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segunda-feira, 13 de junho de 2011

Personagens da História. 100 grandes personagens que mudaram o mundo.

Personagens da História,

INTRODUÇÃO 6
ABRAÃO 7
MOISÉS 8
DAVID 9
CIRO, "O GRANDE" 10
CONFÚCIO 11
BUDA 12
SÓCRATES 13
ALEXANDRE, "O GRANDE" 14
ANIBAL 15 DUQUE DE WELLINGTON76 77
JÚLIO CÉSAR 16
JESUS CRISTO 17
BOADICEIA 18
ÁTILA, "O HUNO" 19
GREGÓRIO, "O GRANDE" 20
MAOMÉ 21
CARLOS MAGNO 22
ALFREDO, "O GRANDE" 23
CANUTO 24
CHAO KANG-YIN 25
GUILHERME, "O CONQUISTADOR" 26 27
JOÃO SEM-TERRA 28
GENGISCÃO 29
WAT TYLER 30
JOANA D'ARC 31
IMPRESSÃO 32 33
CRISTÓVÃO COLOMBO 34 35
HERMÁN CORTÉS 36
SOLIMÃO, "O MAGNÍFICO" 37
A REFORMA 38 39
HENRIQUE VIII40 41
THOMAS CRANMER 42
MARIA I 42 43
ISABEL I 44 45
SIR FRANCIS DRAKE 46
SIR WALTER RALEIGH 47
MARIA, RAINHA DOS ESCOCESES 48
GUY FAWKES 50
OS "PILGRIM FATHERS" 51
A REVOLUÇÃO INGLESA 52 53
CARLOS II 54 55
LUIS XIV 56 57
SIR ISAAC NEWTON58
JOHN WESLEY 59
CATARINA, "A GRANDE" 60 61
ROBERT CLIVE 62
CAPITÃO COOK 62 63
JAMES WOLFE 64
JORGE III 65
A REVOLUÇÃO AMERICANA 66 67
THOMAS PAINE 68
DANIEL BOONE 69
A REVOLUÇÃO FRANCESA 70 71
NAPOLEÃO BONAPARTE 72 73
HORÁCIO NELSON 74 75
ARTHUR WELLESLEY, DUQUE DE WELLINGTON 76 77
CHAKA 78
SIMÃO BOLIVAR 78 79
A REVOLUÇÃO INDUSTRIAL I 80 81
A REVOLUÇÃO INDUSTRIAL II 82 83
RAINHA VITÓRIA 84 85
CANAIS, ESTRADAS, PONTES 86 87
CECIL RHODES 88 89
CHARLES DARWIN 90 91
OTTO, PRÍNCIPE DE BISMARCK 92
KARL MARX 93
ABRAHAM LINCOLN 94 95
A REVOLUÇÃO NA MEDICINA I 96 97
A REVOLUÇÃO NA MEDICINA II 98 99
A ERA DOS CAMINHOS-DE-FERRO 100 101
ISAMBARD KINGDOM BRUNEL 102 103
A REVOLUÇÃO NAS COMUNICAÇÕES I 104 105
A REVOLUÇÃO NAS COMUNICAÇÕES II 106 107
DIREITO DE VOTO PARA AS MULHERES 108 109
O AUTOMÓVEL 110 111
A CONQUISTA DO AR 112 113
SIGMUND FREUD 114
SIR ALEXANDER FLEMING 115
A ERA ATÓMICA 116 117
JOHN LOGIE BAIRD 118
LENINE 119
BENITO MUSSOLINI 120
ADOLF HITLER 121
SIR WINSTON CHURCHILL 122
CHARLES DE GAULLE 123
MAO TSÉ-TUNG 124
TITO 125
MAHATMA GANDHI 126
MARTIN LUTHER KING 127
COMPUTADORES E FOGUETÕES 128 129
INDICE REMISSIVO 130 131

@INTRODUÇÃO

No centro de todos os momentos decisivos da História estão as
pessoas. Quer sejam indivíduos, ou grupos específicos ou nações,
as grandes figuras da História surgem por vezes a partir de um
simples acontecimento fortuito ou de alterações mais vastas que
abalam a sociedade. Estas pessoas deram um contributo
significativo para o desenvolvimento do mundo, tal como hoje o
conhecemos. Oriundos de áreas como a religião, a política ou a
ciência, o poder das suas convicções, filosofias ou criatividade
moldou as sociedades através dos séculos. A História é um assunto
vivo; certas figuras que estão hoje vivas serão as grandes
figuras da História de amanhã.

A criação do mundo religioso deve muito a homens como Abraão, o
papa Gregório e John Wesley, para mencionar apenas três nomes.
Por detrás das revoluções estão nomes como Oliver Cromwell,
Thomas Paine e Robespierre. A indústria avançou com o esforço de
homens como Richard Arkwright e James Watt, enquanto as
comunicações se revelaram ao mundo com a ajuda de George
Stephenson, Henry Ford e Marconi. Dos líderes dos tempos de
guerra--Winston Churchill e Charles de Gaulle--aos líderes das
transformações pacíficas como Mahatma Gandhi e Martin Luther
King, todas as figuras históricas marcam um período em que o
mundo deu um passo irrevogável no caminho do futuro. Alguns
tornaram-se infames pelos seus feitos como Hitler e Mussolini;
por outro lado, verifica-se um forte contraste no empenhamento de
Darwin e Florence Nightingale, que se esforçaram respectivamente
por desenvolver o conhecimento e as condições de vida da
humanidade.

Em Personagens da História, fizemos uma selecção de algumas das
personagens mais famosas que criaram a vida actual. Faltam muitos
nomes, mas aqueles cujas vidas referimos brevemente nesta obra
foram incluídos porque consideramos que são largamente
representativos das convulsões e transformações mais relevantes
da História.

@ABraÃo

c. 2000 a. C.

Abraão é venerado como o pai da
nação hebraica. O primeiro livro da
Bíblia, o "Génesis", descreve como
ele se fixou na Palestina, a pátria
bíblica dos Judeus. À parte ser
uma importante figura judaica,
ocupa também um lugar relevante
na doutrina cristã que o
descreve como um homem de fé
indiscutível.

Abraão viveu originariamente na terra
dos Caldeus, na cidade de Ur, situada na
confluência dos rios Tigre e Eufrates, no
que é hoje em dia o Iraque. Era então conhecido
por Abraão (que significa "Pai
excelso"). Partiu de Ur aos setenta e
cinco anos, com a sua mulher Sarai e o
sobrinho Loth, e viajaram durante muitos
meses pelos actuais Iraque, Turquia e
Síria até chegarem a Hébron (actualmente
o Sul de Israel). O povo de Abraão
era tradicionalmente nómada, viajando
com os seus rebanhos de pastagem em
pastagem. Contudo, estas deslocações do
povo de Abraão eram feitas intencionalmente,
pois Abraão acreditava que Deus
lhe ordenara que partisse de Ur e fundasse
uma nova pátria para os seus descendentes,
embora fosse velho e não tivesse
filhos. Adoptou o nome de Abraão, "o
pai de muitas nações", e a mulher tornou-se
Sara, "princesa".
Abraão esteve muitos anos sem ter filhos
e, como a mulher era já velha, recreu
a Agar, escrava da mulher, que lhe
deu um filho, Ismael. Contudo, Sarai
que já desesperava de ter um filho, teve
resposta às suas preces com o nascimento
de Isaac.
Para comprovar a fé de Abraão, Deus
ordenou-lhe que conduzisse Isaac ao
cimo de uma montanha e o sacrificasse
pela morte. Embora entristecido com a
missão, Abraão levou o filho para
monte Mória, amarrou-o e preparou-se
para o matar. Satisfeito por Abraão estar
disposto a obedecer-lhe até ao ponto de
perder o filho querido, Deus ordenou-lhe
no último instante que amarrasse um cordeiro
pelos chifres aos arbustos mais próximos
e o sacrificasse em substituição do
filho.
Abraão viveu até aos cento e setenta
e cinco anos de idade, segundo a Bíblia.
e quando morreu foi sepultado numa
caverna, a primeira parcela de terreno
que comprara ao chegar à "Terra Prometida" .
Por intermédio de Isaac e de seu filho
Israel, que teve doze filhos, os descendentes
de Abraão povoaram a terra

formaram a raça judaica, conforme fora
prometido a Abraão ao deixar a terra
dos Caldeus.

Abraão prepara-se para sacrificar o filho .
(Mapa) Percurso de Abraão, de Ur
dos Caldeus em Elam, à Palestina

@Moisés
fins do século XIII a. C.

Moisés foi o grande legislador da nação
judaica cujo código moral é a base da
doutrina judaico-cristã.

Moisés nasceu no Egipto, onde os Judeus
viviam subjugados pelos Egípcios. Em
bebé, a mãe escondeu-o num cesto de
vime, nas margens do rio Nilo, para o
proteger dos guardas do faraó, que tinham
ordens para matar todos os recém-nascidos
judeus do sexo masculino. Foi
descoberto pela filha do faraó, que o
adoptou. Moisés foi criado como um
príncipe do Egipto, porém, teve de fugir
do país quando matou um egípcio que estava
a maltratar um judeu. Certo dia,
quando estava no exílio, Moisés viu um
arbusto a arder sem ser consumido pelas
chamas. Da sarça ardente ouviu a voz de
Deus que lhe ordenou que regressasse ao
Egipto, libertasse o seu povo do cativeiro
e o conduzisse à "terra de leite e mel".
Quando Moisés protestou ser indigno de
tal tarefa, Deus deu-lhe uma vara que podia
transformar-se numa serpente.

Moisés regressou e, acompanhado do
seu irmão, Aarão, tentou convencer o
faraó a autorizar a partida dos Judeus.
Este não o fez até Deus infligir dez pragas
sobre os Egípcios. A última praga envolvia
a morte de todos os primogénitos do
Egipto e, a fim de serem poupados, os
Judeus marcaram as ombreiras das suas
portas com sangue de cordeiro, para que
o anjo da morte não os importunasse. Os
Judeus ainda hoje celebram a Páscoa
como a sua maior festa do ano.
Embora o faraó os tivesse autorizado
então a partir, seguiu-os com os seus soldados.

Ao chegarem ao mar Vermelho,
os Judeus pensaram estar encurralados,
porém, Moisés ergueu a vara e as águas
abriram-se para os Judeus passarem.
Quando o faraó os tentou seguir, as
águas agitaram-se em roldão e as quadrigas,
os cavalos e os homens foram arrastados.
Os Judeus viajaram durante quarenta
anos pelo deserto. Quando alcançaram o
monte Sinai, este estava cercado por nuvens
e tempestades. Moisés foi até ao
cimo da montanha, regressando com
duas tábuas de pedra que continham os
Dez Mandamentos. Moisés morreu antes
de os Judeus alcançarem a Terra Prometida,
mas as leis que formulou, contidas
nos livros da Bíblia (Êxodo, Levítico,
Deuteronómio e Números) tornaram-se
a base do código de comportamento dos
Judeus (a Lei). Os Dez Mandamentos tiveram
uma grande influência não só nos
Judeus, mas em toda a humanidade.

Moisés foi um líder corajoso mas humilde,
apenas suplantado na consideração
dos Judeus por Abraão, e que se empenhou
bastante na transformação do seu
povo de pastores nómadas numa nação.

Moisés em criança, ao ser apresentado à filha do faraó.

@David
reinou c. 1000-962 a. C.

David fundou uma dinastia que
governou os reinos de Judá e Israel
durante quarenta anos. Iniciou a
construção do Grande Templo de
Jerusalém e escreveu pelo menos
alguns dos salmos da Bíblia. Anos mais
tarde, foi considerado o rei perfeito,
e muitos esperavam que regressasse,
uma vez mais, como o "Messias"
ou o salvador dos Judeus.

David era filho de um pastor e o seu
talento para tocar cítara fê-lo merecer os
favores do rei Saúl, porque ouvir David
a tocar era a única coisa capaz de aliviar
a sua mente perturbada. Alcançou a
popularidade universal quando armado
apenas com uma funda e cinco seixos enfrentou
e matou o gigante Golias dos
Filisteus, de quem todos os grandes guerreiros
de Israel tinham fugido.
David tornou-se amigo íntimo de Jónatas,
filho de Saúl, e casou com a sua
filha. Despertou a inveja de Saúl e foi forçado
a ir viver como Robin dos Bosques,
como um criminoso, em cavernas, nas
proximidades do reino. Permaneceu,

contudo, leal e, aquando da morte de
Saúl e Jónatas, pediram-lhe que se tornasse
rei, primeiro de Judá, depois de Israel.
Enquanto rei, juntou os dois reinos e
estendeu o seu domínio aos territórios vizinhos,
incluindo a cidade de Jerusalém.
Conseguiu-o em parte por conquistas e
em parte por alianças conseguidas através
do seu casamento com filhas do governante.
David teve muitas esposas, conseguindo
uma delas, Betsabé, por métodos
desleais. Betsabé era casada com Urias,
um hitita e, durante uma batalha, David
ordenou ao chefe dos seus exércitos que
colocasse Urias no local mais perigoso
Urias foi morto, conforme David planeara,
e assim casou com Betsabé.
Não estava bem definido qual dos filhos
das suas esposas lhe havia de suceder,
e um deles, Absalão, tentou muito
cedo afirmar os seus direitos. Esteve
prestes a consegui-lo e, na verdade, afastou
David de Jerusalém durante algum
tempo, mas foi morto, por fim, facto que
David lamentou profundamente. A David
sucedeu Salomão, seu filho e de Betsabé,
que completou o trabalho de construção
do Grande Templo de Jerusalém
começado por David, e que desde essa altura
é a Cidade Sagrada da fé judaica.

(À esquerda, em cima)
David inspirou muitas obras de arte. Aqui se representa um
pormenor da mais famosa, a estátua em tamanho maior do que
o modelo, de Miguel Ângelo, em Florença, na Itália.
(Mapa) O império de David e de seu filho Salomão.
David juntou os antigos reinos de Judá e Israel aumentando os seus
territórios através de conquistas.
(A esquerda) Depois de David ter morto Golias com a sua funda,
cortou-lhe a cabeça com a espada do gigante e exibiu-a em triunfo, ao Exército
israelita. Os Filisteus, desmoralizados, foram rapidamente derrotados.

@Ciro, " o Grande"

Ciro II, "o Grande)), da Pérsia, foi o
fundador do primeiro grande império
conhecido da História. Foi muito
estimado pelos habitantes da Grécia
antiga, tendo sido citado por muitos
dos seus escritores como um
governante sábio. Os Iranianos (como
são chamados actualmente os Persas)
consideram-no o fundador do seu país.

O nascimento de Ciro e os seus primeiros
anos de vida estão rodeados de lendas.
Dizia-se que o avô de Ciro, o rei dos Medos,
sonhou que Ciro o havia de derrotar
e deu ordem para que matassem o bebé.
O seu principal conselheiro não se resolveu
a fazê-lo e, em vez disso, deu a criança

a um pastor. Quando Ciro se tornou
adulto no país de Persis, revoltou-se contra
o avô, cujo Exército se passou para o lado de Ciro.
Qualquer que seja a verdade contida
nesta lenda, aproximadamente quinhentos
e cinquenta anos antes de Cristo, Ciro
herdou o reino dos Medos na Pérsia Ocidental.
Logo a seguir, aumentou os seus
domínios ao derrotar Creso, rei da Lídia
e ao conseguir a rendição pacífica das cidades
gregas situadas na região que é actualmente
a Turquia.
A maior conquista de Ciro foi a da famosa
cidade da Babilónia, em Outubro
de 539 a. C. Uma grande parte do povo
desta cidade estava descontente com o
rei, Nabónides, e recebeu Ciro com agrado.
Este recompensou as boas-vindas que
lhe deram tratando-os bem e prestando
homenagem aos seus deuses. Libertou
também os Judeus do seu cativeiro na
Babilónia e deixou-os regressar à
pátria.


Com a Babilónia em seu poder, Ciro
conquistou a Mesopotâmia, a Síria e a
Palestina. O seu império estendia-se
agora desde o MediterrÂneo ao rio Indo,
na fronteira da Índia, sendo o maior império
conhecido nessa altura.
Ciro conseguiu este império pela combinação
da diplomacia habilidosa com o
génio militar. O seu exército de arqueiros
foi um factor importante do seu sucesso.
O seu império desenvolveu-se sob
a dinastia dos Aqueménidas durante dois
séculos, o que foi em grande parte um
tributo para com a forma sábia como o
administrou, manifestando tolerância
para com os diferentes costumes dos seus
súbditos e não alimentando rancores contra
os que tinham sido seus inimigos.

A sua reputação transmitiu-se dos Persas
aos Gregos e influenciou a imagem de
Alexandre, o Grande, que iria fundar um
império na mesma região.

(À esquerda) Ciro triunfante.
(Em baixo) O túmulo de Ciro.
(Ao fundo) Babilónia, conquistada por Ciro,
com os seus Jardins Suspensos, uma das Sete
Maravilhas do Mundo.

@Confúcio

c. 551-479 a. C.


Durante dois mil anos, os preceitos
e a filosofia de Confúcio moldaram
a sociedade e a cultura do povo chinês,
a raça mais populosa do Mundo.
Embora não tivesse procurado fundar
uma religião, Confúcio teve uma
influência profunda na formação dos
costumes religiosos chineses de que
ainda existem indícios hoje em dia.

O nome de Confúcio é a tradução latina
do chinês Kung-fu-Tsé que significa "o
Mestre". Confúcio nasceu no reino de Lu
(actualmente a província de Xantum) e,
após alguns anos de miséria, ganhando a
vida como operário, tornou-se contabilista
e mais tarde professor. Começou a
percorrer as zonas rurais, discutindo problemas
morais com quem quer que encontrasse.
Diz-se que conheceu Lao-Tsé,
fundador de uma outra filosofia chinesa,
o tauismo. Quando a guerra civil o obrigou
a viajar para além da sua província
natal, a sua fama como filósofo e professor
espalhou-se por toda a China.
Confúcio mostrou sempre grande empenho
em conseguir um lugar no Governo
e, entre 498 e 495, exerceu o cargo
de primeiro-ministro do duque Ting de
Lu. O seu aspecto sério não agradou ao
frívolo duque, e Confúcio teve de pedir a
demissão, passando os treze anos seguintes
como professor errante. O sucessor
do duque convidou-o de novo para rever
algumas antigas escrituras, e Confúcio
morreu em Lu, três anos mais tarde.
No decurso das suas peregrinações,
Confúcio reuniu numerosos seguidores e
estes discípulos asseguraram que os seus
ensinamentos continuassem vivos depois
da sua morte. Escreveram os seus preceitos
numa série de livros, de que se destacam
os Analectos e, como Confúcio nada
deixou escrito, é através destas fontes que
conhecemos os seus pensamentos.
Confúcio ensinou que a sociedade depende
do respeito mútuo e da preservação
de relações estabelecidas numa base
de autoridade e obediência. Estes preceitos
aplicavam-se à família e às relações
entre o governante e o súbdito: na verdade,
defendia que todos faziam parte de
uma família. Insistia na submissão à autoridade,
mas também que em troca o
governante devia seguir esta regra de ouro:
"Não faças aos outros o que não gostas
que te façam a ti. " Aconselhava também
os governantes a escolher os seus
conselheiros de acordo com a competência,
mesmo se as suas origens, como as de
Confúcio, fossem humildes, e não por

serem membros por nascimento da "classe dominante".
Desde então, os Chineses passaram a
ter um respeito profundo pela família.
Este respeito estendeu-se mesmo à
veneração dos antepassados, facto que se
verifica ainda na actual sociedade chinesa.

(Em cima) O encontro dos dois
grandes filósofos chineses, Confúcio
e Lao-Tsé, o fundador do tauismo.
"O Mestre." A influência do
confucionismo foi proeminente na
China até à chegada do comunismo
no presente século. Influenciou
particularmente a atitude dos
Chineses em relação à autoridade
e à família.

@Buda

c. 560-486 a. C.

O budismo foi fundado por Buda no
Norte da Índia. É uma religião de
meditação, que ensina a procura da
serenidade interior e tem actualmente
cerca de setenta milhões de seguidores.
Buda (que significa "o iluminado") era filho
do rajá da tribo dos Xáquias, em Kapilavatsu,
situado perto do Nepal, no
sopé dos Himalaias. O seu nome era Siddharta
Gautama. Era também conhecido
por Shakyamuni "o sábio do clã dos Xáquias".
Sempre se sentiu atraído pela vida
espiritual, e o pai arranjou-lhe um casamento
precoce para evitar que renunciasse
ao mundo. Descontente com o luxo da
corte, Gautama fez uma série de tentativas
para tomar contacto com o mundo
exterior. Durante esses contactos, teve
quatro encontros significativos: com um
ancião, um doente, um defunto e um asceta.
Após o nascimento do filho, decidiu
que tinha cumprido o seu dever, abandonou
a mulher e o filho enquanto dormiam,
deixou os cavalos e os carros de
guerra, rapou o cabelo e partiu em busca
da verdade sobre a miséria que tinha visto
viveu uma vida de abnegação extrema,
mas descobriu que não era esta a resposta.
Depois de lutar contra a tentação,
sentou-se durante muito tempo em contemplação,
na posição de lótus, debaixo
de uma figueira selvagem, em BodhGaya.
Foi ali que teve a revelação. Parecia-lhe
que o desgosto e o sofrimento
eram o resultado de um anseio pela vida
que podia apenas ser aniquilado quando
esse anseio terminasse e se alcançasse o
estado de nirvana.
Buda começou a pregar as suas novas
ideias e, em breve, atraiu inúmeros discípulos.
Ensinava a igualdade, a fraternidade
e a conquista da paz pela supressão
do sofrimento através da dedicação, contemplação
e da rejeição das paixões.
Tudo isto terminaria o ciclo de morte e
renascimento envolvidos na doutrina estabelecida
pelos Hindus, em que as almas
são reencarnadas depois da morte, numa
outra forma.
Os seus discípulos passavam nove meses
do ano em peregrinação, procurando
novos convertidos e possuindo apenas
uma túnica amarela e a malga dos mendigos,
e três meses em contemplação, primeiro
em grutas, mais tarde em mosteiros.
Seguiam princípios de meditação estabelecidos
por Buda, conhecidos pelos
"três cestos" de preceitos e discursos.
Buda continuou a caminhar por todo o
país. Uma vez foi atacado por um elefante
em fuga, que se diz ter sido acalmado
pela serenidade do mestre. Buda
morreu após quarenta e cinco anos de
pregação, aproximadamente com oitenta
anos de idade, e foi sepultado em Kusinagara,
actualmente um lugar de peregrinação,
embora Buda nunca afirmasse a sua
própria divindade.

O templo de Atena, deusa de Atenas, em Nike,
cerca de 427 a. C.

@Sócrates
c. 469-399 a. C.

Sócrates foi o primeiro e o mais
original dos filósofos da Grécia antiga
que traçou o rumo do pensamento
europeu durante dois mil anos.

Sócrates era filho de um escultor na cidade
grega de Atenas. Viveu na época em
que a cultura da Grécia antiga, a base da
civilização europeia, estava no seu auge,
concentrada em numerosas cidades-estados,
como Esparta, Tebas e Atenas.
Durante algum tempo foi escultor. Mais
tarde, cumpriu com distinção o serviço
militar como soldado e passou depois o
resto da vida em Atenas nas praças e nas
escolas. Falava com quem o queria ouvir,
juntando-se à sua volta um cortejo de
jovens elegantes e inteligentes, na sua
maioria filhos de aristocratas atenienses.
Ele próprio era um homem feio, vestido
com roupas pobres: mas não se abstinha
de tudo completamente, porque constava
que era capaz de beber mais do que a maioria
dos seus companheiros!
O desejo de Sócrates era de que todos
deviam conhecer-se bem a si mesmos e
manter a cabeça liberta de pensamentos
confusos. Acreditava que a maldade derivava
da ignorância e que a conquista do
conhecimento traria a virtude. O seu método
para conseguir este objectivo consistia
em dirigir uma série de perguntas, a
quem quer que encontrasse, expondo
cruelmente as deficiências nas ideias do
seu ouvinte, esperando dar-lhes um conhecimento
mais claro deles próprios.
A abordagem científica de Sócrates à
filosofia e ao idealismo foi um grande
contributo para o futuro desenvolvimento
das ideias, mas na antiga Atenas os
seus métodos provocaram a fúria daqueles
cuja ignorância expunha. O deu desprezo
pelas formas tradicionais de vida e
a sua maneira de pôr em questão as convenções
eram mais do que os nobres de
Atenas podiam suportar, pois temiam o
seu efeito sobre os filhos. Em 399, foi
preso e acusado de blasfémia e de corromper
a virtude dos jovens. Sócrates
aplicou os seus métodos aos juízes que o
julgaram, para seu desagrado, e foi condenado
à morte por uma pequena maioria.
Recusou uma oportunidade de fugir
e, em vez disso, ingeriu veneno, que era a
alternativa habitual à execução.
Os seus discípulos Platão e Xenofonte
relataram a forma como Sócrates passou
as suas últimas horas, rodeado pelos seus
seguidores, discutindo em termos banais
o efeito lento que a cicuta estava a ter
nele, e se a imortalidade existia ou não.
É a Platão que se deve a maior parte do
nosso conhecimento sobre as ideias de
Sócrates. Para Platão, um grande filósofo,
o seu mestre foi "o mais sábio, o
mais íntegro e o melhor de todos os homens
" .

Alexandre, ao derrotar o rei Dario da Pérsia,
em Isso, no ano 333 a. C. Ao abandonar o
campo, Dario deixou a sua rainha e a família
nas mãos de Alexandre.

@Alexandre, "o Grande"
356-323 a. C.

Alexandre, "o Grande", rei da Macedónia durante apenas treze anos (336-323
a. C.), construiu um dos maiores impérios do mundo e, no decorrer
desse período, difundiu a civilização grega aos confins da Ásia,
permitindo uma interpenetração de culturas que iria continuar na era romana.
Alexandre foi um brilhante chefe militar, mas não era destruidor,
preferindo conservar
e unificar os costumes das diferentes áreas que conquistava. Alexandre fundou
muitas cidades; a mais famosa foi Alexandria, no Egipto. a figura principal
de muitas lendas difundidas ao longo dos séculos.

Alexandre era filho do rei Filipe II da
Macedónia, situada no Norte da Grécia.
Durante algum tempo foi educado por
Aristóteles, discípulo de Platão, e um dos
primeiros homens a estudar a natureza
com uma certa regularidade. Durante a
sua campanha na Pérsia enviou muitos
exemplares ao seu mestre. Alexandre sucedeu
a seu pai, que fora assassinado aos
vinte anos. Adquirira já uma boa reputação
como soldado e conseguiu, com a
ajuda do Exército, executar os assassinos
de seu pai.
Filipe já havia estabelecido o controlo
da Macedónia sobre as cidades gregas e,
quanto Tebas se revoltou, Alexandre arrasou
a cidade pelo fogo, poupando o
templo e a casa do poeta Píndaro. Alexandre
podia então voltar-se para a sua
grande ambição que consistia em derrotar
o Império Persa que controlava as cidades
gregas da Ásia Menor (Turquia) e
que durante tanto tempo ameaçara a própria
Grécia.
Alexandre atravessou o estreito de Helesponto
em direcção à Ásia, no ano 334,
e libertou as cidades gregas após inúmeras
batalhas. Quando marchava ao encontro
de Dario, rei da Pérsia, aproximou-se
do famoso "nó górdio" que um
rei frígio atara à canga da quadriga, de tal
maneira apertado que ninguém conseguia
desatá-lo. Dizia-se que quem o conseguisse
desatar seria rei do Universo. De
forma característica, Alexandre pegou na
espada e cortou o nó.
Alexandre usou os mesmos métodos
directos ao executar o seu projecto de
conquistar o Império Persa no qual havia
vinte vezes mais habitantes do que na
Grécia. Alexandre conquistou primeiro a
Síria e o Egipto, e fundou Alexandria.
Em batalhas conduzidas de forma brilhante
em Gangamela, Granico e Isso,
derrotou Dario, que acabou por ser assassinado
pelas suas próprias tropas descontentes.

Alexandre podia então entrar nas magníficas
cidades de Babilónia e Susa e na
capital da Pérsia, Persépolis. Proclamou-se
a si mesmo senhor do Mundo: controlava
uma área tão extensa como os Estados
Unidos actuais. Alargou as conquistas
às fronteiras da India, marchando
num total de trinta mil quilómetros. Aí
fundou Bucéfala, inspirado no nome do
seu cavalo Bucéfilo que lá morreu. Derrotou
um príncipe hindu, equipado com
elefantes, e teria penetrado na India, se as
suas tropas, cansadas após oito anos de
campanha, não se tivessem recusado a
avançar mais.
Como os mundos grego e persa estavam
unificados sob o domínio de Alexandre,
o seu próximo objectivo foi fundir
as duas culturas. O primeiro passo
dado nesse sentido foi o casamento em
massa, dele e dos seus homens, com mulheres
persas. Adoptou o vestuário persa
e tentou que os seus homens o tratassem
como a um deus, como era hábito no
Oriente, mas este facto tornou-se ridículo
para a mentalidade prática dos
Gregos .
Muitas lendas surgiram a respeito de
Alexandre, durante e depois da sua existência.
A verdade é que era um homem
com grandes qualidades e grandes fraquezas.
Um chefe governante brilhante,
tolerante para COm as outras civilizações,
era também fútil e desconfiado
e inclinado a ter violentos ataques de
embriaguez. Num desses acessos matou
o seu melhor amigo, Clito, e noutras
ocasiões fez com que muitos dos seus
companheiros mais chegados fossem
executados. Foi após um ataque de embriaguez
que contraiu uma febre, morrendo
aos trinta e três anos, com o
mundo a seus pés.

seu império foi repartido pelos seus
generais depois da sua morte, mas como
falantes da língua grega em todo o mundo, que se espalhavam de Gibraltar à
Índia, persistiram, facto que veio ajudar tanto a expansão do Império
Romano que se verificou mais tarde, como a difusão do cristianismo.

O Império de Alexandre, "o Grande".

A) A falange--uma linha de batalha formada por soldados a pé--era
colocada ao centro.

B) Alexandre iniciava o combate atacando
pela extrema-direita.
A seguir, Alexandre conduzia a sua
cavalaria e as tropas da guarda no intervalo.

A sua cavalaria podia então atacar o flanco
exposto enquanto a falange se juntava à força
principal .


@Aníbal

247-183a. C.

Aníbal de Cartago foi um dos mais

importantes generais da Antiguidade.
A sua célebre travessia dos Alpes teve
como consequÊncia a mais pesada
derrota para os Romanos.

Cartago era uma cidade rival de Roma situada
no Norte de África. Aos nove anos,
Aníbal, filho de um general, foi obrigado a
jurar inimizade eterna a Roma.
Com vinte e seis anos, tornou-se chefe
militar dos Cartagineses em Espanha No
ano 218 a. C., Aníbal partiu de Cartagena,em Espanha, com cinquenta mil
soldados de infantaria, nove mil de cavalaria e trinta
e sete elefantes, atravessou o rio Ródano e
encaminhou-se em direcção aos Alpes.
Era já outono quando Aníbal começou
a atravessar os Alpes. oS seus homens,
oriundos da África e de Espanha, estavam
pouco habituados ao frio e à neve. Os caminhos
eram estreitos e cobertos de gelo.
Foram atacados pelos naturais da região
que lançaram pedras sobre eles. Muitos
morreram devido a quedas e muitos mais
por causa do frio e da fome. Aníbal partilhou
as privações dos seus homens e o seu
espírito tenaz fê-los continuar. Passados
quinze dias desceram em direcção à Itália.
Este foi um dos maiores feitos da história
militar, conseguido à custa de CinCO a
dez mil homens e da maioria dos elefantes.
Aníbal apanhou os Romanos desprevenidos
e prosseguiu esmagando os seus exércitos
em Trebia, Ticino e no lago Trasimeno.

Durante algum tempo os Romanos evitaram
uma outra batalha mas, por fim, em
216 a. C., confrontaram-se em Canas, e
Aníbal alcançou a sua maior vitória.
Usando a cavalaria, cercou os Romanos,
que de longe os ultrapassavam em número
e matou cerca de sessenta mil dos oitenta
mil homens, a pior derrota da história romana.
Foram mortos muitos dos mais importantes
cidadãos romanos e consta que
Aníbal enviou para a pátria uma quantidade
de anéis de ouro que lhes pertenciam.
Aníbal participou em campanhas na
Itália durante quinze anos, mas não conseguiu
tomar a cidade fortificada de Roma.
Em 203, foi forçado a regressar para
enfrentar um ataque dos Romanos a Cartago.
Foi derrotado de forma decisiva em
Zama. Na altura, Roma dominava o MediterrÂneo.
Aníbal fez parte do Governo
cartaginês, mas os Romanos odiavam-no
e foi forçado a fugir, primeiro para a
Síria, depois para Bifínia (a noroeste da
Turquia). Os Romanos continuaram a
perseguir Aníbal, que se envenenou, para
evitar ser capturado.


Anibal atravessando o Ródano de jangada.

@Júlio César

c. 100-44 a. C.

Caio Júlio César foi um general
romano, escritor e homem de Estado.
As suas vitórias expandiram o domínio
romano até ao rio Reno. Assumiu o
controlo total de Roma, em 45 a. C.,
pondo termo ao governo ineficaz do
Senado e estabelecendo o governo
absoluto de um só homem, que iniciou
em Roma a idade de ouro. Foi
assassinado no ano seguinte.

César nasceu numa família de patrícios
romanos sem riqueza e sem poder. Escondeu
o seu temperamento grave sob
uma máscara de alegria despreocupada
era muito estimado pelo povo. Em 66
a. C., como responsável pelos divertimentos
públicos, apresentou espectáculos
magníficos no Grande Circo de Roma,
em grande parte à sua custa. César
verificou a ineficácia do governo de Roma
pelos nobres do Senado, e pensou ser
necessário um poder central forte para fazer
renascer a grandeza romana. Formou
uma aliança, o triunvirato, com os dois
homens mais poderosos de Roma: Crasso
e Pompeu. Em consequência disso, foi
eleito cônsul (o principal magistrado romano),
em 59 a. C.
Era hábito os cônsules prestarem serviço
na província após um ano em funções.
César tornou-se procônsul na Gália
Cisalpina (ao norte de Itália). Aí organizou
um exército bem treinado e disciplinado
que se lhe dedicou. Conquistou a
Gália Transalpina (França). Também atacou
de surpresa a Grã-Bretanha, embora
não tivesse tentado conquistá-la. Partilhou
as privações das campanhas com os
seus homens e reprimiu uma revolta, humilhando
as suas tropas ao declarar que
ele e a sua Décima Legião haveriam de
lutar sozinhos se fosse necessário. A sua
descrição sobre a campanha, escrita na
padiola durante o avanço das tropas, é
hoje um clássico.
O triunvirato desfez-se com a morte de
Crasso, e Pompeu, receoso da popularidade
de César, mudou-se para o lado do
Senado. Ordenaram a César que fizesse
dispersar o seu exército. Receando ser
atacado, César recusou-se a fazê-lo, e
atravessou o rio Rubicão separando a sua
província completamente da Itália. Este
facto originou uma declaração de guerra.

A guerra civil daí decorrente durou cinco
anos, com combates em Espanha, África
e Ásia Menor. Pompeu foi morto no
Egipto, onde César conheceu a rainha
Cleópatra, que trouxe para Roma como
amante. Após as vitórias na Ásia, César
enviou a sua famosa mensagem: "Cheguei,
vi e vencio)
César regressou a Roma, agora sob
controlo absoluto. Aumentou a representação
do Senado e alargou a cidadania aos
povos conquistados. Reformulou o
calendário; o mês de Julho foi inspirado
no seu nome. Esteve apenas um ano no
governo como ditador. César recusou a
coroa, mas os apoiantes da velha república,
juntamente com alguns dos seus discípulos,
recearam o seu grande poder e
conspiraram matá-lo.
O Senado reuniu-se a 15 de Março, os
Idos de Março do calendário romano, e
César foi avisado por um adivinho para
não comparecer. Apesar disso, foi, sendo
apunhalado mortalmente por sessenta
conspiradores. Ao ver o seu amigo Bruto
entre eles, disse: "Também tu, Bruto", e
desistiu da luta, morrendo aos pés da estátua
de Pompeu.
A morte de César confirmou a sua vitória,
porque após mais cinco anos de
guerra, Octávio César, o seu filho adoptivo,
assegurou o poder, recebendo o
nome de Augusto. Iniciou-se um longo e
fértil período de governo individual.

(À esquerda) A morte de César.
O esplendor da Roma antiga revela-se
actualmente em ruínas pitorescas, que
inspiraram muitas gerações posteriores.


@Jesus Cristo

c.4a. C.-c.30d. C.

Jesus Cristo, que passou toda a vida na
Palestina, foi o fundador da religião
cristã, que tem actualmente novecentos
milhões de seguidores em todos os
continentes do Mundo. Os cristãos
afirmam que Jesus era não só o
"Messias", o salvador referido no
Antigo Testamento da Bíblia, mas
também Deus sob a forma humana.

A história de Jesus é narrada nos quatro
Evangelhos do Novo Testamento. Nasceu
num estábulo em Belém, para onde a
sua mãe, Maria, e o marido desta, José,
descendente do rei David, se dirigiam
para se recensearem. Jesus foi criado
como uma criança judaica na cidade de
Nazaré, e ensinaram-lhe o ofício de José,
o de carpinteiro. Nessa altura, a Palestina
fazia parte do Império Romano, governado
por César Augusto, sucessor de
Júlio.
Com cerca de trinta anos, Jesus começou
a pregar, reunindo à sua volta doze
discípulos fiéis, humildes pescadores e
outros de origem humilde. A mensagem
de Jesus era simples e atraente aos olhos
dos pobres e dos oprimidos. Pregava que
Deus era Amor, e que todos podiam ir
para o Céu desde que seguissem preceitos
simples: amar os seus inimigos e perdoar
aos outros como gostariam de ser perdoados.
Enfureceu os representantes religiosos
ao proclamar ser o Messias, o filho
de Deus, e ao declarar que a sinceridade
era o mais importante, e não a adesão
aparente aos modelos da religião judaica.
Enfureceu os ricos ao declarar que estes
deveriam abdicar das suas riquezas e segui-lo.
Os pobres foram atraídos pelas
curas de doenças e pela mensagem de
igualdade aos olhos de Deus para todos
os que se arrependessem.
Depois de ter entrado em Jerusalém e
de ser aclamado pela multidão, Jesus foi
entregue aos sacerdotes por Judas Iscariotes,
um dos doze discípulos, no Jardim de
Getsémani. Levaram-no à presença do
governador romano, Pôncio Pilatos, que
teve receio da popularidade de Jesus e dos
gritos da multidão incitada pelos sacerdotes.
Jesus foi executado sob a acusação de
blasfémia e foi crucificado.
Os cristãos afirmam que, três dias depois,
no Dia de Páscoa, encontraram o
seu túmulo vazio, e Jesus apareceu vivo
aos seus discípulos numa sala fechada.
Um deles, Tomé, teve de tocar nas feridas
de Jesus feitas pelos pregos da cruz,
antes de acreditar. Jesus venceu a morte e
reconciliou Deus com os homens, separados
pela maldade humana. Era esta a
mensagem que os cristãos levavam ao espalhar
a sua fé pelo Império. De início
foram perseguidos, mas sob o governo
do imperador Constantino, o cristianismo
tornou-se a religião oficial do Império
Romano da Grã-Bretanha ao
Egipto.

(Em cima, à esquerda) Jesus e sua mãe, Virgem Maria.)
(Em cima) O esboço de DaVinci,
"O Salvador".
(À direita) A Crucificação.

@Boadiceia


m. 61 d. C.

Boadiceia foi a primeira heroína
nacional da Grã-Bretanha. Era rainha
de uma tribo de antigos BritÂnicos, os
Icenos, e comandou uma revolta contra
os seus opressores romanos, no ano
61 d. C. Após ter saqueado
Colchester, Londres e St. Albans, foi
derrotada, morrendo depois do
combate.

Os Romanos invadiram a Grã-Bretanha
no ano 43 d. C. Em breve, reduziram o
Sul de Inglaterra a uma província romana.
Um método dos Romanos para manter o
controlo sobre os povos dominados consistia
em conceder terras aos soldados que
se reformavam. Seguiram esta política
também na Britania (Grã-Bretanha) e foi
esse facto que provocou a revolta dos Icenos,
uma tribo populosa que habitava as
regiões que constituem hoje Norfolk, Suffolk,
Huntingdonshire e Cambridgeshire.
Enquanto o governador romano Paulino
Suetónio participava em campanhas no
Norte, estes ex-soldados assaltavam as
quintas dos Icenos, incluindo as terras do
falecido rei Prasutago. A casa real foi invadida
e pilhada. A rainha Boadiceia foi torturada
e as suas filhas atacadas.

Boadiceia não era mulher para receber
esse tratamento e saltou para o seu carro
de guerra, com as costas ainda feridas
pelo chicote. Os habitantes da Anglia do
Leste seguiram-na na revolta. Ela conduziu
um grande exército de homens e mulheres
em direcção ao acampamento romano
no Sudeste de Inglaterra. Camuloduno
(Colchester), Londínio (Londres) e
Verulamio (St. Albans) foram reduzidas
a cinzas. Em Verulamio, a capital, foram
mortos setenta mil romanos e colaboracionistas
ingleses.
Suetónio regressou e, numa batalha
feroz, os soldados bem treinados venceram,
matando milhares de britÂnicos.
Boadiceia preferiu envenenar-se do
que cair uma vez mais nas mãos dos Romanos.
A revolta dos Icenos foi a mais
grave que os Romanos tiveram de enfrentar
na Grã-Bretanha. Depois de Boadiceia
ter sido derrotada, os Romanos
não tiveram mais problemas em tomar a
Grã-Bretanha sob o seu controlo até ao
norte da fronteira com a Escócia. Junto à
fronteira construíram a Muralha de Adriano
para afastar os Escoceses belicosos.
A Grã-Bretanha ganhou muito com a civilização
romana, mas Boadiceia é ainda
recordada como um símbolo da resistência
à invasão. Está celebrada numa estátua
junto à Ponte de Westminster, em
frente do Parlamento, controlando as rédeas
do seu famoso carro de guerra.

A estátua de Boadiceia, em Westminster, Londres. É uma das mais
antigas heroínas britânicas.

Átila "o Huno"

Átila foi o mais famoso chefe dos
Hunos, uma das tribos bárbaras que
saquearam o Império Romano. Átila
alcançou a fama de destruidor sem
igual e a alcunha de "Flagelo de Deus".

O grande Império Romano foi destruído
pelos ataques de tribos de bárbaros belicosos
originários da Mongólia e da Ásia
Central. Os Hunos começaram a penetrar
na Europa no século IV d. C. e eram
guerreiros destemidos e impiedosos,
montados em pequenos póneis cheios de
vigor. Átila e o seu irmão Bleda herdaram
um império que se estendia do
mar Báltico e dos Alpes ao mar Cáspio,
controlando inúmeros territórios pertencentes
ao Império Romano do Oriente,que lhes pagava tributo para manterem a paz.
Em 445, Átila assassinou o irmão e
passou a governar sozinho. Em 451, invadiu
a Gália (França), uma província
romana ocupada pelos Visigodos, antigos
invasores que aí se tinham estabelecido
e adoptado os costumes romanos.
Átila recebeu um pedido de Honória,
irmã do imperador Valentiniano 111,
para a salvar de um casamento que lhe
arranjaram contra sua vontade. Átila
reclamou-a para ele e invadiu a Gália,
em sua defesa, esperando obter como
dote metade do Império Romano do
Ocidente.
A tribo de Átila assolou a Gália, saqueando
e devastando. Não conseguiu conquistar
Aureliarum (Orleães), e retirou-se
depois de ser derrotado pela única vez
na sua vida, na batalha de Maurica. Teve
a consolação de ter morto o rei visigodo
Teodorico.

Visigodos 78-419
Suevos 406-456
( Anglo Saxões) utos 449

Hunos 440 45
Francos 486-511


Na campanha seguinte, em 452, Átila
invadiu a Itália saqueando grande número
de cidades no Norte. Foi apenas a
fome e a peste que devastavam o Norte
da Itália nessa altura que o impediram de
fazer chegar a sua campanha à própria
Roma.
Átila planeou prolongar a sua campanha
de terror no ano seguinte, mas morreu,
durante o sono, na noite a seguir ao
seu casamento.
Um fim pacífico e curioso para um
guerreiro feroz. Foi sepultado com os
seus tesouros e os coveiros foram assassinados
depois para que o seu túmulo
nunca fosse descoberto.
Átila era um homem autocrático e
tempestuoso, sem qualquer interesse
pelos aspectos exteriores da civilização,
até mesmo ao ponto de comer em pratos
de madeira enquanto os seus homens comiam
em prata roubada. Quinze séculos
mais tarde, o nome de Átila é ainda usado
para evocar imagens de selvajaria incomparável,
apesar da brevidade da sua carreira
movimentada.


Uma das muitas batalhas ferozes e sangrentas
entre os Hunos de Átila e os Romanos. Grupos
sucessivos de bárbaros invadiram o Império
Romano. Todos, excepto os inquietos Hunos,
· aí se fixaram, vivendo lado a lado com os
indígenas .

@Gregório, "o Grande"
C. 540-604

O Papa Gregório, "o Grande"
(Gregório 1), foi o último dos grandes
da Igreja Católica Romana.
É sobretudo recordado como o
impulsionador da conversão da
Inglaterra ao cristianismo.

Na época de Gregório, o Império Romano
da Europa Ocidental sucumbiu às invasões
bárbaras. O Império do Oriente sobreviveu,
centrando-se em Constantinopla (actualmente
Istambul), controlando parte do
Sul da Itália, mas estava demasiado longínquo
para proteger Roma como devia.

Gregório era neto de um papa anterior,
Félix III, e homem de famílias nobres e
poderosas. Era, contudo, modesto e reservado
e, depois de ter fundado e dotado
um convento em Roma, acabou por ingressar
nele. Permaneceu monge o resto
da vida.

Em 590, Gregório tornou-se papa,
apesar de objecções vigorosas de que era
indigno do cargo. Como papa, teve três
objectivos principais; aliviar o sofrimento
do povo, principalmente dos refugiados
que fugiam dos invasores lombardos,
converter os pagãos ao cristianismo, e estabelecer
a autoridade do papa no Ocidente.
Em todos eles foi bem sucedido.
Mereceu a reputação de "Papa do Povo"
usando os bens da Igreja para ajudar os
pobres, e diz-se que foi canonizado por
aclamação popular.
Gregório tornou a administração papal
mais eficiente, de modo a distribuir ajuda
pelos pobres. Um resultado desta actuação
foi aumentar o poder do cargo de
papa, principalmente no Centro da Itália,
que se tornou conhecida por Estados
Pontifícios. Ao desempenhar um papel
importante na conversão dos Bárbaros,
alargou ainda a autoridade papal e, no
termo do seu domínio, o papado exercia
no Ocidente a maior parte do poder que
fugira das mãos dos fracos imperadores
orientais .
Conta-se que o interesse de Gregório
pela Grã-Bretanha surgiu pela primeira
vez ao ver uns bonitos escravos britÂnicos
num mercado de Roma. Tendo perguntado
quem eram, disseram-lhe que
eram Anglos (uma tribo inglesa). "Anglos
não, mas sim Anjos", respondeu o
Papa. Em 595, cometeu o feito mais importante
do seu papado ao enviar Santo
Agostinho como primeiro arcebispo de
Cantuária para converter os Ingleses.
Neste aspecto Santo Agostinho foi tão
bem sucedido que iriam ser os missionários
ingleses, conduzidos por S. Bonifácio,
que levaram a cabo a conversão das
populosas tribos germânicas, menos de
cem anos depois.
Gregório popularizou os serviços litúrgicos,
instituindo os maravilhosos cantos
gregorianos. Tudo isto ajudou a aumentar
a influência do papa e a fixar a sua exigência
de liderar toda a Igreja Cristã.
Gregório continuou a ser modesto e proibiu
a veneração do seu túmulo sob pena
de excomunhão. Era tal a popularidade
do "Papa do Povo" que esta foi uma das
suas poucas ordens a ser desobedecida.


O papa Gregório, reclinado no sofá, ensinando
aos jovens romanos o canto que ainda hoje tem
o seu nome. Fundou uma escola de canto,
apoiada pela produção de duas quintas. O seu
sofá e o chicote que usava para castigar os
jovens foram preservados após a sua morte.

@MaomÉ
C. 570-632

Maomé foi o profeta do islamismo,
que hoje em dia tem uns quinhentos milhões de seguidores. Uniu também
as tribos árabes num grande Estado que
se iria, por fim, estender da Espanha
à Índia.

Maomé era um comerciante poderoso da
cidade de Meca, na Arábia, nas costas do
mar Vermelho. Teve sempre tendência
para meditar e, por volta de 610, teve
uma visão do anjo Gabriel que lhe disse:
"Tu és o Mensageiro de Deus. " Teve outras
revelações que surgiram na forma de
mensagens e não em imagens, e depois da
sua morte essas revelações iriam ser descritas
no livro sagrado do islamismo, o
Corão. Com a ajuda de um primo da
mulher, Khadijah, interpretou-as como
sendo semelhantes às mensagens enviadas
por Deus aos Judeus e cristãos, através
dos profetas, e que agora lhe estavam
a ordenar que comunicasse as vontades
de Deus aos Árabes.
Em 613, começou a pregar em Meca,
reunindo em breve um grupo de jovens
seguidores. Em contraste com a adoração
de muitos deuses praticada em Meca, ensinava
o islamismo (submissão a um
Deus) e os seus seguidores ficaram conhecidos
por "Muçulmanos" (os que se
submetem). Declarava que as riquezas vinham
de Deus, e aqueles que as possuiam
deveriam ser generosos e mostrar a sua
gratidão. Estas declarações encontrara
oposição por parte dos comerciantes e,
em 622, foi forçado à Hégira (emigração),
conseguindo escapar a uma conspiração
com a intenção de o matar. Fixou- se por fim em Medina.
Os seguidores de Maomé juntaram-se
a ele, em Medina, e organizaram ataques
de surpresa a caravanas de comerciantes
de Meca. Através de vários casamentos
(nove, ao todo), Maomé conseguiu aliados
em diversos clãs. Um ataque lançado
por Meca foi deitado por terra, em 627,
devido aos preparativos de defesa de
Maomé, e cada exito que obtinham trazia
mais simpatizantes à sua causa e à sua fé.
Em 628, foi em peregrinação a Meca,
pondo fim às hostilidades com a assinatura
de um tratado; em 630, quando os
habitantes de Meca quebraram o tratado,
Maomé tomou a cidade pela força. Destruiu
os ídolos dos naturais de Meca, e
muitos destes tornaram-se muçulmanos.

Após ter derrotado os nómadas hostis,
em 631, na batalha de Hunayn, Maomé
tornou-se então senhor da Arábia.
Com a simples mensagem de que Deus
recompensa os fiéis e condena os infiéis,
Maomé conseguiu, com êxito, unificar as
tribos árabes em guerra. pôs fim à prática
de inimizades sangrentas entre famílias,
que provocaram muitas guerras, ao envolverem
uma tribo inteira num assassínio
cometido por um dos seus membros.
Conseguiu também terminar com o
infanticídio.
A fim de evitar que os Muçulmanos
lutassem uns contra os outros, Maomé
dirigiu todas as energias e empenho dos
Árabes para o exterior, dirigindo, em
632, um ataque à fronteira síria do Império
Romano do Oriente. Nesse ano,
Maomé morreu quando se dirigia em
peregrinação a Meca; deixou os muçulmanos
árabes preparados para uma expansão
que iria levar o islamismo às fronteiras
da França, a grande parte da África
e da Índia e para lá da Ásia.

@Carlos MaGno
xxx
Carlos Magno (do latim Carolus
Magnus, Carlos, "o Grande"
foi rei dos Francos a partir de 768, e
imperador do Sacro Império Romano
a partir de 800, que restaurou.
Estimulou o renascimento da cultura e
da arte, conhecido pelo Renascimento
Carolíngio.

Carlos Magno era rei dos Francos, uma
antiga tribo bárbara que se fixara na Gália
(França) durante o Império Romano e
que adoptara a religião cristã. Sucedeu a
seu pai, o ambicioso Pepino, "o Breve",
que se fizera rei ocupando o lugar dos governantes
impotentes que a sua família
servira durante muito tempo. Segundo
os costumes dos Francos, as heranças
eram divididas em partes iguais por todos
os filhos: isto passou-se com os herdeiros
de Pepino, provocando muitos distúrbios
até à morte de Carlomano, irmão de Carlos
Magno, em 771. Os filhos de Carlomano
caíram nas mãos de Carlos Magno
e desapareceram.
Carlos Magno participou em campanhas
ao lado de seu pai e partilhou a presteza
de seu pai em lutar para aumentar o
poder. Conquistou primeiro os Lombardos
ao Norte da Itália, cujo soberano
apoiara Carlomano.
Carlos Magno lutou contra os Saxões,
Bávaros e Alemães, na Alemanha, e contra

os Ávares, na Hungria, colocando sob
o Seu domínio todas aS tribos
da Europa ocidental. Converteu-as ao
cristianismo da Igreja Católica Romana
umas vezes pacificamente outras por
meios violentos. O império que criou
parecia aos olhos dos seus contemporâneos
ser um renascimento do antigo Império
Romano, embora estivesse agora
baseado no cristianismo e nos costumes
francos. Em 800, foi coroado, em Roma,
pelo Papa, como imperador do Sacro
Império Romano. Contudo, Carlos
Magno manteve a sua capital no centro
do território franco, em Aachen na Bélgica
moderna.
Carlos Magno participou também em
campanhas em Espanha, contra os mouros
muçulmanos. Na primeira ocasião,
os enviados árabes de Espanha pediram

O túmulo medieval de Carlos Magno em AiY_
que os ajudassem contra o seu senhor feudal,
o emir de Córdova, mas foi derrotado
em Saragoça. Durante a retirada, um dos
seus cavaleiros, Rolando, foi morto depois
de resistir heroicamente, feito que veio a
ser tema de muitas canções e histórias da
Idade Média. Mais tarde, Carlos Magno
regressou a Espanha e, em X()1, conquistou
//
13drcelon, aos Mouros.
O reinado de Carlos Magno pôs termo
à Idade Média da civilização europeia. Embora
não soubesse escrever, e lesse mal,
Carlos Magno estimulou o desenvolvimento
da cultura e das artes, facto que
contribuiu de forma decisiva para a criação
de uma cultura especificamente europeia.
Carlos Magno estabeleceu, pela primeira
vez, um sentido de unidade no seio da
Europa cristã, que faltava desde os tempos
dos Romanos, e esse sentido permaneceu,
como permaneceu a reputação de Carlos
Magno como o soberano cristão ideal. No
entanto, um império tão extenso numa
época de comunicações deficientes necessitava
de um homem excepcional para o
manter unido. E, na geração seguinte, este
império desmembrou-se.

O império de Carlos Magno. Desmembrou-se
na época dos seus netos.

@Alfredo "o grande"
849-899

Alfredo, rei de Wessex, foi o único
monarca inglês a ser chamado
"o Grande" Derrotou e repeliu os
invasores dinamarqueses do Sudeste de
Inglaterra Foi um sábio legislador e
um patrono da cultura; fez renascer a
cultura inglesa e deu o exemplo com os
seus próprios escritos.

Na época de Alfredo, a Inglaterra era
constantemente ameaçada pela invasão
dos Vikings da Escandinávia; a maioria
eram dinamarqueses, que tinham como
objectivo conquistar o país e não lançar
simples ataques de surpresa. Quase toda a
região oriental de Inglaterra foi ocupada
por eles. Metade do reino de Alfredo,
Wessex, (região dos saxões do Ocidente)
estava nas suas mãos, Alfredo chamou a
si a tarefa de os expulsar, Sofreu muitos
contratempos; uma vez teve de se esconder
depois de um ataque de surpresa nos
pântanos de Somerset. Conta a lenda que
estava tão preocupado com os seus problemas,
que enquanto se refugiava na
cabana de uma camponesa, deixou queimar
uns bolos de que estava a tomar
conta.
Alfredo derrotou finalmente os Dinamarqueses,
em Ethandune, em 878, conseguindo
mesmo converter o seu chefe,
Guthrun, ao cristianismo. Fundou a capital
em Winchester, e continuou a expulsar
os Dinamarqueses de Londres, em
885-86. Este feito, que deixou apenas
parte da Anglia Oriental e do Noroeste
nas mãos dos Dinamarqueses, mereceu o
aplauso de outros soberanos ingleses, que
o reconheceram senhor de toda a Inglaterra.

Alfredo foi mais do que um simples
soldado bem sucedido. Apesar da necessidade
de manter vigilância permanente
contra novos ataques, e de criar defesa
inglesas sob a forma de fortificações
barcos, Alfredo encontrou tempo para
apadrinhar e estimular um notável desenvolvimento
da cultura inglesa. Ele próprio
aprendeu a ler e a escrever, e traduziu
para inglês obras dos filósofos da
Igreja, Agostinho de Hipo e Boécio. Este
aspecto foi verdadeiramente notável nun
rei guerreiro. Ordenou que todos os jovens
nobres aprendessem a ler, porque
acreditava que os ataques dos Vikings
eram o castigo da fraqueza e da ignorância.
Alfredo levou o seu reinado muito a
sério, e fez a revisão das leis inglesas,
embora sem tentar alterar os costumes estabelecidos.
Conquistou grande devoção com
lealdade. Foi considerado, durante a
idade Média, como o rei que derrotou
um invasor que lhe era superior em força
um sábio legislador e o epíteto de rei
ideal. Põe-se em dúvida que tenha havido
um rei de Inglaterra mais capaz.


Alfredo deixando queimar os bolos na cabana
da pastora.

@Canuto

994-1035

Canuto foi rei de Inglaterra a partir de
1016. Era dinamarquês e incluiu a
Inglaterra num império de que faziam
parte a Dinamarca e a Noruega. Foi um
sábio governante, muito famoso pela
sua demonstração dos limites do poder
real.

Canuto iniciou a sua carreira em Inglaterra
como qualquer viking típico. Durante
dois séculos, estes guerreiros, que atacavam
de surpresa, tentaram conquistar a
Inglaterra. Canuto sucedeu em 1013 a seu
pai, o rei Sweyn Forkbeard, e continuou
a luta depois da morte de Sweyn, em
1014. Era bastante cruel: quando foi forçado
a retirar-se, deixou os seus reféns,
em Sandwich, horrivelmente mutilados.
No regresso, quando o conde Uhtred se
lhe submeteu, mandou-o assassinar.

O rei inglês Etelredo morreu, em
1016, e o Witan (conselho dos nobres)
elegeu Canuto. Revelou-se uma escolha
prudente. A princípio, o reino foi dividido
com o filho de Etelredo, Edmundo
Ironside, mas a morte deste, em Novembro
de 1016, deixou Canuto como rei incontroverso.
A princípio, Canuto matou
ou baniu os nobres ingleses e enviou os
Dinamarqueses para os seus estados.
Contudo, a civilização, a prosperidade
e a religião de Inglaterra tiveram em breve
uma realização notável. Canuto tornou-se
cristão devoto e fez uma peregrinação
a Roma, onde mereceu o respeito
do Papa e do imperador (e também concessões
para comerciantes ingleses). Fez
dispersar a maior parte das esquadras dinamarquesas,
e trouxe a paz e a prosperidade
a Inglaterra, de uma forma que esta
não conhecia desde que começaram os
ataques dos Vikings.
Canuto tinha em grande conta os seus
deveres de monarca, mas estava perfeitamente
consciente das suas limitações.
Cortesãos aduladores sugeriam que ele
era tão poderoso que as ondas haviam de
obedecer às suas ordens. Canuto mandou
colocar o trono na praia e quando a maré
se aproximou ordenou ao mar que
recuasse. Quando a água lhe tocou os pés
disse aos aduladores: "Que todos os homens
saibam como é vazio e inútil o poder
dos reis; porque não existe ninguém
digno do nome a não ser Ele a quem o
céu, a terra e o mar obedecem. "
Canuto herdou o reino da Dinamarca e
conquistou a Noruega. A Inglaterra tornou-se
parte do mundo escandinavo e envolveu-se
de perto no comércio do Báltico.
Os feitos de Canuto assentavam na
força do seu carácter, e sob o domínio
dos seus filhos Haroldo e Hardicanuto
desmembraram-se. A Inglaterra regressou
ao governo saxão com o filho de
Etelredo, Eduardo, o Confessor.


(À esquerda) Os audaciosos Vikings atravessavam os oceanos em barcos
abertos como este, chegando a navegar até à América.
(Em baixo, à direita) Canuto repreende os seus cortesãos aduladores.

@Chao K'ang-Yin

m. 976

Chao K'ang-yin, também conhecido
por T'ai Tsu ("Grande Fundador" ou
"Pai"), foi imperador da China em
960-976. Uniu os Dez Reinos da China
e fundou a dinastia Sung, que durou até
1280, época em que floresceu a cultura
chinesa.

Desde o desaparecimento da dinastia
Tang, cem anos antes, a China fragmentara-se
em Dez Reinos, e a autoridade
estava nas mãos de muitos opressores
O imperador da altura tinha pouco poder
sobre estes senhores independentes, detentores
de exércitos poderosos. A situação
mudou apenas quando um deles veio
a ser imperador. Chao era comandante da
capital, Changan, e serviu-se do seu poder
militar para derrubar o imperador.
Chao não destruiu os outros generais
poderosos mas concedeu-lhes títulos
pomposos e cargos com direito a pensões
elevadas. O sucesso de Chao trouxe un
clima mais pacífico à China, e a cultura
chinesa desenvolveu-se.
Os descendentes de Chao ficaram conhecidos
pela dinastia Sung e a sua época
tornou-se célebre como um ponto alto da
longa história da civilização chinesa. Sob
o domínio Sung inventou-se a pólvora
utilizada no fogo-de-artifício. Desenvolveu-se
a impressão com blocos gravados.
A literatura floresceu, tanto a prosa
como a poesia. Foi um período deveras
criativo para a porcelana chinesa, uma
arte em que os Chineses se excederam.
O confucionismo desenvolveu-se como
filosofia nacional. Criou-se uma cultura
chinesa completamente distinta.
Havia um preço a pagar por tudo isto.
Ao norte, a China era ameaçada por vizinhos
poderosos. Estes mantinham-se
numa paz relativa através do pagamento
de impostos, mas a situação não era segura.
As reformas a longo prazo enfraqueceram
as proezas militares dos Chineses e a
sua capacidade de manter estes inimigos à
distância. Durante a vida de Chao, a sua
capacidade equilibrou a situação.
Chao viveu segundo os preceitos de
Confúcio, governando com sentido humano
e dando ouvidos aos conselhos dos
ministros. A sua reputação facilitou o seu
objectivo declarado de reunificar o país,
porque muitos viviam satisfeitos com o
seu governo. Juntamente com a sua capacidade
para a política, a força dos seus
soldados bem escolhidos, e o facto de tratar
os seus rivais derrotados com generosidade,
assegurou-lhe o sucesso. O último
dos Dez Reinos rendeu-se, em 978,
sem luta. Chao morreu nessa altura. Correu
o boato de que fora assassinado, mas
a sua morte súbita deveu-se provavelmente
a excesso de bebida.

Arte da dinastia Sung: pássaros e flores sobre
seda.

@Guilherme, "o Conquistador"
1027-1087

Guilherme, ·"o Conquistador", foi rei de Inglaterra de 1066 a 1087.
Introduziu neste país a cultura e o tipo de sociedade normanda.
Venceu a batalha de Hastings, em 1066, que lhe conferiu o trono de
Inglaterra. Foi responsável pela organização do cadastro das terras
inglesas, em 1086, um registo do reino de Inglaterra e do seu povo.

Guilherme era filho ilegítimo de Roberto,
duque da Normandia, e sucedeu
ao duque aos oito anos, quando o seu pai
morreu ao regressar de uma peregrinação
a Jerusalém. Os Normandos eram um
povo duro e belicoso, ligado aos Vikings,
que se fixaram no Norte da França. Houve
muitas desordens na Normandia
durante a juventude de Guilherme, e este
teve bastante dificuldade em manter o seu
ducado. Três dos seus guardas morreram
de forma violenta e o seu tutor foi assassinado.
Guilherme aprendeu com estas experiências
a ser cruel e implacável.
Por volta de 1060, Guilherme dominava
já os seus barões indisciplinados e
voltou a sua atenção para a expansão dos
seus territórios, tanto em França, como
através do canal da Mancha. Guilherme
era parente do rei de Inglaterra, Eduardo,
o Confessor, que não tinha filhos, e que
prometeu a Guilherme que este seria o
herdeiro do trono. Eduardo não tinha autoridade
para fazer essa promessa, porque
os Anglo-Saxões de Inglaterra elegiam os
seus reis. Segundo a tradição, os nobres
mais importantes reuniam-se em congresso,
o Witan, e escolhiam um deles,
normalmente, mas nem sempre, um
parente do rei. O nobre mais poderoso
era o conde Godwin de Wessex. Haroldo,
filho de Godwin, lutou com Guilherme
na Bretanha, e durante esta campanha
Guilherme afirmou que Haroldo
prometeu sobre um cofre com relíquias
sagradas que o apoiaria na tentativa de vir
a ser rei. Haroldo afirmou que tinha feito
essa promessa coagido.
Quando Eduardo morreu, Haroldo foi
eleito rei. Guilherme decidiu tentar conquistar
a Inglaterra pela força. Tostig,
meio-irmão de Haroldo, aliou-se ao rei
da Noruega e tentou uma invasão na
mesma altura, embora os dois ataques
não fossem provavelmente combinados.
Guilherme esperava entrar pelo Sul de Inglaterra
enquanto Haroldo estava ocupado
a lutar contra Tostig no Norte, mas
apanhou mau tempo no canal da Mancha
e perdeu bastantes barcos. Precisamente
quando achou melhor desistir, surgiu um
cometa (mais tarde conhecido por cometa
de Halley) e este facto foi interpretado
como um bom presságio. Os ventos
mudaram e os Normandos conseguiram
chegar a terra perto de Hastings ao sul da
costa inglesa.
Haroldo dirigiu-se rapidamente para
sul a fim de se encontrar com Guilherme,
depois de ter derrotado Tostig na Ponte
de Stamford em Yorkshire. Travou-se
uma batalha decisiva perto de Hastings,
num lugar chamado actualmente Battle
( Batalha))). Guilherme venceu devido à
sua persistência, porque as fortificações
de deíesa dos Anglo-Saxões revelaram-se
eficazes contra os ataques. Foi apenas
quando os inimigos se indisciplinaram e
avançaram convencidos que tinham vencido,
que os arqueiros de Guilherme alcançaram
a vitória. A batalha foi registada
de forma viva por mulheres normandas
nas famosas tapeçarias de Bayeux

Haroldo foi atingido num olho por
uma seta e morreu. Guilherme avançou
em direcção a Londres, e foi coroado, em
1066, no dia de Natal. Durante a cerimónia,
os guardas de Guilherme confundiram
os gritos de aclamação com um
ataque e entraram precipitadamente, matando
muita gente e interrompendo a
cerimónia de forma abrupta.
Guilherme levou mais cinco anos a ter
controlo absoluto sobre o seu novo reino,
deixando grandes áreas abandonadas
a norte durante o processo, e aumentou a
antipatia em relação ao seu novo reino e
ao seu povo. Após a derrota da última
fortaleza dos Anglo-Saxões, a de Hereward,
na ilha de Ely, a velha aristocracia
inglesa foi quase totalmente aniquilada.
Guilherme transformou os seus seguidores
nos novos senhores de Inglaterra.
Instituiu o sistema feudal normando que
definia relações rígidas entre governantes
e governados, permitindo que os seus
homens mantivessem o controlo, e que
estes lhe fornecessem os soldados, de entre
os camponeses, quando necessitasse
deles. Guilherme construiu castelos para
dominar as regiões; o mais importante foi
a Torre Branca, que ainda se mantem
como a vigia da Torre de Londres.
Guilherme iria passar grande parte do
seu reinado na Normandia, a defender;
suas terras contra outros nobres e contra
o seu filho rebelde, Roberto Curthose.
Regressou a Inglaterra apenas quando já
não havia perigo. Numa dessas ocasiões,
não se deu uma invasão esperada da
Dinamarca e, em vez disso, Guilherme organizou
o cadastro das terras inglesas, (,
primeiro recenseamento de Inglaterra
Monges e funcionários do reino percorriam
a província e anotavam com exactidão
a quem pertencia que pedaço de terra,
a dimensão das povoações, o modo de
vida dos habitantes, para que Guilherme
soubesse exactamente o que possuía. Segundo
o sistema feudal, todo o reino pertencia
ao rei, embora fossem concedidas
propriedades aos nobres em troca dos
seus serviços, da mesma forma que os
camponeses (servos da gleba) recebiam
usufruto da terra em troca dos serviços
prestados ao seu suserano.
Guilherme era um homem autoritário
e cruel, temido e muito respeitado. Embora
fosse cruel e avarento, preocupava-se
bastante com a lei e a ordem, provavelmente
como consequência da sua infância
arriscada, e esse facto tornou a sua
forma de governar estável e justa. Era caçador
e soldado, e continuou nestas actividades
até ao fim da vida, apesar de se
ter tornado muito gordo. A introdução
de uma aristocracia que falava francês I
do sistema feudal foi um ponto alto na
história de Inglaterra. Guilherme morre
numa batalha, na Normandia, em 1087,
o seu reino foi dividido entre os seus filhos
Guilherme Rufo (Inglaterra) e
Roberto (Normandia), mas a relação de Inglaterra
com interesses em França, manteve-se
firme, com efeitos duradouros na
cultura inglesa, com incidência especial
na língua.

O mundo de Guilherme, "o Conquistador",
está ilustrado em dois únicos registos.
A tapeçaria de Bayeux (em cima) representa a
batalha de Hastings. Destaca-se aqui o
desembarque dos Normandos, em Inglaterra.
O cadastro das terras inglesas (em baixo) é um
levantamento, cheio de pormenores notáveis,
da vida inglesa de há mil anos.

@João Sem-Terra
c. 1167-1216

João foi o mais jovem dos três filhos de
Henrique II, o primeiro rei da dinastia
dos Plantagenetas (1115//89), que governou
um extenso império que incluía a
Aquitania e a Normandia, assim como a
Inglaterra. Os seus filhos eram tão indisciplinados
que foram conhecidos por "a
geração do diabo".
Enquanto o irmão de João, o rei Ricardo
Coração de Leão (1189-99) estava
ausente numa cruzada, João tentou controlar
a Inglaterra, organizando uma
conspiração para impedir que Ricardo
voltasse. Falhou, e as suas terras foram
arrebatadas pelo que mereceu o cognome
de "Sem-Terra".
O rei perdoou-lhe, mais tarde, e João
sucedeu-lhe como rei, em 1199. João assegurou
a sua pretensão ao trono em 1203
com o assassínio de Artur, filho do seu
irmão Godofredo, um rapaz de doze anos
e pretendente ao trono.
João foi um administrador competente
mas um fraco soldado, e perdeu a sua
herança francesa a favor do rei Filipe Augusto
de França em 1204-05. O reinado
desastroso de João assistiu na altura a
uma longa disputa com o papa Inocêncio
III sobre a escolha do arcebispo de Cantuária.

João foi rei de Inglaterra, entre 1199
e 1216. Durante o seu governo foi
assinada a "Magna Carta", em 1215.

João foi excomungado e a Inglaterra
recebeu uma ordem de interdição
do Papa; não se podiam realizar serviços
religiosos, baptismos, casamentos ou funerais.
João, foi, por fim, forçado a desistir
e rendeu-se de forma humilhante.
As despesas de todos os fracassos de
João levaram-no a reivindicar direitos
reais ignorados pelos seus antecessores.
João foi o primeiro rei durante muitos
anos a passar a maior parte do tempo em
Inglaterra. Viajou por todo o país angariando
dinheiro e não era escrupuloso com
os métodos que usava. Era um homem
egoísta e fútil, dado a violentos ataques
de mau génio, constando que deitava
espuma pela boca e mordia ramos de árvores.
Comentava-se a seu respeito o
facto de ter o hábito de tomar banho regularmente,
o que era pouco frequente na altura.
Com o intuito de refrear os seus excessos,
os barões, apoiados pelo clero e por
outros cidadãos, forçaram João a assinar a
Magna Carta, em Runnymede, no
Tamisa, no ano de 1215. Esclarecia que o rei
estava sujeito à lei e dava direitos aos súbditos
contra a prisão sem culpa formada e
extorsão de dinheiro. Influenciou os sistemas
democráticos na Grã-Bretanha e
noutros países falantes da língua inglesa.
Nos Estados Unidos, mantêm permanentemente
uma cópia do original.
João ignorou logo a seguir as promessas
que fizera, e os barões, desesperados,
nomearam rei Luís, filho de Filipe Augusto.
João ofereceu resistência e,
durante a campanha, foi apanhado na
área pantanosa de Norfolk, em Wash,
e perdeu as jóias da coroa. Morreu logo a
seguir, sozinho e quase sem amigos, e
calcula-se que envenenado.


João Sem-Terra assina a "Magna Carta", em
Runnymede, no ano de 1215.

@Gengiscão

c. 1167-1227

Gengiscão foi chefe das tribos mongóis
do Nordeste asiático desde 1180.
guerreiro e governante de talento,
conquistou um império que se estendia
a mais de seis mil quilómetros, da
Turquia à China. Com uma reputação
crueldade raramente igualada, foi
o horror dos mundos árabe e cristão.

oS povos mongóis habitavam uma zona
a norte da Grande Muralha da China,
construída para os manter afastados. Os
Mongóis eram nómadas que se deslocavam
para onde houvesse pastagens para
os seus póneis resistentes. Eram guerreiros,
mas gastaram muitas das suas energias
a lutar uns contra os outros.
O grande feito de Gengis foi uni-los
numa nação e mantê-los sob uma disciplina
militar rígida.
O nome original de Gengiscão era
Temujin, imitando um inimigo que o seu
pai matou quando o filho nasceu. O pai,
chefe de um clã, foi envenenado quando
Temujim tinha nove anos, e ele e a mãe
viveram na pobreza. Uma vez foi apanhado
pela nova família que governava e
obrigaram-no a usar uma canga de madeira.
Conseguiu fugir agredindo o
guarda com a canga quando os outros estavam
numa festa. Quando cresceu, conseguiu
o domínio da tribo, e destruiu os
que o humilharam.
Temujin usava o seu génio militar para
destruir as tribos rivais; assassinava os
nobres e aceitava o povo nas suas próprias
forças. Desta forma, todos os Mongóis
ficavam ligados à sua família. Estava
reservada uma vingança especial para os
Tártaros que tinham assassinado o seu
pai: todos os que eram mais altos do que
o eixo de uma carroça foram mortos.
Deste modo, ficaram vivos apenas os filhos,
e estes foram incorporados na tribo
de Temujin.
Em 1206, o seu domínio era completo
e foi nomeado, numa grande assembleia
de tribos, Gengiscão ("Rei Universal").
Os Mongóis invadiram a China, tomando
Pequim, em 1215. Depois disso,
atacaram o reino muçulmano de
Khwarezm, no Afeganistão e começaram
a ter a fama de cruéis. Os povos derrotados
eram massacrados ou forçados a marchar
à frente dos Mongóis, em batalhas
contra as próprias famílias. A fama dos
Mongóis paralisava uma possível resistência,
mas mesmo uma rápida rendição
nem sempre evitava que populações inteiras
de cidades fossem deitadas por terra
e decapitadas. De início, Gengis via na
China uma nova terra de pastagens para
os seus póneis. Quando teve conhecimento
de outras formas de vida, as suas
ideias tornaram-se mais sofisticadas.
Verificou que um campesinato como o
da China podia fornecer uma quantidade
regular de dinheiro, em impostos, de
valor mais durável do que o simples roubo.
Ao mesmo tempo adaptou o seu
modo de lutar de acordo com as condições,
desenvolvendo armas para tomar as
cidades. Foi esta capacidade de adaptação
que se tornou a chave do seu sucesso.
(Gengis morreu quando o seu exército
estava a ponto de se expandir ainda mais
Sob o domínio do seu filho ogodai, e de
neto Cublai, os Mongóis conquistaram
toda a China e a Pérsia, e grande parte da
Rússia, criando Um império firmement
unido. oS povos das redondezas viviam
em constante terror com receio de novas
investidas, e o nome de Gengiscão tornou-se
Um símbolo de destruição e crueldade.


Antigo manuscrito representando tropas
mongóis a atravessar um rio gelado.


@Wat Tyler

Wat Tyler foi o chefe da primeira
grande rebelião popular em Inglaterra,
em 1381. Ficou conhecida pela Revolta
dos camponeses.

Em 1349, a Peste Negra devastou as
zonas rurais de Inglaterra. Um terço da população
foi morta por essa praga terrível.
Este facto provocou uma grande escassez
de mão-de-obra e o velho sistema feudal,
segundo o qual os camponeses eram propriedade
de um senhor, desmoronou-se.
Para os senhores, era como se a ordem
tradicional estivesse ameaçada e fizeram
aprovar no Parlamento medidas severas
para reafirmar o seu controlo.
A situação foi agravada pelo facto de o
Governo necessitar de dinheiro para sustentar
uma guerra com a França, impondo
uma taxa de um xelim por cabeça
a cada pessoa, independentemente dos
rendimentos. Em muitas zonas os cobradores
de impostos foram escorraçados.
Pregadores radicais, conhecidos por sacerdotes
de segunda categoria, que começaram
a surgir em cena no século XIV, em
Inglaterra, circulavam de aldeia em aldeia,
pregando a igualdade para os camponeses
e incitando-os à revolta.
Em Kent, os rebeldes juntaram-se à
volta de Wat Tyler, cujas origens são
obscuras, embora conste que era um salteador.
Levou-os a libertar John Ball, um
sacerdote proeminente, da prisão de
Maidstone, e a conquistar Cantuária, a 10
de Julho de 1381. A seguir avançaram em
direcção a Londres. Afirmavam que
queriam libertar o rei dos maus conselheiros,
tais como o tio, John de Gaunt. Rebuscaram
a casa de Gaunt, o Palácio de Savoy;
não roubaram nada e agrediram um
homem que tentou fazê-lo.

Entretanto, os rebeldes de Essex
chegaram a Mile End, nos limites da cidade.
O rei, Ricardo II, um jovem de catorze
anos, cavalgou com bravura ao seu encontro
e concordou em libertar os camponeses.
Os homens de Tyler tomaram a
Torre de Londres e mataram o chanceler
Sudbury, o tesoureiro Hales, e outros
funcionários reais.
A 15 de Junho, os rebeldes de Kent,
ainda bem organizados apesar das desordens
no centro de Londres, foram ao encontro
do rei, em Smithfield. Tyler cavalgava
à frente, acompanhado apenas
por um companheiro. Fez exigências semelhantes
às que foram concedidas aos
rebeldes de Essex, sobre as quais não devia
estar informado, mas para além da liberdade
dos camponeses e da extinção de
toda a autoridade, excepto a do rei, fez
também pressão para que todas as terras
pertencentes à Igreja fossem distribuídas
pelos camponeses. Depois de beber um
gole de cerveja, Tyler voltou-se para
montar o cavalo. Quando o fez, tocou na
espada, e Walworth, o prefeito de Londres,
temendo um ataque contra o rei,
matou-o. Os rebeldes puxaram dos arcos
para combater e o rei avançou, gritando:
"Eram capazes de matar o vosso rei?" Os
rebeldes nunca estiveram contra o rei e
deixaram-se levar. Ricardo não iria deixar
que os atacassem, embora nas semanas
seguintes voltasse atrás nas suas concessões.
Reuniram os cabecilhas e castigaram-nos,
e as condições dos camponeses
ficaram as mesmas.

(Em cima) A Peste Negra fez com que os senhores criassem leis
severas para impedir a escassez de mão-de-obra dos camponeses.
(À direita) Tyler é morto por Walworth, prefeito de Londres,
enquanto Ricardo avança em direcção aos rebeldes.

Chegada de Joana d'Arc
ao encontro com Carlos
VII, em Chinon, no mês
de Março de 1429.

@Joana D'Arc

1412-1431

Joana d'Arc foi uma camponesa e uma
santa que fez renascer a sorte dos
Franceses na Guerra dos Cem Anos.
Foi queimada viva pelos Ingleses sob
acusação de feitiçaria.

Joana era uma pastora que vivia em
Champagne, na zona oriental da França.
Aos treze anos, ouviu, pela primeira vez,
vozes de anjos chamarem-na e, desde então
e até ao fim da sua vida, afirmou que
S. Miguel, Santa Catarina e Santa Margarida,
os santos padroeiros de França, a
visitavam com regularidade. As vozes
ordenavam-lhe que fosse ter com o rei de
França, Carlos VII, e que o ajudasse na
guerra contra os Ingleses.
Quando, por fim, conseguiu ser levada
à presença do rei, em 1429, este trocou de
lugar com um dos seus cortesãos, mas ela
reconheceu o rei de imediato. Carlos, os
nobres e os bispos duvidaram da afirmação
da jovem de que fora enviada para levar
os Franceses à vitória. No entanto, a
situação era desesperada; Carlos não fora
nunca coroado e não conseguiu convencer-se,
quanto mais aos Franceses, de que
era o rei certo. Metade da França, incluindo
Paris, estava ocupada pelos Ingleses,
que reivindicavam que o seu rei
era rei de França. A grande cidade de OrIeães
estava sitiada há já muitos meses.
Desesperados, deram a oportunidade a
Joana, equipada com uma armadura de
cavaleiro e uma espada encontrada, conforme
profetizara, no altar de uma igreja.
Ocasionou uma mudança miraculosa nos
destinos de França, conduzindo ela própria
o Exército, transmitindo coragem a
Carlos e aos seus soldados. Levantou o
cerco de Orleães e destruiu a fama da invencibilidade
dos Ingleses.
Em Julho de 1429, Joana levou Carlos
a Reims, onde foi coroado. Ajoelhou a
seus pés e chamou-lhe rei pela primeira
vez. Joana era então o ídolo de França.
Conduziu os Franceses a Paris, desafiando
publicamente os Ingleses para que
viessem lutar contra ela. No entanto, o
curso da guerra mudou e Joana foi capturada
pelos Borgonheses, aliados dos Ingleses.
Numa tentativa de fuga, saltou de
uma torre para um fosso, mas perdeu os
sentidos e teve a sorte de ser retirada com
vida. Os Ingleses compraram-na aos seus
captores e condenaram-na por feitiçaria,
blasfémia e "por ter a ousadia de usar
roupas de homem". Foi queimada viva,
presa a um poste, em Ruão, a 30 de Maio
de 1431. Pediu a um monge que cantasse
para ela e assim pôde ouvir palavras
celestiais para além do crepitar das chamas.
Conta-se que encontraram o seu
coração, intacto, no meio das cinzas.
O espírito de Joana d'Arc continuou
vivo e os Franceses, com um novo orgulho
nacional, derrotaram os Ingleses.
Perto de quinhentos anos mais tarde, em
1920, Joana d'Arc foi reconhecida como
santa pela Igreja Católica.


A execução de Joana d'Arc. O rei francês anulou posteriormente a condenação
de feitiçaria. O sacrifício de Joana d'Arc só foi aumentar a sua influência
no levantamento da moral dos Franceses.


@IMPREsSãO

@Johannes Gutenberg

c. 1400-1468


Johannes Gutenberg iniciou a era da
impressão, ao construir a primeira
impressora, que começou a produzir
em grande escala em 1448. A maior
inovação de Gutenberg foi o uso do
sistema das letras móveis e utilizável
mais que uma vez. William Caxton foi
o primeiro a montar uma impressora
em Inglaterra, e foi o pioneiro das
publicações em língua inglesa.

William Caxton.

A invenção da impressão é um marco
fundamental na história da civilização
moderna. Na Idade Média, os livros
eram feitos à mão ("manuscritos"), copiados
e ilustrados com esmero ("iluminados"),
de uma maneira geral por monges
ou padres. Eram escritos em latim.
Era vulgar só poderem ser lidos por
aqueles que se preparavam para clérigos,
assim como alguns aristocratas e eventualmente
um rei. Apenas algumas cópias
de cada livro podiam circular. A impressão
veio alterar esta situação de forma
drástica. Os livros vulgarizaram-se muito
mais, sendo por isso mais baratos e,
em consequência, a literatura espalhou-se
mais entre aqueles que não eram clérigos.
A possibilidade de produzir milhares de
panfletos foi um factor crucial na expansão
da Reforma. A impressão e os livros
baratos significavam que os conhecimentos
científicos e outros poderiam tornar-se
conhecidos de uma forma mais alargada;
os Europeus ficaram mais intimamente
ligados.
O princípio da impressão que empregava
blocos talhados em madeira era já
conhecido dos Chineses desde o século
Xi, mas foi na Europa que se resolveu o
problema crucial de fazer letras individuais
(tipos) que se podiam mudar, mas
que estavam ajustadas de forma segura e
uniforme numa moldura. O homem reconhecido
em geral como tendo conseguido
atingir este objectivo pela primeira
vez foi Johann Gutenberg, de Mogúncia,
na Alemanha. Gutenberg era um ferreiro
que passou vinte anos a adaptar, em segredo,
métodos usados no fabrico de cartas
de jogar e gravuras xilográficas,
usando a sua habilidade para trabalhar em
metais, para reproduzir as letras com um
modelo uniforme. Outros fizeram estas
experiências na mesma altura, mas foi
Gutenberg que construiu a primeira impressora
que usava tipos móveis. Para isso,
Gutenberg pediu dinheiro emprestado
a um outro ferreiro, Joachim Fust.
Em 1448, construíra os tipos suficientes
para imprimir toda a Bíblia.
Contudo, Gutenberg não era nenhum
homem de negócios e, em 1455, após
uma discussão, Fust tomou posse da casa
e da impressora como pagamento da dívida.
Continuou a trabalhar nela com o
genro, Peter Schoffer. Gutenberg começou
a montar outra impressora, na qual
imprimiu, em 1456, a famosa Bíblia de
Gutenberg (também conhecida por Bíblia
de Mazarin, nome derivado da livraria
onde foi encontrada). Este é um dos
livros impressos mais antigos que chegaram
até aos nossos dias.
Gutenberg morreu, em 1468, num estado
de miséria relativa. Em 1462, a cidade
de Mogúncia foi tomada pelos inimigos
e saqueada; os tipógrafos aí residentes
fugiram para outras cidades da
França e da Alemanha, e o novo invento
foi divulgado com rapidez. Em cinquenta
anos, os tipógrafos já trabalhavam em
duzentas cidades e vilas da Europa.
O pioneiro da impressão em Inglaterra
foi William Caxton. Caxton era um comerciante
de sedas, que viveu em Bruges,
na Bélgica, de 1463 a 1469, e era um
membro importante da comunidade de
comerciantes ingleses nessa cidade. De
1471 a 1476, viveu na corte da duquesa
inglesa de Borgonha, uma das cortes
mais sumptuosas da Europa. Como Gutenberg,
interessava-se pela impressão,
mas, ao contrário do alemão, era rico e
possuía enorme talento para os negócios.
Aprendeu a imprimir em Colónia, na
Alemanha, montando a sua primeira impressora
em Bruges. Aí produziu o primeiro
livro impresso em língua inglesa,
traduzindo ele mesmo do francês: Recolha
das Histórias de Tróia, sobre as antigas
guerras de Tróia. Caxton regressou a
Inglaterra, montando a primeira impressora
em Westminster, Londres, em 1476.
No ano seguinte, publicou o primeiro livro
em Inglaterra, uma tradução do
sogro do rei, o conde Rivers, Ditos e
Provérbios dos Filósofos.
Caxton atraiu o interesse e o apoio das
pessoas mais poderosas do país, incluindo
a família real. Caxton publicou
cem títulos aproximadamente, dos quais
chegaram até aos nossos dias cerca de um
terço. Além das suas traduções, imprimiu
as obras dos poetas ingleses Geoffrey
Chaucer e John Gower, e do escritor
Thomas Malory, desempenhando um
papel importante na primeira grande
época da literatura inglesa.
Uma das consequências da impressão
foi a expansão e desenvolvimento de outras
línguas europeias para além do latim
e, acima de tudo, o inglês que começou a
desenvolver-se como a língua nacional
reconhecida e não uma simples colecção
de dialectos regionais.


Uma prensa tipográfica do século xvI, cujos pioneiros foram
Caxton e Gutenberg.


Gutenberg a trabalhar; pormenor
de um documento histórico.

Frontispício da edição de Caxton das Fábulas deEsopo, ainda hoje muito populares.


@Cristóvão Colombo

1451-1506

Cristóvão Colombo foi um explorador
italiano, que descobriu a América, em
1492. Fez quatro viagens à América sob
o domínio da bandeira espanhola, entre
1492 1504.

Colombo era filho de um tecelão do
porto de Génova. Aprendeu o ofício de
cardador de lã, mas sentia-se atraído pelo
mar e, aos catorze anos, fugiu para ser
marinheiro. Após alguns anos no mar,
naufragou, quando o seu barco se incendiou
ao largo da costa de Portugal e foi
forçado a nadar para terra em cima de
uma tábua. Fixou-se em Portugal, casou
e fez-se cartógrafo.
Portugal era a nação mais importante
de navegadores no século xv, sob o impulso
do infante D. Henrique, o Navegador
(1394-1460), e Colombo não demorou
muito tempo a ser atraído pelo
desejo de voltar ao mar. Concebeu um
plano ambicioso. Na altura, existia um
comércio rico em especiarias, sedas e outros
artigos de luxo provenientes da China
e da India, no Oriente. Colombo partilhava
da crença que se estava a espalhar
entre os navegadores de que o Mundo era
redondo. Pensou, por isso, que seria possível
alcançar o Oriente navegando em
direcção oeste. Pensava que desta forma
podia poupar tempo na viagem, visto
que ninguém nessa época sabia qual era a
verdadeira dimensão do Mundo. Apresentou
o seu plano aos reis de Portugal,
Inglaterra e Espanha, mas nenhum deles
se mostrou interessado num empreendimento
tão teórico.
Colombo gastou muitos anos inúteis e
frustrantes em diversas cortes, sendo o
seu projecto repudiado como pouco prático
ou mesmo louco. Foi um golpe desorte que trouxe por fim a recompensa a
Colombo. A caminho da corte espanhola
para a francesa, parou num mosteiro,
onde deixara o filho. Falou aos monges
no seu projecto e o superior, antigo confessor
da rainha Isabel, escreveu à soberana
em seu nome, conseguindo por fim
uma audiência que teve resultados favoráveis.
Assim, foi a 3 de Agosto de
1492, que este navegador genovês partiu
de Palos, no Sul de Espanha, sob as cores
do rei e da rainha de Espanha, Fernando e
Isabel. Foi-lhe prometido o cargo de governador
de todas as terras que descobrisse
e uma percentagem nos lucros. Levou
três pequenas naus --Santa Maria, Pinta
e Nirza-- e oitenta e sete homens, muitos
deles recrutados nas prisões.
Após uma paragem nas ilhas Canárias
para renovar o equipamento, Colombo
tomou o rumo do "Mar das Tormentas",
como era conhecido. Os navegadores
portugueses tinham navegado ao longo
da costa de África, porém, nenhum se
atrevera a aventurar-se a entrar no oceano
AtlÂntico. Para os marinheiros supersticiosos,
este era o domínio dos monstros
marinhos, com o eterno risco de navegar
para além dos limites do Mundo. À medida
que avançavam sem avistar terra,
começaram a ficar mais inquietos. Por
fim, Colombo foi ameaçado por um motim.
Alterou os registos do diário de
bordo para fazer crer que estavam mais
próximo da pátria do que se encontravam
na realidade e prometeu regressar dentro
de três dias se não avistassem terra.

Por essa altura, havia indícios de que a
terra estava próxima; troncos que flutuavam
e aves terrestres em vez de marinhas.
Às duas da manhã de 12 de Outubro
de 1492, foi avistada terra: a ilha de
Watling, nas Baamas, a que Colombo
deu o nome de São Salvador. Pela primeira
vez olhos europeus avistaram a
América desde que os Vikings o tinham
feito (e há muito esquecido) quinhentos
anos antes. Também descobriram Cuba
e Hispaníola (Haiti), deixando trinta e
nove homens com mantimentos nesta última
ilha. Colombo regressou à pátria
com as duas naus que restavam (a Santa
Maria afundara-se), seis cativos e animais
e plantas exóticas. Colombo estava convencido
de que chegara à Ásia. Foi festejado
como um herói.
Colombo fez mais três viagens. A segunda
tinha como verdadeiro objectivo
colonizar a nova terra e converter os nativos
ao cristianismo. Partindo, em Setembro
de 1493, levou mais de mil homens
em dezassete naus. Descobriu Porto Rico,
Guadalupe e Jamaica, e como os colonos
de Hispaníola foram massacrados
pelos índios, fundou aí a cidade de Isabel,
a primeira cidade europeia do Novo
Mundo.
Na terceira viagem, Colombo explorou
o território da América do Sul que
julgava ser outra ilha, a Trindade.
Colombo possuía muitos rivais na corte
espanhola e as histórias da rebelião em
Hispaníola fizeram com que Fernando e
Isabel enviassem um novo governador,
Francisco de Bobadilha. Colombo ofereceu-lhe
resistência e foi enviado de regresso
a Espanha, sob prisão, em 1500.
Com alguma dificuldade, Colombo
voltou a merecer os favores dos reis, mas
a sua quarta viagem (1502-04) foi um desastre.
Explorou as Honduras, a Nicarágua
e o Panamá, mas sofreu motins e
naufrágios. Regressou a Espanha de
mãos vazias apenas com uma embarcação,
descobrindo que a sua patrona, a rainha
Isabel, morrera. Não conseguiu descobrir
um caminho para a India que igualasse
o que fora explorado por Vasco da
Gama, um português que navegara à
volta de África. Passou os últimos dois
anos da sua vida em conflito com o rei
devido às recompensas que este lhe prometera
pela sua primeira viagem. Morreu
na miséria. Estava ainda convencido que
desembarcara na Ásia e nunca iria saber
que o seu verdadeiro feito, pelo qual será
sempre recordado, fora a descoberta de
um continente.


(Em baixo, à esquerda) Gravuras contemporâneas do primeiro
desembarque de Colombo em
Hispaníola.

(Ao fundo, à direita, Colombo ao ser
recebido pelos seus patronos, o rei
Fernando e a rainha Isabel de
Espanha.

(À direita, mapa) As quatro viagens
de Colombo ao Novo Mundo.


@Cortés

1485-1547

Cortés foi um aventureiro e explorador
espanhol que conquistou o México aos
Astecas. Descobriu também a Baixa
Califórnia.

Cortés ficou na História como o destruidor
de uma civilização, a dos Astecas, e a
sua crueldade tem tendência para ser mais
recordada de que a sua bravura. Era um
conquistador espanhol típico; um homem
audacioso e inquieto que explorou
com grande risco as zonas desconhecidas
no Novo Mundo, em busca de aventuras
heróicas, mas também para aumentar o
seu poder.
Cortés era oriundo de Salamanca, em
Espanha, porém, quando o pai o obrigou
a estudar Direito, fugiu para Hispaníola
(Haiti). Prestou serviços a Velázquez, governador
de Cuba, e, em 1518, mandaram-no
explorar o continente americano.
Levou seiscentos voluntários em onze
naus. A cidade de Vera Cruz foi fundada
e Cortés eleito capitão-general pelos cidadãos
(a sua tripulação) tornando-o independente
de Velázquez.
Cortés avançou para o interior até à
magnífica cidade de Tenochtitlan, capital
do Império Asteca. Foi bem recebido
pelo imperador, Montezuma, que pensava
que ele era Quetzalcoatl, um deus
que pensavam ter a pele clara como os
Europeus. Cortés prendeu Montezuma,
com a intenção de governar no seu lugar
e converter os Astecas ao cristianismo.
Furioso com a desobediência de Cortés,
Velázquez enviou um exército, e
Cortés teve de avançar ao seu encontro.
Convenceu-os a juntarem-se a ele,
porém, ao chegar a Tenochtitlan, descobriu
que os Astecas se tinham revoltado e
matado Montezuma. Após luta desesperada,
Cortés voltou a tomar a cidade,
em 1521. No ano seguinte, foi nomeado
capitão-general da "Nova Espanha"
como era chamada pelo rei Carlos. Reconstruiu
a cidade, actualmente a Cidade
do México, ao estilo espanhol. O seu poder
sobre os Astecas não era injusto, e a
sua fama de ser cruel não foi totalmente
confirmada.
Carlos estava receoso com os conquistadores
e com a forma como estes repartiam
as enormes propriedades. Cortés,
apesar de ter defendido o seu caso em Espanha,
de 1528 a 1530, foi nomeado apenas
comandante militar, com controlo
político sob o governador-geral. Organizou
expedições à costa do Pacífico e reivindicou
a Baixa Califórnia para Espanha,
em 1533, mas o seu mérito foi pouco
reconhecido ao chegar a Espanha.
Numa ocasião, disse a Carlos ser o homem
que lhe dera mais províncias do que
seu pai lhe deixara cidades, mas o rei depois
de ter ganho enorme poder com as
suas conquistas já não precisava dele e
Cortés morreu na miséria.

(Mapa) Explorações de Cortés no
Império Asteca que se estendia do
AtlÂntico ao Pacífico e tinha cinco
milhões de habitantes.

(À esquerda) Cortés desembarca
em Vera Cruz. As embarcações
foram destruídas para impedir que
alguém regressasse.


@Solimão " o Magnífico "

1494-1566

Solimão, "o Magnífico", foi sultão da
Turquia de 1520 a 1566. Sob o seu
domínio, o Império Turco dos
Otomanos atingiu o apogeU.

Como consequência do avanço dos Mongóis
sob o domínio de Gengis, os Turcos
mudaram-se, no fim do século XIII, da
sua terra natal, no Turquestão, na Ásia
Central, para o Império Romano do Ocidente,
em decadência. Sob o domínio do
avô de Solimão, Maomé, "o Conquistador",
tomaram a capital, Constantinopla
(a que deram o novo nome de Istambul),
em 1453. Maomé conquistou doze reinos
e duzentas cidades. O seu filho Selim, "o
Cruel", acrescentou-lhe a Síria, o Egipto
e a Arábia.
Solimão herdou este grande império,
em 1520, e estava determinado a continuar
as conquistas do pai. Em 1521, tomou
Belgrado e, em 1526, derrotou e
matou o rei Luís II da Hungria na batalha
de Mohacs. Em 1540, a maior parte da
Hungria estava sob o domínio dos Turcos.
Solimão ameaçava a Áustria e susteve
com êxito os ataques de Fernando,
duque da Áustria. Fez uma aliança com
Francisco 1, rei da França, que estava em
guerra contra o irmão de Fernando, o imperador
Carlos V.

A armada de Solimão era comandada
pelo pirata que governava a Argélia, Kair
ad-Din, conhecido por Barba Roxa, que
atacava os navios e saqueava as costas de
Itália e de Espanha, utilizando um porto
francês como base durante o Inverno. No
Oriente, Solimão estendia o seu poder até
Bagdade.
Solimão era orgulhoso e agressivo,
mas era também um artista e um homem
versado. Construiu novas mesquitas, estradas
e pontes, codificou as leis e apadrinhou
as artes. Enquanto pretendia conquistar
o Mundo, não converteu pela
força os seus súbditos ao islamismo, com
uma única excepção. Os exércitos otomanos
e os serviços civis eram constituídos
em grande parte por escravos. Muitos
deles eram produto de um recrutamento
regular de jovens cristãos. Estes jovens eram educados como
muçulmanos,
e constituíam o suporte do Governo,
e eram leais ao sultão de forma fanática.
Podiam ascender a altos cargos no
Governo e até mesmo casar com familiares
do sultão, embora continuassem a ser
escravos.
Não existia uma lei fixa de sucessão e
era habitual que os sultões matassem os
seus parentes mais chegados para afastar
os rivais. Solimão mandou estrangular o
seu filho mais velho, Mustafá, em 1553, e
um outro filho foi executado em 1561.
Morreu em batalha, na Hungria, e depois
dele o Império Otomano que dependia
muito da capacidade do seu governante,
iniciou um longo e lento declínio.

@A REFORMA

Lutero
1483-1546

João Calvino

1509-1564

Lutero foi um reformador religioso e místico alemão, cujo ataque ao
que considerava ser a corrupção e a decadência da Igreja Católica
Romana deu início à Reforma. Calvino foi o grande organizador e
teólogo do movimento protestante, iniciado por Lutero, e precursor
do movimento que ficou conhecido em Inglaterra por puritanismo.

Calvino regressa a Genebra, após três anos de
exílio em Estrasburgo (1541).

No início do século XVI, todos os cristãos
da Europa Ocidental e Central eram
membros da Igreja Católica Romana,
chefiada pelo papa, em Roma. A religião
popular criara muitas superstições que
não tinham cabimento nas doutrinas dos
padres de outros tempos. Os papas pareciam
mais príncipes italianos do que líderes
religiosos. A Reforma foi um movimento
iniciado no século xvI para corrigir
estas corrupções.
Tudo teve início com Lutero. Era filho
de um mineiro e um estudioso brilhante.
Após ter-se sentido atraído por uma visão,
fez votos para vir a ser monge. Lutero
era propenso a crises graves de depressão,
quando desesperava de se salvar.
Todo o conjunto de procedimentos da
Igreja não conseguia apagar o seu sentimento
de indignidade e pecado. Foi enquanto
lia a carta de S. Paulo aos Romanos
que surgiu a resposta. Lutero deu-se
conta de que o homem é salvo do pecado
através da sua fé em Cristo. Praticar apenas
boas acções, como aconselha a Igreja,
não era suficiente.
Lutero iria pôr em questão muitas das
práticas e cerimónias da Igreja, que o não
satisfaziam, e que afirmava não estarem
fundamentadas na Bíblia. Lutero escreveu
as suas conclusões nas 95 Teses e
fixou-as à porta da Catedral de Vitemberga.
Com os novos métodos de impressão,
circularam com rapidez por
toda a Europa e obtiveram a resposta de
muitas pessoas com tendências religiosas
e preocupadas com a situação da Igreja.
A seguir às 95 Teses Lutero fez circular
muitos panfletos e livros. Negava a autoridade
absoluta do Papa, e atacava as riquezas
e a corrupção da Igreja, e o papel
privilegiado dos padres na sociedade.
Proclamava o "sacerdócio de todos os
crentes". A fé era a chave, não a prática
de cerimónias. O papel dos padres (agora
chamados pastores) consistia apenas em
pregar a palavra de Deus. Eram livres de
poder casar; o próprio Lutero deixou de
ser monge e casou com uma antiga freira.

Os conventos, detentores por vezes de
grandes riquezas, não eram necessários.
Lutero atacava principalmente as "indulgências",
documentos vendidos pela
Igreja que se supunha possibilitarem a entrada
no Céu a troco do pagamento de
dinheiro.

Lutero foi excomungado pelo papa e
proscrito pelo imperador sacro romano.
Ao ser chamado para renegar as suas convicções,
afirmou: "Aqui estou. Não posso
fazer mais nada, e que Deus me
ajude. " Foi protegido pelo duque Frederico
da Saxónia, que partilhava das
ideias de Lutero. Livre de perseguições,
Lutero podia continuar a atacar a Igreja
Católica. O conflito entre os católicos e
os protestantes, como foram conhecidos
os seguidores de Lutero e de outros reformadores,
tornou-se permanente.
O mais importante dos outros reformadores,
e aquele que deixou a marca
mais profunda nos moldes futuros das
igrejas reformadas, foi o francês João
Calvino. Calvino estudou para advogado
e trouxe à reforma um rigoroso espírito
lógico e sistematizado, aliado a uma
grande erudição e a um sentido rígido da
moral.
Calvino convertera-se às doutrinas reformistas
em 1533, e foi forçado a fugir
de França com receio de perseguições.
Em 1536, publicou pela primeira vez As
Instituições da Religião Cristã, a exposição
mais sistemática da fé reformista.
Calvino deteve-se em Genebra, que estava
a tentar assegurar a sua independência
do bispo que a dominava, sendo convidado
pelo padre reformador Guillaume
Farel a aí ficar para organizar uma nova
igreja. Calvino aceitou o lugar e, sob a
sua influencia, Genebra tornou-se conhecida
pela "Roma protestante"
De início, Calvino viu-se a braços com
a oposição das autoridades da cidade, que
pretendiam assegurar o controlo sobre todos os assuntos do burgo anteriormente
sob a autoridade do bispo, enquanto Calvino pensava que os pastores
deveriam exercer autoridade mesmo sobre
os assuntos não religiosos. Em 1538,
a oposição obrigou Calvino a partir de
Genebra, e foi viver para Estrasburgo até
1541. Casou-se enquanto lá esteve. Em
1541, os discípulos de Calvino conseguiram
a liderança de Genebra e este foi convidado
a voltar. Dentro de poucos anos,
conseguiu o controlo em todos os aspectos
da vida da cidade-estado.

As teses de Calvino sobre o cristianismo e o governo da Igreja derivavam
das suas conclusões ao ler a Bíblia, de que
os fiéis eram escolhidos por Deus antes
do acto da criação (predestinação dos
eleitos). A Igreja é a organização dos
eleitos, e não existe nela lugar para a corrupção.
Os pastores exerciam o controlo sobre todos os aspectos do comportamento
das pessoas, com poderes para excomungar
ou mesmo executar. Eram todos
obrigados a ir à igreja aos domingos,
eram proibidas as roupas luxuosas e as
jóias, e os cidadãos eram incitados a vigiarem-se
uns aos outros para descobrir qualquer
heresia ou comportamento imoral.

O calvinismo expandiu-se dentro de
pouco tempo. Os seguidores de Calvino
ficaram conhecidos por puritanos, em Inglaterra, enquanto na Escócia e na
América, eram conhecidos por presbiterianos.
A maioria dos protestantes franceses (Huguenotes) eram calvinistas.
A maior força dos calvinistas era a sua
disciplina rígida, diferente de qualquer
outra Igreja, e a convicção de que eram os
escolhidos de Deus. Esta crença levou-os
a envolverem-se em muitos movimentos
de resistência política contra "governantes
prepotentes", principalmente na Inglaterra,
França e Holanda.


Calvino, a pregar em Genebra. Para Calvino a pregação era a
ocupação mais importante de um pastor.

(Mapa) A expansão do protestantismo (1520-60).

@Henrique VIII

Henrique VIII governou a Inglaterra de
1509 a 1547. O seu reinado assistiu à
dissolução dos conventos e à separação
da Igreja de Inglaterra do catolicismo
de Roma. Aumentou o prestígio da
Coroa e o poder do Parlamento, que
usou para aumentar a sua força.

Henrique VIII era o segundo filho de
Henrique VII. Supunha-se que viesse a
ser padre, o que era vulgar para os filhos
mais novos dos nobres nessa época,
porém, o irmão mais velho morreu e, em
1509, aos dezoito anos, sucedeu a seu pai.
Casou-se, logo a seguir, com a viúva de
seu irmão, a princesa espanhola Catarina
de Aragão.

Durante a juventude, Henrique era o
rei ideal para muitas pessoas, e este facto
foi bastante importante para o aumento
da popularidade da monarquia. Era alto e
elegante, gostava de desporto, de dançar,
caçar e lutar, mas era também um estudioso.
Recebeu do papa o título de (Defensor
da Fé), que os monarcas ingleses
ainda hoje detêm, por ter escrito um livro
em que defendia a Igreja.
Henrique era também um homem fútil,
e encontrou um rival em Francisco 1,
o jovem rei de França. Deste facto resultaram
lutas esporádicas entre a Inglaterra
e a França, bem como contendas individuais
extravagantes. O exemplo mais famoso
foi quando se encontraram em
1520, em que os seus pavilhões estavam
tão sumptuosos que pareciam "um
campo coberto de ouro" Henrique espantou
e embaraçou o embaixador francês
ao enrolar a meia e ao perguntar ao
francês se o seu senhor se podia gabar de
ter umas pernas tão bem-feitas!
Em grande parte devido à sua juventude,
Henrique entregou os assuntos
sérios do governo do país ao cardeal
Wolsey, chefe da Igreja Católica Romana,
em Inglaterra, e a Thomas More,
advogado e estudioso com grandes dotes.
Wolsey, filho de um carniceiro, enriqueceu
ao serviço do rei e construiu o Palácio
de Hampton Court. Henrique era duro
ao afastar os seus conselheiros quando estes
não o satisfaziam, e Wolsey perdeu os
favores do rei ao ser incapaz de obter autorização
do papa para Henrique se divorciar
da mulher. Este tornara-se um
desejo ardente do rei, porque queria um
filho que lhe sucedesse, e Catarina dera-lhe
apenas uma filha, Maria, e tinha já
uma idade avançada para poder ter mais
filhos.
Incapaz de conseguir a concordância
do papa, Henrique avançou por sua própria
conta. Declarou, através de uma lei
aprovada pelo Parlamento, que ele, e não
o papa, era o chefe da Igreja em Inglaterra.
Em Janeiro de 1533, casou-se com
Ana Bolena, embora o seu casamento
com Catarina tivesse apenas sido anulado
em Maio, por Thomas Cranmer, que
Henrique nomeou arcebispo de Cantuária.
Ana também não conseguiu dar-lhe
um filho, sendo Isabel a sua única filha e,
em 1536, esta foi afastada para que Henrique
pudesse casar-se com Jane Seymour,
de quem teve um filho, Eduardo, que
morreu no parto.

O novo conselheiro do rei foi Thomas
Cromwell, que levou a cabo reformas religiosas
e governamentais. Thomas More
recusou-se a aceitar que o rei pudesse ser
o representante máximo da Igreja, sendo
executado. Os grandes conventos católicos
romanos, alguns dos quais eram muito
ricos, foram dissolvidos por uma lei
do Parlamento, trazendo à Coroa uma
grande quantidade de dinheiro. Este facto
provocou inquietação por todo o país e,
em Yorkshire, rebentou uma revolta que
foi repelida com violência.
Henrique tornou-se muito gordo à
medida que envelhecia. Tiveram de ser
construídos mecanismos especiais para o
fazer desmontar do cavalo e para o ajudar
a subir as escadas! Descrito muitas vezes
como sendo um tirano, Henrique era um
monarca poderoso, que insistia em que
a sua vontade fosse satisfeita, mesmo
quando mudava de ideias de repente.
Para que os Ingleses fossem mais eficazes
na guerra, expandiu a Marinha inglesa,
construindo embarcações como o
Mary Rose, que deve o nome a sua filha,
e o Great Harry, iniciando assim a
grande época da navegação inglesa. Deixou
atrás de si um reino unido, embora
tivesse sofrido muitas transformações,
principalmente religiosas, e uma monarquia
popular, que iria alcançar u
apogeu sob o governo da sua filha
Isabel.

(À esquerda) O Grande Átrio de
Hampton Court.
(Em baixo) Torneios na Abadia de
Westminster, em 1510. Os torneios
eram um dos desportos favoritos de
Henrique, até ser impedido de
participar devido a uma úlcera numa
perna. A falta de exercício fez com
que engordasse em demasia.
(Ao fundo, à esquerda) Henrique
VIII apanha um barco em Dover, no
ano de 1520.
(Ao fundo, à direita) O encontro com
Francisco I.

@Thomas Cranmer

1489-1550

Thomas Cranmer, arcebispo de
Cantuária, orientou a Reforma em
Inglaterra, a pedido de Henrique VIII.
Foi um dos seus primeiros mártires.

Cranmer era um erudito estudioso, já reformado,
que chamou a atenção do rei ao
procurar a concordância de todas as universidades
da Europa em relação à anulação
do seu casamento com Catarina de
Aragão. Cranmer, capelão do pai de Ana
Bolena, foi em missão a Itália com esse
objectivo. Aceitou com bastante relutÂncia
a nomeação para arcebispo, por parte
do rei, em 1533.
As convicções mais profundas de
Cranmer apontavam para a supremacia
da autoridade do rei. Este facto tornou-o
um servidor obediente da política do rei,
organizando os divórcios e os casamentos
do soberano. Como protestante, aprovou
a dissolução dos Conventos. Cranmer
casou por duas vezes, em 1515 e
1532. O rei não concordava com o casamento
dos clérigos, e proibiu-o em 1539.
Cranmer teve de manter a mulher escondida,
transportando-a em segredo num
guarda-vestidos quando mudou de casa.
Henrique tinha particular afeição por
Cranmer, e os inimigos de Cranmer, de
entre os cortesãos mais conservadores,
não conseguiram desacreditá-lo.

Cranmer, embora fosse um servidor
disposto a satisfazer qualquer capricho do
rei, não era apenas um oportunista.
Compôs a nova litania para a Igreja de
Inglaterra e, no reinado do filho de Henrique,
Eduardo VI, escreveu um novo livro
de orações. Este manteve-se praticamente
sem alterações durante quatrocentos
anos. Nestas obras, Cranmer revelou-se
um escritor altamente dotado,
com uma enorme veia poética. A amálgama
habilidosa que realizou dos diferentes
elementos da prática cristã, produziu
um serviço religioso que todos, excepto
os extremistas, eram capazes de aceitar.
Cranmer colocou Bíblias inglesas em todas
as igrejas, espalhando a fé protestante.

Não existem dúvidas da sinceridade
das convicções de Cranmer, mas durante
o reinado de Maria confrontou-se com
um dilema terrível. Acreditando na autoridade
divina dos reis, assinou o testamento
de Eduardo VI em que indicava
Jane Grey como sucessora. Quando
Eduardo morreu, em 1553, Maria derrotou
Jane facilmente e Cranmer foi preso
por traição. Maria exigiu-lhe que renegasse
a sua fé protestante. No entanto, na
cerimónia, em Oxford, onde ia tornar o
facto público, retirou a abjuração. No
mesmo dia (21 de Março de 1556), morreu
como um mártir, atado ao poste. Estendeu
primeiro a mão que assinara a abjuração
em direcção às chamas, dizendo:
"Esta pecou", e morreu como um herói.


Página da Bíblia traduzida
por cranmer, em 1540.

@Maria I

Maria I foi rainha de Inglaterra entre
1553 e 1558. Restaurou a fé católica
romana e mandou executar mais de
trezentos protestantes, merecendo o
nome de Maria, "a Sangrenta". Fez
também uma aliança impopular com os
Espanhóis, e perdeu Calais, o último
território inglês em França.

Maria foi a única filha que sobreviveu do
casamento de Catarina de Aragão com
Henrique VIII, permanecendo fiel à fé católica
de sua mãe. Após a anulação do casamento
da mãe, Maria foi considerada
ilegítima. Foi bastante pressionada para
renunciar ao catolicismo e acabou por reconhecer
a liderança da Igreja pelo rei e a
sua situação de filha ilegítima. Deram-lhe
um lugar na linha de sucessão a seguir à
descendência legítima. De imediato procurou
obter em segredo o perdão do
papa. Durante o reinado de Eduardo VI
(1547-53), manteve a sua fé católica.
Quando Eduardo morreu, aos dezasseis
anos, uma facção tentou eleger Jane Grey
rainha, para preservar a monarquia protestante.
Maria era uma figura popular, e
sendo a filha viva mais velha de Henrique
VIII, era a sucessora indicada. Venceu facilmente
a sua rival e foi eleita rainha com
o apoio da maioria dos seus súbditos.
Contudo, em breve, perdeu a popularidade.
Não possuía em nada o espírito
prático do seu pai ou da sua irmã Isabel,
mas tinha um sentido de dever em relação
à fé que se sobrepunha a tudo, e um
amor pelo país de sua mãe, a Espanha.
Casou com o rei Filipe II de Espanha, e o
povo inglês ficou bastante desgostoso
com o facto de ser governado por um estrangeiro,
e por ter receio de um envolvimento
na guerra de Espanha contra a
França. Isto veio a acontecer e a Inglaterra
perdeu Calais. Maria declarou que
quando morresse, Calais ficaria sepultado
no seu coração. O Parlamento recusou-se
a eleger Filipe rei.
O maior erro de Maria foi, contudo, o
tratamento da questão religiosa. Os Ingleses
eram, sem dúvida, contrários ao
retorno a um tipo de "catolicismo sem o
papa", praticado nos últimos anos do reinado
de Henrique VIII. Contudo, Maria
foi ainda mais longe, sob a influência do
cardeal Pole e contra os conselhos de Filipe.

Em 1554, Maria, Filipe e o Parlamento
ajoelharam-se enquanto Pole lhes
dava a absolvição e os recebia de novo
sob a autoridade do papa. Maria
exonerou cerca de dois mil cléricos casados.
Fez renascer as leis da heresia, e trezentos
foram queimados na fogueira, incluindo
Cranmer e os bispos Latimer e Ridley.
Cerca de oitocentos fugiram para os territórios
calvinistas mais poderosos da Europa.

O número de execuções era, sem dúvida,
elevado comparado com o que tinha
sido feito na Europa nessa altura,
mas contrário em absoluto à prática dos
Ingleses. A partir daí, Maria passou a ser
para os Ingleses "a Sangrenta". Para seu
desespero, Maria morreu sem deixar filhos,
ficando a Inglaterra nas mãos de Isabel
que era protestante.

Utilizavam-se torturas, como a roda, para
obter abjurações aos protestantes.

Frontispício de "Actes and Monuments" (1563)
que descrevia as perseguições de Maria. Foi um
livro popular no reinado de Isabel.


A Invencível Armada
espanhola, em 1588. Muitos
galeões espanhóis perderam-se
na tempestade, na viagem de
regresso do Norte da Escócia.

Um cortesão isabelino (o conde de Essex).

(Inserção, à direita) O Teatro Globe de Shakespeare. Os teatros e os
locais de tumultos de Londres situavam-se na margem esquerda do Tamisa,
fora do centro da cidade.

@Isabel I

1533-1603

Rainha de Inglaterra entre 1558 e 1603,
Isabel incentivou um período de
explorações e aventuras, e um
renascimento das artes. Houve guerra
contra a Espanha de 1585 a 1603.

A rainha Isabel era filha de Henrique VIII e Ana Bolena. Tinha
apenas dois anos quando a mãe foi decapitada. Foi considerada
ilegítima até o testamento do pai a colocar em terceiro lugar na
linha de sucessão, a seguir ao seu meio-irmão Eduardo e à sua
meia-irmã Maria. Sobreviveu aos curtos reinados de ambos, embora
no reinado de Maria, a Católica, fosse olhada com desconfiança
como sendo a herdeira protestante. Em consequência disso, passou
dois meses encarcerada na Torre de Londres.
Isabel tinha vinte e cinco anos quando sucedeu a sua irmã por
morte desta. Herdou características tanto do pai como do avô,
Henrique VII. Como Henrique VIII, era alta e ruiva, dotada de um
espírito determinante e severo, embora com tendência para
mudanças de humor imprevisíveis. Do avô herdou uma grande
astúcia política e muita paciência, bem como um pouco de
maldade. Possuía qualidades para ser rainha. Tinha uma grande
capacidade de exigir a lealdade e até o amor dos súbditos.
Mostrou uma perfeita capacidade como dirigente parlamentar: um
novo requisito exigido a um monarca inglês mas em que os seus
sucessores, Jaime I e Carlos I, foram desastrosos. Este aspecto
tornou-se importante devido ao papel que fora atribuído ao
Parlamento no reinado de Henrique VIII e devido à escassez de
dinheiro habitual na Coroa. Apenas o Parlamento podia aprovar
impostos que superassem essa escassez.
Houve dois motivos de discórdia entre o Parlamento e a rainha: o
seu casamento e a Igreja. Isabel nunca se casou, preferindo
conservar a sua independência.
A Câmara dos Comuns, que era protestante, estava interessada em
que ela tivesse um herdeiro, porque se não o tivesse a sua
sucessora seria Maria, a rainha dos Escoceses, que era católica
(até à morte de Maria, em 1587). Isabel preferiu continuar a ser
"a rainha virgem", embora tivesse numerosos pretendentes,
principalmente os condes de Leicester e de Essex. Usou este
assunto como um meio de diplomacia para salvar a Inglaterra de
uma coligação de poderes católicos, deixando em aberto o
projecto de casamento com Filipe de Espanha, viúvo da irmã, e
depois com o príncipe francês Francisco, duque de Alençon.
Possivelmente não pretendia casar com nenhum. Considerava o seu
casamento como um assunto fora do ambito do Parlamento, e
evitava com astúcia discutir o assunto enquanto ao mesmo tempo
conservava o seu interesse.

Isabel mantinha-se indiferente às questões religiosas da época,
ao contrário do Parlamento e de muitos dos seus conselheiros
mais próximos, que eram calvinistas puros e queriam uma Igreja
liberta de bispos e cerimónias. Isabel desejava acima de tudo
uma Igreja que fosse aceite pela maioria dos seus súbditos.
Conseguiu esse objectivo, apesar da oposição dos puritanos e dos
católicos extremistas. Rejeitava qualquer desejo de penetrar na
alma dos homens e interessava-se apenas pela lealdade exterior.
Apenas consentiu em perseguir os católicos depois de o papa a
ter destronado, e ser católico significava apoiar a sua
destituição.
No reinado de Isabel, criou-se um novo sentido de identidade
nacional. Esse sentido influenciou as actividades quase
piráticas de Drake e de outros que atacavam os domínios
espanhóis na América, bem como actividades mais legítimas.
Estava intimamente identificado com a pessoa da rainha,
desenvolvendo-se o seu culto. Este sentimento atingiu a própria
Isabel, principalmente quando a Invencível Armada espanhola se
aproximava, em 1588. Montou um cavalo branco para se encontrar
com as suas tropas, em Tilbury, perto de Londres, declarando
que, embora tivesse o corpo de "uma mulher débil e fraca",
possuía o coração de um rei, e acima de tudo de um rei de
Inglaterra. Este espírito encontrou expressão nas grandes
viagens de comércio e de descoberta para a América, a Rússia e
outros lugares, e no início da colonização da Virgínia (nome
inspirado na rainha). O desenvolvimento da prosperidade e da
paz em Inglaterra incentivou o desenvolvimento das artes,
principalmente da poesia e do teatro. O maior expoente de ambos
foi William Shakespeare, em cujas obras a língua inglesa
alcançou um novo nível na poesia. No entanto, o reinado de
Isabel assistiu a muita miséria e fez-se um esforço para
resolver este problema, tendo-se tomado algumas medidas que
iriam permanecer inalteráveis até 1834. Mesmo a Coroa estava
quase sempre sem dinheiro. Este facto levou a rainha a
incentivar os ataques de Drake e Hawkins aos domínios espanhóis
(as águas territoriais pertencentes à América e que os Espanhóis
declaravam pertencer-lhes), partilhando os lucros. Significava
também que a rainha fazia viagens constantes de lugar em lugar
vivendo à custa da hospitalidade dos seus súbditos; muitas casas
podiam afirmar: "Aqui dormiu a rainha Isabel."

@Sir Francis Drake

Sir Francis Drake foi o primeiro inglês a navegar à volta do
Mundo. Saqueou grandes quantidades de tesouros no Novo Mundo em
ataques de surpresa contra os Espanhóis, e foi vice-almirante na
batalha contra a Invencível Armada espanhola.

Na época de Drake a Espanha e Portugal,
países católicos, consideravam a América a
sua própria reserva; Drake e outros "lobos
do mar" como Sir Richard Grenville e Sir
John Hawkins estavam determinados a
pôr termo à situação. Drake era um líder
influente, um protestante e patriota fanático
bem como um estratega original.
No decorrer do ano de 1570, Drake adquiriu
a reputação de ser o corsário mais
temido nos domínios espanhóis. O seu feito
mais importante ocorreu, em 1572,
quando armou uma emboscada ao comboio
formado por mulas que transportavam
prata para o porto de Nombre de
Dios, no Panamá. Nesta expedição viu o
Pacífico pela primeira vez e jurou que um
dia havia de navegar num navio inglês nestas
águas.
O seu desejo transformou-se em realidade
no ano de 1578. Drake fez-se ao
mar, em 1577, com quatro embarcações.
A nau almirante era a Pelican, mudando
em breve para Golden Hind, conforme o
brasão de Sir Cristopher Hatton, um dos
responsáveis. Apenas a nau de Drake
conseguiu contornar a ponta sul da
América do Sul; as outras naufragaram
ou voltaram para trás. Atacou de surpresa
as naus espanholas e os portos do Pacífico,
reivindicando a Califórnia para a
rainha, e chamando-lhe Nova Álbion.
Temendo que os Espanhóis lhe armassem
uma emboscada, decidiu atravessar o
Pacífico. Navegou em direcção à pátria
através das Molucas e de Java, trazendo
especiarias valiosas, e regressou a Inglaterra
passando o cabo da Boa Esperança.
A rainha armou Drake cavaleiro no convés
do Golden Hind à sua chegada, em
Setembro de 1580. A viagem deu um lucro
fabuloso. À rainha coube a quantia de
cento e sessenta mil libras.
A guerra com a Espanha rebentou em
1585. O contributo de Drake foi um ataque
de surpresa ao porto de Cádis. Utilizando
brulotes, destruiu grande parte da
frota invasora, a Invencível Armada. Esta
derrota atrasou a sua actividade no mar durante
um ano crucial. Ficou conhecida por
"queimar as barbas do rei de Espanha".
Quando a Invencível Armada surgiu,
em 1588, Drake era o segundo-comandante
inglês. Um século mais tarde, surgiu
a lenda de que Drake terminou primeiro
um jogo de boliche antes de se fazer ao
mar para enfrentar os invasores que se
aproximavam, mas esta é contrária ao espírito
temeroso e aguerrido de Drake. Desempenhou
um papel importante na batalha,
em que as pequenas naus inglesas atormentaram
com sucessivos ataques os galeões
espanhóis, até à derrota: uma derrota que
se transformou em retirada quando o vento
dispersou os Espanhóis e os obrigou a tentar
regressar à pátria pelo Norte da Escócia.
Muitos naufragaram durante essa tentativa.
Drake morreu de disenteria, ao atacar
de surpresa a Índia Ocidental. Deixou
atrás de si uma reputação que iria influenciar
gerações de navegadores ingleses.

(Á direita) Enquanto os Espanhóis exigiam que Drake fosse castigado
por pirataria, Isabel concordou com os seus feitos ao armá-lo
cavaleiro no convés da Golden hind.


@sir walter Raleigh

Sir Walter Raleigh foi soldado,
cortesão, escritor e explorador da
grande era isabelina. Foi um dos
primeiros pioneiros da colonização da
América do Norte.

Raleigh foi um homem multifacetado, o
que era típico nos espíritos aventureiros
da Inglaterra de Isabel I. Nascido em Devon,
distinguiu-se na luta contra os rebeldes
na Irlanda, em 1580, e este facto chamou
a atenção da rainha.
Na corte, o encanto de Raleigh, o bom
aspecto e as roupas de boa qualidade fizeram
dele um dos favoritos da rainha.
Uma história popular conta que estendeu
a sua capa sumptuosa numa poça de lama,
num gesto cortês, para que a rainha
não molhasse os pés. Era também um
homem orgulhoso e impaciente, despertando
muitos inimigos. A rainha pôs-lhe
a alcunha de "Water" (água), talvez para
mostrar que conhecia a sua instabilidade
te carácter. No entanto, era bastante generosa
para com ele arranjando-lhe posições
bem remuneradas, dando-lhe propriedades
na Irlanda, e armando-o cavaleiro,
em 1585.
Caiu em desgraça, em 1592, quando o
seu casamento secreto com uma das damas
de honor de Isabel despertou os ciúmes da
rainha. Ele e a mulher foram encarcerados
na Torre de Londres algum tempo e nunca
mais readquiriu os seus privilégios.
Raleigh era um homem de visão, mas
muitas vezes era incapaz de pôr as ideias a
funcionar. Em 1584-89, tentou fundar
uma colónia na ilha de Roanoke (actualmente
a Carolina do Norte). Pôs-lhe o

nome de Virgínia em honra da "rainha
virgem" mas o projecto falhou. Introduziu
em Inglaterra duas colheitas descobertas
na América, as batatas e o tabaco.
Causou enorme sensação ao aparecer pela
primeira vez perante a Corte envolvido
pelo fumo do seu cachimbo.
Em 1585, conduziu uma expedição às
Guianas, em busca da famosa cidade do
ouro: Eldorado. Não descobriu nenhum
ouro mas explorou quase cinco mil quilómetros
do vale de Orenoco.

A sua sorte mudou no reinado de Jaim
I e, em 1603, foi preso acusado de traição
Comportou-se tão bem no julgamento
que recuperou a sua popularidade. Com
tudo, foi condenado à morte, sendo
execução suspensa apenas quando ia a
caminho do cadafalso. Permaneceu na Torre
de Londres até 1616, passando o tempo
a escrever uma história universal. Foi
libertado para ir numa outra expedição em
busca de ouro, mas esta falhou. Os seus
homens atacaram uma colónia espanhola,
contrariando as suas ordens. O rei
transmitira-lhe instruções rígidas para que não
interferisse com a Espanha e, no seu
regresso, esta figura espectacular mas
finalmente trágica, foi executada. Enfrentou
a morte com coragem, afirmando
acerca da guilhotina: "Este medicamento
é forte; mas é uma cura certa para todas as doenças. "


(Em cima) O "Golden Hind".
(Em baixo) O criado de Raleigh, ao vê-lo a
fumar, atira lhe água para cima, pensando que
este estava a arder.


@Maria, Rainha dos Escoceses

1542-1587

Maria Stuart foi rainha da Escócia entre
1542 e 1567 e de França entre 1559 e
1560. Foi executada na Inglaterra.

Henrique, Lorde Darnley, segundo marido de
Maria.

Maria, rainha dos Escoceses, é considerada
uma das figuras mais trágicas e românticas
da História de Inglaterra. A história
da sua vida é triste, embora nem
sempre tenha sido a vítima inocente.
Tornou-se rainha aos sete anos, por
morte de seu pai, Jaime V. Fora prometida
ao filho do rei de França, com vista a

cimentar a aliança tradicional franco-escocesa,
tendo sido levada para França,
onde foi educada. Casou em 1558, e, em
1559, o marido tornou-se rei: Francisco
II. Porém, foi rainha de França apenas
durante um ano, antes da morte do seu
jovem marido.
Maria foi obrigada a regressar à Escócia,
país que conhecia muito mal. Os seus
costumes franceses e catolicismo não tinham
cabimento na Escócia, que possuía
uma maioria protestante. Insistiu na tolerância
para com os católicos, facto que
lhe mereceu a inimizade de John Knox,
impetuoso pregador dos Escoceses.
Maria era inteligente e encantadora, mas
era dominada pelas paixões e pela ambição
à Coroa inglesa. Maria era prima da
rainha Isabel de Inglaterra e sua herdeira,
já que Isabel não tinha filhos. Desde a
morte de Maria I, em 1558, Maria denominava-se
rainha de Inglaterra. Para reforçar
a sua pretensão, em 1565, casou-se
com o primo, Henrique Stuart, Lorde
Darnley, que também possuía sangue
real.
Maria, no entanto, recusou-se a conceder
a Darnley quaisquer direitos sobre o
trono da Escócia, a conselho de David
Rizzio, seu arrogante secretário e músico
de origem italiana. Darnley, homem fraco
e vaidoso, ficou com ciúmes de Rizzio,
e, a 9 de Março de 1566, mandou-o
matar na presença de Maria. Levou cinquenta
e seis punhaladas. Maria estava
grávida, na altura, e logo que o seu filho
Jaime nasceu, resolveu vingar-se. Fingiu
perdoar aos assassinos e iludiu Darnley a
reconciliar-se. Quando Darnley adoeceu
com varíola, convenceu-o a ir viver para
uma casa em Kirk o'Field, perto de
Edimburgo. Numa noite, houve uma explosão
na casa; o corpo de Darnley foi
descoberto ali perto, estrangulado e sem
nenhuma queimadura. Três meses depois
Maria casou-se com o conde de Bothwell
suspeito de ser responsável pelo assassínio
de Darnley.
O escândalo levantado provocou a revolta
dos nobres protestantes. Maria foi
obrigada a abdicar. O seu filho, ainda criança,
tornou-se Jaime IV (depois Jaime I
de Inglaterra). Foi encarcerada, num castelo,
em Loch Leven. Com o auxílio de
criados amigos fugiu de barco, em Maio
de 1568. Reuniu um exército, mas foi
derrotada e atravessou para Inglaterra, ficando
à mercê da sua prima.
A chegada de alguém que reivindicava
ser rainha de Inglaterra colocou Isabel
perante um grande dilema. Tornava-se

repugnante para ela executar uma outra
rainha e, na qualidade de sua familiar,
Maria merecia ser protegida. Por outro
lado, Maria era herdeira do trono, e
quando o papa excomungou Isabel, em
1570, foi considerada por muitos católicos
como a rainha indicada. A sua presença
era o foco de manifestações para
destronar Isabel e era motivo de encorajamento
para uma invasão da França em
seu auxílio. Os ministros de Isabel insistiam
com ela para que mandasse executar
Maria. Isabel não o iria fazer, contentando-se
em mantê-la sob prisão. Para Isabel,
Maria servia como um bom pretexto
para desencorajar Filipe de Espanha de
uma tentativa para a destronar, porque,
ao fazê-lo, colocaria Maria, que era a favor
dos Franceses, no trono.
Por esse motivo, Isabel manteve a prima
com vida. Foram desmascaradas numerosas
manifestações (a manifestação de
Ridolfi, 1571-72, a manifestação de
Throckmorton, em 1582) para a libertar e
colocar no trono; de todas as vezes Isabel
resistia às afirmações dos ministros de
que Maria estava envolvida. Era muito
compreensiva para com Maria, e para
com a sua vida difícil, chamando-lhe a
"filha da disputa". Por fim, perante as
provas apresentadas pelos seus serviços
secretos, convenceu-se de que Maria estivera
envolvida na revolta em Babington,
no ano de 1586, concordando com a sua
execução, embora com relutância. Maria
Stuart, triste, mas ainda bonita, foi decapitada
no Castelo de Fotheringay, a 8 de
Fevereiro de 1587. As suas últimas palavras,
dirigidas às suas damas de companhia,
foram: "Parem de se lamentar, porque
vão ver agora o fim dos problemas
de Maria Stuart. Peço-vos que transmitam
esta mensagem quando partirem:
que morro fiel à minha religião, à Escócia
e a França. "


Maria de regresso à Escócia após a morte do seu primeiro marido, Francisco II de França. Ela
amava a França e tinha relutância em trocá-la
pela Escócia, um país que mal conhecia.

(Em cima) O pior inimigo de Maria,lohn
Knox, o pregador escocês calvinista. Knox
fazia sermões em que criticava Maria pelo facto
de ser católica, opondo-se com veemência ao
governo conduzido pelas mulheres.

(Em baixo) Maria prepara-se para morrer no
Castelo de Fotheringay, em 8 de Fevereiro de
1587.


@Guy Fawkes

1570-1606

Guy Fawkes foi um dos conspiradores
do plano para dinamitar o Parlamento
inglês e matar o rei Jaime I, em 1605,
que ficou conhecido por Revolta da
Pólvora. Fawkes fazia parte do
grupo que foi descoberto com os
barris de pólvora, em 5 de
Novembro de 1605.

Jaime I era filho de Maria, a rainha dos
Escoceses, sucedendo a sua prima, a rainha
Isabel, no trono de Inglaterra, em
1603. Filho de uma católica, Jaime foi
educado na religião protestante. Quando
se tornou rei, tanto os puritanos como os
católicos esperavam que a sua política religiosa
os beneficiasse. Na verdade, Jaime
conservou a Igreja de Inglaterra de Isabel
e muitos católicos ingleses resolveram assassiná-lo.
Decidiram fazê-lo à entrada
do Parlamento, em Novembro de 1605,
de modo a que o rei, a rainha, o príncipe
de Gales e a Câmara dos Comuns protestante
fossem todos destruídos. Ao
mesmo tempo planearam uma revolta
nos condados centrais de Inglaterra para
colocar no trono o príncipe Carlos, o segundo
filho do rei.
O chefe da conspiração era Robert Catesby,
um católico fervoroso e um líder
enérgico. Os primeiros conspiradores
foram o seu primo Thomas Winter, Thomas
Percy, John Wright e Guy Fawkes.
Fawkes era um cavalheiro de Yorkshire e
um fanático convertido ao catolicismo.
Prestara serviço no Exército espanhol
contra os protestantes na Holanda, numa
época em que a Espanha estava em guerra
com a Inglaterra.
Em Maio de 1604, os revoltosos alugaram
uma casa, junto aos edifícios do
Parlamento, e cavaram uma passagem, a
partir da cave, por baixo da Câmara dos
Lordes. Em Março de 1605, alugaram a
cave directamente sob o Palácio de Westminster
e juntaram as duas. Fawkes fez aí
os preparativos para arrumar vinte barris
de pólvora com barras de ferro por cima
para criar maior impacte. Esconderam-nos
por baixo de lenha e carvão e eram
guardados por Fawkes que usava o nome
de John Johnson.
Surgiram mais conspiradores e um
deles, Francis Tresham, revelou o segredo
da revolta ao enviar um aviso ao seu
primo, Lorde Monteagle, para que se

afastasse do Parlamento. Monteagle
mostrou o bilhete a Lorde Salisbury, o
primeiro-ministro do rei e, a 4 de Novembro
de 1605, foi feita uma busca aos
edifícios por duas vezes. Na primeira
ocasião, os guardas reais ("alabardeiros
da guarda real)) descobriram Fawkes e o
seu monte de lenha. Os guardas, desconfiados,
fizeram uma outra busca às onze
horas da noite. Encontraram a pólvora e
prenderam Fawkes, o único revoltoso
que estava presente.
Catesby e outros três morreram ao
oferecerem resistência; os outros, incluindo
Fawkes, foram julgados a 27 de
Janeiro de 1606, e foram condenados à
morte. O Parlamento escolheu o dia 5 de
Novembro como o dia nacional de Acção
de Graças. Desde o século xIx que as
celebrações tomaram uma forma mais
desordeira com fogos-de-artifício e fogueiras
de efígies de Fawkes.


(Em cima, à direita) Os conspiradores.
(Em baixo) Uma gravura monirquica mostra o "olhar de Deus" a espiar Fawkes que se dirige
para o Parlamento.


@Os "Pilgrim Fathers "

c. 1620

Os "Pilgrim Fathers" atravessaram o
AtlÂntico no minúsculo · Mayflower,
fundando, em 1620, a primeira colónia
permanente na América do Norte.

Os "Pilgrim Fathers" eram originários do
Norte de Inglaterra. Eram pessoas sérias e
activas de tendência puritana, conhecidos
por "separatistas", porque pretendiam
criar uma Igreja separada da Igreja de Inglaterra.
Esta pretensão era contrária à lei
e, por fim, fugiram da ameaça de prisão,
para se fixarem na Holanda.
Fixaram-se em Leida, em 1608, sob a
liderança do padre John Robinson. Levavam
uma vida difícil, por serem agricultores
que não estavam habituados à vida
da cidade, e receavam que os seus filhos
fossem tentados a abandonar a fé. Decidiram
fixar-se no Novo Mundo, afastados
das tentações das grandes cidades.
Em 1620, fizeram-se ao mar no Speedwell.
Em Southampton, juntaram-se-lhes
mais "separatistas" a bordo do
Mayflower. Receberam autorização para
se fixarem na Virgínia. Os barcos ainda
não iam longe, quando o Speedwell começou
a deixar entrar água e foram obrigados

a voltar para trás. Finalmente, a 6
de Setembro de 1620, o Mayflower partiu
de Plymouth, em Inglaterra, sozinho,
com cento e vinte passageiros.
As demoras fizeram com que o Mayflower
começasse a navegar quando o Atlântico
estava mais furioso. Levaram sessenta
e três dias de tempestades a atravessar o
AtlÂntico. A maioria ficou enjoada, dentro
das cabinas pequenas e sufocantes. A 11 de
Novembro, fundearam ao largo do árido
cabo Cod. Decidiram estabelecer-se em
Massachusetts e não na Virgínia e escolheram
Plymouth do lado oposto da baía. O
primeiro desembarque foi realizado em 11
de Dezembro, no rochedo de Plymouth.
Os colonos assinaram um acordo para
garantir que o governo estaria de acordo
com os desejos dos colonos, e afirmaram a
sua lealdade ao rei Jaime. John Carver foi
eleito governador. A terra era inóspita
com densas florestas. Construíram cabanas
com árvores deitadas abaixo, para se
abrigarem do Inverno, que já ia adiantado.
O trabalho foi exaustivo, e havia pouca
comida para além de peixe, quando o
Mayflower partiu. A dada altura, as
doenças reduziram os activos a seis.
O Inverno não foi rigoroso, mas, em
Abril de 1621, quarenta e quatro já tinham
morrido, entre eles o governador Carver.

William Bradford substituiu-o, mas a sobrevivência
dos colonos deveu-se bastante
a Miles Standish, cuja capacidade militar
manteve à distância os nativos hostis.
Foram ajudados por índios pacíficos, que
lhes ensinaram a pescar e a plantar milho.
Em Novembro de 1621, celebraram o Dia
de Acção de Graças pela chegada do Fortune
com alimentos que completavam as
colheitas e os perus selvagens que apanhavam
na floresta. Esta festa é ainda celebrada
nos Estados Unidos.

Os "Pilgrim Fathers" partem da Holanda.

(Inserção) O desembarque no rochedo de
Plymouth.

@@A REVOLUÇãO INGLêsA

@Carlos I

1600-1649

Carlos I foi rei de Inglaterra e da
Escócia de 1625 a 1649. Foi um
monarca pouco popular tentando
aumentar o fisco sem autorização, e
governar sem o Parlamento. Estas

medidas provocaram a guerra civil em
Inglaterra (1642-46, 1648). Foi
derrotado em Marston Moor, em
1644, e em Naseby, em 1645. Em
1649, foi julgado e condenado à morte
pelo Parlamento.

Carlos era o segundo rei da dinastia Stuart,
nunca tendo perdido a sua pronúncia escocesa,
nem o hábito de gaguejar. Era um
homem tímido e delicado, mas desonesto.
Estas características, juntamente com a
concepção alargada do poder e dos direitos
de um rei, fizeram com que o Parlamento
confiasse cada vez menos nele.
A política de Carlos foi pouco popular
desde o princípio. Moveu guerras contra
a França e a Espanha, dispendiosas e inúteis,
e que provocaram o descontentamento.
O Parlamento respondeu, em
1628, com a Petição de Direitos, uma
garantia de liberdade resultante de prisão
arbitrária e o alojamento forçado de soldados
em casa dos cidadãos. Carlos aceitou
porque necessitava de dinheiro do
Parlamento, mas decidiu-se a governar
sem a intervenção desse mesmo órgão, o
que fez durante onze anos, conseguindo
dinheiro de direitos aduaneiros e empréstimos
forçados. Apoiou o arcebispo de
Cantuária, Laud, na tarefa de converter a
Igreja ao catolicismo.
As reformas de Laud provocaram revoltas
na Escócia, em 1639. As derrotas e
os encargos com o Exército obrigaram
Carlos a reunir o Parlamento. Presidido
por John Pym, o Parlamento Breve
(Abril-Maio de 1640) e o Parlamento
Longo (Novembro de 1640 a 1653) aboliram
muitos dos instrumentos de tirania
real. O rei consentiu que Laud e o conde
de Strafford, seu ministro, fossem condenados
pelo Parlamento, mas recusou-se a
entregar o controlo sobre a Igreja e o
Exército, que considerava ser um direito
essencial da Coroa. A Câmara dos Comuns
temia que ele pudesse alterar por
completo as concessões que fizera se não
se encontrasse uma forma de controlo
permanente. Carlos tentou prender cinco
membros do Parlamento, porém, estes
fugiram. O país agitou-se com a guerra
entre o Parlamento e o rei, que manteve a
corte em Oxford.
A princípio, os dois lados estavam
equilibrados e a primeira batalha, em Edgehill,
não foi decisiva. Os partidários de
Carlos eram conhecidos por "Cavaleiros",
devido aos seus uniformes coloridos.
O comandante mais arrojado de
Carlos era o seu sobrinho, o príncipe Roberto,

que cavalgou para a batalha seguido
do seu cãozinho branco. Os ventos da
guerra mudaram quando o exército parlamentar
se reorganizou com Oliver
Cromwell, em 1645.
Oxford foi tomada em 1646; o rei fugiu
disfarçado, entregando-se aos Escoceses
que eram aliados do Parlamento.
Esperava poder fazer um acordo com
eles, mas estes entregaram-no. O Parlamento
tentou que ele governasse como
um monarca constitucional.
Carlos fez muitas promessas, mas organizou
uma conspiração para recuperar o
poder. Tentou fazê-lo com a ajuda dos Escoceses,
mas estes foram derrotados por
Cromwell, em Preston, no ano de 1648.
Desta vez, os comandantes do Exército resolveram
ver-se livres do rei. Este foi julgado
por um tribunal da Câmara dos Comuns.
Carlos recusou-se a reconhecer a legalidade
do tribunal, e preferia ser julgado
pelos seus súbditos, comportando-se com
uma dignidade serena. Mereceu a compreensão
popular, mas este facto não impediu
a sua execução, sendo decapitado em frente
do Palácio de Whitehall, foi
a 30 de Janeiro de 1649.


À esquerda) O julgamento de Carlos I.
Em baixo) A execução de Carlos I.

@Oliver Cromwell

1599-1658

Oliver Cromwell foi segundo-comandante
do Exército parlamentar
durante a guerra civil. Como
comandante do Exército, foi
praticamente o governante de
Inglaterra de 1649 até à sua morte.
Conquistou a Escócia e a Irlanda. Em
1653, foi nomeado regente. Criou a
Marinha, sob o comando do almirante
Blake, e desenvolveu os territórios
ingleses nas Índias Ocidentais.

Cromwell era descendente do conselheiro
de Henrique VIII, Thomas Cromwell.
Fez-se membro do Parlamento, onde se
aliou aos que se opuseram ao governo arbitrário
do rei. Era um puritano devoto,
mas para essa época era invulgarmente
tolerante em relação a outras seitas cristãs,
excepto os católicos.
Quando o rei desafiou o Parlamento
Longo, Cromwell regressou ao país e

reuniu um regimento de cavalaria. Estes
ficaram conhecidos por "Ironsides".
Cromwell era segundo-comandante da
Associação Oriental dos exércitos do
Parlamento e a sua cavalaria desempenhou
um papel crucial na derrota do
Exército de "Cavaleiros" de Carlos, em
Marston Moor, no ano de 1644.
Em 1645, criou-se o New Model
Army, um exército nacional que substituiu
os agrupamentos regionais, e Cromwell
foi nomeado segundo-comandante.
Os seus soldados estavam bem treinados,
disciplinados e armados, e os "Cabeças
Redondas", como eram conhecidos, estavam
mais que equiparados às forças reais.
Em 1648, o Exército pressionou o Parlamento
para que o rei fosse julgado e
garantido o resultado do julgamento pela
"Purga de Pride", em que o coronel Pride
excluía os membros do Parlamento menos
compreensivos. Cromwell estava no
Norte, tendo acabado de derrotar os Escoceses,
em Preston. Demorou a concordar
com o julgamento do rei até se convencer
de que era a vontade de Deus. Essas indecisões
eram típicas, embora quando se decidisse
actuava com rapidez e força.

Em 20 de Abril de 1653, Cromwell usou
mosqueteiros para dissolver o Parlamento
"Remanescente" que não governava, ficando
ele próprio com o controlo absoluto.

O rei foi considerado culpado de traição
e foi executado, em 1649. Proclamou-se
uma "Commonwealth" republicana
governada por um Conselho de Estado.
Havia muitos elementos do Parlamento
e do Exército, alguns dos quais
pretendiam mudanças sociais revolucionárias
("Levellers"). Cromwell conseguiu
manter o equilíbrio, impedindo a
revolução. Insistia na tolerância religiosa,
enquanto o Parlamento "Remanescente"
pretendia a perseguição dos dissidentes.
Cromwell dissolveu o Parlamento sem
representação e foi nomeado regente e
virtual ditador. O próprio Cromwell
procurou sem êxito uma forma nova e
mais representativa de governo. Recusou
a oferta da Coroa feita pelo Exército.
Discordou das medidas radicais dos puritanos
que o Parlamento levara a cabo, tais
como a abolição do Natal. Embora puritano,
Cromwell não era um desmancha-prazeres;
foi criticado por permitir que
dançassem aos pares no casamento da filha.

Cromwell derrotou e a seguir fez as
pazes com os Holandeses, conservando

Nova Amesterdão (actualmente Nova
Iorque), que fora tomada. A maior parte
do trabalho de Cromwell foi eliminado
com a restauração da monarquia, em
1660, mas continua a ser um dos ingleses
mais importantes, um lutador contra a
tirania e um pioneiro da tolerância para
com as seitas religiosas minoritárias.


(À esquerda) As batalhas da guerra civil em
Inglaterra. O Parlamento dominava o Sul e o
Oriente, Carlos o Norte e o Oeste.
(Mais à esquerda) Os "Ironsides" de Cromwell.
As armaduras de facto eram inúteis contra as
novas armas.

@Carlos II

1630-1685

Carlos II foi rei de Inglaterra de 1660
a 1685. O seu reinado assistiu a uma
reacção contra a rigidez puritana nas
artes, na moda e no comportamento do
rei. Em 1665, houve muitas mortes
devido à peste e, em 1666, Londres foi
devastada pelo Grande Incêndio.

Carlos era o filho mais velho de Carlos 1,
e desde os doze anos que se viu envolvido
nos tumultos da guerra civil. Criou um
juízo cínico e realista a respeito dos homens
devido às condições difíceis em que
viveu na juventude. Em 1645, foi para o
exílio, em Jersey, França e na Holanda.
Após a execução de seu pai, em 1649, desembarcou
na Escócia para chefiar uma
revolta contra o Parlamento. Os Escoceses
foram derrotados por Cromwell, em
Dunbar, a 3 de Setembro de 1650. Carlos
persistiu e o seu exército escocês invadiu
a Inglaterra, em 1651, para ser derrotado
definitivamente por Cromwell, em Worcester,
exactamente um ano após Dunbar.
Depois da batalha, Carlos escondeu-se
num carvalho, em Boscobel, e depois
de ter permanecido aí seis semanas e também
noutros esconderijos, fugiu novamente
para o estrangeiro.
Carlos passou os nove anos seguintes
como um pobre refugiado em França e na
Holanda. Depois da morte de Cromwell,
o ministro de Carlos, o duque de Clarendon,
negociou o seu regresso com
Monck, o general parlamentar mais poderoso.
Carlos fez uma declaração de que
iria permitir maior liberdade religiosa do
que seu pai, e concedeu uma amnistia aos

combatentes da guerra civil e, em 25 de
Maio de 1660, Carlos desembarcou, em
Dover, perante o aplauso popular.
O maior objectivo de Carlos como
monarca era assegurar que "nunca mais
precisaria de continuar a viajar". Evitava
a controvérsia política. Na verdade, esses
assuntos não o interessavam muito por
ser um homem preguiçoso e amante do
prazer. Era conhecido como o "monarca
feliz". Todo o país ficou satisfeito com o
abrandamento da rigidez puritana.
O teatro surgiu outra vez e desenvolveu-se
sob o patrocínio do rei. O período da
Restauração é caracterizado por uma
nova liberdade; pelas graças, pela alegria
e por uma complacência moral de que o
rei dava o exemplo. Carlos era alto e atlé
tico e arranjou muitas amantes. Teve catorze
filhos ilegítimos, mas nenhum descendente
legítimo.
Carlos perdoou a todos os que lutaram
na guerra civil, excepto os que condenaram
o seu pai à morte, onze dos quais
foram executados. Carlos fez uma aliança
com Luís XIV, para tentar destruir os
Holandeses, que eram rivais comerciais
de Inglaterra. Esperava com esta medida
tornar a Coroa independente do Parlamento
na questão das finanças. Achava
que os membros do Parlamento possuíam
um espírito muito independente
em resultado do poder que conquistaram
com a guerra civil, e este facto tornava
impossível o governo absoluto do rei.
A maior crise do reinado foi em relação
ao catolicismo, em 1779-81, quando um
falso boato de uma revolta dos católicos
para matar Carlos foi posto a circular por
Titus Oats, um padre renegado. Seguiu-se
a "Crise da Exclusão", uma tentativa
de excluir o irmão de Carlos, Jaime, que
era católico, da linha de sucessão. Um subsídio
de Luís permitiu que Carlos governasse
sem o Parlamento nos últimos quatro
anos do seu reinado. Uma condição secreta
era que se convertesse ao catolicismo;
consciente de que este acto seria impopular,
fê-lo apenas no seu leito de morte.
A Inglaterra não foi bem sucedida na
luta contra os Holandeses, que alcançaram
vitórias estrondosas atacando até
de surpresa, no Tamisa. No entanto, no
tratado de paz, a Inglaterra obteve o controlo
da Nova Holanda (a colónia de
Nova Iorque), que fora conquistada por
Cromwell.
Carlos nomeou Samuel Pepys (1633-1703)
para ajudar a reorganizar a Marinha,
a fim de poder fazer frente ao desafio
dos Holandeses. Pepys lutou contra a

corrupção nos quadros da Marinha.
O motivo mais importante por que Pepys
ficou conhecido, foi, no entanto, o seu diário,
escrito de 1660 a 1669. É um registo
valioso de mexericos, de escândalos da
corte, da peste, do incêndio de Londres, e
dos avanços dos Holandeses no Tamisa.
Foi mantido em código secreto, que não
foi decifrado até ao século xIx.
Carlos incentivou todas as formas de
ciência, fundando a Royal Society, em
1662. Sir Christopher Wren (1632-1723)
foi um dos seus membros mais importantes.
Matemático competente e astrónomo,
dedicou-se à arquitectura, em 1663, e, em
1666, já estava a trabalhar no projecto de
reconstrução da Catedral de S. Paulo,
quando foi destruída pelo Grande Incêndio,
assim como dois terços da cidade.
O seu projecto para toda a cidade foi rejeitado
por ser muito dispendioso, mas construiu
cinquenta e três igrejas em Londres,
incluindo a sua obra de arte, a nova Catedral
de S. Paulo, completada em 1711. Foi
bastante influenciado por edifícios que vira
em Roma, como a Catedral de S. Pedro.
Outros edifícios famosos de sua autoria: o
Hospital Real de Chelsea, o Hospital de
Greenwich e parte de Hampton Court.


Durante as guerras, os barcos holandeses
atacavam, por vezes, de surpresa no Tamisa e
no Medway.


Um incêndio numa padaria alastrou indo destruir a maior parte de
Londres, em 1666.

A Restauração; Carlos deixa o exílio na Holanda para reivindicar o seu
lugar ao trono.

(Em cima) A peste em 1665: um relatório para o rei.
(À esquerda) A Catedral de S. Paulo, de Wren.

@Luís XIV

1638-1715

Luís XIV foi rei de França durante setenta e dois
anos, de 1643 a 1715, o maior reinado da História da
Europa. Combateu numa série de guerras
importantes. Criou uma corte magnífica em
Versalhes, e a cultura francesa dominou a Europa.

A expansão de França no reinado de
Luís XIV (em cima) terminou com
a batalha de Blenheim (em baixo).

Luís tornou-se rei aos cinco anos de
idade. Na sua infância, enquanto o cardeal

Mazarin governava em seu lugar
como regente, a França sofreu numerosas
revoltas, as chamadas frondes. Em três
ocasiões, Luís teve de fugir para Paris e,
por uma vez, teve de fingir que estava a
dormir, enquanto os rebeldes passavam
pelo seu quarto. Estas experiências deter-,
minaram o jovem Luís a ser um governante
activo.
Luís atingiu a maioridade, em 1651,
mas começou apenas a participar no governo
após a morte de Mazarin, em 1661.
Levou muito a sério a sua tarefa de reinar,
trabalhando em assuntos do governo
durante oito ou mais horas por dia. Além
de ser um governante trabalhador, era o
centro de uma corte brilhante e um sedutor
notável. Teve uma série de amantes e
cerca de onze filhos ilegítimos. Casou em
segredo com uma das suas amantes, a
Madame de Maintenon, em 1683 ou
1684.
Luís baseou-se no trabalho de Mazarin
e no do grande conselheiro do reinado
anterior, o cardeal Richelieu, que conferiu
à monarquia francesa o controlo absoluto
do governo do país. Ele mesmo
governou a França com a ajuda de ministros
de confiança, principalmente Jean-Baptiste
Colbert, e administradores profissionais.
Nem o Parlamento nem os
nobres tomavam parte no governo. Luís
declarava com precisão: "O Estado sou
eu. "
Luís aumentou o esplendor e a majestade
da monarquia, que se tornou motivo
de inveja e exemplo para todos os monarcas
absolutos que germinavam pela Europa.
Sob o seu apoio, a arte, a literatura
e a arquitectura iniciaram uma era de ouro.
Grandes dramaturgos como Molière
e Racine levaram à cena peças na corte.
Luís mandou construir o enorme Palácio
de Versalhes, nos arredores de Paris, uma
das maravilhas do mundo civilizado. No
centro de tudo sobressaía a figura magnífica
e elegante de Luís, que ficou conhecido
como o "Rei Sol". No entanto, o
absolutismo estendia-se até à cultura e
apenas prosperavam os estilos aprovados
pelo rei.
O mesmo princípio aplicava-se à política
e à religião. As ideias liberais ou progressistas
como as de René Descartes,
filósofo e matemático, eram excluídas.
À medida que envelhecia, quando começou
a sofrer a influência de Madame de
Maintenon, Luís foi-se tornando mais intolerante
para com os dissidentes religiosos,
tendo perseguido os protestantes
franceses, os Huguenotes. Muitos tiveram

de partir de França e ir para a Holanda,
a Inglaterra ou a América. Nos ne

gócios estrangeiros, Luís seguiu uma
política ambiciosa e agressiva. Envolveu
a França em inúmeras guerras, muitas
iniciadas por ele, por dois motivos: para
defender a França e para ajudar os territórios
que dominava. Alargou as fronteiras
de França até ao rio Reno avançando
pela Bélgica actual. Conseguiu colocar
o seu neto Filipe no trono de Espanha.
Além-mar, a França colonizou o Canadá,
a Luisiana e certas regiões da Índia.
Os principais inimigos de Luís foram o
imperador sacro romano Leopoldo da
Áustria, a Espanha (que governava a Bélgica)
e as Províncias Unidas Protestantes
da Holanda. Conseguiu fazer uma aliança
com Carlos II de Inglaterra e este país
moveu guerras contra os Holandeses, ao
lado dos Franceses. Formou também
uma aliança contra Leopoldo, com os
Turcos muçulmanos, que ameaçavam
Viena, a capital austríaca. Este facto provocou
a hostilidade da Europa cristã, e
juntamente com o poder e a ambição desmedida
de Luís fez com que outras nações
se unissem contra ele. As guerras
dos seus últimos anos contra esta coligação,
embora conseguissem colocar Filipe
no trono de Espanha, foram excessivamente
dispendiosas e culminaram em
derrotas a favor do príncipe austríaco Eugénio
e do duque inglês de Marlborough,
em Blenheim (1704), Ramillies (1706) e
Malplaquet (1709).
Ao lado de toda a magnificência existiam
muitos problemas. Luís preocupava-se
bastante com o seu prestígio e o de
França, mas muito pouco com as condições
de vida do povo francês. A série de
guerras foi demasiado dispendiosa e a
monarquia que Luís transmitiu ao seu sucessor
era magnífica mas falida. A carga
mais pesada de impostos recaía sobre a
classe média e sobre os camponeses, os
que menos podiam pagar. Os nobres
com riquezas estavam isentos de impostos,
porém, participavam pouco no governo
e estavam reduzidos a nada mais
que cortesãos peraltas. Esta situação iria
rebentar na Revolução Francesa, cerca de
setenta e cinco anos após a morte de Luís.
Luís sobreviveu tanto a seu filho como
a seu neto, e o seu sucessor foi o bisneto,
Luís XV, que tinha apenas cinco anos de
idade.


uma das muitas amantes de Luís XIV, Madame

de la Vallière, com o rei.


@Sir Isaac Newton

1642-1727

Sir Isaac Newton foi um brilhante
cientista inglês e o pai da ciência
moderna. Foi o primeiro a provar que
a natureza obedece a leis constantes.
A sua teoria da gravitação universal
explicou o movimento dos planetas
e das estrelas.

Newton era filho de um agricultor que
morreu antes do filho ter nascido. Este
era uma criança débil e não se esperava
que sobrevivesse. Newton viveu até aos
oitenta e quatro anos! A mãe de Isaac deixou-o
ao cuidado da sua avó durante
nove anos, contribuindo para lhe criar
um sentimento de insegurança que se revelou
mais tarde na sua vida através de
ataques de fúria contra quem sugerisse
que as suas descobertas estavam erradas
ou não eram completamente da sua autoria.

Newton revelou ser pouco dotado para
o seu primeiro emprego como responsável
por uma exploração agrícola, preferindo
passar o tempo a pensar, debaixo
de uma árvore. Ficava intrigado com as
forças da natureza e perguntava a si próprio
se a força que faz uma maçã cair da
árvore para o chão era a mesma que fazia
a Lua girar à volta da Terra.
Newton foi para a Universidade de
Cambridge e, na altura em que se licenciou,
em 1665, fizera descobertas matemáticas
de relevo. Tornou-se professor
de Matemática em Cambridge. Iniciou
investigações sobre a luz e descobriu que
a cor não vem do objecto mas sim da
própria luz.
O trabalho mais importante de Newton
foi tornado público em 1687, embora
tivesse sido formulado alguns anos antes.
O seu livro Principios Matemáticos de
Filosofia Natural era tão avançado que se
dizia que não havia uma dúzia de homens
na Europa que fossem capazes de o entender.
As suas três leis estabeleciam o
princípio crucial da gravitação; que cada
partícula do universo atrai todas as outras
em proporção à sua massa. Este princípio
deu resposta à sua questão levantada debaixo
da macieira. "O que sobe tem de
cair" era um princípio universal, que se
aplica tanto aos planetas como às maçãs.
A ideia de que a natureza se pode reduzir

a leis como essa foi o princípio do método
científico moderno.
A vida pessoal de Newton foi acentuada
por controvérsias com colegas cientistas,
derivadas da incapacidade de Newton
em aceitar as críticas sem explodir
com fúria.

Teve dois esgotamentos nervosos,
um provocado pela morte da mãe e outro
por uma discussão com um amigo
íntimo, Fatio du Duillier, um erudito
suíço.
Newton patrocinou muitos grupos de
cientistas jovens com dinheiro que recebeu
como director da Casa da Moeda.
Foi o primeiro cientista a ser nomeado
cavaleiro, em 1705, e foi um presidente
prepotente da Royal Society, embora no
fim da vida dormitasse com frequência
durante as reuniões.
Foi sepultado na Abadia de Westminster
como convinha a uma pessoa da sua
grandeza.

(À esquerda) Entre os inventos mais importantes de Newton figurava o
telescópio de reflexão: aqui representado no antigo observatório de
Greenwich.
(Em cima, à direita) O universo ordenado de Newton, representado pelo
poeta William Blake (1757-1827).
(Em baixo) A solução de Newton para o problema das curvas de descida,
representada pela sua própria mão.


@John wesley
1703 1791

John Wesley foi um lider religioSo
inglês, que fundou o movimento Metodista Cristão.

John Wesley era filho de um reitor da
Igreja de Inglaterra Quando tinha seis
anos, a paróquia foi destruída pelo fogo e
John só teve tempo de se salvar. Durante
o ano de 1720, John e o seu irmão Charles
foram para a Universidade de Oxford e
fundaram um grupo de estudo religioso,
conhecido pelo Clube Sagrado. O seU interesse
pelo estudo sistematizado e a sua
devoção mereceram que os seus membros
fossem chamados de "metodiStas "

Sob a liderança de John que foi ordenado
padre na Igreja de Inglaterra, em 1728,
deviam jejuar dois dias por semana e visitar
as prisões e casas de correcção para levar
roupas, medicamentos e livros aos reclusos.

Em 1735, John partiu para a Jórgia, na
América, para cuidar da vida espiritual
dos colonos. Durante a viagem, assolada

por tempestades, ficou impressionado
com a serenidade de alguns cristãos.da
Morávia (na actual Checoslováquia).
A sua missão não foi bem sucedida porque
os colonos eram hostis à sua atitude
severa, principalmente quando recusou
dar a comunhão a uma mulher que casara
com outro homem que escolheu em vez
dele. Antes de partir, em Dezembro de
1737, fundou contudo algumas sociedades
metodistas.
De regresso a Londres, renovou os
contactos com os luteranos da Morávia, e
foi numa dessas reuniões, durante um
sermão de Lutero, que Wesley recebeu
um estímulo espiritual. Ficou determinado
a pregar a mensagem da salvação
pela Fé. O seu entusiasmo provocou a
hostilidade da Igreja de Inglaterra da
época, bastante rígida, e sob o incitamento
do pregador George Whitfield,
partiu para pregar para as massas que não
pertenciam a nenhuma Igreja. Começou
em Bristol, em Abril de 1739, onde pregou
ao ar livre para três mil pessoas.
Em breve, Wesley conseguiu reunir se
guidores, que organizou em sociedades
metodistas. Muitos homens da Igreja
consideram esta actuação revolucionária,
visto que Wesley usava leigos como seus
pregadores e administradores. Preferiu
ficar na Igreja de Inglaterra. Porém, em
1784, quando os bispos se recusaram a
ordenar os seus pregadores, ordenou-os
ele mesmo. O seu irmão, também um
pregador activo, ficou na Igreja de Inglaterra
e contribuiu para ela com muitos hinos
famosos. Anteriormente tiveram
uma discussão por Charles ter impedido
John de casar com a sua governanta.
Wesley percorreu cerca de quatrocentos
quilómetros proferindo cinquenta mil
sermões. Foi a primeira figura do renascimento
religioso do século XVIII, e levou o
cristianismo a muitos, nas novas cidades
industrializadas.


(Em cima, à direita) A primeira Conferência
Motodista, em 1741.
(A direita) Lanc,amento da primeira pedra da
primeira capela metodista, em Bristol, no ano
do 1739.


O Palácio de Czarskoe Selo, no tempo de
Catarina "a Grande".

@Catarina, "a Grande"

1729-1796


Catarina II foi imperatriz da Rússia de 1762
a 1796. Continuou a política do czar Pedro,
"o Grande", com a centralização do governo,
a introdução da cultura da Europa Ocidental
e a expansão do território russo.

Catarina não era natural da Rússia; nasceu
em Stettin, na Alemanha, era princesa
e chamava-se Sofia Augusta Frederica.
Foi trazida para a Rússia pela imperatriz
Isabel, para se casar com o herdeiro
do trono. Foi aceite na Igreja Ortodoxa
Russa, em 1744, como uma das condições
do casamento, e adoptou o nome
russo de Catarina Alexeyevna. Casou
com o futuro Pedro III, em 1745.
Catarina considerava o marido como
incapaz para governar e pouco depois de
este se ter tornado czar (imperador), em
1762, destronou-o com a ajuda do seu
amante, Gregory Orlov, e dos guardas
do palácio. Logo a seguir, Pedro foi assassinado.

Catarina era muito competente sob o
ponto de vista político, e seguiu a tendência
da época de um governo personalizado
e forte, o que significava ditadura
(absolutismo). Embora promovendo diversos
homens, habitualmente seus
amantes, a cargos de autoridade, foi sempre
dona de si mesma e responsável tanto
pelas modernizações levadas a cabo na
Rússia durante o seu reinado, como pelas
grandes crueldades que eram praticadas.
A política de Catarina era uma mistura
estranha de duas filosofias diferentes. Era
uma admiradora pública do Iluminismo
da Europa Ocidental. Este movimento
desenvolveu-se no século XVII, à volta de
novas teorias científicas de homens como
Newton, e de filosofias do francês René
Descartes e do inglês John Locke. Estas
baseavam-se na razão e não na religião ou
na tradição, e na ideia de que o comportamento
humano seguia regras e padrões
como Newton demonstrou que a natureza
seguia. Essas ideias estiveram por detrás
do desenvolvimento do Estado moderno
no século xvIII, com um serviço civil
profissional e códigos legais regulares.
Foi também a base do absolutismo, que
tinha como objectivo fortalecer a autoridade
central acima de grupos independentes
como a Igreja e a nobreza.
Catarina alargou o controlo real a todas
as zonas da Rússia que governava e
não apenas às duas capitais, Sampetersburgo
e Moscovo, como anteriormente.

Modernizou e liberalizou a economia e

saqueou as terras da Igreja. Os padres
tornaram-se pouco mais do que uma outra
forma de funcionários públicos. Introduziu
reformas sociais sugeridas pelos
pensadores iluministas do Ocidente e o
seu reinado assistiu a um grande fluxo de
cultura ocidental na Rússia; a ópera italiana,
a filosofia francesa e os costumes.
Tornou permanente a introdução da língua
francesa feita por Pedro, o Grande,
como a língua oficial da corte.
Ao mesmo tempo, contudo, aderiu aos
métodos dos seus antecessores. A grande
massa do povo russo eram camponeses
pobres que, ao contrário das suas réplicas
em França e na Inglaterra, eram ainda
servos; isto é, eram propriedade dos seus
senhores, que podiam fazer o que queriam
com eles. Catarina nada fez para
melhorar a sua condição difícil, na verdade,
aumentou em grande parte o seu
número ao estender a servidão às zonas
que conquistava e ao aplicá-la aos que
trabalhavam no que tinham sido as terras
da Igreja.
Apesar das suas tentativas para concentrar
toda a autoridade nas mãos da Coroa
e na organização do Estado controlada
pela Coroa, Catarina aumentou de facto a
independência da nobreza. Todos os cargos
principais do funcionalismo público
estavam reservados aos nobres, e esta
medida foi um grande entrave a qualquer
tentativa de diminuir o seu poder. Foram
as classes inferiores que sofreram; os senhores
podiam condenar os servos a trabalhos
pesados, sendo proibidas queixas
dos servos contra os seus senhores sob
pena de serem chicoteados com o cnute
(um chicote terrível) e a prisão perpétua.
O resultado foi o descontentamento
entre as classes esperançadas pelo
aparente liberalismo de Catarina, e os povos
conquistados como os Polacos e os
Cossacos, que trouxera para o sistema
russo. A pior revolta foi a rebelião de Pugachev,
em 1773-74, que foi esmagada
com extrema crueldade e com derramamento
de muito sangue. O líder, um
cossaco chamado Pugachev, foi trazido
para Moscovo numa jaula e o seu corpo
quebrado na roda com chicotadas. A seguir,
foi decapitado, tiraram-lhe os
membros e foi queimado.
Nos negócios estrangeiros, Catarina
conquistou terras à Turquia, na costa do
mar Negro, incluindo a Crimeia, e participou
em três divisões sucessivas da
Polónia, depois das quais o país deixou
de existir. A Rússia estendia-se numa
área de mais de quinhentos mil quilómetros

quadrados e sete milhões de habitantes,
e foi o facto de estar equilibrada em
relação à Ásia pela extensão do poder, no
século xIx, que fez da Rússia o grande
país que é hoje. Os seus generais, Suvorov
e Potemkin (um dos seus amantes)
mereceram ser conhecidos em toda a Europa
nas campanhas contra a Turquia e
contra a Revolução Francesa, a que Catarina
se opôs da mesma forma que se
opôs ao liberalismo no seu país. O pensador
russo liberal mais importante da sua
época foi exilado para a Sibéria.

Pessoalmente, Catarina era uma pessoa
encantadora e sensual sendo ao mesmo
tempo cruel, severa e pouco escrupulosa,
possuindo uma grande quantidade de astúcia
política, aliada a uma grande inteligência.
Era uma mulher de paixões incontroláveis:
pelo menos vinte e um dos
seus amantes são conhecidos, mas havia
muitos outros. As suas vitórias militares
e o luxo da sua corte mereceram-lhe o
cognome de "a Grande" durante a sua
vida. Quando tomou posse das províncias
do mar Negro, a sua Armada estava
decorada como a de Cleópatra, a rainha
do Egipto, e era esperada por muitos dos
monarcas da Europa. A Rússia era já
uma potência europeia.


favoritos de Catarina a conseguir um
cargo importante.
(A direita) O rebelde Emelian Pugachev, um
cossaco do Don. Afirmava ser o czar Pedro III
atraindo trinta mil seguidores com a promessa
de restituir a religião antiga, as terras e a
liberdade. Depois de ser preso, em Setembro de
1774, foi levado para Moscovo numa jaula
sendo brutalmente executado.
(Em baixo) A vida nas ruas da Rússia no tempo
de Catarina, "a Grande".

@Robert Clive

Robert Clive era um soldado e um
administrador, e o maior responsável
pelo domínio da Índia, sob os Ingleses.
Derrotou os Franceses e os seus aliados
indianos em Arcot (1751). Glcutá
(1757) e Plassey (1757), sempre em
inferioridade numérica. Foi
governador de Bengala de 1757a 1760
e novamente de 1764 a 1767.

Clive era filho de um membro do Parlamento
inglês e era uma criança extremamente

indisciplinada e mal-humorada.
Aos dezoito anos, foi para Madras, na Índia,
como funcionário da Companhia
Britânica das Indias Orientais. Acabrunhado
pelo tédio e pela solidão, tentou
suicidar-se por duas vezes. Nas duas ocasiões
a pistola não disparou.
Contudo, a sua oportunidade surgiu,
com a guerra e, em 1751, demonstrou o
seu talento como estratega ao tomar o
Forte de Arcot com duzentos europeus e
trezentos sipaios (tropas indianas) e defendê-lo
durante cinquenta e três dias contra
dez mil soldados indianos e franceses.
Clive regressou a Inglaterra, em 1753,
e recebeu uma espada com o punho cravado
de diamantes, como recompensa
pelos serviços prestados. Regressou à India,
em 1755, como tenente-coronel.
O comércio inglês concentrava-se em
Calcutá, a cidade mais rica da India. Em
1756, o príncipe Siraj-ud-Dowlah,
nababo de Bengala, tomou Calcutá e prendeu
os cento e quarenta e seis súbditos
britânicos numa sala pequena que ficou
conhecida por "Cárcere de Calcutá".

Clive e o seu aliado, Mir
Jaffir, o novo nababo de
Bengala, depois de
Plassey, em 1757.

Cento e vinte e três morreram sufocados
antes do amanhecer. Depois de retomar a
cidade, Clive derrotou decisivamente o
nababo, em Plassey, no ano de 1757.
A seguir, Clive arquitectou a deposição
de 8iraj, deixando os Ingleses como governantes
de Bengala e numa posição dominante
em toda a India. Clive recebeu
grandes recompensas do novo nababo,
Mir Jaffir, e regressou a Inglaterra rico e
com extensas propriedades na Índia.
Clive recebeu o título de barão Clive
de Plassey, prestou funções como deputado,
e foi nomeado cavaleiro, em 1764.
Prestou serviço na Índia, em 1764-67, e
denunciou muitos casos de corrupção nos
negócios da Companhia das Índias. Esta
actuação valeu-lhe inúmeros inimigos e
teve de defender a sua imagem no Parlamento,
e justificar o dinheiro que recebeu
de Jaffir. Embora ilibado de todas as acusações,
Clive sentiu-se deprimido com o
incidente. Sentiu que fora tratado como
um "simples ladrão de rebanhos". Sofrendo
por falta de saúde, dependente do
ópio e cada vez com mais ataques de depressão,
em 1774, acabou com a vida,
cortando o pescoço.


@Capitão Cook
1728-1779

James Cook foi um intrépido
explorador inglês, com muitas
qualidades, que deu um grande
contributo para que os Europeus
conhecessem as terras do Pacífico. Em
três viagens, 1768-71, 1772-74 e 1776,
demarcou e explorou a Nova Zelândia,
o Oriente da Austrália, o Havai e
muitas outras ilhas do Pacífico.

James Cook nasceu e cresceu numa pequena
cidade do litoral, no Norte de Inglaterra.
Fez-se aprendiz de comerciante,
mas estava mais interessado no mar, e
alistou-se na Royal Navy, em 1755. Em
1759, tornou-se capitão do navio de Sua
Majestade, o Mercury, lutando contra os
Franceses no rio de S. Lourenço, no Canadá.
Já começava a tornar-se conhecido
como navegador e cartógrafo e esta capacidade
mereceu-lhe a atenção da Royal
Society. Foi nomeado para chefiar uma
expedição ao hemisfério sul para observar
o trajecto do planeta Vénus: o movimento
deste planeta à volta do Sol.
Cook era o homem indicado para chefiar
expedições a águas desconhecidas e
possivelmente perigosas. Além de ser um
navegador experiente, mantinha registos
minuciosos, essenciais para fins científicos,
e iria mostrar alguma experiência no
campo da medicina. Partiu do porto de
Plymouth, a 26 de Agosto de 1768, a
bordo do Endeavour, um barco pequeno
de trezentas e setenta toneladas, que
transportava oitenta e quatro oficiais e a
tripulação. Entraram no Pacífico contornando
o cabo Horn, e pararam primeiro
no Taiti, a que Cook chamou a "ilha do
rei Jorge III". Os nativos remaram ao seu
encontro entregando-lhes ramos de árvores
como símbolos de paz. Cook ficou
lá três meses, a estudar os Taitianos e os
seus hábitos.
Três meses depois de partir do Taiti,
avistava a Nova Zelândia. Cook demarcou
o litoral deste país novo, que reivindicou
para a Inglaterra, navegando a seguir
através do estreito de Cook entre as
duas ilhas. Depois, explorou a costa oriental
da Austrália, a que chamou a Nova
Gales do Sul. Outros que já tinham visto
a parte ocidental e norte acharam-na uma
terra árida, porém, Cook achou-a fértil e
própria para ser colonizada.
Na sua segunda viagem, Cook dirigiu-se
mais para sul, o que ninguém fizera
antes dele, demonstrando que não havia

nenhum continente perto do Sul da Austrália.
Uma vez mais descobriram e cartografaram
muitas ilhas. Em 1776, aos
quarenta e oito anos, partiu novamente.
Desembarcou nas ilhas Havai, descobertas
antes, mas esquecidas, chamando-lhes
o arquipélago das ilhas Sanduíche, inspirado
no conde de Sandwich, ministro
da Marinha.
Cook navegou em direcção ao Norte à
procura de uma passagem para o Atlantico,
a noroeste, contornando o Norte do
Canadá, mas o gelo obrigou-o a ir para
norte do estreito de Bering. Regressou às
ilhas Havai e morreu. Cook fora sempre
simpático para com os nativos, por isso
não era justo que tivesse tido o fim que
teve. Caminhou para a praia para resolver
uma disputa entre os seus marinheiros
e os nativos sobre um barco que fora
roubado do navio, mas não conseguiu
evitar uma desordem durante a qual foi
morto.


(Em cima) A pequena casca de noz, o
Endea vour, vendo-se os recintos cercados para
gado, no convés principal.
(Em baixo) Cook proclama a Nova Gales do
Sul um dominio britÂnico, na baía de Botany,
em 1770.


@James Wolfe
1727-1759

James Wolfe foi um soldado inglês,
cuja vitória decisiva em Quebeque, no
ano de 1759, fez com que o Canadá se
tornasse parte do Império BritÂnico.
Wolfe morreu na batalha.

No início de 1750, a região oriental do
Canadá fazia parte de um império francês
que se estendia do rio Mississípi a Nova
Orleães. Os Franceses envolviam-se por
vezes em conflitos com os Ingleses, dado
que estes últimos alargavam as suas colónias
para o interior a partir do litoral. Em
1756, rebentou a Guerra dos Sete Anos,
na Europa, entre a Inglaterra e a França, e
as lutas travaram-se em todo o Mundo,
com maior incidência na América do
Norte, onde foi conhecida pela guerra
franco-indiana. Wolfe foi enviado para
lutar nesta guerra, em 1758.
James Wolfe era um jovem fraco e estudioso,
de modo nenhum o tipo do herói
militar. No entanto, possuía bastante
energia e determinação e uma tendência
para a originalidade que lhe iria garantir a

fama para sempre. Entrou para o exército
aos catorze anos.
Em 1758, com apenas trinta e um anos,
Wolfe foi mandado para a América do
Norte como general de brigada. Desempenhou
um papel importante na conquista
de um forte francês, em Louisburg,
e o primeiro-ministro, William
Pitt, nomeou-o general de divisão com a
missão de tomar Quebeque.

A operação que se seguiu tornou-se
numa epopeia da história militar. Após
três meses de cerco, os Ingleses não tinham
conseguido impressionar a posição
inabalável dos Franceses. Wolfe ficou deprimido
com o fracasso de todos os ataques
e adoeceu. Resolveu-se por uma
solução audaciosa. Durante a noite de 12
para 13 de Dezembro, atravessou o rio de
S. Lourenço na parte de cima da cidade,
surpreendendo as sentinelas francesas na
enseada actualmente com o seu nome.
Ele e os seus homens subiram depois os
rochedos que se supunha impossíveis de
escalar, no meio da escuridão.
Quando o dia rompeu, Wolfe tinha
cerca de quatro mil homens formados
para a batalha nas planícies de Abraão, a
sudoeste de Quebeque, e apanharam os
Franceses completamente de surpresa.
Os Franceses foram totalmente derrotados.
Wolfe foi ferido três vezes e morreu
antes de terminar o ataque aos Franceses.

Sabia que vencera, e disse: "Morro contente.
"
A guerra terminou com o Tratado de
Paris de 1763, em que a Inglaterra tomou
posse do Canadá e de todas as terras francesas
a leste do Mississípi.

(A esquerda) A morte de Wolfe. O comandante
francês, Montcalm, também foi morto.

@Jorge III

738-1820

Jorge III foi rei da Inglaterra entre 1760
e 1820. O Canadá, a Nova Zelândia, a
Austrália e a Índia foram anexados ao
Império BritÂnico, embora as treze
colónias da América do Norte se
tivessem tornado independentes.
A Inglaterra esteve contra a França, na
Guerra dos Sete Anos (1756-63), e nas
guerras Napoleónicas (1796-1815).

Os antecessores de Jorge III, Jorge I e Jorge II
nasceram na Alemanha, falavam mal inglês,

e preocupavam-se mais com as suas
terras em Hanôver do que em Inglaterra.
Os seus reinados assistiram à criação do
cargo de primeiro-ministro como o de responsável
pelo Governo, nas mãos de Robert
Walpole e William Pitt. Jorge III era,
pelo contrário, um inglês de coração. Tentou
restaurar o papel proeminente do rei
no Governo, com resultados desastrosos.
Jorge afastou Pitt, o grande ministro do
reinado de Jorge II, colocando o poder na
mão dos seus próprios homens.
Jorge ii é lembrado como o rei que levou
as colónias americanas à revolta.
Jorge não era um tirano ávido de sangue,
mas as suas tentativas irreflectidas de impor
um governo forte do rei provocaram
grande indignação na América. O Governo
de Lorde North impôs o aumento
dos impostos e dos direitos aduaneiros; o
resultado foi o "Boston Tea Party", em
que os colonos, disfarçados de índios, fizeram
tombar um carregamento de chá
no porto de Boston como protesto contra
os direitos sobre o chá. Finalmente, os
colonos envolveram-se na revolta.
Durante o longo reinado de Jorge III, o
prestígio do monarca caiu rapidamente,
em grande parte devido à sua interferência
no Governo. Não ajudou o facto de
surgirem ataques ocasionais provocados
por uma doença física hereditária, a porfiria,
embora esta fosse diagnosticada oficialmente
por loucura. Em 1811, o rei sofreu
um ataque mais demorado, agravado
pela cegueira, e o seu filho libertino,
o futuro Jorge IV, governou no seu lugar
como príncipe regente.
Embora o seu reinado estivesse longe de
ser um êxito, a vida pessoal de Jorge era
irrepreensível. Em muitos aspectos era
mais adequado para ser um proprietário da
província do que um rei. O seu passatempo
favorito era a agricultura, e construiu
uma quinta, em Windsor, merecendo
o nome de "Jorge Agricultor". Viveu
em fidelidade doméstica com a sua rainha,
e teve nove filhos e seis filhas.

Quanto a méritos, Jorge poderia ser
comparado a contemporâneos, como
Luís XV de França ou José II da Áustria,
que governaram como monarcas absolutos.
Seria necessário um monarca com
força para o fazer e Jorge possuía apenas
uma capacidade mediana. Nunca tentou
extinguir o Parlamento e permitiu por
fim que ministros competentes como
Pitt, o mais novo, (primeiro-ministro aos
vinte e quatro anos) avançassem. O movimento
a favor da monarquia constitucional

do século XVIII não fora suspenso
para sempre.


(Em cima, à direita) Um príncipe índio ao receber um representante da Companhia das
Indias. As tropas britânicas vêm a seguir.
(À direita) Acontecimentos como o "Massacre
de Boston" (IMO) causaram a revolta dos
colonos americanos.


@A REVOLUÇÃO AMERICANA

@Benjamin Franklin

1706-1790

Benjamin Franklin foi um homem de
Estado americano, administrador e
cientista. Desempenhou um papel
importante na Revolução Americana,
tendo estado envolvido na Declaração
da Independência, e no projecto da
Constituição dos Estados Unidos. Fez
descobertas importantes no que se
refere à natureza da electricidade.

O primeiro gerador eléctrico de Franklin.

Franklin era a décima quinta criança de
uma família de dezassete filhos de um fabricante
de velas de sebo de Boston, no
Massachusetts. Foi um autodidacta. Foi
aprendiz de tipógrafo na oficina do seu
meio-irmão mas, aborrecido com as restrições
impostas aos aprendizes, fugiu
para Filadélfia. Uma vez aí, mudou com
rapidez da tipografia para o jornalismo.
O seu Poor Richard's Almanaç publicado
anualmente, entre 1732 e 1757, era
um dos livros mais populares do período
colonial da América. Muitas das frases aí
publicadas, umas tiradas de outros autores,
outras criadas por Franklin, tornaram-se
provérbios americanos.
Franklin possuía um espírito criativo
e original. Foi rapidamente atraído pelo
funcionalismo público. Criou o primeiro
serviço de incêndio da Pensilvania, em
1736, e fundou a Sociedade de Filosofia
Americana, em 1743. Em 1752, mereceu
o reconhecimento internacional pelas
suas experiências com a electricidade. Fez
voar um milhafre no meio de uma tempestade,
e uma faísca saltou de uma chave
que atara com um cordel ao milhafre para
o chão. A partir desta experiência, que
demonstrava que o relâmpago era eléctrico,
projectou o primeiro condutor da luz.
Era uma experiência perigosa; outros
dois que a tentaram morreram.

Franklin começou a envolver-se cada
vez mais na política. Foi enviado para Inglaterra
como representante colonial, de
1757 a 1762, e uma vez mais de 1764 a
1775. Em Inglaterra, era muito procurado
nos círculos sociais, sendo admitido
na Royal Society pelas suas pesquisas
científicas. Tentou alterar algumas medidas
políticas de Jorge III, mas estas mudanças
não reduziram os impostos elevados
dos colonos, a ponto de estes serem
levados à revolta.
Franklin regressou ao seu país tomando
lugar ao lado dos que procuravam
tornar-se independentes. Foi um dos
poucos americanos conhecidos a nível internacional,
e a sua posição influenciou a
de muitos outros. Ajudou Thomas Jefferson
a esboçar a Declaração de Independência
de 4 de Julho de 1776, e assinou
esse documento histórico. Foi depois em
missão especial a França, o que assegurou
o apoio armado da França à causa americana.
Quando a guerra terminou com a
rendição dos Ingleses, em Yorktown, no
ano de 1783, foi Franklin que negociou o
Tratado de Paris, pelo qual os Ingleses
acabaram por fim por reconhecer a independência
dos Estados Unidos. Franklin
foi um membro importante da Convenção
de 1787 a 1788, que após muitas discussões
redigiu a Constituição dos Estados
Unidos.


As assinaturas na Declaração de Independência.


@George Washington

1732-1799

George Washington comandou as
forças americanas durante a Guerra da
Independência de 1776 a 1783.
Conquistou a vitória final em
Yorktown. Presidiu à Convenção e foi
o primeiro presidente dos Estados
Unidos, entre 1789 e 1797.

George Washington era um homem rico,
dono de uma plantação na Virgínia, que
aos vinte anos herdou uma propriedade
enorme em Mount Vernon, de que
faziam parte quase cinquenta escravos. Ganhou
gosto pela vida militar, quando lutou
ao lado dos Ingleses na guerra de
1754-63 contra a França. Mostrou a sua
bravura na batalha de Forte Duquesne,
em 1755, quando dois dos seus cavalos
foram mortos e as roupas rasgadas por

quatro balas, ao lutar ao lado do comandante,
que foi morto. Atingiu o posto de
coronel e deram-lhe o comando de todas
as tropas da Virgínia. Os Ingleses recusaram
o pedido de Washington para fazer
uma comissão por tempo ilimitado
no Exército e este retirou-se da vida militar.
A seguir, viveu uns tempos pródigos
como um aristocrata em Mount Vernon
até 1775, ano em que foi chamado a assumir
o comando dos colonos que se tinham
revoltado contra os Ingleses.

As tensões entre os colonos e o Governo
britânico desenrolavam-se há al
gum tempo. Os Ingleses defendiam que
o Parlamento tinha o direito de legislar
em relação às colónias, incluindo o poder
de lançar impostos, embora os Americanos
não estivessem representados, o que
culminou nos impostos sobre o chá, e no
"Boston Tea Party", em 1773 (quando os
colonos atiraram o chá para a água). Trocaram-se
tiros em Lexington e em Concord,
e reuniu-se um Congresso Continental
revolucionário. A independência
foi declarada a 4 de Julho de 1776.
A luta durou sete anos e durante esse
tempo os Americanos sofreram muitos
contratempos. Washington não era um
estratega brilhante e sofreu uma derrota
terrível, em Brandywine Creek, no ano
de 1777. No entanto, a sua maior força
consistia na capacidade de manter a confiança
do seu Exército. Durante um
longo Inverno, conseguiu mantê-los unidos
em Valley Forge, apesar de muitos
deles estarem quase a morrer de fome.
Este aspecto foi muito importante porque,
no ano seguinte, os Franceses entraram
na guerra ao lado dos Americanos. A
ajuda dos Franceses fez oscilar a balança,
mas foi Washington que deu o golpe decisivo,
em 1781, ao cercar os Ingleses, em
Yorktown, obrigando-os a renderem-se.
Os Ingleses deixaram a sua última base
em Nova Iorque, em 1783, após ter sido
assinado o Tratado de Paz em Paris.
Existiam muitas diferenças entre os estados
individuais dos Estados Unidos, e
Washington receava que pudessem ser levados
a separar-se. Era a figura principal
na Convenção de 1787. Como presidente
da Convenção trabalhou bastante para
conseguir uma convenção que defendesse
os direitos dos Estados, mas dentro de
uma união segura. Era uma figura tão
respeitada que não houve outra nomeação
para primeiro presidente. Cumpriu
este cargo durante oito anos e, como o
fizera durante a guerra, teve um papel

importante em assegurar que os Estados
Unidos sobrevivessem como uma simples
nação unificada. Morreu, em 1799,
depois de ter apanhado uma pneumonia
ao andar a cavalo durante uma tempestade
de neve, e a sua morte foi assinalada
com respeito não só nos Estados Unidos,
mas também na Inglaterra e em França.

@Thomas Paine

1737-1809

Thomas Paine foi um jornalista
político, que contribuiu para o triunfo
da independência dos EUA. As suas
obras principais: · Common Sense,
o CriSiS Papers e "Rights of Man".

As declarações gritantes dos direitos do homem
comum, de Thomas Paine, provocaram
emoções extremas tanto de concordÂncia como
de hostilidade. Estão representadas neste
desenho contemporaneo de Gillray.

Paine nasceu em Norfolk, na Inglaterra, e
aos treze anos iniciou-se na profissão de
seu pai que era quacre e fabricante de espartilhos.
Possuía um espírito implacável
e passou por uma série de empregos em
pouco tempo, e dois casamentos. Em
1772, encontrou Benjamin Franklin, em
Londres, que o aconselhou a partir para a
América. Em 1774, chegou a Filadélfia,
tornando-se editor do Pennsylvania Magazine.
Quando rebentou a Revolução
Americana, Paine afirmava no seu jornal
que os Americanos deviam exigir a independência
completa. Repetia isto numa
linguagem mais forte em Common Sense,
o seu livro mais influenciável, que
vendeu mais de quinhentos mil exemplares
em poucos meses. Common Sense
desempenhou um papel importante ao
unir as pessoas à volta da Declaração de
Independência, em 1776.
O contributo mais importante de Paine
no decorrer da luta contra os Ingleses
foram os dezasseis Crisis Papers. O primeiro
começava: " São estes os tempos
que tentam as almas dos homens. "
Washington pôs a circular este panfleto
vivo e patriótico entre as suas tropas, em
Valley Forge, e considerou que este teve
um papel importante ao levantar a moral
que estava muito em baixo durante o
duro Inverno de 1776-77. No fim da
guerra, Washington apoiou o pedido de
Paine, que estava sem dinheiro, de uma
pensão do Congresso. Paine não fizera
dinheiro com os seus livros para que fossem

vendidos baratos e assim chegassem
a uma audiência mais vasta. Paine retirou-se
para uma quinta mantendo a sua
mente activa ocupada com inventos, entre
eles o de uma vela que não deitava
fumo.
Paine estivera em França, em 1781, e
regressara com um fornecimento de dinheiro,
roupas e munições. Quando rebentou
a Revolução Francesa, em 1789,
Paine estava em Inglaterra, defendendo
com energia os revolucionários em
Rights of Man (1791). O Governo inglês
proibiu o livro que incluía também um
sistema de educação popular, pensões de
velhice e benefícios para os pobres, mandando-o
prender como uma ameaça à ordem
estabelecida. Felizmente, Paine ausentara-se
para Paris, onde fora eleito
membro da Convenção Nacional. Em
Inglaterra, foi considerado um criminoso,
em França, foi preso por Robespierre
por se ter oposto ao Terror. Foi libertado
com a derrota de Robespierre,
em 1794, mas não regressou aos Estados
Unidos até 1802, onde descobriu que se
tornara objecto de desprezo pelos ataques
à religião em The Age of Reason, que escrevera
na prisão.
Paine morreu na miséria. Dez anos
mais tarde, os seus restos mortais foram
levados para Inglaterra por um admirador,
mas perderam-se no caminho, e
nunca teve o funeral que merecia.

@Daniel Boone

1734-1820

Daniel Boone foi um dos primeiros pioneiros americanos, e teve influência na
exploração e colonização do Kentucky. Tornou-se um herói popular pelo seu
espírito aventureiro e pelas suas explorações em lutas contra os Índios.

Na segunda metade do século XVIII, a
costa ocidental do território que constitui
actualmente os Estados Unidos foi ocupada
na sua totalidade por europeus.
O espírito aventureiro dos pioneiros começou
a empurrá-los para o interior,
através dos Apalaches. A região ocidental
da Virgínia e a Carolina do Norte eram
terras consideradas território pertencente
aos Indios, e para lá destas situavam-se as
terras da Luisiana pertencentes aos Franceses.

Daniel Boone era um homem bastante
inculto que mal sabia soletrar. Foi ferreiro
e carroceiro (encarregado de uma
parelha de cavalos) durante a guerra contra
a França (175663), e salvou-se da derrota,
em Forte Duquesne, em que

Washington se distinguiu ao fugir num
dos seus cavalos. Em seguida, começou a
interessar-se pelas áreas vizinhas não exploradas.
Em 1769, entrou no Kentucky
pelo desfiladeiro de Cumberland, situado
nos Apalaches, passando dois anos como
caçador de peles, mantendo-se sempre
afastado dos índios algonquianos. Em
1773, decidiu ir viver para o Kentucky
com a família. Devido aos ataques dos
Índios, outras cinco famílias que partiram
com eles regressaram, mas a sua família
permaneceu e fixou-se junto do rio
Church.
Boone continuou a traçar a Estrada de
Wilderness, fundou Boonesborough, no
rio Kentucky, e foi contratado por uma
companhia de colonização das terras da
Transilvania para conduzir possíveis
colonos. Em 1778, foi capturado pelos
Índios. Cooperou com eles durante uns
tempos, adoptando, na tribo, o nome de
"Sheltowee" ("Tartaruga Grande").
Durante a Guerra da Independência,
Boone foi capturado pelos Ingleses, fingiu
cooperar e fugiu, percorrendo mais
de cento e cinquenta milhas para alertar
Boonesborough, que foi depois capaz de
resistir ao ataque britânico. Boone foi tenente-coronel
das milícias durante a
guerra, tendo-se distinguido em diversas
acções contra os Ingleses e contra os Indios
seus aliados.
Depois da guerra, Boone teve problemas
em conseguir o seu direito às terras
que conquistara e, sempre em actividade,
mudou-se mais para oeste, fixando-se na
que era então território francês, no Missuri.
Quando esta região começou a fazer
parte dos Estados Unidos, em 1803, através
da "Aquisição da Luisiana", teve uma
vez mais dificuldades em provar os seus
direitos à terra, porque Boone era um homem
habituado a viver ao ar livre e sem
cabeça para trabalhos de escrita. Finalmente,
o Congresso concedeu-lhe terras
em reconhecimento pelos seus serviços
durante a guerra. Morreu no Missuri, em
1820.


O primeiro olhar de Boone para o Kentucky,
em 1767. Passou os seis anos seguintes a caçar
e a explorar a região, enfrentando os indios
algonquianos que o não deixavam em paz.

@@A REVOLUÇãO FRANCESA

@Maximilien Robespierre

1758-1794

@Georges Danton

1759-1794

Robespierre conduziu a ala radical da
Revolução Francesa, que começou em
1789. Viria a dominar o Governo e
iniciou o reinado do Terror.
Danton foi o melhor orador da
Revolução. Ministro da Justiça, em
1792, presidiu mais tarde à Comissão
de Segurança Pública. Foram ambos
executados.

Maximilien Robespierre foi um advogado
que conquistou nome por si próprio
defendendo os pobres e atacando o poder
real absoluto. Em Maio de 1789, tornou-se
membro dos Estados Gerais, em Versalhes.
Este era o modelo francês de parlamento.
Não se reunia desde 1614, dado
que os governantes franceses eram absolutistas.
Reuniu-se, em 1789, porque o
Governo estava numa situação desesperada
com falta de dinheiro e necessitava de
aplicar novos impostos.
Os delegados recusaram-se a aprovar
quaisquer taxas sem uma redução do poder
real e reforma do sistema fiscal, que
reforçava as divisões na sociedade, impondo
um fardo maior sobre as classes
mais baixas. A nobreza pretendia um limite
imposto ao absolutismo, que reduzira
o seu próprio poder, e o povo pretendia
maior igualdade. O rei Luís XVI
recusou qualquer redução do poder, incentivado
por sua mulher, Maria Antonieta.
Destituiu os Estados Gerais e mandou
encerrar a Câmara, mas eles reuniram-se
nos campos reais de ténis, em
Versalhes e juraram não se separarem.
Dirigidos pelo ardente Honoré Mirabeau,
intitularam-se de Assembleia Nacional,
determinados a elaborar uma
nova Constituição.
Em Paris, reinava a excitação com estes
acontecimentos e, em 14 de Julho de
1789, os Parisienses tomaram a Bastilha,
a prisão real e o símbolo do despotismo.
Constituiu-se uma comissão revolucionária
para governar Paris. Na província,
os camponeses invadiram os castelos e
destruíram os registos dos antigos deveres
feudais que os ofendiam. Foi aprovado
um decreto na Assembleia que
abolia o feudalismo. A 26 de Agosto de
1789, a Declaração dos Direitos do Homem,
influenciada pela declaração semelhante
dos Estados Unidos, proclamou a

Liberdade, a Igualdade e a Fraternidade.

Rejeitaram a distinção de "classes": nobreza,
clero e povo foram abolidos. Todas
as classes iriam ser niveladas. Adoptou-se
o vestuário revolucionário, constituído
por capa, sans-culottes (calças em
vez dos calções aristocráticos) e a roseta
vermelha, branca e azul. Todos se vestiam
agora como "cidadãos". Georges
Danton, advogado, surgiu como porta-voz
dos sans-culottes, como eram conhecidas
as classes mais baixas revolucionárias.
Formaram-se clubes políticos,
como o Clube dos Franciscanos, radicais,
de Danton, e o Clube dos Jacobinos, de
Robespierre e de St. Just, que se consideravam
os cães de fila da Revolução.
O rei, forçado a ir para Paris devido a
uma manifestação de mulheres parisienses,
e que teve de aceitar uma monarquia
com poderes limitados, tentou fugir. Foi
apanhado e, logo a seguir, em Agosto de
1792, os revolucionários forçaram a entrada
do Palácio das Tulherias e prenderam-no.
Incentivados por Jean-Paul
Marat, os manifestantes entraram nas
prisões massacrando muitos nobres e
membros do clero.
Inúmeros nobres franceses fugiram de
França e convenceram a Prússia e a Áustria
a acabar com a Revolução e a colocar
o rei de novo no trono. Esta atitude voltou
a opinião pública contra a monarquia.
Foi declarada a República e, após
um julgamento em que Robespierre atacou
o rei energicamente, agora chamado
Capeto, este foi decapitado. A guilhotina
era uma lÂmina enorme que caía, da autoria
de Joseph Guillotin, para cumprir
uma execução à morte sem dor.
Formou-se uma Convenção para elaborar
a Constituição, e a França foi governada
pela Comissão de Segurança Pública,
dominada por Danton, Robespierre e
Marat. Danton foi o primeiro presidente e
teve um papel importante, com a sua oratória
inspiradora no levantar do fervor patriótico
para derrotar as invasões da Áustria
e da Prússia e as revoltas monárquicas.
Os Jacobinos radicais, conhecidos por
"montanheses", devido aos lugares importantes
que desempenhavam na Convenção,
conseguiram nesta época de
emergência expulsar os Girondinos moderados.
Com o apoio do povo de Paris
foram presos e executados. Foram também
severos para com os ateus, dirigidos
por Hébert. Danton estava preocupado
com o crescente terror nas atitudes da
Comissão e abandonou-a para dirigir um

grupo de moderados, os Indulgentes.
Robespierre dominava então a Comissão,
porque Marat fora assassinado. Robespierre
era um homem austero e severo,
conhecido por "o Incorruptível",
dedicado à causa da Revolução e determinado
a utilizar todas as formas de violência
para destruir qualquer oposição.
Usou algumas irregularidades praticadas
por Danton para o mandar executar.
Iniciou-se um novo calendário, em que o ano
de 1792 era o Ano I, e novos meses no
número de três e semanas de dez dias.
Em Julho de 1794, a Convenção reagiu
finalmente contra o Terror, durante o
qual mil duzentas e cinquenta e uma
"pessoas suspeitas" foram decapitadas.
Robespierre foi preso. Tinha ainda o
apoio da população radical, mas Robespierre,
embora tivesse sido um ditador,
exerceu o poder pela causa da República,
curvando-se perante a sua autoridade.
Em vez de falar à multidão, tentou suicidar-se.
Falhou mas passado pouco tempo
seguiu o destino das suas muitas vítimas
da guilhotina.


Tomada da Bastilha: a populaSa é agitada por

(Mapa) A França revolucionária lutou com
êxito contra os ataques dos monárquicos e as
alianças de outros poderes. As batalhas
principais estão aqui representadas.

(Em baixo) A execução do "cidadão Capeto",
anteriormente Luis XVI. A rainha, Maria
Antonieta, foi também guilhotinada.


@Napoleão Bonaparte

1769_1821

Napoleão Bonaparte, imperador de
França, (1804-14, 1815), foi um dos
generais mais importantes do Mundo.
As suas vitórias incluíram Toulon,
(1793), PirÂmides (1798), Marengo
(1800), Hohenlinden (1800), Austerlitz
(1805),Jena (1806), Wagran (1809),
e Ligny (1815). NapoleÃo conquistou
o controlo de quase toda a Europa.

Napoleão Bonaparte nasceu na Córsega.
Frequentou a escola militar de França,
onde foi perseguido pelos outros rapazes
por ser baixo e estrangeiro. Licenciou-se
em quadragésimo segundo lugar numa
turma de cinquenta e um alunos. Napoleão
alistou-se no Exército com o

posto de tenente de artilharia e distinguiu-se
no cerco de Toulon, em 1793.
Foi promovido a general de brigada aos
vinte e quatro anos de idade.
Napoleão era a favor da Revolução
Francesa e era amigo de Robespierre e
dos Jacobinos radicais e, quando estes
foram afastados do poder, ficou sem amigos
e sob suspeita. No entanto, em Outubro
de 1795, comandou as tropas que
defenderam com êxito a Convenção Nacional
e a República contra a revolta dos
monárquicos. Como gratidão, o novo
Governo francês, conhecido por Directório,
deu-lhe o comando do exército
francês em Itália. Em 1796, casou com
Josefina de Beauharnais, uma ligação que
veio fortalecer a sua posição política.
Napoleão mostrou o seu génio na campanha
da Itália. Usou movimentos rápidos
para dividir ao meio os exércitos austríacos
inimigos, de modo a que pudesse
então destruí-los a pouco e pouco. Estava
a sessenta milhas de Viena quando os
Austríacos se renderam. Venceu pelo
menos catorze batalhas durante a campanha.

Napoleão, homem ambicioso, planeou
a seguir bloquear o caminho dos Ingleses
para a Índia, a sua maior colónia, e desembarcou
no Egipto, em 1798. A vitória
na batalha das PirÂmides colocou o
Egipto à sua mercê, mas a sua armada foi
destruída no delta do Nilo por Nelson.
Bonaparte regressou a França, secretamente,
encontrando o Directório em
confusão depois de perder o que ele ganhara
em Itália. Viu uma oportunidade a
favor da sua ambição pessoal. Bonaparte
tomou parte num golpe, em Novembro
de 1799, que substituiu o Directório por
um Governo formado por três homens, o
Consulado, sendo ele o primeiro-cônsul.
Napoleão introduziu uma racionalização
e modernização indiscriminadas no
Governo e na legislação francesa, vitais
após o caos da Revolução. Criou também
o Banco de França, e construiu muitas estradas
e pontes, principalmente por razões
de ordem militar. Em 1802, Napoleão
nomeou-se cônsul vitalício, e ditador
virtual. Em 1804, o papa veio à Catedral
de Notre-Dame, em Paris, e celebrou
o acto em que Napoleão recebeu o
título de imperador; Napoleão tirou a
coroa das mãos do Papa coroando-se a si
próprio, para mostrar que não estava subordinado
a ninguém.
Napoleão alargou o seu Império através
de conquistas e alianças impostas às
nações amedrontadas pelo seu génio militar.

Contudo, foi incapaz de derrotar a
Inglaterra no mar. Na Europa impôs o
Bloqueio Continental para excluir o comércio
inglês, mas este facto fê-lo perder
alguns dos seus aliados, entre eles a Rússia.
Colocou os seus conhecidos ou os
seus marechais no poder nalguns dos países
satélites, e este facto também provocou
descontentamentos, principalmente
em Espanha, onde se iniciou uma revolta,
em 1808. Também sacrificou a
mulher à sua ambição; divorciou-se, em
1809, para casar com Maria Luísa, a fim
de formar uma ligação com a casa real
austríaca.
Napoleão invadiu a Rússia, em 1812.
O seu exército conquistou Moscovo, em
Setembro de 1812, após uma batalha sangrenta,
em Borodino, mas os Russos incendiaram
Moscovo para o privar de mantimentos
e abrigo para o Inverno. Caiu
numa armadilha. Forçado a retirar-se, o
seu exército foi destruído pelo frio e pela
fome. Napoleão apressou-se a regressar à
Europa e reuniu um novo exército, mas a
qualidade das suas tropas nunca mais voltou
a ser a mesma. Sofreu uma derrota catastrófica
na batalha das Nações em Leipzig
no ano de 1813. Os exércitos da Rússia,
Prússia e Grã-Bretanha, comandados
pelo duque de Wellington e pelo general
prussiano Gebhard Blücher, eram demasiado
fortes para as tropas de Napoleão e,
em Abril de 1814, este rendeu-se.

Napoleão foi exilado para a ilha de
Elba, ao largo da costa de Itália. Manteve,
no entanto, o título de imperador.
Fugiu, em Fevereiro de 1815, e, ao desembarcar
em França, o exército reuniu-se
ao seu velho senhor. O seu triunfo
durou apenas cem dias. Bateu os prussianos,
em Ligny, e, dois dias depois, lutou
contra os Ingleses, em Waterloo, a 18 de
Junho de 1815. A derrota nesta batalha só
começou a pender para o lado de Napoleão
quando surgiram os Prussianos.
Napoleão tentou fugir para os Estados
Unidos, mas não conseguiu arranjar um
navio que rompesse o bloqueio dos Ingleses.
Pediu protecção aos Ingleses contra
Blücher que ameaçara enforcá-lo. Os
Ingleses exilaram-no para Santa Helena,
uma ilha no AtlÂntico, onde morreu seis
anos depois. A lenda napoleónica continuou
viva e, em 1840, foi sepultado com
grande pompa, em Paris, a pedido do rei
Luís Filipe.


Uma caricatura inglesa que mostra os Russos a

"apagar Boney".
(Em baixo, à esquerda) Napoleão ao atravessar
o Danúbio, antes de Wagran, em 1809.
(Em baixo) Napoleão a caminho de S. Helena.

(Em cima) Emma, Lady Hamilton. O seu
romance com Nelson provocou um grande
escândalo mas não diminuiu a sua popularidade
junto do povo. Emma viveu na pobreza após a
sua morte: a filha de ambos veio a ser
professora primária.
(A direita) A nau-almirante de Nelson, em
Trafalgar, Victory, de cem canhões.


@Horácio Nelson

1758-1805

Horácio Nelson foi o comandante mais famoso
da história da Marinha Real inglesa.
Revolucionou as tácticas navais e venceu uma
série de batalhas arriscadas nas Guerras
Napoleónicas contra a França e a Espanha, entre
elas as batalhas do Nilo (1798), Copenhaga
(1801) e Trafilgar (1805), onde veio a encontrar
a morte. Já perdera um olho e um braço, em
batalha.

Horácio Nelson nasceu em Norfolk e era
filho de um padre de província. Tinha
um tio que era capitão na Marinha e aos
doze anos foi também para o mar. Em
pouco tempo, Nelson mostrou uma tendência
para a navegação e também uma
saúde frágil. Em 1775, teve de regressar
duma missão no oceano Indico por motivos
de saúde. Este facto não impediu que
fosse promovido a tenente e, dois anos
mais tarde, aos vinte e um, tornou-se o
capitão mais jovem da Marinha Real.
Prestou serviço nas Índias Ocidentais
com distinção, mas uma vez mais regressou
a casa doente.
Nelson já demonstrara as suas qualidades
de chefia e, quando a Inglaterra entrou
em guerra com a República Francesa,
foi chamado para o activo. Nelson
prestou serviço no MediterrÂneo em
1793, sob o comando do almirante
Hood, perdendo o olho direito, ao ser
ferido em combate por estilhaços que
voaram, ao largo da Córsega, em 1794.
Nelson tornou-se comodoro, em 1796,
e contra-almirante, em 1797. Nesse ano,
passou mesmo por uma armada inimiga
espanhola sem ser detectado. Anunciou a
sua presença ao seu superior, o almirante
Jervis, tendo-se distinguido na batalha

que se seguiu, ao largo do cabo de S. Vicente,
ao capturar dois navios espanhóis.
Mais tarde, em 1797, Nelson perdeu o
braço direito num ataque a Santa Cruz.
Em 1798, Nelson mostrou o seu talento
e originalidade táctica na primeira das suas
grandes vitórias como comandante de
uma armada. Contornou a armada de Napoleão,
na baía de Abuquir, no delta do
Nilo, e, ao navegar de surpresa entre eles e
a praia, derrotou-os e destruiu-os, cortando
a retirada de Napoleão do Egipto.

Nelson, então Sir Horácio, e herói nacional,
levou a notícia da sua vitória à
corte do aliado de Inglaterra, o rei da Sicília.
Aí conheceu e apaixonou-se por
Emma, Lady Hamilton, a mulher do enviado
britânico. Nelson fora casado nas
Antilhas, quando era jovem, e o seu romance
com Lady Hamilton em breve
chegou ao conhecimento público, provocando
um escândalo. No entanto, a sua
relação durou até à morte de Nelson.
Em 1801, Nelson tornou-se vice-almirante
e foi colocado no mar Báltico,
sob as ordens do almirante Parker. Parker
era um homem previdente, ao contrário
de Nelson que era arrojado. Na batalha
de Copenhaga, em Abril de 1802,
quando lhe foi dada ordem de retirada,
Nelson pôs o telescópio no olho cego e
declarou que não pudera ver o sinal.
Continuou a causar estragos no inimigo,
a armada dinamarquesa. Recebeu então o
título de visconde.

Nelson era um comandante brilhante e
informal. Mostrava elevada consideração
pelo bem-estar dos seus oficiais e da tripulação
e a sua liderança era caracterizada
por uma atitude humana e sensível, pouco
habitual na época. Em batalha, empregava
o que veio a ser conhecido por "estilo
de Nelson", conferindo grande liberdade
individual aos seus capitães para
empregarem a sua iniciativa sob o seu
controlo táctico geral. Normalmente,
significava lançar-se em direcção ao centro
de uma armada inimiga, desfazendo a
sua formação e destruindo-a por partes
através de uma artilharia superior. A surpresa
e a audácia eram o cerne do seu método.

Nelson empregou as suas tácticas com
bons resultados na batalha de Trafalgar,
em Outubro de 1805. Nelson comandava
a armada do MediterrÂneo, no navio de
Sua Majestade, o Victory, com ordens
para manter a esquadra francesa em Toulon.
Por fim, esta fugiu e Nelson conseguiu

trazê-la para a batalha. Os seus vinte
e sete navios enfrentaram trinta e três navios
franceses e espanhóis, comandados
pelo almirante Villeneuve. Nelson ordenou
aos seus navios que rompessem a linha
inimiga e, quando estes navegavam
em direcção à batalha, deu a sua famosa
ordem: "A Inglaterra espera que todos
cumpram o seu dever. "
A batalha foi uma vitória decisiva. Dezoito
dos navios de Villeneuve foram
capturados ou destruídos. As esperanças
de Napoleão de uma invasão de Inglaterra
foram finalmente desfeitas porque a
Armada Real era agora superior. Contudo,
a Inglaterra perdeu o seu grande
herói. Nelson foi atingido por um tiro de
mosquete no início da batalha, quando se
encontrava no tombadilho superior. Tornou-se
um alvo fácil com o seu uniforme
de almirante e as medalhas. Morreu no
fim da batalha. Deram a Nelson um funeral
de herói, em Londres, e foi sepultado
num lugar de honra na Catedral de
S. Paulo. O navio de Sua Majestade, o
Victory, ainda existe e pode ser visitado
no porto de Portsmouth.


(A esquerda) A morte de Nelson no tombadilho
da nau de Sua Majestade, o Victory. As suas
últimas palavras para o capitÃo Hardy foram:
"Finalmente, livraram-se de mim."
(A direita) A morte de Nelson provocou um
grande choque em Inglaterra, e fizeram-lhe um
funeral sumptuoso próprio de um herói.

@Duque de Wellington

1769-1852


O duque de Wellington foi um dos soldados ingleses que mais se
distinguiu Derrotou Napoleão em Waterloo.

-ministro inglês en tre 1828 e 1830.

(Em cima, à direita) A batalha de Waterloo; o maior triunfo de
Wellington, mas, segundo afirmou, uma "coisa seguida de perto".
(Em baixo) Wellington à porta do seu quartel-general, em Mont de St.
Jean, na batalha de Waterloo.

Arthur Wellesley nasceu na Irlanda, e era
o quarto filho do conde de Mornington.
Depois de ter frequentado o colégio de
Eton, passou um ano na escola militar
francesa, em Angers, onde contactou
com rapazes franceses que iria mais tarde
enfrentar em batalha. Em 1786, alistou-se
no Exército. Subiu depressa, porque sete
anos depois era tenente-coronel.

Em 1796, Wellesley foi colocado na In

dia, e foi lá que adquiriu, pela primeira
vez, fama tanto como soldado como de
homem de Estado. Durante nove anos
lutou contra os nativos hostis no território
montanhoso da India Central, cujas
forças eram de longe superiores às suas.
Foi governador de Mysore, vencendo
uma batalha decisiva, em Assaye, no ano
de 1803. Demonstrou a sua perícia diplomática
ao negociar o tratado que pôs fim
ao conflito. O irmão de Arthur, Richard,
era vice-rei e os dois colocaram os principados
das regiões do Centro e do Sul da
India sob o domínio britânico.
Regressaram ambos a Inglaterra, em
1805. Arthur tornou-se deputado prosseguindo
uma carreira dupla como militar e
político. No auge da guerra contra Napoleão,
o serviço militar tinha de tornar-se
mais importante. Napoleão dominava
em quase toda a Europa mas o facto de ter
colocado o seu irmão José no trono de Espanha
provocou uma revolta que veio
abrir a primeira fenda no Bloqueio Continental.
Este facto deu oportunidade aos Ingleses
de abrir uma frente na Europa. Wellesley
comandou um exército até Portugal
e derrotou o general Junot na batalha do
Vimeiro (1808). Os seus superiores deram
ordem de retirada aos Franceses e, por este
tivo eles e Wellesley foram chamados
e julgados em tribunal marcial.
foi ilibado de qualquer culpa.
Em 1809. o seu sucessor

, Sir John
Moore, foi morto na Corunha, e Wellesley
reassumiu o comando, tendo convencido
o Governo a manter a frente de luta
em Portugal. Na campanha da Península,
que se seguiu (1808-14), Wellesley conquistou
vitórias contra os grandes marechais
de Napoleão, Soult (Talavera, 1810)
e Massena (Buçaco, 1810). Em Salamanca,
em Julho de 1812, derrotou quarenta
mil soldados franceses em quarenta
minutos. Demonstrou também a sua
perícia diplomática no tratamento que
deu à suas relações com os guerrilheiros
espanhóis. Madrid e Barcelona foram libertadas
e, em 1814, os Franceses foram
forçados a recuar para os Pirenéus. O esgotamento
dos recursos de Napoleão
provocado pela guerra peninsular foi um
factor importante para a sua derrota.
Wellesley recebeu o título de visconde
de Wellington, em 1810, e de duque, em
1814, em reconhecimento dos seus feitos.
Retomou o seu papel na política com o

cargo de enviado ao Congresso de Viena
(1814-15), que pretendia reorganizar a
Europa. Regressou apressadamente ao
campo de batalha depois de Napoleão ter
fugido de Elba. Em Waterloo, a 18 de
Junho de 1815, estes dois grandes generais
enfrentaram-se finalmente. A vitória
nesta batalha sorriu a Wellington.
Wellington tomou-se membro do Gabinete
e assistiu a outros congressos diplomáticos.
Como primeiro-ministro (1828
-30) opôs-se tenazmente ao movimento
crescente a favor da reforma parlamentar e
ao aumento dos direitos de voto. Manifestantes
atirando pedras atacaram a sua casa,
mas o duque, teimoso, não iria recuar, ou
reconhecer mesmo que a causa da reforma
devia ser levada muito a sério. Este erro
provocou a queda do seu Governo.
Wellington participou num duelo
quando era ainda primeiro-ministro.
O conde de Winchelsea acusou-o de favorecer
os católicos e trair a Igreja de Inglaterra,
e Wellington pediu satisfações:
um duelo. Quando este teve lugar, ambos
falharam o tiro, e o caso foi um escândalo,
dado que envolveu o chefe da
nação, que arriscou a vida. A reputação
pública de Wellington ficou manchada
por isto, mas apenas durante alguns anos.
Wellington era um homem de disciplina
de ferro, mas não era um homem cruel ou
insensível, e a alcunha de "duque de ferro"
que lhe é vulgarmente associada foi-lhe
posta apenas depois da sua morte. Os seus
soldados, a quem chamava "a escumalha
da terra", conheciam-no por "Narigudo",
por causa do seu nariz enorme. Contudo,
na sua velhice, Wellington era venerado
como o "grande duque".

(Em baixo) Wellington ao dirigir-se à câmara
dos Lordes. Continuou a prestar serviço no
Governo depois de ter sido primeiro-ministro
e, mesmo quando se reformou, continuaram a
pedir-lhe os seus conselhos.
(Ao fundo) A procissão no funeral de
Wellington. Foi sepultado em lugar de honra na
Catedral de s. Paulo.

@chaka

c. 1773-1828

Chaka fundou o Império Zulu, no Sul
da África. Exerceu o seu domínio sobre
cinquenta mil pessoas, e criou uma
força de combate temível.

Quando Chaka era rapaz, os Zulus eram
uma pequena tribo dos povos que pertenciam

à região leste de Nguni-Bantu, e
que viviam no que é agora o Natal, na
África do Sul. Chaka viveu a sua infancia,
órfão de pai, entre um povo que desprezava
a sua mãe e que, finalmente, a
expulsou da aldeia. Na sua juventude,
prestou serviço com bravura nas campanhas
de Dingiswayo, chefe dos Mtetma.
Em 1816, foi enviado por Dingiswayo
para ser chefe da sua tribo.
Chaka governou com mão de ferro,
castigando com morte imediata até os
criminosos triviais que contrariavam a
sua vontade. A tribo Zulu transformou-se
sob o seu domínio. Formou um exército
de guerreiros, chamados impis, que
usavam um sistema de uniforme caracterizado
por escudos de protecção. Estavam
armados com uma pequena lança, o
assegai. Anteriormente, os conflitos armados
da tribo não eram sangrentos;
quando se encontravam, a tribo mais fraca
desistia antes que houvesse muitas baixas.
Os homens de Chaka lutavam para
conquistar ou destruir, e as suas novas armas
obrigavam a uma luta próxima e
sangrenta. Os sobreviventes das tribos
inimigas seriam incorporados na tribo
Zulu. Criou uma nova formação de batalha
que consistia no "peito" e em dois
"cornos". Os "cornos" rodeavam o inimigo
dominado pelo "peito" forte. Para
além do "peito", estavam os "rins", uma
reserva que se sentava de frente para a batalha,
ao longe, para evitar que se excitassem
e abandonassem as suas posições antes
que os indunas o ordenassem. Estes
comandavam com sinais de mãos.
Chaka subjugou, destruiu ou afastou
todas as tribos das redondezas, obrigando
a uma grande migração de povos para
longe da região. Os Zulus tornaram-se
todo-poderosos; tudo o que restou dos
que não se lhes juntaram, foram aldeias a
deitar fumo. Os povos que desgraçaram
a vida de Chaka quando criança foram
empalados nas suas regiões.
Em 1827, morreu a mãe querida de
Chaka, e este ficou louco de raiva. Mais
de cinco mil zulus foram logo assassinados
e todas as mulheres grávidas mortas
com os maridos. Não se efectuaram plantações
durante um ano e as vacas foram
mortas para que os vitelos pudessem sentir
a perda de uma mãe. Os seus homens
acabaram por revoltar-se, em 1828. Os
seus meio-irmãos Dingagne e Mhlangana
assassinaram-no. Deixou os Zulus senhores
de uma área vasta da África do
Sul, e o desmembramento numa área
ainda mais vasta.


@SimãO Bolivar

1783-1830

Bolívar, conhecido por -"o Libertador",
era um soldado e um revolucionário
venezuelano, que conduziu as colónias
espanholas da metade norte da América
do Sul na sua luta pela independência.
Libertou Nova Granada (Colômbia) e a
Venezuela (1821), o Equador (1822), o
Peru (1824) e o Alto Peru, actualmente
a Bolívia (1825). É uma figura histórica
venerada

Bolívar, filho de um aristocrata venezuelano,
era uma criança indisciplinada. Os
pais morreram quando tinha nove anos.
Aos dezasseis partiu para a Europa para
completar a sua educação. Após três anos
em Espanha, regressou, em 1801, casado
com uma mulher espanhola que morreu
logo a seguir com febre amarela.
A resposta de Bolívar a esta tragédia
foi lançar-se na política, embora fosse
ainda muito jovem. Regressou à Europa,
onde amadureceu a ideia de que devia libertar
o seu país do Governo espanhol e
jurou consegui-lo, no Monte Aventino,
em Roma. Bolívar assistiu à coroação de
Napoleão, em 1804, ficando profundamente
impressionado com a demonstração
da capacidade que um homem era capaz
de conseguir. Não ficou tão impressionado
com a pompa imperial, acreditando
que Napoleão traíra a Revolução
Francesa. No auge do seu sucesso, nos
anos que se iam seguir, nunca exigiu
honras imperiais, ficando satisfeito com o
simples título de "Libertador".
As primeiras tentativas de Bolívar para
libertar a Venezuela e a Colômbia, em
1815, terminaram na derrota pelas forças
monárquicas espanholas, depois do sucesso
inicial. Bolívar procurou refúgio na
Jamaica, regressando à luta, em 1818,
com uma força de voluntários ingleses.
Nesta altura, reuniu um exército no interior,
fez uma travessia audaciosa dos
Andes, apanhando os monárquicos de
surpresa ao chegar de uma direcção inesperada.
Libertou a Venezuela e a Colômbia,
e, no ano seguinte, estendeu o seu
domínio sobre o Equador. As forças reais
foram forçadas a regressar ao Peru, onde
Bolívar as seguiu, em 1824. Juntou-se aí
ao libertador do Sul, San Martin, um homem
modesto e despretensioso que
abandonou o seu exército nas mãos de
Bolívar. Em 1825, os feitos de Bolívar

foram completados com a conquista do
Alto Peru, que se chamou Bolívia, em
sua honra.
Bolívar era um homem cuja grande visão
e força de carácter eram mais importantes
do que os seus defeitos de temperamento
que muitas vezes davam origem a
que fosse cruel e violento, e que outras
vezes o deprimiam devido ao fracasso.
Bolívar sonhou que a América do Sul se
iria unir numa confederação que a transformaria
numa potência mundial. O próprio
Bolívar tornou-se numa figura conhecida
internacionalmente, mas foi incapaz
de se opor aos sentimentos nacionais
divisórios dos novos republicanos.
As tentativas de Bolívar para impor as
suas ideias pela ditadura falharam, e Bolívar
morreu desapontado, quando se preparava
para partir para a europa.
Os feitos de Bolívar foram, no entanto,
monumentais, e actualmente é venerado
como o principal obreiro da independência
sul-americana


(Ao fundo, à direita) Bolívar é celebrado como "o Libertador
por toda a região norte da
América do Sul


(Mapa) As colónias espanholas da
América Central e do Sul.

@@A REVOLUÇãO INDUSTRIAL I

@Abraham Darby

1678-1717

Abraham Darby revolucionou a
produção de ferro no início do
século xvIII. As suas fundições
desempenharam um papel importante
na Revolução Industrial.

Se existe algum lugar que possa ser chamado
o ponto de início da Revolução Industrial,
é a aldeia de Coalbrookdale, situada
nas margens do rio Severn, em
Shropshire. Foi aí que Abraham Darby
aperfeiçoou um processo que tornou possível
alguns dos inventos e produtos-chave
que animaram o grande movimento vol
tado para a produção industrial no século
XVIII, na Inglaterra, e que trouxe no
seu início uma alteração total nos hábitos
de vida dos Ingleses. As pessoas deixaram
as aldeias e o trabalho na agricultura para

se juntarem a outros reunidos nas cidades.
Abraham Darby era um fabricante de
ferro, em Bristol. Segundo os métodos
tradicionais, o ferro provinha do aquecimento
da rocha (minério) em fornos
aquecidos a carvão. O produto daí resultante
era demasiado frágil para fabricar,
quer artigos grandes e pesados, quer artigos
delicados e complicados. Era também
muito dispendioso, dado que dependia
do fornecimento da lenha para o carvão,
e os preços da madeira eram bastante
elevados porque a lenha era muito
procurada para outros fins.
Em 1708, Darby introduziu um método
novo de fundir o ferro, usando areia em
vez de barro, o que lhe permitia obter cadinhos
para o ferro mais baratos do que os
que os seus concorrentes faziam em metal.
As pessoas menos abastadas tinham condições
para os possuir o que veio a criar um
grande mercado de ferro. A maior inovação
de Darby surgiu em 1709. Comprou
uma velha fundição, em Coalbrookdale,
onde sabia existirem grandes quantidades
de carvão sem enxofre (carvão de coque).
Darby usou este combustível no novo alto-forno
que construíra. O coque podia
aguentar um peso maior de ferro do que o
carvão. Essa inovação permitiu-lhe fabricar
grandes quantidades de ferro de elevada
qualidade sem ter de estar dependente
de reservas de madeira. Tudo isto fez com
que aumentasse a produção de ferro, a preços
mais baixos, e, acima de tudo, tornou
possível a expansão industrial.
O ferro de alta qualidade de Darby foi
usado no fabrico dos primeiros motores a
vapor, inventados por Thomas Newcomen,
e a sua eficácia tornou o invento de
facto viável. Em 1758, mais de cem motores
de Newcomen tinham sido fundidos
pelas oficinas de Darby, então dirigidas
pelo filho de Darby, Abraham II. O ferro
de boa qualidade e a bons preços possibilitou
o invento e o uso alargado das novas
máquinas da Revolução Industrial. Em
1779, o neto de Darby, Abraham III
(1750-91) funde ferro para uma das primeiras
pontes de ferro do mundo, em
Coalbrookdale. Em 1802, as oficinas produzem
a primeira locomotiva, segundo
um projecto de Richard Trevithick. Actualmente
existe um museu nesse local.


As fundições de Darby, em Coalbrookdale.
(A esquerda) A ponte de Ironbridge, em
Shropshire, fundida em Coalbrookdale.

@Sir Richard Arkwright

1732-1792

Richard Arkwright foi um inventor
inglês, que se tornou um dos primeiros
industriais modernos. Foi o pioneiro
dos métodos que mecanizaram a fiação
e a indústria do vestuário, empregando
a força dos cavalos, depois da água
(1771) e, por fim, do vapor (1790).
O seu moinho em Cromford, no
Derbyshire, foi uma das primeiras
fábricas têxteis.

Arkwright era o mais jovem dos treze filhos
de um operário pobre do Lancashire.
Aos dez anos foi como aprendiz de barbeiro
para Bolton. Durante vinte anos
ganhou a vida numa cave a fazer a barba a
trabalhadores. Por fim, tornou-se negociante
de cabelo e fabricante de perucas.
Foi durante as suas viagens neste negócio
que surgiu um encontro que alterou a sua
vida. Em 1765, durante uma tempestade,
procurou abrigo numa casa de campo e
encontrou James Hargreaves a fiar num
tear projectado por ele, uma fiandeira.
O invento de Hargreaves conseguia fiar
oito fios de cada vez. Usava-o em segredo
para evitar que a ideia fosse roubada.
Arkwright convenceu-o a partilhar com
ele o segredo, aconselhando-o a melhorar
o que encontrara, porque os fios de Hargreaves
eram muito ásperos para a maioria
das aplicações. Passou longas horas a
trabalhar na ideia, para frustração da mulher,
que mais de uma vez destruiu os
modelos das experiências por os considerar
uma perda de tempo. Suportaram
muitas privações e uma vez os amigos fizeram
uma colecta para substituir as roupas
esfarrapadas de Arkwright.
Arkwright não estava a desperdiçar o
tempo, porque, em 1769, conseguiu
construir uma fiandeira mais perfeita, capaz
de fiar qualquer número de fios, com
todos os graus de espessura. Arkwright
abriu a primeira fiação, em Nottingham,
alimentada pela força de cavalos. Em breve,
houve outros que copiaram as suas
ideias, porém, Arkwright era um homem
de grande talento, e através de aperfeiçoamentos
constantes e de bom faro
para o negócio, fez uma grande fortuna.
A sua nova fiação, em Cromford, alimentada
pela força da água, era uma
maravilha para a época.
Tradicionalmente, a fiação executava-se
em casas de campo por tecelões trabalhando
um número de horas irregular e

produzindo fios de variadíssimas qualidades.
Ao contrário da fiandeira, a nova estrutura
a água de Arkwright era demasiado
grande para uma casa de campo, colocando
os trabalhadores debaixo de um telhado.
Esta não foi a primeira fábrica,
mas era um modelo de limpeza e ordem.
Arkwright foi nomeado cavaleiro em
1786. Mesmo quando era famoso, ainda
trabalhava por vezes dezasseis horas por
dia. Outros inventores seguiram as suas
ideias; a máquina de fiar de Samuel
Crompton (1779) e o tear de Edmund
Cartwright foram inovações, mas a mais
importante foi o motor a vapor de James
Watt que libertava as fiações da dependência
dos rios com corrente e o receio
das inundações. O caminho estava aberto
à produção em grande escala.


(À direita) Tecelagem com máquinas de
fiar. Ao abrigar os trabalhadores debaixo
dum tecto, Arkwright garantia que todos
produziam fios de qualidade uniforme, e os
teares estavam activos durante todo o ano.

@A REVOLUÇãO INDUSTRiAL II

@James Watt
1736-1819

Mathew Boulton
1728-1809

(Em baixo) A primeira
experiência de James Watt com o
vapor.

(Em baixo, à direita) As fábricas
de Soho, em Birmingham, onde
Watt e Boulton desenvolveram e
construíram as máquinas a vapor
rJara muitas

James Watt construiu a máquina a vapor, a força
motriz da Revolução Industrial. Acrescentou-lhe
muitos melhoramentos, como o condensador, o
movimento de rotações e o controlo de velocidade
por rolamentos. Boulton forneceu um cérebro
orientado para os negócios que aumentou a
capacidade inventiva de Watt, e juntos produziram
máquinas a vapor para todas as indústrias.

James Watt nasceu e criou-se no porto
piscatório de Greenock, na Escócia. Era
uma criança frágil que não podia ir à escola
com regularidade, sendo ensinado
principalmente pela mãe. Passava muito
tempo a reparar instrumentos náuticos,
como o sextante e os compassos, e aos dezanove

anos foi para Londres para aprender
a fabricar instrumentos. A falta de saúde
impediu a sua estada e, passado ano e
meio, regressou à Escócia, para se tornar
assistente na Universidade de Glasgow. Aí
conheceu muitos cientistas, entre eles Joseph
Black, cuja teoria do calor latente iria
aplicar à máquina a vapor.
O momento decisivo da vida de Watt
surgiu quando o departamento de ciência
lhe deu uma máquina de Newcomen para
reparar. Thomas Newcomen construíra a
sua "máquina atmosférica", em 1705,
usando o vapor para empurrar uma biela
através de um cilindro que levantava um
balancim. Esta máquina usava-se nas minas
para bombear a água, mas não era
muito eficiente porque gastava imenso vapor
para dar pouca energia. Watt viu isso e
pôs-se a trabalhar para a aperfeiçoar.
Num domingo, quando andava a passear,
Watt teve a ideia de usar um condensador
separado para arrefecer o vapor
e um revestimento isolador para manter
o cilindro quente todo o tempo, poupando
energia preciosa, perdida anteriormente
no arrefecimento. Verificou também
que o vapor aumentava, o que significava
que o cilindro necessitava apenas
de ser enchido até meio com o vapor,
sendo o resto do trabalho feito pela expansão.
Watt inspirou-se tanto na teoria
do calor de Black como também na própria
observação do poder do vapor, em criança, quando olhava para a
pressão do
vapor que se desenvolvia por baixo da
tampa da cafeteira de sua mãe, forçando o
caminho pelo bico da chaleira. Em 1769,
concederam a patente a Watt por "um método
novo de diminuição do consumo do
vapor e combustível em carros de bombeiros".
A quantidade de energia de uma máquina
aumentou dramaticamente.
A máquina só era ainda útil para bombear,
e de 1766 a 1774 Watt ganhou a vida
não à custa das máquinas a vapor mas
como vigilante dos canais escoceses. Em
1774, aborrecido com o trabalho e deprimido
com a morte da mulher, mudou-se
para Birmingham e principiou uma sociedade
proveitosa com Mathew Boulton.
Mathew Boulton era um industrial de
Birmingham e um membro importante da
Lunar Society, um grupo dedicado ao
avanço da ciência e da arte em Birmingham
e nas regiões do interior. Dele faziam
parte muitas figuras importantes da
Revolução Industrial, como Josiah Wedgwood,
cujas fábricas de cerâmica dominavam
os mercados mundiais de porcelana, e
Joseph Priestley, um importante filósofo e

cientista radical, que descobriu o oxigénio.
Boulton interessou-se pela primeira vez
pelo trabalho de Watt ao procurar uma
fonte de energia para a sua metalurgia.
Boulton era um engenheiro de talento, por
mérito próprio, e tinha um faro apurado
para o negócio, o que faltava a Watt. Fizeram
uma combinação perfeita durante
vinte e cinco anos. Boulton sugeriu muitos
dos aperfeiçoamentos que a capacidade
técnica de Watt passou para a prática.
Foi apenas após Boulton e Watt juntarem
as forças que se verificou todo o potencial
do invento de Watt. Em 1776, instalaram
duas máquinas industriais; uma a
bombear água de uma mina, a outra a
bombear ar para dentro de altos-fornos.
Entre 1781 e 1790, Watt acrescentou-lhe
muitos melhoramentos. Em 1782, duplicou
a eficiência ao conseguir que o êmbolo
empurrasse e puxasse ao mesmo tempo.
Boulton sugeriu um movimento de rotação,
ao que Watt respondeu com a engrenagem
"sol e planeta". A máquina a vapor
podia então conduzir tanto uma roda
como uma biela.
Os mercados que Boulton previra de fábricas
de algodão e de cerveja em breve se
transformaram em realidade. Em 1790,
quando introduziram o manómetro de
pressão e o regulador centrífugo, possibilitando
o controlo exacto da máquina,
Boulton e Watt tinham feito uma grande
fortuna e as suas máquinas trabalhavam
em fábricas de papel, farinha, algodão e
ferro, destilarias, canais e sistemas hidráulicos,
e mesmo no fabrico de moedas (ideia
de Boulton). A máquina a vapor tomou-se
a base da Revolução Industrial.
Depois de 1794, reformaram-se os dois,
deixando os filhos a dirigir a firma de
Boulton e Watt. Watt viajou bastante,
continuando a inventar durante a reforma.
Os seus feitos foram honrados com a nomeação
para membro da Royal Society
(com Boulton) e da Academia Francesa de
Ciência. O Governo inglês ofereceu-lhe o
título de barão que recusou, por modéstia.
Ele e Boulton foram sepultados ao lado
um do outro, em Birmingham.


A última máquina a vapor de
Watt; os melhoramentos que
introduziu no projecto original
de Newcomen foram tantos que
Watt é considerado o pai da
máquina a vapor.


@Rainha vitória

1819-1901

Vitória foi rainha de Inglaterra entre
1837e 1901, e imperatriz da Índia entre
1877 e 1901. Reinou durante mais
tempo do que qualquer outro monarca
inglês. Deu o seu nome à era vitoriana,
a época de ascensão da Inglaterra à
grandeza imperial na Índia e em Á frica,
da sua liderança no mundo do
comércio, e de grandes feitos nas artes,
principalmente na arquitectura e na
literatura. Com ela a monarquia
alcançou nova popularidade
completando o seu desenvolvimento
constitucional, sem envolver a política
ou os assuntos do governo, um
movimento que assegurou a
sobrevivência da monarquia britânica.

A rainha Vitória sucedeu a seu tio, Guilherme
IV, aos dezoito anos. Levou o seu
1819-1901 cargo muito a sério, e a prática deste foi-lhe
ensinada com muito cuidado pelo
seu primeiro-ministro, Lorde Melbourne,
que actuou como um pai em relação
à jovem rainha sem experiência.
O lugar de Melbourne como confidente
e conselheiro da rainha foi ocupado,
em 1840, quando esta casou com o
seu primo alemão, o príncipe Alberto da
Saxónia-Coburgo-Gota. Vitória e Alberto
desfrutaram uma vida familiar
calma, feliz e convencional. Tiveram
nove filhos, cujos casamentos ligaram a
família real inglesa com a maioria dos governos
protestantes da Europa. Vitória
dedicou-se a Alberto e este exerceu uma
forte influência na condução do seu cargo
de rainha. Compreendeu e aceitou a posição
constitucional da monarquia, como
Vitória, e tiveram o cuidado de não interferir
demasiado na política. A sua vida
familiar exemplar e a atitude política
digna alcançaram com êxito a estima do
povo em relação à monarquia, tão manchada
durante os reinados de Jorge II e
Jorge IV.
Quando Alberto intervinha nos assuntos
nacionais, muitas vezes em relação .
política externa, o seu contributo era normalmente
sensato e útil. Na política interna,
promoveu a arte e foi responsável
pela exibição dos feitos industriais e artísticos
dos Ingleses na famosa exposição do
Palácio de Cristal, em 1851.
Alberto recebeu o título oficial de príncipe
con sorte, em 1858. Vitória ficou
destruída três anos mais tarde pela sua
morte. Isolou-se, de luto, no Castelo de
Windsor, deixando-o apenas nos meses

de Verão, em que viajava para Balmoral,
a casa que Alberto lhe construíra, na Escócia.
Vitória desapareceu da vida pública
durante muitos anos. A popularidade
da monarquia decresceu uma vez mais (
foi apenas a insistência de Benjamin Disraeli,
um dos seus primeiros-ministros
favoritos, que a trouxe de volta ao contacto
com o público. Disraeli deu-lhe o
gosto de a declarar imperatriz da Índia,
em 1877, e nos últimos anos foi uma vez
mais devolvida ao coração do povo,
como a figura da mãe para o extenso Império
Britânico, e a personificação da
grandeza de Inglaterra. O seu jubileu, em
1887--cinquenta anos de governação-e,
mais tarde, em 1897, os sessenta anos
de reinado, foram momentos de regozijo
público.
A rainha Vitória tinha os seus defeitos.
Recusou autorização ao seu filho
Eduardo para participar nos negócios de
Estado, devido à sua frivolidade e à prática
de adultério, o que ela discordava totalmente.
Este acto levou a que ele continuasse
com o mesmo comportamento
por não ter mais nada para fazer. Subiu
ao trono aos sessenta anos sem qualquer
experiência de governo. Vitória nutria
simpatias e antipatias profundas em relação
aos políticos da sua época, o que não
escondia. Antipatizava particularmente
com Lorde Palmerston e W.E. Gladstone.
Queixava-se de que Gladstone, um
dos primeiros-ministros britânicos mais
importante, se lhe dirigia como se ela estivesse
numa reunião pública. Por outro
lado, estava muito ligada a Disraeli. Contudo,
aderiu sempre à regra de não se envolver
na política, por consequência, a
monarquia nunca foi prejudicada por escândalos
políticos, como acontecia com
frequência nessa época na Europa. Esta é
uma das razões principais da sobrevivência
da monarquia inglesa.
A era vitoriana atravessou uma época
de grandes transformações. A Inglaterra,
agora iluminada por lâmpadas eléctricas,
atravessada por uma rede vasta de caminhos-de-ferro,
era um lugar bem diferente
do de 1837, quando a rainha subiu
ao trono. O Império britânico alargou-se
até África. Dele faziam parte territórios
em todos os continentes de tal modo que
os Ingleses afirmavam que o Sol nunca se
punha no pavilhão do Reino Unido. Travaram-se
guerras nas colónias, mas a
Grã-Bretanha, protegida por uma grande
armada, permaneceu em paz, e tornou-se
na nação mais próspera do Mundo.
A era vitoriana é também conhecida

pela época em que a prosperidade existiu
ao lado de grande pobreza, privações e
sofrimento entre os trabalhadores das fábricas.
Estas fábricas eram a base da riqueza
da Grã-Bretanha. Homens, mulheres
e mesmo crianças trabalhavam longas
horas por salários baixos e viviam em
cima uns dos outros sem o mínimo de
condições de higiene. A miséria destas situações
foi descrita por homens como
Lorde Shaftesbury e pelo romancista
Charles Dickens, e fizeram-se lentos progressos
em relação às reformas.
Também se fizeram progressos em relação
à igualdade política; foi conferido o
direito de voto à maioria dos homens
adultos sem olhar à sua riqueza, em 1867.
As mulheres não tinham ainda direito de
voto .
A rainha morreu ao virar o século,
sendo um dos monarcas ingleses mais
amados.

(Ao centro) O Crystal Palace.
(Em cima) A Revolução Industrial.
(À direita) Quatro gerações; Vitória com os
futuros Jorge V, Eduardo VII e Eduardo VIII.

Vida na Grã-Bretanha nos meados da próspera
era vitoriana: dia do Grande Prémio nas
corridas de Epsom.

@CANAiS, ESTRADAS, PONTES

John McAdam
1756-1836

Thomas Telford
1757-1834


Homens a construir uma estrada em Londres, no ano de 1838.
Estes homens eram uma visão vulgar depois da introdução dos
revestimentos de estradas aperfeiçoadas por McAdam e Telford

(em baixo).

John McAdam e Thomas Telford foram engenheiros de grande talento que
construíram estradas sólidas e seguras, capazes de aguentar veículos
pesados. Telford era muito versátil e, além de estradas, construiu
portos, túneis, canais e pontes. O seu trabalho mais importante foi a
ponte suspensa sobre o estreito de Menai, no País de Gales. MacAdam e
Telford revolucionaram os transportes na Gra-Bretanha, tornando as
viagens e o transporte de mercadorias mais fácil e mais rápido.

A Revolução Industrial provocou um
grande aumento do tráfego nas estradas
da Grã-Bretanha, transportando matérias-primas
das minas e dos portos para

as fábricas e os produtos acabados para os
mercados. As estradas que existiam então
na Grã-Bretanha não aguentavam este
tráfego. Excepto nos lugares raros em
que ainda sobreviviam as magníficas estradas
romanas, a sua superfície era pouco
melhor do que lama. As rodas das carroças
durante muitos séculos criaram sulcos
profundos que por vezes se enchiam com pedras soltas. Isto
tornava as viagens ainda mais duras. No reinado de Jorge
III, na maioria das estradas principais havia
barreiras levantadas aqui e acolá onde
os viajantes tinham de pagar uma portagem
para passar. Estas portagens serviam
para pagar as despesas de conservação das
estradas, mas até Telford e McAdam as
técnicas de aperfeiçoamento eram muito
pobres.
Uma resposta a esse problema foram
O sistema de McAdam (à direita) suporta tráfego de pesados ao mesmo
tempo que permite que a água escoe. De outra forma as estradas tornar-se-iam
charcos (em baixo).

@os canais. De 1750 até 1850 aproximadamente,
construiu-se em toda a Inglaterra
uma grande rede destes rios artificiais.
Estes canais constituíam grandes feitos da
engenharia, incluindo túneis através de
montanhas e comportas para permitir
que se elevassem acima do nível do mar.
Havia ainda, contudo, uma grande
necessidade de melhorar as estradas. As
diligências começaram a circular, em
1659, e as pessoas queriam percorrer maiores
distâncias mais depressa, dado que a
a vida comercial da nação aumentara com os
negócios produzidos pelas novas indústrias.
Em 1750, a viagem mais rápida de
Londres a Edimburgo de carruagem demorava
onze dias. Após o esforço dos
construtores de estradas, passou para apenas
quarenta e seis horas, em 1830.
Os primeiros avanços foram feitos por
(John Metcalf (1717-1810), um personagem
pitoresco, que fora contrabandista e condutor
de diligências. Realçou a importancia
das fundações e o escoamento ao construir
uma boa área de estradas, mas as suas
actividades limitaram-se ao Norte de Inglaterra.

O nome mais associado ao melhoramento
das estradas inglesas à escala nacional
é John McAdam e com razões para isso.
McAdam foi um grande autodidacta
como engenheiro, mas abordou o assunto
de forma científica.
McAdam nasceu na Escócia, mas foi
para a América aos catorze anos e fez fortuna
no comércio, na cidade de Nova Iorque.
Regressou em 1783, instalando-se em
Bristol, um grande centro de comércio.

Em breve se interessou pelo melhoramento
das estradas que transportavam as
mercadorias para Bristol. Em 1810, este
assunto tornou-se o interesse dominante
da sua vida e usou a fortuna em experiências
para descobrir revestimentos novos e
melhores. Em 1827, o seu trabalho foi reconhecido,
com um subsídio do Governo
de dez mil libras e o cargo de inspector-geral
das Estradas Metropolitanas de
Londres.
McAdam introduziu a precisão e o método
na construção de estradas. Pretendia
construir uma estrada sólida que pudesse
suportar carros pesados e que através de
um bom método de escoamento não ficasse
com as marcas das rodas dos carros ou desgastada devido às águas
da
chuva. Começava com uma camada de pedra grossa e depois cobria-as
com pequenas pedras de granito. O centro da estrada era mais elevado
do que as extremidades de modo a que a água corresse para valas,
de cada lado. Este método de construção de estradas chama-se
"macadamização" em sua honra, e ainda hoje se usa juntando uma camada
de asfalto ou alcatrão.

Telford desenvolveu um método semelhante
de construção de estradas, embora
usasse uma fundação mais profunda, chamada
"base Telford", que conferia às suas
estradas uma maior duração. Em 1815.
existiam perto de mil e quinhentos quilómetros
de estradas construídas pelos métodos
de Telford e McAdam. O seu sucesso
deveu-se em larga medida à sua cuidadosa
organização e administração. Demonstra
ram que os materiais simples e o trabalho
não especializado eram suficientes se
fossem usados com eficiência. Era vulgar
verem-se os aldeões a coleccionar pedras
e era uma visão familiar em Inglaterra,
verem-se homens, mulheres e crianças junto
à estrada a partirem pedras com o
tamanho desejado.
Telford era filho de um pobre pastor escocês,
e ele próprio foi também pastor até
aprender o suficiente para se tornar primeiro
canteiro e depois arquitecto e engenheiro.
O seu humor genial era bem conhecido;
na juventude era conhecido por
"gorro escocês risonho". O primeiro trabalho
importante de Telford foi o canal de
Ellesmere, no Shropshire, que se iniciou
em 1793. Seguiram-se-lhe dois aquedutos
para transportar água sobre os vales do
Dee e do Ceriog, no País de Gales,
atraindo a atenção nacional para o emprego
de caleiras de ferro fundido. Continuou
a desenvolver as comunicações nas regiões
montanhosas da Escócia, construindo o
canal da Caledónia, portos em Dundee e
Aberdeen, e perto de mil e quinhentos quilómetros

de estradas, com mil e duzentas
pontes.
Telford construiu muitas estradas em
Inglaterra, que se distinguiram pelas suas
inclinações bem desenhadas e suaves, e a
de Carlisle para Glasgow era considerada a
melhor estrada construída na época (1816).
Desenhou e construiu as docas de St. Catarina
em Londres, túneis em canais e muitas
pontes.
Telford utilizou bastante o novo material
à disposição, o ferro fundido para as
pontes, e era atrevido nos seus desenhos.
A ponte sobre o estreito de Menai (1819-26),
que ligava Anglesey ao continentt
galês, tinha cento e setenta e sete metros de
comprimento, e foi a primeira ponte suspensa
moderna. Rebocaram correntes de
ferro forjado através da água, suspensa
das torres em cada extremidade, sendo de
pois a estrada suspensa por baixo. Durou
até 1940, data em que foi completamente
reconstruída. A qualidade e a duração dis
tinguiram particularmente o trabalho de
Telford em todas as áreas.


Os anos de 1780-1830 assistiram a muitos feitos
notáveis na engenharia dos transportes, em
Inglaterra. Aqui se representa o túnel de
Islington com 887 metros, em Londres (1819), e
o aqueduto de Irwell (1793).


@Cecil Rhodes

Cecil Rhodes foi o principal
imperialista inglês do fim do
século xIx. Alargou a colonização
inglesa a norte do cabo da Boa
Esperança e colocou a Bechuanalandia
(Botswana) e a Rodésia (Zimbabwe,
Malawi e Zambia) sob o domínio
inglês. Envolveu-se nos
acontecimentos que levaram à guerra
bóer (1899-1902) que resultou na
incorporação das repúblicas bóeres na
África do Sul inglesa. Fez enorme
fortuna nas minas de diamantes.

Cecil Rhodes era filho de um vigário inglês,
mas deixou a Inglaterra, em 1870,
por motivos de saúde e foi viver para a
África do Sul com o seu irmão Herbert.
Rhodes, em breve, se envolveu nas minas
de diamantes de Kimberley. A princípio,
a vida era difícil para Rhodes, um introvertido
bastante excêntrico que insistia
em ser simplesmente conhecido por "Mr.
Rhodes". A pouco e pouco tornou-se
muito rico e, em 1891, ficou na posse dos

lucros da Companhia Beers que na altura
produzia noventa por cento dos diamantes
do Mundo.
Rhodes tinha grande paixão pelo Império
Britânico, e o sonho de criar uma
cadeia de colónias britânicas ao comprimento
da África, "pintar o mapa de vermelho"
do Cabo ao Cairo. Sonhou também
em unir a Grã-Bretanha aos Bóeres,
os rudes colonos holandeses que viviam
principalmente no Natal e no Transval, e
mesmo em juntar os Estados Unidos ao
Império Britânico. Os seus dois interesses,
diamantes e imperialismo, combinaram-se
para criar nele um grande empenho
pelas terras a norte da área de colonização
britânica na colónia do Cabo. Em
1887, obteve permissão real para a sua
Companhia Britânica da África do Sul,
recentemente formada, colonizar o Norte
do Transval.
A ambição de Rhodes de abrir as terras
do interior africano foi interrompida por
dois obstáculos: Paul Kruger, dirigente
dos Bóeres, no Transval, e Lobengula,
rei de Matebele. Rhodes derrubou primeiro
Lobengula, porque pensava existirem
jazidas ricas de minerais nas suas
terras. Lobengula desconfiava bastante
dos Brancos, receando com razão que se
os deixasse entrar depois nunca mais os
veria partir. Autorizava apenas a a entrada
de missionários, mas foi esta a sua ruína,
pois Rhodes usou um filho de um
deles para fazer de seu emissário e convencer
o rei a assinar um tratado de amizade,
em Fevereiro de 1888. Lobengula
pensava que dera apenas aos Brancos o
direito de cavar buracos, mas na verdade
transferira o seu reino.
Rhodes conseguiu muitos apoios na
Grã-Bretanha, realçando-se o da rainha
Vitória a quem as suas ideias agradavam.
Ajudou também a sua causa o facto de ter
a intenção de desenvolver os territórios à
sua custa. Como consequência, a autorização
concedida a Rhodes não tinha fronteira
fixa a norte. Por esse motivo, tinha
liberdade para pressionar a norte do rio
Zambeze, à procura da cidade de Salisbúria
(actualmente Harare), e estabelecer
as colónias a que chamaram mais tarde
Rodésia do Norte e do Sul, em sua honra,
nos territórios de Mashona e Matebele.

Rhodes tornou-se primeiro-ministro
da colónia do Cabo, em 1890. obteve
êxito como administrador, iniciando a
política de reservar terras para uso exclusivo
dos Africanos. Contudo, houve problemas
no Norte, que resultaram na derrota

e na morte de Lobengula, na guerra,
em 1893. Rhodes ordenou a colonização
de Matebelelandia, e quando esta foi autorizada
pelos Ingleses, em 1894, ele alcançara
o auge do sucesso.
No entanto, verificou-se que havia
pouco ouro e poucos diamantes na Rodésia,
ao contrário do Transval. Rhodes envolveu-se
numa revolta contra Kruger,
que resultou num ataque de surpresa ao
Transval comandado por um amigo íntimo
de Rhodes, o Dr. Leander StarrJameson,
em 1895. O ataque de Jameson
foi um fiasco e Rhodes foi forçado a demitir-se
de todos os cargos no Cabo.
O Governo britânico tomou conta da
administração da Bechuanalandia e das
Rodésias, mas Rhodes continuou com a
sua actividade nesses territórios através
dos lucros da sua companhia. Foi aí, nos
montes de Matopo, que escolheu o sítio
da sua sepultura, num local conhecido
por a "Vista do Mundo". A pouco e pouco
regressou à política, influenciando o
alto comissário britânico, Milner, a concordar
com a sua opinião de que Kruger
era uma ameaça. Os antagonismos entre
os Bóeres e os Ingleses, que tinham sido
agravados por algumas políticas de Rhodes,
mas não totalmente provocados por
elas, provocaram a guerra, em 1899.
Durante a guerra bóer, envolveu-se no
cerco de Kimberley, prestando serviço
com a patente de coronel. Morreu antes
do fim da guerra, doente do coração. Por
altura da sua morte, foi alvo de um escandalo
que envolveu uma aventureira estrangeira
que falsificou a sua assinatura
nalgumas letras de cambio.
Rhodes foi sepultado depois de um
acompanhamento triunfal até Matopo.
Deixou uma enorme fortuna, parte da
qual reverteu a favor de bolsas de estudo,
que deram possibilidade a que muitos africanos
fossem educados em Oxford. Rhodes
contribuiu bastante para o desenvolvimento
do Império Britânico em África,
mas o seu sonho nunca foi alcançado, seguindo-se
uma nova geração com ideias
menos agressivas em relação ao Império.


Cecil Rhodes (segundo a contar da esquerda) no
tempo das guerras de Matebele, em 1896.

(A esquerda) A guerra bóer: as tropas inglesas
chegam a Springfontein.
(A direita) Jameson capturado pelos Bóeres.
O fiasco do ataque de Jameson custa a Rhodes
o cargo de primeiro-ministro do Cabo.


A última resistência de Modderfontein, em
Setembro de 1901. A guerra bóer assistiu a
muitos recuos dos Ingleses antes da vitória
final.

@Charles Darwin
1809-1882

Charles Darwin foi um naturalista inglês
e o principal autor da teoria da evolução.
Reuniu material durante uma viagem a
bordo do navio de Sua Majestade, o
"Beagle" (1831-36), e publicou a teoria
da selecção natural no livro "A Origem
das Espécies" (1859). "A Origem do
Homem" (1871) sugeria que o homem
possuía os mesmos antepassados do
macaco antropóide.

Charles Darwin pertencia a duas famílias
inglesas distintas. A mãe era filha do famoso
oleiro e industrial Josiah Wedgwood.
O pai era um físico conhecido de
Shrewsbury, filho de Erasmus Darwin,
poeta e naturalista, colega de Mathew
Boulton, e membro da científica Sociedade
Lunar.
Darwin foi um aluno médio na escola.
Mereceu a alcunha de "Gás" por parte
dos companheiros por fazer experiências
químicas fora da escola. Darwin estudou
Medicina, em Edimburgo, sem êxito, e a
seguir passou três anos infrutíferos na
Universidade de Cambridge a praticar
para sacerdote. Aí entrou em contacto
com homens da ciência, dedicando-se à
geologia e à botânica.
O acontecimento que veio alterar a sua
vida foi a sua nomeação gratuita como
naturalista a bordo do navio de Sua Majestade,
o Beagle. Este navio partiu, em
Dezembro de 1831, numa expedição que
durou cinco anos para fazer um levantamento
topográfico da costa e das ilhas da
América do Sul, da Austrália e da Nova
Zelândia.
No início do século XIX, O pensamento
científico baseava-se na descoberta de
Isaac Newton da natureza ordenada do
Universo, e as formas de vida diferentes
eram consideradas adaptadas a um mecanismo
inalterável e ordenado. Alguns
pensadores, incluindo Erasmus Darwin,
pensavam que a vida se desenvolvia através
de alterações graduais, mas não tinham
provas científicas. Seriam essas
provas que Charles Darwin iria fornecer.
Na sua viagem ao Pacífico, Darwin leu
os Princípios da Geologia, de Lyell,
leitura que o foi influenciar profundamente.
Lyell demonstrou que a Terra evoluía

através de processos graduais, tais como

a erosão e o afundamento que ainda persistiam.
As investigações do próprio
Darwin confirmaram esta teoria, e este
ficou deveras impressionado com esta
ideia da evolução gradual. Na sua viagem,
encheu uma quantidade de livros de
notas com as observações a respeito das
semelhanças dos animais vivos com os
extintos, conhecidos através de fósseis, e
as semelhanças e diferenças entre os animais
do continente e os das ilhas próximas.
Foi nas ilhas dos Galápagos em particular,
com as suas diversas espécies únicas,
que lhe surgiu a grande questão:
Como é que os animais se tornaram no
que são?
Darwin pensava que as espécies evoluíram
a partir de outras mais simples,
desde os seres unicelulares. Outros já o
tinham sugerido, mas Darwin foi o primeiro
a encarar e a resolver o problema
vital que consiste em explicar a grande
variedade de animais que surgiram a partir
destes antepassados, e a fornecer uma
teoria científica do processo de evolução.
Após vinte anos a trabalhar no material
do Beagle, com problemas de saúde provocados
pela viagem, Darwin chegou, finalmente,
à teoria da selecção natural.
A teoria consistia em que as formas de
vida mais correctas têm maiores possibilidades
de sobreviver e têm mais descendentes
do que as menos correctas.
Transmitiriam as suas características às
gerações futuras enquanto outros menos
adaptados ao meio ambiente morreriam
em eterna competição, em busca de espaço
e de alimento. Desta forma, as espécies
alterar-se-iam gradualmente de
acordo com as alterações do meio ambiente.

Em 1858, quando Darwin estava finalmente
a preparar uma exposição sobre o
assunto, surpreendeu-se ao ouvir falar de
Alfred Russel Wallace, que vivia nas
Molucas, e que chegara à mesma conclusão.
Quando Darwin apresentou a sua
teoria, teve conhecimento de que Wallace
tinha a mesma ideia. Wallace, por sua
vez, concordou com generosidade que
Darwin merecia maior crédito pelos seus
vinte anos de trabalho. A amizade que
nasceu entre eles era invulgar para dois
rivais, devido ao crédito que se dava a um
feito científico.
Darwin, de facto, preocupava-se pouco
com a fama, e não ficou ofendido pessoalmente
pelas críticas violentas à sua
teoria por parte de muitos cientistas e homens

da Igreja. A sua teoria punha seriamente
em questão o ponto de vista de
que o Universo era inalterável e constante
desde a sua criação. A natureza gradual
da evolução implicava que a Terra
era muito mais antiga do que se pensava.
Darwin provocou mais controvérsias ao
apresentar a teoria de que a humanidade
não era uma excepção à evolução e tinha
o mesmo antepassado que os macacos.
Os dois livros mais importantes de Darwin
foram A Origem das Espécies e
A Origem do Homem, nos quais apresentava
as suas novas teorias com testemunhos
científicos rigorosos.
Darwin viveu feliz com uma família
numerosa, em Down, no Kent. A sua
fraca saúde significava que podia trabalhar
normalmente apenas quatro ou cinco
horas por dia, mas a sua teimosia mantinha-o
sempre ocupado. As ideias de Darwin
tiveram profunda influência no pensamento
moderno, na zoologia, na botanica
e em muitos outros campos em que
se aplicou a ideia do desenvolvimento
evolutivo. Darwin foi sepultado na Abadia
de Westminster ao lado de alguns dos
mais célebres ingleses.

(Em cima) llustração de um gato-das-pampas
inserta no livro
"Zoologia da Viagem do 'Beagle'".
(A esquerda) O "Beagle", a bordo
do qual Darwin realizou as
investigações que o levaram
à teoria da evolução.


@Otto Von Bismarck
1815-1898

Otto von Bismarck foi chanceler da
Prússia, entre 1862 e 1871, e do
Império Germânico entre 1871 e 1890.
Foi responsá vel pela unificação da
Alemanha, que reuniu num império
centralizado, com um exército forte.
Homem de Estado brilhante e severo,
dominou a diplomacia europeia
durante vinte e oito anos.

Na primeira parte do século xIx, os povos
falantes de língua alemã estavam divididos
em numerosos estados, alguns
deles de pequena dimensão. O maior era
a Áustria católica e a Prússia protestante.
Bismarck era um aristocrata prussiano e
um homem com muita energia, amigo de
andar a cavalo e caçar, e com grande apetite
para comer e beber. Bismarck possuía
uma inteligência sofisticada e uma

grande sensibilidade no que se refere a
inimigos reais e imaginários. Era um
crente devoto do poder absoluto da monarquia
e desagradavam-lhe a democracia
e o liberalismo.
A sua força de carácter tornou-se evidente
no início da sua carreira política.
Causou sensação, em 1851, ao fumar na
l&ieta (um tipo de parlamento), privilégio
reservado aos Austríacos. Planeou unificar
os Alemães sob o domínio dos Prussianos,
e convenceu-se que os Austríacos,
que reclamavam a liderança, teriam de
ser excluídos se a Prússia e o protestantismo
chegassem a dominar.
Bismarck tornou-se chanceler da Prús-sia
(primeiro-ministro), em 1862, e a partir
daí prosseguiu os seus objectivos com
crueldade. Declarava que os problemas
não se podiam resolver com votos e discursos,
mas com "sangue e ferro". Por
isso, recebeu o nome de "chanceler de
ferro". Usou alianças e guerras parà
isolar a Áustria e levou os outros estados
alemães a unirem-se à Prússia. A Áustria
foi derrotada na Guerra das Sete Semanas,
em 1866.
Bismarck pensou em usar o medo do
inimigo para unir os Alemães e, em 1870,
usou subterfúgios para provocar uma
guerra contra a França. Alterou uma
carta do rei para parecer um insulto a Napoleão
III e a guerra surgiu rapidamente.
O eficaz Exército prussiano, que Bismarck
reunira, derrotou facilmente os
Franceses. Em 1871, na Sala dos Espelhos,
em Versalhes, Bismarck declarou a
formação de um novo Império Germanico,
o Segundo Reich, em que o rei da
Prússia era o Kaiser (imperador). Bismarck
tornou-se príncipe do Império.
Bismarck realizou cuidadosamente
uma rede de alianças, que protegia a Alemanha,
autorizou-a a formar a diplomacia
europeia e preservou a paz na Europa.
Foi um conservador na política interna e
perseguiu os católicos e os socialistas.
Bismarck esteve sempre atento aos rivais.
Guilherme II exonerou-o, em 1890,
para poder controlar a política, e Bismarck
passou os últimos anos da sua vida
a atacar com amargura aqueles que pensava
que o tinham traído.

(Em baixo, à esquerda) A guerra franco-prussiana,
em 1870-71: o auge da carreira
de Bismarck.
(Em baixo) O bombardeamento de
Schelestadt. Napoleão III e Bismarck
discutem a paz.


@Karl Marx

1818-1883

Karl Marx foi um filósofo e um teórico
político alemão. Fundou o comunismo
moderno. As suas obras mais
importantes foram o "Manifesto do
Partido Comunista" (1848) e
"O Capital" (1867-83). As ideias de
Marx tiveram muita influência depois
da sua morte e sustentam a doutrina
oficial da União Soviética e de outros
estados comunistas.

Marx nasceu numa família de judeus, em
Trier, na região do Reno, na Alemanha,
mas foi baptizado como cristão aos seis
anos, quando o pai se converteu para favorecer
a sua carreira. Marx estudou
Direito, Filosofia e História, na Universidade
de Bona, e foram os filósofos alemães
Hegel, Feuerbach e Hess que influenciaram
o desenvolvimento da sua
filosofia.
A partir de 1843, Marx começou a envolver-se
cada vez mais com grupos que
se opunham ao Governo autoritário da
monarquia prussiana. Desenvolveu também
ligações com grupos de trabalhadores
franceses e alemães. Em resultado
destas filiações, Marx e a sua mulher Jenny
foram sucessivamente forçados a mudar-se
da região do Reno para Paris, Bruxelas
e depois Londres.
Em 1844, Marx conheceu Friedrich
Engels e iniciou uma parceria proveitosa
que durou o resto da sua vida. Com Engelsj
inscreveu-se na Liga do Justo (mais
tarde chamada Liga Comunista), para a
qual escreveram o Manifesto do Partido
Comunista. De regresso a Inglaterra,
fundou a Liga Internacional dos Trabalhadores
(a Primeira Internacional), e
escreveu a sua obra mais importante,
O Capital. Não estava acabada quando
morreu e foi completada por Engels.
De 1850 a 1864, Marx viveu uma vida
de pobreza que impôs a si mesmo, em
Londres, dedicando-se à investigação
para elaborar as suas obras. Não queria
arranjar emprego além do de correspondente
para o New York Tribune. Marx
era um pai carinhoso, mas nos primeiros
anos em Londres prejudicou a saúde da
família ao obrigá-la a viver na pobreza
pela sua recusa em "tornar-se capitalista".
Teve também uma ligação com a empregada
doméstica. Engels, ao trabalhar na
fábrica de seu pai, em Manchester, podia
arranjar dinheiro para Marx, escondê-lo

dos credores e fornecer-lhe material incalculável sobre as condições de vida dos
trabalhadores industriais numa grande cidade.
Com a ajuda de Engels, Marx conseguiu
segurança material após 1864.
Marx concebeu uma estrutura completa
de ideias referentes ao desenvolvimento
da humanidade numa sociedade
industrial. Acreditava que a classe trabalhadora
seria sem dúvida o vencedor final,
quer como controladores, quer como
criadores de riqueza, e ninguém devia lucrar
através da mão-de-obra de outro homem.
Marx foi sepultado no cemitério
de Highgate, em Londres, que ainda hoje
é visitado por inúmeros admiradores.


(Em cima, à direita) Bilhete-postal da Rússia:
"Liberdade, Igualdade, Fraternidade." A
marcha em direcção a uma nova alvorada.

(À direita) Gravura representando Marx atado à impressora, que simboliza
a proibição da sua
obra na Prússia, em 1843.

@Abraham Lincoln
1809-1865

Lincoln nasceu na fronteira americana do
Kentucky, filho de pais humildes e analfabetos,
que viviam numa cabana de madeira.
Em 1816, mudaram-se para a Indiana
do Sul onde as condições não eram
melhores. A escola mais próxima ficava a
cinco milhas de distância e o professor
apenas sabia ensinar a ler, a escrever e a
contar. A mãe de Lincoln morreu por
falta de assistência médica, em 1818.
Abraham ajudou o pai a fazer o caixão.
Em 1830, Lincoln deixou a cabana remota,
com os seus haveres embrulhados
num lenço de algodão, e dirigiu-se para a
colónia mais próxima, New Salem, no
Ilinóis, para abrir caminho no mundo.
Apesar da sua falta de cultura e da educação
rude, Lincoln era um homem inteligente
e mundano, que se revelou um
orador público excepcional. Este aspecto
aliava-se a uma grande honestidade e integridade.
Em New Salem, deitou mão a
muitos trabalhos descendo duas vezes os
rios Ohio e Mississípi até Nova Orleães,
prestando serviço militar numa companhia
de voluntários numa guerra contra
os Indios, sendo dono de uma loja e trabalhando
como agente do correio numa
povoação.
Foi um fracasso como comerciante,
mas aproveitou os seus dotes particulares

e preparou-se sozinho para fazer os exames
para advogado, em 1836. Em breve,
fez nome como advogado nas cidades da
província de Ilinóis. Iniciara já a actividade
política, porque fora eleito para a legislatura
de Estado, em 1834, como candidato
do Partido Conservador, enquanto
estudava Direito e trabalhava
numa loja. Cumpriu quatro mandatos,
continuando a representar Ilinóis no
Congresso de 1847 a 1849.
De 1849 a 1854, Lincoln dedicou-se a
desenvolver a sua profissão e fez nome
à sua custa como advogado e orador. Começou
a ficar cada vez mais preocupado
com a questão da escravatura. Os escravos
negros ainda.se mantinham nos estados
do Sul e a questão política mais importante
da época consistia em se esta instituição
deveria ser abolida ou, pelo contrário,
se os novos estados a serem criados
na fronteira deveriam possuir escravos
ou ser livres. Lincoln juntou-se ao
novo Partido Republicano, que se opunha
à escravatura.
Em 1858, Lincoln atingiu proeminência
nacional em sete grandes debates públicos
com Stephen Douglas, o seu rival
como candidato republicano para o Senado
e um homem considerado como
possível futuro presidente. Douglas ganhou
a nomeação, mas Lincoln conseguiu
maior fama com o poder dos seus
dotes oratórios. Declarou: "Uma casa dividida
contra si própria não se pode manter.
Creio que este Governo não pode
durar muito tempo, metade a favor dos
escravos e metade a favor da liberdade. "
Para Lincoln, a unidade dos Estados
Unidos foi sempre o assunto mais importante
e, ao contrário dos abolicionistas
extremistas, não pretendia forçar o Sul a
desistir dos seus escravos, apenas pretendia
impedir que a escravatura se espalhasse
e trabalhar para o seu desaparecimento
gradual.
Em 1860, foi o candidato republicano
para presidente, vencendo facilmente as
eleições. Foi empossado a 4 de Março de
1861 e enfrentou de imediato a dissolução
dos Estados Unidos. Iria passar todo o
tempo do seu mandato como presidente e
o resto da vida a lutar para restaurar a
União. Sete dos estados do Sul, receosos
da oposição de Lincoln à escravatura, separaram-se
mesmo antes da sua tomada
de posse, formando a Confederação dos
Estados da América. Lincoln não iria lançar
qualquer ataque mas afirmou que iria
"defender, proteger e preservar, em caso
de ataque".

Mobilizou o Exército, e os restantes
estados tomaram partido ao lado de uns
ou de outros. Contra os conselhos do seu
Gabinete, Lincoln manteve uma guarnição
no Forte Sumter, na Carolina do Sul,
e o ataque que lhe foi lançado pela Confederação
precipitou a deflagração da guerra
civil.
O objectivo declarado de Lincoln consistia
em "salvar a União e não salvar ou
destruir a escravatura". À medida que a
guerra avançava, sangrenta e destrutiva,
também se formavam os sentimentos do
Norte contra a escravatura e, em 22 de
Setembro de 1863, Lincoln publicou a
Proclamação da Emancipação, libertando
os escravos e concedendo-lhes todos os
direitos de cidadania.
Lincoln conduziu a guerra com energia
e com coerente determinação. Num discurso
público importante dirigido, em 19
de Novembro de 1863, no campo de batalha
de Gettysburg, e depois desta,
apelou à reconciliação e não à vingança;
"rancor em relação a ninguém". Lincoln
foi reeleito, em 1864, e assistiu ao fim da
guerra que se concluiu com êxito. A 9 de
Abril de 1865, o célebre general da Confederação,
Robert E. Lee, rendeu-se ao
seu adversário Ulysees S. Grant, mas
Lincoln viu-se privado da oportunidade
de garantir uma reconciliação pacífica ao
ser assassinado, apenas cinco dias mais
tarde, quando assistia à representação de
uma Deca.//


Um leilão de escravos no Sul no período que
antecedeu a guerra civil.

Abraham Lincoln foi o décimo sexto presidente dos Estados Unidos de
1860 a 1865. Lincoln opôs-se à escravatura e a sua eleição fez com
que os estados do Sul se separassem da União. Lincoln levou o Norte à
vitória na guerra civil (1861-65), conseguindo a reunificação dos
Estados Unidos e a emancipação dos escravos negros.

(A esquerda) Lincoln comos seus generais na batalha de Antietam, em
1862. O seu mandato de presidente passou-se quase todo em tempo de
guerra. Os generais da União foram superados pelos do Sul, tais como
Lee e Jackson, até que Lincoln promoveu o heterodoxo Grant a
comandante-geral.

(Em cima) O campo de batalha de Gettysburg, em 1863. Setecentos e
cinquenta mil morreram em batalha nesta guerra destrutiva.


@A REVOLUÇãO NA MEDICINA I

Pasteur foi um cientista prático que fez a maior parte do seu trabalho
nos locais onde a doença existia. Aqui, experimenta a vacina da raiva
num rapaz mordido por um cão infectado. Nestas experiências com

doenças mortais, Pasteur arriscou tanto a sua reputação como a sua
vida.

@Louis Pasteur

Louis Pasteur foi um pioneiro da
bioquímica francesa e o primeiro
bacteriologista. Inventou a
pasteurização do leite, descobriu que as
bactérias provocam a fermentação
decomposição e doença, e descobriu as
vacinas para o carbúnculo e a raiva.

Pasteur era filho de um curtidor de pele
no Leste da França. Licenciou-se pela Escola
Normal de Paris, onde a nota no diploma
referente à disciplina de Química
era "medíocre": possivelmente porque o
seu trabalho era já demasiado independente
e original em relação aos seus mestres.
Em breve, mostrou que o juízo estava
errado, numa série de cargos que desempenhou
na universidade.

As primeiras descobertas de Pasteur
surgiram quando os produtores de vinho
da região lhe pediram que investigasse o
motivo por que o vinho azedava. Discordou
da teoria da época da "geração
espontanea": que as coisas "se alteram"
devido ao ar. Provou que era em consequência
da actividade de organismos minúsculos.
Estes organismos (bactérias ou
micróbios), pensava, eram semelhantes a
quaisquer outros animais e podiam ser
mortos ou evitada a sua reprodução. Inventou
um processo de os matar por aquecimento,
a que chamou "pasteurização".
Era possível então produzir, conservar e
transportar vinho, leite e cerveja sem que
estes se tornassem intragáveis.
Em 1868, Pasteur ficou parcialmente
paralisado, mas continuou com as investigações.
Em 1881, surgiu com uma protecção
contra a doença mortal do gado e
dos rebanhos, o carbúnculo. Pensavam
que a doença também era provocada por
bactérias e isolou e cultivou uma versão
enfraquecida das que provocavam o carbúnculo.
Injectou este preparado em
vinte e cinco carneiros, e uns dias depois
infectou estes e outros vinte e cinco com
a doença. Apenas morreram os vinte e
cinco que não foram tratados. Isto provou
que os que foram injectados desenvolveram
uma resistência pelo seu contacto
com os micróbios enfraquecidos
que os protegeu contra os verdadeiros
micróbios. Pasteur chamou aos vírus enfraquecidos
"vacinas", em homenagem a
EdwardJenner, que usara varíola bovina

(nome latino, vacinia), para protecção
contra a varíola, de forma idêntica.
Pasteur dirigiu a sua atenção para a raiva
(chamada hidrofobia nos homens), e
depois de investigação cuidadosa produziu
uma vacina a partir da medula óssea
de coelhos infectados. Usou este preparado,
a 6 de Julho de 1885, emJacob Meister,
um rapaz de nove anos mordido por
um cão raivoso, salvando-lhe a vida.
Pasteur provocou uma revolução nos
métodos científicos, saindo do laboratório
e atacando a doença onde ela existia.
Não se contentou em mostrar as causas
da doença, procurou soluções. Era amigo
íntimo de Joseph Lister, que aplicou as
suas descobertas no campo da cirurgia.
Foi Lister que resumiu com justiça o feito
de Pasteur: "Na verdade, não existe em
todo o mundo um indivíduo a quem a
ciência médica deva mais do que a ti. "

(Á direita) O "spray" anti-séptico de Lister, que
enchia o ar com ácido carbónico, aspirado de
um frasco através de vapor.

(Em baixo) Lister e o seu amigo Pasteur ao
receberem honras na Sorbonne (Universidade
de Paris). Pelo esforço conjunto de ambos, as
suas descobertas e inovações salvaram milhares
de vidas.


@Lord Joseph Lister

1827-1912

Lister foi um pioneiro da cirurgia, cujas
descobertas tiveram um papel crucial
no desenvolvimento da medicina
moderna. Lister foi o primeiro a
descobrir métodos que evitaram a
infecção durante as operações, o que
provocou a diminuição da mortalidade.

Joseph Lister nasceu de pais quacres e estudou
Medicina na Universidade de Londres.
Ganhou fama como cirurgião e ascendeu
rapidamente na sua carreira, tor
nando-se professor de Cirurgia na Universidade
de Glasgow, em 1860.
Um problema importante, que preocupava
Lister como cirurgião, era o número
elevado de doentes que morriam
depois das operações. Praticavam se
muitas mais operações do que anteriormente,
devido à invenção da anestesia,
mas a taxa de mortalidade atingia nalguns
hospitais os sessenta por cento. Um terço
dos doentes que sofriam amputações
morriam; e devido à infecção, a ampu

tação era muitas vezes necessária, até
mesmo para lesões menores. Parte do
problema consistia em que a anestesia
significava que as operações podiam ser
feitas de forma mais lenta do que antes
(embora Lister fosse capaz de amputar
um membro em vinte e cinco segundos) e
este facto aumentou o risco de envenenamento
do sangue e da infecção. Ainda se
acreditava, geralmente, que essa infecção
era o resultado "do ar nocivo", mas à luz
das descobertas de Pasteur, Lister pensava
que a culpa era dos mesmos microrganismos
que provocavam a fermentação.
Lister era um cientista trabalhador e
aplicou a sua teoria na prática. Concentrou-se
primeiro nas medidas anti
-sépticas (matar os micróbios), utilizando
um spray de ácido carbónico, que já era
usado no tratamento das águas dos esgotos.
A taxa de mortalidade pós-operatória
desceu de quarenta e três para
quinze por cento.
Lister foi um inovador e um grande
professor. Desenhou novas mesas de
operação e instrumentos e tubos de dre

nagem para as feridas. Verificou que era
melhor afastar todos os micróbios e instituiu
o uso de roupas brancas em vez de
roupas de sair para operar, com o objectivo
de excluir os germes do campo
operatório (assepsia). Estas medidas espalharam-se
rapidamente entre os seus
alunos e outros cirurgiões, cuja atenção
foi atraída pelo sucesso estrondoso dos
seus métodos. O trabalho em que Lister
foi o pioneiro conduziu directamente às
condições de esterilização moderna das
operações, que salvaram vidas sem conta.
A importância da obra de Lister foi
evidente no decréscimo da mortalidade
dos doentes e, ao contrário de muitos
pioneiros, o seu talento foi reconhecido
em vida. Foi presidente da Royal Society
de 1895 a 1900, recebeu o título de barão,
em 1883, e de par do Reino, em 1897.
O seu nome conserva se ligado ao Instituto
Lister de Medicina Preventiva.

@A REVOLUÇãO NA MEDICINA II

@Florence Nightingale

-1910

Florence Nightingale, a "dama da luz", foi a
fundadora da enfermagem moderna. Prestou
contributo importante no desenvolvimento da
higiene militar e na preparação de enfermeiras e
parteiras. Teve um impacte considerável na

administração dos hospitais modernos.

Florence não autorizava nenhuma enfermeira a fazer vela depois das
oito horas da noite, mas ela fazia as quatro milhas da ronda.

(Em baixo) O comando da Brigada da Luz, Crimeia, 25 de Outubro de
1854. Esses confrontos enviaram centenas de feridos para o hospital
de Florence.

Florence Nightingale nasceu numa família
de pais ingleses, abastados, na cidade
italiana de Florença, à qual deve o
seu nome. Nessa época, considerava-se
impensável que uma mulher respeitável
tivesse uma profissão. Quando Florence,
motivada pelas condições de miséria que
vira num hospital, disse que queria ser
enfermeira, os pais recusaram. No entanto,
Florence era uma mulher com uma
determinação invulgar. Ao acreditar que
tinha uma missão divina, preparou-se
para enfermeira contra a vontade dos
pais.
Em 1853, tornou-se superintendente
do Instituto de Protecção a Senhoras
Doentes, em Londres, mas achou o trabalho
aborrecido, referindo-se ao lugar
como "esta pequena dificuldade insignificante".
Foi o rebentar da Guerra da Crimeia,
em 1854, que lhe trouxe o desafio
por que ela ansiava.
As péssimas condições dos hospitais
militares tornaram-se um escândalo
público. Florence ofereceu-se como
voluntária e o seu amigo Sidney Herbert,
ministro da Guerra, sugeriu-lhe que tomasse
parte num grupo de quarenta enfermeiras.
Chegaram a Escutári, na Turquia,
a 9 de Novembro de 1854, encontrando
o hospital infestado de ratos e de
moscas, e superlotado de feridos, deitados
pelos corredores em cima de palha.
Florence deparou com os preconceitos
e a hostilidade dos médicos que achavam
que os feridos deveriam ser levados a
querer deixar o hospital logo que possível
e que pensavam que este não era lugar
para mulheres. Decidida, forneceu às enfermeiras
duzentas esfregonas, introduzindo
a limpeza e a ordem. Sobrecarregada
com o trabalho administrativo e com
os problemas causados pelas enfermeiras,
algumas das quais tiveram de ser mandadas
para casa por se embriagarem ou por
imoralidade, ainda arranjava tempo para
cuidar pessoalmente dos doentes. Ajoelhava-se
durante oito horas seguidas à cabeceira
dos feridos. A ronda que fazia regularmente
todas as noites mereceu-lhe a
alcunha famosa de a "dama da luz".
Florence visitou a Crimeia para verificar

as condições de trabalho dos primeiros
postos de auxílio, adoecendo com febre.
No entanto, não voltou a casa até a
guerra acabar. Descobriu que se tornara
heroína em Inglaterra e encontrou-se
duas vezes com a rainha Vitória, que a
incentivou no seu trabalho.
A partir de 1857, Florence ficou inválida.
Manteve um volume enorme de correspondência,
na cama, instigando os
amigos a fazer mais melhoramentos no
tratamento médico do Exército e na preparação
das enfermeiras. Acima de tudo,
conseguiu ultrapassar os preconceitos, ao
ponto de a enfermagem se tornar uma
profissão respeitável para uma mulher de
qualquer classe social.

@Marie Curie

1867-1934

Marie Curie foi uma química que
nasceu na Polónia e que trabalhou em
França. Marie Curie e o seu marido
Pierre formaram uma notável equipa

de cientistas, que lutou para descobrir
os segredos da radioactividade.

Marie nasceu com o nome de Manya
Sklodowska, em Varsóvia, na Polónia,
que então fazia parte do Império Russo.
Em 1891, Marie foi para a Sorbonne, em
Paris, para estudar Química, vivendo pobremente
num bairro de estudantes. Em
1895, casou com Pierre Curie, que trabalhava
com ela no laboratório da Universidade.

Em 1897, Henri Becquerel, colega de
ambos, descobriu emissões misteriosas
de raios invisíveis de urânio. Marie Curie
descobriu o primeiro método de os medir,
chamando-lhe radioactividade. Ela e
Pierre investigaram outras fontes, chegando
à conclusão que a pechblenda, o
minério do qual se extrai o urÂnio, contém
outros dois elementos radioactivos.
A um chamaram o polónio, ao outro o
rádio.
O mundo científico reagiu com cepticismo
e os Curies lutaram durante quatro
anos para conseguir isolar rádio puro suficiente
para demonstrar que tinham razão.
O seu equipamento era primitivo e o
seu laboratório era um barracão mal vedado
e as quantidades enormes de minério
de que precisavam consumiam as magras finanças. Por fim, em 1902, conseguiram
o material suficiente, azul-claro
com a fosforescência da radioactividade,
para convencer o mundo.

Pierre recusou um cargo de professor,
em Genebra, para continuar a trabalhar
com Marie; em 1904, tornou-se professor
na Sorbonne. Em 1903, os Curies e Becquerel
receberam o Prémio Nobel da Física.
Em Abril de 1906, Pierre foi atropelado
e morreu. Foi um golpe duro para
Marie, porém, continuou a trabalhar e
teve a honra de ser a primeira mulher a
ensinar na Sorbonne, ao ser nomeada
para o cargo que Pierre ocupara.
Em 1911, Marie ganhou o Prémio Nobel
da Química pela descoberta do rádio e
do polónio; a primeira pessoa a ter a honra
de receber esses dois prémios. Posteriormente,
o seu trabalho concentrou-se
nos usos médicos do rádio, no tratamento
do cancro, ajudada cada vez mais
pela filha Irène e pelo marido de Irène, o
brilhante Fréderic Joliot, que formou
uma equipa de investigação como Marie
e Pierre.
Consciente do perigo potencial da
radioactividade em mãos erradas, Marie
acentuou o lado pacífico e benéfico. Publicou
livremente os resultados, para
bem da ciência, e não teve benefícios financeiros.
Pagou o preço mais elevado
pela devoção altruísta e pioneira ao estudo
científico: morreu em 1934, de leucemia,
provocada pela exposição prolongada
às radiações.

@A eRA DOS CAMiNHOS-De-FeRRO

@George Stephenson
1781-1848

Robert Stephenson
1803-1859

George Stephenson construiu a primeira
locomotiva verdadeiramente bem sucedida.
Foi engenheiro dos caminhos-de-ferro de
Stockton e de Darlington de 1821 a 1825.
O seu filho Robert, também engenheiro, foi o
criador da primeira geração de locomotivas.
Inventou o famoso "Rocket", em 1829, para os
caminhos-de-ferro de Liverpool e de
Manchester, que inauguraram os primeiros
serviços comerciais de passageiros. Robert foi
também reconhecido a nível internacional
como construtor de pontes.

George Stephenson.
Robert Stephenson.

George Stephenson esteve em contacto
com locomotivas a vapor desde o início
da infância. O pai era fogueiro de uma
bomba a motor numa mina de carvão,

em Wylam, Newcastle-upon-Tyne.
A família Stephenson, com seis filhos,
partilhava um quarto numa casa de
campo com outras três famílias. George
não frequentou a escola, indo trabalhar
para a mina, em rapaz. Possuía um desejo
enorme de se valorizar e foi para uma escola
nocturna; aprendeu a escrever o
nome aos dezanove anos. Para viver e
sustentar a mulher, fazia trabalhos extra,
arranjando sapatos e reparando relógios,
enquanto um amigo tomava conta da sua
máquina. Os seus estudos valeram-lhe
uma promoção rápida. Tornou-se construtor
de máquinas fixas na mina de carvão
de Killingworth, ganhando que chegasse
para mandar o filho Robert à escola.

O cargo de Stephenson deu-lhe oportunidade
de fazer experiências com máquinas
a vapor. As minas de carvão utilizavam
vagões, puxados por cavalos, que
se deslocavam em cima de carris de madeira
ou ferro. Muitos engenheiros estavam
a fazer experiências sobre a possibilidade
de utilizar a energia a vapor para
este trabalho. O primeiro a construir
uma máquina que se deslocava com a
energia a vapor foi Richard Trevithick
(1771-1833). Criou uma máquina a vapor
para ser usada em minas de profundidade
e construiu carruagens com energia a vapor.
Por volta de 1802, construiu com
êxito uma locomotiva a vapor capaz de
transportar dez toneladas de ferro a oito
quilómetros por hora. A sua eficácia foi
reduzida quando Trevithick utilizou um
sistema complexo de lingueta e roda dentada,
ao pensar, como muitos, que as rodas
lisas podiam escorregar.
Em 1812, provou-se que as rodas simples
e os carris eram possíveis. Em 1813
William Hedley construiu o Puffng Billy,
assim chamado pelo barulho que fazia.
Foi usado no trabalho das minas de
carvão na área de Newcastle. Stephenson
fabricou uma locomotiva mais aperfeiçoada,
a Blücher, em 1814, utilizando-a
para transportar carvão num percurso de
nove milhas até ao porto de mar. No entanto,
não andava mais depressa do que
um cavalo a puxar um vagão.
A máquina a vapor de Stephenson que
se seguiu possuía um melhoramento crucial.
O vapor já gasto era expulso através
de uma chaminé que introduzia ar na caldeira.
Este aspecto tornou a locomotiva
verdadeiramente prática. A Locomotion
N.° 1, de Stephenson, usando este princípio,
e capaz de atingir os vinte e cinco
quilómetros por hora, usava-se nos caminhos-de-ferro

de Stockon e de Darlington,
quando foram inaugurados, em
1825. Esta linha foi projectada por Stephenson
e foi o primeiro caminho-de-ferro
a ser desenhado para utilização pública.
Foi inaugurado, a 27 de Setembro
de 1825, com um comboio que transportava
quatrocentas e cinquenta pessoas a
vinte e quatro quilómetros por hora.
George Stephenson demarcou e construiu
a linha de quarenta milhas entre
Manchester e Liverpool, iniciada em
1829. Para além das dificuldades do projecto,
teve de enfrentar a hostilidade violenta
dos agricultores que receavam que
as novas locomotivas assustassem o
gado. Preocupava-os também o facto de
os cavalos terem de ser substituídos e de
perderem o mercado para a aveia que cultivavam.
O seu Rocket ganhou uma
competição destinada a descobrir uma
máquina para esta linha, em 1829.
Robert herdou as capacidades do pai,
tornando-se um engenheiro de renome.
Foi director e inventor na firma de seu pai
e, após o êxito de Rocket, desenhou
muitas outras locomotivas e estabeleceu os
padrões para todas as outras que competiram
com elas. Introduziu as caldeiras
multitubulares na Rockét e, mais tarde,
fez outros melhoramentos.
Robert foi também um engenheiro civil
de grande talento. O seu caminho-de-ferro
de Londres para Birmingham
(1831-8) foi um triunfo, apesar dos obstáculos
enormes, e o seu percurso de cento
e oitenta quilómetros de comprimento
incluía muitos feitos de engenharia e trabalhos
de construção de túneis e de pontes.
Robert Stephenson ganhou fama
mundial como construtor de pontes.
Construiu a Britania, a ponte tubular sobre
o estreito de Menai e considerada
uma inovação, e uma ponte de ferro de
seis arcos para o caminho-de-ferro de
Newcastle e de Berwick utilizando o
martelo a vapor pela primeira vez. Os
Stephensons introduziram a era de ouro
nos caminhos-de-ferro.

Dois comboios dos caminhos-de-ferro de Liverpool e de Manchester.
(A esquerda) Primeira classe. (Em cima, Segunda classe, com
passageiros de fora.
(Em baixo) O "Rocket", desenhado por Robert e construído na firma
de George. Nos carris de Rainhill, o "Rocket" atingia uma velocidade
de 58 km/h. Os seus rivais foram destruídos.
(Ao fundo) George a tomar conta da máquina. Assistente do pai aos 14
anos, era já encarregado aos 21.


@Isambard Kingdom Brunel

1805-1859

Brunel foi provavelmente o engenheiro mais importante da era
da expansão dos caminhos-de-ferro. Foi inspector principal e
desenhador dos Great Western Railway de 1833 a 1846.
Projectou as estações terminais e as pontes da companhia. Fez
melhoramentos importantes nos projectos de barcos a vapor.

Isambard Kingdom Brunel era filho de
Marc Isambard Brunel (1769-1849), um
distinto engenheiro. Marc era um francês,
que deixou a França em 1793 durante
a Revolução devido às suas ideias monárquicas.
Viveu em Nova Iorque e depois
em Inglaterra. Em 1825, começou a trabalhar
um projecto ambicioso; um túnel
sob o rio Tamisa usando o seu novo abrigo
de perfuração. Isambard foi educado
em Inglaterra e em França, e depois juntou-se
ao pai como engenheiro civil e
mecÂnico, em 1822. Em 1825, deram-lhe
o cargo difícil e perigoso de engenheiro
residente do túnel do Tamisa, embora tivesse
apenas dezanove anos.
O túnel, de Wapping a Rotherhithe,
era um projecto excepcionalmente difícil.
O rio abriu brechas repetidas vezes e, na
ocasião mais séria, Isambard ficou gravemente
ferido. Passou a convalescença em
Bristol, o que iria ser muito importante
para o percurso futuro da sua carreira.
Encontrou ali oportunidades para as suas
ambições de engenheiro.
Brunel ganhou uma competição com o
desenho de uma ponte sobre o desfiladeiro
de Avon, em 1829; era a ponte suspensa
de Clifton que demorou desde 1831 a
1864 a construir devido a dificuldades financeiras.
Tornou-se conhecido como
um engenheiro de grande futuro e, em
1833, concorreu a engenheiro principal
no projecto do caminho-de-ferro que liga
Londres a Bristol.
Declarou corajosamente à comissão de
selecção que estavam a colocar o problema
económico acima da qualidade e que
não iriam ter um bom engenheiro, ou um
bom caminho-de-ferro, a não ser que se
preparassem para pagar bem. Surpreendentemente,
a comissão respondeu a este
ataque escolhendo-o. O próprio Brunel
vigiou toda a via, normalmente a cavalo,
em dez semanas. Foi obrigado a escolher
um caminho que atravessava as cidades
· importantes de Reading e Bath mas teve
de evitar inclinações escarpadas porque
pensavam que o comboio não as conseguia
atravessar. Teve também de evitar
senhores poderosos que se opunham e
podiam parar a construção do caminho-de-ferro.


Brunel foi responsável por mais de mil
e seiscentos quilómetros de carris e fez o
projecto de todas as pontes e túneis do
Great Western Railway, como se chamou.
Entre estes constava o Túnel Box,
com portais desenhados como castelos
medievais e a Ponte Royal Albert, em
Saltash, na Cornualha, que tinha seiscentos
e setenta metros de comprimento e
trinta e três de altura.
Brunel projectou a linha para veloci
dade e para o conseguir exigia máquinas
com rodas extralargas. Por esse motivo,
adoptou rodas de bitola larga de dois metros,
em vez das de Stephenson de um
metro e meio. Este aspecto tornou o
Great Western Railway único em Inglaterra.
Brunel voltou-se também para a
arquitectura e projectou a magnífica estação
de Paddington, em Londres, que
existe ainda mais ou menos como ele a
construiu.
A Great Western, cuja primeira secção
foi inaugurada em 1838, possuía muito
· da criatividade de Brunel, em todos os
departamentos.
Os navios de Brunel também fizeram
época, mas não com tanto êxito. O Great
Western, construído em 1838, foi o primeiro
barco de madeira a vapor a atravessar
o AtlÂntico. O Great Eastern foi,
durante muito tempo, o maior navio no
mar, e envolveu bastantes melhoramentos
efectuados por Brunel nas turbinas a
vapor. Inicialmente chamado Leviathan,
sofreu diversos acidentes e teve persistentemente
problemas. Foi uma perda financeira
terrível, e a ansiedade ligada ao caso
apressou provavelmente a morte de Brunel.
Em 1859, foi surpreendido por um
ataque que o paralisou quando estava a
bordo e morreu dez dias depois. Deixou
inúmeros testemunhos do seu génio, incluindo
o Great Britain, que esteve muito
tempo em ruínas nas ilhas Malvinas, mas
que está actualmente conservado em
Bristol.


(Em cima) "Great Britain." Durante muitos
anos foi um monte de ruínas ferrugentas nas
ilhas Malvinas.

(À direita) A ponte suspensa de Clifton, de
Brunel. O seu projecto para esta ponte
transformou-o pela primeira vez numa pessoa
importante. O talento de Brunel como
engenheiro civil era de alto nível. Alguns dos
seus projectos para pontes para a Great Western
Railway foram revolucionários.


O "Great Eastern" colocando um cabo
transatlÂntico. Embora não fosse um sucesso
comercial como todos os navios de Brunel
apresentava algumas inovações consideráveis,
executou tarefas importantes.

@A REVOLUÇãO NAS COMUNICAÇõeS I

Sir Rowland Hill

1795-1879

Rowland Hill foi o criador do sistema postal moderno.
Introduziu o selo e uma taxa postal uniforme no Reino
Unido, o "pennypost". O seu sistema foi adoptado, em
1840, e permitiu uma grande expansão da comunicação
através dos correios devido à maior rapidez e eficiência.

A princípio, Rowland Hill ganhava a
vida a trabalhar no sistema fiscal e a partir
das suas ideias em relação aos impostos,
desenvolveu inovações importantes no
sistema postal. Hill pensava que o imposto
de rendimentos do Governo aumentaria
à medida que aumentava a prosperidade
nacional e a população crescia,
de modo a que houvesse mais pessoas a
gastar mais dinheiro. Defendia que para
conseguir maior rendimento, as taxas de
juro deveriam ser baixas. Hill verificou
que este princípio tinha implicações nos
correios. Se houvesse mais pessoas a usá-los,
reduzindo o custo, então o rendimento
aumentaria de facto.
Hill descreveu as suas ideias num livro
que teve muita influência em 1837, chamado
A Reforma dos Correios: É Importante
e Viável. Nessa altura, as taxas
postais eram pagas em dinheiro, quer
pelo remetente, quer pelo destinatário, de
acordo com uma escala complicada de
custos baseados no peso e na distância.
Uma carta em Inglaterra podia custar até
um xelim, e a média era de seis centavos.
A taxa mais barata era de quatro centavos.
O sistema era dispendioso e perdia-se
muito tempo. Hill provou que os custos
de transporte de uma carta eram uma
parte insignificante dos custos do tratamento
que lhe era dado, de modo que a
escala de taxas fazia aumentar os custos
desnecessariamente. Em vez disso, propôs
uma taxa uniforme de um centavo
por meia onça, sem importar a distância,
dado que os custos de envio eram precisamente
menos do que este valor. O pagamento
seria feito pelo remetente que
teria de afixar um selo colado que mostrasse
a taxa paga. Não haveria necessidade
de o carteiro ter de receber a taxa
postal ou os Correios de fazer contas

complicadas.
A ideia de Hill surpreendeu a imaginação
do público, embora os Correios ficassem
indiferentes, e o entusiasmo do
povo fez com que a taxa postal uniforme
de um centavo e o selo colado fossem introduzidos
em Inglaterra, em 1840. Pela
primeira vez, o envio de cartas estava
dentro dos hábitos: das pessoas vulgares e
as ideias de Hill foram mais do que confirmadas
pelo enorme aumento no uso do
serviço, e nas receitas dos Correios.
O novo sistema era tão simples que podia
dar resposta à procura crescente, e representa
a base do sistema moderno.
Demorou algum tempo a chegar a
outros países. Os primeiros a experimentá-lo
foram a Suíça e o Brasil, em 1843.
Os selos só foram adoptados nos Estados
Unidos em 1847, e a taxa simples apenas
em 1863. Os marcos de correio só foram
introduzidos nas ruas de Inglaterra em
1855, e os Estados Unidos em 1858.


@Alexander Graham Bell
1847-1922

Alexander Graham Bell foi um físico
escocês que inventou o primeiro
telefone.

(Em cima) O primeiro telefone de Bell, usando
o mesmo diafragma para receber e para enviar.
(A direita) Por volta de 1900, as trocas de
conversas telefónicas eram vulgares nos Estados
Unidos e na Europa.

Bell seguiu o seu pai e o seu avô na investigação
de técnicas de ensino para surdos
e no estudo dos mecanismos da fala humana.
Depois de ser ensinado pela família,
foi educado nas Universidades de
Edimburgo e Londres. Tornou-se professor
de Música e de Linguagem. O esforço
do trabalho e o choque pelas mortes
dos irmãos mais velho e mais novo
abalaram a sua saúde e os pais levaram-no
para o Canadá.
Bell começou a leccionar o sistema de
seu pai: ensinar os sons aos surdos. Em
1873, tornou-se professor de Fisiologia
Vocal na Universidade de Boston. Na
mesma altura, envolveu-se em longas
sessões de experiências nocturnas, o que
prejudicou a sua saúde. Bell não era muito
habilidoso de mãos e os trabalhos delicados
eram executados pelo seu assistente,
Thomas Watson, construtor de
modelos. Os meios financeiros provinham
dos pais de dois dos seus estudantes

surdos, Georges Sanders e Mary Hubbard.
Bell casou com Mary, dez anos
mais nova, em 1877.
O ponto culminante do seu trabalho
foi a invenção pela qual Bell será sempre
recordado. A 11 de Março de 1876, no
quarto de um hotel em Boston, foi transmitida
a primeira mensagem telefónica,
de Bell para o seu assistente. Bell requereu
uma patente, a confirmação de que o
invento lhe pertencia, a 14 de Março, apenas
duas horas antes de Elisha Grey ter feito
o mesmo. Bell teve de se bater em muitos
processos judiciais antes de reconhecerem
que foi na verdade o primeiro a
construir e a fazer funcionar um telefone.
O invento mais importante de Bell foi
realizado antes do seu trigésimo aniversário,
porém, Bell continuou a inventar
até ao fim da vida, ao mesmo tempo que
mantinha actividades importantes como
professor de surdos. Não só produziu
outros inventos úteis mas também incentivou
inventores jovens, reunindo um
grupo deles à sua volta. Interessava-se
principalmente por voar: enquanto os
seus próprios inventos se limitavam a papagaios
que as pessoas manejavam, alguns
dos seus jovens amigos, principalmente
George Curtiss, desempenharam
um papel importante nos princípios da
aviação. O próprio Bell inventou um
mecanismo para localizar balas nos corpos
e uma espécie de cilindro de cera para
o fonógrafo de Edison. O invento pelo
qual será sempre recordado é, no entanto,
o primeiro, o telefone.

@A REVOLUÇãO NAS COMUNICAÇõeS II

@Thomas Edison
1847-1931

Thomas Edison foi um in ven tor fértil,
que conseguiu obter mais de mil
patentes em seu nome. Os inventos de
Edison que tiveram mais influência
foram o fonógrafo e a lâmpada
eléctrica.

O génio mais importante de Edison era a
sua capacidade de aplicar na prática as
descobertas teóricas dos outros, e por vezes
de forma revolucionária. A sua capacidade
de compreensão científica era modesta.
Possuía grande aptidão para trabalhos
duros; definiu o génio como noventa
e nove por cento de transpiração e um
por cento de inspiração. No entanto,
possuía uma grande visão, assim como a
ideia do que podia ser lucrativo sob o

ponto de vista financeiro.
Nascido no Ohio, nos Estados Unidos
da América, Edison foi um rapaz diligente
e interessado. Aos doze anos teve
sucesso vendendo jornais, livros e fruta
em comboios de longa distância, arranjando
tempo para imprimir um pequeno
jornal num canto da carruagem dos fumadores.
Foi o primeiro jornal feito num
comboio. A iniciativa terminou quando
uma experiência química que estava a fazer
na carruagem explodiu e o guarda pô-lo
fora do comboio na estação seguinte.
O guarda deu-lhe um soco no ouvido
que o deixou surdo para sempre.
Mais tarde, tornou-se operador telegráfico
e fez a sua primeira fortuna com
um telégrafo usado para transmitir valores
do mercado de câmbios, conhecido
por máquina de fita teleimpressora. Foi
então capaz de montar um laboratório em
NovaJérsia. Dedicou a sua atenção ao telefone
e, na verdade, adquiriu uma patente
por um mecanismo que transmitia vozes
um mês antes de Bell e de Grey, embora
não fosse negociável como o de Bell. Edison
pegou no invento de Bell e melhorou-o
bastante: a companhia de Bell pagou-lhe
cem mil dólares de direitos.

A lâmpada eléctrica incandescente fora
originalmente inventada por J. W. Starr
de Cincinnatti, em 1845, mas calhou a
Edison e ao inglês Joseph Swan transformá-la
tanto num negócio viável como
num investimento comercial que valesse
a pena. Edison utilizou as descobertas recentes
da técnica do vácuo e os seus próprios
progressos no sistema de produção,
que aumentou a eficácia de quarenta para
noventa por cento, na produção de um
sistema de luz eléctrica que trabalhasse
todo o tempo. Este sistema foi comercializado
pela primeira vez, em 1880.
O "laboratório" de Edison lançou outros
inventos: dictafones, megafones e
microfones. Edison inventou o sistema
crucial dos orifícios para rodas dentadas
nos filmes para o cinema, assim como
uma cÂmara de velocidade e um projector,
o cinetógrafo. Esteve envolvido em
muitas disputas por patentes neste
campo, das quais levou sempre a melhor
sob o ponto de vista financeiro.
Edison fez também experiências com
acumuladores eléctricos, embora não tivesse
conseguido descobrir um carro
movido a bateria, que rivalizasse com o
automóvel impulsionado pela gasolina.

(À direita, ao fundo) O fonógrafo mednico de

Edison. Uma agulha de metal gravava o som
numa folha de estanho sobre um cilindro que
era movido por uma manivela.

(A direita) Edison registou mais de mil patentes
por inventos e melhoramentos. Um dos mais
importantes foi a luz eléctrica. Experiências
sobre o comportamento da corrente na
lâmpada, o "efeito de Edison", tornou possível
o rádio a válvulas electrónicas.


@Guglielmo Marconi
1874-1937

Marconi foi o pioneiro do
desenvolvimento e do uso da rádio
que revolucionou as comunicações em
todo o Mundo.

James Clerk-Maxwell vaticinou a existência
de ondas de rádio na sua teoria do
electromagnetismo, em 1860, e Heinrich
Hertz demonstrou a sua existência pela
primeira vez, em 1887. Contudo, foi
Marconi que teve a visão de como poderiam
ser postas em prática.

(No topo) O dínamo eléctrico de Edison, em
1881.
(Em cima) Edison, em Junho de 1888, com um
fonógrafo aperfeiçoado, completado após um
trabalho de cinco dias e cinco noites.

Marconi era filho de pai italiano e de
mãe irlandesa, foi educado em Itália e estudou
para físico, Fez experiências sobre
a possibilidade de comunicação eléctrica
sem fios e, com o auxílio do seu próprio
invento, a antena, conseguiu, em 1896,
enviar uma mensagem à distância de dois
quilómetros e meio.
Marconi não conseguiu o apoio financeiro
da Itália e veio para Inglaterra, incentivado
por Sir William Preece, engenheiro-chefe
dos Correios. Registou a
sua primeira patente, em 1896, e fez progressos
rápidos utilizando papagaios e
balões para elevar as suas antenas. Em
1899, enviou uma mensagem de South
Foreland, no Kent, para Wimereux, em
França, uma distância de cinquenta quilómetros.

Desde o início, Marconi estava consciente
das possibilidades comerciais dos
seus inventos e fundou a Companhia
Marconi de Telegrafia sem Fios, que se
especializou na instalação de rádios em
navios. Atraiu a atenção do público
quando instalaram um rádio no iate do
príncipe de Gales. O príncipe estava

doente e forneciam boletins diários à rainha
Vitória através da rádio, sobre o progresso
do seu estado de saúde.
Contudo, o mundo manteve-se céptico
até ao grande triunfo de Marconi,
que foi enviar uma mensagem através do
AtlÂntico de Poldhu, na Cornualha, para
o cabo Breton, na Nova Escócia, em Dezembro
de 1901. Este facto provocou
enorme sensação no mundo civilizado.
Em 1910, enviou uma mensagem para
nove mil e quinhentos quilómetros de
distância, da Irlanda para a Argentina.

No ano seguinte, 1877, seguiu-se o
gramofone de Edison. Em 29 de Novembro,
depois de o seu grupo de trabalho ter
executado a máquina que ele esboçara
para eles, gritou: "Mary teve um cordeirinho",
e para surpresa de todos a máquina
repetiu, com clareza quase total.

Um ano antes, recebera o Prémio Nobel
da Física por ter desenvolvido a radiotelegrafia.

As outras criações de Marconi incluíam
o rádio de ondas curtas com uma
antena, a base para as transmissões a
longa distância.
Marconi foi distinguido em Itália com
o título de marquês e representou este
país, em 1919, na Conferência da Paz de
Paris, depois da Primeira Grande Guerra.
Em 1922, a companhia de Marconi forneceu
o equipamento para os primeiros
serviços de transmissão comercial em
Londres, que deram origem à British
Broadcast Corporation (BBC).

Marconi mostrando o seu primeiro aparelho a
visitantes, em 1920.

@DIREITO De VOTO PARA AS MULHeRES

Emmeline Pankhurst

Emmeline Pankhurst foi dirigente e
militante do movimento sufragista
inglês. Juntamente com as suas filhas,
Sylvia e Christabel, deu um contributo
importante para o exercício do direito
de voto das mulheres em Inglaterra.

Emmeline Pankhurst é presa depois de um ataque das
sufragistas ao Palácio de Buckingham, em 1914.

No século XIX, as mulheres ocupavam
uma posição de inferioridade e eram-lhes
negadas muitas situações a que os homens

tinham acesso, unicamente por
causa do sexo. Durante esse século, algumas
mulheres fortes e determinadas conseguiram
certas concessões em áreas específicas,
tais como o direito de se licenciarem
em universidades, serem médicas,
e o direito de manter as suas propriedades
depois do casamento. Estas conquistas,
embora importantes, afectaram apenas
uma pequena parte da população feminina.
A questão do voto era uma causa
que todas as mulheres consideravam importante,
e é este o motivo porque se tornou
o assunto em que os defensores dos
direitos das mulheres concentraram as
suas energias.

A pouco a pouco o direito de voto foi-se
estendendo a quase todos os homens,
através de leis aprovadas no Parlamento,
em 1832, 1867 e 1884. Estas alterações
foram feitas geralmente por homens que
já tinham direito de voto. As mulheres,
em conjunto, tinham de travar as suas
próprias batalhas.
A questão do sufrágio das mulheres (o
direito de voto) foi levantada quando se
discutiram as leis de 1867 e 1884, e alguns
membros do Parlamento votaram afavor,
mas esse aspecto nunca foi levado a
sério. Muitos consideravam que a política
era um assunto dos homens. Surgiu
um movimento discreto e ordeiro, a
União Nacional das Sociedades para o
Sufrágio das Mulheres, dirigido por uma
mulher, a Mrs. Fawcett, mas a sua campanha
chamou pouco a atenção.
Emmeline Pankhurst fundou a União
Política e Social das Mulheres, em 1903.
Trabalhara em causas radicais com o seu
marido, Richard Pankhurst e, após a sua
morte, em 1898, concentrou as suas forças
no sufrágio das mulheres. Emmeline
achava que a União não era suficientemente
activa para fazer uma pressão que
incomodasse os políticos. A sua filha
Christabel (1880-1958) convenceu-a de
que eram necessárias as tácticas dos militantes.
Por esse motivo, a União procurou
desde o início tornar-se incómoda.
A primeira táctica de Emmeline, manifestações,
marchas e o boicote de comícios
políticos, não conseguiu nada. Depois
de 1906, a União tentou medidas
mais extremistas, mesmo contra a lei. As
sufragistas acorrentavam-se a si próprias
a candeeiros, destruíam quadros em galerias
públicas e enfrentavam a polícia.
A força que movia a escalada de violência
era Christabel, e decidiu-se que esta deveria
manter-se livre, dirigindo o movimento

a partir de Paris. Emmeline ficou
em Inglaterra, foi presa oito vezes, e desgastou-se
até ficar uma sombra de si
mesma.
O fracasso em conseguir progressos
reais levou cada vez mais à prática de tácticas
militantes e a uma resposta mais
violenta das autoridades. As sufragistas
recorreram a greves de fome para se libertarem
da prisão; depois de muitas o
terem conseguido desta forma, o Governo
decidiu forçá-las a alimentarem-se.
Esta medida provocou a indignação pública
e o governo aprovou a lei do "gato
e do rato" que libertava as grevistas da
fome e depois voltava a prendê-las.
A partir de 1912, as sufragistas começaram
a ficar mais desesperadas; começaram
a deitar fogo a edifícios e a cortar
os fios do telégrafo. Uma delas, Emily
Davidson, suicidou-se ao lançar-se para
debaixo do cavalo do rei, numa corrida
de cavalos, em Junho de 1913.
A segunda filha de Emmeline, Sylvia
(1882-1960) envolveu-se também no movimento,
mas concentrou o seu trabalho
entre as mulheres pobres da região do
East End, em Londres. Emmeline e
Christabel eram um pouco snobes e pretendiam
lançar o apelo às mulheres das
classes sociais mais favorecidas e, quando
Sylvia se recusou a abandonar as mulheres
do East End, foi expulsa da União.
A atenção pública foi atraída para a
causa, de uma forma que as tácticas mais
discretas não teriam conseguido, mas
quando a violência aumentou, fez também
perder provavelmente algum apoio
ao movimento. Quando o Parlamento
votou a questão, a percentagem de votos
a favor e contra foi equilibrada, porém,
as mulheres ainda saíram derrotadas.
A Primeira Guerra Mundial rebentou,
em 1914, e Emmeline foi libertada da prisão
onde estava a cumprir uma sentença
de três anos por incêndio criminoso.
Aconselhou as mulheres a tornarem-se
enfermeiras e a trabalharem em fábricas
como contribuição para a guerra, e foi
esta cooperação vital que as mulheres desenvolveram
durante o conflito que fez
inclinar a balança a seu favor. As mulheres
com mais de trinta anos obtiveram o
direito de voto em 1918 e as com mais de
vinte e um em 1928.
As que lutaram pelo voto fizeram-no
como um passo para a libertação das mulheres
e não porque desejassem envolver-se
na política, porque foram poucas as
que se mantiveram politicamente activas
depois de conquistado o direito de voto.

Emmeline deu aulas de Higiene no Canadá
a seguir à guerra, e tornou-se depois membro
do Partido Conservador. Christabel
tornou-se pregadora nos Estados Unidos.
Em 1936, recebeu o título de dama do Império
Britânico pelos serviços prestados à
causa da emancipação da mulher. Sylvia
continuou socialista e foi uma advogada
entusiasta da independência africana.

Emmeline e Christabel em uniformes de prisão, em 1908. Emmeline passou muitos
períodos na prisão, prejudicando a sua saúde,
por vezes, com greves de fome. Dirigiram em
conjunto uma campanha de militância e
violência crescentes, em resposta à
intransigência das autoridades.


@O AUTOMóVeL

KarC Benz
1844-1929

Gottlieb Daimler

1834-1900

Benz e Daimler foram os pioneiros
mais importantes na contribuição para
o aparecimento do automóvel movido
a gasolina.

Provavelmente, o primeiro automóvel
do mundo foi o triciclo movido pela
energia a vapor de Nicolas Cugnot, em
1796. Este era pesado e tosco, além de
perigoso, e não foi posto a circular. Outros
trabalharam num veículo a gasolina,
tal como Siegfried Marcus, em 1860, mas
os verdadeiros pioneiros do automóvel
moderno foram Daimler e Benz, que
previram as suas potencialidades, insistindo,
enquanto outros desistiam.
Mesmo em 1898, Marcus descreveu o
carro como uma "perda de tempo".
Benz e Daimler trabalharam separadamente;
de facto, nunca se conheceram,
embora as suas companhias acabassem
por fim por se fundir (depois da morte de
Daimler). Benz estava convencido e até
obcecado pela ideia de que o motor de
combustão interna inventado por Niklaus
Otto e Alfonse de Rochas podia
substituir o cavalo, e a nova "carruagem
sem cavalos" iria revolucionar os transportes.
Os acontecimentos provaram totalmente
a sua ideia, mas, na altura, os
amigos consideraram-no louco.
A despeito da pobreza e da troça dos
amigos, Benz insistiu e, em 1885, conduzia
um triciclo movido por um motor

abastecido com gás de carvão à volta da
pista de corrida fora da oficina, com os
trabalhadores a correrem atrás dele. Conseguiu
uma velocidade de vinte e quatro
quilómetros por hora. Quando tentou
experimentá-lo em público, esqueceu-se
de o guiar e bateu com o carro numa
parede da casa. No entanto, chegara a era
do automóvel; em 1888, dava emprego a
cinquenta homens na sua fábrica e, em
1890, fabricou o seu primeiro veículo de
quatro rodas.
Daimler foi, de início, um armeiro que
estudou engenharia e trabalhou com Otto
no motor de combustão interna.
Vendo mais futuro nele como força motriz
do que o seu patrão, decidiu ocupar-se
nessa actividade por conta própria, juntamente
com o seu colega Wilhelm Maybach.
Em 1885, construíram um motor
com capacidade de novecentas rotações
por minuto (o de Benz tinha duzentas e
cinquenta). Em 1886, sentaram-se no seu
primeiro veículo de quatro rodas.
Daimler abordou a questão tendo como
ponto de partida o motor; Benz, a partir
do veículo; a princípio, Daimler visava
unicamente a adaptação dos motores às
carruagens que já existiam. Em 1890, também
ele desenhava automóveis a partir de
rabiscos, como aconteceu com o seu Panhard
autorizado em França. Em 1890,
muitos outros seguiram o exemplo destes
dois pioneiros, que tiveram o talento e a
força de vontade para demonstrar as possibilidades
destas "carruagens sem cavalos".

(A esquerda) O
automóvel de Daimler
de 1889. Não possuía
molas e as viagens
tornavam-se pouco
confortáveis. Contudo,
era uma obra notável
de engenharia.
(Em cima) Karl Benz.
(Em cima, à direita
Gottlieb Daimler.
(A direita) vinte anos
apenas após o primeiro
carro, estes tornaram-se
moda das pessoas
elegantes e abastadas.


@Henry Ford
1863-1947

Henry Ford introduziu a produção em
massa na indústria automóvel. Este
facto permitiu-lhe vender veículos com

lucro, a preços baixos, e transformou
o carro, que era um artigo de luxo,
num artigo ao alcance das pessoas
comuns.

Ford trabalhou como engenheiro para uma série de firmas de automóveis nos
anos 90 do século XIX. Passava os seus
tempos livres a arranjar relógios, e
mesmo quando era milionário divertia-se
a desmontar os relógios dos amigos.
A publicidade aos carros de corrida que
produziu deu-lhe a possibilidade de arranjar
meios financeiros para fundar a
Ford Motor Company, em 1903.
A filosofia de Ford era diferente da dos
outros fabricantes, que consideravam o
carro um artigo de luxo, construído manualmente
conforme os gostos pessoais
do cliente. Ford quis produzir um carro
para o homem comum: ao mesmo tempo
barato para que todos o pudessem pagar
com o seu salário, mas construído com os
melhores materiais e requisitos. Em
1909, o primeiro modelo T, ou Tin Lizzie,
como lhe chamavam, passou pela linha
de montagem.
Ford não foi o primeiro a usar a produção
em massa, porém, foi o primeiro a
aplicá-la ao fabrico do automóvel, introduzindo-lhe
muitas inovações. O desenho
simples do seu carro permitia a montagem
em pequenas fases, em que cada
trabalhador executava uma tarefa, ao
mesmo tempo que a linha de montagem
passava à sua frente à altura confortável
da cintura. Ford reconheceu que era monótono
para os trabalhadores a sua técnica
de correia transportadora e, em 1914
oferecia mais do dobro dos salários praticados,
o que provocou uma tal corrida à
procura de emprego que a Polícia tinha
de dispersar a multidão com mangueiras
de incêndio. Tomou uma atitude paternalista
em relação aos trabalhadores, pagando-lhes
salários elevados mas não autorizando
os sindicatos.
À medida que dominava a técnica, a
produção aumentava, atingindo um milhão
em 1915, e os preços, como Ford
pretendia, baixaram. Quando a produção
do modelo T parou, em 1927, tinham-se
produzido mais de quinze milhões e o
preço baixara de novecentos e cinquenta
para duzentos e noventa dólares.
A personalidade de Ford tinha muitas
facetas. Era um entusiasta de danças populares,
coleccionava objectos históricos
americanos, era um filantropo e adorava
contar anedotas: um homem que gostava
dos trabalhos imundos de engenharia
mas um homem de negócios exigente,

que construiu um império no valor de
biliões de dólares.
Ford, mais do que ninguém, pôs a
América a andar de carro. Houve desvantagens.
A estandardização limitava a escolha:
"Podem ter de todas as cores desde
que seja preto. " Ford foi ultrapassado por
alguns dos seus concorrentes, em 1920,
por não ter percebido a procura cada vez
maior de melhoramentos por parte do
público detentor de automóveis que ele
criara.

O modelo Tda Ford, ou o "automóvel barato".Para milhões de americanos, foi esta a primeira
abordagem à liberdade do transporte
automóvel.


@A CONQUISTA DO AR

Wright
1871-1948

Os irmãos Wright foram os primeiros
a construir e a pilotar um avião
equipado com motor e mais pesado do
que o ar. O primeiro voo foi realizado
por Orville, em Kitty Ha wk, nos
EUA, a 17 de Dezembro de 1903
e demorou doze segundos.

Durante séculos o homem sonhou voar
como os pássaros. No fim do século XIX,
os homens subiam no ar por meio de
balões, aviões e planadores, mas estavam
sempre à mercê do vento. O invento do
motor de combustão interna na década de
70 do século passado proporcionou uma
fonte de energia para o voo controlado,
mas o problema consistia em torná-lo suficientemnte
potente para levantar o seu
próprio peso e desenhar um avião que o
transportasse. Este problema foi resolvido
pelos irmãos Wright.
Os Wrights eram fabricantes de bicicletas,
em Dayton, Ohio, nos Estados
Unidos. Estavam bastante interessados
em voar e, ao contrário de muitos outros,
trataram o problema cientificamente. Leram
todos os livros que podiam sobre o
assunto e, de 1899 a 1902, aprenderam a
voar em aviões e planadores antes de tentarem
o voo equipado com motor.
A chave do sucesso foi o tratamento 1867-1912
metódico, juntamente com a experiência em
' engenharia, e a disponibilidade de ferramentas
e materiais na sua oficina.
Os Wrights pensavam que o problema
mais importante em pilotar um avião
mais pesado do que o ar consistia na estabilidade
e no controlo. Eles próprios

construíram um túnel de vento para fazer
experiências com os seus modelos e, a
partir de 1900, experimentaram-nos, em
Kitty Hawk, na Carolina do Norte, onde
existiam ventos constantes e dunas de
areia para amortecer as aterragens. Não
havia qualquer informação sobre aerodinamica;
os seus modelos eram aperfeiçoados
através de experiências e erros.
Depois de terem aperfeiçoado um planador
controlável, em 1902, mudaram para
o estádio seguinte. Não existia nenhum
motor adequado à disposição, por isso,
construíram o seu próprio.
O avião dos Wrights, chamado Flyer 1,
descolava depois de correr sobre um carrinho
com rodas ao longo de um monocarril
com vinte metros de comprimento
e aterrava sobre patins. A primeira tentativa
foi feita por Wilbur, a 14 de Dezembro
de 1903, mas o avião não conseguiu
descolar. Três dias mais tarde, às dez e
meia, Orville fê-lo levantar voo, permaneceu
no ar doze segundos e aterrou em
segurança. Nesse dia, mais tarde, voou
durante cinquenta e nove segundos.
Nos cinco anos que se seguiram, os
Wrights construíram mais Flyers, e aperfeiçoaram
as técnicas de descrever as curvas
e fazer círculos com o avião. Em Outubro
de 1904, realizaram quarenta e
nove voos, alguns durando vinte e cinco
minutos. Wilbur morreu com febre tifóide,
em 1912, mas Orville continuou a
trabalhar no avião. Outros melhoraram o
invento mas todos eles se basearam de alguma
forma na pesquisa, nos cálculos e
no espírito pioneiro dos Wrights.

O "Flyer". O piloto fica na asa mais baixa atrás do motor


@Louis Blériot
1872-1936

Amy Johnson
1903-1941

Louis Blériot foi o primeiro homem a
pilotar um aeroplano sobre o canal da
Mancha, em Julho de 1909.
Amy Johnson foi a primeira mulher a marcar
a história da aviação. Voou sozinha de
Inglaterra à Austrália em vinte dias, no
ano de 1930, fez um voo recorde em
dez dias, de Londres a Tóquio (1931), e
um voo sozinha para a Cidade do Cabo
(1932).

Louis Blériot fez inicialmente fortuna a
desenhar faróis para automóveis. A seguir,

Blériot empregou a sua fortuna na
construção de aviões. Inspirou-se nas demonstrações
dos irmãos Wright, em
França, no ano de 1908. Desenhou diversos
aeroplanos pouco vulgares, como o
Canard, um monoplano com a cauda à
frente. No entanto, foi com um modelo
mais convencional que Blériot conseguiu
o seu feito mais importante.
Blériot dedicou-se a monoplanos, ao
contrário dos Wrights que construíram
biplanos. Em 25 de Julho, descolou de
Baraques perto de Calais, no Blériot XI,
um monoplano com um motor de vinte e
oito cavalos, e realizou o primeiro voo
sobre o mar aterrando em Dover trinta e
sete minutos depois. Ganhou um prémio
de mil libras. Blériot continuou a desenhar
muitos outros monoplanos, com
inovações importantes.
Os grandes triunfos de distância e resistência,
tais como a travessia do Atlantico,
de Alcock e Brown, em 1919, e
Lindbergh, em 1927, foram todos conseguidos
por homens, até aparecer Amy
Johnson, a notável aviadora inglesa. Ficou
fascinada com a aviação depois de ter
visto um filme, em Abril de 1928, e
aprendeu a voar nos tempos livres do seu
emprego num escritório. Em Dezembro
de 1929, foi a primeira mulher a receber
um certificado de engenharia terrestre.
Era uma mecÂnica entusiasmada e a sua
maior felicidade era estar envolvida
num trabalho de reparação, cheia de
óleo. Era uma pessoa autoritária e arrogante
que preferia ser conhecida por
Johnny e tratada como um dos rapazes,
mas mereceu ser admirada devido à sua
determinação .
Johnson decidiu-se a inscrever-se na
corrida e, com grande autoconfiança, pediu
ajuda ao director da aviação civil, Sir
Sefton Brancker. Com a sua ajuda, comprou
um biplano Gipsy Moth, em segunda
mão, a que chamou Jason e, a 5 de
Maio de 1930, partiu sozinha de avião
para a Austrália. Foi apanhada por uma
tempestade de areia no deserto da Arábia;
mais tarde, teve de aterrar de emergência
numa plantação de cana-de-açúcar, em
Java, onde remendou com emplasto adesivo
os buracos das asas doJason.
Chegou à Austrália vinte dias depois
tornando-se heróína nacional. Foi também
notícia por outros feitos na aviação,
e por um casamento tempestuoso com
outro aviador, Jim Mollison. Este não era
tão bom piloto e, quando Amy partilhou
com generosidade a sua popularidade
deixando-o pilotar a última fase de uma

tentativa de bater o recorde de voo sobre
o AtlÂntico, arruinou-a ao destruir o
avião. O casamento terminou logo a seguir.
Durante a Segunda Guerra Mundial
tornou-se piloto de barcos e, em Janeiro
de 1941, desapareceu, tendo caído
possivelmente no Tamisa e morrido
afogada.


@Sigmund Freud


Sigmund Freud foi o fundador da
psicanálise moderna. Desenvolveu
teorias originais sobre a interpretaÇão
dos sonhos e sobre o trabalho do
espírito humano e métodos de
investigação de distúrbios mentais.
Entre os seus livros, destacam-se:
"Estudos sobre a Histeria" (1895; com
Breuer), "A Interpretação dos Sonhos"
(1895-99), ·Além do "Princípio do
Prazer" (1920) e "O "Ego " e o "Id""
(1923).

Sigmund Freud era um judeu austríaco, que viveu a maior parte da sua
vida em Viena. Foi o melhor aluno do liceu, no seu ano, continuando a
estudar Medicina. Não o fez tanto pelo desejo de acabar com o
sofrimento como de estudar a natureza humana. A sua memória
fotográfica assegurou-lhe notas excelentes. Freud começou a
praticar clínica geral, em 1882, a fim de poder arranjar dinheiro para
casar, embora a pobreza adiasse o casamento até 1886. Freud
interessou-se profundamente pelos distúrbios mentais, em especial a
histeria, e demonstrou que algumas doenças com efeitos físicos têm
causas mentais. A princípio, experimentou 1856-1939 investigá-las
com a hipnose. Mais tarde, desenvolveu técnicas diferentes, tais como
a livre associação de palavras, e o estudo dos "lapsos de linguagem"
para descobrir o trabalho interno do espírito. Sentiu também que os
sonhos assegura- vam a penetração nessa área. Freud concluiu a partir
das suas investigações que existia uma área inconsciente do
espírito, o "subconsciente", que era a base de todo o comportamento
humano. Este era influenciado por todas as experiências,
especialmente as do início da infância, e uma das técnicas mais bem
sucedidas consistia em levar o doente a
libertar estas experiências de modo a enfrentar as razões para o seu
comportamento anormal. Freud era um homem baixo, mas uma figura
imponente, de barba e com olhos penetrantes e admiráveis. Atraiu
muitos alunos que levaram as suas ideias avante. Freud tinha fama de
ser agressivo, principalmente em relação aos críticos. Tinha
tendência para amar ou odiar as pessoas. A fama de Freud espalhou-se
por toda a Europa e as suas novas teorias eram tão controversas que
tanto era venerado como insultado. Hoje em dia, embora algumas das
suas ideias tenham sido rejeitadas e outras não se possam provar, a
ideia básica do papel do subconsciente é aceite como o ponto de
partida para o exame do comportamento humano. Freud fumava
habitualmente vinte charutos por dia e, em resultado disso, começou a
sentir dores de garganta. Fez trinta e três operações dolorosas sem
conseguir alívio. Em 1938, tiveram de o convencer a partir de Viena
quando os nazis tomaram o poder; embora doente, a sua presença
autoritária ainda impediu que uma multidão lhe arrombasse a porta

antes de partir. Mudou-se para Londres e morreu no ano seguinte.

@Sir Alexander fleming
1881-1955

Alexander Fleming foi um
bacteriólogo escocês que, em 1928,
descobriu a possibilidade de usar o
bolor como antibiótico. Fleming
recebeu o Prémio Nobel pela sua
descoberta, em 1945.

A penicilina foi uma das descobertas mais
importantes da primeira metade do século xx. Foi em grande parte descoberta
por um acidente feliz, embora o seu significado
nunca tivesse sido compreendido
e explorado sem a perícia e o conhecimento
de Fleming. Alexander Fleming
era escocês, estudou Bioquímica e viria a
especializar-se no estudo das bactérias.
Os microrganismos da atmosfera que
Pasteur e Lister deram a conhecer eram
responsáveis pelas doenças e infecções.
Fleming começou a sua pesquisa no
Hospital de St. Mary, em Londres, e foi
aluno de Sir Almroth Wright (1861-1947),
que aperfeiçoou uma vacina contra
a febre tifóide. A partir de 1919, concentrou
o seu trabalho na descoberta de
uma substância antibiótica que iria matar
os micróbios mas não prejudicava as
células do corpo. O seu trabalho progrediu
pouco até 1928. Durante esse ano,
Fleming fez a sua grande descoberta.
Fleming usava espécimes de germes
chamados "culturas", que se desenvolviam
numa geleia especial, para fazer as
suas experiências. Um dia, descobriu que
um bolor se fixara numa cultura antiga de
germes que provocam o carbúnculo e as
infecções cirúrgicas, e que havia um círculo
nítido em que as células que o rodeavam
estavam mortas. O bolor era a Penicillium
notatum (do latim penicillus,
uma escova, com a qual os fungos eram
parecidos). Outras pesquisas revelaram
que este possuía grandes qualidades
como antibiótico. A descoberta foi um
acidente, mas não teria sido feita se Fleming
não andasse à sua procura.
De início, a penicilina era demasiado
impura e instável para ser aplicada na prática.
Fleming trabalhou com dois patologistas,
Howard Florey e Ernest Chain,
para descobrir um método de fabrico de
uma droga utilizável. Foi apenas sob a
pressão da Segunda Guerra Mundial que
resultou um método bem sucedido. Florey
levou o método de fazer penicilina
pura e estável para os Estados Unidos
e entregou livremente o segredo aos que

a podiam fabricar. Em breve se seguiu o
fabrico da droga e esta salvou vidas sem
conta durante a guerra, continuando a fazê-lo
desde então. Fleming, Florey e
Chain partilharam o Prémio Nobel da
Medicina em 1945.

Fleming a trabalhar. Descobriu substâncias antibióticas pela primeira
vez em quantidades diminutas, em fluidos do corpo, como as lágrimas.
Depois de ter provado que essas substâncias existiam, Fleming procurou
a seguir uma fonte melhor e mais abastada.


@A eRA ATóMiCA

@Albert Einstein
1879-1955

Um dos muitos contributos de
Einstein para o conhecimento do
Universo: a teoria da curvatura da
luz pela força da gravidade.
luz pela força da gravidade.

Einstein agraciado pela sua
Universidade devido aos seus feitos
em Março de 1923.

Albert Einstein foi um dos físicos mais
importantes de todos os tempos.
Estabeleceu a teoria geral da
relatividade, e o princípio da conversão
em energia.

Einstein nasceu em Ulm, na Alemanha,
numa família de judeus. Aos quinze anos
mudou-se para Zurique. Em 1901, naturalizou-se
suíço. A descoberta mais importante
de Einstein foi feita aos vinte e
seis anos, quando estava empregado
como examinador especialista de patentes
em Berna. Esta consistia na teoria restrita
da relatividade, que revolucionou a ideia
de movimento ao demonstrar que todas
as coisas se movimentam, e que o movimento
de um corpo só se pode medir em
confronto com outro corpo que se movimenta,
isto é, relativamente. Einstein
continuou a demonstrar depois que as
próprias medidas de tempo e de espaço
também são relativas, porque a pessoa
que as mede está em movimento e não
pode ser independente delas.
Este jovem e brilhante erudito tornou-se
professor sucessivamente em Zurique,
(1909), Praga (1911), uma vez mais
em Zurique (1912) e em Berlim (1913-33).
Foi em Berlim que Einstein aperfeiçoou
a teoria geral da relatividade (1915-16).
Demonstrou também que a matéria
e a energia podiam ser feitas uma da outra,

criando a equação famosa E=mc2

(A energia é igual à massa vezes a velocidade
da luz no vácuo ao quadrado).
Esta teoria implicava que se um
átomo, a unidade básica da matéria, se
podia dividir, poder-se-ia libertar uma
grande quantidade de energia. Esta é a
base da energia atómica.
Einstein foi obrigado a partir de Berlim,
em 1933, devido à perseguição feita
ao Judeus pelos nazis. Estabeleceu-se nos
Estados Unidos tornando-se professor
em Princeton, em 1933, e cidadão dos Estados
Unidos, em 1940. Preocupava-se
cada vez mais com os fins bélicos a que a
energia atómica se podia destinar. Numa
carta famosa ao presidente dos Estados
Unidos, F. D. Roosevelt, a 2 de Agosto de
1939, avisava do perigo para todo o
mundo se os nazis criassem uma bomba
atómica. Foi este aviso, mais do que qualquer
outra coisa, que reuniu todos os esforços
por parte dos EUA e da Inglaterra
para produzirem uma bomba atómica antes
dos Alemães. A bomba foi terminada e
usada por duas vezes, em 1945.
Einstein continuou a recear uma guerra
atómica e a estar consciente do seu próprio
papel nas descobertas que levaram à
construção da bomba, bem como da
utilização tanto quanto possível pacífica
da energia atómica. Exigiu, sem êxito.
que a Organização das Nações Unidas
tivesse o controlo da energia atómica.


Teste da bomba atómica dos Estados
Unidos, no atol Bikini, a 25 de Julho
de 1946.


@Sir Ernest Rutherford
1 1-1937

Sir Ernest Rutherford foi um cientista
pioneiro no campo da energia atómica.
Realizou descobertas cruciais sobre a
natureza do átomo, mostrando que este
consiste num núcleo com electrões a
descrever uma órbita à sua volta. Com
John Cockroft e Ernest Walton foi o
primeiro a dividir o átomo.

Ernest Rutherford nasceu perto de Nelson,
na Nova Zelândia. Foi educado na
Nova Zelândia e mais tarde na Universidade
de Cambridge. As suas primeiras
pesquisas atómicas importantes foram realizadas
na Universidade McGill, em
Montreal, no Canadá e depois em Manchester.

Fez equipa com o famoso físico
Nils Bohr.

Bohr e Rutherford criaram praticamente
a ciência da física nuclear ao estabelecer
novos conceitos revolucionários
sobre o átomo. Anteriormente, o átomo
era considerado como uma partícula básica
da matéria e era indivisível. Rutherford
provou que o próprio átomo é constituído
por partículas diferentes, chamadas
iões, que possuem cada um deles cargas
eléctricas positivas e negativas. Existe
um núcleo central, que contém iões chamados
electrões que descrevem órbitas à
sua volta.
Esta teoria foi produzida em 1910, Rutherford
já ganhara o Prémio Nobel da
Química dois anos antes.
Durante a Primeira Guerra Mundial
Rutherford era o cientista mais importante
do Estado-Maior da Armada inglesa,
a trabalhar na detecção de submarinos,
um contributo vital para a resolução
da guerra. Depois da guerra, em 1919,
tornou-se director do Laboratório de Cavendish,
em Cambridge, que sob a sua
direcção se tornou o centro mundial de
física nuclear. Foi aí, em Maio de 1932,
que Rutherford, com os seus colegas
cientistas John Cockroft e Ernest Walton,
teve êxito na tarefa perigosa de dividir
o átomo. Provaram-se as teorias
de Rutherford sobre o átomo. A energia
libertada, como previra Einstein, pro
vava o potencial da descoberta. Foi este
o momento de ouro da carreira de Rutherford.

Rutherford foi um célebre professor
também um investigador, ensinando
muitos cientistas que se envolveram no
trabalho pioneiro sobre a bomba atómica
e a energia nuclear. A teoria atómica
moderna baseia-se nas suas descobertas.
Rutherford foi um experimentador inspirado,
com um jeito feliz de saber o passo
certo a dar a seguir. Era um homem
terno e bondoso. Cobriram-no de honras;
a ordem de cavaleiro em 1914, e o
título de barão de Rutherford, em 1925
Foi sepultado na Abadia de Westminste
junto ao outro cientista pioneiro, Isaac
Newton.

@John Logie Baird
1888-1946

John Logie Baird foi o primeiro
homem a construir um sistema de
televisão viável, em 1926.


Baird, engenheiro escocês, começou primeiro
por fazer experiências no campo da
transmissão de imagens de objectos em
movimento, no início dos anos 20. Os
seus primeiros inventos fracassaram e
Baird foi atormentado por problemas de
saúde, mas estava completamente dominado
pela ansia de arranjar um meio de
transmitir imagens em movimento.
O êxito surgiu por fim, em 1924,
numa casa no Soho, em Londres. Conseguiu
enviar uma imagem televisionada a
vários metros. O método que utilizou
dependia da exploração mecÂnica,

usando um ponto de luz rápido que se
movimentava (o ponto móvel). Um
cilindro que se movia formado por uns
trinta espelhos cada um deles inclinado
segundo um ângulo diferente, reflectia a
luz do objecto em células fotográficas,
que modificavam a luz em impulsos eléctricos
que variavam em força conforme a
intensidade da luz. No terminal receptor,
estes impulsos controlavam válvulas, que
orientavam a luz para outro cilindro de
espelhos, que reflectiam as imagens num
ecrã numa série de pontos oscilantes muito
rápidos.
Em 1924, só se conseguiam ver os esboços
dos objectos que ele transmitia pela
televisão; em 1925, conseguia transmitir
rostos humanos identificáveis. Em 1926,
estava pronto a mostrar ao mundo o seu
sistema. Conseguiu fama ao fazer a primeira
demonstração de imagens transmitidas
pela televisão no Royal Institution
de Londres.
Baird continuou a transmitir as primeiras
imagens para um navio, no mar, e,
em 1929, conseguiu uma licença para
criar um serviço de televisão. A British
Broadcast Corporation (BBC) concedeu-lhe
facilidades para experimentar e,
quando começaram a transmitir programas
de televisão para o público, o primeiro
no mundo, em 1936, utilizaram o
sistema de Baird.

No entanto, nesta altura desenvolvera-se
um outro sistema que usava a electrónica
em vez dos métodos mecÂnicos para
ver um objecto. Este método foi inventado
por Isaac Schoenberg e era melhor
do que o sistema de Baird. A BBC utilizou
os dois em paralelo de início, mas
mudou completamente para o sistema
electrónico, em 1937. Embora o seu método
fosse substituído, Baird é recordado
como o primeiro a demonstrar que a televisão
era possível.

Os serviços públicos de televisão desenvolveram-se
em Inglaterra e nos Estados
Unidos. A primeira transmissão nos
Estados Unidos foi realizada na Feira
Anual de Nova Iorque, em 1939. Em
meados de 1940 existiam vinte e cinco estações
de televisão nos Estados Unidos.
Os outros países não tiveram televisão
em grande escala até aos anos 50. A televisão
no início dos anos 50 era ainda a
preto e branco, embora Baird tivesse
mostrado televisão a cores já em 1928.

(Em baixo) O sistema de televisão de Baird: um disco rotativo com
extremidades dentadas fragmenta um raio de luz, que é transformado por uma
célula de selénio em pulsações que se transmitem a um amplificador.

'Ao fundo) Baird a trabalhar no seu transmissor
de televisão sem fios", em 1925.


@Lenine

1870-1924

Lenine foi o líder dos bolcheviques
durante a Revolução Russa de 1917 e
foi o fundador da URSS. Lenine foi um
importante teórico político, que
adaptou os escritos de Karl Marx às
condições de vida dos Russos. Teve
uma profunda influência na formação
do comunismo no século xx.

Vladimir Ilich Ulianov, que mais tarde
adoptou o nome de Lenine para esconder
o seu nome verdadeiro da Polícia, comprometeu-se
com a revolução contra o
governo autocrático da Rússia aos dezasseis
anos, quando o irmão foi executado
por conspiração na tentativa de assassinar
o czar.
Lenine passou grande parte da vida no
exílio. Este começou em 1895, quando
foi condenado a três anos de prisão na
Sibéria por ser membro da União Marxista
de Luta pela Libertação da Classe Operária.
No seu regresso da Sibéria, Lenine
ajudou a formar o Partido Social Democrático
Russo. Em 1900, defendeu publicamente
a revolução da classe operária para destronar o czar, e deixou a Rússia
para fugir da Polícia. Viveu na Alemanha,
depois em Bruxelas, Paris, Londres
e, por fim, em Zurique.
Lenine pensava que a classe operária tinha
de ser dirigida por revolucionários
profissionais. Outros membros do Partido
pensavam que deviam apenas trabalhar
para melhorar as condições dos trabalhadores.
No Congresso do Partido,
em Londres, em 1903, Lenine venceu por

votos escassos, e os seus apoiantes receberam
o nome de bolcheviques. Em seguida,
os bolcheviques organizaram-se
num partido fortemente unido.
Foi a sua organização e disciplina e,
mais importante ainda, a liderança de Lenine,
que fez com que os bolcheviques alcançassem
o poder, em 1917. Em Março
de 1917, o czar foi deposto pela Revolução
Russa, após três anos de guerra que
levara o país perto do colapso económico,
e o prestígio da monarquia fora arruinado
por escandalos. Seguiu-se um
grande período de confusão e Lenine, que
os Alemães trouxeram para a Rússia num
comboio selado, ordenou aos bolcheviques
que tomassem o poder. Ganharam o
apoio dos recentes sovietes (assembleias
de trabalhadores), em Moscovo e em Petrogrado
(actualmente Leninegrado), e,
em Novembro, assaltaram o Palácio de
Inverno em Petrogrado e derrubaram o
Governo em exercício.
Lenine acabou de imediato com a guerra
na Rússia, fazendo grandes concessões
de territórios aos Alemães. Os bolcheviques
tiveram de lutar duramente para
preservar a Revolução e só conseguiram
a vitória em 1921. Lenine afastou toda a
oposição política e criou um estado com
um partido único. Nacionalizou a indústria
e a agricultura e aboliu a propriedade
privada. A polícia secreta odiosa do
tempo do czar renasceu para descobrir a
oposição.
Lenine era um idealista, que detestava a
repressão a que se viu forçado a recorrer
para proteger a Revolução. Não viveu o
tempo suficiente para modificar a situação,
por ter sofrido uma série de ataques
depois de 1922, e uma tentativa de assassínio,
em 1923, acabou por destruir a sua
saúde. Morreu em Janeiro de 1924.


(A esquerda) Um batalhão de mulheres dos
Guardas Vermelhos, em Petrogrado, em 1917.
Em baixo) Cartaz russo representando Lenine
como o pai da classe trabalhadora.


@Benito Mussolini
1883-1945

Benito Mussolini foi ditador da Itália,
entre 1922 e 1943. Fundou o Partido
Fascista e criou um governo autoritário
baseado no seu domínio pessoal.
Seguiu uma política externa agressiva
e, em 1940, aliou-se a Hitler na
Segunda Guerra Mundial. Foi

derrubado, em 1943, mas os Alemães
mantiveram-no no poder, no Norte da
Itália até ao fim da guerra.

Mussolini era filho de um ferreiro socialista
e ele mesmo era um socialista revolucionário
na sua juventude. No período
entre 1902 e 1904, viveu na Suíça
para fugir ao serviço militar na Itália, tornando-se
jornalista. No seu regresso a
Itália, estabeleceu-se como jornalista revolucionário
e escritor de ficção barata.
Em 1912, tornou-se editor do jornal socialista
Avanti, mas durante a Primeira
Guerra Mundial mudou de atitude política.
O nacionalismo de Mussolini aumentou
e começou a fazer-se passar por
herói de guerra embora na realidade se tivesse
ferido durante um treino de lançamento
de granadas.
Depois da guerra, tornou-se um opositor
importante do socialismo e, em 1921,
fundou o Partido Fascista. Foi apoiado
por homens de negócios e proprietários
assustados com as ocupações na Rússia.

Os seus grupos de fascistas com camisas
negras boicotavam comícios dos socialistas
e deitavam fogo aos escritórios dos
sindicatos. Tomaram o controlo de muitas
cidades no Norte da Itália. O Governo
não pretendia fazer frente a Mussolini,
e muitos preferiam-no ao comunismo.
Organizou a "Marcha sobre Roma)),
em Outubro de 1922, mas foi convidado
para o cargo de primeiro-ministro
pelo rei, assustado, antes mesmo de os
fascistas chegarem a Roma.
Mussolini ganhou grande popularidade
em Itália ao fazer-se passar por um
homem com vontade de ferro, capaz,
pela sua personalidade, de resolver os
problemas de Itália e restaurar a grandeza
que esta conhecera na época do Império
Romano. Nunca deu ocasião a que o vissem
sorrir em público. Em 1925, defendido
pelos seus capangas de camisas negras,
tornou-se um ditador absoluto e
chamou-se a si próprio Duce (pai). Mussolini
modernizou a indústria italiana e
induziu à eficiência; por exemplo, fez
com que os comboios cumprissem os horários.
Os Italianos pagaram por tudo
isto com a perda da liberdade pessoal e
com uma política dispendiosa e, por fim,
desastrosa de expansão territorial.
A Itália conquistou a Etiópia, em 1935,
seguindo-se a Albânia, em 1939. Mussolini
formou a aliança do Eixo com
Hitler, a quem admirava, juntando-se a ele
na Segunda Guerra Mundial, em 1940.

Invadiu a Grécia, mas aí e na Líbia teve de
ser salvo da derrota pelos Alemães.
A guerra foi dispendiosa para a Itália e,
em 1943, depois de os Ingleses e os
Americanos terem ocupado a Sicília,
Mussolini foi deposto por membros do
seu Governo. Foi salvo de uma prisão no
cimo de uma montanha por um comando
de ataque alemão e foi nomeado por Hitler
para controlar o Norte de Itália.
Quando a derrota se aproximava, ele e a
amante tentaram fugir para a Suíça, mas
foram apanhados por resistentes italianos,
mortos a tiro e pendurados
de cabeça para baixo em ganchos de
carniceiros.//


@Adolf Hitler
1889-1945

Adolf Hitler, líder dos nazis, foi
ditador da Alemanha, entre 1933 e
1945. A Segunda Guerra Mundial
iniciou-se com a invasão da Polónia.
Conquistou grande parte da Europa,
mas foi finalmente derrotado em 1945.

Hitler nasceu na Áustria. A sua ambição
era ser artista mas não conseguiu ser admitido
no Colégio das Artes em Viena,
facto que atribuiu à presença de judeus no
júri da entrevista. Ganhou a vida em Viena,
como artista de postais e pintor da
construção civil.
Ao rebentar a Primeira Guerra Mundial,
em 1914, vivia na Alemanha. Prestou
serviço militar no Exército alemão
durante a guerra. Recebeu uma medalha
por actos de bravura, embora nunca ascendesse
acima do posto de cabo.
Depois da guerra, Hitler abraçou a
política e, em 1921, era membro fundador
do Partido Nazi. Em 1924, cumpriu
um ano de prisão por conspirar para tomar
o poder e, durante esse tempo, escreveu
um livro sobre as suas ideias políticas,
intitulado Mein Kampf ("A Minha
Luta"). As suas ideias eram uma mistura
imperfeita de nacionalismo extremista
alemão e fanatismo racial. O seu ódio
particular foi dirigido aos Judeus.
Hitler era um orador público notável e
as suas Ideias encontraram eco numa
época de pobreza e desemprego, defendido
pela intimidação dos capangas nazis.
Depois de ter vencido as eleições na Alemanha,
em Janeiro de 1933, Hitler transformou-se
num ditador absoluto, intitulando-se
a si próprio Führer (chefe). Os
potenciais opositores foram assassinados,

enviados para campos de concentração
ou aterrorizados pela Gestapo (polícia secreta) .

A perseguição aos Judeus começou a
sério, em 1938, na "Noite de Cristal",
quando os vidros partidos das lojas pilhadas
aos Judeus brilhavam nas ruas com
cristais e os Judeus foram obrigados a vi
ver em guetos ou foram enviados para
campos de concentração. Em 1942, iniciou-se
a "Solução Final" para a questão
dos Judeus: exterminação em massa em
campos de concentração. Em 1945, perto
de seis milhões tinham partido para a
morte.
Hitler iniciou uma política de expansão.
Ocupou a Áustria, em 1938, e a
Checoslováquia, em 1939. (Quando invadiu
a Polónia, a 1 de Setembro de 1939,
a Inglaterra e a França decidiram por fim
tentar detê-lo. A Polónia, a Noruega,
Dinamarca, a Holanda, a Bélgica e
França foram conquistadas no fim do ano
de 1940, e a Inglaterra foi salva apenas de
vido ao canal da Mancha e à sua Força
Aérea. Em 1941, a Jugoslávia e a Grécia
foram invadidas e a Rússia foi ocupada
Hitler controlava a maior parte da Europa,
instituindo um governo de terror. As
raças consideradas "inferiores", como os
Eslavos, foram perseguidas e mortas.
Hitler foi finalmente derrotado por
uma coligação formada pela Inglaterra
os Estados Unidos e a União Soviética
Passou as últimas semanas no seu abrigo
subterrÂneo em Berlim e, quando era óbvio
que a derrota se aproximava, suicidou-se.


Planeando a conquista de França, Maio-Junho de 1940. Os "blitzkrieg"
(ataques-relâmpago) alemães tornaram-se imparáveis.


@Sir Winston Churchill foi o lIder inglês
1874-1965

Churchill ocupou um lugar no Parlamento durante cinquenta anos. Vê-se
aqui ao ganhar o seu lugar em 1950.

Winston Churchill foi o lIder inglês
durante a Segunda Guerra Mundial.
Foi primeiro-ministro entre 1940-1945
e 1951-1955, e ocupou outros lugares
importantes, incluindo o de ministro
das Finanças (1925-29) e primeirolorde
do Estado-Maior da Armada
(1911-15, 1939-40). Foi um óptimo
orador e também historiador e pintor.

Winston Churchill era filho de Lorde
Randolph Churchill e da sua mulher

americana, Jenny. Não se distinguiu na
escola, e só foi capaz de arranjar lugar na
Academia Militar de Sandhurst à terceira
tentativa. Prestou serviço como lanceiro
na batalha de Omdurman (1898), mas
achava a rotina da vida de soldado maçadora
e partiu como jornalista para fazer a
cobertura de uma revolta em Cuba. Foi
como jornalista que presenciou muitas
acções levadas a cabo na guerra bóer, na
África do Sul (1899-1902).
Após essa guerra, dedicou-se à política
e, embora sofrendo de incapacidade na
fala, que nunca o abandonou totalmente,
teve uma rápida ascensão, primeiro no
Partido Conservador e depois como liberal.
A sua carreira nunca foi parca em
controvérsia. Após três anos no Estado-Maior
da Armada, a preparar a Marinha
para a guerra contra a Alemanha, foi exonerado
pelo fracasso da operação dos
Dardanelos (1915), que, esperava, iria
acabar com a guerra de imediato. Churchill
foi para França e lutou como soldado
nas trincheiras. Mais tarde regressou
como ministro e depois da guerra ligou-se
novamente aos partidos e foi ministro
das Finanças entre 1925 e 1929.
Churchill saiu do poder nos anos 30.
Receava o poder crescente da Alemanha
de Hitler, porém, os seus avisos foram
ignorados. Quando começou a guerra,
foi novamente chamado para o Estado-Maior
e a mensagem circulou pela Armada:
"Winston voltou!" Em Maio de
1940, por entre derrotas catastróficas da
Inglaterra e dos seus aliados, foi escolhido
como o homem que devia conduzir a
Inglaterra à vitória e tornou-se primeiro-ministro.
A França foi derrotada em Junho
e a Inglaterra ficou sozinha enfrentando
a Alemanha até que os Americanos
e os Soviéticos entraram no conflito, em
1941. Churchill nunca disfarçou a gravidade
da situação, no entanto, procurou
mostrar confiança de que a Inglaterra havia
de vencer. "Não tenho nada para vos
prometer", disse ao tomar posse, "a não
ser sangue, suor e lágrimas. "
Depois da batalha ter sido vencida
pelas poucas centenas de pilotos da RAF,
declarou que "nunca se deveu tanto a tão
poucos". Para Churchill este era "o melhor
momento" da Inglaterra e também
de certeza, o melhor de Churchill. Este
divertiu-se com o seu papel de líder da
guerra, tomando parte activa ao dirigir as
estratégias e ao insistir no esforço de
guerra da Inglaterra. Estabeleceu laços de
amizade com o presidente dos Estados
Unidos, Franklin Roosevelt, e depois da

guerra convenceu-se de que o futuro da
Inglaterra residia na relação de amizade
entre a Inglaterra e os Estados Unidos.
Depois da vitória, em 1945, Churchill
perdeu o cargo, embora tivesse mais
tarde exercido novamente as funções de
primeiro-ministro, entre 1951 e 1955.
Recusou todas as honras oferecidas, excepto
a ordem de cavaleiro que lhe foi
imposta pessoalmente pela rainha Isabel
II. Pela sua morte recebeu homenagens
de todo o Mundo.


Os dirigentes que venceram a Segunda Guerra Mundial: Estaline (URSS),
Roosevelt (EUA) e Churchill (G-B).


@Charles de Gaulle
1890-1970

Charles de Gaulle foi um militar
francês e um dirigente inspirado.
Dirigiu o movimento de libertação
francês durante a Segunda Guerra
Mundial e foi o comandante das forças
francesas quando marcharam sobre
Paris, em Agosto de 1944. Foi chefe do
Governo francês entre 1944 e 1946.
Pediram-lhe que regressasse, em 1958,
durante um período de crise. Como
presidente da República, de 1958a
1969, seguiu uma forte política
nacionalista.

Charles André Joseph Marie de Gaulle
era um soldado profissional graduado
pela famosa Academia Militar de São
Ciro. Lutou com distinção na Primeira
Guerra até ser ferido e preso, em 1916.
Entre as duas guerras mundiais tomou-se
conhecido como mestre das tácticas associadas
à nova arma, o tanque, quando a
maior parte dos colegas ainda concentravam
a sua atenção nos cavalos. Em 1940,
foi nomeado brigadeiro e encarregado de
uma divisão de blindados. Cumpriu o
cargo de subsecretário da Defesa, e
quando os Alemães invadiram a França,
em Junho de 1940, foi para Londres,
onde se declarou chefe da França libertada.
Foi condenado à morte durante a
sua ausência pelo novo Governo francês.
De Gaulle possuía uma vontade de ferro
e um elevado patriotismo e a sua confiança
em que a França se havia de erguer
novamente foi um grande incentivo para
o povo francês nas suas horas mais amargas.
Os aliados, a Inglaterra e os Estados
Unidos, aceitaram-no como chefe do
Comité Francês para a Libertação Nacional

que se fundou na Argélia e como chefe
do Governo Provisório francês
criado após os desembarques do Dia D,
em Junho de 1944.
De Gaulle ficou como primeiro-ministro
apenas dois anos, demitindo-se
a seguir devido à sua discordância em relação
à nova Constituição francesa. Manteve-se
no ostracismo político doze anos,
durante os quais os Franceses passaram
por uma série de crises. Foi em sequência
de uma crise na colónia francesa de Argélia,
que os Franceses se voltaram de
novo para De Gaulle. Tornou-se presidente
segundo uma nova Constituição,
que lhe conferia amplos poderes, em
1958.
De Gaulle dominou a política europeia
durante os anos 60. Fez uma reconciliação
histórica com os Alemães, mas com o
objectivo de manter a liderança de França
sobre a Europa e não autorizou a entrada
da Inglaterra na nova Comunidade Económica
Europeia (Mercado Comum),
em 1963. Organizou as Forças Armadas
francesas, incluindo as nucleares, e afastou
a França dos comandos da NATO,
como parte de uma política de assegurar a
independência de França como potência
mundial.
Restaurou a economia francesa, mas as
restrições às liberdades civis provocaram
problemas sérios, em Paris, em Maio de
1968. O prestígio de De Gaulle ficou prejudicado
para sempre e, após uma crise constitucional
no ano seguinte, demitiu-se.

(Mais à esquerda) De Gaulle, em Londres, no ano de 1940. De Gaulle
restabeleceu o moral dos Franceses depois de a França se ter rendido à
Alemanha e tornou-se a personificação da resistência francesa.

(À esquerda) De Gaulle votando em 1969. A derrota no referendo sobre
alterações na Constituição provocou a sua demissão do cargo de
presidente.

@Mao Tsé-Tung

1893-1976

Mao Tsé-Tung dirigiu a revolução
comunista chinesa e governou a China
de 1949 até à sua morte. Transformou
o país, onde as pessoas mantinham os
mesmos hábitos de vida de há dois mil
anos, numa nação industrial moderna.
Presentemente, é venerado na China
como uma figura paternal. Os seus
escritos constam desde teorias políticas
à poesia lírica.

Uma reunião dos que restaram do Partido

Comunista após a Grande Marcha.

Mao envolveu-se pela primeira vez na
política, em 1918, quando era bibliotecário
na Universidade de Pequim. Mao
ajudou a fundar o Partido Comunista
Chinês, baseado na doutrina de Karl
Marx, em 1921, e conduziu uma revolta
sem êxito, em 1927. Depois da derrota,
retirou-se para um distrito de província
distante. Aí juntou-se a companheiros
comunistas depois de o Partido ter passado
à clandestinidade e muitos dos seus
membros terem sido executados. Eram
constantemente atacados por forças de
Chiang Kai-Chek, chefe do Governo chinês.

Em 1934, o grupo que era nessa altura
enorme, com oitenta e cinco mil pessoas
foi forçado a partir, iniciando a famosa
Grande Marcha. Numa viagem de dez
mil quilómetros atravessaram dezoito cadeias
de montanhas e vinte e quatro rios
importantes. Muitos morreram devido a
doenças, fome e lutas contra Chiang, entre
eles dois filhos menores de Mao e o
seu irmão. Quando chegaram a Shensi,
no Norte, um ano depois, tinham sobrevivido
apenas oito mil homens e trinta
mulheres. Durante a Grande Marcha,
Mao tornou-se o líder indiscutível.
Em 1937, os Japoneses invadiram a
China e Chiang e Mao fizeram uma trégua
temporária para lutar contra os invasores.
Quando a guerra terminou, em
1945, as tácticas que Mao usara para ganhar
o apoio do povo, que consistiam em
atribuir-lhes as terras dos senhores ricos,
fizeram com que os comunistas expulsassem
Chiang da China. Formaram o seu
próprio governo, em 1949, a República
Popular da China.
Como presidente do Partido Comunista,
Mao exercia agora o controlo total
sobre os setecentos milhões de habitantes da
China e podia impor reformas drásticas
na agricultura e na indústria. Chamou-lhes
o "Grande Passo em Frente". As
crianças nas escolas tiveram de ler os Pensamentos
do Presidente Mao, impressos
num pequeno livro de capa vermelha.
Em 1956, as famosas palavras de Mao
"que cem flores floresçam" provocaram
um abrandamento da atitude oficial em
relação à expressão individual. A seguir,
em 1966, a Revolução Cultural deu poder
aos jovens Guardas Vermelhos que atribuíam
castigos duros a todos os que não
seguissem com rigor as ideias de Mao,
principalmente aos que ainda seguiam as
ideias de Confúcio.

Mao tornou-se uma figura venerada,
uma posição que ele promoveu, numa
ocasião, ao provar a sua competência
através da travessia a nado do lansequião,
o rio mais largo da China, facto a que foi
dada muita publicidade.
Nos últimos anos, o poder foi transferido
para sua mulher, Chiang Ching e
para os seus apoiantes, o Bando dos Quatro.
Depois da morte de Mao foram afastados
do poder. A figura de Mao manteve-se
um exemplo para todo o povo da
China.

Cartaz chinês mostrando o progresso sob o
governo de Mao.


@Tito

1892-1980

Josip Broz, conhecido por Tito, foi
líder dos guerrilheiros comunistas
jugoslavos durante a Segunda Guerra
Mundial. De 1945 a 1980 foi chefe do
Governo da Jugoslávia. É famoso por
ser o único líder de uma nação
pertencente ao bloco comunista da
Europa Oriental a manter a sua
independência face à União Soviética
e a conseguir sobreviver.

Tito nasceu na Croácia, então parte do
Império Austro-Húngaro, e lutou ao lado
dos bolcheviques durante a guerra civil
russa, entre 1918 e 1921. Regressou à
sua terra natal que fazia então parte do
novo estado da Jugoslávia. Tornou-se organizador
de um sindicato e um agitador
do Partido Comunista que era ilegal. Passou
seis anos na prisão devido a estas actividades.

Em 1941, os Alemães ocuparam a Jugoslávia
e Tito organizou a Frente de Libertação
Nacional nas montanhas de
Montenegro para lhes resistir. Havia um
outro movimento de resistência, liderado
por Draza Mihailoviç um sérvio e ministro
da Guerra do governo real. Surgiu
uma rivalidade figadal entre os dois, mas
logo que se tornou claro que as forças de
Tito eram mais eficazes na luta contra os
Alemães, este recebeu a maior ajuda da
Inglaterra e dos Estados Unidos e foi por
fim reconhecido como um líder. Como
comunista, Tito era também apoiado
pela União Soviética e conseguiu fazer
valer a sua pretensão de ser o governante
do país. Quando os Alemães se retiraram,
os guerrilheiros de Tito ainda foram

suficientemente fortes para libertar a Jugoslávia
antes de chegarem outras tropas
estrangeiras, e foi a única nação europeia
capaz de o fazer.
Este feito deu a Tito enorme apoio,
mesmo por parte daqueles que não eram
comunistas. Tito tornou-se primeiro-ministro
e, em 1953, presidente. Estabeleceu
um regime comunista, com indústrias
nacionalizadas e a agricultura
colectivizada, mas reservou-se o direito
de decidir o que estava certo para a Jugoslávia.
A União Soviética reclamou ser a
autoridade em todos os estados comunistas,
porém, Tito recusou-se a obedecer.
A sua popularidade, em resultado do seu
papel durante a guerra, e o seu patriotismo
aceso eram tais que conseguiu enfrentar
os poderosos Soviéticos. O líder
soviético, Estaline, declarou que bastava
levantar o seu dedo mínimo e não haveria
mais nenhum Tito, mas isto não passou
de bazófia.

A partir de 1948, a Jugoslávia seguiu o
seu próprio caminho mantendo boas relações
com as potências ocidentais, enquanto
se mantinha um estado comunista
com um único partido. Certas áreas da
vida jugoslava foram liberalizadas. Tito
foi um pioneiro do movimento dos não-alinhados
dos países que tentavam manter-se
fora de qualquer luta entre Soviéticos
e Americanos e esta é ainda a posição
da Jugoslávia na política internacional.
Pela sua morte, vieram ao seu funeral
dirigentes tanto do Leste como do Oci
dente para prestar homenagem a um
grande dirigente nacionalista.

Tito a trabalhar. Tito começou como guerrilheiro revolucionário,
chegando a figura respeitada a nível internacional e foi um dos
principais dirigentes de um novo alinhamento de países neutros
independentes.


@Mahatma Gandhi
1869-1948

Mahatma Gandhi foi a força
impulsionadora por detrás da conquista
da independência da Índia do domínio
inglês. Projectou a nova táctica de
resistência passiva não violenta e a
desobediência civil para conquistar a
liberdade. Gandhi reuniu na sua pessoa
as aspirações dos Indianos de todos os
credos religiosos.

Mohandas Karamchand Gandhi, mais
tarde conhecido por "Mahatma"

("santo", ou "grande alma") foi educado
em Londres. Estudou Direito e tornou-se
advogado em Bombaim. Exerceu a advocacia
na África do Sul e foi aí que desenvolveu
as suas ideias de desobediência
civil e a satyagraha (manter-se verdadeiro
em relação à alma). Passou vinte e um
anos na África do Sul, a trabalhar para
acabar com a opressão do governo do
Transval sobre a comunidade indiana aí
residente. Acreditava que a liberdade não
se podia conseguir pela força, não só porque
provocaria maior repressão mas também
porque a violência era nefasta para o
bem-estar da alma.
Em 1914, recebeu a promessa de melhor
tratamento por parte do primeiro-ministro
da África do Sul, Smuts, e regressou
à Índia. Em 1919, os soldados
britânicos dispararam sobre uma manifestação,
em Amritsar, matando trezentos
e setenta e nove civis indianos indefesos.
Este incidente confirmou o compromisso
de Gandhi por uma solução não
violenta. Ganhou o controlo do Partido
do Congresso e converteu esse partido
num movimento de massas. Em 1921,
prometeu que a desobediência civil iria
acabar com o domínio dos Ingleses dentro
de um ano. Seguiu-se uma onda
enorme de greves, boicotes a mercadorias
de fabrico inglês, recusa a reconhecer
os tribunais ou a pagar impostos.
A táctica não conseguiu ter êxito imediato,
porém, estabeleceu-se que Gandhi
era o dirigente do movimento para a independência
da Índia. Gandhi foi preso
quatro vezes pelos Ingleses, mas os seus
métodos foram a longo curso bem sucedidos
ao fazer com que a Inglaterra alterasse
o seu ponto de vista em relação ao
império, e acabasse por reconhecer o
direito dos Indianos à independência.
Gandhi manteve a sua oposição à violência.
Quando sentiu que os Ingleses estavam
a faltar às promessas de amplas liberdades,
em vez de incitar à revolta, foi
numa grande peregrinação ao mar, para
fazer sal. O acto de fazer sal era uma prerrogativa
do Governo, e este era um protesto
altamente eficaz, mesmo que voltasse
a colocar Gandhi na prisão. Gandhi
era um homem muito simples que usava
apenas uma túnica grosseira, andava descalço
e fiava os seus próprios fatos com a
roda de fiar tradicional. Era tal a sua influência
sobre o povo indiano que nos últimos
anos do domínio inglês conseguiu
deter os tumultos violentos e sangrentos
ao jejuar e ao recusar-se a voltar a comer
até que parasse o banho de sangue.

A independência da India foi finalmente
concedida, em 1947, mas Gandhi
não viveu muito tempo para a gozar. Em
30 de Janeiro de 1948, foi morto a tiro
por um extremista hindu, indignado com
o facto de Gandhi ter aceite a divisão do
território em dois países: a India e o Paquistão.
A roda de fiar de Gandhi tornou-se
no símbolo da nova Índia.

(Em baixo) Gandhi em 1925. A sua roda de fiar
tradicional simbolizava a forma de vida dos
Indianos.

(A esquerda) Gandhi numa das muitas vezes emque os Ingleses o prenderam.

@Martin Luther King

1929-1968

Martin Luther King foi um pregador
negro da Igreja Baptista nos Estados
Unidos, que dirigiu o movimento dos
direitos civis a partir dos anos 50 até ser
assassinado em 1968.

A emancipação dos negros americanos
foi concedida, depois da guerra civil, em
1865, mas estes continuaram a sofrer perseguições
e discriminações, especialmente
nos antigos estados de escravos no
Sul. Depois da Segunda Guerra Mundial,
os negros começaram a exigir igualdade
de direitos. Martin Luther King surgiu
como o líder mais importante do movimento
dos direitos civis nos anos 50.
King veio de Atlanta, na Jórgia, no
coração do Sul, e era filho de um pregador
baptista. Ele próprio preparou-se
para sacerdote, e foi no seu seminário, na

Pensilvania, que tomou conhecimento
pela primeira vez das ideias de Gandhi.
King era um homem profundamente religioso
e o vislumbre da não violência de
Gandhi agradou-lhe bastante. Depois de
se ter doutorado, em Boston, King tornou-se
pastor em Montgomery, no Alabama,
em 1954. Em 1955, envolveu-se
numa luta que lhe valeu a fama nacional.
Os negros estavam proibidos de viajar
nos mesmos autocarros que os brancos
(segregação) e, depois de ter sido presa
uma mulher por ter infringido este regulamento,
King organizou um boicote
ao sistema de transportes urbanos. Embora
a sua casa tivesse sido dinamitada e a
família ameaçada, King insistiu, até conseguir
a não segregação, em 1956.

King foi empurrado para chefe de um
movimento nacional que levou com
êxito as tácticas dos boicotes, das manifestações
e das greves a muitas outras cidades.
Em 1963, em Birmingham, no
Alabama, a Polícia utilizou mangueiras
de incêndio e cães para dispersar os manifestantes
contra a segregação em restaurantes,
e este facto ultrajou muitos americanos.
King foi preso mas continuou a
apelar à não violência. King ganhou o
apoio dos liberais brancos e negros e mais
de duzentas mil pessoas reuniram-se junto
ao monumento a Lincoln, em Washington,
a 28 de Agosto de 1963, para ouvir a
declaração emotiva de King sobre o seu
sonho de justiça igual para todos.
O presidente John F. Kennedy apresentou
legislação sobre os direitos civis. Foi
assassinado antes de esta ser aprovada, mas
o seu sucessor, Lyndon B. Johnson, viu a
lei ser aprovada. Atribuíram a King o Prémio
Nobel da Paz, em 1964, pelo seu
compromisso profundo com uma solução
não violenta e pacífica para a injustiça.
Continuou a sua campanha, contra a pobreza
e o desemprego e o envolvimento
dos Estados Unidos na Guerra do Vietname,
bem como contra o racismo. King
despertou as populações negras, mas foi
bem sucedido também ao conseguir o
apoio de inúmeros brancos. No entanto,
muitos odiavam o que ele estava a fazer e,
em Memphis, no Tennessee, a 4 de Abril
de 1968, foi morto a tiro. Para demonstrar
a simplicidade da sua casa, o seu carro funerário
era puxado a mulas.

King (ao centro) numa marcha da liberdade,em Montgomery, no Alabama, no ano de 1958.


@COMPUTADORES e FOGUeTõeS

@Charles Babbage
1792-1871

@Wernher von Braun
1912-1977

Charles Babbage foi um professor
inglês de Matemática. Além de outros
numerosos inventos descobriu os
principios básicos do computador
moderno e dedicou grande parte da sua
fortuna a aperfeiçoá-lo. Wernher von
Braun foi um engenheiro alemão de
foguetões, que inventou o foguetão
" V2". Trabalhou nos Estados Unidos
depois da Segunda Guerra Mundial e
desenhou o foguetão "Saturno VJ" que
levou homens à Lua, em 1969.


O primeiro computador de Babbage foi
construído em 1827. Chamava-se "instrumento
de diferença" e calculava e imprimia
tabelas de logaritmos, que Babbage
inventara para ajudar os seus cálculos
matemáticos. A sua "máquina
analítica" mais complexa, de 1834, teria
sido o primeiro computador digital do
mundo, com memória e programação.
A máquina teria trabalhado a vapor e seria
muito desajeitada, mas Babbage não conseguiu
obter um financiamento para a
construir. Utilizou o invento de um francês,
Jacquard, que usava cartões perfurados
para programar um tear que fabricava
tecidos com desenhos. Babbage
aplicou este princípio aos cálculos, antecipando
o uso dos programas dos computadores
modernos, primeiro em cartões
perfurados e depois em fita magnética.

A construção actual do computador
teve de esperar outros inventos e a máquina
de Babbage foi esquecida até que
os seus papéis foram redescobertos, em
1937. O espírito de Babbage era muito
imaginativo: inventou também a locomotiva
limpa-trilhos e o velocímetro, e
teve um papel importante na formação
dos serviços postais no tempo de Rowland
Hill.
Wernher von Braun realizou experiências
privadas em pequena escala com foguetões
quando era jovem. Estas chamaram
a atenção das autoridades militares
da Alemanha de Hitler. Financiado
pelo Exército, Von Braun realizou experiências
importantes, que acabaram
por conduzir ao temível foguetão V2, o
primeiro míssil balístico do mundo que
O complexo "instrumento de diferença" de
Babbage. Dedicou a sua fortuna ao invento
dessa máquina. Muitas eram demasiado
avançadas para serem construídas.

foi usado pelos Alemães nos últimos meses
da Segunda Guerra Mundial para atacar
a Inglaterra. Von Braun não era um
homem de guerra e estava muito mais interessado
na aplicação pacífica dos seus
inventos.
No fim da guerra, em 1945, Von
Braun e a sua equipa renderam-se aos
Americanos. Foram levados para os Estados
Unidos onde continuaram com as
suas experiências, primeiro com os V2, e
depois com foguetões mais poderosos
que Von Braun descobriu. Von Braun
desempenhou um papel importante na
construção do míssil balístico intercontinental

dos Americanos, mas o projecto
que sentiu mais de perto consistiu nos
voos espaciais. Teve grande influência na
formação da agência espacial dos Estados
Unidos, a NASA. O maior feito de Von
Braun consistiu no poderoso foguetão
Saturno V, o maior jamais construído,
que foi usado nas viagens Apolo à Lua e
sem o qual "o grande passo da humanidade"
dado pelo astronauta Neil Armstrong,
o primeiro homem a pisar a Lua,
não teria sido possível.

O foguetão "V-2", "a arma de vingança" de
Hitler; o primeiro missil balístico.


(Em cima, à esquerda) Von Braun (à direita) no
Cabo Kennedy (actualmente o Cabo
Canaveral). Por detrás, vê-se a torre de
lançamento do "Saturno V".

(Em cima, à direita) O foguetão mais poderoso
que foi construído: um "Saturno V" é lançado
com a "Apolo 15" a caminho da Lua, em 1971.

(À esquerda) Um foguetão "V2".

(Acima) As bombas "V" transportavam uma
enorme quantidade de explosivos, podendo
provocar prejuízos incalculáveis. Eis o
resultado de um bombardeamento a um
hospital de Chelsea.

@ÍNDICe REMiSSiVO

Os nún1cros das páginas em
itálico referem-se às
ilustrações .

Aarão, 8
Abraão, 7, 7
África, 78 88-9
África do Sul, 78, 88-9, 126
Agostinho, Santo, 20
Alberto, príncipe consorte,
84-5
Alemanha, 92, 120, 121, 122,
123, 125, 128-9
Alexandre, o Grande, 10, 14,
14-15
Alfredo, o Grande, 23
Aples, 15
América: Abraham Lincoln,
94-5

automóveis, 111
Daniel Boone, 69
descoberta da, 35, 45, 47
guerra civil, 95, 95, 127
movimento dos direitos civis,

127
"Pilgrim Fathers", 51
Revolução Americana, 65,
66-7, 68, 69
televisão, 118
voo espacial, 129
América do Sul, 35, 46, 78-9
anestesia, 97
Anglo-Saxões, 26-7
Aníbal, 15, 15
Árabes, 21, 22
Aristóteles, 14
Arkwright, Sir Richard, 81,
81
armas nucleares, 117, 117
Armstrong, Neil, 129
Astecas, 36-7
Atenas, 13
Átila, o Huno, 18-19, 18-lg
Augusto, imperador, 16, 17
Austrália, 62-3, 113
Áustria, 72, 92
automóveis, 110-11, 110-111
avião, aviação, 112-13, 112

Babbage, Charles, 128,128
Babilónia 10, 10, 14
bactérias, 96, 97, 115
Baird,JohnLogie, 118, 118
Ball, John, 30
Beagle, navio de Sua
Majestade, 90-1, 91
Becquerel, Henri, 99
Bell, Alexander Graham,
loS 105, 107
Benz, Karl, 110, 110
Betsabé, 9
Bíblia, 8, 33, 38, 42, 42
Birmingham, 82, 83

Bismarck, Otto, príncipe de,
92, 92
Black, Joseph, 82
Blenheim, batalha de (1704),
56, 57
Blériot, Louis, 113

Blücher, general Gebhard, 73
Boadiceia, 18, 18
Bóeres, 88-9, 89, 122
Bohr, Nils, 117
Bolena, Ana, 40, 44
Bolívar, Simão, 78-9, 78
bolcheviques, 119, 125
Bonifácio, São, 20
Boone, Daniel, 69, 69
"Boston Tea Party", 65, 67
Boulton, Mathew, 82, 83, 90
Britânico, Império, 85, 88-9,
126
British Broadcasting

Corporation (BBC), 107,
1 18
Brunel, Isambard Kingdom,
102, 103, 103
Bucéfilo, 14
Buda, 12-13
budismo, 12-13, 12-13

"Cabeças Redondas", 53
Calcutá, 62
Calvino, João, 38, 39, 39
Caminhos-de-ferro, 100-1,
101, 103
Canadá, 64
canais, 86, 87
Canas, batalha de (216 a C ),
15
Canuto, rei de Inglaterra, 24,
24
Carlos Magno, imperador,

Carlos 1, rei de Inglaterra, 44,
52, 52, 53, 54, 55
Carlos II, rei de Inglaterra,
54-5, 54, 57
Carlos VII, rei de França, 3t,
31
carros, 110-11,110, 111
Cartago, 15
Cartwright, Edmund, 81
Catarina de Aragão, 40, 42
Catarina, a Grande,
imperatriz da Rússia, 60-1
"Cavaleiros", 52, 53
Caxton, William, 32, 33, 33
César,Júlio, 16, 16
Cetewayo, 78
Chain, Ernst, 115
Chaka, 78, 78
Chao K'ang-yin, 25
Chiang Kai-Chek, 124
China, 11, 25, 29, 124
Churchill, Sir Winston, 122,
IZ
Ciro, o Grande, 10, 10

cirurgia, 97
Cleópatra, 16, 61
Clerk-Maxwell,James, 106
Clifton, ponte suspensa de,
102, 103
Clive, Robert, 62, 62
Coalbrokdale, 80, 80
Cockcrok,John, 117
Colômbia, 79
Colombo, Cristovão, 34-5,

Daimler, Gottlieb, 110, 110
Danton, Georges, 70-1, 70
Darby, Abraham, 80, 80
Dario, rei da Pérsia, 14, 14

Darnley, lorde Henry, 48-9,
48
Darwin, Charles, 90-1, 90, 91
David, rei, 9, 9
De Gaulle, Charles, 123, 123
Declaração da Independência,
67, 67
Descartes, René, 57, 60
Dez Mandamentos, Os, 8
Dickens, Charles, 85
dinastia Sung, 25
Dingiswayo, 78
direito de voto para as
mulheres, 180-9
Disraeli, Benjamin, 85
dissolução dos mosteiros, 42
Drake, Sir Francis, 45, 46, 46

Edison, Thomas, 106-7, 106

Eduardo VI, rei de Inglaterra,
40, 42, 44
Eduardo VII, rei de
Inglaterra, 84, 85, 107
Eduardo VIII, rei de
Inglaterra, 84
Eduardo, o Confessor, 24, 26
Egipto, 8, 72, 75
Einstein, Albert, 116-17, 116,
117
Eldorado, 47
electricidade, 66, 66
enfermagem, 98-9
Engels, Friedrich, 93
escravatura, 94-5, 12775
Espanha, 15, 22, 35, 36-7, 42, Haran, 7

34-5
comunicações, 104-7
Comunidade Económica
Europeia, 123
comunismo, 93, 119, 120,
124, 125
Companhia das Índias
Orientais, 62
computadores, 128-128
confucionismo, 25
Confúcio, 11, 11, 25, 124
Constantino, imperador, 17
Constantinopla, 20, 37
Cook, capitão James, 62-3, 63

Corao, 21
correios, 104, 106
Cortés, Hernán, 36-7, 36-7
Cranmer, Thomas, 42, 42, 43
Crasso, 16
cristianismo, 17, 20, 22, 38-9,
59

46, 47, 77, 78-9

Estaline,José, 122, 125
Estados Pontiffcios, 20
estradas, 86-7, 86
Etelredo 24
evolução, 90-1

faraó, 8
fascistas, 120
Fawkes, Guy, 50, 50
Fernando e Isabel, 35
fiandeira, 81, 81
Filipe 11, rei da Macedónia, 14
Filipe 11, rei de Espanha, 42,
43, 45, 49
Filisteus, 9
física nuclear, 117
Fleming, Sir Alexander, 115,
115
Florey, Howard, 115
foguetões, 128-9, 128, 129
Crompton, Samuel, 81 Ford, Henry, 111, 111
Cromwell, Oliver, 52, 53, França, 26-7, 31, 57, 70-3,
53,54,55
Crystal Palace, 84, 85
Cugnot, Nicolas, 110
Curie, Marie, 99, 99
Curie, Pierre, 99, 99

Francisco 1, rei de França, 40,
41
Francos, 22
Franklin, Benjamin, 66-7, 66,
68
Freud, Sigmund. 114, 114

Gama, Vascoda, 114, 114
Gandhi, Mahatma, 126, 126,
127
Gautama, Sidarta, (Buda),
12-13
Gengiscão, 29, 29, 37
Gettysburg, batalha de, 94,
95
Gladstone, W E, 85
Golias, 9
gramofones, 107
Grande Marcha, 124
Grant, Ulysses S., 95
gravitação, teoria da, 58
GreatBritain, 102, 103
GreatEastern, 103, 103
Great Western Railway, 103
Grécia, 10,13, 14-15
Gregório, o Grande, papa,
20, 20
Grey, Jane, 42
Guerra da Crimeia, 99

guerra civil inglesa, 52, 53,
53, 54-5
guerra franco-prussiana, 92,

92
Guilherme 11, Kaiser, 92
Guilherme, o Canquishdor
26-7, 27
Gutenberg,Johann, 32, 33,

Gwynn, Nell, 54

Hagar, 7
Halley, cometa, 26
Hamilton, Emma. Ladv. 74.
Hargreaves,James, 81
Haroldo 11, rei de Inglaterra,
26-7
Hastings, batalha de (1066),
27
Havai, 63
Hedley, William, 100
Henrique VIII, rei de
Inglaterra, 40, 40-1
Hereward, 27
Hertz, Heinrich, 106
Hill, Sir Rowland, 104,
128
Hitler, Adolf, 120, 121, 122,
128
Huguenotes, 39, 57
Hunos, 18-19, 18-19

, 42, 44

104,

Iceni, 18
Igreja Católica Romana, 22,
38, 41, 42-43, 45 48 50 55
Igreja de Inglaterra 42 50
51, 59, 77
Iluminismo, 60
impressão, 32-3, 32-3
India, 14, 62, 76-7, 85, 126
Indios, norte-americanos, 69
indústria têxtil, 81, 81
Invencível Armada
espanhola, 44-5, 45, 46, 46
Ironbridge, 81
Isaaç 7
Isabel 1, rainha de Inglaterra,
40, 41, 42, 43, 44-5, 46, 47,
48, 49, 50
Ismael, 1
Islamismo, 21
Israel 9
Itália, 19, 20,120

Jacobinos, 70-1, 72
Jaime 1, rei de Inglaterra, 44,
47, 49, 50
Jaime 11, rei de Inglaterra, 55
Jameson, ataque de, 88, 89
Jefferson, Thomas, 67

Jenner, Edward, 96
Jerusalém, 9, 17

Jesus Cristo, 17, 17
Joana d'Arç 31, 31
João, rei de Inglaterra, 28, 28
Johnson, Amy, 113
Johnson, Lyndon, B., 127
Jonathan, 9
Jorge 111, rei de Inglaterra, 65,
67, 85
Jorge IV, rei de Inglaterra, 65,
85
Jorge V, rei de Inglaterra, 84
José 11, imperador da Áustria,
65
Judaslscariotes, 17
Judeus, 7-9, 10,121
Jung, Carl, 114

Kasinagara, 13
Kennedy,John F., 127
King, Martin Luther, 127,
127

Knox, John, 48, 49 Napoleão 111, imperdor 92, 92
Kruger, Paul, 88 NASA, 129
navios, 102, 103, 103
Nazaré, 17
Nelson, Horácio, 72, 74-5,
74, 75
Nova Zelandia, 62
Negros, direitos civis, 127
Newcomen, Thomas, 80, 82
Newton, Sir Isaaç 58, 58, 60,
90, 1 17
Nightingale, Florence, 98-9,
98

Lao-Tsé, 11, 11
Laud, arcebispo da Cantuária,
52
Lee, Robert E., 95
Lenine, 119, 119
Leonardo da Vinci, 17
Lincoln, Abraham, 94-5, 94
Lister,Joseph, 96, 97, 97, 115
Lobengula, rei de Matabele,
88
Locke, John, 60
Lombardos, 22
Londres, incêndio de, 54, 55
Luís XIV, rei de França, 55,
56-7, 56, 57
Luís XV, rei de França, 70,
71, 71
Lutero, Martinho, 38-9, 59
luz eléctrica, 107
Lyell, Sir Charles, 90-1

McAdam, John, 86, 86, 87

Magna Carta, 28, 28
MaoTsé-Tung, 124, 124
Maomé, 21, 21
máquinas a vapor, 82-3, 82,
83, 100
Marat,Jean-Paul, 71
Marconi, Guglielmo, 106-7,
107
Maria Antonieta, rainha de
França, 70, 71
Marx, Karl, 93, 93, 124
Maria, rainha dos Escoceses,
44-5, 48-9, 49, 50
Maria 1, rainha de Inglaterra,
40, 42-3, 43, 44, 48
Mayflower, 51
Mazarin, cardeal, 57
Meca, 21
Medos, 10
medicina, 96-9, 115
Melbourne, Lorde, 84
Menai, estreito de
ponte de caminho-de-ferro,
101
ponte, 87
Metcalf, John, 87
metodismo, 59, 59
México, 36-7
Miguel Angelo, 9
Moisés, 8, 8

Mongóis, 25, 29, 29, 37
Montezuma, 36
More, Thomas, 40-1
Mouros, 22
movimento dos direitos civis,
127
mulheres, direito de voto,
108-9
Muralha de Adriano, 18
Mussolini, Benito, 120, 120

Napoleão Bonaparte,
imperador, 72-3, 72-3, 75,
77, 78-9

Nilo, rio, 8, 72, 75
Normandos, 26-7

Oates, Titus, 55
Otomano, Império, 37

Paine, Thomas, 68, 68
Palestina, 17
Palmerston, Lorde, 85
Pankhurst, Christabel, 109,
109
Pankhurst, Emmeline, 108-9,
108-9
Pankhurst, Sylvia, 109
Paris, 70, 71

Parlamento, 44-5, 50, 52, 53
67, 108-9
Partido Nazi, 121
Pasteaur, Louis, 96, 96, 97,
1 15
penicilina, 115
Pepino, o Breve, 22
Pepys, Samuel, 55
Pérsia, 10,14, 29
peste, 30, 30, 55. 55
Peste Negra, 30, 30
Petição de Direitos, (1628),
52
Pilatos, Pôncio, 17
"Pilgrim Fathers", 51, 51
Pitt, William, o mais velho,
64, 65
Pitt, William, o mais novo,
65
Platão, 13, 14
Pole, cardeal, 43
Pompeu, 16
pontes, 87, 101, 102, 103
Portugal, 34
Potemkin, Gregory, 61, 61
prebiterianos, 39, 53
Priestley, Joseph, 83
Primeira Guerra Mundial,
109, 117, 120, 121, 122,

Prússia, 92
psicanálise, 114
Pugachev, Emilien, 61, 61
Puritanos, 39, 45, 50, 51, 53,
54


Reforma, 38-9
relatividade, teoria da, 116-17
Restauração, 54-5
Revolta da Pólvora, (1605),
50, 50
Revolução Francesa, 57, 61,
68, 70-1, 71, 72, 73
Revolução Industrial, 80-3,
86-7
Revolução Inglesa, 52-3, 53
RevoluçãoRussa(1917), 119
Rhodes, Cecil, 88-9, 88, 89
Ricardo 11, rei de Inglaterra,
30, 30
Richelieu, cardeal, 57
Robespierre, Maximilien, 68,
70-1, 70, 72
Rodésia, 88
Roland, 22
Romanos, 15, 16, 18-19, 18
-19, 20
Roosevelt, Franklin D., 122,
122
Royal Navy, 55, 75

Royal Society, 62, 67, 83, 97
Rubicão, rio, 16
Rússia, 29, 60-1, 73,119 125
Rutherford, Sir Ernest, il7

Salomão, rei, 9
Sara, (mulher de Abraão), 7
Saúl, rei, 9
Schoenberg, Isaaç 118
Segunda Guerra Mundial
113, 115, 117, 120, 121
122, 123, 128-9
selos, 104, 104
Shaftesbury, Lorde, 85
Shakespeare, William, 44, 45
Sinai, monte, 8
sistema postal, 104
sistema de telégrafo, 107
Sócrates, 13
Soho, fábricas de
Birmingham, 82
Solimão, o Magnífco, 37, 37
Stephenson, George, 100-1,
101, 103
Stepheson, Robert, 100-1,
101
Suetónio, Paulino, 18
sufragistas, 109
Swan,Joseph, 107

Taiti, 62
T'ai Tsu, 25
Tamisa, túnel do, 103
Tártaros, 29
Tapeçaria de Bayeux, 27, 27
teares, 81, 81
telefones, 105, 105, 107
televisão, 118
Telford, Thomas, 86, 86, 87
Tenochtitlan, 36-7
Quebeque, 64, 64 Tito, 125, 125
Trafalgar, batalha de (1805),

75
Trevithick, Richard, 80,100
túneis, 103

rádio, 106-7
radioactividade, 99
Raleigh, Sir Walter, 47, 47
Tyler, Wat, 30, 30

vacinação, 96
Venezuela, 78-9
Vermelho, mar, 8
viagem espacial, 129, 129
nagens:
avião, 112-13, 112
automóveis, 110-11, 110,

111


Vitória, rainha de Inglaterra,
84-5, 84, 88, 99, 107
Victory, navio de Sua
Majestade, 74, 75, 75
Vikings, 23, 24, 24, 35
Visigodos, 19
voo, 112-13, 112
Von Braun, Wernher, 128-9,
129

Wallace, Alfred Russel, 91
Walpole, Robert, 65
Walton, Ernest, 117
Washington, George, 67, 67,
68
Waterloo, batalha de (1815),
76, 77
Watt,James, 81, 82-3, 82, 83
Wedgood, Josiah, 83, 90
Wellington, duque de, 73, 76-7,
76, 77
Wesley, John, 59
Wessex, 23
Wolfe,James, 64, 64
Wolsey, cardeal, 40
Wren, Sir Christopher, 55, 55
Wright, Sir Almroth, 115
Wright, Orville, 1 12,1 13
Wright, Wilbur, 112,113

Xenofonte, 13

Zulus, 78

Vejam como havia gente importante.

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