenciam. Isso era tudo o que ele precisava saber.
Vê-la, afastar a blusa simples que tinha escolhido para ela, abrir pedaço por pedaço até expor a pálida e suave pele era tudo o que ele queria. Traçou com os
dedos as curvas dos seios, sentiu a pele arrepiar em resposta, viu os olhos escurecerem para então focar nos dele.
- Você é perfeita. - Ele espalmou a mão neles, e eram pequenos e firmes e feitos para sua palma. Ele abaixou a cabeça, esfregou os lábios onde o laço de seu
sutiã encontrava a pele, então subiu, vagarosamente por sua garganta, pela mandíbula, e de volta para sua boca.
Ninguém nunca a tinha beijado daquela maneira antes. Ela sabia que era impossível para qualquer outra pessoa ter tanto cuidado. Com um suave suspiro, ela se
deixou levar pelo beijo, murmurando quando ele a levantou para tirar a blusa de uma vez, tremendo quando ele abriu o fecho e enterrou as mãos nos seus seios. E a
boca.
Ela gemeu, perdida em glorioso desejo, em uma confusa escura sensação. Macios aqui, então rude, frio, então esquentava, cada sentimento pulava gentilmente para
o próximo e então virava puro prazer.Cada vez que ela se virava, havia algo novo acontecendo. Quando ela tirou a camisa dele, houve aquele adorável arrepio por causa
da pele dele contra a sua, a intimidade disso, coração com coração.
E seu coração dançava para brincar com os lábios dele, as provocativas mordiscadas de dentes, a demorada provocação da língua.
O ar estava como um licor, espesso e doce, enquanto ele deslizava a calça pelos seus quadris.
Ela lutou para engolir o ar, mas cada respiração era difícil e curta. Ele a estava tocando em todo canto, as mãos escorregadias e vagarosas, mas irremediavelmente
a empurrando alto e mais forte até que o calor fosse imenso. Crescendo como fogo em seu interior.
Ela gemeu o nome dele, agarrando a colcha e afundando-se em uma massa disforme enquanto o corpo se esticava para alcançar algo além do alcance. Ele observou
se arquear desesperada contra o corpo dele. Levantou o corpo dela novamente até que seus lábios estivessem próximos, e a observou. Observou-a enquanto, com rápidos,
ágeis dedos a libertou.
Foi o nome dele que ela chamou quando o calor alcançou seu ponto máximo, e foi o seu corpo que ela se agarrou enquanto o dela tremia.
Isso era o que ele queria.
Seu nome ainda estava vibrando nos lábios dela quando ele os amassou com os dele, quando ele rolou com ela pela cama em uma ganância de pegar e possuir.Cego
com a necessidade, arrancou o próprio jeans, tremendo quando ela enterrou a boca em sua garganta, se esfregando contra ele em um mudo convite.
Ela era mais generosa do que qualquer fantasia. Mais generosa do qualquer desejo. Mais dele do qualquer sonho.
Com a luz do sol pousando nos lençóis amassados, ela se arqueou para ele, se abriu como se estivesse esperando por ele sua vida toda.O coração dele batia em
sua cabeça enquanto deslizava para dentro dela, movia-se para preenche-la.
O choque o paralisou por um instante, e cada músculo ficou tenso. Mas ela balançou a cabeça, abraçou-o e o puxou para dentro.
- Você - foi só o que ela falou. - Só você.
Ele ficou parado, escutando o coração dela bater forte, absorvendo os tremores do corpo dela junto ao seu. "Só ele", ele pensou, e fechou os olhos.Ela era inocente.
Intocada. Um milagre. E o seu coração estava indo em diferentes direções, de culpa a puro e egoísta prazer.
Ela era inocente, e ele a tomou.
Ela era intocada, até que ele a tocasse.
Ele queria implorar para ela perdoá-lo
Ele queria escalar até o telhado e rastejar.
Não certo de que qualquer um desses atos iriam servir para a situação, ele gentilmente testou a água.
- Bailey?
- Humm?
- Ah, em minha opinião profissional de investigador particular, conclui que extremamente impossível que você seja casada. - Ele sentiu o tremor da risada dela,
levantou a cabeça para sorrir. - Eu vou colocar isso no meu relatório.
- Faça isso.
Ele afastou o cabelo do rosto dela.
- Eu a machuquei? Sinto muito. Eu nunca considerei...
- Não. - Ela pressionou a mão sobre a dele. - Você não me machucou.Estou feliz, estonteada. Aliviada. - Os lábios dela curvaram-se em um suspiro. - Eu nunca
considerei também. Eu diria que nós dois ficamos surpresos. - Abruptamente ela sentiu um frio no estômago. - Você não está...desapontado? Se você...
- Estou devastado. Eu realmente esperava que você fosse casada, com seis filhos. Eu só gosto de fazer amor com mulheres casadas.
- Não, eu digo...Foi...foi...Eu... fui tudo bem?
- Bailey. - Com uma meia risada, ele rolou para que ela pudesse descansar sobre o seu peito. - Você foi perfeita. Absolutamente, completamente perfeita. Eu
te amo. - Ela ficou muito parada, com a face pressionada em seu coração. - Você sabe que eu a amo, - ele disse calmamente. - Desde o momento que eu te vi.
Agora ela queria chorar, porque era tudo o que ela queria ouvir, e nada do que ela poderia aceitar.
- Você não me conhece.
- Nem você.
Ela levantou a cabeça, balançou-a seriamente.
- Esse é exatamente o ponto. Brincar sobre isso não muda a verdade.
- Aqui vai a verdade, então. - Ele sentou-se, pegou-a firmemente pelos ombros. - Estou apaixonado por você. Apaixonado pela mulher que estou segurando agora.Você
é exatamente o que eu quero, o quê preciso, e querida... - ele beijou-a brevemente. - Vou ficar com você.
- Você sabe que não é tão simples.
- Não estou pedindo por simplicidade. - Ele foi deslizando as mãos, pegou as dela. - Estou pedindo para você casar comigo.
- Isso é impossível. - Em pânico, ela puxou as mãos, mas ele as pegou calmamente e as segurou no mesmo lugar. - Você sabe que é impossível.Eu não sei de onde
sou, o que fiz.Eu o conheci há três dias.
- Isso tudo faz sentido, ou faria, exceto por uma coisa. - Ele a puxou de encontro a ele e mandou a razão para o inferno com um beijo.
- Não faça isso. - Transformada em pedaços, ela colocou os braços ao redor do pescoço dele, abraçou-o fortemente. - Não faça isso Cade. O que quer que minha
vida tenha sido, neste momento está uma bagunça. Eu preciso achar as respostas.
- Nós vamos encontrar as respostas.Eu te prometo.Mas tem uma coisa que eu quero de você agora. - Ele puxou a cabeça dela pra trás.Ele esperava as lágrimas,
sabia que elas estariam aparecendo nos olhos dela e transformando-as em dourados profundos. - Diga que me ama, Bailey, ou me diga que não ama.
- Eu não posso.
- Apenas uma pergunta, - ele murmurou. - Você não precisa de um ontem para responder isso.
Não, ela não precisava de mais nada além de seu coração.
- Eu não posso dizer que não o amo, por que eu não posso mentir para você. - Ela balançou a cabeça, pressionou os dedos nos lábios dele antes que ele pudesse
falar. - Eu não vou dizer que amo, por que não seria justo. É uma resposta que vai ter que esperar até que eu saiba tudo.Até que eu conheça a mulher que vai responder.Dê-me
tempo.
Ele iria dar tempo, pensou quando a cabeça dela descansava no seu ombro novamente.Por que nada e ninguém iria tirar ela dele, independente do que eles descobrissem
sobre o passado dela.

Cade gostava de dizer que chegar a uma solução era uma questão de ir por passos.
Bailey ponderava quantos mais eram necessário para escalar. Ela sentia que tinha subido uma longa escada aquele dia, e quando chegou ao topo estava perdida
como sempre.
Não era inteiramente verdade, ela disse para si mesma enquanto se sentava na mesa da cozinha com um bloquinho e um lápis.Mesmo a urgência de fazer uma lista
com o que ela sabia indicava que ela era uma pessoa organizada, e uma que gostava de revisar as coisas em preto e branco.
Quem era Bailey?
Uma mulher que habitualmente levantava a mesma hora todo dia.Isso a tornava tediosa e previsível, ou responsável? Ela gostava de café preto e forte, ovos mexidos,
e sua carne bem passada. Com gostos comuns. Seu corpo estava em boas condições, não particularmente musculoso, e sem linhas de bronzeamento. Então, ela não era uma
fanática por corpo ou uma adoradora do sol. Talvez ela tivesse um trabalho que a mantivesse sem poder tomar sol.O quê significava, ela pensou com um pouco de humor,
ela não era uma lenhadora ou salva vidas.
Ela era destra, o cabelo loiro, e ela estava quase certa que a cor de seu cabelo era natural ou perto da cor com a qual ela tinha nascido.
Ela sabia grandes coisas sobre pedras preciosas, o quê poderia significar que era um hobby, uma carreira, ou alguma coisa que ela gostava de usar.Ela tinha
em suas posses um diamante que valia uma fortuna que ela poderia ter roubado, comprado...o que era muito improvável, ela pensou, ou ganhado em algum acidente de
sorte.
Ela tinha testemunhado um violento ataque, possivelmente um assassinato e fugido.
Por que esse fato fez suas temporas começarem a latejar de novo, ela pulou esse assunto.
Ela cantarolava música clássica no banho e gostava de assistir filmes clássicos na televisão.E ela não conseguia descobrir o quê isso dizia de sua personalidade
ou seu passado.Ela gostava de roupas bonitas, de bons materiais, e se afastava de cores fortes a não ser que fosse empurrada para essas.
Preocupava-a que ela fosse talvez vaidosa e frívola.
Mas ela tinha pelo menos duas amigas que partilhavam parte de sua vida. Grace e M.J., M.J. e Grace. Bailey escreveu os nomes no papel, várias vezes, esperando
que a simples repetição poderia fazer vir um flash.
Elas importavam para ela, podia sentir isso.Ela estava assustada por elas e não sabia porquê. Sua mente podia estar em branco, mas seu coração lhe dizia que
elas eram especiais para ela, próximas dela mais do que qualquer outra pessoa no mundo.
Mas ela tinha medo de confiar no seu coração.
Havia alguma coisa mais que ela sabia que Bailey não queria escrever, não queria rever em preto e branco.
Ela não tinha amante. Não havia ninguém com quem ela se importasse o suficiente, ou que se importava com ela, com intimidade.Talvez na vida que ela tinha deixado
havia sido julgadora, muito intolerante, muito absorvida consigo mesma, para aceitar um homem em sua cama.
Ou talvez ela fosse muito comum, muito chata, não desejável, para um homem aceitar ela na dele.Em qualquer caso, tinha um amante agora.
Por que o ato de fazer amor não pareceu estranho para ela, ou assustador, como pareceria para uma iniciante? Em vez disso, com Cade, tinha sido tão natural
quanto respirar.
Natural, excitante e perfeito.
Ele disse que a amava, mas como ela podia acreditar nisso? Ele sabia um pequeno pedaço dela, uma fração de um todo. Quando sua memória voltasse, podia descobrir
que ela era exatamente o tipo de mulher que ele não gostava.
Não, ela não iria segurá-lo no que ele havia dito para essa Bailey, até que ela conhecesse a mulher inteira.
E os sentimentos dela? Com uma meia risada, deixou o lápis de lado.Ela tinha sido dragada para ele instantaneamente, confiado nele completamente no momento
que tinha pego sua mão.E apaixonado-se por ele quando o vira parado naquela cozinha, quebrando ovos marrons em uma tigela branca.
Mas seu coração não podia ser confiável nesse caso, também.Quanto mais cedo eles encontrassem a verdade, mais perto estaria do momento em que eles se afastariam
e seguiriam em diferentes direções.
Por mais que ela quisesse, eles não poderiam ignorar a sacola de lona e seu conteúdo, esquecer que eles existiam e ficar por isso mesmo.
- Você esqueceu de algumas coisas.
Ela deu um pulo, virou a cabeça rapidamente, e olhou para o rosto dele. Quanto tempo, ela ponderou, ele tinha ficado atrás dela, lendo suas anotações por cima
de seu ombro, enquanto ela estava pensando nele?
- Eu pensei que poderia ajudar-me escrever tudo o quê sei.
- Sempre um bom plano. - Ele foi até a geladeira, pegou uma cerveja, pegou chá gelado para ela.
Ela aprumou-se. Ela sentindo-se boba e diferente, as mãos cruzadas no colo. Tinham sido eles mesmo que haviam rolados nus pela cama com o sol banhando o quarto?
Como tanta intimidade poderia ser lidada em uma cozinha por cima de bebidas geladas e quebra cabeças?
Ele não parecia ter problemas com isso. Cade sentou-se na frente dela, colocou os pés em uma cadeira vazia e pegou seu bloquinho.
- Você se preocupa demais.
- Eu faço isso.
- Claro. - Ele virou uma página, começou uma nova lista. - Você está se preocupando agora mesmo."O que eu deveria dizer a esse cara, agora que somos amantes?
Agora que eu sabe que ele está loucamente apaixonado por mim e quer passar o resto de sua vida comigo? "
- Cade...
- Apenas esclarecendo os fatos. - E se ele o fizesse vezes o suficiente, ele pensou que ela eventualmente os aceitaria. - O sexo foi maravilhoso, e foi fácil.
Então você se preocupa com isso também. Porque você deixou esse homem que você conhece apenas há um final de semana levá-la pra cama, quando você nunca deixou um
outro homem chegar perto? - Os olhos dele brilharam, fixou nos dela. - A resposta é elementar.Você está loucamente apaixonada por mim, mas tem medo de encarar isso.
Ela pegou o copo, esfriou a garganta.
- Eu sou uma covarde?
- Não, Bailey, você não é covarde, mas você está constantemente preocupada em ser. Você é a campeã em preocupações.E uma mulher, eu acho, q ue dá tão pouco
crédito a suas forças, e tem pouca tolerância com suas fraquezas. Julga a si mesma.
Ele escreveu isso, também, enquanto ela franzia o cenho para as palavras na folha.
- Para mim parece que alguém em minha situação tem que se julgar.
- Prática, lógica. - Ele continuou a coluna. - Agora deixe o julgamento para mim por um momento.Você é compassiva, responsável, organizada. E uma criatura
de hábitos. Eu diria que você tem alguma posição que precisa dessas coisas, como também bom intelecto. Seus hábitos de trabalho são precisos e disciplinados.Você
também tem um fino senso estético.
- Como você pode estar tão certo?
- Bailey, esquecendo quem você é não muda quem você é. Essa é sua grande falha em racionalizar aqui. Se você odiava couve de bruxelas antes, é provável que
você vá continuar odiando.Se você é alérgica a gatos, você vai continuar a espirrar se acariciar um gatinho. E se você tinha um forte moral e caridoso coração, isso
vai continuar dentro de você. Agora me deixe terminar isso aqui.
Ela torceu a cabeça, lutando para ler de ponta cabeça.
- O quê você está colocando aí?
- Que você é péssima com bebidas. Provavelmente uma coisa de metabolismo.E eu acho que neste ponto, nós podemos beber um pouco de vinho mais tarde, então eu
posso me aproveitar totalmente disso. - Ele sorriu para ela. - E você fica corada. É uma coisa doce. Você é asseada. Você pendura suas toalhas depois do banho, você
limpa seus pratos, faz sua cama toda manhã.
Havia um outro detalhe, ele pensou. Ela sacudia o pé quando estava nervosa, seus olhos ficavam dourados quando ela ficava excitada, sua voz ficava fria quando
estava brava.
- Você teve uma boa educação, provavelmente do norte, pela sua maneira de falar e o se sotaque. Eu diria que você se concentrou nos estudos como uma boa garota
e não namorou muito. Ou você não seria uma virgem até algumas horas atrás. E você está corada novamente. Eu realmente adoro quando isso acontece.
- Eu não vejo a razão disso.
- Aí está o frio, educado tom de voz. Vicia-me, - ele acrescentou enquanto tomava um gole de cerveja. - Você tem um corpo bem feito, pele macia. Ou você cuida
dos dois ou você é geneticamente sortuda. A propósito, eu gosto do seu unicórnio.
Ela limpou a garganta.
- Obrigada.
- Não, eu que agradeço, - ele disse, e riu. - De qualquer forma, você tem ou ganha o suficiente para comprar boas roupas. Esses sapatos italianos clássicos
que você estava usando custa uns duzentos e cinqüenta dólares em uma loja de departamentos. E você tem roupas de baixo de seda. Eu diria que calcinha de seda e o
unicórnio segue o mesmo padrão.Você gosta de ser um pouco audaciosa em baixo da cobertura tradicional.
Ela estava conseguindo fechar a boca que tinha pendido aberta.
- Você mexeu nas minhas roupas? Nas minhas calcinhas?
- O que tinha lá, e tudo em nome da investigação. Lindas calcinhas, - ele disse. - Muito sexy, simples e cara. Eu diria que seda barata não ficaria bem em
você.
Ela vez um som estrangulado, ficou em silêncio. Não havia nada a dizer.
- Eu não sei a renda anual de um perito em pedras preciosas ou joalheiro, mas eu aposto que você é um ou o outro. Estou inclinado para a vocação de pesquisadora,
e designer como uma distração.
- É um grande pulo, Cade.
- Não, não é. Apenas um outro passo. Os pedaços estão aí. Você não acha que um diamante como aquele que estivesse no seguro iria requerer os serviços de um
especialista? Se autentica teria que ser verificada e o valor assegurado. Do jeito que você verificou e assegurou ontem.
As mãos dela tremeram, então ela puxou-as de volta para o colo.
- Se isso é verdade, então isso aumenta as possibilidades de eu ter roubado-a.
- Não, não aumenta. - Impaciente com ela, largou o lápis com força em cima do bloquinho. - Olhe para os outros fatos.Por que você não consegue se enxergar?
Você não roubaria uma arma.O fato de você lutar com a culpa do pensamento de você ter feito algo ilegal não te dá uma dica?
- O fato é, Cade, que eu tenho a pedra.
- Sim, e não lhe ocorreu, nessa sua lógica e organizada mente, que você talvez pudesse estar protegendo-a?
- Protegendo-a? De...
- De quem quer que tenha matado para colocar as mãos nisso. De quem teria a matado se a encontrasse. Isso é o jogo, Bailey, isso é o quê se encaixa. E se existe
três pedras, você poderia muito bem saber onde elas estão. Você poderia estar protegendo as três.
- Como?
Ele tinha algumas idéias, mas não achava que ela estava pronta para escutá-las.
- Nós vamos trabalhar nisso. Nesse meio tempo, eu deu alguns telefonemas. Temos um dia cheio amanhã. A polícia artística vai vir aqui de manhã, ver se pode
ajudá-la a juntar as imagens. E eu arranjei de encontrar um dos curadores, ou sei lá o nome disso, do Smithsonian. Nós temos um encontro à uma hora amanhã.
- Você marcou um horário em um feriado?
- É quando a razão do nome Parris e sua fortuna vem a calhar.Alusão ao seu valor, e abrem-se várias portas enferrujadas.E vamos ver se aquela boutique abre
para os caçadores de liquidações de verão, e descobrir se alguém se lembra de ter vendido um traje verde.
- Não parece que estamos fazendo o suficiente.
- Querida, nós percorremos um longo caminho em curto período de tempo.
- Você está certo. - Ela se levantou, foi até a janela. Tinha um pássaro na árvore, cantando com o coração. - Eu não posso dizer o quanto estou agradecida.
- Eu vou cobrar pelos serviços profissionais, - ele disse rapidamente. - E eu não quero gratidão para o resto.
- Eu tenho que ser, independente de você aceitar ou não. Você fez esse trabalho de descoberta, mais do que isso. Eu não sei quantas vezes você me fez sorrir
ou rir ou apenas esquecer tudo por pequenos períodos. Acho que teria ficado louca sem você, Cade.
- Eu vou ficar aqui para você, Bailey. Você não vai ser capaz de me fazer desistir.
- Você está acostumado a ter o que você quer, - ela murmurou. - Eu me pergunto se eu estou. Não parece ser essa a verdade.
- Isso é algo que você pode mudar.
Ele estava certo.Era uma questão de paciência, perseverança, controle.E talvez querer as coisas certas.Ela o queria, queria pensar que um dia ela poderia ficar
parada ali, escutando o passarinho enquanto Cade balançava na rede. Poderia ser a casa deles ao invés da dele. Suas vidas. Sua família.
Era a coisa certa, e ela podia perseverar.
- Vou fazer uma promessa. - Ela seguiu o impulso e virou-se deixando o coração sem defesas. Ele era tudo o que ela precisava, sentado ali com seus jeans rasgado
no joelho, o cabelo longo demais, pés descalços. - Se, quando isso acabar, quando todos os passos foram dados, todas as peças estiverem unidas para fazer o todo...se
eu puder e você ainda me amar, eu caso com você.
O coração dele pulou no peito. Emoção apareceu e preencheu sua garganta. Muito cuidadosamente, ele largou a garrafa, levantou-se.
- Diga que me ama.
Estava ali, no seu coração, começou a falar. Mas balançou a cabeça.
- Quando tudo terminar, e você souber de tudo. Se você ainda me quiser.
- Esse não é o tipo de promessa que serve para mim. Sem qualificações, Bailey. Sem "quandos", sem "ses".Apenas você.
- Isso é tudo que eu posso lhe dar.É tudo o quê tenho.
- Nós podemos ir a Maryland na Terça-feira, conseguir uma licença. Casar em uma questão de dias.
"Ele podia ver. Os dois, apaixonados, fazendo que um Juiz de Paz sonolento levantasse da cama no meio da noite. De mãos dadas em uma sala enquanto um velho
cão amarelado dormia sobre o tapete e a mulher do Juiz tocando o piano enquanto ele a mulher que amava trocavam votos.
Ele deslizando o anel pelo dedo delicado, sentindo-a deslizar no dele, era o laço que iria uni-los."
- Não há exames de sangue em Maryland, - ele continuou. - Apenas alguns formulários, e pronto.
Ele falava sério. A espantava ver naqueles profundos olhos verdes que ele falava sério em cada palavra. Ele a queria exatamente do jeito que estava.Ele iria
amá-la enquanto ela ficava parada. Como ela poderia deixá-lo fazer isso?
- E qual nome você iria colocar no formulário?
- Não importa.Você terá o meu. - Ele agarrou os braços dela, puxou-a de encontro a ele. Em toda a sua vida, não tinha existido ninguém de quem ele necessitasse
tanto. - Pegue o meu.
Apenas pegue, ela pensou quando os lábios dele cobriram os dela. Pegue o que ele oferece, o amor, a segurança, a promessa. Deixe o passado vir como vir, deixe
o futuro fluir, e aproveite o momento.
- Você sabe que não seria certo. - Ela pressionou o rosto contra o dele. - Você precisa saber tanto quanto eu.
Talvez ele precisasse. De qualquer maneira a fantasia do apelo ao descaso, criando uma falsa identidade para Bailey, não era a resposta que nenhum dos dois
precisavam.
- Poderia ser divertido. - Ele brincou para aliviar o humor. - Como um ensaio para o de verdade. - Ele a puxou de volta para os braços e estudou seu rosto.
Delicado, confuso. Adorável. - Você quer flores de laranjeira, Bailey? Vestido branco e música de órgão?
Por que seu coração pulou com a imagem, ela forçou um sorriso.
- Acho que sim. Acho que sou uma alma tradicional.
- Então, eu preciso comprar para você um diamante tradicional.
- Cade...
- Apenas especulando, - ele murmurou, e levantou a mão esquerda dela. - Não, apesar de ter uma alma tradicional, seu gosto é único. Vamos encontrar alguma
coisa que sirva. Mas eu deveria provavelmente levá-la para conhecer a minha família. - Os olhos dele encontraram o dela, e ele riu. - Deus te ajude.
Apenas um jogo, ela pensou, apenas jogue.Ela sorriu de volta para ele.
- Eu adoraria conhecer a sua família.Ver Camilla fazer piruetas de tutu.
- Se você conseguir passar por isso e ainda quiser casar comigo, saberei que você está perdidamente apaixonada por mim. Eles vão colocá-la na berlinda, querida.
Uma muito sofisticada, feita de seda. Onde você estudou, o que seu pai faz, sua mãe joga cartas ou tênis? E a propósito, a quais clubes você pertence, e se eu corri
uma ladeira até você na última temporada no St.Mortiz?
Ao invés de fazê-la infeliz, isso a fez rir.
- Então é melhor eu encontrar as respostas.
- Eu gosto de inventar.Certa vez eu levei uma policial no aniversário de dez anos de casamento.Não consegui escapar. Nós falamos para todo mundo que ela era
a sobrinha de primeiro ministro Italiano, educada em um colégio interno na Suíça e que tinha interesses em adquirir terras aqui em D.C.
As sobrancelhas dela se arquearam.
- Oh, verdade?
- Eles todos quase babaram em cima dela. Nem perto da reação que teríamos com a verdade.
- Que era?
- Ela era uma policial novata que tinha crescido em um bairro Italiano de Nova York e que tinha sido transferida para Washington depois de um divórcio com
um cara que tinha um restaurante de massas na Broadway.
- Ela era bonita?
- Claro. - O sorriso apareceu. - Maravilhosa. Então teve a cantora desempregada em um Chevy Chase que...
- Eu não acho que queira saber. - Ela se afastou, pegou seu copo vazio e foi lavá-lo. - Você namorou um monte de mulheres, eu acredito.
- Isso depende da definição de "um monte".Eu poderia fazer uma lista de nomes, idades, descrição física e seus últimos endereços.Quer digitar pra mim?
- Não.
Deleitado, ele brincou com as costas do pescoço dela.
- Eu só pedi uma mulher para se casar comigo.
- Duas - ela corrigiu, e colocou, o agora brilhante copo, no balcão com estrondo.
- Uma. Eu não pedi Carla. Isso meio que evoluiu.E agora pelo que sei está feliz casada com um advogado de corporação e uma orgulhosa mãe de uma bebê chamada
Eugenia. Então quase não conta, de qualquer maneira.
Ela fez sua pergunta.
- Você não queria filhos?
- Sim, eu queria. Quero. - Ele a fez virar-se para ele, beijou-a gentilmente. - Mas não estávamos pensando em chamar nenhum filho de Eugenia. Agora, o que
você me diz de pensarmos em sair para jantar, algum lugar quieto, onde podemos namorar na mesa? Então poderemos ver os fogos de artifícios.
- Está muito cedo para jantar.
- Foi por isso que eu disse para pensarmos sobre isso. - Ele a pegou no colo. - Primeiro temos que subir e fazer amor de novo.
O pulso dela deu um prazeroso pulo enquanto ela colocava os braços ao redor do pescoço dele.
- Nós podemos?
- Já passou da hora.A não ser que você prefira brincar de se embebedar com gin e pinga.
Rindo, ela traçou uma linha de beijos no pescoço dele.
- Bem, se essas são minhas únicas escolhas...
- Vamos fazer o seguinte, vamos brincar de strip com bebidas.Nós dois podemos roubar e desse jeito...Inferno. - Ele já estava no meio das escadas, e gostosamente
excitado, quando a campainha tocou. - Guarde esse pensamento, tudo bem? - Ele colocou-a no chão, e foi atender.
Uma espiada pelo painel lateral de vidro embaçado da porta o fez gemer.
- Perfeito momento, como sempre. - Com uma mão na maçaneta, ele se virou e olhou para Bailey. - Querida, a mulher do outro lado da porta é minha mãe.Eu sei
que você manifestou um pequeno interesse de conhecer a minha família, mas eu estou te dando uma chance, por que te amo. De verdade. Então aconselho que corra e se
esconda e não olhe para trás.
Nervosa e com o sangue fervilhando endireitou os ombros.
- Pare de ser bobo e abra a porta.
- OK, mas eu avisei. - Tomando coragem, ele abriu a porta e forçou um sorriso brilhante de boas vindas no rosto. - Mãe. - Como era esperado, ele beijou a suave
e lustrosa bochecha. - Que surpresa boa.
- Eu não teria que surpreende-lo se tivesse devolvido meus telefonemas. - Leona Parris pisou no vestíbulo.
Ela era, Bailey percebeu. numa primeira olhada pasma, uma mulher memorável. Sobretudo para uma mulher com três filhos crescidos e alguns netos, ela tinha que
ter pelo menos cinqüenta anos. Ela passava facilmente por trinta e cinco.
O cabelo era de um castanho brilhante com luzes douradas e cortado em um perfeito e elegante penteado francês que envolvia uma face lisa, possuía gelados olhos
verdes, um nariz reto e lábios cheios. Usava um elegante conjunto na cor bronze feito por encomenda que delineava sua cintura estreita.
As pedras topázio em suas orelhas, eram de corte quadrado e tão grandes quanto o dedão da mulher, e mereceu imediata admiração de Bailey.
- Estive ocupado - Cade começou. - Alguns casos e algumas coisas pessoais.
- Eu certamente não quero ouvir sobre os seus casos, ou como você os chama. - Leona deixou a bolsa de couro no aparador do vestíbulo. - E qualquer que seja
seus assuntos pessoais, não é desculpa para negligenciar seus deveres familiares. Você me colocou em uma posição muito difícil com Pamela. Eu tive que dar suas patéticas
desculpas.
- Você não teria que dar desculpas se não tivesse armado tudo isso em primeiro lugar. - Podia sentir os velhos argumentos borbulhando dentro dele, e lutou
para não cair nessas armadilhas tão familiares. - Sinto muito por ter colocada você nessa difícil situação. Aceita café?
- O que eu quero, Cade, é uma explicação. Na festinha da escola de Muffy, a qual também não compareceu, Ronald me contou uma história fantasiosa sobre você
estar noivo de uma mulher que eu nunca ouvi falar, com uma ligação com a Princesa de Wales.
- Bailey. - Por que ele tinha quase esquecido dela, Cade se virou, ofereceu um sorriso de desculpas e esticou uma mão. - Bailey, venha conhecer minha mãe.
Oh, bom Deus, foi tudo o quê veio na mente de Bailey enquanto descia as escadas.
- Leona Parris, conheça Bailey, minha noiva.
- Sra.Parris - A voz de Bailey tremeu um pouco quando ofereceu a mão. - Como é bom conhecê-la. Cade me falou muito sobre a senhora.
- Verdade? - Atraente, certamente, Leona pensou. Bem arrumada, com um pouco de classe. - Receio que ele não tenha falado nada sobre você. Acredito ter escutado
seu nome todo.
- Bailey só está no país há alguns meses. - Cade intrometeu-se, em tom alegre e exuberante. - Eu a estive mantendo só para mim. - deslizou um braço pelos ombros
de Bailey apertando-a possessivamente. - Tivemos um namoro relâmpago, não é querida?
- Sim, - Bailey disse fracamente. - Um relâmpago. Pode se dizer que foi isso.
- E você é uma designer de jóias. - Lindos anéis, Leona notou. Únicos e atraentes. - Uma prima distante da Princesa de Wales.
- Bailey não gosta de títulos - Cade disse rapidamente. - Querida talvez você devesse fazer aqueles telefonemas. Lembre-se do fuso horário de Londres
- Onde vocês se conheceram? - Leona exigiu.
Bailey abriu a boca, tentando lembrar se eles tinham dito algo para Ronald.
- Na verdade...
- No Smithsonian - Cade disse suavemente. - Na frente da Diamont Hope. Eu estava investigando um caso, e Bailey estava estudando designs. Ela parecia tão intensa
e artística. Conversamos uns vinte minutos e eu a segui, lembra como ameaçou chamar o segurança, querida? Mas finalmente a encantei o suficiente para que aceitasse
tomar um café comigo. E falando em café...
- Isso é ridículo, - Bailey disse, interrompendo-o - Absolutamente ridículo. Cade, essa é sua mãe, eu eu não vou fazer isso. - Ela olhou Leona diretamente.
- Nós não nos conhecemos no Smithsonian e a Princesa de Wales não é minha prima. Pelo menos eu duvido seriamente disso. Eu conheci Cade na Sexta-feira de manhã,
quando eu fui ao escritório dele e o contratei. Precisava de um investigador particular por que eu tenho amnésia, um diamante azul e mais de um milhão de dólares
em dinheiro.
Leona esperou dez segundos enquanto batia o pé. Então seus lábios estreitaram-se.
- Bem, eu posso ver que nenhum de vocês pretende me contar uma simples verdade. Como preferem inventar absurdas histórias, posso presumir que vocês foram feitos
um para o outro.
Ela pegou a bolsa e marchou para a porta com ultrajante dignidade em cada passo.
Enquanto Bailey simplesmente ficava parada, Cade ria como um bobo para a porta que a mãe tinha fechado com uma batida.
- Não entendo. Eu falei a verdade.
- E agora entendo o que querem dizer com "a verdade vai te libertar". - soltou uma gostosa gargalhada, esmagou-a em seus braços. - Ela ficou tão brava que
agora vai me deixar em paz por uma semana. Talvez duas. - Ele deu um entusiástico beijo em Bailey enquanto subia as escadas. - Sou louco por você. Quem iria imaginar
que contando a história verdadeira iria mandá-la embora.
Ainda rindo, a carregou para o quarto e jogou-se com ela na cama.
- Nós temos que comemorar.Eu tenho champagne gelado.Vou te embebedar de novo.
Puxando o cabelo que estava no rosto, ela sentou-se.
- Cade, ela é sua mãe. Isso é vergonhoso.
- Não, é sobrevivência. - Ele se inclinou e lhe deu um beijo barulhento desta vez. - E querida, nós dois somos ovelhas negras agora. Eu não tenho palavras
para expressar como isso vai ser divertido.
- Eu não acho que quero ser uma ovelha negra, - Ela falou quando ele se afastou um pouco.
- Tarde demais. - A risada dele ecoou dentro dela.

Capítulo 9
Eles saíram para jantar. Mas concordaram por hambúrgueres grelhados e batatas fritas em um feira na área rural de Maryland. Ele tinha pensado em um pequeno
e romântico restaurante, então depois uma luta para ultrapassar a multidão e ver a queima de fogos de artifício.
Então a inspiração surgiu. Rodas gigantes e barraquinhas lotadas. Música ao vivo, luzes ofuscantes, as luzes dos fogos perto do campo.
Era, ele pensou, o perfeito primeiro encontro.
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Quando contou exatamente isso para ela, enquanto Bailey se agarrava, com o grito preso na garganta, no carro rápido, ela riu, fechou os olhos e rezou pela vida.
Ele queria andar em tudo e a empurrava por filas e filas, como qualquer criança que puxava a mão de um pai indulgente. Ela estava tonta, trêmula, rodopiava
até que sua cabeça revolvia-se e seu estômago flutuava. Então ele levantou seu rosto para inspeção, declarou que desde que ela não ficasse verde poderiam continuar.
E eles continuaram.
- Agora você precisa de um prêmio, - ele decidiu quando ela encarou o "Polvo Maluco".
- Nada de algodão doce.Estou começando a conhecê-lo.
- Estava pensando em um elefante. - Cade passou o braço em torno de sua cintura e caminhou para a barraquinha de tiro. - Aquele grande e roxo ali em cima.
Era grande, com a tromba levantada e as unhas pintadas e rosa pink. Um elefante. "Memória de elefante" fez aparecer um sorriso grande e brilhante em seu rosto.
- Oh, é maravilhoso. - Ela sorriu, batendo os cílios para Cade. - Eu quero.
- Então é meu trabalho consegui-lo. Apenas se afaste, pequena dama. - Ele pagou e escolheu a arma. Caras de coelhos e patos passavam, com ocasionais lobos
ou ursos escolhendo momentos estranhos para assustar. Cade preparou a arma e atirou.
Bailey sorriu, então aplaudiu, contou as cabeças que ele tinha derrubado.
- Você não errou nenhum. - Ela falou. - Nenhum.
Os olhos dela que brilhavam de admiração, o fez sentir-se um adolescente se mostrando para a rainha do baile.
- Ela quer o elefante - falou para o atendente, então riu quando ela se jogou me seus braços dele.
- Obrigada. Você é maravilhoso. Você é incrível.
Desde que cada afirmação era pontuada por beijos, pensou que talvez ela gostasse de um cachorro marrom de orelhas caídas também.
- Quer outro?
- Cara, você está acabando comigo aqui, - o atendente murmurou, então suspirou quando Cade tirou mais dinheiro.
- Quer tentar? - Cade ofereceu o rifle para Bailey.
- Talvez. - Ela mordeu o lábio enquanto estudava as presas. Parecia simples quando Cade tinha feito. - Tudo bem.
- Apenas olhe através do pequeno V no final da arma, - ele começou, indo até as suas costas para ajudá-la na mira.
- Eu estou vendo. - Ela prendeu o fôlego e puxou o gatilho.O pequeno estouro a fez pular, mas os patos continuaram a nadar e os coelhos continuaram a pular.
- Eu errei?
- Apenas por alguns metros. - E ele tinha certeza que aquela mulher nunca segurara uma arma na vida. - Tente de novo.
Ela tentou de novo e de novo. Quando ela conseguiu arrancar algumas penas do pato e arranhar um pouco do pelo de um dos coelhos, Cade já tinha colocado uns
vinte dólares na mãos agradecidas do atendente.
- Parecia tão fácil quando você fez.
- Está tudo bem, querida, você está pegando o jeito.O que ela ganhou?
O atendente pegou em seus mais baixos prêmios, geralmente reservados para crianças abaixo de doze anos, e voltou-se com um patinho de plástico.
- Eu aceito. - Deleitada, ela o colocou no bolso da calça. - Meu primeiro troféu.
De mãos dadas eles caminharam, enquanto escutavam os gritos, a música distante de um conjunto de blues, os brinquedos. Ela adorava as luzes, o carnaval de cores,
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brilhantes como jóias na noite. E os cheiros de fritura, doces e molhos apimentados.
Parecia tão fácil, como se não existissem problemas no mundo, apenas música e gargalhadas.
- Não sei se já estive em uma festa assim antes, - contou para ele. - Mas se estive, essa foi a melhor.
- Eu ainda devo a você um jantar à luz de velas.
Ela virou a cabeça para encará-lo.
- Eu quero outra volta na roda gigante.
- Tem certeza que agüenta?
- Eu quero ir de novo. Com você.
Ela ficou na fila, flertou com uma criança que mantinha a cabeça apoiada no ombro do pai e a fitava com enormes olhos azuis. Ela ponderava se era boa com crianças,
se tinha tido a chance para ser.E, deitando a cabeça no ombro de Cade, sonhou um pouco.
Se aquela fosse uma noite normal em vidas normais, poderiam ficar assim juntos.A mão dele ia ficar na dela, daquele jeito mesmo, e eles não teriam preocupações
no mundo. Ela não teria medo de nada. Sua vida seria cheia e reluzente como um carnaval.
O quê havia de errado em fingir que era, e poderia ser, apenas por uma noite?
Subiu no carrinho com ele, apertada junto dele. E subiu ao céu. Em baixo, pessoas amontoadas no chão. Adolescentes namoravam, casais idosos, crianças corriam...Os
cheiros de rosas no vento, uma evocativa mistura que ela poderia respirar para sempre.
A descida era rápida e excitante, fazendo seu cabelo voar e seu estômago revirar.Levantando a cabeça, fechou os olhos e preparou-se para o balanço da subida.
Claro, ele a beijou. Ela queria isso também, aquele doce, inocente encontro de lábios enquanto circulavam a alta grama de verão, com as luzes ao redor deles
como um arco-íris.
Eles giravam enquanto os fogos de artifício iluminavam o escuro céu.
- É lindo. - Ela deitou a cabeça no ombro dele. - Como jóias jogadas no mar.Esmeraldas, rubis, safiras.
As cores explodiram lá em cima, encontrando-se e caindo. Lá embaixo as pessoas aplaudiam e assobiavam, enchendo o ar de barulho. Em algum lugar um bebê chorou.
- Ele está assustado, - ela murmurou. - Parece o som de tiros ou trovões.
- Meu pai tinha um cachorro que se escondia-se embaixo da cama todo Quatro de Julho. - Cade brincou com os dedos dela, enquanto ela assistia o show. - Tremia
por horas quando os fogos começavam.
- É tão alto, assustador se você não sabe o quê é. - Uma luz dourada brilhava como diamantes e eruptavam quando o carrinho parou. Seu coração começou a bater
forte .Era o barulho, apenas isso. O barulho, e o jeito que o carrinho foi jogado para frente para os passageiros descerem.
- Bailey? - Ele a trouxe para mais perto, observando seu rosto .Ela estava tremendo agora, rosto pálido, olhos escuros.
- Estou bem.Só um pouco tonta.
- Nós já vamos sair.Só mais uns carrinhos.
- Estou bem. - Mas as luzes continuavam no céu. E a imagem foi parar em sua cabeça como um trovão.
- Ele as largou. - Ela sussurrou. Não via as luzes agora, os diamantes no céu. A memória a cegou para tudo o mais. - Jogou-as para tentar alcançar a faca.
Eu não poderia gritar. Não poderia gritar. Não podia me mexer. Apenas a luz da mesa. Apenas essa luz fraca. Eram como sombras, e elas gritavam, mas eu não podia.
Então o raio apareceu. Era tão claro, apenas um instante, tão claro que a sala se iluminou com ele.E ele..Oh, Deus, a garganta dele.Ele dilacerou a garganta dele.
- Ela enterrou o rosto no ombro de Cade. - Eu não quero ver isso.Eu não suporto ver isso.
- Deixe ir. Apenas segure-se em mim e deixe ir.Estamos saindo agora. - Ele a tirou do carrinho, carregou-a pela grama. Ela estava tremendo com o ar que tinha
esfriado, e ele podia ouvir os soluços dela. - Isso não pode machucá-la agora, Bailey. Você não está sozinha agora.
Ele fez o caminho pelo campo onde tinham estacionado, amaldiçoou cada momento que um barulho de pólvora a fazia tremer. Ela se encolheu no assento, balançando-se
para procurar conforto enquanto ele rodeava o carro e sentava atrás do volante.
- Chore - ele falou e girou a chave. - Grite se quiser.Apenas não deixe isso consumi-la assim.
Por que ele não a fez se sentir envergonhada, chorou um pouco, então descansou sua confusa cabeça contra o assento enquanto Cade dirigia pela cidade.
- Eu continuo vendo jóias, - ela disse. Sua voz era rouca, mas dura. - Lindas pedras. Várias delas. Lápis e opalas, malaquitas e topázios.Tudo em diferentes
formatos, lapidadas e brutas. Eu posso escolher qualquer uma. Eu sei o que elas são, como elas ficam em minha mão. Há um longo pedaço de chalcedony, suave ao toque
e de bom formato. Fica em uma mesa como peso de papel. E um adorável quartzo com bordas douradas que parece uma estrela.Eu posso vê-los. São tão familiares.
- Elas a deixam feliz, confortável.
- Sim, acho que o fazem. Quando penso nelas, quando elas entram em minha mente, é agradável. São elegantes. Há um elefante. - Ela abraçou o bicho de pelúcia
em busca de conforto. - Mas não como esse! Pedra sabão, cravejado de brilhantes e com límpidos olhos azuis. É tão real e bobo.
Ela parou por um momento, tentou pensar apesar da dor de cabeça que latejava em sua tempora.
- Há outras pedras, várias outras pedras, mas elas não me pertencem.
Mesmo assim era calmante. Não se assustava ao pensar nelas. Até mesmo o diamante azul. Era uma coisa tão bonita. Um milagre da natureza. Era impressionante
na realidade, apenas os elementos certos, os minerais certos, a pressão certa e quantidade certa de tempo podiam juntos criar algo assim especial.
- Eles estavam discutindo. Sobre isso - ela continuou, apertando os olhos para tentar trazer a cena de volta. - Posso escutá-los, e eu estou brava e me sentindo
injustiçada. Eu quase posso me ver marchando pela sala enquanto eles discutem. Estou furiosa e satisfeita. É uma estranha combinação de sentimentos. Estou com medo
também. Eu fiz algo...Não sei.
Ela se fixou nisso, endurecendo as mãos.
- Algo impetuoso ou impulsivo, ou até mesmo tolo. Vou para a porta. Está aberta, e suas vozes ecoam do lado de fora. Vou para a porta, estou tremendo por dentro.
Não é tudo medo, eu não acho que é apenas medo. Um pouco disso é temperamento.Eu fecho minha mão sobre a pedra. Está no meu bolso, e me sinto melhor segurando-a.
A sacola de lona está lá, ao lado da porta. Está aberta e posso ver o dinheiro lá dentro. Eu a pego enquanto eles gritam entre si.
As luzes de quando eles saíram do subúrbio para entrar na cidade a fez lacrimejar. Fechou novamente os olhos.
- Eles não sabem que eu estou ali.Estão tão concentrados em si mesmos, que não me notam.Então eu vi a faca na mão dele, a lâmina curva e brilhante.
"E o outro homem estendeu as mãos para agarrá-lo.Eles lutaram por ela, e agora eles estavam fora do alcance das luzes, lutando. Mas eu vi sangue, e uma das
sombras moveu-se. Um continuou parado. O outro não parou. Apenas não parava. Eu estava paralisada ali, agarrada a sacola, assistindo. As luzes apagaram, tudo de
uma vez, e ficou completamente escuro. Então os raios começaram, enchendo o céu. Subitamente claro. Quando ele esfaqueou novamente, em sua garganta, ele me viu.
Ele me viu e eu corri."
- OK, tente relaxar. - O tráfego estava de matar, pensou impaciente. Não podia pegar a mão dela, puxou-a para mais perto, confortando-a. - Não force agora,
Bailey. Vamos lidar com isso em casa.
- Cade, eles são a mesma pessoa, - ela murmurou, e soltou um som entre um gemido e uma risada. - Eles são iguais.
Ele amaldiçoou as ruas cheias, procurando por uma vaga ou estacionamento vago.
- O mesmo o quê?
- Eles. São a mesma pessoa. Mas não pode ser. Eu sei que não pode ser, por que um está morto e o outro não.Eu receio que esteja ficando louca.
Simbolismos de novo, ele ponderava, ou verdade?
-Como assim eles são o mesmo?
- Eles têm o mesmo rosto.

Ela carregou o elefante para dentro da casa, agarrando-se a ele como se fosse um elo para a realidade. Sentia a mente embaçada, presa entre sonhos, com uma
dor de cabeça espreitando, esperando para se pronunciar.
- Quero que você se deite.Vou fazer um pouco de chá.
- Não, eu faço.Vou me sentir melhor fazendo alguma coisa. Qualquer coisa. Sinto muito. Foi uma noite tão maravilhosa. - Na cozinha, ela colocou o sorridente
elefante na mesa. - Até agora.
- Foi uma noite maravilhosa. E o que quer que faça juntar mais pedaços no lugar, vale a pena. Isso a machuca. - Ele a pegou pelos ombros. - E eu sinto muito,
mas você tem que enfrentar o resto disso para chegar no lugar que queremos.
- Eu sei. - levantou uma mão para encontrar com a dele e apertou-a brevemente, então se virou para colocar a chaleira no fogão.
- Eu não vou desmoronar, Cade, mas receio que não fique estável. - Pressionando os dedos contra os olhos, ela riu. - Afirmação engraçada de uma mulher que
não consegue lembrar o próprio nome.
- Você está lembrando cada vez mais, Bailey. E você é a mulher mais estável que eu já conheci.
- Então estou preocupada com você, e suas escolhas de mulheres.
Ela arrumou as xícaras precisamente em seus pires, concentrada na simples tarefa. Saquinhos de chá, colheres, açucareiro.
Na árvore, um pássaro tinha dado a vez para outro e o som era como prata líquida. Ela pensou em madressilva, em um cercado, perfumando o ar da noite enquanto
o pássaro da noite chamava por seu par. E uma garotinha chorando embaixo de uma árvore.
Ela balançou a cabeça.Uma lembrança da infância, talvez, agridoce. Ponderou se essas imagens do passado viriam mais rápido agora. Estava com medo.
- Você tem perguntas. - Ela colocou o chá na mesa, ficou olhando para ele. - Você não vai perguntá-las com medo de que eu desmonte. Mas eu não vou. Gostaria
que você perguntasse, Cade. Fica mais fácil quando você pergunta.
- Vamos nos sentar. - Ele puxou uma cadeira para ela, e ficou um tempo colocando açúcar no chá. - A sala tinha carpete cinza, uma janela, uma mesa perto da
porta.Tem um abajur de mesa. Como a mesa se parece?
- É uma mesa de biblioteca saintwood, GeorgeIII. - Ela colocou a xícara no pires. - Oh, isso foi esperto.Eu não esperava que você perguntasse da mesa, então
eu não pensei, e estava bem ali.
- Concentre-se na mesa, Bailey. Descreva-a para mim.
- É uma bela peça. O tampo é de linhas cruzadas, de pau-rosa cravado e madeiras de linhas. Nas laterais ela angulada até chegar ao rodapé. Em um lado tem uma
longa gaveta com painel falso. É um arquivo. Bem ardiloso. - Os puxadores são de bronze, e são bem polidos. - Perplexa, ela encarou o chá. - Agora eu pareço uma
contrabandista de antiguidades.
Não, ele pensou, apenas uma pessoa que adora coisas bonitas. E conhece aquela mesa muito bem.
- O quê tinha na mesa?
- Uma luminária. É de bronze, com uma vidro verde e um antigo puxador.E há papéis, uma pilha de papéis alinhada no canto da mesa.Um mata-borrão de couro no
centro, e uma briefke está lá.
- Um o quê?
- Um briefke, uma pequena caneca de papel para carregar pedras solitárias. São esmeraldas verde grama, de vários cortes e quilates. Há uma lupa de análise
e uma pequena escala de latão. Um copo, Baccarat cristal, com gelo derretendo no uísque.E...e a faca... - A respiração dela se tornou difícil, mas se forçou a respirar.
- A faca está lá, cabo de osso, lâmina curva. É antiga e bonita.
- Tinha alguém na mesa?
- Não, a cadeira estava vazia. - Era mais fácil olhar além da faca, olhar outra coisa. - É uma escura e cinzenta cadeira de couro. As costas estão para a janela.
Há uma tempestade. - A voz dela ficou aguda. - Tem uma tempestade. Raios, chuva caindo. Estão gritando sobre os trovões.
- Onde eles estão?
- Na frente da mesa, encarando-se.
Ele colocou a xícara de lado para poder pegar a mão dela.
- O que eles estão dizendo, Bailey?
- Eu não sei.Alguma coisa sobre um depósito. Pegue o depósito, deixe o país. É uma má idéia. Muito perigoso .Ele já sabe. - Ela podia ouvir as vozes.A s palavras
saíam da estática do som, frases rudes e zangadas.
"Filho da puta.Você quer o acordo com ele, vá em frente .Eu estou fora.
Nós dois.Juntos. Sem dar pra trás .Pegue as pedras, lide com ele.
Bailey suspeita. Não é tão estúpida quanto você pensa.
Você não vai sair com o dinheiro e me deixar enfrentando o vento."
- Ele o empurra. Eles estão lutando, empurrando-se, batendo, socando. Me assusta o quanto eles se odeiam. Eu não sei como podem se odiar tanto, por que eles
são o mesmo.
Ele não queria deixá-la ir para o quê aconteceria depois. Tinha a cena agora, os passos.
- Como assim eles são os mesmo?
- O mesmo rosto. Mesmos olhos, olhos escuros, cabelos escuros.Tudo. Imagens no espelho. Até a voz, o mesmo tom .Eles são o mesmo homem, Cade. Como eles podem
ser o mesmo homem, a não ser que não tenha acontecido desse jeito, e eu não perdi apenas a memória, mas também minha sanidade!
- Você não está olhando para o óbvio, Bailey. O elementar e óbvio. - O sorriso dele apareceu, olhos brilhando. - Gêmeos.
- Gêmeos? Irmãos? - Tudo nela, cada parte de seu ser, repelia isso.Ela podia apenas balançar a cabeça, e continuou a balançar até que o movimento fosse frenético.
- Não, não, não, - Ela não podia aceitar.Não iria. - Não é isso. Não pode ser isso.
Ela empurrou a cadeira abruptamente, a cadeira raspou rudemente na cerâmica.
- Eu não sei o quê vi. - Desesperada agora para bloquear a imagem agarrou a xícara, derrubando chá na mesa antes de levá-la para a pia e jogar o resto fora.
- Estava escuro. Eu não sei o quê vi.
Ela não queria era saber o que vira, Cade concluiu. Não estava pronta para lembrar. E ele não queria arriscar tudo que conseguira, então esperaria até que se
recuperasse.
- Coloque isso de lado agora. Foi um dia difícil, você precisa descansar.
- Sim. - A mente dela gritava por paz, por alívio. Mas estava com medo de dormir, e os sonhos que poderiam voltar. Ela se virou, pressionou-se contra ele.
- Faça amor comigo. Eu não quero pensar.Só quero que você me ame.
- Eu também quero. - Cade encontrou a boca desejosa dela. - Eu vou.
Ele a levou da cozinha, parando pelo caminho para beijos, toques. Na base da escada, ele desabotoou sua blusa, passou as mãos pelas costelas até os seios.
Em um suspiro entrecortado, ela colocou as mãos no cabelo dele e puxou a boca masculina para a sua.
Ele queria ser gentil, terno. Mas os lábios dela estavam loucos e desesperados. Entendia que isso era o que ela precisava. E deixou-se levar.
Ele arrancou o sutiã, viu o choque e excitamento nos olhos dela.
Quando suas mãos a tocaram, dessa vez eram gananciosas e rudes.
- Tem muita coisa que ainda não mostrei a você. - procurou a delicada curva entre o pescoço e os ombros. Mordeu. Muita coisa que ninguém tinha mostrado, ele
pensou com uma louca alegria luxuriosa. - Você pode não estar pronta.
- Me mostre. - A cabeça dela caiu para trás, e seu pulso estava disparado como um cavalo selvagem em meio as pradarias. E o medo era libertador. - Eu quero
você.
Ele puxou a calça dela pelos quadris, e colocou os dedos em seu interior.As unhas cravaram-se em seus ombros enquanto ele acariciava aquele incrível cume.
O choramingo em sua garganta tornou-se um choro que era tanto medo quanto alegria.
A respiração dele saia como um silvo enquanto ele a via voar, voar para longe. O choque em seus olhos o fez estremecer tomado por um desejo obscuro. Ela estava
indefesa agora, se ele a quisesse indefesa. E ele queria.
Tirou as roupas que faltavam, as mãos rápidas e seguras. Quando ela estava nua e trêmula, os lábios dele curvaram. Esfregou os polegares nos mamilos de seus
seios até que ela fechasse os olhos.
- Você me pertence. - A voz dele estava densa, rouca, persuasiva. - Eu preciso ouvir você dizendo. Por agora, você me pertence.
- Sim. - Ela teria dito qualquer coisa. Ofereceria a alma se ele pedisse .Não havia preguiça agora, mas um mar de sensações. E queria se afogar nele. - Mais.
Ele deu mais. A boca correu pelo seu corpo, então parou gananciosamente na junção do calor.
Ela oscilou, tremeu, explodiu. Cores explodiram em sua cabeça, um carnaval de cores e jóias, estrelas e arco-íris. As costas dela encostaram no corrimão, e
suas mãos o agarraram para manter o equilíbrio enquanto seu mundo girava como um carrossel desgovernado.
Então o prazer, que beirava a dor. Neste momento, entre a glória e a devastação, seu corpo simplesmente despedaçou-se.
Ele a puxou para seus braços, maldosamente encantado por ela estar tão flexível. Deixando suas roupas onde haviam caído, pegando-a nos braços subiu os degraus.
Sua cama desta vez, ele pensou com descaso, a luxuria se acalmaria nela.
Se jogou na cama junto com ela e deixou o fogo dentro dele avançar.

Era impensável. Glorioso. As mãos dele, a boca, destruíam-na, reconstruíam-na.
O suor molhava sua pele deixando-a escorregadia. E quando ele tirou suas próprias roupas, jogando-as de lado, o corpo feminino arqueou, se arremetendo contra
ele, pedindo por mais, movendo-se ansiosa contra cada nova investida.
Quando puxou-a para que ficasse de joelhos, ela se agarrou nele ansiosamente, jogando o corpo para trás quando ele baixou a cabeça mais uma vez para sugar seus
seios.E quando sua cabeça tocou o colchão, seu corpo arqueado, ele enterrou-se profundamente dentro dela. O gemido que saiu de seus lábios era baixo e vinha de longe,
um som impensado enquanto ele agarrava seus quadris, para mantê-lo firme.
Com seu próprio coração gritando dentro do peito, ele levou ambos rude e rapidamente. Sem pensar, nada mais do que o calor e uma frenética união.
A luz da lua iluminava o rosto de Bailey, fazia seus cabelos brilharem e a pele nua reluzir.
Mesmo quando sua visão turvou, ele fixou a imagem dela em sua mente.
Prendeu-a lá, quando o prazer chegou ao pico e esvaziou-se dentro dela.

Esperou até ter certeza que ela tinha adormecido. Por um momento, simplesmente ficou olhando-a, encantado pelo quê tinham feito um para o outro. Nenhuma mulher
que tocara antes, ou que o tocara, havia alcançado tão profundamente seu interior e segurado seu coração daquele modo.
Ele tinha exigido que ela dissesse que pertencia a ele. Não era menos verdade que ele pertencia a ela. O milagre o tinha atingido.
Encostou os lábios em sua têmpora. Quando a deixou, estava deitada de bruços, um braço descansando onde ele tinha estado deitado. Esperava que a exaustão tranqüilizasse
seus sonhos. Deixou a porta aberta para que pudesse escutar se ela chorasse durante o sono, ou chamasse por ele.
Preparou o café e foi para a biblioteca.
Deu uma olhada feia para seu computador antes de usá-lo.O relógio no canto indicava meia-noite, e ele demorou cerca de meia hora para pegar o ritmo.
Demorou duas vezes mais tempo do que um hacker de dez anos para que a informação que ele procurava pulasse na tela.
Experts em pedras preciosas. A grande área metropolitana.
Ele pesquisou, deixando seus sensores alertas com cafeína, esperando o momento de colocar a impressora para funcionar.
Boone e Filho.
Consultores de Diamantes Kleigmore.
Criações de Jóias Landis.
Seu computador providenciou informações mais detalhadas que a lista telefônica. Daquele vez abençoou a tecnologia. Ele escaneava nomes, datas, então continuou
a pesquisar.
Salvani.
Salvani. Seus olhos estreitaram-se enquanto analisava o memorando. Avaliadores e especialistas em pedras.
Patrimônio em jóias e antigüidades com especialistas. Estabelecidos em 1952 por Charles Salvini, agora falecido.
Cerficada e com vínculos. Consultores para museus e colecionadores particulares.
Design personalizados, reparos e remontagens. Todo o trabalho feito a mão.
Um endereço de Chevy Chase, ele pensou. O local era perto o suficiente. A firma era respeitada, tinha recebido um triplo A na categoria. Os donos eram Thomas
e Timothy Salvani.
T.S. ele pensou com um rápido jorro de excitamento.
Irmãos. Bingo.

Capítulo 10
- Vá no seu ritmo.
Bailey inspirou profundamente e lutou para ficar calma e precisa como Cade queria.
- Seu nariz é mais pronunciado que esse. Eu acho.
A policial desenhista chamava-se Sara, e era jovem e paciente. Habilidosa, Bailey não tinha dúvida, ou Cade não a teria chamado. Sentou-se na mesa da cozinha
com papéis e lápis, uma xícara de café fumegante próximo de seu cotovelo.
- Algo assim? - Com alguns ajustes, Sara aumentou o nariz.
- Sim, eu acho que sim. Seus olhos são maiores, mais repuxados.
- Formato de amêndoa? - Sara apagou com a borracha do lápis, ajustando tamanho e formato.
- Eu acho que sim.É difícil ver tudo na minha cabeça.
- Só me de impressões. - O sorriso de Sara era fácil e relaxado. - Vamos partir daí.
- Parece que a boca é larga, mais leve que o resto do rosto. Todo o resto é anguloso.
- Que rosto, - Cade comentou, olhando para o desenho. - Interessante. Sexy.
Enquanto Bailey continuava com as instruções, ele estudava a imagem.Face angulosa, cabelo curto, franja espetada, com escuras e dramáticas sobrancelhas arqueadas
aparecendo sob a franja. Exótica e forte, decidiu, e tentou colocar personalidade as feições.
- Está bem próximo do que eu lembro. - Bailey pegou o desenho que Sara estendeu. Ela conhecia aquele rosto, pensou, e olhando para ele trouxe de volta a urgência
de chorar e sorrir.
M.J. Quem era M.J., e o que elas compartilhavam?
- Você quer dar uma pausa? - Cade perguntou e abaixou as mãos para os ombros de Bailey para afastar a tensão.
- Não, eu gostaria de continuar.Se você não se importar, - ela disse para Sara.
- Hey, eu posso fazer isso o dia todo. Desde que você continue trazendo café. - Ela devolveu a xícara vazia a Cade, com um rápido sorriso que disse a Bailey
que eles se conheciam bem.
- Você...Ah, é um interessante trabalho, - Bailey começou.
Sara arqueou as costas tentando relaxar os músculos. Sua roupa era simples e casual, calça larga e blusa branca, a combinação mostrava-se sexy.
- É um modo de viver, - falou para Bailey. - Computadores, devagarinho, estão me colocando para fora do negócio. É incrível o que eles podem fazer com imagens.Mas
muitos policiais e investigadores ainda preferem os desenhos. - Ela ficou aliviada quando Cade entregou a xícara de volta. - Parris aqui, fará quase qualquer coisa
para evitar um computador.
- Hey, eu estou pegando o jeito com ele.
Sara desdenhou.
- Quando você pegar o jeito, eu vou estar ganhando a vida fazendo caricaturas em bares. - Ela riu, então pegou um outro lápis. - Quer tentar a outra?
- Sim, tudo bem. - Falando para si mesma para não ficar prestando atenção em como Cade e Sara se davam bem, Bailey fechou os olhos e concentrou-se.
Grace.Ela deixou o nome cruzar sua mente, trouxe as imagens.
- Suave, - Ela começou. - Há uma suavidade em seu rosto.É muito bonito, quase inacreditável. É um rosto oval, muito clássico.Seu cabelo é muito preto, muito
longo. Caem em suas costas como ondas soltas. Sem franja, apenas um derramamento negro, seda densa. Seus olhos são grandes, pálpebras pesadas e cílios longos. Olhos
azuis brilhantes. O nariz é pequeno e reto. Pense em perfeição.
- Estou começando a odiá-la, - Sara disse gentilmente, e vez Bailey sorrir.
- É necessário ser forte para ser tão bonita, você não acha? As pessoas só olham a superfície.
- Eu acho que poderia viver com isso. Como é a boca?
- Generosa. Cheia.
- Naturalmente.
- Sim, isso está bom. - Excitamento começou a surgir. O desenho estava estava sendo feito com facilidade. - As sobrancelhas são um pouco cheias, e há uma pinta
ao lado da esquerda. Bem aqui, - Bailey disse, apontando para o próprio rosto.
- Agora eu realmente a odeio, - Sara murmurou. - Eu não quero saber se o corpo combina com o rosto. Diga-me que ela tem orelha de Dumbo.
- Não, receio que não. - Bailey sorriu para o desenho e sentiu-se aquecida e emotiva novamente.
- Ela é simplesmente linda. Enche os olhos.
- Ela parece familiar.
Ao cuidadoso comentário de Sara, Bailey ficou tensa.
- Parece? Mesmo?
- Eu juraria que já tinha visto esse rosto antes. - Mordendo o lábio, Sara começou bater o lápis no desenho. - Em uma revista, talvez. Ela parece alguém que
era modelo, perfumes caros ou creme de rosto. Se você tem um rosto de um milhão de dólares, você seria louco se não o usasse.
- Uma modelo. - Bailey mordiscou o lábio, lutou para lembrar. - Eu não sei.
Sara pegou o papel, entregou a Cade.
- O quê você acha?
- Uma destruidora de corações, - ele disse depois de um momento. - A fada dos genes estava em um belíssimo humor quando ela nasceu. Eu não consigo lembrar,
apesar de que o rosto dela não deixaria qualquer homem esquecê-la.
O nome dela era Grace, Bailey falava para si mesma.E ela era mais que bonita. Não era apenas um rosto.
- Bom trabalho, Sara. - Cade colocou os dois desenhos juntos na mesa. - Tem tempo para mais um?
Sara olhou rapidamente para o relógio.
- Eu tenho mais ou menos meia hora de sobra.
- O homem, Bailey. - Cade se abaixou até que estivessem olhos nos olhos. - Você sabe como ele se parece agora.
- Eu não...
- Você vai. - Ele disse firmemente, apesar das mãos serem gentis em seus braços. - É importante. Apenas diga a Sara como você o vê.
Iria machucar, Bailey percebeu. Os músculos de seu estômago apertaram-se ante o pensamento de deixar o rosto dele voltar a sua mente.
- Eu não quero vê-lo de novo.
- Você quer respostas. Você quer que isso acabe. É um passo.Você precisa dar passos.
Ela fechou os olhos.A cabeça dela começou a martelar enquanto se transportava de volta para aquela sala de carpete cinza e com a tempestade caindo lá fora.
- Ele é escuro, - ela disse calmamente. - O rosto longo, estreito. Está endurecido de raiva.A boca dele apertada por causa do temperamento. É magro, forte
e obstinado. Seu nariz é aquilino. Não desagradável, mas forte. É um rosto muito forte. Seus olhos são profundos. Escuros. Olhos escuros.
Brilhando de fúria. Tinha morte neles. Estremeceu, colocou os cotovelos sobre a mesa e lutou para se concentrar.
- Maxilar encovadas e testa alta. Suas sobrancelhas são escuras e retas. Como seus cabelos. É bem cortado, cheio em cima, bem aparado ao redor da orelha. É
um rosto atraente.A mandíbula estraga um pouco, é suave, quase delicada.
- Esse é ele, Bailey? - Cade colocou uma mão em seu ombro novamente, apertou levemente em apoio.
Encorajada, ela abriu os olhos e olhou para o desenho .Era preciso. Não era perfeito. Os olhos deveriam ser um pouco mais separados, a boca um pouco mais cheia.
Mas foi o suficiente para fazê-la tremer.
- Sim, parece muito com ele. - Juntando todo seu controle, ela se levantou devagar. - Desculpem-me, - ela murmurou, e saiu do cômodo.
- Aquela moça está apavorada, - Sara comentou, guardando os lápis.
- Eu sei.
- Você vai me contar em que tipo de problema ela está metida?
- Eu não tenho certeza. - Cade colocou as mãos no bolso. - Mas estou perto de descobrir. Você fez um ótimo trabalho, Sara. Estou lhe devendo essa.
- Eu vou cobrar. - Ela pegou sua ferramentas e levantou-se. Ela o beijou levemente e estudou o rosto dele. - Eu não acho que você vai me ligar para uma noitada
na cidade de novo.
- Estou apaixonado por ela, - ele disse simplesmente.
- Sim, eu captei isso. - Ela pegou a bolsa, então tocou o rosto dele. - Vou sentir sua falta.
- Vou estar por aí.
- Vai estar por aí, - ela concordou. - Mas aqueles selvagens e loucos dias acabarão para você Parris. Eu gostei dela. Espero que você resolva tudo. - Com mais
um sorriso, ela se virou. - Eu conheço a saída.
Ele a levou até a porta de qualquer maneira e fechando-a, percebeu que estava realmente fechando uma parte de sua vida. A liberdade de ir e vir à sua vontade,
com quem quisesse. Noites inteiras em clubes, com a perspectiva de um agradável sexo sem compromisso a acontecer. Responsável por ninguém a não ser ele mesmo.
Ele olhou as escadas. Ela estava lá em cima. Responsabilidade, estabilidade, comprometimento. Uma mulher para toda sua vida, uma mulher com complicações, uma
que ainda não tinha dito as palavras que ele precisava ouvir, de fazer as promessas que ele precisava fazer.
Ele ainda podia se afastar, e ela não iria culpá-lo. Na verdade, estava certo que isso era exatamente o que esperava.
Balançando a cabeça, subiu as escadas até ela.
Estava em pé no quarto, olhando pela janela. Suas mãos estavam na frente do corpo, as costas viradas para a porta.
- Você está bem?
- Sim. Sinto muito, eu fui rude com sua amiga. Eu nem a agradeci.
- Sara entendeu.
- Você a conhece há bastante tempo.
- Alguns anos, sim.
Bailey engoliu em seco.
- Vocês já ficaram juntos.
Cade levantou uma sobrancelha, decidiu não ir até ela.
- Sim, nós estivemos juntos. Eu estive com outras mulheres, Bailey. Mulheres que eu gostei, importava-me com elas.
- Você as conhecia. - Ela se virou com essa palavra, e seus olhos estavam furiosos.
- Conhecia, - ele concordou com um aceno.
- Isto está fora de sincronia. - Ela passou as mãos pelos cabelos. - Você e eu, Cade, está fora de sincronia com o resto. Nunca deveria ter acontecido.
- Aconteceu. - Ele colocou as mãos nos bolsos, pois estavam tensas, querendo esmurrar alguma coisa. - Você vai ficar aí me dizendo que está puta porque conheceu
uma mulher com quem eu já dormi? Porque eu não fui até você do mesmo jeito que você veio até mim?
- Em branco. - As palavras dispararam dela como balas. - Você não veio para mim em branco. Você tem família, amigos, amantes. Uma vida. Eu não tenho nada mais
do que pedaços que não se encaixam. Eu não ligo se você dormiu com umas cem mulheres. - A voz dela falhou com isso, então sussurrou furiosamente o resto. - É porque
você se lembra delas. Pode se lembrar delas.
- Você quer que eu diga que elas não importaram? - Seu temperamento começou a mudar, estimulado pelo pânico. Ela estava se afastando, desistindo. - Claro que
elas importaram.Eu não posso apagar meu passado por você, Bailey.
- Eu não quero que você faça isso. - Ela cobriu o rosto com as mãos por um momento enquanto lutava para encontrar qualquer réstia de controle. Tinha se decidido.A
gora tinha que ser forte o suficiente para continuar. - Sinto muito. Sua vida particular anterior ao meu aparecimento não é da minha conta, ou mesmo o ponto. O ponto
é, que você teve um passado, Cade.
- Você também teve.
- Eu também tive. - ela concordou, pensando que era precisamente isso que a assustava. - Eu nunca teria chegado tão perto de me encontrar se não fosse por
você. Mas eu percebi que deveria ter ido a polícia rapidamente. Eu apenas compliquei as coisas não fazendo isso. Mas é o que eu vou fazer agora.
- Você não confia em mim para terminar isso?
- Essa não é a questão...
- Maldição que não é, - falou para ela. - Isso não é sobre ir à policia. É sobre você e eu. Você acha que pode ir embora daqui e deixar o que existe entre
nós? - Tirou as mãos do bolso, agarrou os braços dela. - Pense de novo.
- Alguém está morto. Eu estou envolvida. - Os dentes ameaçaram bater um contras os outros enquanto ela lutava para manter o olhar nos dele. - E eu não deveria
ter envolvido você.
- É muito tarde para isso agora. Era tarde demais no minuto que você entrou no meu escritório. Você não vai me afastar. - Quando a boca dele esmagou a dela,
o beijo tinha gosto de fúria e frustração. Ele a abraçou bem forte, bloqueando qualquer escolha, provocando seus lábios até que as mãos dela foram sozinhas para
seus ombros.
- Não, - ela conseguiu falar quando ele a pegou no colo.Mas isso, também já era tarde demais. Estava pressionada sob ele na cama, todo o senso fugindo e gritando
enquanto as mãos de Cade passeava por seu corpo.
- Eu não dou a mínima para o quê você esqueceu. - Olhos escuros e indefesos, ele arrancou as roupas dela. - Você vai se lembrar disso.
Ele acabou com seu controle, seu tempo, seu espaço. Havia uma loucura e uma vontade aqui que ela nunca tinha experimentado e não poderia resistir.A boca masculina
fechou-se sobre seu seio, espalhando calor pela sua pele. Mesmo quando gemeu e deixou escapar um soluço, os dedos dele a percorriam e levavam-na rudemente ao êxtase.
Ela gritou, não em alarme, não em protesto, mas com o crescente excitamento que ia além da razão. Suas unhas arranharam as costas largas, seu corpo moveu-se
como um raio sob ele. Abriu-se para ele indefesa. O único pensamento em sua cabeça era: Agora, agora, agora.
Ele penetrou-a forte e profundamente, sentiu-a vibrar convulsivamente ao redor dele enquanto ela crescia em um novo cume. Era impensado, desesperado. Era errado.
Era irresistível.
Ele apertou as mãos dela entre as dele, viu o prazer refletido em seu rosto.O animal em seu interior tinha se libertado e possuía as garras. Então sua boca
foi rude e selvagem contra a dela. E se impulsiona para dentro do corpo feminino até que ela chorasse seu nome e o que tinha sobrado em sua mente estremecesse.
Vazio, oco, ele desabou sobre ela. O corpo sob o dele estremeceu enquanto um gemido fraco saia da garganta. As mãos dela caíram, palmas para cima e moles, na
amarrotada cama que compartilhavam. A mente dele começou a clarear o suficiente para sentir vergonha.
Ele nunca tinha possuído uma mulher tão rudemente. Nunca tinha dado a mulher tão poucas escolhas. Rolou para longe, encarou o teto, apelou para o que tinha
dentro dele.
- Sinto muito. - Era patética aquela sentença. A inutilidade disso atingiu-o enquanto ele se sentava, esfregou as mãos no rosto. - Eu a machuquei. Sinto muito.
Não há desculpas para isso. - E não encontrando nenhuma, ele levantou-se e deixou-a sozinha.
Ela consegui se sentar, uma mão pressionada em seu coração disparado. Seu corpo estava fraco, trêmulo e ainda quente.Sua mente permanecia confusa ainda, mesmo
quando pacientemente esperou clareá-la. A única coisa que tinha certeza é que ela tinha sido selvagem. Recompensada pela sensação, pela emoção, por ele.
Tinha sido maravilhoso.


Cade deu algum tempo para que ela se recompor. E usou este tempo para formular seus próximos passos. Era difícil pensar com a fúria dominando-o. Ele já estivera
bravo antes. Magoado. Envergonhado. Mas quando ela desceu as escadas, parecendo asseada e nervosa, essas emoções ameaçaram dominá-lo.
- Você está bem?
- Sim. Cade, eu...
- Você fará o que quiser. - Ele interrompeu-a em uma voz que era fria e entrecortada. - E eu também. Eu me desculpo de novo por ter tratado você daquele jeito.
Ela sentiu o estômago descer para os joelhos.
- Você está bravo comigo.
- Com nós dois. Eu posso lidar comigo mesmo, mas primeiro eu tenho que lidar com você. Você quer desistir de nós.
- Isso não é o que eu quero. - Houve uma nota entendedora em sua voz. - É o quê é certo. Eu fiz de você um acessório para sabe lá Deus o quê
- Você me contratou.
Ela soltou um suspiro impaciente. Como ele podia ser tão cego e teimoso?
- Não tem sido um relacionamento profissional, Cade.Mal começou como um.
- Está certo.É pessoal, e você não vai me abandonar por causa de um distorcido senso de culpa. Você quer sair por outras razões, nós vamos encará-las quando
isso estiver acabado. Eu te amo. - Havia fúria sobre as palavras que apenas aprofundaram as emoções deles. - Se você não me ama, não pode ou não irá me amar, terei
que viver com isso. Mas desistir nesta altura não é uma opção.
- Eu só quero...
- Você quer ir a polícia . - Ele parou por um momento, colocou seus polegares nos bolsos da frente para manter as mãos longe dela. - Tudo bem, é sua escolha.
Mas enquanto isso, você me contratou para fazer um trabalho, e eu ainda não terminei. Apesar dos seus sentimentos, ou os seus, eu pretendo concluí-lo. Pegue sua
bolsa.
Ela não tinha certeza de como lidar com ele naquele momento. Mas..alguma vez ela soube? Aquele homem frio e nervosa a sua frente ainda era tão estranho para
ela quanto o homem que encontrar no abarrotado e bagunçado escritório a dias atrás.
- O compromisso no Smithsonian, - ela começou,
- Eu o adiei. Nós temos outro lugar para ir antes.
- Onde?
- Pegue sua bolsa, - ele repetiu. - Nós vamos dar o próximo passo a minha maneira.
Ele não falou no caminho. Ela reconheceu alguns dos prédios. Eles já tinham passado por ali antes. Mas quando ele dirigiu para fora de D.C. e entrou em Maryland,
seus nervos começaram a pulsar.
- Eu gostaria se você me dissesse para onde vamos. - As árvores estavam muito próximas da estrada, pensou, entrou em pânico. Muito verde, muito grande.
- Pra trás, - ele disse. - Algumas vezes temos de abrir a porta e olhar para o outro lado.
- Nó precisamos conversar com o curador do museu. - A garganta dela estava se fechando.Ela daria a alma por um copo de água. - Nós deveríamos dar meia volta
e voltar para a cidade.
- Você sabe para onde estamos indo?
- Não. - A negação foi rápida, desesperada. - Não, eu não sei.
Ele a fitou com aqueles astutos olhos verdes.
- As peças estão lá, Bailey.
Ele virou a esquerda, saindo da via principal, escutando a respiração dela ficar curta e difícil. Ele reprimiu o instinto de suavizar a situação. Ela era mais
forte do que imaginava. Admitia isso. E conseguiria passar por isso.
E ele a ajudaria a passar por isso.
Se o lugar estivesse sendo vigiado, a traria de volta. Tinha que pensar em seu trabalho. Ela o tinha contratado para desvendar um quebra cabeça, se lembrou.
E isso, ele estava certo, era a última peça.
Ela não poderia continuar vivendo no mundo seguro que ele tinha providenciado.Era o momento, para os dois, de seguirem adiante.
Ele enrijeceu a mandíbula e parou no estacionamento da Salvini.
- Você sabe onde estamos.
Sua pele estava pálida. Com um suspiro indefeso e longo, ela esfregou as palmas úmidas das mãos nos joelhos sobre calça.
- Não, eu não sei.
O prédio era de tijolo, duas lojas. Velho, apesar de adorável, com altas janelas flanqueadas por bonitas azaléias que floresciam lindamente na primavera. Havia
elegância no lugar que não deveria tê-la feito estremecer. Havia apenas um carro no estacionamento. Um sedã BMW, azul escuro. Estava brilhando pela luz do Sol.
O prédio ficava sozinho, dominando a esquina, enquanto atrás, do outro lado de um vasto estacionamento, um chique shopping parecia estar fazendo uma venda de
feriado.
- Eu não quero ficar aqui. - Bailey virou a cabeça, se recusando a olhar o símbolo em cima do prédio em grandes, claras letras SALVINI. - Eles estão fechados,
- ela continuou. Não tem ninguém aqui. Devíamos ir embora.
- Tem um carro no estacionamento, - Cade apontou. - Não vai machucar dar uma olhada.
- Não. - Ela afastou a mão da dele, tentou se encolher no canto do assento. - Eu não vou lá. Não vou.
- O quê há lá, Bailey?
- Eu não sei - Terror. Apenas terror. - Eu não vou lá.
Ele preferiria cortar seu próprio coração do que forçá-la a fazer o que ele pretendia.
Mas, pensando nela, saiu do carro, foi para o lado e abriu a porta.
- Vou estar com você.Vamos.
- Eu disse que não vou lá.
- Covarde. - Ele disse com um tom firme na voz. - Você quer se esconder pelo resto de sua vida?
Fúria brilhou nas lágrimas de seus olhos enquanto ela soltava do cinto de segurança.
- Eu odeio você por isto.
- Eu sei - ele murmurou, mas pegou seu braço firmemente e levou-a até a entrada do prédio.
Estava escuro lá dentro. Pela janela podia ver pouca coisa, um grosso carpete e vidros espalhados onde dourado e pedras brilhavam. Era um pequeno salão de apresentação,
elegante, com algumas ferramentas e balcões espelhados onde clientes poderiam se sentar e admirar suas escolhas.
Ao lado dele, Bailey estava tremendo como uma folha.
- Vamos tentar por trás.
O barulho atravessava o shopping, e enchia a entrada de entregas e empregados. Cade estudou a fechadura da porta de empregados e decidiu que poderia lidar com
ela. Do bolso ele pegou uma bolsa de couro.
- O quê está fazendo? - Bailey deu um passo para trás enquanto ele escolhia uma ferramenta e começava a trabalhar. - Você a está arrombando? Você não pode
fazer isso.
- Acho que posso lidar com isso.Eu praticava abrir fechaduras pelo menos quatro horas por semana. Fique quieta por um minuto.
Estava concentrado, um bom toque e alguns suados minutos. Se o alarme estivesse ligado, ele imaginou, iria disparar na primeira tentativa de abrir a fechadura.
Não disparou, então ele mudou as ferramentas e começou a abrir a Segunda porta.
Um alarme silencioso não estava descartado, pensou. Se os policiais viessem, ele teria que dar muitas explicações.
- Isso é loucura. - Bailey deu outro passo para trás. - Você está arrombando uma loja em plena luz do dia. Você não pode fazer isso, Cade.
- Já fiz, - ele falou com uma satisfação quando a última tranca se abriu. Rapidamente ele recolocou as ferramentas na bolsa e guardou no bolso. - Um lugar
como esse deveria ter uma alarme em ordem.
Ele passou pela porta. Na luz fraca, ele viu a caixa do alarme. Desligado.
Ele quase podia ouvir outra peça encaixando-se no lugar.
- Descuido deles, - ele murmurou. - Desse jeito o crime compensa mesmo.
Ele pegou a mão de Bailey e puxou-a para dentro.
- Ninguém vai te machucar enquanto eu estiver por perto.Nem mesmo eu.
- Eu não posso fazer isso.
- Você vai fazer. - Mantendo a mão dela firme dentro da sua acendeu as luzes.
Era uma sala estreita, mais como um hall de entrada com chão de madeira e altas paredes. Contra a parede esquerda tinha um bebedouro e um gancho de casacos
de bronze. Havia um casaco de chuva feminino cinza pendurado em um dos ganchos.
Ele pedia por uma tempestade como a de Quinta-feira, ele pensou.Uma mulher prática como Bailey não iria ao trabalho sem seu casaco de chuva.
- É seu, não é?
- Eu não sei.
- Seu estilo de casaco. Qualidade, caro, delicado. - Ele vasculhou os bolsos, encontrou uma pacote de bala de menta, uma pequena lista de compras, um pacotinho
de lenços. - É a sua letra, - ele disse, oferecendo a lista para ela.
- Eu não sei. - Ela se recusou a olhar. - Eu não lembro.
- Ele guardou a lista, levou - a para a próxima sala.
Era uma sala de trabalho, uma versão menor da Westlake. Ele reconhecia o equipamento agora e deduziu que se levasse um tempo para abrir as gavetas trancadas
em um armário alto, ele iria encontrar pedras soltas.A enchente de pedras que Bailey tinha descrito em seus sonhos.Pedras que a tinham feito feliz, desafiado sua
criatividade, suavizado sua alma.
A mesa de trabalho estava completamente limpa.
Nada, nem um pedacinho de ouro brilhando, estava fora de lugar.
Era, ele pensou, exatamente como ela.
- Alguém mantém essa área limpa, - ele disse calmamente.A mão dela estava gelada contra a sua quando se virou. Havia escadas para ir ao segundo andar. - Vamos
ver o quê tem atrás da porta número dois.
Ela não protestou dessa vez.Estava muito presa no medo para formular as palavras.
Piscou enquanto ele a levava pelas as escadas.
No segundo andar havia um carpete cinza no chão. A náusea tomou conta de seu estômago. O corredor era largo o suficiente para andarem lado a lado, e havia mesas
antigas e lustrosas em pontos estratégicos. Rosas vermelhas estavam morrendo em um vaso de prata.E o cheiro delas morrendo arrepiou sua pele.
Ele abriu uma porta, olhou lá dentro. E soube em uma olhada que aquele era o escritório dela.
Não tinha nada fora do lugar.A mesa, uma bonita e feminina Queen Anne brilhava polida sob a poeira do fim de semana. Nela havia um longo cristal, dentado em
um lado, como uma lâmina quebrada de uma espada. Ela chamava isso de chalcedony, ele lembrou. E a suave multiangulosa pedra perto devia ser um quartzo trabalhado.
Nas paredes havia cores sonhadoras em finas molduras de madeira.Havia uma pequena mesa ao lado de uma encantadora cadeira que estava pintada de um tom de rosa
e com pálidas almofadas verdes.Na mesa um pequeno vaso de vidro de onde estavam violetas e fotos em molduras de prata.
Ele pegou o primeiro. Ela tinha uns dez anos, um pouco magra e ainda não formada, mas não havia erro com aqueles olhos.E ela tinha crescido para ficar parecida
com a mulher sentada ao lado dela em um planador, sorrindo para a câmera.
- É o seu passado, Bailey. - Ele pegou uma outra foto. Três mulheres, braços enganchados, rindo. - Você.M.J., e Grace. Seu presente. - Ele abaixou a foto,
pegou outra. O homem era loiro, bonito, seu sorriso seguro e caloroso.O futuro dela? se perguntou.
- Ele está morto. - As palavras dispararam dela, cortando seu coração pelo caminho. - Meu pai. Está morto.O avião caiu em Dorset. Ele morreu.
- Sinto muito. - Cade abaixou a foto.
- Ele nunca voltou para casa. - Ela estava se encostando na mesa, suas pernas trêmulas, seu coração disparado enquanto muitas imagens enchiam seu caminho de
volta. - Ele saiu em uma viagem de compras e nunca voltou.Nós costumávamos tomar sorvete no alpendre. Ele me mostrava todos seus tesouros. Eu queria aprender. Coisas
antigas, lindas. Ele tinha cheiro de sabão de pinho e cera de abelha. Ele gostava de polir as peças ele mesmo as vezes.
- Ele tinha antiguidades, - Cade disse baixinho.
- Era um legado. Do pai dele para ele, meu pai para mim.Tempo e renovação. As compras.Tempo e renovação.Eram coisas tão ricas e bonitas.Ele morreu, ele morreu
na Inglaterra, a milhares de quilômetros de distância. Minha mãe teve que vender o negócio. Ela teve que vender quando...
- Devagar, calma.Apenas deixe vir.
- Ela casou novamente. Eu tinha catorze anos. Ela ainda era jovem, solitária.Ela não sabia como fazer o negócio continuar.Foi o quê ele disse. Que ela não
sabia como. Ele iria tomar conta das coisas. Disse para que ela não se preocupasse.
Ela estremeceu, se abraçou.Então seu olhar caiu no elefante de pedra sabão coberto de jóias na mesa.
- M.J. Ela me deu no meu aniversário.Eu gosto de coisas bobas. Eu coleciono elefantes. Não é estranho? Você escolheu um elefante para mim naquela festa, e
eu os coleciono. Ela passou as mãos pelos olhos, tentou agüentar. - Nós rimos quando eu abri o pacote. Só nós três.M.J., Grace e eu, apenas algumas semanas atrás.
Meu aniversário é em Junho. Dezenove de Junho.Eu tenho vinte e cinco anos. - A cabeça dela girou enquanto ela lutava para focar Cade. - Tenho vinte e cinco anos.
Eu sou Bailey James. Meu nome é Bailey Anne James.
Gentilmente Cade sentou-a em uma cadeira, colocou as mãos nas dela.
- Prazer em conhecê-la.

Capítulo 11
- Está tudo misturado em minha cabeça. - Bailey pressionou os dedos contra os olhos.Visões estavam vindo, passando, atropelando-se antes de sumirem e ela pudesse
segurá-las.
- Me fale sobre o seu pai.
- Meu pai. Ele está morto.
- Eu sei, querida. Me fale sobre ele.
- Ele...ele comprava e vendia antigüidades. Era um negócio familiar. Família era tudo. Nós vivíamos em Connecticut.O negócio começou lá. Nossa casa era lá.
Ele...ele expandiu. Abriu outra em Nova York, uma em D.C. O pai dele tinha estabelecido a primeira, então meu pai expandiu.O nome dele era Matthew.
Agora ela pressionou a mão no coração enquanto chorava
- É como perde-lo novamente. Ele era o centro do meu mundo , ele e minha mãe. Ela não podia ter mais filhos. Eu acredito que eles me mimaram. Eu os amava tanto.
Nós tínhamos uma grande árvore no quintal.Foi para lá que eu fui quando minha mãe me falou do acidente.Eu saí e sentei-me embaixo da árvore e tentei fazê-lo voltar.
- Sua mãe saiu para procurá-la? - Ele estava chutando agora, empurrando-a gentilmente pelo sofrimento.
- Sim, ela veio, e nós ficamos sentadas lá por um longo tempo.O Sol se pôs, e nós ficamos lá sentadas.Nós estávamos perdidas sem ele, Cade. Ela tentou, ela
tentou tanto continuar com o negócio, cuidar de mim, da casa. Mas era muita coisa. Ela não sabia como. Ela conheceu...ela conheceu Charles Salvini.
- Esse é o prédio dele.
- Era. - Ela esfregou a boca com as costas da mão. - Ele era um joalheiro, especializado em heranças e peças de antiguidade. Ela consultou ele por algo do
nosso estoque. Foi como começou. Ela era solitária, e ele a tratou muito bem. Eu o admirava. Eu acho que ele a amava muito, eu realmente acho. Eu não sei se ela
o amava, mas precisava dele. Acho que eu também. Ela vendeu o que tinha sobrado do negócio de antigüidades e casou-se com ele.
- Ele era bom para você?
- Sim, ele era. Ele era um homem gentil. E como meu pai, extremamente honesto. Honesto nos negócios, em questões particulares, era vital .Era minha mãe quem
ele queria, mas eu fui junto com o pacote, e ele sempre foi bom para mim.
- Você o amava.
- Sim, era fácil amá-lo, ser agradecida por tudo o quê ele fez por mim e minha mãe. Ele tinha muito orgulho do negócio que tinha construído. Quando eu desenvolvi
um interesse pelas pedras, ele encorajou-me. Eu aprendi aqui, nos verões, e depois da escola .Ele me mandou para faculdade para estudar. Minha mãe morreu quando
eu estava longe na faculdade. Eu não estava aqui. Eu estava longe dela quando morreu.
- Meu amor. - Ele a trouxe mais para perto, tentou consolar. - Sinto muito.
- Foi um acidente. Aconteceu muito rápido .Um motorista bêbado, cruzou a linha central.Atingiu-a na cabeça. E foi tudo. - Sofrimento estava de volta, forte
e novo. - Charles ficou devastado.Ele nunca se recuperou.Ele era mais velho que ela uns quinze anos, e quando ela morreu, ele perdeu o interesse em tudo.Ele se aposentou,
ficou recluso.Ele morreu menos de um ano depois.
- E você ficou sozinha?
- Eu tinha meus irmãos. - Ela tremeu, agarrou a mão de Cade. - Timothy e Thomas. Filhos de Charles. Meus meio irmãos. - Ela soltou um soluço entrecortado.
- Gêmeos. - As mãos crisparam-se. - Eu quero ir agora. Eu quero sair daqui.
- Me fale sobre seus irmãos, - ele pediu calmamente. - Eles são mais velhos que você.
- Eu quero ir embora. Eu tenho que ir.
- Eles trabalham aqui, - Cade continuou. - Eles assumiram o negócio de seu padrasto.Você trabalha aqui com eles.
- Sim, sim.Eles assumiram o negócio.Eu vim trabalhar aqui quando me formei na Radcliffe. Somos uma família. São meus irmãos.Eles tinham vinte anos quando o
pai deles casou-se com minha mãe. Nós morávamos na mesma casa, somos uma família.
- Um deles tentou matar você.
- Não.Não. - Ela cobriu o rosto de novo, recusou-se a ver. - Foi um engano. Eu falei que eles são meus irmãos. Minha família. Nós moramos juntos. Trabalhamos
juntos. Nossos pais estão mortos, e somos tudo o quê sobrou.Eles são bruscos e impacientes as vezes, mas nunca me machucaram. Nunca se agrediram. Eles não poderiam.
- Eles tem escritórios aqui? Neste prédio, neste andar? - Ela balançou a cabeça, mas seu olhar foi para a esquerda. - Eu quero que você fique sentada aqui.Fique
aqui, Bailey.
- Onde você vai?
- Eu tenho que olhar. - Ele pegou o rosto dela, manteve os olhos na altura dos dela. - Você sabe que eu tenho que olhar.Fique aqui.
Ela deixou a cabeça descansar na almofada, fechou os olhos.Ela ficaria.Não havia nada que precisasse ver. Nada que precisasse saber. Sabia seu nome agora, sua
família. Não era o suficiente?
Mas voltou a sua cabeça, como um eco de um raio que a fez gemer.
Ela não tinha se mexido quando Cade voltou, mas abriu os olhos.E quando o fez, ela pode ver em seu rosto.
- É o Thomas, - ela disse engolindo em seco. - É o Thomas morto em seu escritório no final do corredor.
Ele não se perguntou o quê ela tinha bloqueado e o quê ela tinha visto. O ataque tinha sido furioso e violento. Ter testemunhado a causa do efeito no escritório
deveria ter sido horripilante. Mas assistir, de alguns metros de distância, sabendo que era um irmão selvagemente matando o outro, deveria ser indescritível.
- Thomas, - ela repetiu, e deixou lágrimas caírem. - Pobre Thomas. Ele queria ser o melhor em tudo. E geralmente era. Eles nunca foram indelicados comigo.
Eles me ignoravam na maior parte do tempo, como irmãos mais velhos fazem, eu acho. Eu sei que eles se ressentiam por Charles ter me deixado uma parte do negócio,
mas eles toleravam isso. E a mim.
Ela parou, olhou para as mãos.
- Não há nada que possamos fazer por ele, há?
- Não.Eu vou tirá-la daqui. - Ele pegou a mão dela, ajudou-a a levantar-se. - Vamos parar por aqui.
- Eles planejavam roubar as Três Estrelas de Mithra. - Ela testou o chão, agüentaria, se prometeu, precisava dizer tudo. - Nós fomos designados para verificar
e assessorar os três diamantes. Ou eu tinha, sido na verdade, já que é minha função.Eu geralmente dou acessoria com o Smithsonian.A s estrelas iam ser parte de suas
amostras. Eles são originários da Pérsia. São muito antigas e foram uma vez conjunto de um triângulo de ouro, segurados nas mãos abertas da estatua de Mithra.
Ela limpou a garganta, falou calmamente agora, focou no prático.
- Ele foi o deus ancião Persa da luz e sabedoria.O Mithraísmo tornou-se uma das maiores religiões do Império Romano. Ele deveria ter assassinado o touro divino,
e do corpo morto do touro originariam-se todas as plantas e animais.
- Você pode me contar no carro.
Ele a levou para a porta, mas ela simplesmente não poderia se mexer até que contasse tudo.
- A religião não foi levada à Roma até 68a.c., e se espalhou rapidamente. Era similar ao Cristianismo em muitos aspectos.Os ideais de fraternidade. - A voz
dela quebrou, forçou a engolir em seco. - As Três Estrelas eram para serem um mito, uma lenda criada pela Trindade, apesar de alguns estudiosos acreditarem firmemente
em sua existência, e descreverem eles como símbolos de amor, conhecimento e generosidade.É dito que se alguém possuir as três, a combinação desses elementos irá
trazer poder e imortalidade.
- Você não acredita nisso.
- Eu acredito que são poderosas o suficiente para trazer grandes amores, grandes ódios, grandes ganâncias.Eu descobri o quê meus irmãos estavam fazendo. Eu
descobri que Timothy estava criando duplicatas no laboratório. - Ela esfregou os olhos. - Talvez ele pudesse ter escondido algo assim de mim se ele tivesse sido
mais metódico, mais cuidadoso, mas sempre foi o mais impaciente dos dois, o mais descuidado. - Agora os ombros dela caíram quando se lembrou. - Ele esteve em apuros
algumas vezes, por agressão.O temperamento dele era muito variável.
- Ele nunca a machucou?
- Não, nunca. Talvez tenha me magoado de tempos em tempos. - tentou sorrir, mas falhou. - Ele parecia sentir que minha mãe só tinha se casado com o pai dele
para que nós duas fossemos cuidadas.Era parcialmente verdade, eu acho.Então sempre foi importante para mim, provar o meu valor.
- Você provou seu valor aqui, - Cade disse.
- Não para ele. Timothy nunca foi de elogiar. Mas nunca foi severo demais, não de verdade.E eu nunca pensei que ele ou Thomas poderiam ser desonestos.A té
que fomos designados para avaliar das Estrelas.
- E foi mais do que eles poderiam resistir.
- Aparentemente. Os falsos não iriam enganar ninguém por muito tempo, mas até que descobrissem, meus irmãos já teriam o dinheiro e fugido. Eu não sei quem
os estava pagando, mas eles estavam trabalhando para alguém. - Ela parou nas escadas, olhou para baixo. - Ele me perseguiu por aqui. Eu podia escutar ele vindo atrás
de mim. E sabia que ele ira me matar. Nós dividimos jantares de Natal todos os anso de minha vida desde que eu tinha catorze. E ele iria me matar, do mesmo jeito
horrível que ele matou Thomas. Por dinheiro.
Ela agarrou o corrimão enquanto vagarosamente descia para o andar inferior.
- Eu o amava, Cade. Amava os dois. - Na base dos degraus, ela se virou, fez um gesto para uma porta estreita. - Há um porão ali.É bem pequeno e atulhado de
coisas. Foi para lá que eu corri.Há um pequeno espaço embaixo da escada, com uma portinha.Eu a usei para explorar o prédio quando eu era pequena, e eu gostava de
ficar sentada lá, onde era calmo. Eu estudava o livro sobre pedras preciosas que Charles me deu ali. Eu não acredito que Timothy soubesse desse espaço. Se ele soubesse,
eu estaria morta. - Ela andou para a luz do Sol. - Eu honestamente não lembro quanto tempo eu fiquei ali, no escuro, esperando para ele me achar e me matar. Não
sei como cheguei ao hotel. Eu devo ter andado parte do caminho, pelo menos. Eu não dirijo para o trabalho.Eu moro há apenas algumas quadras daqui.
Ele queria dizer que tinha acabado, mas não tinha. Ele queria deixá-la descansar a cabeça em seu ombro e colocar tudo isso para trás.Mas não podia. Em vez disso
pegou as mãos dela e a fez olhar para ele.
- Bailey. Onde estão as outras duas estrelas?
- A... - Ela ficou mortalmente pálida, tão rápido que ele a pegou com a certeza de que ela iria desmaiar.Mas os olhos dela continuaram abertos, arregalados
e chocados.
- Oh, meu Deus. Oh, Meu Deus, Cade, o quê foi que eu fiz? Ele sabe onde elas moram. Ele sabe.
- Você as deu para M.J. e Grace. - Movendo-se rápido, ele abriu a porta do carro.A polícia ia ter que esperar. - Me diga onde.


- Eu estava tão brava, - ela falou para ele enquanto enfrentam o tráfego da tarde. - Eu percebi que eles estavam me usando, meu nome, meu conhecimento, minha
reputação, para autenticar as pedras. Então eles iriam trocá-las e me deixar, deixar o negócio que meu padrasto tinha construído tão duramente. Salvini iria ruir,
depois de tudo que Charles fez para construí-lo.Eu devia lealdade a ele.E, merda, eles também deviam.
- Então você as pegou.
- Foi um impulso.Eu iria enfrentá-los, mas eu queria as Estrelas fora de alcance. Pelo menos eu achei que elas não deveriam ficar todas no mesmo lugar.Se ficassem,
poderiam ser encontradas.Então eu mandei uma para M.J. e a outra para Grace, por diferentes mensageiro noturnos.
- Deus amado, Bailey, você colocou diamantes de valores inimagináveis no correio?
Ela apertou os olhos fechados.
- Nós usamos diferentes mensageiros regularmente para entregar pedras. - Sua voz estava digna, vagamente insultada.Ela já tinha se contado várias vezes que
já tinha sido inacreditavelmente dura. - Tudo que eu poderia pensar eram nas duas pessoas que eu mais confiava no mundo que eu poderia confiar tudo.Eu não considerei
que as colocaria em perigo.Eu nunca imaginei que isso chegaria tão longe.Eu tinha certeza de que quando eu confrontasse meus irmãos, contar que eu tinha separado
os diamantes por segurança e que iria arranjar para que os diamantes fossem entregues no museu, esse seria o fim de tudo.
Ela se segurou na porta enquanto os pneus cantavam em uma esquina.
- É esse prédio. Nós ficamos no terceiro andar. M.J. e eu temos apartamentos um na frente do outro.
Ela estava fora do carro antes que ele estivesse totalmente parado, e correu para a entrada.Praguejando, ele tirou as chaves na ignição e foi atrás dela.Ele
a alcançou nas escadas.
- Fique atrás de mim, - ele ordenou. - Falo sério.
A fechadura e a corrente do apartamento 324 foram arrombados .Fita amarela da polícia cercava tudo.
- M.J. - foi tudo que ela conseguiu falar enquanto empurrava Cade para alcançar a maçaneta do apartamento de M.J.
- Aí está você, meu bem. - Uma mulher com calça rosa e pantufas nos pés atravessou o corredor. - Eu estava ficando preocupada com você.
- Sra.Weathers. - Os dedos de Bailey ficaram brancos na maçaneta enquanto ela se virava. - M.J. O quê aconteceu com M.J.?
- Um grande bafafá. - Sra.Weathers afofou o capacete de cabelo loiro e deu um sorriso medidor para Cade. - Você não espera tal coisa em um bairro tão bom.
O mundo está indo para o inferno em uma jogada, eu juro.
- Onde está M.J.?
- Da última vez que eu vi, ela estava correndo de um cara. Pulando os degraus, praguejando um contra o outro. Foi depois da comoção.Vidros quebrando, móveis
sendo jogados.Tiros. - Ela acenou várias vezes, como um pássaro bicando por suco em flores.
- Tiros? M.J levou um tiro?
- Não parecia ferida para mim. Louca como uma galinha molhada, e desapareceu.
- Meu irmão.Ela estava com meu irmão?
- De fato não. Nunca vi esse jovem antes. Eu me lembraria, eu lhe digo. Ele é um daqueles altos, tinha os cabelos presos em um rabo de cavalo, e tinha olhos
como aço. Um furinho no queixo, como astros de cinema.Eu dei uma boa olhada nele, quando ele quase me derrubou.
- Quando isso aconteceu, Sra.Weathers?
Ela virou o rosto para Cade quando ele perguntou, estendeu a mão.
- Não acredito que já tenhamos sido apresentados.
- Sou Cade, um amigo de Bailey. - ele ofereceu um sorriso para ela, enquanto a impaciência torcia seu estômago. - Nós estivemos fora por alguns dias e queríamos
falar com M.J.
- Eu não tenho visto aquele esquisito cabelo dela desde Sábado, quando ela saiu correndo.Deixou a porta do apartamento aberta ou eu pensei que tinha deixado
até que vi que estava arrombada. Então eu espiei.O lugar estava arrasado. Eu sei que ela não é a dona de casa que você é Bailey, mas estava tudo de ponta cabeça,
e... - Ela fez uma pausa dramática. - Havia um homem caído frio no chão.Grande homem, também.Então eu voltei para meu apartamento e chamei a polícia.O quê mais eu
poderia fazer? Eu acho que ele se recobrou até o momento que eles chegaram aqui.Deus sabe que eu não coloquei um dedo para fora do apartamento até que os policiais
viessem bater aqui, e eles disseram que ele tinha ido embora.
Cade deslizou um braço ao redor da cintura de Bailey.Ela estava começando a tremer.
- Sra.Weathers, eu me pergunto se a senhora teria uma chave extra do apartamento de Bailey.Ela deixou a dela em minha casa, e nós precisamos pegar algumas
coisas.
- Oh, então já estamos assim? - Ela sorriu maldosamente, afofou o cabelo de novo e repreendeu Bailey. - Já era hora também. Agora deixe-me. Eu acabei de regar
as begônias do Sr.Hollister. Aqui está sua chave.
- Eu não me lembro de ter lhe dado minha chave.
- Claro que você deu, meu bem, ano passado quando você e as meninas foram para o Arizona. Eu fiz uma cópia, para qualquer coisa. - Murmurando consigo mesma,
ela destrancou a porta de Bailey.Antes que ela pudesse abrir e se meter lá dentro, Cade colocou-se entre ela e a porta. - Muito obrigado.
- Sem problemas.Não posso imaginar onde aquela garota se meteu, - ela falou, esticando o pescoço para ver pela fresta da porta do apartamento de Bailey. -
Eu disse ao policial como ela estava correndo da própria sombra.Oh, e agora que eu estou pensando sobre isso, Bailey, eu vi sim, o seu irmão.
- Timothy, - Bailey balbuciou.
- Não tenho certeza de qual dos dois.Eles parecem clones para mim.Ele veio aqui, vamos ver, - Ela bateu a unha no dente da frente, como se fosse para liberar
o pensamento. - Deve ter sido no Sábado à noite.Eu disse para ele que não tinha te visto, que eu pensava que você tivesse tirado uma folga no feriado.Ele parecia
um pouco perturbado.Entrou, e fechou a porta bem na minha cara.
- Eu não tinha percebido que ele também, tinha a chave. - Bailey murmurou, então percebeu que tinha deixado a bolsa para trás durante a fuga.Ela ponderou em
como seria tolice e inútil seria trocar as fechaduras. - Obrigada, Sra.Weathers.Se eu não encontrar M.J. de novo, a senhora diria que eu a estou procurando?
- Claro, meu bem.Agora, se você... - Ela franziu a testa enquanto Cade lhe dava um pequeno empurrão, deslizava Bailey para dentro e fechava a porta em seu
rosto novamente.
Era como ele imaginava.Uma olhada ao redor disse que a organizada Bailey não deixava geralmente seu apartamento com almofadas rasgadas e gavetas reviradas.Aparentemente
Salvini não tinha ficado contente em vasculhar o local, queria destruir.
- Um completa bagunça, - Cade murmurou, correndo uma mão pelas costas dela.Era a mesma loucura, ela se deu conta.A mesma violência sem controle que ela viu
quando ele tinha pego a faca antiga que Thomas usava para abrir cartas. Quando ele a usou.
Isso era apenas coisas, ela se lembrou. Não importando quão queridos e desejados, eram apenas coisas. Ela tinha visto o quê Timothy poderia fazer com pessoas.
- Eu tenho que ligar para Grace.Ela teria ido para a Grace se pudesse.
- Você reconheceu quem estava com M.J. pela descrição?
- Não.Eu não conheço ninguém assim, e eu conheço a maioria dos amigos de M.J.
Ela andou pela de sua sala destruída e alcançou o telefone.A luz de mensagens recebidas estava piscando, mas ela ignorou e digitou os números.
- É a secretária dela, - Bailey murmurou, e forçou-se enquanto a voz recitava a mensagem.Então:
- Grace, se você estiver aí, atenda.É urgente. Estou em apuros e M.J. também. Eu não sei onde ela está. Eu quero que você vá a policia, entregue o pacote que
eu enviei. Me ligue.
- Dê meu número - Cade instruiu.
- Eu não sei.
Ele pegou o telefone, disse o número, então devolveu o fone para Bailey.
Era um risco calculado, revelando onde estava Bailey, mas o diamante ia continuar em segurança e ele não queria colocar impedimentos para Grace alcançá-los.
- É um caso de vida ou morte, Grace.Não fique na casa sozinha.Vá a policia. Não fale com meu irmão, o que quer que faça. Não deixe ele entrar na casa. Ligue-me,
por favor, por favor, ligue-me.
- Onde ela mora?
- Em Potomac. - Bailey contou quando ele gentilmente retirava o fone da mão dela e colocava-o na base. - Ela pode não estar lá. Tem uma casa no interior, oeste
de Maryland .Foi para lá que eu mandei o pacote.Não tem telefone lá, e apenas poucas pessoas sabem que vai para lá.Outras vezes ela simplesmente pega o carro e dirige
até que encontre algum lugar que goste. Ela pode estar em qualquer lugar.
- Quanto tempo geralmente ela fica sem entrar em contato?
- Não mais que alguns dias.Ela me liga, ou para M.J. - Com um gemido ela pressionou o botão das mensagens.A primeira voz a soar foi a de Grace.
- Bailey, o quê você está aprontando? Essa coisa é de verdade? Nós vamos dar uma chance ao contrabando? Olhe, você sabe como eu odeio essas máquinas. Eu entrarei
em contato.
- Quatro horas de Sábado. - Bailey se prendeu a isso. - Ela estava bem às quatro horas de Sábado, de acordo com a máquina.
- Não sabemos de onde ela estava ligando.
- Não, mas ela estava bem no Sábado. - Ela passou para a próxima mensagem.Dessa vez era a voz de M.J.
- Bailey, escute.Eu não sei que inferno está acontecendo, mas estamos em apuros. Não fique aí, ele pode voltar.Estou em uma cabine telefônica perto de... -
Houve uma imprecação, um estrondo. - Mãos para cima, sua filha da... - E o som de desligado. - Domingo, duas horas da manhã.O quê foi que eu fiz, Cade?
Sem dizer nada, ele passou para a próxima.Era uma voz de homem dessa vez.
- Sua vadiazinha, se você estiver escutando isso, eu vou te encontrar.Eu quero o quê é meu. - Houve um soluço, - Ele cortou meu rosto. Ele fatiou meu rosto
pelo que você fez. Vou fazer o mesmo com você.
- É o Timothy, - ela balbuciou.
- Eu imaginei.
- Ele enlouqueceu, Cade.Eu pude ver naquela noite.Alguma coisa entrou nele.
Ele não duvidava, não depois de do quê ele tinha visto no escritório de Thomas Salvini.
- Tem alguma coisa que você precisa daqui? - Quando ela apenas olhou ao redor, pálida, ele pegou a mão dela. - Iremos nos preocupar com isso depois.Vamos.
- Onde?
- Um lugar calmo onde poderemos nos sentar e você me contará o resto. Então daremos um telefonema.


O parque estava cheio e verde. De algum modo, o pequeno arbusto embaixo de algumas árvores bloqueava o opressivo calor de Julho.
Não havia chovido por alguns dias, e a umidade subia como um nuvem de vespas no ar.
- Você precisa se controlar quando formos a polícia, - Cade falou para ela. - Precisa ter a mente clara.
- Sim, você está certo.E eu preciso explicar tudo para você.
- Eu estou juntando os pedaços bem o suficiente.É o quê eu faço.
- Sim. - Olhou para as mãos e se sentiu inútil. - É o quê você faz.
- Você perdeu seu pai quando tinha dez anos.Sua mãe fez o melhor, mas não tinha cabeça para negócios.Ela lutou para manter a casa, criar um filha sozinha e
cuidar de um negócio de antigüidades.Então ela conheceu um homem, um homem mais velho, bem sucedido, competente, financeiramente solvente e atraente, que a queria
e estava disposto a aceitar sua filha na família.
Ela soltou a respiração.
- Eu acho que é isso, indo diretamente ao ponto.
- A criança quer uma família, e aceita o padrasto e os meio irmãos como se fossem.É isso também, não é?
- É. Eu sentia falta do meu pai.Charles não o substituiu, mas preencheu uma necessidade.Ele era bom para mim, Cade.
- E os meio irmãos estavam um pouco incomodados com a adição de uma irmãzinha. Uma linda, inteligente menina com vontade de agradar.
Ela abriu a boca para negar, então fechou-a.Era hora de enfrentar o quê ela tinha ignorado por anos.
- Sim, eu acho que é isso.Eu fiquei fora do caminho deles. Eu não queria causar desconfortos. Os dois estavam na faculdade quando nossos pais se casaram, e
quando eles voltaram e moravam na casa, eu estava fora.Eu não posso dizer que éramos íntimos, mas parecia, eu sempre senti uma ligação familiar. Eles nunca caçoaram
ou abusaram de mim, nunca me fizeram sentir que eu não era bem vinda.
- Ou bem vinda?
Ela balançou a cabeça.
- Não havia nenhum estranhamento até que minha mãe morreu. Quando Charles se enclausurou, parou de viver, eles assumiram. Parecia natural.O negócio era deles.E
sentia que sempre teria um emprego na companhia, mas eu não esperava nenhuma porcentagem.Houve uma cena quando Charles anunciou meus vinte por cento.Ele estava dando
quarenta para cada, mas isso não parecia ser o ponto para eles.
- Eles te assediaram?
- Um pouco. - Então ela suspirou. - Eles estavam furiosos, - ela admitiu. - Com o pai, comigo. Apesar de Thomas ter parado bem rápido.Ele estava mais interessado
nas vendas, e no fim das contas do que com o trabalho criativo, e ele sabia que era minha área de formação. Nós conseguimos ficar muito bem.Timothy estava menos
contente com o arranjo, mas ele afirmou que eu ficaria cansada da rotina, acharia um marido rico e deixaria tudo para eles de qualquer maneira.
Ainda magoava lembrar isso, o jeito que ele se desfez dela.
- O dinheiro que Charles me deixou está investido. Ele triplicara até que eu faça trinta anos. Não é grande coisa, mas mais do que o suficiente. Mais do que
o necessário. Ele me colocou na faculdade, me deu um lar, me deu uma carreira que amo. E quando me mandou para faculdade, ele me deu M.J. e Grace. Foi onde eu as
conheci. Nós ficamos no mesmo dormitório no primeiro semestre.No segundo, nós já morávamos juntas. Era como se nos conhecêssemos por toda a vida. Elas são as melhores
amigas que eu já tive. Oh meu Deus o quê eu fiz?
- Me fale delas.
Ela se controlou e tentou.
- M.J. é divorciada. Ela muda seu jeito como algumas mulheres mudam o cabelo. Fez todo o tipo de cursos de coisas obscuras. Ela pode se sair excelente nos
testes ou simplesmente não fazer nada, dependendo do seu humor .Ela é atlética, impaciente, generosa, divertida, cabeça dura. Atendia em um bar no último ano da
faculdade por uma ninharia, dizia que era tão boa naquilo que em breve teria seu próprio lugar. Ela o comprou há uns dois anos atrás, M.J´s. É um pub na Avenida
Georgia, perto da linha do Distrito.
- Eu nunca vi.
- É como um barzinho de bairro. Comum, com um pouco de música Irlandesa nos fins de semana.Se as coisas ficam um pouco turbulentas, ela cuida disso sozinha
na maioria das vezes. Se não conseguir intimidar ou gritar mais alto que alguém, consegue chutá-los pro outro lado do bairro. Ela é faixa preta em Karate.
- Lembre-me de não cruzar o caminho dela.
- Ela vai gostar de você. Ela consegue se cuidar sozinha, é o que fico repetindo para mim mesma. Ninguém consegue se cuidar melhor do que M.J. O´Leary.
- E Grace?
- Ela é linda, você viu nos desenhos. Isso é o que a maioria das pessoas vê, e não enxergam mais nada. Ela usa isso quando gosta ou despreza alguém, mas usa.
Olhando as pombas voando e ciscando pomposas, Bailey deixou as memórias voltarem.
- Ela ficou órfã quando criança, era mais nova do que eu, e foi criada por uma tia na Virgínia. Era esperado que ela se comportasse de uma certa maneira, fosse
um certo tipo de pessoa. Uma Virginia Fontaine.
- Fontaine? Departamento de lojas.
- Sim, dinheiro, muito dinheiro familiar. Pelo menos o suficiente para durar mais de um século. Por que ela é bonita, saudável e de uma família aristocrática,
era esperado que fosse bem educada, associada a pessoas certas e que casasse bem. Grace tinha outras idéias.
- Ela não posou para...? - Ele parou, limpou a garganta.
Bailey simplesmente arqueou uma sobrancelha.
- Para um calendário, sim, enquanto ainda estava na faculdade. A Liga Ivy Mês de Abril. Ela fez sem nem piscar, com a idéia de escandalizar a família e como
ela coloca, explorando os exploradores. Ela recebeu seu próprio dinheiro quando tinha vinte e um anos, então ela não deu a mínima para o quê sua família pensava
do que era apropriado.
- Eu nunca vi a foto - Cade falou, indagando a si mesmo se deveria sentir-se arrependido ou grato, devido as circunstâncias. - Mas criou uma certa agitação.
- Era o que ela queria. - Os lábios de Bailey se curvaram novamente. - Grace gosta de causar agitações. Ela foi modelo por um tempo, porque a divertia. Mas
não a satisfazia. Eu acho que ainda procurava pelo que a satisfaria. Trabalha muito duro pela caridade, viaja a vontade. Ela se chama a última das diletantes, mas
não é verdade. Faz um ótimo trabalho para as crianças carentes, mas não mandou publicar. Ela foi tremendamente compassiva e generosa para os necessitados.
- A bartender, a socialite e a especialista em pedras preciosa. Um trio incomum.
Isso a fez sorrir.
- Eu acho que parece desse jeito.Nós...eu não quero soar esquisita, mas nós nos reconhecemos. Foi simples assim. Eu não espero que você entenda.
- Quem entenderia melhor? - ele murmurou. - Eu a reconheci.
Ela olhou para cima, encontrou os olhos dele.
- Saber quem sou não resolveu nada. Minha vida está uma bagunça. Coloquei minhas amigas em um perigo tremendo e não sei como ajudá-las. Não sei como parar
o que eu comecei.
- Dando o próximo passo. - Ele levantou a mão dela, beijou os nós dos dedos. - Vamos voltar para casa, pegar a sacola de lona, e contatar um camarada meu na
polícia.Vamos achar suas amigas, Bailey.
Ele olhou para o céu enquanto as nuvens encobriam o Sol.
- Parece que finalmente teremos aquela chuva.
* * * *
Timothy Salvini engoliu outro analgésico. Seu rosto ardia tão terrivelmente que era difícil pensar. Mas pensar era o que ele tinha de fazer. O homem que tinha
ordenado que cortassem seu rosto e então pedira que seu médico pessoal o atendesse, tinha lhe dado sua última chance.
Se ele não achasse Bailey e pelo menos um dos diamantes até o cair da noite, não haveria um lugar na Terra onde pudesse se esconder.
E medo era um obstáculo maior que a dor.
Não sabia como podia ter dado tudo tão errado. Tinha planejado, não tinha? Cuidado dos detalhes enquanto Thomas enterrava a cabeça na areia.
Era o que tinha entrado em contato, aproximado-se, pois era o que tinha cérebro, se lembrou. Ele era o que sabia como jogar o jogo.
E era ele quem tinha feito o acordo.
Thomas tinha hesitado no começo. Mas metade de dez milhões de dólares fizeram seu gêmeo concordar com tudo, e teria satisfeito sua própria ganância por uma
fortuna verdadeira. Não os problemas e cobranças que seu negócio trazia, por mais que fosse bem sucedido. Mas dinheiro de verdade, dinheiro para sonhar.
Então Thomas decidiu ser egoísta. Esperou até a décima primeira hora, quando tudo estava acertado. Ele tinha planejado trair sua própria carne e sangue.
Oh, tinha ficado furioso ao perceber que Thomas tinha planejado pegar os milhões, mais os depósitos e deixar o país, deixando todo o risco e a responsabilidade
de tudo em cima dele.
Por que tinha medo, Salvini pensou agora. Por que estava preocupado com Bailey, e o que ela sabia. Putazinha intrometida, estava sempre no caminho. Mas ele
cuidaria dela, ele cuidaria de tudo, se Thomas não tivesse ameaçado estragar o plano inteiro.
A discussão tinha saído de controle, pensou, esfregando uma mão sobre a boca. Tudo tinha saído de controle. Os gritos, a raiva, a tempestade.
E de alguma maneira a faca estava lá, em sua mão. Grudada em sua mão, e já manchada de sangue antes ele percebeu.
Não tinha conseguido parar. Simplesmente não tinha conseguido parar. Ele tinha ficado um louco por um momento, admitiu. Não tinha sido só o estresse, a sensação
de traição, a fúria de ser passado para trás por seu próprio irmão.
E ela tinha estado lá. Olhando para ele com aqueles olhos arregalados. Encarando-o pela escuridão.
Se não fosse pela tempestade, se não fosse pela escuridão, a teria encontrado e cuidado dela. Ela tinha tido sorte, apenas isso, sorte. Ele era o que tinha
o cérebro. Não era sua culpa. Nada disso era sua culpa.
Mas ele estava levando a culpa por tudo.Sua vida estava em perigo por causa do covarde de seu irmão e a ordinária da mulher que era alvo de seu ressentimento
há anos.
Tinha certeza que ela tinha sumido com pelo menos uma das pedras. Ele tinha encontrado o recibo do mensageiro na bolsa que tinha deixado no escritório quando
ela fugiu. Ela era esperta, ponderou.
Ela sempre tinha pensado que era a mais esperta. Pequena Miss Perfeição, engraçando-se para seu pai, voltando de sua faculdade chique com honras e prêmios.
Honras e prêmios não significam nada nos negócios. Ser perspicaz significava.
Coragem também. Sagacidade também.
E Timothy Salvini tinha os três.
Ele teria cinco milhões de dólares, também, se seu irmão não tivesse bambeado e alertado Bailey então perdido a razão e tentado passar para trás seu cliente.
Cliente, ele pensou, levemente tocando a bandagem no rosto. Era mais como um mestre agora, mas isso também iria mudar.
Ele pegaria o dinheiro, a pedra, encontraria as outras. Então fugiria, rápido. Por que Timothy Salvini tinha olhado nos olhos do diabo. E ele ERA inteligente
o suficiente para saber que uma vez que as pedras estivessem na mão do diabo, ele não serviria para mais nada.
Então seria um homem morto.
Ele tinha sido esperto o suficiente para esperar .Gastando horas do lado de fora do apartamento esperando Bailey voltar.Ele sabia que ela voltaria.Ela era uma
criatura de hábitos, previsível como o nascer do Sol .E ela não o tinha desapontado.
Quem diria que alguém tão... comum poderia arruinar todos seus planos? Separando as pedras, dispersando-as para diferentes direções.
Oh, isso tinha sido inexplicavelmente esperto da parte dela. E extremamente inconveniente para ele. Mas seu trabalho agora era concentrar-se em Bailey. Outros
estavam concentrados nas outras mulheres. Ele lidaria com isso em tempo, mas por agora sua paciência tinha sido recompensada.
Tinha sido muito fácil, na verdade. O carro chique tinha parado, Bailey tinha descido. E um homem segui-a, com muita pressa para trancar o carro.
Salvini tinha pego a caderneta no porta luva, anotado a placa.
Agora estava quebrando a janela da lateral da porta da casa vazia, e entrando sorrateiramente.
A faca que tinha usado para matar o irmão estava presa no seu cinto.Muito mais silenciosa que um revólver, e tão boa quanto, ele sabia.

Capítulo 12
- Mick é um bom policial, - Cade falou para Bailey enquanto parava o carro na garagem. - Ele vai te escutar, e ele vai limpar a parte vermelha para conseguir
respostas.
- Se eu tivesse ido diretamente a ele...
- Nós não estaríamos muito mais longe do que estamos agora - Cade disse, interrompendo-a. - Talvez não tão longe. Você precisava de tempo. O quê você enfrentou,
Bailey. - Arrepiava-o só de pensar. - Se dê um tempo. - Ele cerrou os dentes enquanto lembrava que tinha sido muito rude com ela, empurrando-a para o prédio onde
tudo tinha acontecido. - Desculpe-me, fui muito duro com você.
- Se você não tivesse me forçado, eu poderia ter adiado isso para sempre. Evitando tudo.Eu queria fazer isso.
- Eu a estava pressionando. Estava machucando-a. - Ele se virou, pegou o rosto dela entre as mãos. - Mas se você não tivesse bloqueado tudo, poderia ter ido
diretamente para seu apartamento. Como um pombo correio, chamando suas amigas. Ele a teria encontrado.Todas vocês.
- Ele teria me matado. Não queria enfrentar isso. Não podia, eu acho. Eu pensava nele como meu irmão por mais de dez anos, o defendi e a Thomas para M.J. e
Grace. Mas ele teria me matado.E a elas também.
Quando ela estremeceu, ele fez um gesto com a cabeça.
- O melhor que você fez pelas três foi se perder por um tempo. Ninguém iria procurá-la por aqui. Por que iriam?
- Eu espero que você esteja certo.
- Estou.Agora o próximo passo é trazer os policiais, pedir para colocarem uma patrulha atrás de Salvini. Ele está assustado, está machucado e desesperado.
Não acho que vá demorar.
- Ele vai ter que dizer quem o contratou. - Bailey relaxou um pouco. - Ele não é forte o bastante para fazer o contrário.Se ele pensar que pode fazer algum
tipo de acordo com as autoridades, ele vai falar.E Grace e M.J...
- Elas ficaram bem. Estou ansioso para conhecê-las. - Ele se inclinou, abriu a porta para ela.Trovões soaram, fazendo seu olhar ficar ansioso e ele apartou
a mão dela. - Iremos todos ao pub, nos divertiremos muito.
- Está marcado. - Feliz com a imagem, ela desceu, pegou a mão dele. - Quando isso acabar, talvez você possa me conhecer melhor.
- Meu amor, quantas vezes vou ter que dizer? Eu já a conhecia no minuto que você atravessou aquela porta. - Ele pegou as chaves e colocou na fechadura.
Foi um cego instinto e sua inata necessidade de proteger, que salvou sua vida.
O movimento foi um borrão no canto de seu olho. Cade virou-se para ele, empurrando Bailey para trás.O rápido movimento fez com que a faca o pegasse no braço,
em vez do alvo original, suas costas.
A dor foi imediata e forte. Sangue empapava sua camisa, escorria por seu pulso, antes que pudesse dar uma olhada. Havia apenas um pensamento em sua mente, Bailey.
- Sai daqui! - ele gritou enquanto lidava com a nova investida da faca. - Corra!
Mas ela congelou, chocada pelo sangue, nauseada pelo repetição de um novo ataque.
Tudo aconteceu tão rápido.Ela tinha certeza que não tinha nem respirado. Mas viu o rosto de seu irmão, as duas bochechas enfaixadas com gaze, uma marca em cima
da sobrancelha esquerda.
Morte em seus olhos, novamente.
Ele investia contra Cade que foi em sua direção, agarrou o pulso da mão que mantinha a faca de Timothy. Eles investiam um contra o outro, seus rostos próximos
como o de amantes, o cheiro de suor, sangue e violência enchia o ar.
Por um momento, eles eram apenas sombras no vestíbulo, suas respirações eram pesadas e rápidas como o trovão que retumbou.
Ela viu a faca próxima ao rosto de Cade, até que a ponta da faca estivesse muito perto de seu queixo, enquanto escorregavam no sangue que manchava a madeira
no chão do vestíbulo, como dançarinos obscenos.
Seu irmão iria matar novamente, e ela iria ficar parada e assistir.
Ela voltou a si.
Era um gesto impensado, um movimento animal. Ela pulou nas costas dele, agarrou-se aos cabelos escuros, soluçando e xingando. O súbito impulso empurrou Cade
cambaleando para trás, sua mão pingando, sua visão escurecendo.
Com um grito de dor quando ela enfiou os dedos em seu rosto, Salvini jogou-a de cima dele.A cabeça dela bateu no degrau, fez a escada rodar em sua cabeça, doendo
como um raio. Mas então ela já estava em pé e de volta nele como uma desforra.
Foi Cade que puxou-a, empurrou-a para trás, fora do alcance da faca que passou perto do rosto dela. Então a força de Cade mandou ambos para cima da mesa. Caíram
no chão, de joelhos. O pensamento na mente de Cade era viver o suficiente para manter Bailey em segurança.
Mas suas mãos estavam escorregadias de sangue e não iriam segurá-lo por muito tempo. Usando toda sua força, ele avançou para Timothy e torceu a mão que segurava
a faca, afastando a lâmina de seu próprio coração, então empurrou-a.
Quando ele caiu fracamente para o lado, ele soube que tinha acabado.
Bailey estava rastejando até ele, soluçando seu nome. Ele viu seu rosto machucado. Ele conseguiu levantar a mão e tocá-la.
- Você deveria ter deixado todo o heroísmo para mim. - A voz dele soava fraca, longe, para seus próprios ouvidos.
- Você está muito machucado? Oh Deus, você está sangrando muito. - Ela estava fazendo algo em seu braço, mas não parecia funcionar. Virando a cabeça, ele olhou
para o rosto de Salvini.Os olhos estavam nele, apagando mas ainda atento. Cade limpou a garganta.
- Quem o contratou seu bastardo?
Salvini sorriu devagar. Acabou em uma careta. Seu rosto estava ensangüentado, os curativos caídos, a respiração fraca.
- O diabo. - foi tudo o que ele disse.
- Bem, diga olá quando encontrá-lo no inferno. - Cade lutou para focar em Bailey novamente. Suas sobrancelhas estavam juntas em concentração. - Você precisa
de seus óculos para fazer tarefas tão de perto, querida.
- Quieto. Deixe-me estancar o sangue antes de chamar uma ambulância.
- Eu deveria dizer que é só um arranhão, mas a verdade é que dói pra burro.
- Eu sinto muito. Muito mesmo. - Ela queria deitar a cabeça em seu ombro e chorar, apenas chorar. Mas continuou a fazer uma compressa com o que tinha rasgado
de sua camisa e pressionava firmemente contra o longo, e profundo corte. - Eu vou chamar uma ambulância assim que terminar essa bandagem. Você vai ficar bem.
- Ligue para o Detetive Mick Marshall.Tenha certeza de chamar por ele, use meu nome.
- Vou fazer isso. Fique quieto. Eu vou fazer.
- O que, Deus, está acontecendo aqui?
A voz o fez encolher-se.
- Diga que eu estou alucinando, - ele murmurou. - Diga-me, e eu estou implorando, diga-me que não é a minha mãe.
- Bom Deus, Cade, o que foi que você fez? Isso aí é sangue?
Ele fechou os olhos. Vagamente escutou Bailey, em um firme, tom de voz, ordenar a sua mãe que chamasse uma ambulância. E, agradecido, ele desmaiou.


Ele voltou a si na ambulância, com Bailey segurando sua mão, chuva caindo pesadamente no teto. E de novo no pronto socorro, com luzes brilhando em seus olhos
e pessoas gritando. A dor era como um animal arrancando pedaços de seu braço.
- Eu posso tomar alguma droga? - ele perguntou, em tom mais educado o possível e desmaiou novamente.
A próxima fez que ele voltou a si, estava em uma cama. Ele percebeu, ainda de olhos fechados, até que testasse o nível de dor e consciência. Deu um seis para
dor de uma escala de dez, mas parecia estar totalmente acordado dessa vez.
Ele abriu os olhos e viu Bailey.
- Oi. Eu esperava que você fosse a primeira pessoa que eu visse quando acordasse.
Ela levantou-se da cadeira ao lado da cama e pegou sua mão.
- Vinte e seis pontos, nenhum músculo danificado.Você perdeu muito sangue, mas eles colocaram mais em você. - Então ela sentou-se na beirada da cama e se permitiu
chorar.
Ela não tinha se permitido derrubar uma lágrima enquanto lutava para estancar o sangramento enquanto ele estava caído no chão. Nem na ambulância, correndo pelas
ruas molhadas da chuva e raios e trovões riscando o céu.
Nem durante o tempo que passou nos corredores do hospital, ou durante a dor de cabeça de ter que lidar com os parentes dele. Nem mesmo quando ela lutou para
contar a polícia o que tinha acontecido.
Mas agora ela se deixou chorar.
- Desculpe-me - disse quando parou de chorar.
- Dia difícil, né?
- De todos esses dias, esse foi o pior.
- Salvini?
Ela olhou pela janela onde a chuva ainda caia.
- Ele está morto. Eu chamei a polícia. Chamei o Detetive Marshall. Ele está aí fora esperando você acordar e para que os médicos o deixem entrar. - Ela parou,
alisou os lençóis. - Eu tentei contar tudo, esclarecer tudo. Eu não sei se fui muito bem, mas ele fez anotações, fez perguntas. E está preocupado com você.
- Vamos voltar um pouco. Nós vamos esclarecer tudo, Bailey, - ele falou para e alcançou a mão dela de novo. - Você consegue agüentar mais um pouco?
- Sim, o quanto precisar.
- Fale para o Mick me tirar daqui.
- Isso é ridículo. Você vai ficar de observação.
- Eu tenho pontos no braço, não um tumor cerebral. Eu vou para casa, beber uma cerveja e contar tudo para Mick.
Ela levantou o queixo.
- Sua mãe disse que você ia começar a choramingar.
- Eu não estou choramingando, eu... - Ele parou, estreitou os olhos enquanto sentava. - O que você quer dizer, com minha mãe? Eu não estava alucinando?
- Não, ela tinha passado para lhe dar uma chance de se desculpar, o que aparentemente você nunca faz.
- Ótimo, tome o lado dela.
- Eu não estou do lado de ninguém. - Bailey se abraçou, balançou a cabeça. Eles poderiam realmente estar tendo esta conversa nesse momento? - Ela estava apavorada,
Cade, quando percebeu o que estava acontecendo, que você estava machucado. Ela e o seu pai...
- Meu pai? Eu pensei que ele estava em Montana.
- Ele chegou esta manhã. Eles estão na sala de espera agora, mortalmente preocupados com você.
- Bailey, se você tiver a mínima afeição por mim, faça eles irem embora.
- Eu certamente não vou fazer isso e você devia se envergonhar.
- Vou me envergonhar depois. Eu só tenho pontos. - Não ia funcionar.Ele podia ver isso. - Tudo bem, vamos fazer assim.Você pode deixar meus pais entrarem e
vou esclarecer tudo com eles. Então eu quero ver o médico e sair daqui. Nós vamos falar com Mick em casa e esclarecer as coisas lá.
Bailey cruzou os braços.
- Ela disse para sempre esperar que resolva as coisas do seu jeito. - Com isso, ela se virou e marchou para a porta.


Precisou de muito charme, argumentos e subornos, mas em três horas, Cade estava deitado em seu sofá. Levou mais duas horas, com a distração de Bailey paparicando-o,
para colocar Mick a par das coisas desde Quinta-feira à noite.
- Você sempre foi um garoto ocupado, Parris.
- Hey, investigadores particulares não ficam comendo doughnuts e bebendo café, parceiro.
Mick resmungou.
- Falando em café - Ele olhou para Bailey - Eu não quero ser indelicado, Srt James.
- Oh. - Ela se levantou. - Vou fazer um bule fresquinho. - Ela pegou sua xícara vazia e correu para a cozinha.
- Sutil, Mick, muito sutil.
- Escute - Mick se inclinou para mais perto. - O Tenente não vai ficar nada feliz com dois corpos e dois diamantes desaparecidos.
- O Buchanan nunca está feliz.
- Ele não gosta de brincar de policia como você, mas tem muitos ângulos ruins neste caso. Sua amiguinha esperou quatro dias para denunciar um assassinato,
um dos assassinatos.
- Ela não lembrava. Ela bloqueou tudo.
- Sim, ela disse. E eu, acredito nela. Mas o tenente...
- Buchanan não terá nenhum problema com isso, você mande ele falar comigo. - Enraivecido, Cade sentou-se e ignorou a dor no braço. - Bom Deus, Mick, ela viu
um dos irmãos matar o outro e então tentar matá-la.Você vá até a cena, olhe o que ela viu, então me diga como é esperado que um civil responda a isso.
- OK. - Mick levantou a mão. - Mudando para os diamantes.
- Ela os estava protegendo.Eles já teriam sumido, se ela não tivesse feito algo. Você tem o depoimento dela e o meu. Você sabe exatamente como aconteceu. Ela
estava tentando completar o círculo desde que chegou até mim.
- É assim que eu vejo - Mick disse depois de um momento, e olhou para a sacola de lona perto de sua cadeira. - Ela entregou tudo. Não há nenhuma questão aqui
sobre auto defesa. Ele abriu um buraco na porta dos fundos, entrou, esperou por você. - Mick passou uma mão pelo cabelo espetado.Ele sabia como teria sido fácil
acabar tudo de outra maneira. Como poderia ter sido fácil perder um amigo. - Falei para você colocar um alarme.
Cade deu de ombros.
- Talvez eu coloque, agora que eu tenho algo para proteger.
Mick deu uma olhada na cozinha.
- Ela é, ah, um achado.
- Sim, meu achado. Nós precisamos achar M.J. O´Leary e Grace Fontaine, Mick, e rápido.
- Nós?
- Eu não vou ficar sentado em cima da bunda esperando.
Mick concordou de novo.
- Tudo o que temos sobre O´Leary é uma bagunça em seu apartamento, o quê parece uma bela briga, e que ela fugiu com algum cara usando rabo de cavalo. Parece
que ela desapareceu na terra.
- Ou estão segurando ela lá - Cade murmurou, dando uma olhada sobre o ombro para ter certeza que Bailey não estava escutando. - Eu contei a você sobre a mensagem
na secretária de Bailey.
- Sim. Não tem como rastrear a mensagem, mas colocamos um grampo lá. E enquanto a Fontaine, temos um homem checando a casa dela em Potomac, e estamos procurando
seu canto lá nas montanhas. Eu devo saber algo em algumas horas. - Ele levantou e pegou a sacola, sorriu. - Nesse meio tempo, eu tenho de levar isso até Buchanan,
vê-lo dançar com os superiores do Smithsonian. - Ele teve que rir, sabendo o quanto seu tenente odiava bancar o diplomata de terno. - Quanto você acha que as pedras
valem?
- Até agora, pelo menos duas vidas, - Bailey disse enquanto carregava uma bandeja com café.
Mick limpou a garganta.
- Sinto muito por suas perdas, Srta.James.
- Eu também. - Mas ela viveria com aquilo. - As Três Estrelas de Mithra não tem preço, Detetive. Naturalmente, por razões de seguro e assim por diante, o Smithsonian
requereu uma profissional para assegurar o valor de mercado.Mas qualquer valor em dólares que eu coloque neles como uma especialista é inútil, realmente. Amor, sabedoria
e generosidade. Isso não tem preço.
Sem saber direito como agir, Mick mudou de posição.
- Sim, senhora.
Ela forçou um sorriso para ele.
- Você é muito gentil e paciente. Eu estou pronta para quando o senhor quiser ir.
- Ir?
- Para a delegacia. Você tem que prender, não tem?
Mick coçou a cabeça, mudou de posição de novo.Era a primeira vez em seus vinte anos de carreira que uma mulher lhe servia o café, então educadamente pedia para
ser presa.
- Eu vou ter um trabalhão com tudo isso. Não que eu não queira que você fique disponível, mas eu imaginei que Cade iria cuidar de tudo.E imagino que o museu
irá querer ter uma longa conversa com você.
- Eu não vou para a cadeia?
- Agora ela ficou pálida. Sente-se, Bailey. - Para assegurar que ela o fizesse, Cade pegou sua mão com seu braço bom e puxou-a.
- Eu presumi, até os diamantes serem recuperados...eu seria responsável.
- Seus irmãos foram os responsáveis - Cade corrigiu-a.
- Eu tenho que concordar com isso - Mick disse - Eu vou pegar uma chuva e perder seu café. Mas posso precisar falar de novo com você, Srta.James.
- Minhas amigas?
- Nós estamos cuidando disso. - Ele cumprimentou Cade e foi embora.
- Timothy não pode machucá-las agora, - ela murmurou. - Mas quem o contratou...
- Só quer os diamantes, não suas amigas.O provável seja que Grace esteja nas montanhas, e M.J está fora servindo bebidas para uns caras.
Isso quase a fez sorrir.
- Você está certo. Vamos saber delas logo. Tenho certeza.Eu saberia se algo acontecesse com elas. Eu sentiria. - Ela serviu uma xícara de café, então deixou-a
entocada. - Elas são a única família que tenho agora. E acho que a única que eu tive por um longo tempo. Eu apenas fingi o contrário.
- Você não está sozinha, Bailey. Sabe disso.
Não, ela não estava sozinha. Ele estava ali, esperando.
- Você deveria deitar-se, Cade.
- Venha comigo.
Ela se virou e pegou o olhar maroto dele.
- E descansar.
- Não estou cansado.
O sorriso dela sumiu e os olhos ficaram escuros e sérios.
- Você salvou meu EU.
Ele pensou no jeito que ela tinha pulado nas costas de Salvini, mordendo e arranhando como uma gata selvagem.
- Eu acho que foi uma coisa mútua essa coisa de quem salvou quem.
- Você salvou minha vida - ela disse novamente, devagar - No minuto que eu entrei em seu escritório. Eu estaria perdida sem você. Hoje, você foi meu escudo,
lutou por mim. Arriscou a vida para me proteger.
- Eu sempre quis derrubar o dragão pela donzela.Você me deu essa chance.
- Não é cavaleiro de armadura branca ou Sam Spade. - A voz dela ficou rouca de emoção. - Foi sangue real saindo de você. Meu irmão que virou a faca em sua
direção.
- E em você - ele lembrou-a - Você não tem responsabilidade pelo que ele fez e acho-a bastante inteligente para que pense que é.
- Estou tentando ser. - Ela se virou por um momento, até que estivesse centrada. - Se tivesse acontecido de outro jeito, se você tivesse morrido, quem mais
eu iria culpar? Eu o procurei. Eu trouxe tudo isso para você.
- É o meu trabalho. - Ele levantou-se, elevou um pouco a voz. - Você vai terá algum problema com isso? O que eu faço para viver? Os riscos que envolvem?
- Eu ainda não pensei tão longe - Ela voltou-se, encarou-o. - O que você fez por mim vem primeiro. Eu nunca serei capaz de recompensá-lo.
Em um movimento impaciente, ele tirou o cabelo do rosto.
- Você vai me irritar, Bailey.
- Não, eu vou dizer o que tenho de dizer.Você acreditou em mim, desde o começo.Trouxe-me para sua casa. Comprou-me uma escova de cabelo. Algo simples, milhares
não teriam percebido. Você me escutou e prometeu ajuda. E hoje quase morreu por isso.
Os olhos dele ficaram afiados.
- Você quer que eu diga que morreria por você? Acho que morreria. Mataria por você? Sem questionar. Você não é uma fantasia minha, Bailey. Você é o que trouxe
realidade para o lugar.
O coração dela pulou para a garganta e engoliu em seco.Ele estava bravo com ela de novo, notou.Os olhos estavam impacientes em seu rosto carrancudo. Seu braço
estava em bandagens do cotovelo ao ombro e deveria ser dolorido.
E ele era dela.
- Eu acho que estou tentando adivinhar o porquê?
- Você quer ser racional onde a razão não entra. Não é uma peça do quebra cabeça, Bailey.É o quebra cabeça inteiro. - Frustrado, ele afundou uma mão nos cabelos.
- Amor era a primeira Estrela, não era? E isso aqui também.
Assim simples, ela percebeu. Assim poderoso. Pressionando os lábios, ela deu um passo na direção dele.
- Eu sou Bailey James - ela começou. - Tenho vinte e cinco anos e moro em Washington, D.C. Sou especialista em pedras preciosas. Sou solteira.
Ela tinha que parar concentrar-se antes que balbuciasse.
- Sou organizada. Uma de minhas amigas mais próximas diz que organização é uma religião para mim e eu receio que ela esteja certa.Eu gosto de tudo em seu lugar.
Gosto de cozinhar, mas não faço isso sempre por que moro sozinha. Gosto de filmes antigos, especialmente filmes preto e branco.
Ele estava sorrindo agora, mas ela balançou a cabeça.Tinha que ter mais que isso.
- Deixe-me pensar - ela balbuciou, impaciente consigo mesma. - Eu tenho um fraco por sapatos Italianos. Eu prefiro ficar um mês sem almoço do que sem um bom
par de sapatos. Eu gosto de boas roupas e antiguidades.Eu prefiro comprar uma coisa boa do que várias inferiores. Essa mesma amiga chama-me de esnobe das liquidações
e é verdade. Eu prefiro procurar pedras do que ir a Paris, apesar de que não me importaria de fazer os dois juntos.
- Eu aceito você.
Mas ela balançou a cabeça novamente.
- Eu não terminei. Eu tenho falhas, um monte de falhas.Algumas vezes eu leio até tarde da noite e acabo dormindo com a luz acesa e a TV ligada.
- Bem, vamos ter que dar um jeito nisso.
Ele deu um passo para frente, mas ela deu um passo para trás, levantou a mão.
- Por favor. Eu aperto os olhos sem meus óculos de leitura e eu odeio usá-los porque sou vaidosa, então eu vivo apertando os olhos. Eu não namorei muito na
faculdade, porque eu era tímida, estudiosa e chata. Minha única experiência sexual foi recentemente.
- É mesmo? Se você calasse a boca poderia ter outra experiência sexual.
- Eu não terminei - Ela disse firmemente, como uma professora reclamando com um aluno bagunceiro - Sou boa no meu trabalho.Eu desenhei esses anéis.
- Eu sempre admirei eles. Você fica tão linda séria, Bailey. Eu tenho que colocar minhas mãos em você.
- Eu tenho ambições - ela continuou, fugindo quando ele tentou agarrá-la. - Eu pretendo ser bem sucedida no que faço. E eu gosto de fazer meu nome por mim
mesma.
- Se você vai me fazer persegui-la ao redor do sofá, pelo menos me de uma vantagem. Eu tenho pontos.
- Eu quero ser importante para alguém. Quero saber que importo.Eu quero ter filhos e cozinhar no dia de Ação de Graças. Eu quero que você entenda que eu tentei
ser sensível sobre isso, por que é assim que eu sou. Eu sou precisa e sou prática e posso ser tediosa.
- Eu nunca passei um fim de semana tão tedioso em toda minha vida - ele disse secamente. - Eu mal pude manter meus olhos abertos - Quando ela riu, ele a alcançou
e puxou-a para seus braços. E praguejou quando a dor no braço subiu direto para o ombro.
- Cade, se você abrir esses pontos...
- Você é precisa e prática, pode me examinar. - Ele levantou o queixo dela com os dedos, sorriu. - Você já terminou?
- Não. Minha vida não vai assentar até M.J e Grace voltarem e eu saber que estão seguras e as Três Estrelas estiverem de volta no museu.Vou ficar preocupada
até lá. Sou muito boa em me preocupar, mas acho que você já sabe disso.
- Vou escrever em caso escape de minha memória. Agora, por que você não me leva lá para cima e brinca de médica?
- Tem mais uma coisa - Quando ele rolou os olhos, ela tomou fôlego - Eu te amo muito.
Ele ficou parado e os dedos em seu queixo enrijeceram. Emoções o atravessaram, doces e potentes como vinho. Podia não haver estrelas em seus olhos, ele pensou,
mas seu coração estava neles. E pertencia a ele.
- Levou um bom tempo até chegar aqui.
- Achei que era o bom lugar para terminar.
Ele a beijou por um longo, gentil tempo.
- É melhor ainda para começar - ele murmurou.
- Eu te amo, Cade - ela repetiu e tocou nos lábios dele novamente - A vida começa agora.

Epílogo
Uma Estrela estava fora de alcance, por enquanto. Ele sabia que no momento estava nas mãos das autoridades. Ele não tinha praguejado ou amaldiçoado os deuses
.Ele era, a pesar de tudo, um homem civilizado. Só tinha mandado seu mensageiro trêmulo para um solitário bloco de gelo.
Agora, estava sentado em sua sala do tesouro, batendo os dedos sobre um cálice de ouro cheio de vinho. Música enchia o ar, acalmando-o.
Ele adorava Mozart e gentilmente seguia o ritmo com a mão.
A mulher tinha causado um grande problema para ele. Salvini a tinha subestimado, tinha lhe dito que ela não era nada mais do que um brinde, um animalzinho de
estimação de seu pai.
Com um pouco de cérebro, claro, e inegável habilidade, mas sem coragem. Um ratinho de mulher, tinham dito, que se fechava com suas pedras e cuidava de sua própria
vida.
O erro foi confiar na estimativa de Salvini sobre Bailey James.
Mas ele não iria errar novamente. Riu sozinho. Ele não seria associado ao roubo, já que a Srta.James e seu protetor tinham lidado com Timothy Salvini. E com
essa conveniência, não havia nada para ligá-lo com as pedras, com as mortes. E nada para impedi-lo de completar seu plano, com alguns ajustes, claro. Ele poderia
ser flexível quando necessário.
Duas Estrelas ainda estavam livres, ainda perdidas ou escondidas.Ele podia vê-las se fechasse os olhos, pulsando contra a luz, esperando que eles a pegassem
para uni-las com a terceira. Abraçar seus poderes.
Logo ele as uniriam. Quem ficasse em seu caminho seria removido.
Era uma pena, na verdade. Não havia necessidade de violência. Não teria precisado derrubar uma gota de sangue. Mas agora já tinha acontecido, bem...
Ele sorriu para si mesmo e bebeu um longo e caloroso gole de vinho tinto. Sangue, ele pensou, teria sangue.
Três mulheres, três pedras, três Estrelas. Era quase poético. Ele podia apreciar a ironia disso. E quando o triângulo dourado estivesse completo, quando as
Três Estrelas de Mithra fossem dele, poderia afagá-las quando estivessem colocadas no altar, e quando isso acontecesse pensaria nas mulheres que tentaram mudar o
destino.
Ele lembraria delas com algum afeto, até admiração.
Ele esperava poder arranjar para que todas morressem poeticamente.

Fim

Traduzido e corrigido por
Projeto_romances
PROJETO_ROMANCES@YAHOO.COM.BR

Tradução Juliana

1 Personagem criado por Dashiell Hammett, um detetive particular. Filmes: The Maltese Falcon
2 Revista Inglesa de personalidades, famosos, moda e afins.
3Edificio do Congresso Americano
4 Referência a Aladin e os sete ladrões, conto que fala sobre um esconderijo de ladrões cheio de riquezas.
5 Dia da Independencia dos E.U.A.
6 Certo período Grego, nem me pergunte qual!
??
Espero que tenham gostado e vamos para o segundo livro, onde a maior
parte do livro se da em volta de novos personagens, uma outra amiga,
mas envolto na mesma história.
??
Até mais.
??

??

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