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sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Bruna Surfistinha - O que aprendi com Bruna Surfistinha

Raquell Pacheco
0 QUE APRENDII
COM BRUNA
SURFIISTIINHA
Lições de uma vida nada fácil
Depoimento a
Jorge Tarquini

Sumáriio
Apresentação
Tolerância
Rotina
Religiosidade
Homossexualidade
Vergonha
Empreendedorismo
Respeito e Amor-próprio
Marketing
Compensações
Diversão
Fatalidades
Preconceito
Fama
Hipocrisia
Clonagem
Porn star
Aparências
Elas vs Elas
Coragem
Psicologia
Liberdade
Transparência
Amizades
Sexo civil
Amor
Separação
De volta para casa #
A verdade de cada um (por João Paulo Moraes)
Histórias que nunca entraram no meu blog
IInttrodução
É muito fácil... Basta ficar ali, abrir as pernas e o serviço se faz sozinho,
não? Eu também achava que seria mais ou menos assim a tal da "vida
fácil". Para minha surpresa, as coisas eram um pouco mais complicadas.
Mas cada profissão, reconhecida ou não, tem sua cota de segredos e de
lições. Quem nunca teve de cuidar de uma casa, por exemplo, também
imagina que a vida das donas-de-casa seja uma maravilha: ficar em casa o
dia inteiro, fazer as coisas quando lhe der na telha, sem chefe para torrar a
paciência. Ou, então, que o cotidiano do chefe é apenas mandar, enquanto
os outros é que carregam o piano. Garanto que o rosário que uma dona-decasa
ou um chefe vão desfiar, se alguém lhes perguntasse se sua vida é
fácil, garantiria horas de reais lamentações e justas reivindicações. Comigo,
foi a mesma coisa.
De repente, "abrir as pernas" era apenas a ponta do ice-berg das lições que
eu deveria aprender a dominar. Eu tinha de ser, ao mesmo tempo,
empreendedora, psicóloga, diretora de marketing, gerente de operações,
secretária, gerente de produtos, confessora, office boy, gerente financeiro e
muito mais além de continuar a ser eu mesma, a Raquel. Passado o susto
inicial da avalanche de ter saído de casa aos 17 anos, a menininha mimada
que morava bem, tinha pai e mãe para se preocupar com o sustento, a casa,
a escola, o dentista, o custo de vida, teve de dar mão à palmatória: ser
apenas filha e estudante, por mais que essas "profissões" também tivessem #
seu quinhão de tormentas particulares, era bem mais light. Mas não
lamento, mesmo.
Eu perdi algumas coisas e ganhei outras. Aprendi muito nesses pouco mais
de três anos de "vida fácil". Por mais que tenha tido altos (alguns
memoráveis) e baixos (muitos, como as drogas), sei que cresci como ser
humano, amadureci e me sinto pronta para novos desafios. Por mais
cômodo que pudesse ser continuar levando a vida da Raquel, mesmo com
seus obstáculos, que muita gente conheceu ao ler O doce veneno do
escorpião, foi a vida da Bruna que me ensinou lições importantes para que
eu pudesse voltar a ser Raquel porém, mais escaldada, escolada,
calejada e sabendo um pouco melhor o que realmente importa na vida. Seja
ela fácil ou não.
Muita gente pode me acusar de estar apenas aproveitando meus "15
minutos de fama" ao lançar este livro. Quem sou eu para julgar os que me
julgam? Mas achei que seria positivo escrevê-lo. Primeiro, porque muita
gente, mesmo sem ter lido O doce veneno do escorpião, partiu para o
ataque, dizendo que eu estava fazendo apologia da prostituição e das
drogas, incentivando, assim, meninas "desmioladas" a seguir o meu
exemplo.
Desse modo, resolvi encurtar o caminho, caso alguém pense seriamente em
percorrer a trilha que eu já venci, entregando o "resumão", uma "cola", o
"gabarito" de todas as lições que fizeram da Raquel a Bruna, e vice-versa.
Porém, a última coisa que quero e que faria é propaganda da vida
fácil e do caminho das drogas. E muito menos ficar pregando lições... Só
quem esteve lá sabe o que tudo isso significa, por mais idealizado que os #
outros vejam. Sem lição de moral, entende? A segunda razão está no fato
de eu sentir que minhas experiências podem ajudar outras pessoas de
alguma maneira, gente que nem precisa ter sido, ser ou querer ser
prostituta. Se estou sendo pretensiosa? Talvez. Mas eis algo que, se for o
caso, quero que alguém me ensine. Na boa.
Aqui, não vou contar a ninguém os "dez passos" para nada, nem vou dar
dicas de o que fazer ou não para ter sucesso. Não é disso que se trata. Esse
vai ser apenas um relato das lições que o mundo e a vida da Bruna me
ensinaram até este momento. Nessa curta, mas intensa trajetória, muita
gente fez questão de não me enxergar, como se a simples admissão da
minha existência ou de outras tantas garotas de programa, prostitutas, ou
seja lá qual o nome que você queira dar, fosse o bastante para contagiá-los
com algum tipo de doença incurável. Essa foi a primeira lição: a de que
todo mundo merece respeito. Eu mesma, quando pequena, via como meus
pais se referiam às putas de beira de calçada da Augusta. Estar do outro
lado do balcão ou, no caso, da janela do carro, mesmo que eu nunca
tenha me prostituído nas ruas foi uma descoberta: mulheres da vida não
são a escória. Mas muitas vezes a escória se serve das putas.
Nesse caminho estranho, em que se abre mão de tudo, porém, há muita
gente que vai além dessa relação comercial e enxerga a pessoa que está ali.
E um pouco como conhecer melhor aquele senhor mal-humorado que
atende você todos os dias numa quitanda qualquer por aí. Todo mundo vive
um papel na vida. O que me coube, naquele momento, era o da garota que
abre as pernas em troca de dinheiro. Simples, não?
Raquel Pacheco
#
Tollerânciia
Toda semana, acabava aparecendo um daqueles clientes que você paga para
não atender. Aquele que tem um papo muito chato; o outro que nem com
banho e reza braba cheira bem; o rude, que transa como se fosse com uma
boneca inflável, sem se preocupar se está machucando a garota ou não. E,
claro, aqueles com o qual o santo não batia de jeito nenhum. Eu tive um
desses.
No primeiro programa que fizemos, não me senti à vontade com ele. Um
cara estranho, calado, parecia um daqueles malucos de filme de terror.
Quieto, me olhava de um modo que me incomodava. Resultado: acho que
fiz um dos piores programas da minha vida (e, acredito, da dele também).
Ele não pediu nada de bizarro, como poderia parecer. Seu corpo também
não era repulsivo, apenas comum, tirando a falta de um bronze. Mesmo
assim, me desagradava além do normal.
Pediu para que eu o chupasse (o que fiz sem nenhum empenho ou
profissionalismo) e que deixasse ele gozar na minha boca (o que não deixei
nem com camisinha, inventando um machucado). Se ele não curtisse o
programa, pagaria e certamente nunca mais voltaria. Mas, já que ele estava
lá... Sugeri que ele gozasse, então, durante a transa. Fiquei de quatro e só
faltou eu abrir uma revista, lixar as unhas ou assistir à TV durante a transa. #
Não sei bem por que fazia isso, mas a simples presença daquele homem me
incomodava. E eu deixava isso muito claro para ele, de propósito, ainda
que a maneira de ele transar não tivesse nada de especialmente bom ou
ruim. Era apenas mais um cliente.
Quando o programa terminou, não me senti culpada por nada, apenas
aliviada. A raiva que eu tinha dele, sem motivo, parecia uma coisa de
carma, sei lá. Ele voltou a me ligar na semana seguinte, porém não
reconheci nem o número do celular dele nem a voz. Quando abri a porta,
acho que até revirei os olhos, mostrando minha impaciência. O que parecia
improvável aconteceu: a segunda transa foi ainda pior do que a primeira.
Cheguei a bocejar durante o papis e mamis, depois de ficar totalmente
alheia enquanto ele me chupava. De pura maldade, de sacanagem mesmo.
E ele não disse nada, como de costume. Até me pagou, apesar de tudo.
Anotei o número dele na memória do meu celular e passei a deixar de
atender às suas ligações. Passou um tempo até que, certo dia, quem é que
aparece de novo na minha porta? O mr. Estranho... Ele ligou de outro
número e eu não reconheci a voz dele. Minha vontade era a de mandá-lo
embora, perguntar se ele não se tocava de que eu não queria nada com ele,
nem que ele pagasse, humilhá-lo, sei lá. Mas, no meio daquela minha quase
explosão, pela primeira vez eu pude ver além da minha irritação. E eu vi
um homem que me pareceu muito frágil, sozinho; que, ao me procurar
novamente, por pior que fosse o serviço que eu havia prestado a ele, estava
me colocando acima dele. A seu modo, ele gostava de mim. Deixava isso
claro: estava ali, mais uma vez, ao alcance de minha intolerância e do meu
orgulho bobo.
Fiquei envergonhada. Justo eu, que já havia perdido qualquer pudor...
Senti-me mais humana pelo gesto dele. Ele não via em mim, certamente, #
apenas a garota de programa que se propagandeava pela internet (e que já
havia, inclusive, descrito no blog como tinha sido desagradável a transa
com ele, mesmo que não tenha citado nomes, minha regra ética). Ele foi
tolerante comigo. Aprendi, portanto, a ser com ele.
A transa não foi das melhores; nem tinha como. Mas foi tranqüila e seria
anônima, assim como centenas que tive, não fosse por essa pequena troca
que foi além de nossa relação comercial. Acho que ambos aprendemos algo
naquela tarde. Nunca mais ele me procurou. Às vezes, fantasio até mesmo
que ele não tenha sido real, que foi alguém que só chegou a mim para me
ensinar uma pequena lição. Quem sabe?
Porém, nem tudo o que diz respeito à tolerância, no meu caso, tem a ver
com coisas estranhas. De qualquer modo, depois disso aprendi a respeitar
as manias dos outros. Eu tenho tantas e detesto que me julguem por
elas... Por isso, vale o lema: cada um com suas manias. Isso não quer dizer,
em absoluto, que não possa botar reparo...
Um cliente que me chamou a atenção, com quem me controlei para ficar
quieta e não dizer nada, é um caso meio estranho engraçado, não
esquisito. Foi uma das poucas vezes em que fiquei sem reação, sem saber o
que fazer na hora de transar. Afinal, era uma profissional. Ele entrou no flat
e não quis papo. Foi logo ficando peladão, tirando minha roupa e colocando
uma camisinha. Parece que ele já entrou com o p... duro.
Partiu para cima de mim num papis e mamis e ficou fazendo o movimento,
alucinado. Só que tem um detalhe: o p... dele não estava dentro da minha
bu..., estava só roçando na minha virilha. Eu fiquei pensando o tempo todo
se ele não tinha percebido ou se essa era uma tara dele. Achei melhor não
perguntar. E se ele ficasse ofendido? Será que ele vai pensar que está #
dentro de mim e que sou uma arrombada? Vai saber... E não é que ele
gozou assim? Mais estranho ainda: ele ficava perguntando "está
gostando?". "Uma delícia", eu respondia. No final, veio a pergunta:
"Gozou?". Acho que quem estava de gozação era ele... Mas entrei na
brincadeira e disse que sim. Se já é difícil mulher gozar com o p... dentro
dela, imagine fora.
Fugindo um pouco da sacanagem... Ter de me submeter a algumas coisas
me fez entender melhor todas as pessoas que critiquei a vida toda. Sei que
tenho minha opinião, minhas convicções, mas não posso esperar que todo
mundo veja o mundo sob minha ótica.
Pode parecer bobo, dizendo assim, mas agora sei que essa tomada de
consciência é um rito de passagem indispensável para quem queria crescer,
como eu.
#
Rottiina
O dia de trabalho de uma prostituta também tem rotina, como o de qualquer
outro profissional. No entanto, devo admitir que havia algumas
compensações que ajudavam a segurar a barra. Eu, por exemplo, nunca
curti acordar cedo. O mínimo que eu podia fazer para me compensar da
labuta que tinha hora para começar, mas nunca para acabar dependendo
dos programas noturnos em casas de swing , era iniciar o expediente só
depois do almoço.
Assim, eu me entregava aos lençóis até às 12 horas, do jeitinho que vim ao
mundo. O banho, mais do que uma rotina, era parte do meu trabalho. Tinha
de ser demorado, cuidadoso (e que também se repetia depois de cada
programa). Preguiça de cuidar das unhas e do cabelo? Nem pensar. Seria
como uma comissária de bordo toda desarrumada. Você aceitaria algo
servido por ela? Nem eu...
Meus cabelos, na verdade, não dão muito trabalho, pois são naturalmente
lisos. Eu tinha de estar pronta por volta da hora do almoço, vestida,
maquiada, cheirosa e bonita. Mas nada de exageros. A roupa, ao contrário
do que muitos imaginam, precisa ser provocante sem ser vulgar. Insinuar
em vez de mostrar. E ser fácil de tirar (ou de ser tirada). E mesmo muito
mais excitante... Ah, como é essa roupa? Bem, geralmente uma saia curta, #
um top ou uma blusa curta, que deixasse o umbigo de fora. Nos pés, uma
daquelas sandálias de salto, para impor um pouco mais de tamanho (no
meu caso rs). Por baixo das roupas, nada de lingerie cheia de frescuras.
Claro que eu não usava calçolas. Mas eu preferia ser básica: calcinha de
algodão, geralmente branca, talvez com um detalhe em renda, discreto. Eu
sou jovem e tinha de tirar proveito da tara que isso provoca nos homens.
Claro que havia clientes que chegavam a me trazer lingeries de todos os
tipos, para satisfazer as fantasias deles. Alguns clientes já pediam para eu
me vestir de um jeito tal ou tal para quando ele chegasse. Eram poucos,
mas havia. O mais comum era pedir que eu me vestisse como uma colegial.
Ah, a pedofilia...
Uma coisa que aprendi nessa vida: o primeiro cliente, o das 13 horas, quase
sempre é casado, tem entre 30 e 35 anos, e procura discrição por isso
usa o horário de seu almoço para a pulada de cerca. O cuidado com que
pendura a roupa no cabide, ou a maneira de evitar qualquer contato
enquanto está vestido, mostra que é precavido. Por isso ele chega de leve.
Eu me divertia muito nesses programas imaginando que aqueles caras
casadoiros poderiam ser casados comigo. Faziam bem o meu tipo...
Depois que o risco de deixar provas do crime nas roupas é eliminado, a
coisa esquenta. Fico me perguntando por que eles não pegam suas mulheres
daquele jeito. Seria vergonha? Seria por timidez da esposa? Ou talvez o
fogo tenha se apagado, mesmo que transas quentes assim já tivessem sido
uma coisa normal entre eles? Será que as mulheres não curtem dar e
receber um bom sexo oral? Pois, comigo, eles faziam e recebiam de bom
grado, e com certa maestria. Passado o tempo de lambidas e chupadas, esse
homem casado quer mesmo é experimentar todas as variações possíveis: #
ser cavalgado, comer minha bu... comigo de quatro ou mesmo experimentar
um tempero diferente no feijáo-com-arroz do papis e mamis que é como
ele curte gozar.
Após o tempo protocolar de recuperação (é muito raro, posso afirmar com
precisão científica, "dar duas sem sacar da moringa". E quem diz que
consegue ou mente ou apenas expressa um desejo), geralmente partimos
para um 69 comigo por cima, para reanimarmos a partida até que chegue o
prato principal: comer minha bundinha. Se as esposas, namoradas e afins
tivessem disposição para aprender, garanto que a dor passa a ser prazer
depois de algum tempo. Mas tem de se liberar de preconceitos e relaxar
muito. Na hora da segunda gozada, ele quer que seja na minha boca
(mulheres, também não é tão ruim como se imagina, apesar de eu só deixar
com camisinha). Fim de jogo. Lá vai o meu cliente tomar seu banho e
vestir-se novamente de trabalhador-marido-pai-padrão. Sei que o próximo
já me aguarda, mas vou tomar meu banho e tirar cinco minutos de soneca.
Ninguém é de ferro.
O segundo, na maioria das vezes, ou é estudante ou tem uma profissão que
lhe permite ficar na rua, tipo vendedor ou algo assim. Afinal, já são 14
horas. Não sei por que, mas a maioria dos mimos que ganhei, como caixas
de bombons e outros, foram dados pelo segundo cliente. Também, em
geral, é nesse horário que vêm os reincidentes, aqueles que estão no
segundo ou terceiro programa comigo. E, por não estarem mais tímidos,
curtem uma boa putaria... Melhor para mim. Brincamos de tudo: punheta,
espanhola, chupadas, carinhos, fio terra no meio do 69, momentos de sexo
selvagem e outros de namoradinhos. Por estarem mais à vontade, alguns
chegavam mesmo a dar três durante um programa. Claro que não sobra
muito tempo para papo, mas o negócio dele é produtividade, certo? Então, #
vamos nessa!
Chega a hora da sessão da tarde. Digo isso pois quem bate à minha porta,
nesse horário, normalmente é um garotão, bem novinho. Eu não curto
muito, para ser sincera. E uma questão de preferência, só isso. Mas não dá
para deixar de atender aquele garoto: pele macia e rosada, quase sem barba.
O grande barato, já que não faz meu tipo de homem, é fazer um favor às
futuras mulheres que vão cruzar o caminho dele: ensino a chupar direito,
guio a transa, baixo a ansiedade dele e o ajudo a descobrir que mulher não é
foto de revista nem boneca inflável: mulher de verdade é diferente. Por
isso, a transa deve ser gostosa para os dois, numa boa. E ele foi um bom
aluno, me fazendo gozar com sua boca jovem e sem a aspereza da barba
dos mais velhos. Parecia uma mulher me chupando, de tão suave que foi.
Pena que, na hora da penetração, ele gozou rapidinho, pois já vinha de uma
chupeta gostosa na qual me apliquei especialmente. A segunda demorou
um pouco para acontecer, pois ele voltou a ficar ansioso e o p... dele não
subia. Depois que conseguiu, contudo, a coisa engrenou: foi uma transa
mais demorada, com ele me comendo no papis e mamis.
As 16 horas foi a vez de uma dupla de garotões. Ganha um doce quem
adivinhar o que eles querem experimentar... DP, claro. Sim, a famosa dupla
penetração. O começo é sempre estranho para os caras. Não sei se ficam
envergonhados ou tímidos pela presença de outro homem nu na cama. Ou,
vai ver, a proximidade do p... de outro homem é que intimida os mais
inseguros, o medo da comparação ou de falhar. Coisas da cabeça
masculina.
Chega uma hora, porém, em que o constrangimento da situação desaparece
e eles descobrem o bom da festa, e então relaxam. Aí é que a coisa começa #
a ficar interessante. Sempre começo com um revezamento de chupetas.
Dependendo do tamanho, sempre tento enfiar os dois juntos na boca, brinco
com as bolas deles, punheto um enquanto chupo o outro.
Hora do show! Escolho sempre o mais bem-dotado para colocar deitado de
costas. É ele que vai comer minha bu... Depois, com cuidado para não
deixar escapar, arrebito minha bundinha. Nesse dia, tive uma surpresa: o
outro cara resolveu dar um banho de língua no meu buraquinho antes de me
invadir. E olha que ele nem ficou muito intimidado com a proximidade do
amigo que comia minha bu...
Com algum esforço (não é fácil, mesmo), ele conseguiu se encaixar na
minha bundinha. Isso me deixa plena, em todos os sentidos. Nas primeiras
vezes, confesso, é um pouco incômodo. Porém, com o tempo e a
experiência, você aprende a relaxar bem o ânus e descobre a melhor
posição. Você sente dois p... dentro de você, como se fosse um polvo,
entrando por todos os seus buracos. Só não dá certo se um desses caras for
muito ansioso. Isso porque tem de saber mexer um de cada vez, tudo em
um ritmo muito próprio: um vai e o outro volta. E eu galopava gostoso,
seguindo o ritmo, como em um galope de verdade: se não souber montar,
fica batendo o cóccix na sela...
Sabe que às vezes eu acho que homem curte DP porque não tem coragem
de tocar no p... de outro e aproveita a oportunidade? Afinal, é uma parede
bem fina que separa os dois dentro de você. Eu consigo sentir o esfregaesfrega
dos dois p... dentro de mim. Eles também devem sentir. E é muito
engraçado ver como os dois ficam cuidando para não se encostar de jeito
nenhum. Mas tem horas que não dá. Os garotões deste programa, por
exemplo, pediam desculpas um ao outro cada vez que esbarravam na coxa, #
nas pernas, ou apenas na mão do outro. Como não tenho sonho nem
vontade de ver dois homens se pegando, melhor para mim, certo?
Perto do final da tarde, surge um casal de amantes. Não entendi direito se
são casados com outras pessoas. Disseram-me apenas que são "parceiros de
sexo". Acho a idéia muito moderna, de verdade. Sem envolvimento
emocional, assumem o tesão que sentem um pelo outro e buscam manter
essa atração experimentando tudo juntos. E como experimentam!
Ele queria se passar por voyeur de duas mulheres se pegando. Não achei
nada mau atender a esse pedido. Até porque ela era muito interessante.
Magra, com seios pequenos mas apetitosos, bem branquinha, sem ser
"leitosa". Pelo jeito como as coisas começaram, percebi que não era a
primeira vez dela com outra mulher. Apesar de arfar muito, gozar várias
vezes, ela não fazia o tipo "filme pornô" e a transa foi bem gostosa. Eu
nem me lembrava do cara, que ficou na beira da cama, se acabando numa
punheta alucinada.
Foi só depois de nós duas termos experimentado tudo uma com a outra,
mas sem falos ou consolos, apenas com nossos dedos e línguas, que ele
entrou na brincadeira. Nós duas fizemos dele um verdadeiro sultão, servido
por duas gatas já muito satisfeitas. Nem cheguei a transar com ele, já que
ela tratou de cuidar daquele p... enorme e muito duro. Ele comeu a bu...
dela, que cavalgava gostoso, enquanto eu me coloquei de cócoras sobre sua
boca, para ele me chupar gostoso. E nós duas ficamos livres para continuar
a brincar uma com o peito da outra, trocando beijos deliciosos. Mal vimos
o tempo passar e já eram 19 horas. Game over. Eu tinha de descansar um
pouco e me preparar para mais tarde fazer um programa com um cliente no #
swing. A noite prometia.
Bem, essa era minha rotina igual à de qualquer prostituta com uma
agenda cheia de compromissos. Contei tudo isso por uma razão: para
mostrar que, se você substituir os programas por tarefas de outras pessoas,
um homem de negócios ou uma dona-de-casa, por exemplo, tudo no final
vira uma repetição meio sem fim. Duvida? Troque a palavra "programa"
por reuniões de trabalho ou por arrumar-a-casa-levar-o-filho-à-escola-fazer
o-jantar. Quando a gente está fora de uma realidade, sempre tende a
romantizar a do vizinho. No fundo, as coisas são todas muito parecidas.
Mas não posso negar: aprendi que eu gostava do que fazia o que sempre
ajuda a enfrentar o cotidiano.
#
Relliigiiossiidade
Durante toda a minha vida, criada na tradicional fé cristã, acreditei em
Deus, nos princípios do cristianismo mesmo que não fosse praticante.
Mas nada disso impediu que, assim como minha família, eu me
aproximasse do espiritismo. Na verdade, não me vejo "praticando" uma
religião, mas tendo fé nos seus princípios. Se Deus (ou Buda, ou outro
nome que cada cultura dá ao seu Ser Superior) é um denominador comum,
sei que a fé chega até Ele.
Desde pequena, meus pais me ensinaram que ter fé não significa ter crédito,
aquela coisa de ficar pedindo, negociando coisas. Isso me fez uma pessoa
que nunca rezou pedindo nada, para ninguém. A única vez que pedi algo
em minhas orações foi para meus pais: queria que eles pudessem ficar bem,
ser felizes, apesar de tudo o que eu vinha fazendo para eles.
Se passamos por alguma dificuldade ou provação, temos de entender que
tudo faz parte de um plano maior, que carregamos sob a forma de carma.
Assim, segundo os preceitos do espiritismo, temos repetidas chances de
modificar ou "resgatar" esse carma a cada encarnação quando
reencontramos as pessoas de vidas passadas para poder "fazer diferente".
#
Se isso é verdade, não sei. Não vou impor isso para ninguém. Mas, como
acredito nessas verdades da religião, por mais sofrimento que eu tenha
passado e feito outras pessoas passarem, sei que nada foi gratuito. Nada a
ver com "quem deve para quem". Contudo, essa intricada teia que se
formou em torno da minha adoção, de tudo o que minha família e eu
vivemos, da chegada da Bruna e da sua própria história, está longe de se
desfazer.
E é essa fé que me faz acreditar e batalhar na reaproximação com
meus pais. Não quero deixar passar a chance de tentar, se não consertar, ao
menos reiniciar nossa história, aproximando nossas vidas e finalmente
resgatando esse carma que nos colocou juntos. Isso, tenho certeza,
independe do tipo de religião na qual cada um acredita. Se todas elas têm
no aprimoramento do ser humano em sua passagem por esta vida seus
pilares, a mensagem serve tanto para quem crê numa seqüência de vidas
encadeadas quanto para os que vêem nesta existência sua chance para
terminá-la como seres humanos melhores.
Com tudo o que vivi como a Raquel adolescente e a Bruna, sei que criei
novos "pecados", dos quais terei de me "redimir" de alguma maneira,
desfazendo tudo de mau que minhas ações causaram às pessoas que me
cercam. Eis um belo desafio que tenho pela frente. Conto com minha fé
para conseguir ter forças para chegar lá. A lição que ficou é que não dá para
passar por essa vida impunemente.
#
Homossssexualliidade
Nunca tive muitos problemas com quem curte ir para a cama com pessoas
do mesmo sexo. Talvez seja porque eu mesma sempre tive muita
curiosidade (ok, vontade mesmo). No colégio, dava para ver quais eram os
meninos que levavam jeito, assim como as meninas. Mas eu conseguia
perceber, também, que isso não era determinante. Tem horas em que estar
com o sexo oposto é gostoso. Tem horas em que estar com o mesmo sexo é
gostoso. Ou com os dois ao mesmo tempo.
Mesmo tendo experimentado muitas vezes o sexo com outra mulher (com a
maioria delas em programas, e com algumas por gosto mesmo), há duas
memórias que eu nunca vou esquecer: a primeira vez, com minha amiga do
Bandeirantes, e certa noite, num swing. Nesta ocasião, havia todo o tesão
de experimentar algo novo com alguém que conhecia e em quem confiava.
Na segunda, o tesão bateu mesmo.
Eu estava de bobeira com um cliente meio mala, que parecia não estar se
divertindo muito. Certamente não estava. Resolvi ir à luta por minha conta
e risco e inventei que tinha de ir ao banheiro. Então fui dar um role. Para
piorar as coisas, só tinha gente desinteressante, uns homens nada a ver e #
umas tias. Nunca me senti atraída por elas. Porém havia uma que me
pareceu chamativa. Não pela aparência, mas pelo jeito com que me olhou.
Ela me despiu com os olhos, no entanto não foi de um jeito vulgar. Difícil
de descrever. Só sei que aquele olhar fez com que eu automaticamente me
esquecesse de que ela era uma "tia" e fui ao seu encontro na sala onde ela
tinha os peitos sendo chupados por um coroa; acho que era o marido dela.
Cheguei perto e fiquei apenas observando a cena. Meu cliente havia me
seguido, apesar de eu nem ter notado sua presença. Ela me perguntou se eu
não gostaria de participar da brincadeira. Sem nem piscar, disse que toparia
qualquer coisa, desde que fosse apenas com ela. O parceiro dela e o meu
cliente, meio altos, sugeriram irmos para um dos reservados.
Algo mágico aconteceu quando eu dei o primeiro beijo nela. Sabe aquela
coisa de o beijo combinar? Pois é... O nosso combinou como poucas vezes
na minha vida. Um beijo com cheiro bom, textura da língua gostosa,
movimento sedutor, saliva na medida certa, lábios aconchegantes. Se ela
beijava assim na boca, imagina o que não faria na minha bu...
Confesso que me entreguei. Não era a garota de programa que estava ali,
mas uma mulher completamente seduzida por outra. Costumo ser
dominante, mandar. Naquele momento, porém, me deixei levar. Queria ser
servida. As mãos dela passearam por todo o meu corpo, com um toque nem
tão delicado que não provocasse tesão, nem tão rude que me fizesse
esquecer que estava com outra mulher.
Suas mãos tocaram meus seios, massagearam meus mamilos, escorregaram
pela barriga e percorreram minha cintura até chegar à minha bundinha.
Logo depois, uma língua com vida e vontade próprias perfazia o mesmo
caminho, porém sem se desviar para as costas: seguia direto ao meu bem #
aparado monte de pêlos, brincando com eles como quem, ansiosa por
encontrar refúgio, cavava seu caminho em direção a minha bu... Foi um
choque de alta voltagem. Mal ela tocou sua língua nos meus lábios
vaginais, senti minhas pernas estremecerem. Praticamente com ela colada a
mim, dei um jeito de me deitar. Com calma, mas também com firmeza, ela
me invadia como quem adivinhava meus pensamentos: bastava eu desejar
para ela ir mais devagar, mais depressa, mais fundo ou mais de leve, que
ela obedecia.
Nos vários orgasmos que tive, devo ter arrancado muitos fios de cabelo
dela, já que segurava com força dois tufos, um em cada mão, como quem
quer parir para dentro, tudo para fazer com que ela não desgrudasse de mim
nem por um segundo.
Sentir suas mãos delicadas segurando com força minhas coxas enquanto se
deliciava com minha bu... era um complemento perfeito. Nem me importei
em tentar retribuir tudo aquilo. Fiz mesmo o papel da menininha impotente
diante de um ser dominador. Gozei muito naquela noite. Depois que nos
despedimos com um beijo delicado e um abraço quase apaixonado, a
presença de meu cliente me fez voltar à realidade. Nós acabamos nem
transando, mas naquela noite ganhei duplamente: o dinheiro do programa e
uma transa inesquecível.
Na vida que levei, aprendi que, quando a gente quer algo, tem de ir atrás, e
que, na busca pelo prazer, não existe distinção de raça, cor, credo ou sexo.
O máximo que vai acontecer, depois de uma abordagem, é você ouvir um
não. Ali, com aquela mulher e naquele ambiente, nenhuma das duas disse
nem ouviu um não cujo risco era mínimo. Claro que paquerar alguém do
mesmo sexo pode embutir um perigo extra: o de levar uns bons tabefes. O #
que é mais comum entre homens, ao menos pelo que ouvi falar e pude ver.
Se os homens se permitissem deixar a atração rolar desse jeito, não digo
que todos curtissem ter uma relação homossexual, mas que teriam de se
controlar muito mais... ah, isso teriam, sim. Afinal, tesão não escolhe razão.
É tudo química, não é?
Homens, lembrem-se: todo mundo sabe que vocês, quando moleques ou
adolescentes, não têm qualquer pudor em se masturbar uns na frente dos
outros, de medir o p... um do outro. Depois que viram adultos, ficam
inseguros e implicam com essa coisa de mulheres indo juntas ao banheiro.
Que insegurança! Eu sei que sou mulher, gosto de ser mulher e não me
sinto menos mulher quando sou atraída por outra. Permitam-se mais,
garotos. E se descobrir (nem sei se essas coisas a gente descobre ou já
nasce sabendo, mas não admite) que gosta da coisa, vá à luta. O negócio é
ser feliz, completo. Mas sempre com camisinha, com respeito, com prazer.
Isso vale para todo mundo, sempre.
#
Vergonha
Toda vez que me perguntam se eu sinto vergonha do que fiz, a resposta
vem de bate-pronto: "não, não me envergonho". Sabe por quê?
Particularmente, me envergonho muito mais das coisas que fiz com minha
família, de ter roubado, enganado, mentido. Na prostituição, não existe
nada disso. É preto-no-branco, tudo combinado. E o combinado não é caro
nem barato, certo?
Foram muito poucas as vezes em que me senti intimidada por alguém por
causa da minha profissão. Uma porque eu nunca deixei; sempre soube me
impor diante de clientes, diante da sociedade. Outra por pensar
exatamente isso: eu não estava trapaceando, não estava roubando, não
recebia mensalão e vendia algo que sempre me pertenceu.
Claro que, no começo da profissão, tinha um certo pudor de tirar a roupa na
frente de estranhos, de ver estranhos sem roupa etc. Mas isso durou pouco.
Não há nada mais natural do que o corpo humano. Nem por isso a primeira
vez deixa de ser algo estranho.
#
Naquele quartinho do prive, com aquele cara que era metido a
ginecologista (veja a história em O doce veneno do escorpião), eu não
sabia direito o que fazer. Embora não fosse virgem, já havia me despido
para os namorados. Naquela situação, contudo, não tinha paixão alguma
envolvida. Não sabia o que esperar: se eu tirava tudo e ficava esperando, se
deixava rolar um clima e ele tirar a minha roupa. Muito estranho...
Eu tinha de, ao menos, fingir que dominava a situação. Como o cara não
fez menção de tomar a iniciativa, percebi que seria do jeito mais inusitado:
ele tirava a roupa dele e eu a minha, bem "profissional" (depois de algum
tempo descobri como fazer do striptease um algo a mais no programa).
Fiquei meio na dúvida se pendurava a roupa, já que o meu cliente se
mostrou bem preocupado em não amassar a dele. Clima zero... Por mais
que soubesse exatamente o que estávamos fazendo ali, as mãos subiram
automaticamente para os seios, enquanto minha calcinha sobrava em meu
corpo. Da mesma maneira, não pude evitar aquele olhar de avaliação sobre
o corpo dele. Nada era sexy. Apesar de as meias não terem furos, nada
provocava excitação. A cueca dele era normal, azul-marinho (eu tenho tara
pelas brancas). Mas não eram as minhas vontades que mandavam ali. De
cueca mesmo (ainda bem que tirou as meias. Não há nada mais brochante
para uma mulher, seja ela GP ou não, do que cara que transa de meia.
HOMENS, POR FAVOR !!!).
O corpo dele estava longe de ser feio. Porém, em igual distância estava do
que me "acende" na cama. E as minhas mãos insistiam em ficar na
defensiva. Quando finalmente consegui baixá-las, éramos dois estranhos,
quase totalmente nus, frente a frente. Por fim, ele tomou a iniciativa e me
pediu para deitar; tratou de tirar minha calcinha. Daí para a frente, já que
aquilo tudo era inevitável, eu queria mesmo era relaxar (na medida do #
possível na situação) e gozar (ou deixar ele gozar, pois a festa era dele).
Afinal, a última coisa que o cliente faz é julgar você. Por isso, a vergonha
passa logo. Estamos todos no mesmo barco.
Algumas coisas conseguiam me deixar, talvez não envergonhada, mas
tímida. Principalmente quando algum cliente me pedia algo que eu nunca
havia feito. Foi assim quando o primeiro me pediu para ser o "bruninho".
Claro que eu já sabia que isso existia, mas saber é uma coisa fazer é
outra bem diferente.
Eu até tinha achado o cara interessante, apesar de ele ser bem tímido. Pela
aliança, vi que era casado. Achei que, na hora em que ele soltasse o
"monstro" de dentro dele, teríamos um programa alucinante. No começo
até foi. Muito oral, de ambas as partes; muita pegação forte. Quando
estávamos embalados no meio de um 69, ele enfiou um dedo no meu c...
Deixei. Mas, de repente, ele puxou minha mão em direção à bunda dele
(linda, por sinal). Comecei a pegar nela, mas ele insistiu em guiar minhas
mãos e entendi: hora de fazer fio terra. E lá foi meu dedo cumprir a missão,
na boa. Não era o primeiro que me pedia.
Quando partimos para a transa, ele me pegou de jeito e meteu em mim de
quatro. Depois que gozou, falou diretamente pela primeira vez: "você topa
me comer?". "Se você deseja", respondi disfarçando bem a surpresa. Nada
a ver com julgamentos, de imaginar o cara como gay, nada. Já me armei
com o cinto especial, aquele que vem com um p... acoplado, ele ficou de
quatro e eu o comi, sem-cerimônia. E não é que o cara agüentou tudo na
boa, sem reclamar?
Mas não ficou gemendo nem fazendo frescuras. Foi macho do começo ao #
fim.
Com a freqüência com que isso passou a acontecer, logo virou rotina, coisa
banal. Outras novidades foram se somando ao cardápio de taras no meu
dia-a-dia. Foi a mesma coisa quando um cliente me pediu para fazer a
chuva dourada em cima dele. O máximo foi quando um cliente me pediu
uma chuva negra. Tive de fazer um esforço muito grande para satisfazer a
vontade dele (já que eu não estava com vontade nenhuma). Consegui
respirar fundo e vencer aquilo de alguma maneira. Até garotas de programa
têm de manter o mínimo de privacidade e de pudor em alguma coisa. No
caso das prostitutas, aprendi, nesse dia, que nem isso era permitido. Eu até
sabia que isso existia, mas esperava nunca ter de encarar... Confesso que
tive de vencer minha vergonha, me concentrar muito e lembrar, para mim
mesma, que aquilo não era eu. Tinha de tentar manter o mínimo de
sanidade para passar por aquilo sem ter de correr depois para puxar umas
duas carreiras bem batidas de pó.
Outro dia li que há muitos médicos e executivos que usam droga por causa
do trabalho. Deve existir um correspondente à chuva negra no dia-a-dia
desses caras, com certeza. Olha lá eu, já mudando de assunto de novo.
Pensando bem, não estou mudando de assunto. Por alguma razão, por mais
que fosse o meu cliente quem quisesse ser humilhado e tirar prazer
dessa estranha humilhação , eu estava indo muito além dos meus limites.
O resumo da ópera é que fiz, sim. E isso me fez muito mal. Também me
senti humilhada. Primeiro, porque tive de fazer um esforço muito grande
para vencer minhas próprias barreiras. Depois, porque essa é uma das
coisas que gostaria, se fosse possível, de apagar da minha memória. Não
me envergonho de ter feito, mas senti vergonha de precisar ter feito. #
Entendeu? Acho que nem eu.
Empreendoriissmo
Desde sempre, gosto de dinheiro. Assumo. Quem não gostar que atire a
primeira moeda (de preferência, perto do meu cofrinho). Tive uma fase
difícil, é verdade, que envolveu uma relação meio doentia com o vil metal,
que vinha desde a infância. Afinal, foi por conta dela que acabei
aprontando com meus pais, vendendo escondido as jóias da minha mãe
para poder comprar drogas e outras bobagens, apanhando muito por causa
disso e quase indo parar na Febem. O final dessa história foi eu sair de casa
para cair na vida.
Se eu já era meio rebelde quando ganhava o meu sem precisar fazer muita
coisa, na casa dos meus pais, imagina o choque de ter de trabalhar num
prive, enfrentar todo tipo de cliente (se não topasse o programa tinha de
pagar do bolso a parte que caberia à casa) e dar metade de tudo o que eu
ganhava a uma cafetina. Tudo bem que havia a casa, a estrutura, a
segurança e algumas comodidades. Mas eu não nasci para ter chefe que
dirá sócios. Ao menos não um do tipo que deixasse a parte dura do trabalho
para mim. #
Senti que eu tinha dentro de mim a semente do empreendedorismo. Resolvi
alugar um flat e, mais uma vez, saí de casa dessa vez deixando para trás,
em vez de meus pais, uma cafetina. Hoje vejo que não planejei muito, pois
o que eu queria era sair do prive. Foi tudo muito impulsivo, concordo. Não
recomendo isso a ninguém, pois a chance de dar errado é muito grande. Eu
não tinha idéia de quanto eu precisava ganhar para levar uma vida
equilibrada (financeiramente falando). Enfim, era bem amadora. Tanto que,
passado o "salto no escuro", caiu a ficha: agora, tudo era por minha conta e
risco. Só aí me ocorreu que era preciso fazer contas. Sim, tinha de saber
quanto eu realmente precisava para pagar os meus "custos fixos": aluguel e
condomínio do flat, despesas de alimentação, cuidados médicos e de beleza
(os dois últimos básicos para o meu "negócio"), transporte e como investir
a receita. Foi quando tive o primeiro susto: teria de trabalhar muito para
cobrir essas despesas e, de saída, ainda cortar alguns supérfluos. No meu
caso, eram as drogas responsáveis por boa parte dos meus gastos.
Enquanto estive no prive, mal me importava em cheirar no final da noite
quase tudo o que ganhava durante o dia: no dia seguinte viria mais. Agora,
era diferente...
Conversei com alguns amigos e também com clientes que pudessem me dar
algum toque. Eu não sabia sequer o que fazer com o dinheiro. Por vários
meses eu o guardei em um saquinho, pois nem sabia como abrir uma conta
no banco. Durante muito tempo passei pelo medo de estar com o dinheiro.
Mas isso logo se resolveu. O maior problema, mesmo, era dominar
completamente o negócio. Agora, tudo era comigo: os brinquedinhos para
os clientes, bem como camisinhas, toalhas limpas, sabonete líquido (para
nenhum cliente correr o risco de encontrar pêlos de outro cara no sabonete)
e todo o resto, o agendamento dos programas, o gerenciamento de custos. #
"Abrir as pernas", na maioria dos programas, era a parte mais fácil.
Algumas vezes, por exemplo, eu me esquecia de checar o estoque de
toalhas limpas, me descontrolava. Resultado: tinha de comprar novas, pois
não podia interromper o atendimento. No fim da minha carreira, tinha mais
de oitenta toalhas brancas. Dava para abrir um bazar. Um verdadeiro
desperdício de capital.
Para os negócios propriamente ditos, fiz também uma pesquisa informal,
basicamente um bate-papo com as "primas", para saber como cada uma se
virava. No fim das contas, eu teria de escolher entre dois "posicionamentos
empresariais" dentro do negócio: ter alto giro, oferecendo serviços por um
custo menor, ou girar menos, mas ganhar mais a cada programa.
Dei uma sondada com algumas primas desse último time. Elas chegavam a
cobrar até 500 reais por um programa simples. E tinham clientes, apesar do
preço. Segundo elas, havia muito tempo de sobra, trabalho picado em
poucas sessões por semana. Porém, eu detesto ficar sem fazer nada e já
tinha colocado em mente ganhar o máximo possível no menor espaço de
tempo. Esse ramo é como o futebol ou a vida de modelo: tem prazo de
validade e bem curto. Além disso, minha personalidade agitada não
servia para essa coisa de "ficar esperando". Eu queria que as coisas
acontecessem depressa. Fui para o giro rápido.
Espero que ninguém imagine que isso significava serviço ruim, impessoal,
do tipo fast-food. Longe disso: não é só preço que conta no meu ramo. Se
você aliar qualidade a um custo razoável e souber fazer seu marketing,
você se torna imbatível. Hoje eu sei, mas na época foi puro instinto. Como
não queria morrer fazendo programa, por mais que estivesse ganhando #
bem, precisava colocar uma meta. A minha era parar de me prostituir. Isso
me levou a um outro ponto: quanto quero ganhar e em quanto tempo? E
quanto eu consigo de lucro (o tal "receita menos despesas")? Eu já tinha em
mente a vontade de parar de fazer programas, não sem antes conseguir
juntar uma boa quantia. Tudo dependeria, então, do meu planejamento
estratégico.
Foi aí que inventei a história de fazer uma lista de tudo o que eu queria para
mim, somar o preço dos itens e pegar o total que eu queria conseguir me
prostituindo. Deu uma grana preta. Mesmo assim, resolvi dividir o
montante em quinhentas cotas. Cada vez que atingia uma dessas cotas,
depositava em um banco e riscava no meu caderno o número
correspondente à cota alcançada. Isso facilitou atingir o objetivo: não
pensar na meta final, mas ter diversas metas menores ao longo do caminho.
Deve funcionar em qualquer situação e, quando eu quiser poupar para
conseguir algo, vou repetir a dose.
Próximo desafio: eu tinha de me fazer conhecer para além dos clientes que
me acompanharam do prive. Se a propaganda é a alma do negócio, no meu
caso ela era o corpo também. Acabei anunciando em alguns sites. Dão bom
resultado, mas é tudo meio loteria. Explico: uma das vantagens que você
tem ao trabalhar para alguém é que tudo é responsabilidade do chefe, no
meu caso, do cafetão. E como um emprego normal. Se falta toalha, você
cobra do cafetão. Se acabou o sabonete para os clientes, reclame. Se um
cliente ameaça você, chame pelo chefe (ou pelo segurança). Se os negócios
não vão bem, culpa do chefe. Se vão bem, como sou "a boa".
Algum tempo depois que me transferi para o flat, numa das minhas noites
de depressão, comecei a procurar na internet algum blog que falasse sobre #
garotas de programa. No começo, queria apenas ver se todas passavam
pelas mesmas coisas que eu. Para minha surpresa, não havia muita coisa
sobre GPs além de sites com ofertas de serviços e outras bobagens. Uni o
útil ao agradável: sempre tive tara pela internet, amo computadores e passo
horas navegando. Já que não existia nenhuma GP disposta a contar sua vida
em um blog, então que eu fosse a primeira. Bingo! Ser a pioneira, como a
experiência se revelou depois, trouxe frutos que eu não esperava, de
verdade.
Na prostituição, o boca a boca conta muito (não é sexo, pô, é quando as
notícias se espalham...). Homens, apesar de dizerem que as mulheres têm a
língua solta, não resistem a contar aos outros suas transas e também a
contar vantagens. Isso já funcionava muito bem comigo, pois sempre vinha
alguém querendo conhecer a garota que foi tão elogiada por fulano ou
beltrano. Porém, quando comecei o blog descrevendo meu dia-a-dia,
minhas transas com clientes, atribuindo-lhes notas e tudo, a coisa virou
uma febre.
Em pouco mais de dois meses, o meu blog era um dos maiores sucessos da
internet. Isso fez muito bem para os negócios... Os clientes vinham até
mim, sem eu ter de correr atrás deles. Sei que isso não serve para qualquer
ramo de atividade. Mas qual GP imaginaria que a internet fosse funcionar
tão bem? A gente nunca deve desprezar nenhuma idéia, por mais estúpida
que ela pareça à primeira vista. Admito que eu mesma achei isso no
começo.
Talvez inovar seja um sinônimo para empreender. Nem sei se tem a ver
com as "bíblias" de marketing essa minha idéia mas estamos aqui
falando de instinto, de iniciativa, de aceitar os riscos e aprender sempre. E,
no fundo, de fazer aquilo que você acredita que esteja certo, tendo, porém, #
clareza de saber se está fazendo bobagem e corrigir a tempo.
Resspeiitto e Amor--própriio
Eis uma coisa que todo mundo precisa saber: respeito é a base de tudo. Sei
que as prostitutas estão no ponto mais baixo da "cadeia alimentar" da
sociedade humana. Mas não estamos sós: já vi cada barbaridade cometida
por gente muito "fina" contra garçons, arrumadeiras, motoristas de táxi... A
lista é longa.
O caminho mais fácil para deixar essas coisas acontecerem é simplesmente
deixar que elas aconteçam. O caminho mais rápido para isso é a falta de
amor-próprio. Nada como ser humilde ou saber qual é o seu lugar coisa
que escutei muito durante minha vida toda. Sabe aquela coisa de alguém
em posição subalterna puxar conversa e depois alguém perguntar: "será que
ele não sabe o lugar dele?". As pessoas não sabem como se portar diante de
pessoas que se respeitam e têm amor-próprio.
Explicando: na vida de todo mundo, sempre aparece alguém que, para se
sentir melhor, humilha o primeiro que encontra. É a teoria do "chutar o #
cachorro". O sujeito leva uma comida do chefe, desconta na secretária. Ela,
por sua vez, resolve salvar o dia dela ralhando com o boy que por sua
vez chega em casa e solta a raiva no irmão menor. O coitadinho, na falta de
alguém menos graduado, chuta o rabo do cachorro da casa.
Quando você está sozinha em um quarto com um homem estranho, você
não tem como "levantar a ficha", ficar fazendo inventário do estado de
espírito do cliente. Como saber se o sujeito está a fim de humilhá-la, de
fazê-la ser o "cachorro" da história? Para evitar saber a resposta, o negócio
é se impor. Não com arrogância, mas deixando claro que estamos no
mesmo patamar: duas pessoas que estão ali para fazer a mesma coisa.
Nunca trabalhei em uma empresa, por exemplo, mas acho que não
abandonaria minha tática.
Nas poucas vezes em que aconteceu um desrespeito comigo nas casas onde
trabalhei, simplesmente saí. Nas ruas, ando com um pouco de receio,
confesso.
Imaginem se alguém começar a me chamar de puta no meio do
supermercado? Mas isso não vai acontecer, por causa da postura. Para
quem imagina que uma ex-garota de programa é um bicho, o negócio é
surpreender: ser o mais comum possível, vestida como qualquer garota de
minha idade, comportando-me como qualquer garota.
É verdade que tive muitas primas que não enxergavam assim, e faziam de
sua agressividade um escudo. Era a tática de "o ataque é a melhor defesa".
Já vi muito isso acontecer também com amigos gays. Eles fazem questão
de, sob uma falsa capa de ser assumido, agredir antes que alguém agrida,
soltando a franga a qualquer tempo e em qualquer lugar; fazem questão de #
beijar o namorado na frente de quem quer que seja. Imaginem uma garota
de programa agindo o tempo todo como uma... garota de programa.
Chamar de tesão o caixa do supermercado, elogiar a bunda do passageiro
ao lado no metrô, chegar junto e oferecer um programa por tantos reais.
Sei lá, acho que tudo deve ter hora e lugar. Nunca me senti ameaçada
enquanto fiz programas. Teve até um cara que eu não sabia antes era
sádico e gostava de bater nas garotas de programa com quem ia para a
cama. Felizmente, só soube disso depois da transa: ele confessou, dizendo
que não tinha tido coragem de me bater, pois eu parecia uma garota
"normal"; disse que no dia seguinte ia pegar uma puta para dar uns bons
tapas. Bem, se essa desavisada não se deu o respeito, não tem amor-próprio
a ponto de não se impor, certamente realizou a fantasia do meu cliente... E
olha que nem precisa ser GP para se impor mesmo. O que eu já ouvi de
histórias de mulheres, namoradas, amantes e outras que são humilhadas,
não dá para contar. GP ou não, sou e tenho de ser mais eu.
#
Markettiing
Desde que entrei na vida de putaria, já sabia que aquela situação teria um
curto prazo de validade. Esse era apenas o primeiro passo para que eu
pudesse ser eu mesma, trilhar um caminho próprio. Meio pretensioso
quando você simplesmente abandonou o colegial, não tem nenhum preparo
para exercer profissão nenhuma ou a menor idéia do que vai fazer da vida.
Toda vez que converso com adolescentes, percebo hoje que aquele desejo
que eu tinha de ser dona do meu nariz não foi uma exclusividade da
Raquel. Ainda assim, fui dar a cara para bater. E apanhei muito, podem
acreditar. O prive foi o caminho que eu escolhi, na absoluta falta de outro.
De cara, percebi que as coisas não seriam muito fáceis, o que só fez
apressar minha decisão de sair dessa vida. Porém, aquele era apenas o
primeiro dia.
Por mais que a fantasia de fazer sexo com um grande número de pessoas,
homens e mulheres diferentes, realmente me excitasse, não queria fazer #
daquilo a minha profissão. Mas aí é que entra a sinuca de bico na qual me
meti. De um lado, o prazer desenfreado de uma vida sem limites:
literalmente, sexo, drogas e rock-'n'-roll não necessariamente nessa
ordem. E grana entrando todos os dias. De outro, uma menina infeliz, mas
sem coragem de pedir arrego para os pais, já acostumada (ou seria
resignada?) com tudo aquilo. Eu não tinha chegado até ali para nada.
Quando eu finalmente encontrei no blog uma maneira de me expressar, de
contar para as pessoas um pouco mais de mim, descobri que o que eu
queria, de verdade, era ser reconhecida. Não que eu quisesse ser uma popstar.
Porém, já que estava naquela vida, queria ser a melhor. De alguma
maneira, isso me faria diferente, menos "um pedaço de carne" ou apenas
alguém com uma história que os outros queriam ouvir. Sim, eu queria
atenção.
No momento em que o blog virou uma febre, levei um susto. De repente,
pessoas roubavam minha senha, colocavam coisas piratas no blog,
tentavam se passar por mim. Que loucura! Chegou até a circular uma
história de que eu não existia. Pode? Isso mesmo: começaram a dizer que,
na verdade, aquelas histórias todas do blog eram invenção, que a Bruna
nunca existiu, ou que talvez eu fosse um garoto, inventando tudo aquilo só
de sarro e, mesmo que fosse uma garota, não passava de balela, que
nunca havia me prostituído. Repentinamente, virei a "loira do banheiro",
quase uma lenda urbana, daquelas que "um primo de um vizinho do amigo
do meu colega de academia" tinha presenciado. Por mais que eu
continuasse a fazer de cinco a seis programas por dia. Não deixava de ter
seu lado engraçado...
Para alguém que só queria ser ouvida, a coisa saiu melhor do que a #
encomenda. Mas acendeu também uma pequena luz no final do túnel: o
medo de parar com os programas deixava de ter sentido. Eu ainda não sabia
direito como, mas tinha certeza de que o dia estava próximo.
Escrever no blog todos os dias virou um prazer maior do que todos os
outros. A droga já estava no passado. Os sentimentos confusos com relação
a meus pais e minha história, também. Eu voltei a me sentir uma pessoa de
verdade e ainda por cima querida, de certo modo.
De tanto ouvir de um monte de gente (clientes, inclusive) que eu tinha uma
cabeça marqueteira, achei que eu poderia usar a própria prostituição para
sair dela. Como? Exatamente do jeito que eu, instintivamente, já vinha
fazendo: contando minha história na putaria.
Daí nasceu o desejo de escrever o primeiro livro. Ironicamente, sabia que
ao lançar O doce veneno do escorpião eu estaria de alguma maneira
dizendo adeus à "vida fácil". Não fazia mais sentido nenhum eu continuar
nela. Parar de fazer programas exatamente na época do lançamento do livro
era a única coisa a fazer.
Todo mundo sabe (e eu vim a saber depois) que, no mundo dos negócios,
todo produto tem um ápice e, depois dele, só há a decadência. Para se
manter lá no topo é muito difícil. Mas esse era o momento da virada de
mesa. Se eu queria novas oportunidades para sair, tinha de ser no auge. Se
eu queria uma oportunidade para realizar outra coisa na minha vida, tinha
que ser nesse momento.
O inesperado sucesso do livro me abriu uma série de portas, por meio das #
quais minhas idéias podiam florescer. Falo de me tornar uma businesswoman,
licenciando minha marca, criando a linha de sabonetes, tendo
tempo para pensar em palestras. Mesmo que eu tivesse voltado a ser a
Raquel, aprendi que tinha um produto que todo mundo queria: Bruna
Surfistinha. Também sabia que, depois disso, ela não precisava mais se
prostituir.
Sei que essa coisa de fama é passageira. Cabe a mim, então, concretizar
projetos para que ela continue andando. A chance para dar o primeiro
impulso foi dada. Vou agarrá-la com todas as minhas forças, com meu
instinto e, claro, com o marketing. Sei que muita gente acredita que (e
alguns até torcem para) eu vá tropeçar. Pode até acontecer. Ninguém sabe o
dia de amanhã. Mas podem acreditar: voltar para a prostituição seria a
última alternativa e não a primeira, como aconteceu aos 17 anos.
E estranho saber que as pessoas querem saber tudo sobre você. Basta ver a
curiosidade em torno do filme que vão fazer com base no livro O doce
veneno do escorpião. Minha maior preocupação, hoje, é viver isso sem
deixar que tome conta de mim, me deslumbre, interfira na minha vida com
o João Paulo. Talvez eu tenha me livrado dos programas, mas não sei se
poderei, algum dia, deixar de ser uma "personagem", que é quem viverá
esse lado do glamour. Enquanto isso, Raquel continuará a levar sua vida do
jeito que gosta: amando e sendo amada, rindo, brincando, chorando,
sentindo saudades, procurando redenção. Como qualquer ser humano sobre
a face da Terra.
#
Compenssaçõess
Um dos maiores enganos que cometi na vida foi entrar naquelas de me
"compensar" por tudo de ruim que me acontecesse. Com certeza não é
nenhum pecado mortal você se dar algo de presente depois de um dia ruim.
Sei lá, comprar um chocolate e sair da dieta, ir a um bom restaurante,
comprar uma roupinha nova. Mas isso, no meu caso, virou uma coisa
cotidiana, como se todos os meus dias fossem ruins (e alguns eram, como
os de qualquer pessoa). Minha vida se transformou numa seqüência de
"365 dias ruins por ano" que se refletiam, também, nas minhas finanças
pelos 12 meses seguintes. Demorei a entender isso e quem pagou o pato
foi minha conta bancária, fato que também quase me custou a vida.
Porém, pior do que abrir um rombo nas minhas contas, eu perigosamente
criei uma falsa contabilidade para a minha vida. Como nem comidinhas
nem os presentinhos que me dava regularmente tinham mais o efeito de #
aliviar a barra, a droga virou o ponto de equilíbrio no balanço diário da
minha vida. Enfim, eu estava infeliz todos os dias. E todos os dias eu
recorria às drogas.
A passagem da maconha do Bandeirantes para a cocaína nos outros
colégios foi um pulo que nem eu sei precisar muito bem. A primeira vez foi
uma pilha só. Eu estava extasiada pelo efeito, pelo brilho, pelo jeito de a
cocaína deixar você ligado. Claro que isso tudo deve ter se potencializado
com a explosão de hormônios própria da adolescência, quando seu corpo e
sua mente reagem ao extremo a qualquer estímulo com a violência de um
tsunami.
Mas a ladeira desenfreada que eu desci só foi acontecer mesmo no prive.
Até porque, lá, eu ganhava para sustentar o vício. Um programa ruim?
Drogas. Ficou de bode? Drogas. Recebeu um olhar atravessado de alguma
prima? Drogas. Sempre escondida, como se o que eu fizesse para ganhar a
vida, também escondida, já não fosse o bastante. Que ironia: criar um
esconderijo dentro do esconderijo. Caso para análise na veia. Ops, no diva.
Cada carreira que eu cheirava e cada beck que eu queimava me tiravam da
realidade momentaneamente, me faziam esquecer um pouco tudo o que
acabara de viver. O que eu realmente gostava nas drogas, naquele ponto da
minha vida, não era a loucura, mas o torpor. Conseguia sair de dentro de
mim mesma por alguns instantes.
Lá no prive tudo era organizado, por mais que a cafetina não soubesse
ou fingisse não saber: o mesmo traficante, conhecido de todas nós, fazia
entregas regulares, sem perigo. Eu nem precisava sair: as drogas chegavam
até mim. No máximo, ia buscar na esquina. Mesmo quando eu estava sem
dinheiro, elas vinham e eu me endividava. Mas não queria nem saber. #
Eu precisava daquilo como de oxigênio. Um dia sem drogas era um
martírio absurdo. E eu "viajava", mergulhava de cabeça naquela sensação
louca. Muitas vezes, eu viajava imaginando que nada na minha vida tinha
acontecido de verdade. O real passava a ser o estado de barato total, e a
vida, uma bad trip.
Na verdade, nem sempre era bom. Tinha as bad trips de drogas também,
bem mais comuns do que as good trips. Demorou muito tempo até eu ter
clareza de que se drogar quando você não está bem só reforça o mal-estar.
Mas eu perseguia, claro, a sensação única da primeira vez. Mesmo assim,
eu já havia sido pega pelos dois pés e não conseguia me mover um
milímetro de onde me encontrava paralisada.
Eu perdia o controle sobre mim, sem a menor condição de reagir, só de me
deixar levar. Quando eu voltava, estava um caco, não gostava nem de me
olhar no espelho, pois aquilo não era eu nem o que eu queria ser ou parecer.
No entanto, tudo aquilo foi, durante muito tempo, mais forte do que eu. Até
que me decidi, depois de um grande susto, a parar de vez.
Quando voltei à consciência, depois de uma over-dose, cheguei a imaginar
que tivesse morrido e ido para o céu. Quem segurou essa barra comigo foi a
Gabi, uma grande amiga, de verdade. Depois eu falo um pouco mais dela.
Tive vontade de me jogar pela janela, tive ímpetos de quebrar tudo. Parecia
o Taz, aquele bicho do desenho animado. Quando passava o pico da
paranóia, e mesmo durante os surtos, Gabi esteve lá. Isso foi muito
importante. Claro, ela também foi muito corajosa.
Nessa ocasião eu aprendi, do jeito mais doloroso, que o caminho de volta é
ainda pior que o de ida para as drogas. Afinal, não havia nada que me #
tirasse, nem mesmo momentaneamente, daquele inferno da abstinência que
se somasse às minhas neuras preexistentes. Foram visões, desesperos e
aflições infundadas, boca seca, corpo trêmulo, você não consegue nem
comandar seus pensamentos, que viajam por tudo isso sem que você possa
fazer nada. Era um pesadelo, eu sabia que era um pesadelo, mas, ao
contrário dos pesadelos, eu não acordava quando descobria que era apenas
um pesadelo. Tudo aquilo era real.
Quando as drogas se tornaram página virada na minha vida, eu sabia
também que teria de colocar um ponto final na prostituição. Por mais que
olhar para a frente e não enxergar uma saída fácil, e, mesmo assim,
caminhar em direção a esse cenário desconhecido possa parecer suicídio.
Era exatamente o contrário. Eu precisava deixar tudo isso para trás a
grana fácil (no sentido de que vinha todos os dias), os horários flexíveis,
entre outras pequenas vantagens que me escravizavam e pensar no resto
da minha vida.
Fico imaginando as pessoas que, em vez de se afundarem no pó ou em
outros entorpecentes, enfiam o pé na jaca com comida ou outras
compulsões. Igualmente devastador... Até mesmo amor demais pode ter
esse efeito destrutivo. Conheci pessoas que se anularam por causa de amor
mesmo que migalhas de atenção, recebidas em doses homeopáticas de
suas "paixões", fosse tudo o que tivessem de volta. Mas era o bastante para
elas ou assim preferiam acreditar. Tudo muito parecido com o efêmero
prazer das drogas: por um instante, elas tinham o dom de me tirar do olho
do furacão, que era ser eu mesma.
Uma coisa que me empurrava para essa espiral maluca das drogas com
muita força era um fato que eu, na verdade, deveria comemorar: a entrada #
de grana todos os dias. Se eu me drogava para esquecer como era o meu
dia, eu dependia exatamente dessa vida para ter o "alívio" das drogas. E
permanecia um pensamento de que "sempre haverá mais amanhã". Mais
prostituição, mais grana e mais drogas.
O que mais vicia na prostituição, ao menos com garota de programa com
agenda cheia, é o dinheiro que entra todos os dias. Basta querer trabalhar.
Tudo bem que, em alguns casos, das poucas amigas que fiz durante minha
carreira de GP, mudar de vida virou um pesadelo ainda maior. Imagina ter
de sustentar família, por exemplo, e ganhar 600 reais por mês numa loja de
shopping quando isso você conseguia em uma tarde de trabalho. Sei que
a minha trajetória para mudar de vida não é parâmetro. Tem a questão do
livro, da fama, coisas que abrem portas para saídas mais honrosas e que
ajudam a ganhar a vida sem perder tanto nos rendimentos. No entanto, para
essas poucas amigas... Olha eu mudando de assunto de novo!
No mundo em que vivi, cansei de ver gente tentando, a qualquer custo, dar
"a cartada", aquele golpe de sorte para garantir grana e vida realmente
fáceis. Sempre tem alguém tentando passar o outro para trás. No caso das
primas, o velho e bom sonho de encontrar um cara mais velho (de
preferência beeem mais velho), rico e que, mesmo sem muito fôlego para o
rala-e-rola, caia de amores por ela, a ponto de "adotá-la" ou literalmente
casar com ela. Quando isso não acontecia, bastava tirar grana da bolsa de
uma prima mais descuidada como eu, por exemplo. Por isso não dá para
fazer amizades. Ou pelas diferenças pessoais, como em qualquer trabalho,
seja pela inveja, sempre presente, seja pelo simples fato de que há mundos
muito diferentes, mesmo dentro dos limites de um clube prive recheado de
prostitutas.
#
O que lamento nessa roda-viva é o fato de que, se não fosse a "loucura" das
drogas, eu teria conseguido juntar muito mais do que juntei. Isso vale para
todo mundo. Sabe aquela coisa de "crediário a perder de vista?". Pois é: a
gente nunca pensa em quanto está gastando, mas apenas em se
conseguimos pagar a bendita prestação. Isso tira da gente (ao menos tirou
de mim, por muito tempo) a perspectiva de longo prazo. Acabamos nos
rendendo ao prazer imediato, ao aqui e agora, se compensar com uma
felicidade fugaz e não percebemos que apostar no futuro pode valer a
pena. Vale o velho ditado: vem fácil, vai fácil. Por mais que o "vem fácil"
não seja de todo tão "fácil"...
Diiverssão
A gente ganha pouco, mas se diverte. Bem, não era esse o meu caso, já que
levantava bons rendimentos com o meu trabalho. Mas o lado da diversão
foi realidade. Eu entrei sem muita experiência no negócio (para não dizer
quase nenhuma). Imaginem a quantidade de fantasias que povoavam minha
cabeça de 17 anos quando descobri que poderia também realizar as minhas
fantasias sempre quando se encaixavam na fantasia do cliente. Afinal, o
cliente é quem manda.
Uma das minhas fantasias eu só consegui realizar depois de uma pequena
intervenção do bisturi. Sim, foi quando coloquei o silicone e pude,
finalmente, oferecer a tal "espanhola". Morria de inveja das mais fornidas,
que eram escolhidas pelos clientes apenas por aquele atributo mesmo
que não fossem as mais bonitas, nem as mais gostosas, nem as mais #
aplicadas na arte do sexo profissional.
Tudo bem que, depois de algumas vezes, confesso que perdeu um pouco a
graça. Mas foi uma fantasia realizada. É muito curioso você ver o p... duro
aparecer e sumir entre os seus peitos, como se você estivesse vendo uma
transa de dentro da vagina. Fora que a mulher se sente realmente poderosa,
segurando os seios, apertando para que eles fiquem bem juntinhos para uma
transa completa.
Outra fantasia que realizei no exercício da profissão foi a suruba. Nunca
teria coragem de juntar um bando de amigos e fazer uma nem em sonho.
Então, que seja com um bando de clientes e, na pior das hipóteses, também
com outras primas. E assim foi. Eu me senti a cerveja mais gelada da praia
naquela hora. Um monte de p... duros por minha causa, p... por todos os
lados. Um em cada mão, um na boca, um na bu... e, às vezes, um também
no c... Não digo que seja uma coisa para se fazer todos os dias, mas que
todas as vezes em que rolou valeu a pena, ah, isso valeu.
Eu nem desconfiava que tivesse esse fetiche, pois realmente nunca havia
me passado pela cabeça: dominação. Não, eu não curto ser dominada.
Descobri que prefiro dominar. Nada de dor, coisas hard. Porém, na
primeira vez em que um cliente me pediu para xingá-lo, para bater nele,
comecei meio tímida. De repente, me senti poderosa. Arranhei, dei tapas,
xinguei, dei ordens. "Me chupa", dizia, enquanto pegava com as unhas a
cabeça dele e enfiava no meio das minhas pernas, apertando até sentir que
ele sufocaria sem ar. Depois, dominava a transa, prendendo os braços dele
para não poder se mexer nem se defender. E um tesão muito diferente ter
alguém à sua mercê. E mandar ele não gozar enquanto você não gozar e
ele obedecer. Nem sei direito o que me deu, mas a sensação foi #
maravilhosa.
Representar o papel de bruninho, mesmo que não fosse, ao menos para
mim, o mais excitante, foi uma fantasia que me agradou. Nas vezes em que
dei minha bundinha, ficava pensando se o cara seria tão "enérgico" e
desajeitado se soubesse como pode ser dolorido, se não for feito direito,
com jeito e com carinho. Cada vez que me pediam o bruninho, a sensação
de dominação batia de novo. E lá ia eu, sempre poderosa. Claro que nunca
machuquei ninguém (não tenho essa fantasia, mesmo). Mas que bate uma
sensação de poder, isso bate.
No fim do meu tempo como GP, posso dizer, com toda segurança, que
realizei também as minhas fantasias. Não vou dizer que eram muitas em
princípio, porém se tornaram fetiches a partir do momento em que, ao
colocá-las em prática, descobri prazeres insuspeitos.
#
Fattalliidade
"Isso nunca me aconteceu antes." Costumo brincar que dinheiro fácil não
existe nem quando o cliente brocha. Afinal, você precisa tentar até o fim
fazer com que funcione... Mas não queria chorar pitangas. Era outra coisa
que eu queria contar.
Eu realmente não acreditava que homens podiam falhar. Nas minhas
poucas experiências com homens antes de virar GP, todos sempre me
pareceram ter nascido de p... duro. Quando isso aconteceu comigo pela
primeira vez (e só aconteceu comigo profissionalmente), não entendi. Por
mais que eu fizesse, que chupasse o cara, que tentasse masturbá-lo, que
fizesse tudo o que estivesse ao meu alcance, tive minha estréia na cena do
"isso nunca aconteceu comigo antes". #
Na hora, é bem verdade que passei do estado de saco cheio a um pouco
insegura. Será que eu estava fazendo algo errado? Seria como uma mulher
ir ao salão de beleza e sair mais feia e desarrumada do que havia entrado.
Senti um misto de pena e de frustração. Conversei com algumas primas,
mas elas definitivamente não tinham sensibilidade para discutir seriamente
o assunto. "Larga a mão de ser boba. Se o cara brochou, melhor para você,
que ganha sem trabalhar", dizia uma. "O cara não dá no couro e fica se
enganando, vindo em um puteiro", criticava outra.
Eu sabia bem o que era transar sem estar com vontade ou com tesão.
Porém, no meu caso, valia a velha máxima de "abrir as pernas" (óbvio que
depois de chupar, ser chupada, masturbar...). Confesso que sentia pena,
mesmo, de um cliente quando isso acontecia. Eu, ao menos, não tinha de
"ficar de pé" na hora de transar...
Imagino o que passa pela cabeça de um homem quando isso acontece...
porque é a ocasião em que ele saca a pior das frases. Sim, aquela do "isso
nunca...". Sei lá, o cara podia estar estressado, com problemas, realmente a
fim de uma boa trepada, mas "as cabeças" não ajudaram. Fiquei um pouco
incomodada com a postura das primas, mas sei que é quase a mesma que
têm namoradas, esposas, amantes e afins: diminuir o homem. Caramba, se
um cara brocha comigo na cama, vamos evitar essa saia-justa, sem fazer
drama, sem esticar a conversa. Tem tantas coisas que são gostosas de fazer
antes e depois do sexo.
Eu criei um método muito pessoal (e profissional) de encarar essas
situações: eu simplesmente fingia que estava tudo bem, continuava
investindo nas preliminares, deixava o cara à vontade para continuar me #
chupando na bu..., na bundinha, nos peitos, e tudo virava uma brincadeira.
Sempre funcionou. Depois, engatava um papo para descontrair, caso não
chegássemos mesmo às vias de fato. Conversa light, sem chegar a tocar
nesse assunto tão delicado.
Era raro um cliente que brochasse comigo não voltar uma segunda vez,
mais seguro, disposto e, claro, duro. Ainda não aconteceu isso na minha
vida "civil". Mas, se acontecer, já sei como lidar.
Preconceiitto
Eu sinto o preconceito na pele, desde a infância. Por ter sido uma criança
obesa, cresci escutando piadinhas e apelidos maldosos das pessoas ao meu
redor. Quando somos crianças, a nossa ingenuidade não nos permite
compreender o motivo pelo qual as pessoas não nos aceitam do jeito que
somos. Para falar a verdade, muitas pessoas também não aceitam as
diferenças dos outros, mesmo quando adultas. Eu tinha poucos amigos e,
pelo fato de não ter auto-estima, também não procurava conviver num
grande círculo de amigos. Não era convidada para brincar na hora do
recreio e as crianças me isolavam.
Quando coloquei na cabeça que precisava emagrecer para ser aceita, perdi #
pouco mais de vinte quilos. Passei a ser um padrão de beleza, como as
pessoas costumam dizer, mas eu não era feliz. A minha felicidade era
comer horrores e sentir prazer com a comida. Na adolescência tive bulimia
por causa deste trauma que carreguei da infância. Mudei minha maneira de
ser por causa das pessoas ao meu redor.
Quando nos mudamos para São Paulo e fui estudar no colégio
Bandeirantes, me tornei patricinha (vulgo patty), usava apenas roupas
caras, da moda e de "marca". Senti o preconceito novamente na pele,
embora eu reconheça o quanto era metida, pois queria mostrar para as
pessoas que eu era filhinha de papai. Eu era feliz assim, gostava de abrir o
meu armário e apreciar as minhas roupas. Eu andava apenas com pessoas
que, se não eram patricinhas ou mauricinhos legítimos, se consideravam
como tal. Mas ouvia comentários maldosos das turminhas que não faziam
parte da minha. Nessa época eu nem me importava, empinava o nariz e saia
andando.
No entanto, continuava não entendendo o porquê de as pessoas não
respeitarem o modo de viver dos outros.
Alguns anos depois, me tornei garota de programa e, dessa vez, senti o
verdadeiro preconceito na pele. Ser considerada apenas um "pedaço de
carne", vagabunda e sem caráter, foi algo que doeu no inicio, até que
apertei o botãozinho do "foda-se". Hoje tenho autoconfiança e sei que não
sou nada disso.
No final, quando eu já estava na mídia, os clientes passaram a me respeitar
mais, pois viram que existia um ser humano atrás da Bruna, a prostituta que
eles usaram. Os comentários que ouço, os milhares de e-mails que recebo, #
são muito gratificantes para mim. Ainda mais quando comentam que, após
lerem o meu livro, mudaram de opinião quanto à prostituição. Muitos
dizem que eu consegui acabar com o preconceito deles.
Por outro lado, o preconceito ainda existe. Mesmo quando eu ainda era
prostituta, sei que muitos clientes enchiam a boca numa mesa de bar entre
amigos (principalmente quando havia mulher por perto) e falavam mal das
prostitutas, xingavam-nas de todas as maneiras possíveis, mas quando a
cabeça de baixo falava mais alto, lá iam eles procurar por alguma
profissional.
No fórum GP Guia, onde eu sempre estive em evidência, os homens
competem com quem é mais macho. Ao mesmo tempo que considero algo
hilário, acaba sendo patético. Palavras escritas por eles acabam se tornando
uma grande contradição. Num tópico aberto um tempo atrás tinha o título:
"E se você descobrir que a sua filha é GP?". Eram respostas horrendas,
Deus me livre ter um pai como esses! Embora o meu pai não tenha tido
uma atitude muito diferente.
A verdade é que muitos homens pagam por sexo, na maioria casados e com
filhos, mas não aceitariam de maneira alguma a possibilidade de ter uma
filha prostituta. Saber que a mulher que eles escolheram para subir ao altar
e a quem juraram fidelidade e amor até que a morte os separe, foi, no
passado, antes de conhecê-lo, uma profissional do sexo? Nem pensar! Para
a maioria desses homens é como se tivessem levantado a tampa do caixão.
E esse preconceito é muito estranho porque quem não gosta de
homossexuais não freqüenta boates GLS; por outro lado, quem não aceita
uma prostituta na família, freqüenta o mundinho da prostituição com a #
maior cara-de-pau.
Eu tinha preconceito com a prostituição até sentir na pele o que é ser uma.
Tive de aprender que a vida de uma garota de programa não é tão fácil
quanto parece ser.
Talvez estes homens não aceitem um parente que venda o corpo, porque
sabem o quanto que esta opção de vida seja difícil. Muitos tratam as
prostitutas como objetos e não gostariam de imaginar a filhinha tendo o
mesmo tipo de tratamento. Essa talvez seja a explicação mais fácil, ou pelo
menos, a que eu prefiro acreditar.
Para quem não faz parte da prostituição, seja de forma direta ou indireta, é
muito fácil julgar. Nestes longos quatro anos, percebi que o preconceito
diminuiu bastante, talvez eu tenha uma ponta de culpa nisso. Fico feliz cada
vez que escuto: "Eu tinha preconceito, mas depois de ler o seu livro,
comecei a respeitar as prostitutas".
Mesmo assim, quem ainda julga ou critica acaba pegando muito pesado na
forma de se expressar. Apesar de não ser mais garota de programa, ainda
sofro esse preconceito, seja por pessoas que não acreditam que existam
"ex-prostitutas", seja por pessoas que ainda condenam o meu passado.
Além disso, percebo que muitas pessoas ficaram chocadas com o meu
sucesso. "Mas como assim?" se perguntam. "Como pode ter alcançado o
sucesso por ter sido prostituta?" Eu li vários comentários em que diziam a
mesma coisa: "Este mundo está perdido!".
Eu e o João Paulo também sofremos preconceito por causa da nossa
relação. Mas posso dizer que tem sido muito bom, pois é o que fortalece o #
nosso amor. Muitos amigos, que se diziam amigos dele, nos criticaram.
Mas esse obstáculo que enfrentamos juntos é uma prova de amor. Se ele
está comigo, independentemente da aprovação das pessoas, é porque ele
realmente me ama.
O preconceito ainda existe, seja por cor, ética, crença ou opção de vida.
Mas é preciso mudar, pois ninguém é melhor do que ninguém.
Na verdade, e sendo muito sincera, o preconceito atual não me incomoda.
Eu vivo a minha vida e nunca deixaria de agir naturalmente só porque há
preconceituosos de plantão. Continuo com a mesma opinião de quando
ainda me prostituía: Ninguém paga as minhas contas, sou feliz da maneira
que vivo, o corpo é meu, a vida é minha, me abalar por quê? Assumo que
no começo não foi fácil, demorei para aprender que é impossível agradar a
todos.
O que me incomoda de verdade é a hipocrisia das pessoas. Isso me tira do
sério. O que mais vejo são seres humanos que se fazem de santos. Tudo
bem que são santos do pau oco, porque duvido que alguém tenha um
passado limpo, sem nenhum erro cometido. E acaba até sendo engraçado, e
até patético, saber que esses "santos" são os que mais me criticam.
E isso envolve tudo, desde mulheres que se prostituem por debaixo dos
panos, que estão na mídia, mas se fazem de sonsas quando o assunto é
prostituição. Eu não faço auê, finjo que não sei de nada, mas fico pasma
com tanta hipocrisia! Mas olho querendo dizer: "Eu sei, querida, que você é
prima. Você não me engana!". E não me engana mesmo. Eu poderia
escrever uma lista dessas mulheres, algumas tenho como provar, já outras
não, e até explicar que focinho de porco não é tomada, estarei respondendo #
por processos. Sim, porque estas mulheres morrerão sem ter assumido.
Também não acho justo dar nome aos bois ou às vacas, como queiram.
Brincadeirinha. A vida é delas, se querem ser santas para a sociedade, que
sejam felizes desta maneira, desde que não fiquem jogando pedrinhas em
mim, pois são as que menos me atingem. E digo mais: quem tem teto de
vidro, pelo que eu saiba, não pode jogar pedras nos outros...
Quantas pessoas criticam, enchem a boca para falar mal das prostitutas,
mas não sabem que muitas vezes têm uma pessoa querida que é, mas
esconde. No mundo da prostituição trabalhei com muitas meninas que eram
casadas ou que tinham algum parceiro que desconheciam sobre a profissão
delas. A maioria das meninas, na realidade, esconde dos familiares e dos
próprios amigos. Há algumas mulheres que atualmente são casadas, vivem
de modo completamente diferente. Então, antes de criticarem, tenham a
certeza de que não há nenhuma pessoa que você considera querida que não
seja. E fácil criticar as vidas alheias sem olhar para o nosso próprio umbigo
ou ao nosso redor....
Ninguém até hoje teve a coragem de me criticar olhando nos meus olhos,
por que será? Covardes essas pessoas, não?
Além disso, a mídia, quando a "bomba" surgiu de que eu teria participado
de uma traição, tratou da situação como se fosse o único caso do mundo,
como se ninguém nunca tivesse escutado a palavra "traição" ou
desconhecesse o significado. O preconceito entra novamente, fizeram da
nossa relação uma questão que abala a sociedade: "Você trocaria a sua
esposa por uma prostituta?". Me poupem, né? Então se eu tivesse sido a
estagiária, secretária ou sei-lá-o-quê dele, tudo bem ele ter traído? Teria #
sido mais normal para você?
O que nós mais vemos nas revistas de fofocas são casos de traição. Em vez
disso, por que não se preocupam em passar informações sobre como
superar problemas conjugais, como haver conquistas diárias numa relação?
Sim, porque num relacionamento estável ninguém pode se acomodar, é
preciso haver conquistas diárias. Ou, então, por que não passam dicas
sexuais, de comportamento, orientação para que as relações fixas se tornem
melhores? Enfim, que passem aos casais informações positivas para que
ninguém desista do amor. Não seria mais digno?
Quanto a esta situação que vivo, só posso dizer que estou com a
consciência totalmente tranqüila. Não roubei marido de ninguém. A
impressão que dá é a de que, certo dia, eu toquei a campainha do
apartamento do casal, amordacei a fulana, puxei o marido à força para
morar comigo. E a realidade é completamente diferente. Para começar, não
nos apaixonamos da noite para o dia, e o nosso amor também não nasceu
do nada. Foram quase cinco meses de uma amizade linda, com muita
cumplicidade, coincidências (para não falar destino) e muitas conversas.
Sabíamos que alguém sairia machucado desta história, mas resolvemos,
juntos, seguir o nosso coração.
A nossa história é muito bonita, não chega a ser um conto de fadas, mas
posso dizer que nos reencontramos. Seguimos caminhos diferentes durante
algumas décadas e nos encontramos.
Além disso, eu tenho uma teoria: Quem ama, cuida. E quem ama, não trai.
E para um bom entendedor, nesse caso, uma frase basta.
#
Ninguém queira se fazer de coitadinho ou de injustiçado. Ninguém é
melhor do que ninguém. Chorar pitangas pra quê? O mundo dá muitas
voltas...
Fama
Uma das coisas que aprendi muito rápido sobre a fama, além de ela ser
absolutamente efêmera e muito gostosa, é que até mesmo as pessoas que
ajudaram você a chegar lá vão trabalhar para derrubá-lo. Tem outra: nem
todo mundo que lhe sorri é seu amigo; não existe freio para a invasão de
sua privacidade e por aí vai.
Eu nunca quis expor ninguém. Não citei o nome de pessoa alguma no meu
primeiro livro. Mas sempre chega alguém para pegar carona no seu bonde
já em movimento e para sentar na janelinha. Tudo bem que qualquer
história tem dois lados. Porém, há coisas que me deixaram muito triste, #
abalada.
Eu estava tentando me reaproximar de meus pais por intermédio de meu
cunhado. Um processo delicado, dolorido, em que as vitórias vêm aos
poucos e demoram uma eternidade para acontecer. Por isso, queria deixálos
afastados de toda aquela avalanche que havia tomado conta da minha
vida. Se eu resolvi me mostrar para o mundo todo, ninguém tinha de passar
pelos constrangimentos que vêm em decorrência disso. Principalmente
meus pais.
Houve uma passagem totalmente desonesta da produção de um programa
de TV. Eu sempre tive muito cuidado para não deixar que pessoas que não
fossem de minha total confiança soubessem que o Pedro se chama João
Paulo, o nome real da Gabi, minha melhor amiga, e o dos meus pais. No
caso dos dois primeiros, a coisa é até fácil. Mas o nome dos meus pais está
nos meus documentos...
Por causa desse pequeno detalhe, toda vez que eu precisava enviar meus
documentos para algum programa, para autorizar o uso de imagem, por
exemplo, eu tomava o cuidado de enviar uma fotocópia, com o nome deles
coberto. No caso de fax, tomava a mesma precaução. Mas houve um dia em
que cheguei em uma emissora e me disseram que, por alguma razão,
precisariam do original. Na hora, meio sem saber o que fazer ou dizer,
entreguei. Nunca imaginei que eles pudessem usar aquela informação de
forma tão baixa...
Pois não é que, alguns dias depois, ao falar com meu primo, soube que cada
milímetro de avanço que havia feito na direção de me reaproximar de meus
pais havia sido tragado pela produção daquele programa que, com o nome #
de meus pais, fizera uma busca na lista telefônica e havia tentado fazer
contato?
A coisa ficou ainda pior quando duas viaturas, uma da Rede TV! e outra da
Bandeirantes passaram a ficar estacionadas na porta do prédio dos meus
pais, esperando um furo de reportagem, flagrar alguém da minha família ou
até mesmo conversar com eles. Ainda bem que, com o tempo, desistiram.
Porém, o estrago estava feito. Os mínimos avanços que eu pudesse ter feito
foram todos por água abaixo. Claro, e com toda razão, meus pais achavam
que eu é que os estava expondo. Eu pensaria a mesma coisa.
Minha tristeza também não foi menor quando tentaram expor a vida do
João Paulo, levar seu nome e de sua família para a lama, fato que teve
caráter tão íntimo. Se o João Paulo quisesse contar para o mundo todos os
detalhes de sua vida antes de estarmos juntos ou mesmo de nossa vida
em comum , caberia a ele fazê-lo.
Um dos primeiros programas ao qual fui logo que O doce veneno do
escorpião foi lançado foi o do Jô Soares. E o João Paulo foi comigo. Nos
bastidores, ficou acertado com a produção que ele não apareceria. Na hora
de gravar, ele foi levado pela produção até a platéia e o colocaram em uma
cadeira, como qualquer outro. Fiquei em pânico quando vi que havia uma
câmera bem ao lado dele, naquela escadinha da platéia. Mas resolvi não
encanar. Afinal, esse era o combinado. E o combinado não é caro nem
barato; apenas o combinado.
A entrevista foi tensa, pois admito que não fico à vontade na TV e o Jô
não ajudou nem um pouco. O pior ainda estava por acontecer: o Jô
pergunta sobre o Pedro. Respondi que estávamos juntos. Não é que o Jô #
resolve perguntar se ele estava na platéia? Sacanagem. Ali, naquele
momento, se eu tivesse um pouco mais de presença de espírito e não
estivesse tão nervosa, pediria para parar a entrevista. Aquele não era o
combinado.
João Paulo foi apanhado de surpresa, assim como eu. Nem deu tempo de
dizer se ele estava ou não na platéia e eu já vi o rosto dele no monitor. Do
jeito como o Jô conduziu a conversa forçada com ele, ele acabou mentindo
a respeito de sua profissão: disse que era empresário. O Jô ajudou para que
tudo parecesse pior. Da maneira como brincou com o termo "empresário",
o João Paulo ficou parecendo meu cafetão...
Na seqüência dessa exposição em cadeia nacional, não foi difícil chegar à
ex-mulher dele. Ela tem todo o direito de ir aonde bem entender, se expor
da maneira que bem entender. Eu realmente consigo compreender o
sofrimento dela. Mas nunca tripudiei ou fiz algo parecido. Nem o nome
verdadeiro do Pedro as pessoas sabiam naquela época. Tampouco o nome
de qualquer pessoa que citei no livro. Respeitei tudo isso.
Ela acabou sendo "descoberta" pela mídia, posando para a Playboy, numa
foto bem produzida, de bom gosto, para uma matéria que expunha a todos
nós (ela como vítima, o João Paulo como um vilão ou uma vítima de uma
prostituta, e eu, claro, como a própria), com o título: "Você trocaria esta
gata por uma garota de programa?". Eu realmente não tenho nada contra o
desejo dela de expor a própria versão da história mesmo que eu não
tenha falado nada sobre ela em entrevistas ou no primeiro livro. Eu havia
tomado todos os cuidados possíveis para que ninguém se machucasse... O
doce veneno do escorpião nem de longe fala dela ou do fim do seu
casamento. Enfim... #
Eu havia ido ao programa da Luciana Gimenez e batera recordes de
audiência. Tanto que o programa foi reprisado algumas vezes, com sucesso.
Ela tocou no assunto de traição, entre outros. E não é que ela usou tudo isso
contra mim, quando levou a ex-mulher do João Paulo ao programa?
Caramba, eu virei a madrasta da Branca de Neve ao vivo, em rede nacional.
O que mais me deixou abismada foi a capacidade de a Luciana fazer caras e
bocas de espanto com a história que ela contou. Logo ela, que também
"destruíra" um casamento de anos ao engravidar de um roqueiro! Não que
eu ache isso anormal. Essas coisas acontecem. Mas querer subir o Ibope à
custa de hipocrisia? Sem comentários...
Aliás, hipocrisia é o que não falta nesse mundinho da fama. Teve outro
apresentador que também me deixou apavorada quando fui responder a
algumas perguntas no seu programa. E olha que, mais uma vez, o Ibope foi
alto.
Pois bem, ele me perguntou sobre muitas coisas que estavam no livro e
confrontou várias declarações que dei em diversas entrevistas. Mas havia
uma pergunta que eu achei que ele não faria. E ele fez. Acho que até minha
pressão caiu, porque eu senti um frio absurdo, mesmo dentro de um estúdio
e com um monte de refletores em cima de mim.
Ah, você quer saber qual era a pergunta? Era uma pergunta simples. Em O
doce veneno do escorpião, eu conto sobre uma transa com um apresentador
de televisão. E ele queria saber quem era. Eu deveria ter sido mais corajosa
e dito: "Vai dizer que você não se lembra?". Não tive coragem na hora...
Não se trata de vingança; apenas para mim nada disso tem importância.
Principalmente no meu caso, que assumo absolutamente tudo o que faço e #
não jogo com a verdade de ninguém.
O tal apresentador não entrou em contato diretamente comigo. Alguém da
produção ligou e ficou me azucrinando até a data marcada. Todos os dias,
essa pessoa ligava e dizia que eu precisaria ser muito discreta e que não
poderia comentar nossa transa com ninguém. Até entendo a preocupação
do sujeito, mas será que precisava ligar para dizer a mesma coisa todos os
dias? Bem, o programa com o apresentador foi extremamente estranho,
supermecânico. Eu detestei. Não aconteceu nada de mais picante ou
diferente. O curioso é que, depois de tanta amolação, todos os funcionários
do flat viram ele ali... E todos sabiam para que, né?
Atendi a vários famosos, mas não gosto de ficar falando sobre isso. Já
conversei com outras garotas de programa sobre essa história de atender a
celebridades. O que não faltam são histórias, mas não dá para saber se
todas são verdadeiras ou não. Muitas meninas adoram encher a boca para
falar que transaram com algum famoso. Há alguns deles que se destacam
na putaria. Como já ouvi muitas histórias parecidas, contadas por primas
diferentes, acredito que sejam verdadeiras.
Mas esse deslumbramento não faz a minha cabeça. Sempre tratei todos os
meus clientes, famosos ou não, da mesma maneira. Já tive até problemas
por causa disso. Um jogador de futebol ficou chateado porque eu não o
reconheci quando ele chegou ao meu apartamento. Foi uma cena patética.
Preciso dizer que eu tinha a ilusão de que homem famoso não precisava
procurar garota de programa. Por serem celebridades, imaginava, eles
teriam as mulheres que quisessem rastejando atrás deles. Mas não é bem
assim... Quando saí com o primeiro famoso, notei que ele tinha um #
complexo. Complexo de p... pequeno. Um cara bonito, que faz muitas
mulheres babarem na TV, mas com p... pequeno. Para mim e para muitas
mulheres, isso não é problema. Mas para ele era. Depois, conversando, o
galã me contou que muitas mulheres que foram para a cama com ele
fizeram cara de decepção na hora em que ele tirou a roupa. Ah, meninas,
que maldade!
Outros famosos, que são casados, preferem sair com garotas de programa
por questão de sigilo. As prostitutas são mais confiáveis, guardam segredo,
ao contrário de uma mulher "normal". Sei de mulheres que até avisam a
imprensa de que sairão com algum cara conhecido. A revista manda um
fotógrafo e flagra o casal de amantes... O cara que não quer se arriscar a ser
vítima de alguma fofoqueira de plantão prefere as garotas de programa,
lógico.
Agora, o mais curioso é descobrir que tem muito bonitão na TV que paga
de macho, mas que sai com garota de programa apenas para saciar o seu
lado feminino. Se é que posso dizer assim... Eles pagam para serem
penetrados. Isso é que é confiar na lealdade de uma prostituta, não? Fiquem
calmos: jamais revelaria a identidade de meus clientes. Soube de gente que
ficou muito preocupada quando soube que eu estava escrevendo um livro.
Durante um tempo, eu morei no mesmo flat de um famoso que paga de
machão na televisão. Longe da telinha, no entanto, a principal diversão dele
era pegar travestis quando estava em São Paulo. Certa vez, rolou o maior
bafafá no apartamento dele. O travesti desceu para a recepção e começou a
dar escândalo. Ele foi motivo de comentários dos moradores do flat durante
um bom tempo. A mídia não ficou sabendo ou deixou por isso mesmo.
Para que estragar a fantasia de tantas fãs, não é mesmo?
#
Hiipocriissiia
"Pimenta nos olhos dos outros é refresco." Você já deve ter lido ou ouvido
esse ditado um milhão de vezes. Pois, nesse último ano, não cansaram de
jogar pimenta nos meus olhos. O mais grotesco foi feito pela Rede TV!,
que tenta conseguir pontos no Ibope à custa da desgraça alheia.
Cansei de ser acusada de "destruidora de lares" no Superpop e em outros
programas que nem me recordo o nome, sempre da Rede TV! A
apresentadora do programa colocou lenha na fogueira de minha relação
com o João Paulo. "Como é que ele abandonou uma família para ficar com #
a Bruna? Ohhh-hhh, mas que coisa mais absurda." A apresentadora tem
memória curta, afinal, ela também foi vítima de várias acusações na
imprensa nacional e estrangeira. Numa pesquisa rápida pelo Google,
qualquer pessoa vai encontrar notícias assim:
Às vésperas de completar 60 anos, Mick Jagger,
cantor da banda britânica Rolling Stones, afirmou em
entrevista ao semanário inglês The Observer, publicada
neste domingo, que um de seus maiores arrependimentos
na vida foi ter namorado a modelo e apresentadora
Luciana Gimenez. A relação durou três meses e gerou o
filho Lucas Jagger hoje com quatro anos e devidamente
assumido pelo pai e apressou o fim do casamento de
duas décadas com a ex-modelo Jerry Hall, mãe de quatro
dos sete filhos do cantor.
"O relacionamento com Luciana foi um erro e admito
isso", disse Jagger, que em seguida mudou o tom. "Mas
então eu digo isso e, daqui a alguns anos, o Lucas lê a
entrevista e pensa: 'Ah, eu fui um erro'. Então, tenho de
acrescentar que ele é realmente um menino muito bacana.
Do contrário, pareceria horrível", disse à repórter Mariella
Frostrup.
Jagger mantém uma relação cordial com Luciana,
mas parece não ter esquecido a confusão em que se viu
metido ao se ver processado pela pensão do filho.
"Luciana não precisava ter me processado. Ela nem me
deu a chance de lhe dar qualquer dinheiro. Ela apenas
contratou um advogado marqueteiro que não estava nem
um pouco interessado em um acordo, apenas na #
publicidade que poderia conseguir para si mesmo. Agora
ela percebe que foi um erro", falou.
Diário de S.Paulo, 2003
Luciana Gimenez ganhou fama repentina quando
começaram a surgir os rumores de que estava grávida de
Mickjagger, em 1998. Ela morava fora do país desde os 17
anos, e por aqui o público sabia que ela era uma modelo e
que teve um caso com o cantor Rod Stewart. A
apresentadora conheceu Mick Jagger em uma festa no Rio
de Janeiro, quando o roqueiro estava no país com a turnê
Bridges to Babylon. Os dois saíram juntos por alguns
meses, sendo que o astro ainda era casado com a modelo
Jerry Hall.
Em nenhum momento da gravidez Luciana Gimenez
confirmou quem era o pai da criança. A imprensa
especulou, ela foi a programas de TV, mas nunca disse
nada. Durante a maior parte da gestação, permaneceu
fora do país. A criança, registrada como Lucas Mauricie
Morad Jagger, nasceu em maio de 1999, em Nova York. A
mãe de Luciana, a atriz Vera Gimenez, acompanhou tudo.
Foi um escândalo mundial, e que abalou o casamento de
Jagger. No começo, o cantor negou, mas o exame de DNA
comprovou a paternidade do garoto. A imprensa, na
época, publicou que o cantor foi obrigado a pagar
inicialmente a quantia de 14 milhões de reais e vai ter que
enviar 53 mil reais por mês até o filho completar 21 anos.
Luciana Gimenez não dá declarações sobre o assunto.
#
Reportagem de Marianne Nishihata,
do portal Abril.com.br
Quando Jagger e Jerry Hall se separaram, tinham um filho de apenas dois
anos de idade. Será que é o caso de se falar mais sobre traição? Então,
vamos ler a notícia publicada pelo jornalista Ricardo Feltrin, no dia 12 de
outubro de 2004, em sua coluna na Folha Online:
Após meses de investigação, a revista Contigo! revela
nesta quarta-feira quem é o namorado de Luciana
Gimenez: trata-se de Marcelo de Carvalho, vice-presidente
da Rede TV!. A coluna Ooops! mostra agora em primeira
mão a capa da revista. Em uma das fotos, Marcelo e
Luciana estão em uma festa em São Paulo. Em foto
menor, o paparazzo André Nogueira, da Contigo!, flagrou o
casal abraçado deixando o restaurante Galetos de
Alphaville (Barueri, Grande SP). A revista trará muitas
outras fotos exclusivas do casal inclusive internacionais.
Os rumores sobre o namoro entre Luciana Gimenez
Morad, 34, e o executivo Marcelo de Carvalho Fragali, 42,
já eram antigos na chamada "imprensa de celebridades".
No entanto, sempre foram negados pelo casal. Faltava a
confirmação fotográfica que a revista conseguiu.
Luciana é solteira, e tem um filho, Lucas, com o "stone"
Mickjagger.
No final de julho, Carvalho conseguiu impedir a revista
Contigo!, por via judicial, de publicar uma entrevista com
sua ex-mulher, Mariana Fragali, com quem tem três filhos.
#
Sim, Bruna Surfistinha me ensinou que os poderosos pagam advogados
para impedir que a sua intimidade seja exposta. Mas os cidadãos comuns,
como eu e você, são atirados aos leões. Tudo em nome da audiência. Vale
conferir outro assunto que, obviamente, a Rede TV! não noticiou.
A edição da semana passada da revista Contigo!, da
Editora Abril, teve uma de suas matérias censurada.
Medida cautelar concedida pelo juiz Antônio Dias Carneiro,
da 2a Vara Cível do Fórum de Pinheiros, em São Paulo,
impediu que o semanário publicasse reportagem baseada
em duas entrevistas realizadas com Mariana Papa Fragali,
mulher do vice-presidente da RedeTV!, Marcelo de
Carvalho Fragali. A revista acatou a decisão, não
comentou o teor da entrevista, mas prometeu, em uma
chamada na capa, recorrer da decisão e publicar a matéria
na "próxima edição". Até o julgamento do recurso, porém,
todas as revistas da Abril estão proibidas de divulgar
reportagens sobre a vida privada do casal Fragali.
Segundo informações prestadas pelo diretor de
redação da Contigo!, Edson Rossi, ao jornal O Estado de
S. Paulo, Mariana foi entrevistada no dia 21 pela repórter
Marianne Piamonte. Teriam sido duas entrevistas uma
pessoalmente, outra por telefone. Na conversa, ela
enveredou pelo tópico "proibido de ser publicado" e pediu
para desligar o gravador, mas continuou falando sobre o
assunto. No dia seguinte, porém, Mariana Fragali teria
telefonado para a revista, preocupada com a repercussão
que a reportagem teria.
Na sexta-feira, dia 23, a revista recebeu a ordem #
judicial impedindo a publicação. O pedido foi assinado pelo
casal, que alegava que a matéria poderia causar "danos à
sua imagem e à sua honra", e a multa por desacato seria
de 1 milhão de reais.
Artigo de Luiz Antônio Magalhães,
no Observatório da Imprensa
Você não acha que o público da Rede TV! adoraria saber mais sobre o
tópico "proibido de ser publicado"? O colunista e escritor Eliziário Goulart
de Rocha, no site coletiva.net, deu uma pista no dia 28 de julho de 2004.
A revista Contigo! que chegou às bancas nesta
quarta-feira 28 de julho foi censurada. A decisão foi do juiz
Antônio Dias Cruz Carneiro, da 2a Vara Cível do Fórum de
Pinheiros, em São Paulo, que já havia feito o mesmo com
a Você S. A. por causa de uma denúncia contra uma
empresa de recolocação profissional. Desta vez o alvo é
uma entrevista com Mariana Papa Fragali, mulher do vicepresidente
da Rede TV!, Marcelo de Carvalho Fragali.
Sabe-se lá o que ela contou, mas, de acordo com o
"Comunique-se", envolvia uma estrela da emissora.
Arrependida, ou pressionada, a (ex?) mulher voltou atrás e
assinou, com o ex?) marido, um pedido de suspensão da
reportagem. O juiz aceitou a tese dos advogados de
Fragali de que a publicação poderia causar "danos
irreparáveis à sua imagem e à sua honra".
Se a decisão judicial atingisse a Veja, a Folho de S.
Paulo ou algum outro veículo considerado "sério" o que #
é altamente discutível a reação da mídia seria imediata
e avassaladora. Como se trata de uma "revista de fofoca",
o caso corre o risco de ser esquecido rapidamente. Mas
não deveria. A opinião dos jornalistas "sérios" sobre a
Contigo! pouco importa. Censura é sempre ruim, e além do
mais o caso abre um precedente perigoso. É disso que se
trata.
Aceita a tese, qualquer juiz pode alegar, e
absolutamente dentro da lei, que a divulgação de
determinados fatos causa, com certeza, "danos
irreparáveis à imagem e à honra" de Paulo Maluf,
Salvatore Cacciola, Ricardo Mansur, Valdomiro Diniz,
Nicolau dos Santos Neto e miríades de outras "vítimas da
mídia".
Ah, grita o promotor, mas a questão é bem diferente: a
Contigo! provavelmente publicaria questões pessoais com
base no depoimento de uma mulher ressentida. Mas esse
não foi o caso de Nicéia Pitta, entre tantas outras? Mas ah,
volta o promotor, ali se tratavam de questões relevantes, e
não de problemas íntimos do casal.
Tudo bem, a defesa retira. Mas em seguida entra com
um recurso pedindo que se use o precedente para tirar do
ar a Rede TV!, dirigida por Fragali, cujos apresentadores,
liderados por João Kleber sem falar em Luciana
Gimenez e outros menos prestigiados costumam expor
à humilhação pública pessoas sem discernimento para
entender o quanto estão sendo usadas de forma vil em
busca de meio ponto no Ibope. Kleber faz diariamente o
que nem revistas bem piores que a Contigo! ousariam #
fazer.
O ponto principal é que são os leitores de Contigo!,
como os telespectadores da Rede TV!, que devem decidir
o que é ou não baixaria. E num país em que aposentados
morrem de fome à espera da decisão de processos que se
arrastam há décadas, é curiosa a agilidade judicial em
casos como esse.
Todas as vezes em que fui atacada, recebi inúmeras mensagens de apoio de
leitores. Acredito que a apresentadora tenha sofrido tanto quanto eu pelas
notícias que foram publicadas a seu respeito. A Bruna Surfistinha me
ensinou a nunca julgar ninguém, portanto, tire você mesmo as suas
conclusões.
Cllonagem
A ex-mulher do João Paulo resolveu ganhar seus 15 minutos de fama à
minha custa. Ela resolveu encarnar o papel de vítima de uma garota de
programa. No caso, eu. Criou até um blog para me atacar. Só que, ironia
das ironias, a melhor "amiga" dela é uma... garota de programa. Ela fez o
lançamento de seu livro em conjunto com uma moça que se apresenta como
garota de programa. Sim, é isso mesmo que você leu. Ela me chama de
"destruidora de lares" e vira "amiguinha de infância" de uma mulher que
fazia o mesmo que eu. Alguém consegue me explicar qual é a lógica? #
Prostitutas são ótimas pessoas... desde que não transem com seu marido? É
assim que ela pensa? Por favor, alguém me explique, pois eu não consegui
entender. Ela ataca uma garota de programa e faz uma festa com outra! As
duas fizeram até fotos juntas. Uma está na página do Orkut da outra. Não é
cômico?
Bem, existe outra possibilidade: a tal garota de programa, que também
apareceu para tentar tirar uma casquinha do meu sucesso, pode não ser uma
garota de programa de verdade. Pelo menos, eu me diverti muito nas
poucas vezes em que ela deu entrevistas. Nunca vi tanta mentira junta.
Quem foi garota de programa de verdade sabe que ela é uma grande farsa.
Não dá para fazer tantos programas quantos ela disse que fazia, cuidar de
uma filha e ainda escrever um livro.
A tal "garota de programa" ficou divulgando que fez cinco mil programas
ao longo da carreira para dizer que tinha mais experiência do que eu. Essa
questão foi levantada no fórum para debate no site www.gpguia.net. Olha
só o que o moderador escreveu:
Duvido que esta garota seja GP Assim como não era
GP a garota que fez o Superpop na primeira aparição
pública da Bruna Surfistinha de cara limpa na TV. Quem
se lembra, era uma loirinha que mostrava o rosto e falava
o tempo todo.
Vamos então fazer uma prova matemática de que a
dita-cuja mentiu.
Segundo o testemunho público da mesma, ela teria
feito ao longo da carreira 5 mil programas. Vamos estimar
o tempo de estrada da mesma. #
1 - Considerando uma média de quatro programas por
dia, que é uma ótima média para garotas que anunciam
em jornal. Lembro que estou considerando quatro uma
média ao longo de toda a carreira.
5.000 / 4 = 1.250 dias de trabalho
2 - Vamos considerar que ela trabalhou seis dias por
semana. Mesmo que tenha trabalhado sete, sempre tem
uns dias parados (puta também tem feriado e resfriado),
logo seis dias é mais que bom.
1.250/6 = 208,33 semanas de trabalho
3 - Considerando agora que um ano tem 52 semanas
208,33/52 = 4 anos trabalhando.
Não vi se ela falou quanto tempo ficou trabalhando,
mas esta é uma estimativa bem favorável a ela. Será que
em quatro anos trabalhando ninguém do GP Guia pegou
esta mulher?
Veja que não é difícil comprovar que os testemunhos
da tal prima-escritora são inconsistentes. Ainda mais
trabalhando fora de São Paulo. Aqui já seria difícil manter
a média necessária para atingir o volume que ela afirma
ter atendido, mesmo com boa fama, agora imagine em
uma cidade turística que tem movimento durante três
meses por ano.
A minha opinião é que, mesmo que esta garota tenha #
realmente feito programas um dia, tem muita coisa que ela
fala que não bate. Acredito que tenha feito uma pesquisa
(ou fizeram para ela) e decidiu embarcar na carona do
sucesso da Bruna Surfistinha.
Garotas independentes têm picos de atendimento na
carreira e poucas conseguem manter um volume alto
como a Bruna, neste caso um volume alto fica entre seis e
sete programas por dia. Normalmente este volume é
atingido pelas top-tops que são muito conceituadas e bem
divulgadas.
O debate rendeu muitos comentários. Selecionei
alguns:
• Sou antigo da área, sempre acompanhei putas na
net, mas não estou lembrando dessa perva. Ela está
falando que fez 5 mil programas. Vamos dizer que ela
cobrava uma média de 150 paus ela faturou, então, 750
mil reais. É grana pra cacete... e ela aparece agora com
um livrinho. Alguém lembra dessa ruiva?
• Também estou curioso... Alguém já comeu esta GP
que apareceu no Superpop? Ela falou um monte de
bobagem, mas a gente que REALMENTE entende do
assunto não faz papel de otário....
• Quem viu o programa achou que a gente é tonto,
que pagamos para as GPs esnobarem a gente com
liçãozinha de moral! E pelo jeitão, se ela for GP mesmo,
deve ser uma das mais ruizinhas...
• Eu gostaria de fazer umas perguntas básicas pra
essa GP... Que pra mim não é GP... Ninguém nunca ouviu
falar nela. Se ela era viciada em internet, por que #
anunciava em jornal apenas?
Outra lição que Bruna Surfistinha me ensinou: as iguais se atraem. E
também se merecem.
Porn ssttar
Eu nunca tive problema nenhum em fazer sexo em troca de dinheiro. Eu
encarava tudo aquilo como um negócio, um trabalho mesmo por mais
que, aqui e ali, sempre desse para tirar uma casquinha e até me divertir.
Porém, nunca pensei que fazer sexo na frente de um monte de gente e com
uma câmera ligada fosse ser tão desastroso.
Quando me chamaram para fazer o filme, não pensei muito: aceitei. Achei #
que ia ser uma experiência como outra qualquer, como as que eu fazia todo
santo dia, ao menos cinco vezes. E eu não tinha nada a perder. O cachê era
mesmo ridículo: 500 reais. Mas, quem sabe, eu podia curtir e me dar bem
com aquele negócio?
No dia marcado, fui até o local indicado e vi que a coisa era meio
bagaceira. Não tinha nada daquilo que eu imaginava que seria uma
filmagem. Era tudo meio improvisado e as pessoas não me pareciam muito
entusiasmadas com nada daquilo. Não fui tratada nem bem nem mal, porém
com indiferença, pela equipe. Estava ansiosa, pois não sabia direito o que
esperar.
"Vamos gravar!", disse o "diretor". Mas o que eu tenho de fazer, tenho
falas, preciso decorar alguma coisa, como é que vai ser? "Não esquenta,
minha filha: a coisa vai acontecendo e a gente vai dando uns toques
enquanto rola." Eu esperava ao menos um roteiro, alguma direção, um
ensaio, sei lá. A única coisa que vi foram atores o tempo todo mexendo no
p..., para ele endurecer ou não amolecer. Não deu para notar se havia algum
remedinho por ali. Fiquei meio envergonhada de perguntar como eles
faziam.
Para quem esperava um clima um pouco mais hollywoodiano, de equipe de
filmagem, aquilo me pareceu mais uma fábrica de fazer qualquer coisa. No
caso, filmes pornôs. Gente pelada, ninguém reparando, os caras de p... duro
por todos os lados, enquanto o cara da iluminação pedia para ficar na marca
para ele "ver as sombras".
Claro que aquilo tudo, apesar dos pesares, despertava minha curiosidade
e também minha ansiedade. Fazer programa é uma coisa. Trepar para #
uma câmera é outra, bem diferente. Algumas indicações do diretor (mais
para o posicionamento da câmera do que para os "atores"), gritos de
"vamos gravar", aquele silêncio e... É HORA DO SHOW!
Enquanto fica todo mundo ali, à sua volta, olhando para você, o diretor fala
para começar a transa assim, chupar assado, tomar cuidado para o cabelo
não encobrir o rosto, coisas muito mecânicas. Haja tesão para transar e
prestar atenção em tudo isso... Eu dei meu jeitinho. Não estava nem um
pouco excitada, mas tinha que parecer. Meus dedinhos nunca trabalharam
tanto (rs). Eu me concentrava na minha bu... para fazer a famosa força
interior funcionar.
Não me senti muito confortável com aquele monte de gente olhando, com
aquela coisa de o diretor gritar as ordens, ficar impaciente quando algo não
saía do jeito que ele queria. "Corta!", ele berrava. "Minha filha, o povo quer
ver sua cara, quer ver sua bu... É filme de sexo explícito, entendeu?"
E lá íamos nós. Levanta mais a perna, agora geme, revira os olhos, pára,
muda de posição, faz cara de tesão, acerta a luz, não olha para a câmera,
pára de novo, volta na posição anterior, geme mais alto, acelera, diminui,
chupa, enfia... Ufa! Por 500 reais eu estava trabalhando mais do que se
estivesse transando com uma porção de clientes. E sem ser "dirigida".
Eu vi algumas das cenas que gravei e não curti nada. Estava mesmo pouco
à vontade, não achei excitante ver aquilo. Nem sei se as pessoas que viram
acharam excitante. Eu tinha uma idéia meio romântica de um set de
filmagem, com um clima bacana para que a transa fosse o mais natural
possível. Mas nada disso batia com a realidade.
"Corta", "levanta a bunda", "tira tudo e enfia de novo, bem devagar".
Parecia mais uma aula braba de ginástica. Bato palmas para quem consegue #
fazer disso seu dia-a-dia. Tem de ser ator de verdade em uma coisa na qual
é praticamente impossível fingir tudo. Eles conseguem e chegam a
convencer.
Fico meio puta de ver que, apesar de eu ter assinado o contrato apenas
como Bruna, eles terem apanhado minhas cenas, picotado em um monte de
filminhos, como se eu tivesse participado de um monte deles, colocando o
nome Bruna Surfistinha na capa e vendido como se eu fosse uma grande
porn star. Bem, essa é uma outra discussão. O que posso dizer é uma coisa
só: esse episódio representa duas vezes a minha carreira diante das
câmeras. A primeira e a última.
Aparênciia
No mundo da putaria, aprendi que as aparências enganam 90% das
vezes. A primeira vez que peguei um cliente lindo de morrer, tipo galã,
cabelos lindos, corpo sarado, cara de homem, voz sensual, imaginei que
aquela seria a transa da minha vida. Eu estava muito entusiasmada e me
entreguei de corpo e alma às preliminares.
#
Fiz questão de despir meu deus grego pessoalmente, abrir sua camisa,
passar a mão pelo peito definido dele, abrir o cinto da calça, baixar o zíper.
Uau! O tamanho do pacote indicava que o presente era dos grandes. O cara
era perfeito! Logo descobri que até demais.
Não houve jeito de fazer o cara se entusiasmar. Tentei chupá-lo, masturbálo,
deixá-lo me chupar (o que ele fazia mais ou menos) e... nada. Como eu
estava com muita vontade de transar e muito a fim de gozar , fiquei na
vontade. Aquele que prometia ser tudo e um pouco mais acabou sendo um
nada total.
Por coincidência, naquela mesma tarde, atendi um casal meio esquisito que,
se tivesse visto numa casa de swing, não chegaria nem perto. Ele era meio
feioso, meio gorducho, meio calvo, com um cabelo meio ensebado, sei lá.
Definitivamente, não era meu tipo de homem. A mulher era estilo botijão,
baixinha, gordinha e com jeito de quem não mandava bem na cama. Eu
sugeri um banho antes da transa. Enquanto o marido foi tomar o dele, ela
ainda veio com uns papos nada a ver, que me deixaram um pouco irritada.
Só respondia "hum-hum", "sim", "não". Quando ela foi tomar um banho, o
marido ficou lá no quarto, peladão, mas quieto, aguardando a patroa para
começar a brincadeira. Eu estava com o saco cheio, mesmo sem ter feito
nada.
Assim que a mulher voltou, o negócio pareceu incêndio em mato seco: não
sei de onde aqueles dois tiraram tanto fogo. Ela me chupou com tanto
talento que eu nem lembrava mais que não havia curtido o visual dos dois.
A gordinha era muito sexy e entendia muito bem o que estava fazendo. O
maridão não ficava atrás: seu p... era perfeito no tamanho e na grossura,
bonito mesmo. E ele também chupava divinamente. Não precisei encenar #
nem fazer nenhum esforço interno para gozar três vezes com eles. E olha
que o cara nem me comeu. Ficou claro que eu era um presente para ela.
Sabe que eu terminei esse programa orgulhosa de mim mesma? Foi uma
das melhores transas que já tive com casal: animada, tesuda, natural. Nem
parecia que estávamos fazendo um programa. Pois é, mais uma vez, as
aparências me enganaram...
Por falar em aparência, de tanto ver gente nua ao meu lado, fui criando um
pequeno dicionário para designar os tipos físicos. Nada ofensivo, pois
nunca disse nada a ninguém. Mas eu usava para tentar adivinhar
determinadas coisas e, na hora do "vamos ver", checava se tinha acertado
ou não. Eu também tenho direito a brincar em serviço...
Com os homens, a brincadeira mais óbvia era tentar adivinhar o tamanho
do p... pelo volume na calça. Para aqueles que já chegavam com o pacote
apertado, era covardia, pois era o mesmo que fazer palavras-cruzadas
olhando as respostas. Esses eu chamava de "malão". Mesmo assim, muitas
das malas, na verdade, tinham mais ovos do que p...
Para aqueles que chegavam com roupas menos óbvias, como calças de
prega, tipo social, era mais difícil. Eu os chamava de "almoço executivo":
às vezes, o prato era bonito, mas não tinha substância, como quando
arrumam artisticamente as batatas fritas no prato para parecer que tem
mais; em outras, era um PF (prato feito), daqueles que surpreendem e
satisfazem, apesar de a aparência não ser tão tentadora.
A prostituição me ajudou a derrubar muitos tabus e me ensinou coisas que
eu até poderia aprender, mas levaria muito mais tempo. Uma delas diz
respeito ao famigerado "tamanho" do p... Não, nada a ver com aquele #
papinho babaca de revista feminina, com aquele monte de mulheres falando
que "o importante não é o tamanho da varinha, mas a mágica que ela
produz".
Tudo bem que isso tem uma boa dose de verdade. Mas que mulher não
curte ver um p... bonito, agradável aos olhos e ao tato? Todas fazem isso.
Depois dizem que olham primeiro o sorriso. Hã-hã... Deve ser porque não
tiveram ainda como conferir o recheio (seja de frente ou de trás, pois bunda
de homem também conta).
Pois bem, no meu exercício diário de profissional do sexo, eu precisava
arrumar algum passatempo para somar pequenas graças à rotina. Uma delas
era tentar adivinhar o que vinha dentro da embalagem. E, depois de abri-la,
quando o cara ainda não estava excitado, imaginar como seria o "show do
crescimento", o poder do aumento do produto interno bruto.
Virei catedrática no assunto por causa disso e também pelo acesso fácil
que tinha ao material de pesquisa. Aqueles que, com o p... mole, não
prometiam nada tinham duas categorias: os bolos solados, iguais àqueles
bolos que não crescem por falta de fermento, e os "vitaminados", que não
chamam a atenção à primeira vista mas que, com um pouco de mão na
massa, crescem que é uma beleza. Esses são mais raros: a prática me diz
que um p... pequeno dificilmente cresce muito. Já os gigantes adormecidos,
quando funcionam a contento, também não têm mais surpresas a oferecer.
Mas tem muitos que não passam de gigante adormecido. Cansei de ter
transas meia-bomba, por causa de carrões que precisam de muito mais
combustível por quilômetro rodado.
Os formatos também são um capítulo à parte. Vamos dizer que se trata de #
um desmembramento das teorias da Bruna Surfistinha após vasta pesquisa
de campo. Afinal, tive todos eles nas minhas mãos, na minha boca, na
minha bu..., na minha bundinha e onde mais a sua imaginação possa
encaixar a peça.
O padrão mais comum é o que mede cerca de 15 ou 16 centímetros e não
são muito grossos. A maioria se encaixa nessa categoria. O que pode mudar
é a presença do prepúcio ou não, no caso dos que são circuncidados. A
presença ou não dessa pele sobre a cabeça faz diferença. Os que não têm já
mostram todas as armas de cara. Como não tem nada para encobrir, seu
formato não será uma surpresa. Geralmente cheiram melhor, pois não
acumulam suor ou outros fluidos. Por isso, me parecem mais limpinhos. A
cabeça tem uma pele mais rústica, acho que até mais resistente, já que não
fica protegida como as outras.
Aqueles que têm o prepúcio são os que mais enganam. Como a pele
envolve a cabeça, pode fazer com que elas pareçam maiores do que
realmente são. Isso quando a deixam sair totalmente, quando o p... está
duro. Tem muitos homens que não conseguem puxar a pele toda para
baixo, expondo a cabeça. E, na hora do banho, precisam ficar bem atentos à
limpeza da área (ouviram, rapazes?).
Bem, já que estou falando disso, vou continuar. Até porque vou prestar um
serviço a todas as mulheres que não têm a chance de, com eu, dar uma de
São Tome. As cabeças são bastante diversificadas. As mais interessantes
são aquelas que parecem um morango: são harmoniosas, com um design
bem equilibrado. Algumas parecem um enorme cogumelo, bem maior que
o próprio corpo do pênis, que geralmente fica aparentemente fino perto
dela. Tem umas que lembram um foguetinho ou uma seta: são pontudinhas
e afinam muito na ponta. #
Tem alguns p... que são pequenos e finos. Isso não quer dizer que
prejudiquem a performance. Mas, como disse, o fator visual e tátil os deixa
em desvantagem o que exige do dono um esforço extra para apagar essa
primeira impressão. Outros assustam pela grossura, mesmo que não sejam
avantajados no comprimento. Há os tortos (geralmente para a direita, que é
para o lado que a maioria dos homens deve arrumar o dito-cujo dentro da
cueca, talvez), os que são grossos na base e afinam em direção à cabeça, os
que fazem o caminho inverso. Ainda existem os que, mesmo quando duros,
são bem flexíveis, proporcionando uma variedade maior de posições na
hora do sexo, e outros que, de tão duros e empinados, deixam apenas o
papis e mamis como opção confortável.
O resto do pacote também merece atenção. Sim, o saco. Tem aqueles que
mal se notam e os que, de tão volumosos, roubam a atenção de todo o resto.
Percebi que, no frio, os testículos sobem, diminuindo o volume da região.
Já com relação aos pêlos, tem os que aparam (o que realmente ajuda a fazer
o p... parecer maior), os que deixam o mato crescer solto (nem sempre a
aparência é legal) e aqueles que simplesmente têm poucos pêlos
naturalmente.
Para finalizar, e já que estou falando tudo mesmo, vou falar, sem
preconceito, daquelas crenças étnicas. Lição aprendida: nem todo negro é
um monumento, nem todo japonês é compacto, nem todo machão trepa
bem e nem todo tímido trepa pedindo desculpas. Precisa explicar?
#
Ellass vss.. Ellass
Se com os homens há várias maneiras de "checar o material", com as
mulheres as coisas são ainda mais difíceis de prever. Hoje entendo melhor
o que significam aquelas expressões "falsa magra" e "falsa gorda". A moda
ajuda muito as mulheres que sabem tirar partido dela. Claro que aquelas
que usam calças de cintura baixa e deixam à mostra uma verdadeira #
borracharia são muito óbvias. Mas não é dessas que eu estou falando.
Há muitos tipos de mulher no universo do swing. O mais comum é aquele
que eu chamo de "loucas por liquidação". Sabe aquelas que, mesmo que
não precisem de um fogão de vinte bocas, saem estapeando quem estiver na
frente para comprar em liquidação só porque está mais barato? Pois é, no
swing elas agem do mesmo modo: não importa que o homem que a esteja
cortejando seja feio, pareça desagradável ou algo do gênero, pois ela quer é
mais. De repente, ela está cercada de homens para os quais nem vai olhar,
mas está feliz da vida, como se tivesse saído de um saldão 90% off de um
shopping center...
Tem as que eu chamo de come-quieta. Elas parecem tímidas, virginais,
mostram-se sempre assustadas ou chocadas com o que estão vendo,
procurando no braço do marido ou companheiro uma tábua de salvação.
Basta um olhar mais provocante ou uma cantada bem dada que elas se
revelam. E precisa ser muito homem para ser comido por elas: as
quietinhas são as mais famintas.
Nem sempre as bonitas são as melhores. Digo isso por experiência própria.
Já me surpreendi com o furacão solto por muitas das menos favorecidas,
enquanto algumas lindas ficam parecendo aquelas maçãs enormes,
vermelhas, brilhantes que, na primeira mordida, deixam um gosto insosso
na boca.
Com relação ao físico, existem alguns detalhes que também chamam a
atenção pela diversidade. Sim, estou falando das bu... As mais interessantes
de olhar são, sem dúvida, aquelas mais cheinhas, com os grandes lábios
bem carnudos, a ponto de esconder totalmente o prato principal. Na outra
ponta, coloco aquelas que se abrem como uma orquídea selvagem, com os #
grandes lábios expondo totalmente a vagina.
O clitóris, em ambos os casos, independe do conjunto da obra. Devo
admitir, contudo, que, algumas vezes, pensei estar diante de um
hermafrodita, tão avantajados eram alguns clitóris. Pareciam pequenos
pênis, pintinhos durinhos encaixados estrategicamente no alto da bu... Nem
por isso deixam de merecer ser tocados com delicadeza.
Se, em um homem, para mim tanto faz o estado dos pêlos (apesar de não
curtir os totalmente raspados), nas mulheres isso faz toda a diferença. Ao
menos para mim. Uma depilação bacana, com um formato que valorize o
conjunto, me parece bem mais excitante. Fica parecendo desleixo quando
fica aquele monte de pêlos rebeldes, que uma calcinha um pouco mais
cavada não consegue esconder. Tem de ser uma mulher muito segura de si
(ou muito gostosa) para não precisar recorrer a uma depilação... Além
disso, há as totalmente "carecas", que parece ser uma tara masculina
bastante comum. Já tentei, mas ainda prefiro deixar alguma coisinha.
Coragem
Eu imaginava que coragem era não sentir medo. Mas aprendi que não é
bem assim. A coragem é mais, é vencer o medo que está ali, o tempo todo.
Eu sempre tive muito medo de ficar sozinha, nunca suportei. Ficar em casa
sozinha me deixava em pânico. Logo, percebi que estar fisicamente
acompanhada não diminui o medo de estar sozinha. A solidão era algo #
maior... Por mais que estivesse sempre cercada de pessoas, trabalhando no
prive, atendendo clientes e convivendo com as primas, no fundo era apenas
eu comigo mesma. No meu medo, recorri às drogas, trabalhando de dia
para cheirar tudo à noite.
Demorou. Mas, quando caiu a ficha de que, no fundo, eu estava me
rendendo ao medo, fazendo de tudo para esquecê-lo por alguns instantes,
tomei uma decisão, essa sim, corajosa: dar um basta.
E uma decisão íntima muito importante, mas é apenas um primeiro passo.
A vontade, no meio do caminho, vira coadjuvante da necessidade física.
Uma crise de abstinência coloca você frente a frente, ironicamente, com a
dor do "lado do bem" e o alívio do "lado do mal". Quem é que curte sofrer
sabendo que o fim daquilo é tão fácil de conseguir? Confesso que eu
mesma sucumbi algumas vezes.
Nessa trajetória, além da vontade de parar, era preciso coragem para
enfrentar a abstinência, para bater os pés no fundo do poço, tomar impulso
e começar a voltar à tona. Engraçado que, hoje, tenho consciência de que o
processo é bem parecido com o fim de um romance, quando você ainda
está apaixonada. A dor da ausência é física. Chega a doer no corpo. Como
dizem que paixão também é reação química, acho que deve ser mesmo
verdade.
Como já contei, tive uma ajuda inestimável nesse processo de isolamento:
Gabi, minha melhor amiga, um anjo da guarda que se trancou comigo em
meu apartamento nas semanas que durou esse purgatório. Mas isso não era
apenas pelo que eu vivia naquele momento vinha de longe.
#
Na adolescência, vivi com muito medo. Tanto que pensei mesmo em me
matar algumas vezes e cheguei a tentar em duas ocasiões. Na primeira
vez, me vi com a arma do meu pai em punho, mas não encontrei as balas.
Na segunda, cheguei a subir no parapeito da janela, pronta para voar.
Faltou coragem, ou, sei lá, não tive coragem de continuar. Eis que me vi
com vinte anos, milhares de programas feitos, pensando o que eu poderia
fazer depois de tanta loucura. Foi aí que tive coragem de admitir que
precisava dar um passo atrás para poder voltar a andar para a frente.
Reconhecer isso não é fácil. Eu estava mesmo decidida a largar a
prostituição, voltar a estudar, terminar o segundo grau e finalmente fazer
uma faculdade, de Psicologia.
Tive muita sorte de encontrar apoio de alguém muito especial e
igualmente corajoso: o João Paulo. Eu sempre fui meio contra a traição, e
até hoje não consigo entendê-la bem. Mas ele estava infeliz no seu
casamento (como, aliás, declaravam 99% dos homens casados que
passaram pela minha cama mas que nunca moveram uma palha para
mudar a situação).
Porém, ele tinha algo a mais: coragem. Quando percebeu que estávamos
nos apaixonando de verdade, foi realmente destemido. Saiu de casa e
assumiu nosso romance, mesmo que eu ainda fizesse programas.
Ainda estamos juntos, apesar de tantos obstáculos. Para aqueles que
apostavam no fim rápido da nossa história, aviso que nossa vida juntos está
apenas começando. É preciso mais do que amor para fazê-la durar tanto: é
preciso dedicação, aprendizado e, claro, coragem de ambas as partes.
#
Pssiicollogiia
O sonho de ser psicóloga surgiu quando eu tive depressão. Comecei a achar
incrível como os profissionais desta área são capazes de escutar
atentamente, compreender, falar a coisa certa na hora certa, devolver a
auto-estima aos pacientes que, muitas vezes, já estão sem esperança. #
Comecei a sentir que eu nasci para ser psicóloga, para ajudar as pessoas
que precisam ser compreendidas. O ser humano é muito carente, por mais
que tenha muitos amigos ao redor, sempre acaba guardando coisas para si,
seja por vergonha ou por medo de desabafar tudo o que sente ou o que vive.
Considero a psicologia e a psiquiatria profissões muito bonitas, pois
ajudam o ser humano a dar a volta por cima e se livrar de tudo o que o
incomoda. Para muitas pessoas, o terapeuta acaba sendo o melhor amigo.
Nos três anos de prostituição fui psicóloga também. Ah, como eu gostava
de escutar os desabafos, de compreender e de dar conselhos. Brinco até
hoje que já fiz o meu estágio.
Eu quero muito entender mais sobre o cérebro humano, principalmente
sobre algumas atitudes dos homens. Se o ser humano é um ser racional, por
outro lado, muitas vezes age como se fosse irracional. Muitas vezes me
pergunto: como é que alguém é capaz de matar outra pessoa a sangue frio?
O que passa na cabeça dessas pessoas cruéis?
Ao mesmo tempo em que desejo ter meu próprio consultório, tenho o
sonho de trabalhar voluntariamente, em algum presídio. Pode até parecer
loucura da minha parte, mas quero entender mais sobre o mundinho do
crime, ajudá-los e tentar compreender o que se passa na cabeça deles na
hora do crime, o por que de agirem como irracionais. E, principalmente,
descobrir o que a vida significa para eles.
Claro que também quero entender as minhas próprias atitudes. Por que fui
cleptomaníaca e por que não soube viver em harmonia com a minha
família? E quem já deitou na minha cama, pode ter a certeza de que um dia #
deitará no meu divã.
Liiberdade
#
Na noite de autógrafos de O doce veneno do escorpião, me diverti muito.
Eu e o Jorge Tarquini, o jornalista que tomou meus depoimentos para o
livro, comentávamos tudo o que acontecia ao nosso redor. Tinha tanta
gente, alguns curiosos para me ver de perto, outros me olhando como se eu
fosse uma ET e outros ainda queriam contar que eram leitores do blog, que
estudavam no Bandeirantes ou simplesmente gostariam de ter tido a
oportunidade de fazer um programa comigo o que ficaria apenas na
vontade, pois ali eu já havia "pendurado as chuteiras" e deixado a vida de
GP.
Uma hora, chegou uma senhora com o livro em mãos, para a gente
autografar, e eu perguntei para quem seria o autógrafo. Ela me disse que
era para o marido dela. Antes de me dizer o nome dele, fez questão de
contar que ele havia sido meu cliente e que, em viagem de negócios, ligou
para ela pedindo que fosse à livraria naquela noite. Foi muito gentil. Fiquei
imaginando que os programas que o marido dela fez comigo devem ter
rendido bons frutos para o casamento deles.
Um outro chegou com o livro já aberto em uma das páginas negras, onde
eu conto algumas histórias de programas mais, digamos, peculiares. Ele
queria que o autógrafo fosse dado ali, naquela página específica. Perguntei
por quê. "Esse daqui sou eu", respondeu, com o maior orgulho. Eu e o
Jorge ficamos meio sem reação e rimos muito da situação. Eu me lembrava
da história, tanto que ela fora contada, mas nem me recordava direito do
rosto dele. A noite, contudo, ainda guardava outras surpresas...
Chegou um casal à nossa frente, todo sorridente, com aquele ar de "lembra
de nós?" estampado no rosto. Eu me lembrei. Esse casal já havia feito
alguns programas comigo. E eles me disseram que ficaram chateados
porque nenhum dos programas deles comigo tinha saído no livro. Mas sem #
dramas. Para reparar a injustiça, faço isso agora.
Quando eles me procuraram a primeira vez, foi o rapaz quem fez o contato.
Muito tímido, perguntou se eu atendia também casais e se eu tinha alguma
reserva em me relacionar com a mulher. Respondi que não, que atendia
casais. Marcamos para o dia seguinte, uma quarta-feira, às 15 horas. Pelo
horário, logo imaginei que não eram casados. Ao menos, não um com o
outro. Mas isso não fazia a menor diferença para mim.
Quando chegaram, fui recebê-los como faço com todos os meus clientes:
totalmente vestida, como quem aguarda uma visita. Não pude deixar de
notar o olhar de decepção, principalmente dela. Talvez ela estivesse
esperando por uma garota nua, que iria puxá-los para dentro já arrancando
suas roupas. Perguntei se gostariam de tomar alguma coisa e ela me pediu
água.
Fiquei meio sem jeito. Nós três ali, sentados no sofá, meio sem assunto, e
nada de a coisa acontecer. "E nossa primeira vez com outra pessoa na
cama", ele me disse meio sem jeito. "Tudo bem", respondi. "E o que vocês
têm em mente?" Depois de um silêncio um tanto constrangedor, que me
levou a crer que eles pediriam algo totalmente inusitado, eis que ela resolve
esclarecer as coisas: "Viemos aqui pois acho que também gosto de mulher".
Bem, estava desfeito o mistério...
Sugeri que ele tomasse banho primeiro, para poder ficar com ela e ajudar a
descontrair. Ela era de poucas palavras, mas já deixava perceber que,
debaixo daquela timidez, poderia haver um vulcão adormecido. Todo
mundo de banho tomado, era hora de algo acontecer. #
Ela estava enrolada na toalha e a segurava como uma tábua de salvação.
Achei que era uma boa deixa para começar. Cheguei perto dela e puxei a
toalha, deixando-a nua e esfregando seus braços, pois estava um pouco frio
mesmo. Deu para ver que a pele ficou toda arrepiada. Seu corpo não era
escultural, mas era firme, com uma pele macia. Do abraço para um beijo
demorou pouco.
Enquanto nos beijávamos, o rapaz veio se juntar a nós, em um abraço
triplo. Ela beijava muito bem, com uma fome absurda, enfiando sua língua
dentro da minha boca como se ali estivesse um segredo oculto. Quando nos
deitamos, ela permaneceu imóvel, me deixando comandar tudo. A cada
toque, a cada respiração sobre sua pele, ela ficava mais e mais trêmula
por causa do frio, do medo e do tesão.
Desci com a língua em busca da bu... dela, percorri o caminho passando
pelos seios pequenos, pela barriga, e continuei descendo. Quando cheguei
no alvo, senti suas coxas me prendendo a cabeça com força, como se nunca
mais conseguisse sair dali. Caprichei no tratamento.
Enquanto eu fazia um oral nela, o rapaz a beijava e a tocava nos seios,
prendia seus braços para cima, deixando-a ainda mais vulnerável e
totalmente entregue a mim. Não sei dizer quantas vezes ela gozou apenas
comigo chupando sua bu... Só sei que o fato não se repetiu quando ele
resolveu penetrá-la, enquanto continuávamos nos beijando.
Depois de gozar dentro dela, foi nossa vez de ajudá-lo a se reanimar.
Dividimos o p... dele numa gostosa chupeta que estava gostosa
exatamente por nossas bocas se encontrarem. Inevitável. Eu sabia que ele
não queria sair dali sem transar comigo. E assim foi feito: ela me chupou #
com vontade, mas meio sem jeito, e continuou me beijando os seios e a
boca enquanto eu cavalgava sobre ele.
Não foi uma transa especialmente inesquecível ou diferente, mas fiquei
feliz por ter realizado essa fantasia dela. Não sei nem quero saber se ela é
realmente lésbica, se são casados ou não. O fato é que, nas outras duas
vezes em que fizemos programa juntos, ela estava bem mais solta e dando
conta cada vez melhor de mim.
Bem, por que eu contei tudo isso? Só para não esquecer que essas pessoas,
independentemente de terem sido bons programas ou não, me ensinaram
uma coisa básica: ninguém tem o direito de tolher a liberdade do outro, seja
a esposa do meu cliente, o rapaz cujo programa foi eternizado nas páginas
negras do livro ou o casal de amantes que costumava me procurar. Eles não
deviam nada para ninguém. Fiquei realmente feliz por ver pessoas livres,
de bem com suas decisões e suas vontades, com liberdade para fazer tudo o
que desejam sem se importar muito com o que os outros vão pensar. Que
pensem. O pensar é livre.
Transsparênciia
#
O primeiro programa do qual participei na televisão, para ser entrevistada,
foi o Superpop, em 2004. Eu havia concordado em dar entrevista, desde
que pudesse aparecer com um capuz cobrindo meu rosto. Devo confessar
que tinha sim uma certa vergonha, medo, não sei bem o que era. Para se ter
uma idéia, nem no flat em que eu morava naquele tempo as pessoas sabiam
o que eu realmente fazia. Talvez desconfiassem, mas não podiam ter
certeza. Eu sempre fui discreta.
Naquela noite, quando o carro da Rede TV! chegou para me apanhar, o
porteiro me perguntou se eu ia aparecer na TV. "Mais ou menos", respondi.
Afinal, com o rosto coberto, era assim que eu ia mais ou menos "aparecer".
Quando cheguei ao estúdio, fiquei sabendo que uma das meninas que ia dar
o depoimento sem usar o tal capuz não havia aparecido. Perguntaram se eu
topava entrar no lugar dela, com o rosto descoberto. Acabei topando.
Com o coração batendo na boca, fiquei me perguntando onde é que eu
estava com a cabeça quando tinha aceitado fazer isso. O que as pessoas iam
pensar. Imaginava meus pais, meus amigos... Passado o susto, cheguei à
conclusão de que era hora de ser transparente. Eu não tinha do que me
envergonhar. Afinal, se eu era uma puta, qual o problema de o mundo
saber? Eu nunca havia ouvido essa expressão, transparência, mas hoje eu
julgo aquele ímpeto uma transparência.
Enquanto estava no ar, mostrando minha cara para o Brasil inteiro,
assumindo que eu era uma GP, que eu cobrava para fazer sexo com quem
estivesse disposto a pagar, em vez de imaginar o choque dos
telespectadores, pensava que, dessa forma, mostraria para meus pais que
estava bem, que estava saudável, que estava me cuidando, apesar de tudo.
Não queria que eles imaginassem minha vida na prostituição como algo #
decadente, decrépito, eu vestida como aquelas putas que sempre víamos
pelas ruas, se oferecendo a quem passasse e se abrigando na agressividade
para se defender da ignorância e da violência gratuitas.
Na volta para o flat, reparei que todos me olhavam de maneira diferente.
Até o gerente, que nunca havia dito nada, chegou com um papo de que a
vizinhança estava reclamando do entra-e-sai de homens do meu
apartamento. Passei a imaginar que todo mundo que cruzava o olhar
comigo, na rua, no supermercado, em qualquer lugar, estava me
reconhecendo e me julgando.
Apesar do medo que senti no início, com o tempo fui ficando mais e mais
convencida de que havia feito a coisa certa. Comecei a ser convidada para
falar em outros lugares, a dar entrevistas. Eu não tinha nada a esconder.
Quando estávamos trabalhando nos depoimentos para O doce veneno do
escorpião, só havia uma coisa que ninguém sabia a meu respeito: a história
do roubo das jóias.
Naquela ocasião, eu estava no pico de uma compulsão por drogas e por
compras e acabei roubando um conjunto de jóias que meu pai dera de
presente de aniversário de casamento para minha mãe. Foi por causa dessa
passagem que levei a maior surra de toda a minha vida, enfrentei o silêncio
dos meus pais, que não conversaram mais comigo até o dia em que saí de
casa, e cheguei às barras do tribunal, diante de uma juíza, acusada de ladra,
e quase fui parar na Febem. Foi assim que se rompeu o último elo familiar
antes de eu sair de casa para ir trabalhar no prive.
Pensei muito sobre se eu contaria ou não tudo isso no livro. A resposta veio
rápido: se eu havia escolhido a tal transparência para ser um norte na minha #
vida, não fazia sentido esconder. Daquele dia em diante, coloquei isso em
mente: por pior que tenha sido, faça algo de bom por você mesma e seja
verdadeira.
Sempre me perguntam se um dia vou contar minha história aos meus filhos.
A resposta é sim. Sei que a repercussão de tudo o que expus é muito
grande. Prefiro que eles saibam por mim, que vou dizer a eles a verdade
sem nenhuma segunda intenção que não a de ser transparente.
Amiizadess
#
Ao longo da minha vida, conheci muita gente. Mas não soube distinguir
entre "conhecidos" e amigos de verdade. Um erro básico que muita gente
comete mas uma lição dolorida de aprender.
Eu achava o máximo fazer parte da "turma do mal" no colégio. Era muito
bom zonear, conversar durante as aulas (aquelas que não cabulávamos),
escapar da escola para ir beber, fumar, se drogar e ser vista pelos outros
alunos como uma pessoa in. Para mim, amigos eram aqueles que me
entendiam e me aceitavam do jeito que eu era. Na verdade, eu é que me
transformei naquilo que eles queriam que eu fosse simplesmente para
ser aceita. Para alguém que não tem amor-próprio, tudo é negócio para ser
"aceita". Até deixar de ser você para ser alguém idealizado pelo modelo do
grupo.
Depois que me encrenquei com a história de ter chupado um garoto do
Bandeirantes, a repentina fama de galinha que ganhei no colégio assustou
aquelas pessoas descoladas que eu imaginava serem meus amigos.
Ninguém nem olhava na minha cara.
Quando fui parar no prive, logo percebi que no ambiente de trabalho não dá
para ser amigo de ninguém. Você tem bons e maus relacionamentos
"forçados" pela convivência do dia-a-dia. Ironicamente, apesar daquela
concorrência, do serpentário que se abria cada vez que uma de nós não
estava por perto, foi nesse meio que descobri o sentido verdadeiro de
amizade. Talvez tenha sido exatamente por essa atmosfera tão pouco
favorável que ela nasceu tão forte.
Eu não tinha muito a oferecer, além de minha amizade. Hoje, sei que até
ela foi pouco para tentar devolver a essa minha amiga tudo o que ela fez #
por mim. Ela parou de trabalhar como GP e virou uma espécie de anjo da
guarda da Bruna. Ajudava a agendar os programas, era minha confidente,
me protegia quando eu estava deprimida. Mas a maior prova de amizade
que ela poderia ter me dado foi quando resolvi parar com as drogas. Foi ela
quem agüentou o tranco das crises de abstinência comigo, sem me deixar
fraquejar, vendo o meu lado mais frágil e, ao mesmo tempo, mais violento.
Uma relação de amizade baseada no comprometimento, na compreensão e
no total desinteresse. É assim que defino minha amizade por ela. Aliás, é
assim que eu defino amizade. Hoje, com esse quinhão de fama com que fui
agraciada, tem muita gente que se aproxima para tirar sua casquinha. No
entanto, não me deixo mais enganar. Gente para o oba-oba, para estar a seu
lado no melhor, é fácil conseguir. Mas alguém que está ali para o que der e
vier, de verdade, sem julgamentos também sem complacência , é algo
raro.
Uma garota de programa nunca vai ser amiga de verdade da outra, por mais
que a convivência seja boa, que você até goste da companhia. A razão? O
ciúme, a disputa pelo melhor faturamento. Amizade requer
desprendimento. Talvez seja melhor falar em "aliadas" em um momento ou
outro. Ser preterida por um cliente, conseguir menos dinheiro do que a
outra, ser mais ou menos bonita... Tudo leva à concorrência. Sacanear uma
à outra era coisa normal. Não sou santa e também aprontei das minhas. O
mais comum era, quando aparecia um cliente com quem ninguém queria ir,
dar um jeito de deixar apenas a vítima disponível e sem poder dizer não.
Nada disso, porém, chega aos pés do que significa roubar uma prima.
Todas sabíamos quanto custava ganhar cada centavo. Eu fui vítima de uma
dessas enquanto estava caindo de bêbada numa balada. Fui tirar satisfação
com a desgraçada e acabamos brigando feio, de deixar marca.
#
Claro que o fato de eu me destacar de alguma forma sempre gerou ciúme e
desconforto entre as demais garotas. Eu era muito jovem, sempre me cuidei
bem, tratava todos com educação e fugia ao máximo daquela imagem da
puta fatal, devoradora de homens. E isso atraía os clientes, principalmente
aqueles mais tranqüilos. Cheguei a ouvir muita coisa pelas minhas costas,
mas preferia fingir que não percebia. Cheguei a ter momentos de
descontração e até de cumplicidade.
Por ter sido a garota que sempre trabalhou melhor nas casas por onde
passei, eu tive a sorte de ser mimada pelas gerentes e cafetinas. Tudo bem
que era na maior falsidade. Isso eu percebia, mas sabia tirar proveito da
situação.
Mesmo sendo a "queridinha", tinha de entregar os 60% do que eu ganhava
nos programas, como todo mundo. Reconheço que a Joana, gerente do
prive na alameda Franca, foi como uma mãe para mim. Conversávamos
muito e tínhamos uma cumplicidade imensa. Ela era muito engraçada, nos
chamava de putas sem que soasse humilhante. Nós todas ríamos muito com
ela.
"Vamos colocar ordem neste puteiro!", ela gritava quando estávamos
fazendo muita bagunça. A Joana era uma mulher simples, mãe solteira de
duas crianças pequenas. Fazia de tudo para dar o melhor aos filhos.
Ganhava 10% do lucro da casa. Era uma pessoa triste, mas poucas vezes
deixou transparecer: estava sempre sorrindo e falando besteiras que nos
faziam rir. E como era bom rir de verdade naqueles dias...
Eu percebia que ela gostava muito de mim, fazia tudo o que eu pedia.
Passava a mão na minha cabeça e me dava algumas exclusividades. #
Quando o movimento na casa estava excelente e eu subia com algum
cliente que tinha combinado comigo o período de uma hora, ela interfonava
depois de quarenta minutos. Tudo porque ela não queria que nenhum
homem fosse embora por não poder me esperar e sabia que eu estava ali
para ganhar dinheiro. Se tempo é dinheiro, trabalhando como garota de
programa, então... O procedimento era o mesmo quando eu subia com
algum cliente de que não gostava: ela interfonava depois de quarenta
minutos.
Quando eu estava estressada, e dizia que ia embora para nunca mais voltar,
ela ficava realmente com medo de que eu estivesse falando a verdade e,
no fundo, eu estava ela dizia: "Tira folga amanhã". Ela chegou até a me
surpreender, quando disse para eu tirar uma semana inteira de folga.
Naquela época, ela já me dizia: "Bruna, você não nasceu para ser puta,
você é muito inteligente e bonita, não precisaria ganhar dinheiro assim".
Espero que, hoje, ela esteja feliz por mim. Gostaria que ela soubesse que eu
escutei essas palavras e, por mais que ficasse com 10% do que eu ganhava,
ela foi como uma mãe para mim.
Na segunda vez que voltei a trabalhar nessa casa, impus uma condição: eu
poderia começar a trabalhar a partir da 1 da tarde e ficaria até a casa fechar.
A Joana e a Larissa aceitaram. Naquela época, as outras meninas não
ficaram enciumadas, pois eu já tinha conquistado o respeito de todas. Eu já
era considerada uma psicóloga: era eu quem ouvia os problemas de cada
uma, que consolava e as fazia parar de chorar.
Ao mesmo tempo, eu era considerada a irmã caçula e, por sempre ser a
mais nova das casas, todas confiavam em mim. Claro que tive muitos #
contratempos com algumas meninas que entravam na casa, e quando viam
que eu trabalhava muito, viravam as costas para mim e sequer conversavam
comigo.
Lembro-me de que, no prive da Michigan, tinha uma prostituta que foi
odiada por muitas. Por mim, inclusive. Nossos santos nunca bateram, e
disputávamos os clientes. Eu sempre ganhava (rs). Sentia-me muito mal
quando ela me olhava: a única coisa que eu queria era que ela não me
olhasse com aqueles olhos ruins. As más línguas diziam que ela era
macumbeira, algo de que não duvido.
Aliás, macumba era uma coisa comum. Algumas meninas faziam-na para
atrair clientes ou então como oferenda para à pombajira com os mais
diversos pedidos. Não sei se dá certo, porque eu nunca fiz. Para falar a
verdade, nunca precisei me preocupar em não ter clientes.
Havia dias em que eu não trabalhava muito bem. Com o passar do tempo,
quando eu não estava bem comigo mesma e desanimada para trabalhar, os
clientes percebiam durante a apresentação. O olhar safado chama muito a
atenção dos homens. Já a aparência de desânimo os afasta.
Por muito tempo trabalhei nos prives apenas por causa das meninas, da
companhia que eu tanto gostava. Não conseguia me imaginar trabalhando
sem cafetão, sozinha num flat, esperando algum homem me querer. Batia
insegurança.
A alameda Franca foi o lugar onde mais gostei de trabalhar: eu considerava
as meninas como irmãs por mais que eu soubesse que, numas de "ou eu
ou elas", a irmandade que fosse para a casa do chapéu. Eu também senti
muita falta da Joana quando não estava lá. Apesar de tudo, foi onde eu #
conheci mais pessoas bacanas, de garotas de programas a clientes.
Já o prive do Brooklin, na rua Michigan, foi o lugar mais bacana em que
trabalhei. Era uma casa ampla, bonita e aconchegante. Se tivesse prêmios
para dar aos cafetões ou cafetinas, eu entregaria um à cafetina dessa casa.
Ela passava quase todas as tardes conosco, conversava bastante e, por mais
que estivesse nos explorando, sempre demonstrou muita preocupação.
Quando percebia que alguém não estava bem psicologicamente, chamava
para conversar. Ela queria que todas as meninas que estivessem
trabalhando se sentissem bem. Ela nunca ficou devendo um centavo para
ninguém; pagava-nos todos os dias e não nos explorava muito. Já não posso
dizer o mesmo da Larissa, que ficou me devendo um pouco mais de 3 mil
reais. Trabalhei quase um mês de graça para ela! Foi por causa disso que
saí do prive dela, para nunca mais voltar!
Mas há coisas na vida que são muito engraçadas: a Larissa sempre foi uma
pessoa muito ruim, nunca nos pagou em dia. Ela era uma mulher com um
pouco mais de quarenta anos, casada com um cara bem mais novo do que
ela. Ele era lindo, e ela morria de ciúmes dele. Ele não podia entrar na casa
de jeito nenhum: ela não deixava. Às vezes, ele entrava rapidinho e nos
olhava com um ar de safado.
Após ela ter feito muitas meninas sofrer, a vida dela teve uma reviravolta
imensa. Um pouco antes de sair da prostituição, fiquei sabendo que ela
perdera o prive, ficara tão endividada, não sei a razão, e dera a casa para
pagar as dívidas. O marido tinha ido embora, pois era nítido que ele estava
com ela por causa do dinheiro (que homem se casaria com uma bruxa
daquelas?). Ele não trabalhava e era ela quem o bancava. Já que ela havia
perdido a maior renda, ele se mandara. Pois é: aqui se faz, aqui se paga. #
Essa fase de prives passou logo, pois fui atender em flat e o problema
desapareceu. Mas surgiram outros. Aconteceu comigo de um cara me
paquerar na balada e, depois de transarmos "à paisana", ele me dizer que
estava feliz por ter transado com a Bruna Surfistinha. Filho-da-puta, não?
Quem estava ali era a Raquel, que tem todo o direito de se divertir e dormir
com quem quiser.
Isso foi gerando em mim um certo pânico da aproximação das pessoas.
Depois do sucesso do primeiro livro, então, fica sempre difícil saber quem
se aproxima de você por interesse ou por amizade. Na dúvida, a receita é
simples: precaução e caldo de galinha que não fazem mal a ninguém.
Sexo Ciiviill
#
Muita gente tem curiosidade em saber como é minha vida sexual depois da
Bruna Surfistinha. Afinal, eu transei com tanta gente, realizei tantas
fantasias (minhas e de meus clientes), que todo mundo deve imaginar que é
preciso ser um super-homem para me satisfazer na cama. Bem, vamos por
partes.
Quando você tem uma rotina como a que a Bruna tinha, de transar mais de
seis vezes ao dia, é preciso mesmo variar o cardápio, para não deixar a
peteca cair. É um pouco como teatro: os atores falam os mesmos textos
todos os dias, andam para cá e para lá na mesma ordem. Mas tem sempre
uma coisa diferente: ou a platéia é mais séria ou mais descontraída, você
pode estar bem ou não. Então, a saída é mesmo achar pequenas e grandes
graças novas a cada dia.
Por isso, como aquele era meu dia-a-dia, é claro que novidades diárias eram
uma brisa nova, que me excitava e me alimentava. Aquilo que mais me
excitava eu dava um jeito de incorporar na minha vida, para apimentar
meus relacionamentos "civis".
Quando eu e o João Paulo realmente nos entendemos, e ele veio morar
comigo, eu tive um certo receio de não parecer sincera quando tomava a
iniciativa; temia parecer falsa. Por isso, tivemos um cuidado especial:
deixamos as coisas acontecerem naturalmente.
Isso só acontece porque nos dispusemos realmente a ter intimidade ao
contrário de alguns clientes casados, que dava para perceber de cara que
não podiam pedir algo diferente para a esposa. Isso eu chamo de falta de
intimidade. Não existe um roteiro pronto para as nossas transas. Pode
começar com um beijo inocente no sofá da sala, enquanto vemos um filme, #
ou numa brincadeira na cozinha depois de lavarmos a louça. Não pensamos
em sexo 24 horas por dia, nem parecemos dois bichos no cio, que mal
podem se olhar para a coisa esquentar. Porém, quando rola, fazemos
exatamente o que temos vontade. Se um dos dois passa o sinal do limite do
outro, o que é mesmo muito raro, fica parecendo telepatia.
Conhecer as reações dele é uma arte que devo à Bruna. Não que eu fique só
preocupada com o prazer dele. Mas não custa nada ser generosa e prestar
atenção nos sinais. E lógico que espero reciprocidade nessa atenção.
O mais importante é que não temos jogos de pudor, não fazemos c... doce
um com o outro. Isso faz com que a cama seja uma brincadeira de prazer e
de completude: somos duas pessoas que se amam e que se respeitam nas
suas vontades, nos seus desejos e no cuidado que temos um com o outro.
A Bruna me fez ter menos barreiras, sem dúvida. Não me envergonho do
meu prazer e de dizer o que me dá prazer. Isso não cria obrigações para o
João Paulo, mas abre uma porta para ele também expressar os seus desejos.
Fica sempre aquele clima de descoberta, como quando estamos no começo
de namoro e ficamos buscando coisas em comum. São pequenas afinidades,
como "Ah, você curte U2? Eu também!", "Que coincidência: você também
torce para o Corinthians?" ou "Então, você é como eu: um chocólatra".
A falta de barreiras na cama pode não garantir que um dos dois se sinta
atraído por outra pessoa, até porque atração é natural. Porém, quando existe
uma sintonia completa, principalmente na cama, a curiosidade cai pela
metade.
Eu conheci tantos homens e mulheres como Bruna e, mesmo assim, como #
Raquel não senti nenhuma necessidade de buscar em outro homem
qualquer realização sexual. Não posso responder pelo João Paulo, mas tudo
indica que ele sente o mesmo.
Nosso sexo não tem nada de depravação, como muita gente imagina. Não
nos sentimos obrigados a conferir todas as posições do Kama Sutra nem
experimentar nenhuma tara que a gente não queira.
Com certeza coisas que qualquer mortal pode fazer, como o pompoarismo
(o controle da musculatura vaginal durante o sexo), invenções na hora do
sexo oral, descobrir novas zonas erógenas de parte a parte são coisas que,
se não fosse a Bruna, a Raquel poderia até aprender, mas levaria um
bocado de tempo a mais.
Se somos mais liberais do que outros casais? Não sei responder. Só sei que
tudo o que fazemos na cama é bom, conhecemos as reações um do outro e
não sentimos nenhuma vergonha por fazermos o que de bom o sexo pode
oferecer. Eu não vou ficar aqui contando como são nossas transas.
Primeiro, porque não acho bacana para nós dois. Segundo, são coisas que
não se aprende nos livros: é preciso viver para entender. Uma coisa posso
dizer: aprendi que sexo não é um bicho-de-sete-cabeças no relacionamento
de um casal. E que estamos juntos não só por ele, mas por uma vida inteira
a ser compartilhada com sexo, amor, carinho, compreensão, amizade...
Amor
#
Durante o tempo em que fui garota de programa, nunca desisti dos meus
sonhos. Eram (e ainda são) muitos. Um deles era o de encontrar um amor.
Não tinha aquela coisa de achar alguém para "me tirar dessa vida". Eu
queria mesmo amar e ser amada. Parece bobo, mas não é. Se já está difícil
levando uma vida normal, imagina com a que eu levava.
Não faltaram clientes com os quais eu pensei: "com esse eu casava". Eram
homens que me agradavam muito, com quem tinha química, transavam
bem. Mas certamente não iam querer nada sério com uma prostituta.
Depois de transas maravilhosas, eles voltavam para suas namoradas, noivas
e esposas, como se nada tivesse acontecido. Lavou, está novo.
Para quem pensa que eu também estava atrás da "grande cartada", conto
que tive um cliente já de idade, que queria que eu fosse viver com ele
em troca de dinheiro, óbvio. Não aceitei. Aquilo que seria um sonho para
muitas primas, para mim não valia a pena. Eu havia largado o amor dos
meus pais, das minhas irmãs e dos meus amigos para levar essa vida. Sabia
que tinha de aprender algo. Aceitar isso, sem dúvida, não ia me deixar
aprender o que era preciso. Se tivesse de ir com alguém, que fosse com
quem eu amava de verdade. E que me amasse também.
Nos três anos em que fiz programas, continuei perseguindo esse sonho.
Fiquei com alguns garotos, tive alguns namoros, como qualquer menina
que vai à balada. Mas eu não contava para todos: "Olha, só tem uma coisa,
sou uma puta". Já imaginou? Às vezes eu inventava alguma coisa, mentia
mesmo. Mas quando passava de uma ficada, eu não podia esconder o jogo.
Apaixonei-me, sim. E ele também. Foi o único relacionamento que eu
posso chamar de NAMORO, assim mesmo, em letras maiúsculas.
#
Passamos por um tempo feliz, no qual minha profissão não interferia em
nada. Às vezes, sentia que ele não estava muito a fim de sair e ficávamos
em casa transando. Mas isso não me incomodava. Ele era gentil, eu
sentia que ele realmente gostava de mim. No entanto, queria mais. E foi
exatamente nessa hora em que estávamos em um daqueles pontos cruciais
de um relacionamento, do "o que será daqui para a frente?", que os fatos
começaram a se precipitar: programas de TV, entrevistas, o nome Bruna
Surfistinha passou a fazer sentido para um público maior. Tudo isso
poderia somar dificuldades ao nosso namoro. Mas eu achava que
conseguiríamos tirar isso tudo de letra, juntos. Sim, o mesmo papo de
amizade, cumplicidade, compreensão... Eu realmente me esforçava para
fazer funcionar.
No entanto, ele passou a ter reações estranhas, que não eram apenas de
ciúmes por eu transar profissionalmente. Bad trip total. Por mais que ele
dissesse que estava firme, que seguraria a barra da minha profissão,
infelizmente não foi verdade. E acabou porque tinha de acabar. Fiquei
muito triste, deprimida, sozinha. Mas como o jeito mais fácil de voltar à
tona é bater os pés no fundo da piscina, experimentei mais esse momento
de inferno pessoal.
Eu não me dei por vencida. Sempre batia uma certa insegurança, o medo de
a juventude ir embora naquele trabalho e eu virar uma daquelas putas sem
esperança, que vão ficando para escanteio... Depois que esse namoro
terminou, passei um tempo fechada para balanço. Não queria saber de
ninguém e isso afastava qualquer possibilidade de relacionamento. Era
preciso estar aberta para que as coisas voltassem a acontecer.
#
Quinta-feira .
O primeiro programa do dia foi com um daqueles tipos "para casar".
Tanto que ele já era casado. Confesso que dei um chá-de-cadeira no
coitado: mais de uma hora. Eu estava com uma certa preguiça,
torcendo para que ele fosse embora. Era a sua primeira vez comigo. E,
soube depois, a primeira com uma GP (ao menos foi o que ele disse) e
que ficou curioso por me ver na internet. Deu para perceber que o que
ele estava precisando era mais de um bom papo do que de uma transa.
Mesmo assim, foi gostosa, rolou gostoso, como se já nos
conhecêssemos, em clima de namoradinhos.
Em janeiro de 2005, acabei fazendo um programa bem bacana, que rolou
numa boa. Até porque o cara parecia gostar mais de conversar do que
transar (apesar de fazê-lo muitíssimo bem e de ser do jeitinho que eu
gostava: grandão, bonito, gentil, gostoso). Na verdade, ele precisava mais
de companhia e de um bom bate-papo do que de sexo, naquele momento.
Mal sabia eu que aquele seria o primeiro de sete programas, sendo que no
último nem transaríamos, pois não havia clima para os negócios. Esse
cliente era o Pedro. Ou melhor, o João Paulo.
Ele me disse que nunca havia saído com uma garota de programa e que
também nunca havia ouvido falar de mim. Estava navegando pela internet
quando cruzou com o meu blog e ficou curioso com o que leu e também
com as fotos que estavam ali. Acabou indo buscar referências no GP Guia
(um guia de garotas de programa em que há alguns fóruns de discussão e os
clientes comentam das garotas. Eu, modéstia à parte, sempre estive bem #
cotada nele, sempre que entrei para xeretar) e decidiu experimentar, já que
trabalhava e morava em Moema na época e estava bem pertinho do meu
flat.
Na hora em que ele telefonou, eu só tinha livre o horário da 1 da tarde. E
ele lá embaixo, na recepção do flat, esperando. Depois soube que ele quase
foi embora ele realmente não é um cara que ficaria esperando do jeito
que ficou naquele dia. Pois é, nada acontece por acaso.
Na primeira vez em que ele veio fazer um programa comigo, não houve
nada de especial. A transa foi tranqüila e até rápida. Ele foi tomar um
banho e eu fiquei no quarto, como sempre, antes de um programa. Quando
ele saiu, foi muito carinhoso, como se buscasse em mim algo que ele havia
perdido, um carinho, uma reciprocidade. Mas eu era uma profissional. Ele
não teve problema nenhum em, com muita delicadeza, explorar meu corpo
inteiro com seus lábios e sua língua. Como percebi que ele estava
precisando de atenção e relax, deixei-o deitado de costas, enquanto
cavalgava até ele gozar.
Para minha surpresa, engatamos uma conversa agradável e acabamos nem
partindo para o segundo tempo. Quando vimos, uma hora já havia se
passado e ele precisava ir embora. Senti algo diferente, mas nem prestei
atenção. Tanto que achei que ele nunca mais iria voltar. Pareceu-me ter ido
até lá apenas para extravasar de alguma maneira, para relaxar dos seus
problemas que eu desconhecia.
Depois que ele foi embora, tirei minha soneca regulamentar de alguns
minutos entre um programa e outro, e a vida continuou. Após algumas
semanas, veio a segunda vez. Ele me contou que tinha ficado na dúvida se #
me procurava ou não, se repetiria um programa comigo ou não. E ainda
teve chance de desistir, pois havia marcado das 16 às 17 horas, e acabou
ficando quase uma hora me esperando antes de eu poder atendê-lo.
Quarta-feira .
Hoje tive uma surpresa agradável: a volta de um cliente com quem
curti muito fazer programa. De cara, eu nem havia me tocado, mas,
quando abri a porta, saquei que seria um bom programa. E olha que eu
deixei o coitado, mais uma vez, plantado mais de uma hora à minha
espera. Mesmo assim, eu ainda ganhei um presente: o livro A vida é
bela. Não sei dizer a razão, mas, por melhor que fosse o programa, eu
me sentia estranha com ele, que insistia em se abrir comigo. Não sei se
torço para ele voltar outras vezes ou não.
Ele chegou com um livro nas mãos, dizendo que, na verdade, queria trazer
o filme de presente, mas ele não tinha achado. Era A vida é bela. E ainda
riu da história da espera. "Ainda bem que era um livro: deu para ficar lendo
enquanto esperava", disse. Continuou: "eu não queria vir, depois não queria
ficar, queria desistir de esperar, mas não consegui".
Mais uma vez, a transa foi apenas um pretexto. "Eu não tenho hábito de
fazer programa, mas fiquei muito curioso para conhecer a pessoa por trás
daquele blog", me disse com sinceridade. "Sinto que eu já te conheço há
muito tempo, por mais estranho que isso possa parecer." E parecia...
Eu me sentia vampirizada. Realmente acredito que a energia negativa dos #
clientes ficava comigo e a minha positiva ia embora com eles. Com ele não
foi diferente. Conversamos muito, mais do que transamos. Ele viu a minha
pastinha com as reportagens sobre a mesa e comentou alguma coisa. Eu
respondi apenas "é...". Apesar da minha frieza, ele continuou se abrindo,
dizendo que sempre foi uma pessoa de poucos amigos, embora tivesse
muitos conhecidos. E que, comigo, se sentia à vontade para se abrir. "Mais
um para me vampirizar", pensava comigo mesma, embora sem julgá-lo. Ele
me falou da perda do seu irmão, que havia morrido na madrugada do Natal
de 2004, das dúvidas sobre os rumos de sua vida e do seu casamento, que
se reforçaram depois disso. Contou ainda das duas filhas e um pouco do seu
trabalho. Enfim, mais uma vez eu era depositária do desabafo de um
cliente. Faz parte do jogo.
Terça-feira .
Hoje fiz meu terceiro programa com um dos meus clientes casados.
Não sei explicar, mas parece que a gente se conhecia havia muito
tempo. Se ele não fosse casado e não soubesse o que eu faço da vida,
dava até para pensar.
Na terceira vez em que ele me procurou para fazermos um programa, o
sexo já tinha um sabor bem diferente, tranqüilo, pois eu parecia realmente
conhecer aquele homem de um jeito diferente. Mas eu não queria e não ia
me apaixonar. Não tinha nada a ver. Se por um lado ele era um homem que
tinha tudo o que eu procurava, ele também tinha tudo aquilo que eu não
procurava. Eu queria que o homem da minha vida não soubesse que eu
fazia programa e ele sabia. Nunca quis um homem casado e ele era. #
Desejava um homem sem filhos e ele tinha. E, além disso tudo, eu não
queria me apaixonar ao menos não naquele momento.
Foi a Gabi quem primeiro me abriu os olhos para a paixão que estava
nascendo. Nem dei ouvidos. Mas cedia em algumas coisas, fazia
concessões e confissões. Como contar que não era eu realmente quem
atendia ao celular, mas a Gabi, minha "duble de voz"? Afinal, telefone de
puta não pode dar ocupado nem cair na caixa postal, para não perder
programa. E realmente é fácil de nos confundir ao telefone. Cada vez
menos o sexo importava nos nossos programas, que pareciam mais
encontros. Rolava sexo, era gostoso (ele costumava dizer que sempre
parecia ser a primeira vez), no entanto as conversas ficavam cada vez mais
próximas, necessárias.
Aquilo parecia coisa de adolescente, mesmo. Nenhum dos dois abria o
jogo, por mais que já estivesse meio que na cara o interesse mútuo. De
qualquer modo, quando ele vinha era um programa, e eu tinha de
desempenhar meu papel: fazer sexo com ele por mais que rolasse uma
conversa gostosa depois, no lugar do segundo tempo.
Sexta-feira .
Hoje recebi um vaso de flores, mas não sei quem mandou, pois o
cartão apenas agradecia minha paciência e não estava assinado. Não
costumo ficar com as flores que recebo. Ou por não serem do meu
agrado ou pelo remetente não ser do meu agrado. Mas dessas eu
gostei. Um vasinho com umas flores plantadas que eu não sei o nome.
Vou deixar aqui na sala do flat. #
Um dia, recebi um vaso de flores que achei bonito (nem todos eram e eu
não pensava duas vezes antes de jogá-los fora) e acabei deixando-o na sala.
Junto havia um cartão anônimo, agradecendo pela paciência em ouvir seus
problemas e aconselhar com tanta clareza, mas dizendo que nunca mais nos
veríamos. Eu nem desconfiava quem poderia ser esse cliente. Como disse,
receber flores fazia parte da rotina. Nem o cartão me intrigou muito, para
ser honesta. Na semana seguinte, quando ele entrou para fazermos um
programa, uma voz soprou no meu ouvido: "foi ele". Fiquei com muito
medo de perguntar. Mais uma vez, sexo rapidinho e dá-lhe conversa, ouvir
música e apenas deixar ficar.
Foram ao todo sete programas. No último, nem eu nem ele queríamos mais
aquele contato profissional. Era hora de tomar fôlego e coragem e tocar no
assunto: o que seria dali para a frente? Eu não curto fazer programa com
caras que viram meus amigos. Este era o caso. Então, tínhamos de colocar
tudo em pratos limpos.
Fiquei chateada, pois ele não tomava a iniciativa. Comigo meio frustrada,
subimos para o quarto, tiramos nossas roupas, ele tomou banho e
conversamos. Eu continuei me portando como uma garota de programa,
olhando para o relógio para fazê-lo gozar no tempo regulamentar e
simplesmente ir embora. Quando percebi que a coisa não ia funcionar,
perguntei se ele ia transar e a resposta foi não.
Acabamos apenas conversando, decidindo como nosso caso ia ficar. Não
dava mais para ele ser meu cliente. Imaginem, até problema com meu blog
ele já tinha ajudado a resolver, quando registraram o
brunasurfistinha.com.br. E ainda foi atrás da burocracia quando meu CPF #
foi cancelado. Eu estava virando cliente dele, como advogado. Mas ele não
queria cobrar. Mais uma razão para a história dos programas ter seu fim
decretado.
Domingo
Hoje eu tive um sonho estranho. Sonhei que eu tinha um filho e
passeava de mãos dadas com ele. Muito estranho...
Ficamos um tempo sem nos falar. Uma noite, sonhei conosco de mãos
dadas com um menininho - meu filho no sonho. Acordei meio perturbada.
Como estava com problemas no meu computador, fui postar o blog em uma
lan-house. Sem saber direito a razão, comecei a escrever um e-mail para
ele, para dizer que não queria me envolver. De repente, um vulto se
aproxima de mim por trás. Era ele!
Tive muita dificuldade em ficar daquele jeito, apaixonada, sem entender
direito o que estava acontecendo. Nunca pedi nada a ele. Mas precisava
definir a minha vida, independentemente de ele resolver ou não a dele.
No final de semana, eu fiquei doente, com dor de ouvido. Ele me telefonou
no sábado para saber de mim e, no domingo, apareceu em casa para me
levar remédios e a Folha de S.Paulo, que trazia de brinde um filme.
Adivinha qual era? A vida é bela. Foi depois disso que as coisas se
precipitaram. Estávamos quase no meio do ano, nossa história se arrastava
desde janeiro, e eu querendo loucamente falar com ele todos os dias.
Inventava motivos apenas para poder ligar. Menos nos finais de semana, #
claro, pois sabia que ele estava com a família e eu respeito muito isso.
Chegou um domingo e eu não agüentei: liguei. Ele atendeu de modo muito
estranho depois fiquei sabendo que a mulher estava por perto. Fiquei
péssima com essa bola fora. Mas ele mesmo já havia dito que o casamento,
depois de cinco anos e meio, estava muito abalado. E Deus é testemunha de
que eu sempre disse para ele tentar até o fim, não desistir, buscar saídas.
Por mais que, intimamente, e sem deixá-lo perceber, o que eu queria
mesmo era estar com ele. A iniciativa, em nome do que é certo, tinha de ser
dele, sem qualquer interferência minha ou de quem quer que fosse.
Domingo, 12 de junho (Dia dos Namorados) ..
Fui pedida em namoro!!! O Pedro (vamos chamá-lo assim, ok?),
depois de fazermos sete programas e termos desistido de nossa relação
GP/cliente, me pediu em namoro. Acho que nem eu acredito ainda.
Nessa ocasião ele tocou no assunto diretamente pela primeira vez: "vou
largar tudo para ficar com você". Eu gostava dele, mas não podia deixar de
abrir seus olhos com relação a tudo o que isso iria representar, da
repercussão na família, os amigos, as filhas... Engraçado, pois até aquele
momento, nós nunca havíamos nos beijado na boca, em nenhum dos
programas que tínhamos feito. Nem foi nesse dia que rolou a primeira vez.
Quando conversamos sobre isso, algum tempo depois, rimos muito. Eu
estava com medo de ir para cima dele e ele entender tudo errado. Ele, com
medo de vir para cima e ferrar tudo.
Claro que ele chegou em casa tarde e a mulher dele quebrou o pau. Ele #
juntou suas coisas e saiu de casa. Eu não sabia de nada, até ele me ligar, me
convidar para almoçar e contar sobre a decisão. Fomos para minha casa e
assistimos juntos A vida é bela. Tanto ele quanto eu estávamos muito
confusos. Não é para menos. Afinal, eu precisava aprender a me relacionar
com ele não mais como uma GP e ele não mais como cliente. Tínhamos
um novo período de adaptação, de descobertas: sermos nós dois.
A mulher dele ligava no celular e ele não atendia. Aquilo me deixava
ansiosa por um lado, mas feliz por outro. Ele queria ficar ali comigo.
Chamou-me para irmos à Love Story dançar. Eu não queria. Fingi estar um
pouco alta. Ele foi para a varanda e eu fiquei sozinha na sala. Quando o vi
ali, de costas, olhando para a rua, senti que seria um bom momento para me
aproximar. Abracei-o por trás (nós nunca tínhamos tido nenhum contato
físico que não o dos programas) e rolou o primeiro beijo. Senti-me com 16
anos de novo.
Saímos, fomos dançar e, por mais que outros meninos se aproximassem de
mim, eu fazia questão de mostrar que era com ele que eu queria ficar. De
volta para casa, ele veio me dar um beijo de despedida. Acabamos
transando como namorados pela primeira vez.
Foi tudo tão diferente... Eu queria. Ele queria. Eu tinha tesão por ele e ele
por mim, coisa que eu nunca havia sentido em nenhum dos programas que
fizemos juntos. Era uma coisa de corpo e alma. Não precisava mais fazer
nenhum malabarismo, nem procurar agradar a todo custo: éramos duas
pessoas apaixonadas, transando pela vontade de sermos um só, sem pressa,
sem pudores, sem jogos de sedução ou truques profissionais. Foi como se o
mundo parasse de girar.
#
Apesar de tudo, naquele momento eu tinha sim uma preocupação: dissociar
a Raquel da Bruna, fazê-la desaparecer. Fiquei feliz por perceber que ali,
naquele momento, fazendo amor, estava mesmo a Raquel, com todas as
suas inseguranças e ansiedades, ainda que a Bruna tenha me ensinado muita
coisa.
No domingo, quando acordei, liguei para a Gabi muito encucada: tinha
medo de que tudo aquilo pesasse demais para ele e ele sumisse de vez. E se
ele fosse mais um que quisesse um "troféu" e nada mais? Fiquei péssima,
até a hora em que ele mandou um torpedo para o meu celular: "Bongiorno,
Principesa", igualzinho ao protagonista de A vida é bela, que falava assim
para sua amada. Depois disso, não tive mais dúvidas.
Para ele não deve ter sido fácil, pois todo mundo começou a perguntar
quem era o moleque que estava com a Bruna Surfistinha, a julgar por seu
comportamento. Eu nunca escondi o jogo para ele: mesmo sabendo que eu
queria parar de fazer programas, isso ainda ia levar um tempo. E ele teve
toda a paciência do mundo. Foi uma prova de amor.
Ele enfrentou o preconceito da família dele; toda a carga emocional, até
certo ponto justificável, mesmo, da ex-mulher; o olhar torto da sociedade; o
julgamento moral e muitas calúnias. Chegaram até a dizer que ele
participava dos programas comigo e que, na verdade, ele era meu cafetão.
Quando não, chamavam-no de corno manso e de chupador de p... por
tabela, por me beijar. Sem comentários.
Eu tentava, quando ele chegava em casa, fazer de tudo para ele não
perceber sinais de nada, por mais que ele soubesse desde sempre qual era o
meu trabalho. Só duas vezes ele soube o que havia rolado. A primeira foi
quando um cliente me agrediu, eu liguei para ele enquanto o dito-cujo #
estava no banho. Ele veio ao meu encontro para tirar satisfação com o
infeliz. A segunda ocorreu na minha última transa. Ele ficou no Fran's Café
em frente do meu flat me esperando. Quando o cliente saiu, liguei para ele
chorando e disse: "Acabou".
Ele subiu e ficamos um tempão nos abraçando e chorando. "Sou só sua",
disse, enquanto tirava o chip do celular, no qual registrava o número dos
clientes, e dei para ele. Fomos jantar e na volta transamos. Foi ainda mais
diferente.
Certamente não sou mais aquela menina inexperiente, mas transar com o
João Paulo como mulher dele é totalmente diferente. Estamos realmente em
sintonia, ele não tem pressa nenhuma de voltar para ninguém ou lugar
algum, sabemos muito sobre o outro e tudo o que fazemos não é para
impressionar, mas para tirar o máximo de prazer do sexo entre duas pessoas
que se gostam muito, estão apaixonadas e vivendo uma história de amor.
Separação
#
Hoje, eu acho engraçado quando perguntam ao João Paulo por que ele
trocou sua mulher pela Bruna Surfistinha. Toda vez que leio alguma revista
de fofocas, o que mais vejo é fulano trocando fulana por sicrana; quem
terminou o romance na semana passada, nesta já está desfilando com um
novo par, declarando "amor eterno".
Não faz tempo, um famoso ator da Globo foi flagrado aos beijos com uma
garota em uma balada, enquanto a mulher dele estava fora, em viagem de
trabalho. Sim, deu o maior bafafá, foi notícia, mas ninguém teve peito de
perguntar para ele por que ele fez isso, de aproveitar a brecha para trocar,
mesmo que por uma noitada, a mulher por uma fã. Ah, talvez seja porque
eu fui prostituta... Isso justifica, não é mesmo? E como o político que fala
que ele roubou, mas roubou menos do que o outro. Santa cara-de-pau, não?
Nessa minha recente carreira de escritora, tenho recebido vários e-mails de
homens que me contam terem se apaixonado por uma prostituta. Alguns
foram em frente e se casaram com elas. Outros apenas curtiram uma paixão
a distância. A única diferença da história deles para a do João Paulo é que
eles são anônimos assim como o passado de suas esposas. E ninguém
tem mesmo de saber do passado de ninguém. Porém, no meu caso, isso é
impossível. Talvez todo o barulho que se formou em torno da nossa história
seja pelo simples fato de que nós materializamos um mito urbano. Sim,
algo parecido com o fantasma da ópera. Todo mundo sabe de um primo da
irmã da vizinha do cunhado que viu. Nós dois fomos lá e assumimos: "nós
somos o fantasma da ópera".
No começo, me assustei muito com essa coisa da exposição pública.
Questionei-me sobre se sou mesmo um monstro que destruiu um lar, sobre
o porquê de ele ter trocado sua esposa por mim. Fui perguntar a ele.
"Porque eu amo demais você." #
Sem hipocrisia, sinto pena da ex-mulher dele. Ou ela pirava completamente
ou começava a jogar pesado no sentido de me fazer parecer um monstro
e ela, a coitadinha que foi trocada. Talvez para se preservar, por ser mais
fácil ou por não saber fazer diferente, ela preferiu a segunda opção.
Não sei até onde as aparições dela nos programas de TV foram ou não
editadas, mas ao comentar um e-mail que lhe enviei, claramente um
pequeno pedaço foi tirado do contexto e, isolado, fazia parecer que eu a
humilhava quando tentava fazer exatamente o contrário. Afinal, ela é a
mãe das duas filhas do João Paulo. Eu nunca o impediria de ver as filhas
dele, como tentaram fazer parecer. Só sei dizer que toda a discussão foi
realmente patética...
Eu nunca impediria o João Paulo de ver as filhas, pois elas não têm culpa
de nada que aconteceu. No início do ano, elas começaram a passar um final
de semana a cada quinze dias conosco. Elas se dão muito bem comigo e eu
com elas. Parece mesmo que elas me adoram. Eu não as trato como filhas,
pois não sou a mãe delas. Sinto-me muito nova para fazer papel de
madrasta. Digamos que somos quase como irmãs; elas, pequenas, e eu uma
irmã mais velha. Porém, em vez de brigarmos, brincamos. Hoje, ao ver a
mãe delas na TV tentando desmentir isso, colocando fogo no circo, eu já
consigo rir da situação. Sei a verdade, o João Paulo sabe a verdade, as
meninas sabem a verdade e ela sabe a verdade.
Nada disso conseguiu mudar o amor que sentimos um pelo outro. Ao
contrário: as adversidades fortaleceram nosso relacionamento e nossos
sentimentos. Se ele estivesse arrependido do que fez, não estaria mais
comigo ou, talvez, me tivesse apenas como uma amante. Ou não. #
Como futura psicóloga, observo que ela ainda fica muito perturbada com a
situação, sem superá-la, reagindo até com um jeito adolescente de lidar
com os fatos. É um pouco aquela história do "ah, ele terminou comigo?
Então, vou fazer de tudo para ele ver que sou melhor do que a outra e ele
vai se arrepender". Geralmente, é quando não estamos mais com alguém
que o conhecemos melhor, pois as máscaras caem.
Ninguém está livre de uma traição. Nem eu. É preciso não apontar o defeito
do outro, mas também se perguntar: onde foi que eu errei? Ninguém trai ou
é traído sem motivo. Seja a busca por algo a mais que faltava no
relacionamento, no dia-a-dia, seja a solidão que às vezes as pessoas
experimentam mesmo estando com alguém. Quando não estamos
satisfeitos, buscamos o que nos falta. E do ser humano.
Ao percebermos que aquele caminho não é mais o que queremos trilhar, o
mais digno é colocar as cartas sobre a mesa, ser honesto com a outra
pessoa, pegar o chapéu e ir embora, se essa for a decisão. Reconheço que é
justo e de direito alimentar esperanças de que o relacionamento melhore
algum dia e que a crise passe. Mas isso não acontece por mágica: dá
trabalho, para ambas as partes. Se ficarmos apenas na esperança sem a
ação, o mais honesto é terminar. E sem jogar a culpa (se é que ela existe
como a compreendemos) no outro. Fazer uma auto-analise, reconhecer os
próprios erros, nos faz tirar o melhor de uma experiência dolorosa como
uma separação.
Por isso, hoje fico tranqüila para entender que esse amor que temos um
pelo outro só existe porque "a outra" não ocupa mais aquele lugar. Não
haveria motivo para "trocar" uma pela outra. Ainda mais quando a "outra"
tem o passado que eu tenho. Ele não enfrentaria o preconceito da sociedade #
se não fosse em nome desse amor.
Desejo a ela toda a sorte do mundo assim como a todas que passaram,
passam e passarão pelo que ela viveu. Não sei se chamo isso de destino, de
vontade de Deus ou simplesmente de imponderável. Cada um que responda
segundo suas crenças (no destino, em Deus ou no imponderável).
De volltta para cassa
#
Depois de toda essa epopéia, talvez a lição que falte aprender é a que vai
me abrir novamente as portas para a vida familiar. Venho, em tentativas e
erros, buscando essa lição há muitos, muitos anos. Sei que ainda vai levar
um tempo até que eu encontre o resultado dessa equação que me levará de
volta ao perdão, ao abraço, ao aconchego dos meus pais, das minhas irmãs,
dos meus sobrinhos.
No meio desse caminho, topei com uma carinhosa troca de mensagens pelo
computador com um primo querido. Estamos até combinando de nos
encontrar em Sorocaba para matar a saudade. Quem sabe esse não seja o fio
da meada? Torço por isso.
Eu leio e releio os e-mails que troquei com esse primo, que também é meu
padrinho, esperando encontrar alguma pista, algum sinal de que as coisas
possam estar minimamente favoráveis ao reencontro. Sei que estamos no
caminho certo. Pode levar um dia, um mês, um ano... Mas vai chegar.
Oi Raquel,
Fiquei híper-super-upper-feliz por você ter respondido meu email.
Em momento algum, respondo principalmente por mim, ficamos
contra você, Raquel, pois pouco soubemos do que estava ocorrendo.
E, como lhe disse, o livro nos trouxe informações sobre as quais
jamais pensaríamos ter conhecimento.
Não quero julgar ninguém. Se eu quisesse, teria prestado
concurso para ser juiz e ganhar para isso. Mas nunca gostei de julgar
ninguém, principalmente quando não sei qual é a versão da "outra
parte". #
Ninguém pode imaginar o que você sentiu. Somente você sabe.
Você realmente foi abandonada por sua família biológica, mas foi
ESCOLHIDA e criada por outra que te ama... Tenha certeza disso. Seu
pai te ama muito... Creio, você vai me entender, que você foi, não, é a
filha mais amada pelo seu pai e pela sua mãe.
De sua mãe não tem o que comentar. Quem conhece a tia como
nós a conhecemos sabe que ela te ama, e que adoraria ter você junto
dela. Seu pai também... Mas, como ele é da família, e todos da família
são meio (bem) xaropes, ele não demonstra, ou ao menos esconde seus
verdadeiros sentimentos atrás daquele jeito durão.
Como você mesma disse em seu e-mail, seus pais são pessoas
maravilhosas, e não é que você não soube valorizá-los. Às vezes,
mesmo sabendo do valor das coisas ou das pessoas, nos arriscamos e
quebramos a cara.
Eu nunca fui santo... Sempre fui da pá-virada, aprontei o que
podia e o que não podia, a ponto de chegar à perfeição de apanhar do
meu pai e nem sequer chorar.
E, um dia desses, vasculhando meu coração, percebi que não
tinha nenhuma rusga em relação a isso, pois eu era foda (pergunte para
minha mãe)!
Comecei a dar maior valor aos meus pais e a outras coisas depois
que constituí família e após a cirurgia que sofri em 2000.
Meu pai sempre foi muito ausente, por razão do trabalho, e
minha mãe era quem segurava a bomba, com três filhos homens, mais
ou menos da mesma idade. Ninguém, Raquel, foi um exemplo de
filho. O único que foi acabou crucificado há mais ou menos 2006
anos.
Minha mãe esteve conversando bastante com a sua mãe no final
do ano, e creio que na semana que vem sua mãe venha para cá. Ela #
NUNCA teceu nenhuma palavra contra você. Pode ter comentado
superficialmente algumas coisas, mas jamais feriu sua lembrança. Seu
pai teve que rebolar um pouco com a Rede TV! e com a Band, que
não saíram da porta deles por alguns dias, mas nada tão terrível. [...]
[...] Repito para você o voto que fiz a Deus no dia do seu
batismo. Ele está de pé e é REAL em minha vida. Tudo isso que
aconteceu serviu inclusive para eu repensar meus valores e ver se
estava agindo corretamente com as pessoas, principalmente com as
que amo. Vi que negligenciei você, mas estou feliz de você ter entrado
em contato comigo. [...]
[...] Tenho certeza, Raquel, de que um dia verei você e seu
esposo entrando no apartamento dos seus pais, com seu filho no colo,
e seu pai e sua mãe babando pelo netinho (ou netinha) que você irá
lhes proporcionar. Você sabe a forte relação que temos com seus pais.
E isso desde muito antes de eu nascer. Por isso, posso afirmar que
você é especial para eles.
Bom, fico por aqui, senão quem acaba escrevendo um livro sou
eu... hahahaha
Um grande beijo para você e um abração para seu noivo!!!
Seu primo.
Oi primo,
Foi uma surpresa enorme ter recebido um e-mail seu! Eu pensei #
que todos da família estivessem contra mim.
Tenho saudades de vocês, da tia, do tio, de todos.
A minha vida foi muito conturbada. Eu não era feliz, me sentia
um patinho feio e a adoção foi um trauma para mim. Nunca aceitei o
fato de ter sido abandonada pela minha família biológica.
Eu sei que meus pais são pessoas maravilhosas, eu é que não
soube valorizá-los. Eu saí de casa muito magoada com meu pai, por
ele não ter me compreendido, por ele nunca ter sentado para
conversar comigo e tentar entender o que se passava na minha
cabeça. Para ele, a solução da minha rebeldia foi sempre me atacar
com palavras ofensivas, depois a solução seria me colocar na Febem.
Eu nunca vou me esquecer de quando ele me disse: "Eu não devia ter
te adotado, deveria ter deixado você passar fome e frio".
Não estou te contando tudo isso para que você fique com raiva
dele, longe disso. Você o conhece e sabe que, por mais que ele não
tenha sido um bom pai para mim, ele é uma pessoa muito querida por
todos.
Eu consegui perdoá-lo. Ainda tenho mágoas, sim, mas o perdoei
como ser humano. O que mais quero agora é que eles consigam me
perdoar. Eu posso não ter sido um exemplo de filha, mas reconheci os
meus erros e mereço perdão.
Pode até ser que eles nunca mais queiram me ver, nem pintada
de ouro, mas o perdão entre todos nos fará muito bem. Eu não sei o
dia de amanhã, não quero morrer sem ter resolvido isso. Muito menos
quero que algum deles morra; acho que daí, então, eu nunca me
perdoaria.
Fico feliz por saber que vocês estão bem! Lembro que vocês
passaram por uma fase muito difícil também. Que bom que vocês
conseguiram dar a volta por cima! #
Hoje minha vida está resolvida. Parei de fazer programa, não me
orgulho de ter feito, mas não me arrependo. Era para ter sido assim.
Estou morando com o meu namorado há quase seis meses e estamos
felizes. Ele cuida bem de mim e tenho certeza de que meus pais
gostariam dele. Estou feliz e consegui dar a volta por cima também.
Quero continuar mantendo contato e te passo meu e-mail pessoal.
Obrigado por ter me mandado um e-mail e por não ter me
julgado.
Beijos para todos,
Raquel.
Bom dia Raquel,
Todos em casa leram seu livro. Minha mãe, meus irmãos. Minha
esposa também leu. Minha mãe chorou com as histórias que você
contou no livro, principalmente com o amor que ela sentiu que você
tem pela tia. Raquel, aqui na minha casa todos amam você e sentem
sua falta. Lembramos sempre de quando você era pequenininha e de,
quando te dávamos alguma coisa, você falava "OBATATA" em vez de
obrigada...
Não temos pretensão de nada, Raquel. Não queremos aproveitar
de sua fama para nada. O que queremos realmente é ter você junto de
nós novamente.
Lembro quando te carreguei com dois dias de vida... Lembro
também quando batizei você com sua irmã, fazendo a promessa a
Deus de cuidar de você. Promessa essa que, pode ter certeza, me foi
cobrada duramente...
Meu pai continua trabalhando como louco, minha mãe se #
aposentou, meus irmãos estão bem: um dá aulas em São José dos
Campos e o outro é publicitário. E eu advogo e tenho alguns negócios.
Não esqueça que te amamos. Espero que nos vejamos logo.
Venha nos visitar.
Um grande beijo,
seu primo.
Oi primo,
Faz tempo que não nos comunicamos. Pode ter certeza de que
não foi por falta de consideração minha, mas por falta de tempo e
também de coragem. Já algumas vezes peguei o telefone com a
intenção de te ligar, mas paro de discar no meio do número e desligo.
Começo a chorar. Para mim, ainda é muito estranho entrar em
contato com alguém da minha família após quase quatro anos.
Voltei há poucos dias de uma viagem que fiz para divulgar meu
livro em alguns países da América Latina. Felizmente, a "Bruna
Surfistinha" está indo bem. Mas a Raquel não.
Eu tenho sentido muita falta de todos vocês e, claro,
principalmente dos meus pais e das minhas irmãs. No domingo, que
foi Dia das Mães, fui a uma floricultura e comprei algumas orquídeas
para a minha mãe, pedi para entregarem com um cartãozinho. Não
sei se ela recebeu.
No último Natal, mandei um presentinho para ela com uma
cartinha, na qual contei como tinha sido a minha vida e, no final,
coloquei os números dos telefones onde ela poderia me encontrar.
Mas ela nunca me ligou. Nem sei se o presente foi entregue a ela #
porque, quando eu deixei na recepção do prédio deles, o porteiro
disse que meu pai é quem desceria para pegar. Como conheço meu
pai, acho que ele deve ter jogado no lixo.
Eu não sei o que faço. Falta muita coragem de entrar em contato
com todos. Eu tenho muita vergonha e, ao mesmo tempo, muito medo,
pois eu não sei qual será a reação deles. Meu maior medo é que
desliguem na minha cara ou que nem queiram falar comigo.
Eu sei que errei muito. Sei também que nenhum pai quer ter uma
filha que foi prostituta. Mas acho que mereço perdão, por pior que eu
tenha feito.
No final do ano passado, o meu cunhado entrou em contato
comigo por e-mail. Contou que minha mãe foi para lá visitá-los e me
mandou algumas fotos dela durante a viagem. Fiquei feliz por ela. Eu
não queria que a vida deles parasse por minha causa. Pelo que
entendi, ele e minha irmã não estão mais juntos, mas, mesmo assim,
ela está superbem profissionalmente e, pelo sorriso dela nas fotos,
emocionalmente também.
Eu tenho sonhado muito com meus pais. Mas são sempre sonhos
bons, em que estamos nos reencontrando. Em um desses sonhos, eu e
minha mãe estávamos batendo o maior papo sentadas em um sofá.
Eu e meu namorado estamos planejando passar um final de
semana aí em Sorocaba. Se puder, quero me encontrar com você,
para conversarmos. Depois, se puder, também quero encontrar seus
pais. Mas prefiro primeiro me encontrar com você, para que eu tenha
uma emoção de cada vez. Além disso, você me falou sobre a tia, mas
não sei se seu pai me perdoou ou não. Provavelmente não, porque ele
é irmão do meu pai, né? São do mesmo sangue.
Dê notícias de vocês e dos meus pais também. E me diga qual é o
melhor horário para eu te ligar. #
Beijos,
Raquel.
Linda Raquel,
Fiquei muito feliz com seu e-mail. E também fico muito feliz
com o seu sucesso com os livros. Não fique na metade para me ligar:
ligue o número inteiro. A emoção faz parte. Afinal, tanto tempo se
passou... Mas saiba que meu amor por você sempre persistiu e
persistirá. Sou da família e me orgulho disso, pode ter certeza.
Meu pai não tem nada contra você, Raquel. Até foi engraçado.
Eu já tinha lido o livro, mas ainda estava reticente em mostrá-lo para o
resto da tropa. Daí, meu pai chegou com um jornal, creio que a Folha,
que tinha a sua foto e estava falando bem do livro. Daí mostrei. Ele
gostou muito, também.
Minha avó, lá de Prudente, com 86 anos, está lendo o seu livro,
que levei nesse final de semana para emprestar para ela. E ela está
amando! Rsrsrs
A sua irmã me ligou há um mês e meio, mais ou menos. Falamos
ao telefone e ela me questionou a respeito do seu e-mail. Ficou claro
na conversa que sua mãe está louca para te ver. Seu pai também. Mas
ele tem cabeça-de-bagre como boa parte da família... Creio que
futuramente seu contato será com sua mãe primeiro. A tia tem um
coração bondoso, você sabe disso. Seu pai também. Mas é cabeçudo!!!
Continue mantendo esses contatos com sua mãe, mesmo que seja
só nos dias festivos, pois ela te ama, Raquel. Tenha certeza: toda a
dor, um dia, se converte em alegria no outro. #
Venha para Sorocaba. Já avisei minha mãe que você quer vir e
ela também te espera. Se quiser fazer um "pré" comigo e minha
esposa, tudo bem. Mas todos em casa esperam por você. Inclusive
meu pai e meus irmãos.
Nós não temos do que te perdoar, Raquel. Erros cometemos aos
montes, e meu pai também pensa assim. Já fiz muita c*g*d* na minha
vida que deixaria você atônita. Rsrsrs
Sabe, Raquel, sou um cara muito família, você sabe disso, e sinto
muito sua falta. Eu sempre mantive contato com todos e, para mim, é
uma tortura a distância dos que amo. Aguardo ansioso seu telefonema.
Ligue a hora que desejar.
Sabe... Deus nos ensina que tudo o que nós abençoarmos,
abençoado será. E eu te abençôo, Raquel, pois uma das atitudes mais
nobres e difíceis de serem tomadas é o arrependimento; ela dispensa o
perdão. Nisso, você se mostrou abundante.
Te amo!
Seu primo.
Eu sinto que essa visita ao sítio será o primeiro de muitos passos em
direção à retomada da minha vida, da minha família. Cada pequeno
centímetro que me conduza nesse caminho já fará de mim uma mulher mais
feliz e mais realizada. Em algum momento, no meio dessa trilha, meus
passos vão cruzar novamente com os do meu pai, da minha mãe, das
minhas irmãs e sobrinhos. Pressa eu tenho, pois as saudades que sinto
ocupam um espaço enorme onde poderia haver paz, harmonia, felicidade.
Conquistei muitas coisas, muito mais do que jamais poderia imaginar. Mas
também perdi coisas que nunca achei que poderia perder. Reconquistá-las é
um dos meus projetos de vida. Talvez não o maior, porém, sem dúvida, o #
mais importante. Essa é uma lição que eu ainda vou ter de aprender.
Quando eu e o Jorge terminamos este livro, fui surpeendida por um pedido
do João Paulo. Ele desejava escrever um capítulo contando o seu lado sobre
a história que envolve o nosso relacionamento e o fim do seu casamento.
Seria um desabafo e um esclarecimento dos fatos. Fiquei muito feliz, afinal,
assim como eu, ele também foi vítima de falsas acusações. Pela
importância do seu depoimento, resolvi encerrar este livro com o capítulo a
seguir.
A verdade de cada um
por João Paulo Moraes
#
Toda história tem dois lados e uma verdade. Até agora só foram mostrados
lados, mas onde será que está a verdade?
E impressionante como as pessoas escutam algo e aquilo se torna uma
verdade absoluta. Ninguém pára e analisa os fatos ou ao menos tenta
entender o porquê daqueles acontecimentos.
Não me pronunciei até agora e provavelmente esta seja a última vez, mas
não posso permanecer calado diante de tamanho teatro que está sendo
armado por uma pessoa, vivido por algumas e assistido por milhares.
Ninguém consegue sentir ou mensurar o que acontecia se não viveu a
situação ou, pelo menos, tenha presenciado parte dela. Nem eu, que vivi os
dois lados, sei se conseguirei explicar. Tudo o que sei é que há vários
pontos que precisam ser esclarecidos.
O primeiro, e o que eu julgo ser o mais importante: eu não namoro com a
Bruna Surfistinha, e sim com a Raquel Pacheco, a mulher que existe por
trás da personagem. E anteriormente eu fui casado com Samantha Oliveira
Pita, a mulher que está por trás da personagem Samantha Moraes.
E muito fácil uma pessoa aparecer na TV, ainda mais sendo namorada de
um diretor de programa de auditório, falando que era a dona de uma casa
perfeita, a mãe exemplar, a batalhadora que fazia salgadinhos em casa, que
tinha o casamento dos sonhos de qualquer mulher e que da noite para o dia
um furacão passou em sua vida e acabou com tudo. Foi traída pelo marido
que a trocou por uma garota de programa, mas que deu a volta por cima,
que realizou o grande sonho de escrever um livro, que vai ganhar muito
dinheiro com isso e agora pode comprar a dignidade das filhas de volta. #
Quando ouvi essa história pela primeira vez, confesso que até fiquei
comovido. Que monstro de marido faria isso? Largar um casamento
perfeito para entrar numa aventura amorosa por aí, deixando as filhas ao
relento? Mas daí eu olhei bem para a mulher que aparecia na TV e a
reconheci pelo menos fisicamente. As coisas que ela dizia eram
novidades até mesmo para mim.
Eu a ouvi dizendo que vivia um casamento perfeito. Mas casamento tem
dois lados e o perfeito para um pode ser o inferno para o outro. São duas
pessoas vivendo aquela situação e não somente uma. É como em um jogo
de futebol, são dois times em campo, disputando a mesma partida e o jogo
termina 5X0. Para o time que ganhou, o jogo foi perfeito e para o que
perdeu? Será que também foi? Com certeza não.
Não estou aqui para fazer um balanço de como foi ou poderia ter sido o
casamento, pois isso já faz parte do meu passado há bastante tempo.
Também não vou julgar quem errou, pois também cometi erros. Tenho a
plena consciência de que errei quando procurei pela Bruna Surfistinha
enquanto estava casado, mas isso não é nem de longe o que me levou a sair
de casa e começar uma vida nova.
Hoje vejo que as pessoas querem crucificar a Bruna Surfistinha como
destruidora de lares, a mulher que desfez uma família, que separou o pai
das filhas e outros absurdos mais. Se há uma pessoa que não tem a menor
culpa nessa história toda, essa pessoa é justamente a Raquel.
Ainda não li o relato de minha ex-mulher sobre como tudo começou entre
nós. Vi somente uma sinopse em um convite de internet que dizia sobre #
amor, sexo e traição. Levando em conta esses temas, acredito que o que eu
contarei não será novidade para ninguém... Ou será?
Eu conheci a Samantha no primário. Tínhamos aproximadamente sete anos
de idade e brincávamos juntos no intervalo das aulas pelos seis meses
seguintes, até ela ser transferida para outra escola. Morávamos no mesmo
bairro, casas próximas, e nos encontrávamos com certa freqüência. Depois
veio a adolescência, as mesmas turmas. Ela com seus namorados e eu com
as minhas, uma vida como a de qualquer outra pessoa de nossa idade.
Ficamos muito tempo sem nos encontrar, pois ela teve que se mudar da
casa da tia que era próxima da minha , indo morar na casa de seu pai,
um pouco mais afastada. Não sei exatamente o motivo, mas lembro-me que
foi algum destes castigos que os pais aplicam em adolescentes rebeldes
com problemas no colégio. Provavelmente para ver se o pai e a madrasta,
que impunham um regime mais rígido, a colocavam na linha... Mas como
disse, coisas de adolescente.
Não sei por quanto tempo morou lá, acho que cerca de um ano. Mas houve
um incidente que tornou incompatível sua convivência naquela casa. Ela
furtou um sutiã, ou outro objeto qualquer, em uma loja e foi descoberta
pela empregada da casa que contou para a sua madrasta. Acabou indo
morar com a avó paterna, uma senhora pela qual eu tenho o maior respeito,
admiração e sempre nos ajudou demais nos momentos difíceis.
Já morando com a avó, nos reencontramos. Estávamos há alguns anos sem
nos ver e tínhamos muita conversa para colocar em dia. Nos falávamos
bastante ao telefone, tínhamos amigos em comum. Enfim, houve uma
reaproximação. Sou um pouco ruim com datas, mas dos fatos eu não me #
esqueço.
Lembro-me bem de quando eu trabalhava em uma loja do shopping
Iguatemi e ela apareceu com um noivo para me convidar para ser padrinho
do casamento. Achei por bem escrever um noivo e não o noivo, pois eu fui
o quarto ou quinto noivo que ela teve mas isso também não vem ao
caso.
Nessa época eu namorava havia dois anos. Coincidentemente, minha
namorada era irmã de uma de nossas amigas de turma da adolescência.
Como todo relacionamento tem seus altos e baixos, estávamos brigados e
assim ficamos por uns vinte dias mais ou menos.
Nesse período, ela me ligou e disse que o noivo estava viajando. Perguntou
se eu não tinha um amigo sobrando para sairmos com ela e uma prima. E lá
fomos nós para um barzinho qualquer; bebemos, conversamos e fomos
embora. Na despedida, ficamos juntos pela primeira vez. Ela se foi e eu
fiquei com aquilo martelando na minha cabeça: minha amiga de tantos anos
e ainda por cima seria minha afilhada de casamento. Achei por bem não dar
continuidade àquilo, estava confuso e simplesmente deixei uma carta para
ela e sumi.
Passaram-se mais dois anos e eu já havia reatado meu namoro que desta
vez fluía normalmente.
Eu a encontrava com alguma freqüência, pois nessa época ela andava
bastante com as pessoas da minha turma. Saiu com dois ou três deles, mas
não podíamos nos reunir todos, pois minha namorada, talvez pressentindo o
perigo de tê-la por perto, não deixava que eu freqüentasse constantemente #
os mesmos lugares que ela.
Como mulher tem um sexto sentido aguçado para traição, não é que minha
namorada tinha razão do perigo? Começamos a sair escondido: durante o
dia a namorada; à noite, a amante. Essa situação perdurou por uns 15 dias
aproximadamente, até que recebi um ultimato: a amante não queria mais
ser a outra, queria ser a oficial. Eu estava cego, envolvido com a relação,
talvez misturando a paixão com a longa amizade. Fui lá e sem um breve
aviso, sem uma situação de briga, sem desentendimentos, acabei com o
meu namoro de quatro anos.
Mas eu não era o único que levava uma vida dupla, pois ela também tinha
namorado. Viam-se muito pouco; ele era da Aeronáutica e parece que
morava fora de São Paulo. Lembro-me como se fosse hoje, na sala da casa
de meus pais, ela pegando o telefone (eu na extensão) e terminando seu
namoro. Ainda ouvi a voz do outro lado dizendo: "Acho que estamos
fazendo um trato: você entrando com o pé e eu com a bunda!", e ela
sorridente concordava.
Talvez ela não tenha tido a oportunidade de contar essas passagens de sua
vida anteriormente, mas sempre é bom relembrar, pois mostra que quando
ela fala sobre traição e roubar o homem de outra mulher, também tem
bastante experiência no assunto.
Entre namoro, noivado e casamento foram menos de seis meses. Todos
achavam uma loucura, me perguntavam se eu tinha certeza, não só meus
amigos e parentes, mas também os parentes dela. Aparentemente, eu já a
conhecia havia 17 anos, ou melhor, pensava que conhecia. Uma tia dela, #
por mais de uma vez, me disse que eu não a conhecia, que ela era "um
bicho". Mas, como dizem, quer conhecer sua namorada, se case. Quer
conhecer sua mulher, se separe. Pode até ser uma colocação machista, mas
no meu caso, serviu como uma luva.
Engraçado ela aparecer na TV falando que era trabalhadora. Enquanto
estávamos casados ela não chegou a voar um ano na companhia em que
estava e pediu demissão. Adicionando todas as demais coisas que se
aventurou a fazer, não somam mais um, e ficamos casados seis anos.
Bom, mas se não trabalhava era porque cuidava da casa e das filhas. Pois é,
também não. Adorava ficar acordada até de madrugada. A primeira brecha
que aparecia para fazer uma baladinha com quem quer que fosse, estava
pronta e não hesitava em ir sozinha. Até mesmo o meu pai sempre dizia:
"Ela não é do lar, é do bar!". Alegava que me convidava para ir junto, mas
eu estava sempre cansado e não queria ir. Mas como poderia ir se tinha
trabalhado o dia todo desde cedo? Talvez se não trabalhasse e acordasse
depois do almoço como ela, tivesse a mesma disposição.
Por que ela não conta sobre as brigas que tivemos? Até a polícia apareceu
em casa para apartar a situação, das vezes que chegamos até a agressões
físicas, das inúmeras ocasiões que ficou bêbada e quebrou várias coisas em
casa? Não fala sobre quando eu ficava em casa com as meninas e ela saía
com os amigos e voltava de madrugada. Ou quando, às vésperas da
separação, chegou em casa com dia claro e o rosto todo machucado, pois
havia levado uma surra da irmã ao chegar alcoolizada na casa da mãe para
buscar as filhas e, ao que tudo indicava, havia desrespeitado a própria
mãe.
#
Não tenho que ficar aqui contando sobre um casamento que já terminou,
mas não posso deixar as pessoas imaginando que tudo era perfeito e que da
noite para o dia eu fui arrancado de uma família perfeita para viver uma
loucura. Já que só se fala das maravilhas, eu tinha que mostrar que também
havia o outro lado. Sim, todos os casamentos têm o lado bom, mas também
o lado que as pessoas se desentendem, brigam, fazem suas picuinhas,
enfim, o lado ruim. E quando as coisas ruins superam as boas, ele acaba.
Da forma como é contado, parece que tudo ia muito bem e um belo dia eu
acordei, peguei minhas malas e fui morar com a Raquel. Mas não foi bem
assim.
As coisas já não iam bem para mim, tanto que eu preferia ficar no escritório
até bem tarde em vez de ir para casa para ficar discutindo e me desgastando
sobre as mesmas coisas de sempre.
Certo dia achei na internet um link do blog da Bruna Surfistinha. Entrei,
comecei a ler os relatos, as histórias e descobri que ela estava mais perto do
que eu imaginava. Fiquei curioso, mas não telefonei. Comecei a
acompanhar o dia a dia dela por mais de uma semana, até que resolvi ligar.
Nos encontramos sete vezes, uma vez por semana. Era muito estranho, pois
eu tinha a impressão de que já a conhecia havia muito tempo. Nos
entendíamos muito bem, ela olhava para mim e já sabia quando eu estava
bem ou mal. Conversávamos muito e eu me sentia à vontade para contar a
ela coisas que eu não queria desabafar com ninguém. Em contrapartida, ela
desabafava várias coisas comigo, que não contava nem para a Gabi, que na
época morava com ela. Nesse período, que foi entre janeiro e início de
fevereiro, começou uma nova amizade, que parecia ter muitos anos. Eu
conheci a Raquel, a garota por trás da personagem.
#
De comum acordo, vimos que não era mais possível essa relação de cliente;
deixamos o sexo de lado e continuamos apenas com a amizade.
Conversávamos várias vezes por telefone, trocávamos e-mails. Quando
precisávamos desabafar ou simplesmente contar alguma coisa, falávamos
um com o outro.
Eu fui a sua casa vários fins de semana; almoçávamos juntos, assistíamos a
algum filme, dávamos muitas risadas. Até mesmo muito antes do livro O
doce veneno do escorpião, eu já sabia de toda sua história. Ela era uma
nova amiga, que não fazia parte do meu círculo de amizades. Eu não havia
contado sobre ela a ninguém, somente para um amigo. Ele sabia da situação
do meu casamento, freqüentava a minha casa e, ainda, me avisou:
"Cuidado, por tudo que você tem passado em casa, com uma amiga nova
você pode acabar se apaixonando". Ele acertou.
Dentre as diversas coisas que conversávamos, falávamos muito sobre o
meu casamento. Contei tudo o que acontecia, que eu pensava em me
separar e dar um basta em tudo aquilo; só não havia levado ao extremo
ainda por conta das minhas filhas e também por comodismo. Só Deus sabe
quantas vezes ela falou para eu pensar bem, para relevar, que isso era uma
fase, que passaria e tudo ficaria bem novamente.
O fato de estar tratando minha ex-mulher de forma diferente nessa época,
sendo mais carinhoso, levando presentinhos e flores que hoje ela prefere
chamar de sentimento de culpa , na verdade era uma forma de tentar
resgatar alguma coisa que hoje eu vejo que foi perda de tempo.
Tudo foi indo desta forma até o mês de maio. Um dia, enquanto nos
falávamos por telefone, percebi que a Raquel estava muito mal e que #
precisava esfriar a cabeça. Passei na casa dela e saímos para dar uma volta
de carro e conversar. Rodamos horas pela madrugada da cidade e paramos
para tomar uma cerveja. Depois disso eu a deixei e fui para casa.
Dois dias depois, minha ex-mulher pediu o carro emprestado para fazer
alguma coisa. Fui trabalhar e deixei o carro. Este foi o dia D.
Ela achou um fio de cabelo no carro. Saiu feito louca procurando de quem
seria; foi ao escritório, pois nesta época tinha uma loira trabalhando
conosco. Lá chegando não me encontrou, nem ela, porque
coincidentemente naquele dia ela havia me dado uma carona pois eu estava
sem carro.
Engraçado, falar que tudo ia tão bem no casamento e só dar pela falta do
marido cinco meses depois, mas tudo bem.
Quando cheguei à noite, já foi me acusando de estar tendo um caso, de ter
uma amante, o que não era verdade, pois até então a Raquel era só uma
amiga. Para mim, era o que faltava. Nem quis discutir. A decisão que eu já
vinha amadurecendo na minha cabeça, naquela noite se concretizou.
Na manhã seguinte, eu tinha a certeza do que seria dali para a frente, só não
esperava que fosse acontecer algo naquela noite que mudaria
completamente a minha vida. Passei o dia fora de casa e fui para o único
lugar onde eu tinha certeza de que ninguém me acharia e que eu poderia
esfriar minha cabeça: a casa da Raquel.
Cheguei lá e ela estava com uma amiga. Almoçamos juntos, assistimos a
um filme e eu só pensava como seria a minha vida dali para a frente e, #
ainda, com raiva por tudo o que já havia passado anteriormente.
Começamos a conversar e decidimos sair à noite, os três. Queria esquecer
tudo o que aconteceu.
Antes de sair, ficamos bebendo, ouvindo música, conversando. Quando a
amiga dela foi tomar banho, eu saí para a varanda do prédio e fiquei lá
sozinho, pensando na vida. Então a Raquel chegou, nos abraçamos e
quando eu dei por mim, estávamos nos beijando. Era a primeira vez que
ficávamos juntos desde a nossa conversa em fevereiro.
Passamos a noite toda juntos, fomos dançar e saímos de lá só quando o dia
clareou. Não voltei para casa, fui dormir em um flat. Fiquei completamente
perdido; se antes eu já estava confuso, aquela nova situação me deixou
ainda mais.
Durante a semana ainda fiquei pesando a situação, sabia de tudo que ia
enfrentar: o preconceito das pessoas pelo fato de na época a Raquel ainda
se prostituir, o medo de ser apenas algo de momento entre nós dois, o fato
de não estar mais diariamente com minhas filhas, enfim, tudo o que, no
futuro, esta situação poderia acarretar. A única coisa que estava certa na
minha cabeça era que com a minha ex-mulher eu não queria ficar mais, que
eu não precisava mais passar por tudo aquilo novamente.
Ainda estávamos morando no mesmo apartamento e ela continuava me
pressionando com aquela situação. Eu permanecia ali para ficar perto das
meninas e, ao mesmo tempo, não queria mais estar com ela. Não tive outra
escolha a não ser pegar umas coisas e sair de casa. Mas para onde?
Como eu passava o dia todo fora e só teria de ir para casa para dormir e #
tomar banho, resolvi voltar para a casa da minha mãe, pois ela manteve o
meu quarto vago desde que me casei.
Comecei a ver a Raquel todas as noites, trocávamos mais e-mails do que
antes, falávamos muito mais ao telefone, naturalmente. Eu sabia o que ela
estava fazendo durante o dia, procurava não pensar nisso e me ocupar com
outras coisas. Eu saía do escritório e ia visitar as meninas; quando a Raquel
me ligava à noite eu ia encontrá-la.
Comecei a passar os fins de semana com a Raquel. Dormia lá de sexta a
domingo e depois, na semana, voltava ao normal. Cada dia que passava eu
estava mais apaixonado por ela. Eu olhava para a Raquel e não acreditava
como ela havia entrado nesta vida de prostituição. Mas preferia não pensar
sobre isso.
Um grande mistério rondava minha vida, pois era nítido que eu já estava
com alguém e todos queriam saber quem era esta pessoa. Eu não revelava a
ninguém por dois motivos: primeiro, eu não sabia como começar a
conversa para contar quem era a mulher misteriosa; segundo, eu queria
preservar principalmente minhas filhas e, conseqüentemente, minha exmulher,
pois, apesar de tudo, mesmo o casamento não tendo dado certo,
havia uma parte de nossas vidas para trás, a amizade de tantos anos.
Pouco depois, eu liguei para ela e disse que iria buscar minhas roupas. Eu
não queria nada, ela poderia ficar com tudo. No dia combinado fui lá e
minhas coisas já estavam dentro das malas, ela havia arrumado tudo. Uma
prima dela estava lá e me ajudou a colocar as coisas no carro. Eu senti um
aperto em partir, não por ela, mas pelas meninas. Mas ela fez questão de
descer até a garagem com as crianças, que ficaram presenciando eu #
carregar o carro e ir embora.
Ela sabia que eu já tinha alguém, desconfiou de várias pessoas, mas nunca
imaginou quem pudesse ser, aliás, nem ela e nem ninguém. Então, mudou a
estratégia: quando eu ia ver as meninas, ela estava com a casa arrumada,
comida feita, as crianças de banho tomado e prontas para deitar. Fazia isso
para mostrar que tinha mudado. Isso me revoltou ainda mais, pois se ela era
capaz, por que nunca fizera isso antes? E ainda começou a querer forçar
algum tipo de situação entre nós. Eu fiquei louco com isso, brigamos feio,
chegamos até a nos agredir fisicamente. Numa noite saí de lá todo
arranhado, e acredito que ela também tenha se machucado, pois fui
obrigado a segurá-la com força. Antes que alguém imagine que eu batia
nela, preciso dizer que isso nunca aconteceu e jamais irá acontecer. Acho
um absurdo um homem agredir uma mulher, mas também não dava para eu
ficar apanhando. O mínimo que eu podia fazer era segurá-la.
Depois de um tempo, as coisas se acalmaram, conseguíamos conversar
moderadamente e discutir assuntos da casa e das meninas. Ela estava
fazendo um curso para começar a trabalhar em outra companhia aérea
sim, ela começou a trabalhar na segunda companhia aérea depois que eu fui
embora de casa; até dei carona para ela algumas vezes.
Um dia ela ficou doente, foi para o hospital e ficou internada. Fui visitá-la
algumas vezes e levei as meninas para vê-la. Podíamos estar separados,
mas eu ainda via nela uma amiga e me preocupava com sua saúde. Ela é a
mãe das minhas filhas.
Paralelamente, eu continuava vendo a Raquel todos os dias; estávamos
apaixonados e ambos sofríamos com a situação da prostituição. Mas nunca #
falávamos sobre isto; eu já não lia mais o blog e ela sempre fez de tudo
para que não ficassem vestígios do que havia ocorrido naquele apartamento
durante o dia.
Alguns dias depois, enquanto conversávamos, ela me perguntou se eu
moraria com ela, pois assim poderíamos passar as noites juntos durante
toda a semana. Eu sabia que se fosse morar com ela seria a pedra que
faltava para sepultar de vez o meu casamento. A partir dali, realmente não
teria mais volta e eu não poderia mais morar com minhas filhas.
Da parte dela, teria de deixar a amiga que esteve ao seu lado em todos os
momentos para morar comigo. Teríamos de fazer nossas escolhas e seriam
escolhas definitivas. Isso iria acontecer naturalmente dali a um tempo, nós
somente antecipamos. Nossa relação era muito intensa e, embora
estivéssemos juntos havia pouquíssimo tempo, parecíamos conviver por
séculos.
Em menos de duas semanas já seria o Dia dos Namorados. Morávamos
juntos, estávamos apaixonados e quando este dia chegou, pedi Raquel em
namoro.
A respeito da escolha que tivemos de fazer, isso foi uma coisa que a mídia
distorceu para querer usar contra a Raquel. Colocaram no ar somente uma
parte de um e-mail enviado por ela, e ainda disseram que me fez escolher
entre ela e minhas filhas. Isso jamais aconteceu. Ela nunca criou qualquer
obstáculo em relação às minhas filhas e em nenhum momento tentou ter
mais atenção do que elas, muito ao contrário.
Quando eu pegava as crianças nos fins de semana, as levava para outros #
lugares, pois não sabia o que a Raquel sentiria ao me ver com as filhas que
tive com outra mulher. No começo, eu ficava com as meninas no
apartamento delas. Depois comecei a levá-las na casa da minha mãe. Um
dia eu perguntei para a Raquel se teria problemas se todos nós passássemos
o final de semana juntos. Ela disse que seria ótimo e que não havia
proposto isso antes, pois deveria partir de mim que sou o pai.
Fizemos um teste: levei as meninas para passar o dia na casa da "amiga do
papai". Não sabia qual seria a reação da minha filha mais velha ao me ver
com outra pessoa; afinal ela já estava sentindo demais a separação e tudo o
mais. Combinamos que não ficaríamos nem perto um do outro, tudo tinha
que acontecer passo a passo. As meninas adoraram o final de semana e a
partir daí, toda vez que me viam falavam que queriam passar o fim de
semana "na casa da amiga do papai" ou "na casa da tia Raquel". Perfeito,
era só o que faltava, que as meninas se dessem bem com a Raquel.
Várias pessoas me perguntam como eu consegui conviver com a situação
de namorar uma garota de programa que ainda estava trabalhando. Na
verdade, nem eu mesmo sei explicar. Diferentemente do que alguns
chegaram até a cogitar, não era nenhum fetiche ou algo parecido. Como
disse, ela sempre fez de tudo para que eu não soubesse ou pelo menos não
pensasse sobre isso. Por outro lado, eu via que ela também sofria muito
com a situação. Acho que tudo isso só serviu para fortalecer o nosso amor,
e se conseguimos superar esta fase juntos, acho que conseguiremos superar
qualquer outra coisa.
Eu não saía com garotas de programa; desconhecia o que se passava nesse
mundo. Nunca parei para pensar sobre isso e hoje vejo essa vida de forma
totalmente diferente. Não acho que seja a melhor maneira de ganhar a vida,
acredito que sempre é possível achar um caminho diferente para superar as #
dificuldades. Mas, por outro lado, cada um tem o livre arbítrio para fazer o
que bem entende de sua vida. Antes, até via com certo preconceito aquelas
mulheres na rua ganhando um "dinheiro fácil". Hoje, quando passo na rua e
vejo uma prostituta ali parada, já imagino o medo que ela deve sentir,
passando muitas vezes frio, fome, sem saber que tipo de pessoa será seu
próximo cliente e, se depois de atendê-lo, estará viva para voltar para
aquele lugar.
Quando a Raquel começou a ficar realmente conhecida com a publicação
do livro e ela passou a dar entrevistas para jornais, revistas, rádios e para a
TV, nós já estávamos juntos havia algum tempo e, sempre que possível, eu
a acompanhava. Fui a diversos programas, conversei com vários jornalistas,
mas nunca quis dar entrevista ou mesmo aparecer na mídia. Não queria
pegar carona na fama dela, não queria ficar famoso e, principalmente, não
queria expor nem a mim, nem a ninguém. Até que fomos ao programa do
Jô. Como sempre acontece, chegamos e ficamos aguardando o momento de
ela entrar. A produção me perguntou se eu queria me sentar ao lado dela na
primeira fila e se falaria alguma coisa também. Respondi que eu não falaria
nada e que estava ali só para acompanhá-la. Entramos, a platéia quase
lotada, a Raquel sentou-se na primeira fila e me levaram para um lugar na
terceira ou quarta fila, ao lado da escada, atrás da câmera. Estava tranqüilo
e nunca imaginei que numa emissora como a Globo ocorreria o que acabou
acontecendo.
No meio da entrevista, o Jô perguntou a respeito do Pedro, o namorado da
Bruna Surfistinha. Ela respondeu e, de repente, ele perguntou se "ele"
estava na platéia. Ela respondeu que sim. Quando dei por mim, tinha um
outro câmera em pé ao meu lado, que desceu a escada e começou a me #
filmar. Fiquei sem ação, fui pego completamente de surpresa e não sabia o
que fazer. Então, o Jô me perguntou: "Qual o seu nome?", eu respondi:
"Pedro", pois era o nome que estava no blog. Perguntou a profissão e eu
respondi a mais genérica que conheço: "empresário". Acho que foi meio
instintivo, queria preservar as pessoas que estariam envolvidas dali para a
frente e até a mim mesmo. Como não revelei meu nome nem profissão,
ainda tinha o benefício da dúvida. Somente as pessoas que me conheciam
realmente saberiam de quem se tratava; para as demais, era o Pedro,
empresário e ponto. Ao chegarmos em casa, já havíamos pensado em ligar
para a assessora de imprensa da Raquel para ela intervir e tentar editar a
entrevista, afinal, era gravada. Não foi possível, era o feriado de 15 de
novembro e a matéria foi ao ar no mesmo dia.
Isso teve pelo menos um lado bom; eu não precisei contar para as pessoas
quem era minha namorada, todos ficaram sabendo de uma só vez. Também
serviu como uma grande peneira de amizades, pois aqueles que eram
amigos de verdade respeitaram minha escolha. Um ou dois tomaram sua
decisão e simplesmente se afastaram. Hoje, nem sei dizer se foi uma pena
ou se foi melhor assim.
A Raquel sempre me preservou demais no blog e nas entrevistas. Era até
engraçado, pois juntávamos várias matérias e em uma eu era empresário, na
outra médico, numa eu tinha 25 anos, em outra 42 e por aí vai. Era uma
forma de despistar a mídia.
Pouco tempo depois, a Playboy me procurou, dizendo que minha ex-mulher
tinha concedido uma entrevista a eles, tirado umas fotos e queriam que eu
fizesse o mesmo. Não aceitei. Como já disse antes, não queria expor
ninguém. Mas, para minha surpresa, quando eu li a matéria na revista, lá #
estava ela sorrindo na foto, dando nome, sobrenome, profissão, tanto meu
quanto dela; só faltou telefone de contato para eventos.
A partir daí eu vi que ela não estava nem um pouco preocupada com a
exposição de sua imagem e de sua vida na mídia. Poucos dias depois, lá
estava ela na TV, contando a sua versão dos fatos e querendo vender sua
história como se fosse o único caso de separação que já havia ocorrido. Pior
ainda, era a apresentadora achando um absurdo e perguntando como ela
estava se sentindo em ver sua família destruída. Talvez a Jerry Hall, exmulher
do Mick Jagger, pudesse dar a ela a resposta que queria ouvir.
Em janeiro, mandei um e-mail para minha ex-mulher com a petição pronta
para fazermos a separação consensual. Ela arrumou várias desculpas e não
quis aceitar. Tentei por diversas vezes resolver tudo da maneira mais rápida
e menos dolorosa possível. Pensava nas meninas, sabia que isso tudo, com
certeza, iria refletir no futuro delas. Por esse motivo, eu não quis aparecer,
muito menos debater em rede nacional os absurdos que ela falou sobre o
casamento e sobre a Raquel.
Os meses foram passando, ela já estava com seu atual namorado, enfim,
tudo caminhando para ser solucionado pacificamente. Tudo parecia se
resolver, mas sempre havia algum empecilho. Pouco tempo depois,
descobri a razão de nada se resolver. Ela se aproveitara da situação para
pegar uma carona com a Bruna Surfistinha e ser famosa. E o pior, usando
as filhas para sensibilizar a opinião pública.
Se não é isso, não consigo entender o que é então. Afinal, mesmo quando
estávamos casados, as meninas passavam o tempo todo na casa da avó
aliás, atualmente moram com a avó. Falava que não iria permitir que a
Raquel conhecesse as meninas, sendo que desde o início do ano elas #
passavam um final de semana a cada quinze dias em nossa casa. Dizia que
eu não ligava para as crianças, sendo que dei um celular para que a minha
filha mais velha pudesse falar comigo quando quisesse. No entanto, sempre
que eu ligava caía na caixa postal; quando perguntei a ela por que o
telefone ficava tanto tempo desligado, ela me disse que a bateria havia
acabado e o carregador, misteriosamente, tinha desaparecido.
No processo de separação, que o advogado dela redigiu, consta que voltaria
a usar o nome de solteira. Porém, continua usando o meu sobrenome.
Quando saímos da audiência, providencialmente havia uma repórter lá fora
aguardando sua saída, ela aproveitou para divulgar o lançamento do seu
livro. E por aí vai.
A conclusão a que chego é que eu e a Raquel fomos vítimas de preconceito
e de sensacionalismo. Afinal, o que é que o nosso relacionamento tem
de diferente de tantos outros que acontecem todos os dias por aí? E uma
história de amor como tantas outras. Ou você nunca ouviu falar de
separações de executivos que se apaixonam por suas secretárias, de
advogados que se apaixonam por suas estagiárias, de professores que se
apaixonam por suas alunas ou até de donos de emissoras de TV que se
apaixonam por suas apresentadoras? São histórias de amor e quem já se
apaixonou de verdade sabe bem o que eu estou dizendo. Só eu e a Raquel
não tínhamos esse direito. Ah, sim, ela era uma garota de programa.
Quantas mulheres não se prostituem de uma maneira bem pior para ganhar
status, para conseguir um casamento confortável, para obter um bom
emprego, para ser promovida?
Mas a TV vive de sensacionalismo e quiseram transformar nosso
relacionamento num circo. Não deixamos que isso acontecesse. Se a TV #
quer fazer sensacionalismo com histórias de amor poderia começar com
quem é de casa. Não sei se você ficou sabendo da história de um
apresentador de telejornal, bem conhecido e casado, que declarou seu amor
por uma colega de trabalho no meio de uma premiação. A platéia estava
cheia de... jornalistas. Isso mesmo: a platéia estava cheia de jornalistas.
Alguma emissora contou essa história? Algum programa de TV foi fazer
campana na frente da ex-mulher dele? Alguém vai mandar uma equipe para
a porta do fórum entrevistar a mulher traída? O corporativismo prevalece
entre os jornalistas (e eu não estou generalizando).
Não estou falando isso para denegrir a imagem de ninguém, ao contrário.
Quero que as pessoas vejam que ninguém é perfeito, todos temos defeitos e
cometemos erros. Cada um tem de assumir os seus para se tornar uma
pessoa melhor, para que realmente dê a volta por cima e recomece a vida,
mas por cima de si mesma, de seus erros e de seu passado e não por cima
dos outros.
Assumo meu erro de ter saído com uma garota de programa enquanto era
casado; esse foi o meu erro e nenhum dos motivos que eu apresente para
isso irá justificá-lo. Agora, se minha escolha posterior foi ficar com a
Raquel, ninguém tem nada com isso a não ser eu e ela. Hoje eu estou muito
feliz e recomeçamos uma vida juntos. Amo minhas filhas, amo a Raquel e,
para mim, isso é tudo o que realmente importa.
#
Historias Historias que nunca entraram
no meu blog
Quando escrevi O doce veneno do escorpião, no ano passado, juntei
algumas das melhores (e mais picantes) histórias publicadas em meu blog
numa parte lacrada do livro. Muitas histórias, porém, nunca foram
publicadas. Estavam guardadas em um caderno que eu usava como diário
ou apenas em minha memória. Agora, ao terminar meu segundo livro, achei
que era hora de compartilhar algumas delas.
Começo com a história de um cliente que me pagava 500 reais para ficar
com ele algumas horas num clube de swing. Antes ele fez um pacto
comigo: eu jamais poderia escrever sobre ele no meu blog. Isso aconteceu
na época em que eu estava no auge da minha carreira como prostituta. Meu
telefone não parava de tocar o dia inteiro, eu fazia em média oito
programas por dia e ainda tinha pique para ir ao swing à noite. Esse cliente
me levava a um clube de swing semanalmente. Não sei por que ele não
deixava que eu escrevesse sobre nossos programas. Também nunca
perguntei o motivo, porque os 2 mil reais que ele me dava por mês #
poderiam me fazer falta. O dinheiro dos clientes comprava o meu silêncio e
a minha discrição.
Como eu já estava em evidência na mídia, o cliente me pedia para ir
disfarçada. Ele não queria que as pessoas percebessem que eu era
prostituta. Ele queria que eu me passasse por namorada dele. Eu tirava o
meu piercing da boca, prendia o meu cabelo, fazendo um coque, e colocava
óculos para ficar com um semblante mais sério. Poucas pessoas me
reconheceram desta forma. Se alguém perguntava se eu era a Bruna
Surfistinha, eu desconversava.
E assim, dessa maneira, fomos ao swing durante quase três meses.
Conhecemos vários casais que acreditavam que éramos mesmo namorados.
Várias vezes caímos em contradição quando ficávamos conversando com
algum casal. Mas nenhum deles comentou nada afinal, ninguém estava
ali para conversar.
Na nossa terceira vez no swing, fomos abordados por um casal. Eles eram
casados de verdade havia um bom tempo. Pareciam ser muito felizes, pois
eram muito carinhosos um com o outro. Fora isso, os dois eram lindos.
Fomos para um quartinho reservado e trocamos de casal. Com ele, o clima
pegou fogo... Rolou uma química enorme entre os nossos corpos. Enquanto
isso, dava para perceber, o meu cliente e a esposa dele estavam ficando
juntos de uma maneira forçada. Ela não gostou do meu cliente, mas
continuou ali para deixar que eu satisfizesse seu marido.
Em determinado momento, ele segurou forte no meu cabelo, de frente para
mim, me puxou em direção à boca dele e demos um beijo cinematográfico.
Enquanto nos beijávamos, eu sentia a mão dele apalpando o meu corpo. #
Abaixei o zíper da sua calça e fui direto ao que me interessava. O
menininho estava duro e fiquei surpresa com o tamanho dele. Era grande,
mas não imenso. De um tamanho ideal e que não me causaria dor. Desci
para chupá-lo. Não consegui colocá-lo inteiro na minha boca, mas mesmo
assim o fiquei chupando durante um bom tempo. Ele ficava soltando
gemidos baixos e continuou segurando forte, pressionando a minha cabeça.
Quando estava quase ameaçando explodir na minha boca, eu parei de
chupá-lo. Levantei-me e comecei a beijá-lo, pois queria sentir novamente
sua língua quente.
Coloquei camisinha nele e fiquei de quatro no sofazinho da sala. Ele me
pegou com jeito e ainda deu tapinhas excitantes no meu bumbum.
Fizemos sexo selvagem, com movimentos bruscos e gemidos altos. A
intensidade dos tapinhas ia aumentando à medida que o nosso tesão
aumentava. Escutei os gemidos dele bem alto e senti as contrações do p...
dentro de mim. Ele gozou. Eu não, embora tenha ficado bem excitada.
Quando levantei, ele estava muito suado e o brilho do suor realçava o leve
tanquinho no seu abdome.
Uma semana depois nos encontramos novamente. Dessa vez, eu não estava
com o meu disfarce. Ele me olhou como se me conhecesse de algum lugar,
mas nem se aproximou de mim e do meu cliente da noite. Fiquei chateada
porque eu queria ficar novamente com ele, mas desencanei, pois sabia que
oportunidades não faltariam.
Na semana seguinte, voltei ao mesmo clube de swing, com meu cliente
pseudo-namorado e meu disfarce. O casal não apareceu. Como concluí que
eles iam apenas às quartas-feiras, combinei com o meu cliente de irmos
neste dia. Sem saber o motivo, ele aceitou. #
Na quarta-feira lá estávamos nós. Quando entrei, já fui à procura do casal.
Nenhum sinal deles. Fomos passear na área em que rola o swing. Mesmo
no escurinho, vi os dois... curtindo um outro casal. Fiquei um pouco
distante, apenas de voyeur. Ele estava transando com outra mulher. Não
fiquei enciumada, mas percebi que ele agia da mesma forma que fez
comigo, naquele estilo "selvagem-carinhoso".
Depois de alguns minutos, me aproximei. Ele estava de costas para mim e
não me viu. Coloquei as mãos nas costas dele e, quando ele virou para
olhar quem era, me lançou um grande sorriso de surpresa. Fiquei ao lado
dele e, na ponta dos pés, mesmo em cima de um salto, falei no ouvido dele:
"Quero te ver gozar bem gostoso".
A mulher que estava transando com ele tinha um corpo muito gostoso. Ela
estava de quatro, com a bunda bem empinada para ele. Ele gozou. E
gostoso. O semblante de satisfação que ele fez foi algo indescritível.
Eles se arrumaram para sair da salinha. Para não dar muito na cara que eu
tinha ido especialmente para vê-lo, continuei com o meu cliente na salinha
e trocamos de casal. Eu acabei transando com um cara totalmente forçada,
porque o meu cliente gostou muito da parceira deste, então fiz de tudo para
que ele gozasse bem rápido para me livrar.
Mais tarde, enquanto estávamos dançando um pouco na pista, encontramos
com o casal especial. Nos cumprimentamos com mais calma, dançamos um
pouco até que ele me falou no ouvido: "Eu estava com saudades de você!".
Nossa, eu quase pirei. Ficamos dançando enquanto nos olhávamos
discretamente. Seguimos para uma salinha e novamente o clima pegou #
fogo! Ainda bem que rolou mais afinidade entre o meu cliente e a parceira,
do que na primeira vez. Nem vi o que eles fizeram ou deixaram de fazer,
apenas escutei no final os elogios do cliente em relação à mulher.
Quanto ao marido dela, a performance foi diferente bem melhor do que
na primeira vez. Ele foi mais carinhoso e percebi que realmente estava com
saudades de mim. Dessa vez, foi ele quem me chupou, e sentindo a língua
dele na minha bu.... Não demorei muito para gozar e quase ia emendar uma
segunda, mas ele parou antes. Aí ele sentou no sofazinho, enquanto eu
colocava a camisinha, nos beijamos e pude sentir o meu próprio gosto. Em
seguida, fiquei cavalgando de costas para ele, enquanto puxava com pouca
força o meu cabelo e dizia sacanagens como: "Goze comigo, sua safada!!".
Eu quis mudar de posição, mas pela falta de espaço tínhamos poucas
opções. Ou era de quatro ou cavalgando. Ele me penetrou e com uma
intensidade mais leve, acariciava o meu c... Antes mesmo de eu pedir para
fazer anal, ele acabou gozando. Foram quase trinta minutos de muito
prazer, muito suor, gemidos e clima quente. Novamente eu não gozei, mas
posso dizer que quase.
Saímos da sala e, enquanto a esposa dele foi ao banheiro, ficamos
conversando. Ele pediu o número do meu celular. Dançamos mais um
pouco e meu cliente pediu para voltarmos para as salinhas. Então nos
despedimos.
Quatro dias depois, o meu telefone pessoal tocou. Era ele!! Na conversa,
me contou um pouco da sua vida, inclusive que a esposa estava muito
enciumada comigo, pois ele nunca tinha dado tanta atenção a uma mulher
no swing. Então ele me convidou para sair, apenas nós dois. Eu não aceitei #
e disse que não trairia o meu "namorado", que só aceitava fazer trocas de
casais. Na verdade, eu não desejava me envolver com ninguém. Mesmo
sem namorando, eu não queria me apaixonar, muito menos por alguém
comprometido que havia conhecido num swing. Mudamos de assunto e
começamos a falar sobre coisas picantes. Acabamos fazendo sexo virtual.
Ele se masturbando e falando sacanagens, entre elas que queria muito fazer
anal comigo, e eu comecei a me masturbar também imaginando todas as
cenas que ele dizia. A esposa era muito bonita, mas não gostava de ficar
com mulher. Preferia vê-lo se deliciando, de ser voyeur com outras.
Acabamos terminando a nossa conversa, ele gozou, eu também. Quando
desligamos o telefone, continuei me masturbando. Continuei imaginando
tudo o que ele havia me dito.
Na quarta-feira seguinte, ele me ligou para saber se eu estaria à noite no
swing. Combinamos de nos encontrar. Quando chegamos, novamente fui
procurá-lo e lá estava ele numa salinha (que não era privativa) com a
esposa - já tinham trocado de casal. Acabei chegando tarde, pois eu queria
ter sido a primeira da noite dele. Mas tudo bem, fiquei observando-o e,
assim como da última vez, me aproximei devagar.
Mais tarde, fomos para uma salinha e ele foi direto para o ponto que
combinamos no telefone. Não fizemos qualquer tipo de preliminares, ele
colocou a camisinha, me pediu para ficar de quatro e, me penetrou no c...
Pelo espelho na parede ficamos nos vendo. Fiquei me masturbando ao
mesmo tempo e gozei no meu dedinho. Gozei novamente minutos depois.
Ele demorou para gozar e comecei a ficar com dor. Não demonstrei, afinal,
eu tinha esperado muito por este momento.
#
Fizemos tudo invertido, primeiro gozamos para então fazermos
preliminares. Como o meu cliente ainda não tinha gozado, ficamos nos
acariciando enquanto os observávamos. Nos beijamos muito e, pela
primeira vez, ele chupou os meus seios, de olhos fechados e do jeito que eu
gosto, mordendo os biquinhos.
Depois ficamos cochichando e eu perguntei por que ele nunca havia
chupado meus seios. Ele respondeu que os achava lindos, mas por ser
silicone tinha medo de machucar. Pedi para que ele chupasse mais um
pouco, pois sua língua quente me deixou realmente muito excitada.
Depois dessa noite nos encontramos mais uma vez e foi a nossa despedida.
Conversamos pelo telefone no dia seguinte e ele comentou que a esposa
não queria mais fazer troca conosco. Primeiro porque estava com ciúmes de
mim e, segundo, porque ela não conseguia se satisfazer sexualmente com o
meu cliente. No nosso último encontro gozei três vezes: uma na boca dele e
duas no meu dedo, me masturbando enquanto fazíamos anal. Foi um sexo
selvagem, com tapas, sacanagens e muito prazer. Ah, se eu soubesse que
era a nossa despedida, teria aproveitado mais...
Uma das coisas que mais me surpreendeu com o lançamento de O doce
veneno do escorpião foi o número de casais que me procurou ou me
escreveu para contar como a vida sexual deles havia melhorado depois da
leitura do livro. Sempre gostei muito de atendei casais e acho que já ajudei
muitos deles. Lembro-me bem da história de um casal que nunca tinha
contado antes. #
Eles eram casados havia pouco tempo e quiseram ir para um motel. Os dois
eram jovens e muito atraentes. Para a minha sorte, ela gostava de mulher,
então começamos a nos pegar. Nos beijamos muito, enquanto tirávamos as
nossas roupas devagar. Deitamo-nos na cama, os beijos continuaram e
começamos a nos masturbar. A bu... dela estava quente e muito
molhadinha, do tipo que faz até barulhinho com o dedo em movimento em
cima da lubrificação natural.
Ele não agüentou ver a cena como um verdadeiro voyeur e começou a
chupá-la. Meu dedo continuou no clitóris enquanto a língua dele percorria a
região inferior da bu... A minha boca percorreu o pescoço dela e comecei a
chupar seus seios. Como eram grandes, encostei um no outro e chupei os
dois bicos ao mesmo tempo. Ela sussurrava baixinho num tom de prazer.
Eu chupava seus seios com intensidade, sem medo de machucá-la - da
mesma maneira que eu gosto que chupem os meus.
Depois de alguns minutos, ela gozou e neste momento eu não estava mais
com o meu dedo na sua bu... Ela gozou na boca dele e em seguida foi a
minha vez. Ela me disse após descansar um pouco: "Quero te ver gozar na
boca dele!". Na verdade, eu queria gozar na boca dela e, mesmo com
receio, pedi que me chupasse. Ela não negou, mas disse que me chuparia
após eu gozar, pois gostava de observar. Fiquei deitada, com o marido dela
ajoelhado na beirada da cama me chupando e ela ficou sentada ao meu
lado, acariciando os meus seios com uma das mãos e, com a outra se
masturbando. Ela gozou assim, e como estava sentada bem ao meu lado,
pude apreciar bem de perto o seu orgasmo e a bu... se encharcar todinha.
Ao ver esta cena me excitei mais ainda. Então ela começou a me masturbar
para ajudar o marido e assim, eu gozei. Com o dedo dela me masturbando e #
a língua dele, explorando a minha bu...
Em seguida, fomos para a banheira juntos. Ficamos conversando e o clima
começou a pegar fogo entre nós três. Nos beijamos e num momento ele se
levantou, tirou a espuma de sabão do p... e o chupamos ao mesmo tempo.
Nos revezamos, uma hora eu chupava os sacos dele enquanto ela o p... e,
depois trocávamos. Até nossas línguas se enroscavam durante as chupadas.
Ele pegou no p... e começou a se masturbar. Nós duas ficamos de boca
aberta e com a língua para fora esperando a ejaculação. E saiu bastante
"leitinho", o suficiente para lambuzar nossos rostos.
Depois de um tempo, fomos para o quarto. Primeiro, ele a pegou de quatro,
enquanto eu fiquei tocando o corpo dela. Então ela disse para eu deitar na
sua frente, pois queria me chupar. Enquanto me chupava, fiquei com os
olhos bem abertos admirando ela sendo pega de quatro. Ele segurava forte
no bumbum dela; às vezes ela dava uma paradinha, virava o rosto para
olhá-lo e dizer alguma palavra safada.
E realmente ela foi uma das mulheres mais safadas com quem já fiquei!!
Que corpo e que boca! Ele gozou primeiro e ela continuou me chupando
até eu gozar pela segunda vez, mas na boca dela. O mais incrível foi a cara
que ela fez quando estava lambendo o meu "melzinho". Ela me olhava com
uma cara de safada, dando uns sorrisinhos marotos e sensuais.
Ele aproveitou que o p... ainda estava ereto, colocou uma camisinha e veio
para cima de mim, num papai e mamãe. Ele já estava fungando de cansaço
mas não desanimou. Mudamos de posição: fizemos frango assado, em
seguida fiquei de quatro e, por último, ficamos de ladinho. Eu estava de #
costas para ele e aproveitei para chupar mais um pouco os peitos dela.
Como ele já tinha gozado, e não deu nenhuma pausa, demorou bastante
para gozar pela segunda vez. As vezes ele gemia de uma maneira que dava
a impressão de estar gozando, mas era apenas impressão.
Paramos de transar, ele tirou rapidamente a camisinha e disse para a
companheira que queria gozar com ela. Então, ela deitou com as pernas
para fora da cama. Ele a puxou e colocou as pernas dela em cima de seus
ombros. Ele pediu para que ela me chupasse, pois segundo ele, queria gozar
nos observando ao mesmo tempo.
A única posição possível para que ela me chupasse seria ficando de cócoras
com a bu... na cara dela. Fiquei excitadíssima pela situação, mas não
consegui gozar pois a posição era totalmente desconfortável. Ele gozou
nessa posição.
Como estávamos cansados e relaxados, afinal nós três gozamos no mínimo
duas vezes cada um, pedimos algo para comer e depois fomos embora.
Nunca mais nos encontramos. Só sei que ele é um cara de muita sorte!!
Na adolescência, eu tinha complexo de "patinho feio". Só que na
prostituição acabei adquirindo, pela primeira vez, uma auto-estima
incrível!! Quando cheguei no prive da alameda Franca, fui escolhida pelo
cliente que chegou em seguida. Nesse primeiro dia, eu fui a garota que
mais trabalhou na casa. Foi inevitável não notar a inveja e ciúmes das #
meninas. Na prostituição, como em qualquer profissão ou meio de trabalho,
há muita competição. Em todas as casas que trabalhei, sempre fui a garota
que mais trabalhava. Me sentir patinho feio por quê? Se eu era desejada
pelos homens...
Enquanto as meninas faziam dois ou três programas, eu fazia cinco ou seis.
Lembro-me de que num dia de fraco movimento de clientes, em doze horas
de trabalho, entraram oito homens, e desses, fui escolhida por cinco.
Foi difícil fazer amizade nas casas por causa disso, mas com o tempo, as
meninas percebiam que eu era humilde e que não passava a perna em
ninguém. Sim, nas casas há algumas regras!! Ao nos apresentar, não
podemos beijar os clientes na boca e nem falar algo do tipo: "Me escolha
pois você não se arrependerá!!".
Eu era muito tímida, mas reconheço que o meu olhar era fatal. No período
em que trabalhei nos prives, o meu bordão era o mesmo: "Oi, eu sou a
Bruna e sou liberal". Conquistei muitos clientes e muitos eram fiéis a mim.
Alguns deles já chegavam na casa e pediam para a gerente: "Eu quero a
Bruna!".
Quando a cafetina da alameda Franca me mandou embora com outras
amigas, pois descobriu que consumíamos maconha, após duas semanas o
meu celular tocou: era a gerente dessa casa. O que ela disse foi algo
marcante para mim: "Bruna, a Larissa pediu para você voltar, pois muitos
clientes estão indo embora porque você não está mais aqui!".
Infelizmente, para descobrir que sou bonita e que agrado os homens, eu
precisei me prostituir. O fato de saber que muitos homens me desejavam,
que queriam fazer programa apenas comigo não me fez sentir mais bonita #
do que as outras, mas finalmente encontrei o meu "eu".
Eu trabalhava no prive da alameda Franca. A campainha tocou e, como eu
era a única que estava pronta para me apresentar, subi as escadas para abrir
a porta para o primeiro cliente. Quando o vi, levei um susto! Era um senhor
que aparentava ter uns 80 anos. Com as costas corcundas e apoiando-se
numa bengala, ele levantou a cabeça para me olhar. Como até então eu não
conseguia me imaginar fazendo sexo com alguém que poderia ser o meu
avô, desci as escadas rezando para que ele não me escolhesse. Mas me
escolheu.
Antes de entrar no quarto respirei fundo. Meu único consolo era imaginar
que ele poderia me dar uma "caixinha gorda". Pois as meninas já tinham
me contado que são esses que pagam melhor. Ledo engano.
Quando entrei no quarto ele estava deitado. Comecei a tirar a minha roupa
sem sensualidade nenhuma. Quando disse que ia ao banheiro para tomar
banho, ele não deixou. Pediu que eu o ajudasse a tirar a roupa.
Durante os minutos seguintes ele ficou pressionando a minha cabeça para
que eu o chupasse sem camisinha. Após muita insistência, consegui
convencê-lo a colocar uma. O p... dele estava mole, completamente morto,
e eu, sem paciência, o chupei de todas as maneiras mas não consegui fazer
com que ficasse ereto. Desisti. E enquanto eu o masturbava, ele chupava os
meus seios. Fechei os olhos para não ver esta cena. Ele também tentou me
beijar de língua, mas não conseguiu. Eu apenas dei alguns selinhos. #
A gerente interfonou dizendo que o período havia acabado. Pagou e foi
embora sem ao menos ter ficado com o p... ereto.
Duas semanas depois, voltou e me escolheu de novo. Coloquei a camisinha
sem falar nada e fiquei chupando. Quando ele pedia para que eu fizesse
alguma coisa, fingia que não escutava. O máximo que deixei que ele fizesse
foi chupar os meus seios. E ele foi embora sem nenhuma ereção.
Depois de alguns dias, ele voltou. E me escolheu novamente! Foi um pouco
mais fácil. O p... ameaçou ficar ereto. Dei um pouco mais de atenção a ele.
Conversamos um pouco, mas gastei saliva à toa. Na hora de me pagar, ele
disse: "Eu não estou com dinheiro hoje, mas prometo que na semana que
vem eu volto e pago!". Chamei a gerente para resolver a questão. Após uma
discussão engraçada, ele foi embora. E sem pagar.
Ela, muito esperta, esperou alguns segundos o tempo suficiente para que
ele saísse da frente da casa - e o seguiu. Ela voltou logo depois e disse que
o cliente entrou no prédio bem ao lado da "nossa" casa.
Mais tarde, ela foi conversar com o porteiro e então ficou sabendo da
história do velhinho. Ele era casado, mas ficava sob os cuidados de uma
enfermeira. Como não podia sair do prédio sozinho, subornava o porteiro.
Ele dava uma nota de 50 reais cada vez que queria ir à casa do lado. E ele
fazia isso bem no horário de almoço da enfermeira. Muito espertinho.
#
As desculpas esfarrapadas que os homens dão às mulheres para se
aventurar com alguma prostituta são as mais variadas possíveis. A maioria
delas é muito engraçada. Mas, sinceramente, tem algumas que não consigo
entender como as mulheres acreditam.
Tinha um cliente que aparecia freqüentemente no prive. Cada vez ele ficava
com uma garota diferente. Após a apresentação das meninas, todas torciam
para ser a escolhida. Adorávamos ficar com ele! Não por ele ser bonito ou
um cliente agradável. Na verdade, o bom era que ele pagava o período de
uma hora, mas não ficava nem quinze minutos! Todos os programas,
independentemente da menina escolhida, eram iguais.
Ele nunca tirava a roupa. Apenas abaixava a calça e a cueca. Pedia para a
menina se despir rapidinho e ficar de quatro na beirada da cama. Em pouco
tempo ele gozava, arrancava a camisinha e a entregava na mão da garota.
Ele se arrumava, pagava o cachê, pegava um saco com pão do chão e ia
embora.
Saco com pão?!? Sim. Todas as vezes que ele ia nos visitar, ele estava com
um saco de pão na mão!! No quarteirão, havia uma padaria. Provavelmente,
ele morava ali perto e dizia com a maior cara de pau: "Vou comprar pão".
Comprava, mas ia mesmo nos visitar.... Só não entendi até hoje por que ele
comprava o pão antes, e não depois.
#
Todas as casas prives fazem anúncios das garotas nos jornais. No prive da
alameda Franca não era diferente. Eles colocavam os anúncios e os dois
telefones da casa tocavam o tempo todo. Quem atendia eram as próprias
garotas e nos revezávamos neste trabalho. Certa noite, quando a cafetina foi
buscar o faturamento do dia, ela me chamou de lado e pediu para que,
quando eu não estivesse com cliente, somente eu atendesse ao telefone.
Segundo ela, eu era a mais articulada da casa.
Passei a cumprir esta nova missão e não ganhei nenhum extra por isso.
|
Eu gostava de atendê-los, pois nunca gostei de ficar sem fazer nada. Mas
com muitos eu perdia a paciência. Muitos pegavam algum telefone do
jornal, para ficar falando sobre sexo com a garota enquanto se
masturbavam do outro lado da linha. Denominávamos estes homens
carinhosamente de "punheteiros". Eu passava apenas as informações da
casa. Quando percebia que queriam conversar sobre sexo e se aproveitar da
minha boa vontade, ou eu xingava e desligava o telefone na cara ou então,
educadamente, dizia que lá não tinha serviço de telessexo, e passava
novamente as informações da casa. Admito que quando eu estava com
paciência e não tinha mais nada de importante para fazer, acabava entrando
no clima deles. Mas do outro lado da linha eu estava rindo e zombando da
cara do punheteiro.
Numa dessas vezes fiquei conversando com um homem que no início
parecia ser normal. Ele pediu as informações da casa, perguntou como eu
era fisicamente e como estava vestida. Pacientemente, respondi às
perguntas. Quando eu estava me despedindo para desligar o telefone, ele
disse: "Eu adoro ser dominado, ser escravo e cachorro das mulheres". #
Isso me chamou muito a atenção, e despertou o meu lado psicóloga. Como
fazia pouco tempo que eu estava trabalhando com sexo, tudo ainda era
novidade para mim. E muito curiosa, eu não desejava ser dominadora de
ninguém, apenas queria saber o por que de homens como ele gostarem de
ser dominados pelas mulheres, e ainda sentir prazer com isso.
Levei o papo adiante tentando tirar as minhas dúvidas. Dessa vez não
consegui, pois ainda não tínhamos intimidade. Ele perguntou se fosse me
encontrar, se eu o faria de escravo. Eu respondi que sim e comecei a falar
tudo o que faria com ele.
Na verdade, todas as mulheres gostariam de ter algum homem como
capacho, de poder mandar e desmandar. E eu comecei a fantasiar com isso.
Mesmo quando desliguei o telefone, comecei a imaginar como seria ter um
homem que fizesse tudo o que eu mandasse, abaixasse a cabeça para mim e
apenas dissesse: "Sim senhora".
Fiquei curiosa com isso e, não posso esconder que muito ansiosa esperando
para que este homem fosse se encontrar comigo ou, pelo menos, me
telefonasse para conversarmos mais a respeito.
Ele começou a ligar todos os dias. Quando eu atendia, ficava conversando
com ele e fantasiando as cenas que falávamos. Quando outra garota
atendia, não tinha a mesma paciência e simplesmente desligava o telefone
na cara dele. Combinamos um horário para ele ligar. Às vezes dava certo,
outras não. Como ele me contou que não tinha dinheiro para pagar por
sexo, e que me ligava do telefone do trabalho, nossas fantasias ficaram
apenas no mundo virtual. #
Eu não ficava excitada com as nossas conversas, talvez ficasse se eu
soubesse quem era ele. Numa das vezes, comecei a fazê-lo de cachorro, da
maneira que ele havia me pedido. Eu mandava que ele latisse, que imitasse
um cão chorando ou que fizesse o barulhinho de quando estão com a língua
para fora. E ele imitava direitinho. Quando ele latia eu aproveitava para
colocar o telefone na orelha das meninas para que o escutassem. Ninguém
acreditava naquilo! E nós ríamos muito.
Perguntei várias vezes o por que de ele gostar daquilo, mas nem ele sabia
me responder. Com o tempo, foi perdendo a graça e acabei ficando sem
paciência. Outras meninas começaram a conversar com ele e o que mais
gostavam era que latisse. Do outro lado da linha, ele delirava... nem
imaginava que dávamos boas gargalhadas!
Nenhuma de nós teve o trabalho de perguntar o nome dele, mas nem
precisava! Para nós já tinha nome: "Cachorrinho". Até que um dia, a
campainha tocou. Fui me apresentar normalmente e quando virei as costas
para que outra fosse se apresentar, ele falou: "Oi Bruna, sou eu, o seu
cachorro". Eu virei para olhar para ele e não acreditei!!
Ainda bem que eu não havia imaginado como ele seria fisicamente, pois
iria me decepcionar. Pessoalmente, pude provar a minha hipótese: não era
uma pessoa normal.
Também pudera, não pode ser normal alguém que perde tempo ligando
para um prostíbulo para ficar latindo e imitando um cachorro como se fosse
a coisa mais normal do mundo.
#
Ele não foi para fazer programa, mas mesmo assim chamei as meninas para
mandarmos nele. Num momento, eu comecei a chorar de tanto rir. Nós não
fizemos dele nosso escravo, apenas o queríamos como cachorro.
A cena era hilária: ele de quatro no chão e um círculo de garotas de
programa ao seu redor, mandando e desmandando. Ele latiu de todos os
jeitos, fingiu-se de morto, deu a patinha, chorou, abanou o rabinho
imaginário e até levantava a perna de trás como se estivesse fazendo xixi
num poste! Apenas não pedimos para que ele nos lambesse...
Durante quase meia hora ele foi o nosso cachorro, quando não agüentamos
mais rir da situação, pedimos para que ele voltasse a ser "gente"
novamente.
Ele sentou-se no sofá e notamos que estava com um volume grande
embaixo da calça dele. No tempo em que foi o nosso cachorro, ele ficou
com o p... ereto! E ainda nos disse que quase gozou, mesmo não sendo
acariciado mas apenas ao ser mandado e desmandado.
A gerente se aproximou e o mandou embora, já que ele estava atrapalhando
o nosso trabalho. O circo, para nós, acabou. E ele nunca mais apareceu ou
sequer nos telefonou. Deve ter começado a ligar para algum outro
prostíbulo. Nos abandonou e foi procurar outras donas...
#
Minha primeira vez de verdade num swing foi com um cliente. Não me
lembro da cara dele, mas me lembro bem do quanto ele era um "porre". E
do tipo de cliente que as garotas de programa precisam contar os segundos
ansiosamente para que o período acabe. Como eu já sabia que nesses
ambientes tudo é liberado, e para trocar de casal era fácil, aceitei ir com ele,
mas já com a intenção de trocá-lo pelo primeiro homem com quem eu
tivesse oportunidade.
Um clube assim cheira tanto a sexo que é impossível não cometer loucuras
ali dentro. Como estávamos muito curiosos (era a primeira vez dele
também numa casa de swing), sentamos para beber um pouco enquanto
observávamos os freqüentadores do local.
Mesmo após um longo dia de trabalho, eu ainda estava com "fogo" o
suficiente para me divertir bastante e ser abusada por vários homens e,
por que não, por mulheres também?
Fui com um vestido preto curtíssimo e bem decotado, e com uma sandália
de salto bem alto. Propositalmente, me arrumei para ser uma mulher fatal.
Entramos primeiro num quarto onde é permitida apenas a entrada de casais.
Ninguém fica nu. As pessoas apenas levantam ou abaixam um pouco as
roupas. Dava para ouvir gemidos de todos os jeitos, alguns excitantes
outros falsos. O ambiente era muito escuro. Só é possível identificar quem
é homem e quem é mulher, mas era impossível saber como era exatamente
a aparência física de cada um. A única opção era tocar os corpos para
termos uma noção de como era o físico e se nos agradava ou não.
#
Mal entramos e eu já comecei a sentir alguém me tocando por baixo do
vestido. Essa mão, até que carinhosa, estava procurando o meu clitóris.
Ficou alguns minutos me acariciando por cima da calcinha. A mão era
delicada, com toques suaves. Assim, concluí que era uma mulher. A dona
dessa mão estava atrás de mim, e por causa do pouco espaço no local, não
consegui me virar para vê-la.
O ambiente estava extremamente apertado, e enquanto sentia as carícias,
fui procurando algum p... alheio. Olhei para o lado e logo vi um grande,
latejando de desejo. Não pensei duas vezes e peguei para masturbá-lo. O
meu cliente já estava chupando os seios de uma mulher e, por um
momento, me esqueci que estava com ele. Ou melhor, esqueci da minha
vida.
Continuei a masturbar o cara, de olhos fechados, sentindo apenas minha
bu... molhando cada vez mais com aquela mão em mim. Quando eu estava
quase gozando, larguei o p... Não agüentei! Virei de frente para a pessoa,
depois de pisar no pé de alguém e escutar um "ai". Eu estava certa: era uma
mulher. Ela não deixou nem que eu falasse alguma coisa, foi logo me
beijando. E que beijo!! Um beijo quente que durou minutos... Não dava
vontade de parar! Abaixei o decote da blusa dela e comecei a chupar seus
seios. Os bicos eram grandes do jeito que eu gosto. Dei algumas mordidas e
ela não reclamou. Fiquei chupando os peitos dela de maneira voraz,
fazendo-a gemer no meu ouvido. Enquanto isso, ela estava passando as
mãos pelo meu corpo, para talvez conhecê-lo melhor.
Como o ambiente ficou um pouco mais vazio (quem goza sai do quarto, já
que o calor é insuportável), ficamos mais à vontade. Ela sentou-se num dos
sofás, e quando me acomodei ajoelhada no chão, continuei a chupar os #
seios, mas dessa vez fui mais longe... Abaixei um pouco a calcinha dela e
comecei a masturbá-la. Não passou muito tempo e senti a bu... dela se
contraindo e, em seguida, molhando os meus dedos com um líquido quente.
Ela gozou. Eu me levantei e sentei-me ao lado dela. Nos beijamos mais e
ela me pegou de surpresa: "Quero que você goze na minha boca agora!".
Enquanto ela abaixava a minha calcinha e se ajoelhava no chão, eu dei uma
olhada para localizar o meu cliente. Com muito esforço, vi que ele estava
pegando uma mulher de quatro, próximo a mim. Ainda bem que ele não
estava sentindo a minha falta.
Me fazer gozar naquele momento foi uma tarefa muito fácil, pois eu estava
louca de tanto tesão. Sentir a língua quente dela no meu clitóris me fez
quase gozar sem precisar fazer qualquer tipo de movimento. Gozei em
menos de três minutos. Gemi tão forte e alto que fiquei morrendo de
vergonha. Quando abri os olhos, todas as pessoas estavam me olhando.
Ela sentou ao meu lado e enquanto descansávamos um pouco, conversamos
e ficamos observando os casais transando. Escutamos gemidos de pelo
menos três orgasmos. Eu não estava agüentando de tanto calor, queria sair
dali, mas eu poderia apenas sair acompanhada do meu cliente e, pelo
visto, ele não gozava de jeito nenhum... O jeito foi aproveitar mais o meu
momento de lesbianismo.
Dessa vez, pegamos mais leve. Apenas nos beijamos enquanto nossas mãos
ficaram quietinhas. Ela chupou um pouco os meus seios, mas talvez por
serem pequenos (naquela época eu ainda não tinha silicone) ela acabou não
se entusiasmando.
Ficamos quietas observando... até que ela me falou: "O seu namorado já #
está vindo!". Logo depois, nos despedimos e não nos vimos mais naquela
noite.
Como estava acompanhada por um amigo que ela jurou que não rolava
nada, ele nos deixou em paz.
Fui ao banheiro para me limpar e seguimos para a nossa aventura.
Passamos por um labirinto. Onde as pessoas passam para chegar a lugar
nenhum. E apenas um labirinto com alguns quartinhos, onde os casais se
encontram com outros. E super-estreito, algo totalmente proposital para que
as pessoas se esbarrem umas nas outras. Os quartinhos servem para o caso
de algum casal se interessar, por outro nesse passeio pelo corredor.
Enquanto eu andava nesse labirinto, as pessoas iam passando as mãos em
mim e eu também. Peguei rapidamente em vários p... e apertei vários seios.
Muitos homens já andam com o p... para fora da calça, passado pelo buraco
do zíper. Acaba sendo engraçado!
Até que encontramos um espaço com um sofá grande onde havia alguns
casais transando. Ficamos ali e o meu cliente me disse justo o que eu não
queria ouvir naquele momento: "Quero te comer!".
Encapotei o p... e virei de costas numa posição totalmente desconfortável.
Eu era a única a gemer naquele momento, gemidos falsos, claro, mas
ninguém ali se preocupava com isso. De repente, um homem passou na
minha frente e, enquanto eu transava com o cliente, ele chupou os meus
seios. Gostei daquilo, mas não gozei.
#
Momentos depois, ele sumiu e deu lugar para outro. Mas este outro homem
não ficou na minha frente, ficou de lado, apoiado na parede. Olhei para ele
e vi que estava se masturbando enquanto me observava. Falei para ele se
aproximar. Então agarrei com a mão o p... dele, que não era um dos
maiores, e comecei a masturbá-lo. Quando senti que ele estava quase
ejaculando, larguei. Eu queria fazê-lo gozar, mas não queria sujar a minha
mão com o esperma dele.
E como o cliente demorava horrores para gozar, fiquei ali me divertindo.
Ora eu masturbava um, ora dava um jeito de chupar os seios de alguma
mulher. Até o cliente gozar, eu fiz pelo menos quatro homens gozarem com
a minha punheta, mas sempre da mesma maneira: eu largava momentos
antes. Todos ficavam bravos comigo por causa disso, mas pegavam
rapidamente para gozar na mão deles. E eu fiquei observando cada uma
dessas gozadas.
Finalmente, o meu cliente gozou! Gozou enquanto beijava uma mulher
tarada. Saímos dali, passamos no banheiro e dirigimo-nos à mesa para nos
hidratar.
Estávamos sentados quando o casal da mesa ao lado puxou conversa. Era
um casal muito bonito. Percebi que ela não estava muito interessada em
ficar com o meu cliente, mas o marido dela estava interessado em mim.
Infelizmente, há mulheres que vão ao swing com intenção de satisfazer
sexualmente o marido, independentemente de se divertir ou não.
No final da nossa conversa, combinamos de nos encontrar na primeira
cabine. O cara me agarrou com jeito e começou a me beijar. Eu fiquei
totalmente sem reação quando ele tirou a roupa. Era um homem forte, #
musculoso, com tanquinho no abdome que já estava suado.
Primeiro transaram um pouco enquanto eu e o meu cliente os
observávamos. Eram casados e já tinham intimidade. Ela era safada, ficava
falando várias sacanagens. Enquanto ele a pegava de quatro e dava uns
tapas no seu bumbum, comecei a tocar o corpo dela. Uma pele macia,
morena, com marcas fortes de biquíni. Não resisti e comecei a chupar seus
seios siliconizados, mas muito gostosos! E o meu cliente ficou encostado
na parede, tentando fazer o p... levantar pela terceira vez.
Quando eu menos esperava, o marido tirou o p... de dentro dela e me
puxou. A cara que ele fez não precisou de nenhuma palavra. Eu entendi o
que ele estava querendo. Peguei a camisinha e coloquei no p... que estava
latejando muito. Pensei que ele fosse gozar rapidamente, mas demorou
quase meia hora. O p... dele não era grande e muito grosso. Aprovei e
como!!! Fizemos um sexo selvagem. Ele me dava tapas no bumbum,
puxava o meu cabelo e me segurava com força. Eu comecei a delirar e
acabei gozando antes dele. Em seguida, fui privilegiada por um orgasmo
múltiplo.
Eu gostei da maneira que ele me pegou, com força e demonstrando muito
prazer.
Para mudar um pouco de posição, ele sentou-se no sofá e eu subi nele, de
frente. Cavalguei enquanto ele me segurava forte pelo bumbum. E foi com
meus gemidos altos e a boca dele abocanhando um seio meu, abafando o
gemido dele, que ele gozou.
A mulher dele sentou-se ao nosso lado e ficou nos observando mais de #
perto e dando beijos na boca dele de um jeito tão gostoso que me deu
vontade de colocar a minha no meio. Mas não tive coragem.
Ele gozou tão intensamente que tentou levantar do sofá mas não conseguiu.
Deixei-o com as pernas bambas. Quando olhei para trás e vi o meu cliente,
ele estava com os braços cruzados, com uma cara emburrada. Depois ele
me contou que ela ficou um bom tempo chupando-o, mas não conseguiu
ficar com o p... ereto e então desistiram. Depois dessa, fomos embora. A
minha primeira vez num swing foi muito divertida e tenho certeza de que
foi bem mais para mim do que para o meu cliente.
Não sei explicar direito, mas tive clientes que rolava a maior química entre
nossos corpos! Só não podíamos conversar de jeito nenhum. Era bem
assim: química mil. Afinidade zero. Com esses clientes, o jeito era fazer
sexo e abrir a boca apenas para gemer.
Foi com um desses clientes que não me senti como uma namoradinha de
aluguel, e sim como uma verdadeira prostituta. Já subíamos para o quarto
nos agarrando na escada. Eu conseguia deixá-lo de pau duro antes de
chegarmos ao quarto. Não trocávamos uma única palavra. Nossas bocas
ficavam ocupadas para coisas melhores: se não estávamos nos beijando,
estávamos nos chupando ou gemendo.
Ele era um quarentão do jeito que eu gostava naquela época. Eu, na flor da
idade, com os meus 19 aninhos, adorava um quarentão!!! Era uma tara
minha, não podia ver um cabelo grisalho que já me imaginava na cama com #
ele...
As mãos grandes e pesadas me pegavam de jeito. Apertavam fortemente o
meu corpo com o dele. O p... dele parecia ser de ouro, me fazia sentir nas
nuvens quando era penetrada. Quando ele ia me visitar no prive, eu me
sentia ganhando dinheiro fácil. Não há coisa melhor do que ganhar dinheiro
para gozar.
O que eu mais gostava era fazer anal com ele. Adorava ficar de quatro
enquanto ele me pegava soltando todo o tesão dele por mim. Puxava com
força o meu cabelo e dizia: "Você é a minha puta preferida, quero gozar no
seu c...". Eu gostava de falar sacanagens para ele.
Chamei-o na cama de filho da puta várias vezes
Com ele fui literalmente puta pela primeira vez e com ele também aprendi
a ter orgasmos múltiplos. Enquanto ele comia o meu c..., eu mexia no meu
grelinho, e assim tive orgasmos indescritíveis na prostituição. Muitas vezes
ele me fazia sentir dor com movimentos fortes ou com algum tapa que
passava do limite , mas eu gostava dessa dor. Nós não perdíamos tempo,
não parávamos para conversar. Se ele gozava, apenas trocávamos de
camisinha e continuávamos onde havíamos parado. Eu o fazia gozar três
vezes seguidas. Não somente fazendo anal, transávamos vaginal também.
Eu amava vê-lo com as pernas bambas, de saber que ele perdia todas as
forças por minha causa.
Depois do terceiro programa, ele me deu seu telefone e disse: "Quando
você ficar com vontade de dar o c... pra mim, me liga que venho te ver".
Mas deixou bem claro: "Me liga até às 18 horas, porque eu sou casado". #
Liguei apenas duas vezes e ele foi no mesmo dia. Eu ligava e nós nem
conversávamos. Nem perguntava se ele estava ocupado ou não. Era direta:
"Oi, é a Bruna. Eu quero te ver!".
Eu nunca soube nada da vida dele, nem quem era ou o que fazia. Fiquei
sabendo que era casado no dia em que me deu o número para contato. Nem
o sobrenome dele eu sabia! Para mim não importava. Os papéis se
inverteram: era eu que o usava, e não ele a mim.
Apelidei um cliente de "meu baixinho". Ele era um pouco menor do que eu.
Eu poderia carregá-lo no colo... rs! Ele era muito meigo, tinha um jeitinho
manso de falar, mas sua cara era muito séria. Na cama era muito tímido,
mas perverso. Era muito carinhoso comigo e, com a química que rolava
entre nós, fizemos vários programas. Tivemos que nos distanciar porque,
infelizmente, ele se apaixonou por mim e eu não conseguia vê-lo como
namorado.
Todas as vezes que nos encontramos ele estava estressado. "Meu baixinho"
trabalhava numa área que mexe muito com o psicológico das pessoas. Mas
eu o acalmava, não com o meu sexo selvagem, mas com o meu sexo safado
e carinhoso ao mesmo tempo. Os programas eram todos iguais, como se
seguíssemos um roteiro. Primeiro nos beijávamos muito, enquanto nossas
mãos se acariciavam. Eu o masturbava e ele fazia o mesmo comigo.
Deitávamos sempre um em cima do outro e ficávamos nos revezando sem
perceber. Ficávamos nos beijando e sentindo nossos corpos. Depois,
fazíamos um 69 bem demorado, ele sempre gozava assim. Depois de um #
tempo, abocanhava o p... dele novamente, até ficar bem duro. Então ia para
cima dele e ficava cavalgando, olhando nos olhos dele até ele gozar. Ele
adorava as mudanças de ritmo que eu fazia durante a cavalgada. Ora um
movimento mais rápido e brusco, ora um movimento mais delicado.
Enquanto isso, ele ficava chupando os meus peitos, superdelicadamente e
com toda a calma do mundo (ah, confesso que eu delirava com isso).
Quando estava gozando, ele parava de chupá-los e fazia uma cara de
safado. Apenas uma vez variamos: ele me pegou no meio do quarto e
transamos em pé.
Foi só o cliente entrar no meu apartamento e eu já senti tesão por ele.
Preciso confessar que, bem discretamente, eu analisava o corpo dos clientes
mesmo com roupa. Muitas vezes me enganei e as roupas me iludiram. Já
outras vezes, acabei acertando. Este cliente era alto e forte, a camisa babylook
marcava o peito musculoso e a barriga tanquinho. Aparentava ter um
pouco mais de 30 anos e tinha a maior cara de safado. Tinha totalmente
cara de quem dá prioridade ao sexo e faz muito bem.
Fomos para o quarto e após tomarmos banho separadamente, ele pediu para
que eu ficasse de quatro, guando eu fui colocar a camisinha nele, ele me
disse: "Não coloca ainda porque primeiro eu quero te chupar". Fiquei de
quatro e senti um beijo incrível em mim, o que me deixou molhadinha.
Depois, desceu a língua e começou a dar umas lambidas no meu clitóris, de
um jeito como se estivesse conhecendo o território, então ele começou a
chupar com vontade e sempre quando eu tinha oportunidade, eu esfregava
bem forte a minha bu... na cara dele. Gozei e ele continuou. Sem perguntar #
para ele, eu mudei de posição, fiquei de frente com as pernas em cima dos
ombros dele. Eu queria ficar olhando ele me chupando. Ele me chupava
com muita vontade, como se aquela bu... fosse a última da vida dele! Ele
fazia sucção com a boca nos grandes lábios e a língua agilmente mexia no
meu clitóris. Gozei novamente e gemi tão alto que ele até riu de mim logo
depois.
"Agora é a minha vez" foi o que ele me disse em seguida.
O p... dele já estava duro. Comecei a chupá-lo, mas era muito grande e não
cabia inteiro na minha boca. Dava boas lambidas enquanto olhava para ele
com cara de menina sapeca e variava estas lambidas com uma chupada
mudando a intensidade. Comecei bem devagar e fui aumentando a sucção
da boca. Quando eu percebia que estava ficando muito forte, ia diminuindo
aos poucos. Com uma mão, eu massageava o saco escrotal e fazia pressão
numa região que os homens ficam excitados. O sexo oral considerado o
melhor para os homens, é aqueles em que as mulheres não usam a mão,
apenas a boca. Eu estava chupando numa intensidade mais forte, quando
ele contraiu o corpo e segurou bem forte na minha cabeça. Num gemido
acanhado, gozou.
Ele perguntou se eu sabia fazer massagem. Com a minha resposta
afirmativa, deitou de bruços. Passei um pouco de hidratante e massageei
desde a coluna até os dedos dos pés. Quando finalizei, iniciei uma
massagem tailandesa, esfregando o meu corpo no dele. Primeiro, fiquei um
bom tempo esfregando os meus seios nas costas dele, às vezes passava
apenas os bicos rapidamente na coluna e ele sussurrava gostoso.
Quando ele virou de frente para mim, o p... estava duro novamente. #
Coloquei camisinha e dei uma boa cavalgada de frente e de costas para ele.
Quando eu estava de costas, ele ficava brincando com o meu c...
ameaçando penetrar um dedo. Transamos em várias posições, e por pouco
não fizemos todas as posições do Kama Sutra. Estou brincando! Mas
variamos bastante. Ele me pegou na posição "frango assado", depois de
quatro na beirada da cama e, por último, papai e mamãe. Quando ele estava
quase gozando, pediu para que eu fizesse espanhola. Ele deitou e eu
coloquei o p... dele entre os meus seios. Comecei a esfregar e fazer um
movimento bem forte como se eu o estivesse masturbando com os seios. O
p... dele estava latejando e não demorou muito para explodir. Em seguida,
fui tomar banho e ele ainda entrou embaixo do chuveiro comigo. Como eu
tinha um outro cliente em seguida, não queria molhar o meu cabelo, mas
não agüentei e demos um bom amasso embaixo do chuveiro, mas não
transamos.
Ele foi embora e nunca mais voltou. Sei que ele não voltou por não ter
gostado de mim, mas porque talvez seja uma pessoa que faça parte do
grupo de homens que não repetem prostitutas...
Essa história aconteceu em 2004. Havia dias em que eu não tinha vontade
nenhuma de trabalhar. Como nessa época não havia mais cafetão me
explorando, tinha o livre arbítrio de desligar o meu celular e ficar
descansando.
Num desses dias, quando já estava no meio da noite, por volta das 21 horas,
decidi ligar o celular, pois estava com vontade de fazer sexo com alguém. E
já que eu não tinha namorado, nem estava enrolada com ninguém, o único #
jeito era fazer sexo com clientes.
O telefone tocou duas vezes, um cliente estava ligando para marcar horário
para o dia seguinte, já o outro ligou apenas para pedir informação. A noite
já estava terminando e eu comecei a ficar angustiada Decidi ligar para um
cliente que fazia programa comigo freqüentemente. Nós já tínhamos
intimidade e como ele era solteiro, arrisquei dar um toque no seu celular.
Caso ele estivesse acordado, me ligaria em seguida. Ele retornou a ligação
minutos depois.
Perguntei se ele topava ir ao swing comigo, algo que nunca tínhamos feito
juntos. Ele aceitou, mas com uma condição: não poderia ficar muito tempo,
no máximo duas horas, pois tinha que acordar cedo no dia seguinte. Aceitei
e combinamos de ele vir me buscar.
Já comecei a imaginar e a fantasiar várias situações. "Hoje eu serei a
verdadeira puta" pensei.
Como eu não tinha feito sexo durante o dia, e admito ser "quase"
ninfomaníaca, estava com muito fogo.
Enquanto esperava ele chegar, sentei-me no sofá e fiquei imaginando como
eu poderia deixar todos os homens loucos por mim naquela noite. Fiquei
excitada mesmo antes de entrar lá.
Quando finalmente chegamos, nem quis sentar, já puxei o cliente direto
para o quarto onde era permitida a entrada de homens "solteiros". Para
sorte dele, havia alguns casais, mas a maioria eram homens sozinhos.
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Eu e este cliente já entramos no clima do swing e começamos a dar bons
amassos no meio do quarto que, felizmente, era um cômodo com um
ambiente maior e mais confortável.
Sentei-me no sofá, puxei-o para perto de mim e comecei a chupá-lo com
muita intensidade. Os homens que estavam sozinhos começaram a se
aproximar, porque em swing é assim: os homens que vão desacompanhados
não podem ver nenhuma mulher tarada que eles já vão pra cima como
urubus quando vêem algum pedaço de carniça. Eles se aproximam já
tirando o p... de fora para se masturbarem ou então arriscar a sorte com
alguma mulher.
Sem parar de chupar o p... do cliente, abri os olhos e logo vi dois homens,
um de cada lado. Ambos estavam exibindo o p... para mim. Um era muito
feio, coitadinho, não me deu nem tesão. Já o outro era rosadinho, dote
médio e apetitoso. Peguei com a mão nesse que gostei e comecei a
masturbá-lo.
O outro, que tinha o p... feio, pegou a minha outra mão e a colocou na
posição para que eu o masturbasse também. Fiquei com dó e aceitei o
desafio de testar a minha coordenação motora.
Fiquei simplesmente com três p... ao mesmo tempo!! Um na boca e um em
cada mão. Tive que me concentrar para não parar de fazer movimento com
nenhum. Foi uma tarefa difícil, mas que me deixou muito excitada!!
Satisfazer três homens ao mesmo tempo me fez sentir poderosa! Era um
grande desafio para mim.
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O meu cliente foi quem gozou primeiro e na minha boca. Como eu estava
com vontade de provar o p... bonito dentro de mim, pedi para o cara colocar
uma camisinha. Enquanto isso, continuei masturbando o outro.
Fiquei ajoelhada no sofá, de costas para ele, esperando ser penetrada. Olhei
para o lado e vi que o outro (o de pinto feio), estava se masturbando
enquanto nos observava. Fiz sinal com a mão para que ele se aproximasse
novamente. E então continuei o trabalho com ele.
O cara com quem eu estava transando gozou rapidinho, mas o outro não.
Como faltava apenas ele para vencer o meu desafio, pedi para colocar uma
camisinha também. Com ele sentado, montei de costas e comecei a
cavalgar.
De repente se aproximou um homem já com o p... duro e veio pra cima de
mim. Ele não me agradou nem um pouco fisicamente e pedi para que saísse
da minha frente. Fiquei durante um tempo sendo apenas observada. Alguns
casais estavam abraçados me olhando. E como adoro ser observada por
voyeurs, adorei esta cena! Fiquei apenas me exibindo para essas pessoas,
acariciando os meus seios ou me masturbando ao mesmo tempo que
cavalgava.
Eu não estava sentindo nenhum tesão com ele, mas ficava muito excitada
ao ver que os observadores estavam excitados por minha causa.
Antes de conseguir fazê-lo gozar, notei a presença de uma mulher muito
bonita. Ela estava acompanhada por um homem que não era muito bonito.
Me interessei por ela e não por ele.
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O cara gozou, levantei a minha calcinha e fui me aproximando da mulher
com o meu olhar fatal. Ela deu um sorriso para mim e aproveitei para
chegar mais perto ainda. Cheirei o pescoço dela, muito cheirosa, reconheci
até o perfume, um dos meus preferidos.
Não nos beijamos porque fui direto com a boca no seio dela. Fiquei
chupando durante um tempo, enquanto o companheiro dela me acariciava.
Ela disse que queria ir comigo e com o meu parceiro a um quarto privativo,
para ficarmos só nós quatro. Mas eu não queria sair dali e, além disso, o
parceiro dela não me agradou nem um pouco. Eu percebi também que eles
queriam trocar, pois ela demonstrou muito interesse pelo meu cliente. Mas
eu não estava com vontade mesmo assim, perguntei no ouvido do cliente se
ele fazia questão de ir com aquele casal. Como ele respondeu que não,
demos uma desculpa qualquer e, em seguida, eles saíram do quarto.
Depois, até me arrependi um pouco, pois eu queria ter chupado mais os
seios dela. Mas paciência.
O cliente comentou comigo que ia tentar transar com uma menina que
estava ali e que depois queria ir embora. Ele conseguiu "conquistar" a
menina. Mas o parceiro dela veio para cima de mim porque não queria ficar
matando moscas.
Ele não me agradou fisicamente, mas mesmo assim decidi fazê-lo gozar.
Porém, me deu a louca e coloquei na cabeça que eu queria transar com dois
ao mesmo tempo, fazer uma dupla penetração. Ele aceitou a minha
sugestão e rapidamente fisguei outro cara que estava desacompanhado para
participar da brincadeira conosco.
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Puxei um que aparentemente me agradou e já abri o zíper dele. Expliquei o
que queria e fui curta e grossa: "E o seguinte, eu quero dar pra você e pra
ele ao mesmo tempo, fazer uma DP. Aceita?". Ele aceitou. Como sou
esperta, olhei discretamente os dois p... e vi qual era o menor. Este eu
selecionei para fazer o anal.
O outro, que escolhi para fazer vaginal, sentou no sofá e se ajeitou. Me
posicionei em cima dele para ficar numa posição que desse para fazer anal
com o outro. Empinei o bumbum e, peguei no p... do outro para que eu
mesma o penetrasse com calma. Mesmo tendo um dote pequeno, ele
poderia me machucar. Quando já estava sendo penetrada pelos dois,
comecei a cavalgar de uma maneira que desse para fazer anal ao mesmo
tempo.
Digo que doeu. Não sei se por causa da posição ou porque eu estava com
medo que alguma das camisinhas estourasse, acabei não sentindo prazer,
apenas dor.
Porém, o meu prazer seria, na verdade, fazê-los gozar ao mesmo tempo.
Mas não foi o que aconteceu, pois o que estava fazendo anal comigo, gozou
primeiro e até que rápido demais, embora o outro não tenha demorado
muito depois para gozar também.
Me arrumei e o meu cliente ainda estava com a garota. Fui ao banheiro e,
quando voltei, não demorou muito para ele gozar. Fiquei sentada ao lado
deles, observando tudo e todos e ignorando quem se aproximasse de mim.
Ter feito cinco homens gozar em menos de duas horas já foi o suficiente
para que eu me achasse poderosa.
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Durante os três longos anos em que me prostituí, muitos se apaixonaram
por mim. Recebi muitas flores, presentes e cartas. Eu tinha clientes que me
procuravam uma vez por semana. Acho até que chegaram a pensar que eu
também estava apaixonada por eles. Coitadinhos... eu apenas estava sendo
profissional.
O tratamento que eu dava aos clientes era o mesmo. Não importava se eram
feios, bonitos, gordos ou magros. Eu tratava todos muito bem. Com raras
exceções, eu me transformava numa prostituta chata.
Aprendi sozinha a ser prostituta. E não é apenas abrir as pernas e gemer
falsamente. Eu escutava os desabafos dos meus clientes, gostava de
conversar com eles, de saber o porquê procuravam uma garota de
programa. Aprendi muito com eles. Não sinto falta dessa época e não
voltaria a me prostituir. Foi uma fase pela qual eu tive que passar. Passei e
agora é passado. Mas não me arrependo, porque foi uma fase muito
divertida, ri muito. Também chorei. Mas sempre com a cabeça erguida e
sonhando com o meu futuro.

Fim!

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