LER é VIAJAR, APRENDER, ADQUIRIR CULTURA, É TORNAR-SE GENTE.

Sejam bem vindos!

Para ter o texto Offline em formato txt, solicite-o via e-mail.

Caso se interesse pelos anúncios click nos mesmos para conhecê-los melhor e assim ajude o blogg Cego Lendo Livro.

Postagens super interessantes

quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

O que seu médico não sabe sobre medicina nutricional pode estar matando você.

Este livro foi escrito com uma profunda humildade e respeito pelo
Grande Médico.

É com grande veneração e apreço que dedico este livro à mais bela
manifestação da obra de Deus: minha esposa, Elizabeth.

Todos os esforços foram feitos para tornar este livro tão preciso
quanto possível. O propósito deste livro é educar. Ele é um estudo de
evidências científicas apresentado com propósitos informativos.
Ninguém deve usar as informações nele contidas para
autodiagnósticos e tratamentos, nem como justificativa para aceitar ou
rejeitar qualquer terapia médica para quaisquer doenças ou problemas
de saúde. Qualquer aplicação dos conselhos nele contidos será por
conta e risco do leitor. Portanto, todo indivíduo que tem problemas de
saúde específicos ou tome medicamentos deve procurar o
aconselhamento de seu médico e, se necessário, de um (a)
nutricionista antes de começar um programa. O autor e a editora não
terão responsabilidade alguma perante qualquer pessoa ou entidade
por razão de perdas, lesões ou ferimentos causados ou supostamente
causados, de forma direta ou indireta, pelas informações contidas
neste livro. Não assumimos nenhuma responsabilidade por erros,
imprecisões, omissões ou inconsistências que ele contenha. Qualquer
ofensa a pessoas, lugares ou organizações será involuntária.


Meu caro, oro para que em todos os sentidos possais prosperar e
gozar de boa saúde, assim como prospera vossa alma.
- 3 João 1:2
Agradecimentos
EM PRIMEIRO LUGAR, NÃO HÁ PALAVRAS ADEQUADAS PARA
AGRADECER DEVIDAMENTE pela maravilhosa graça que meu
redentor me concedeu. Ele é o Grande Médico, e o único que
verdadeiramente cura. A cada dia me surpreendo com o
conhecimento de Sua obra, conforme vou sabendo mais e mais sobre
a grande habilidade do corpo de curar e proteger a si mesmo.
Muitas pessoas, a quem muito aprecio, se reuniram para tornar este
livro uma realidade. Expresso aqui meus mais profundos
agradecimentos a minha agente, Kathryn Helmers, que me guiou
fielmente durante todo este projeto; a meus editores na Thomas
Nelson, Victor Oliver e Michel Hyatt, que teconheceram os conceitos
de saúde capazes de transformar a vida apresentados neste livro; a
Kristen Lucas, minha gerente editorial, cuja atenção aos detalhes
deste projeto fizeram as coisas acontecerem; e a Alice Crider, por sua
cuidadosa elaboração do índice.
Quero mandar um agradecimento especial a minha colaboradora,
Donna Wallace, cujos maravilhosos talento e influência são visíveis
por todo o livro. Sem sua energia e exemplo, este projeto jamais se
concluiria.
O pessoal de minha clínica foi maravilhoso. Preciso agradecer
especialmente a minhas duas enfermeiras, Paulette Nankivel e
Melissa Aberle, por me concederem cordialmente o tempo extra
necessário para escrever este livro. Eu também preciso agradecer a
Karmen Thompson e Leone Young, que me ajudaram a reunir os
volumes de pesquisa médica que forneceram os fatos e a
fundamentação desta obra.
Quero agradecer especialmente a Bruce Nygren, cujo apoio me deu, a
bem dizer, a oportunidade de escrever este livro. Minhas preces
dirigem-se para Bruce, que perdeu sua adorável esposa, Racinda,
durante a composição desta obra.
Palavras não podem expressar o amor e apoio que recebi de minha
esposa, Elizabeth, cujo incentivo me animou durante as longas horas
de pesquisa e redação. E a meus filhos, Donny, Nick e Sarah, que já
estão crescidos, mas me oferecem continuamente suporte e estímulo:
obrigado.

Sumário
Introdução

Parte I: Antes de Começar

1. Minha Conversão
Pressupostos Submetidos à Prova
Minha Pesquisa sobre Suplementação
As Vitaminas e Você

2. Vivendo Pouco e Morrendo Muito
Um Toque de Despertar
A Medicina Preventiva
Os Ingredientes de um Estilo de Vida Saudável
Dando aos Pacientes uma Escolha
A História de David

3. A Guerra Interior
O Lado Negro do Oxigênio
Nossos Aliados: Os Antioxidantes
Por Trás das Linhas
O Que Gera Radicais Livres

Parte II: Vencendo a Guerra Interior

4. Nosso Sistema de Reparo: A Unidade MASH
A Devastação da Guerra
Nossa Melhor Defesa
O Equilíbrio É a Meta
A História de Evelyn

5. Doenças do Coração: Uma Moléstia Inflamatória
E Quanto ao Colesterol?
A Natureza da Resposta Inflamatória
A Verdadeira Prevenção: O Que Dizem as Pesquisas
Medicina Nutricional: A Verdadeira Prevenção

6. Homocisteína: O Novato do Bando
O Que É Homocisteína?
A Coisa Certa - O Momento Errado
Interesse Renovado na Homocisteína
Mostre-me o Dinheiro! Os Poderes Econômicos da Medicina
Existe um Nível Saudável de Homocisteína?
Como Reduzir Meu Nível de Homocisteína?
Deficiência de Metilação
Dr. Kilmer McCully: A Conclusão
Os Novos Testes para Doenças do Coração

7. Miocardiopatia: Nova Esperança de Cura
Doenças do Músculo Cardíaco
O Que É a Coenzima Q10?
A Deficiência de CoQ10 e a Insuficiência Cardíaca
Tratando Pacientes com Miocardiopatia
Por Que os Médicos Não Recomendam a CoQ10?
A História de Emma

8. Quimioprevenção e Câncer
O Câncer e Suas Causas
O Estresse Oxidativo Como Causa do Câncer
Um Processo de Múltiplos Estádios
Maior a Idade, Maiores os Gastos
Prevenção do Câncer = Quimioprevenção
E Se Eu Já Tiver Câncer?
A História de Kymberly
Por Que Eles Funcionam
A História de Michelle

9. O Estresse Oxidativo e Seus Olhos
Os Problemas Que os Olhos Têm
Mecanismo de Lesão da Retina
A Geração de Radicais Livres na Retina
Estudos Mostram Como a Luteína Ajuda a Proteger os Olhos
A História de Faye
Protegendo Seus Olhos da Catarata e da Degeneração Macular
Relacionada à Idade

10. Doenças Auto-Imunes
O Sistema Imunológico: Nosso Grande Protetor
Os Diversos Agentes de Nosso Sistema Imunológico
Os Nutrientes e Nosso Sistema Imunológico
A Resposta Inflamatória
Doenças Auto-imunes
A História de Matt

11. Artrite e Osteoporose
Como as Articulações São Danificadas?
Causas de Inflamação em Nossas Articulações
Outra Artrite: A Reumatóide
O Tratamento Tradicional de Artrite
A História de Peggie
Suplementos Antioxidantes
O Sulfato de Condroitina
Osteoporose
Mais do Que Cálcio - os Ossos São Tecidos Vivos
A Prevenção da Osteoporose
12. Doenças do Pulmão
Os Pulmões e a Poluição do Ar
A Proteção Natural do Pulmão
A Asma
A História de Adam
A Asma e a Nutrição
A Poluição do Ar e as Doenças Pulmonares Obstrutivas Crônicas
Estudos Mostram Que o Estresse Oxidativo É a Causa das
DPOC's
A Fibrose Cística
A História de Sharlie

13. Doenças Neurodegenerativas
O Estresse Oxidativo e o Cérebro
O Envelhecimento do Cérebro
A Barreira Hemato-Encefálica
Os Antioxidantes Adequados para o Cérebro
Protegendo Nosso Bem Mais Precioso
A História de Ross

14. Diabetes
Conheça Joe
Estará a Síndrome X Matando Você?
Como Saber Se Você Tem a Síndrome X?
Como Joe Superou a Síndrome X
Diagnose e Monitoramento do Diabetes Melito
Obesidade
Tratando o Diabetes
Os Médicos Estão Tratando a Coisa Errada
Especificando as Mudanças no Estilo de Vida
Instruções Básicas de Dieta
A História de Matt
15. Fadiga Crônica e Fibromialgia
A Medicina Alternativa
Depressão Imunológica
Uma História de Fadiga Crônica e Fibromialgia
A Causa Primitiva
Tratamentos: Capturando a Doença
A História de Mariano

Parte lII: Medicina Nutricional

16. A Posição dos Médicos contra os Suplementos Nutricionais
A Típica Dieta Norte-Americana
A Qualidade dos Alimentos nos Estados Unidos
Níveis Otimizados versus Níveis dos VD Ref.
O Risco e a Segurança dos Suplementos Nutricionais
A Defesa de um Médico
Argumentos contra os Suplementos Nutricionais
Minha Resposta
Um Estudo Mais Recente

17. Nutrição Celular: Reunindo Tudo
Níveis Otimizados de Nutrição
Protegendo Sua Saúde
Otimizadores
Otimizadores Específicos a Serem Acrescidos aos Nutrientes da
Tabela 17.1 no Caso das Doenças Abaixo
Precisa de Mais Ajuda?
Escolhendo Seus Suplementos Nutricionais
Introdução
Os MÉDICOS SE CONCENTRAM EM DOENÇAS. ESTUDAMOS
DOENÇAS. PROCURAMOS doenças. Somos treinados
farmaceuticamente para tratar doenças. E, para isso, conhecemos os
medicamentos. Na faculdade de medicina, estudamos farmacologia e
aprendemos sobre a maneira como o corpo absorve cada droga, bem
como quando e como ele a excreta. Sabemos quais drogas rompem
quais trilhas químicas para gerar efeitos terapêuticos. Conhecemos os
perfis de efeitos colaterais das drogas e trabalhamos cuidadosamente
para ajustar os beneficios, evitando qualquer perigo potencial.
Os médicos conhecem suas drogas e não hesitam em prescrevê-Ias.
Pense por um momento no número de medicamentos que nossos
pacientes estão tomando para pressão alta, colesterol elevado,
diabetes melito, artrite, doenças do coração e depressão, para citar
apenas alguns exemplos. Como resultado da descoberta e do uso dos
antibióticos na guerra contra doenças infecciosas, nossa filosofia na
medicina tornou-se essa: ataque às doenças.
A comunidade médica trouxe ao século XXI essa atitude e esse
método agressivos, na tentativa de tratar de todas as doenças
degenerativas crônicas. Um estudo estima que em 1997 as farmácias
preencheram mais de 2,5 bilhões de receitas, somente nos Estados
Unidos. A venda de medicamentos sob prescrição mais do que dobrou
nos últimos 8 anos!
Em 1990, os americanos gastaram US$37,7 bilhões, em prescrições.
Em 1997, esses gastos subiram para US$78,9 bilhões. Os
medicamentos sob prescrição foram o componente de mais rápido
crescimento nos gastos com saúde durante a última década, subindo
em torno de 17% ao ano (muito acima do índice médio de inflação).
Médicos e empresas de planos de saúde depositaram todas as
esperanças nas drogas como o meio de tratar e, quem sabe, reduzir
essa epidemia de doenças degenerativas crônicas - para a grande
alegria do setor farmacêutico. Sim, adoramos nossas drogas.
Ainda não conheci ninguém que não quisesse ter uma saúde
excelente. A maioria de nós supõe que sempre a terá. Mas a verdade
é que muitos de nós (inclusive os médicos!) estão perdendo a saúde a
cada dia. Sei disso, já que cuidar da saúde é meu ofício. Todos os
dias, em minha carreira, tenho de dizer a pacientes que sua saúde
piorou de uma maneira ou de outra. Um paciente pode ter
desenvolvido diabetes ou, talvez, artrite degenerativa. Outro paciente
pode ter acabado de sofrer um ataque cardíaco ou uma apoplexia.
Outro ainda pode precisar saber que possui câncer metastático e tem
apenas alguns meses de vida. Todo mundo quer preservar ou
recuperar sua saúde, mas nem sempre sabe do que precisa para
atingir essa meta.
Como os médicos se concentram em doenças e drogas, empenhamos
a maior parte de nosso tempo e esforço tentando identificar o
processo da enfermidade de modo que possamos receitar um remédio
ou um plano de tratamento ideal para o paciente. Mesmo Jesus fez a
declaração: "Não são os sadios que precisam de médicos, mas sim os
enfermos".
Todavia, é evidente que é muito mais fácil manter nossa saúde do que
tentar recuperáIa após ter sido perdida. A prevenção de doenças
deveria ser a primeira preocupação de todo médico. Mas a quem você
recorre quando quer saber mais sobre a melhor maneira de proteger
sua saúde? Seu médico está lhe dando essas informações? A
comunidade médica fala muito, da boca para fora, de "medicina
preventiva", e chega mesmo a chamar seus planos de seguro médico
de HMO's (Health Maintenance Organizations - Organizações de
Manutenção da Saúde). A julgar pelas aparências, a medicina
preventiva vem se mostrando uma alta prioridade.
Todavia, menos de 1% do dinheiro que gastamos com saúde destina-
se à chamada medicina preventiva. Na verdade, a maior parte de
nossos programas de medicina preventiva tenta simplesmente
detectar doenças antecipadamente. Por exemplo, mamografias, perfis
bioquímicos e testes de PSA (para câncer de próstata) destinam-se
todos a detectar problemas de câncer o mais cedo possível. Os
médicos querem saber se você tem colesterol elevado, se tornou-se
diabético ou se desenvolveu hipertensão. Mas passam pouco tempo
tentando ajudar o paciente a compreender as mudanças de estilo de
vida necessárias para realmente proteger sua saúde. Os médicos
estão ocupados demais tratando das doenças com as quais se
deparam todos os dias.
Você sabia que menos de 6% de todos os médicos que se formam
recebem algum tratamento formal em nutrição? E ouso afirmar que
poucos médicos recebem na faculdade algum treinamento sobre
suplementação nutricional. Isso se aplica certamente a meu caso.
Nada incomoda mais um médico do que o momento em que seu
paciente lhe pergunta se deve tomar suplementos nutricionais. Já usei
no passado todas aquelas respostas prontas: "Não passam de óleo de
cobra", "Vitaminas só fazem urina de luxo" e "Podemos obter todos os
nutrientes necessários ingerindo os alimentos corretos". Se meus
pacientes insistiam, eu dizia que os suplementos nutricionais
provavelmente não lhes fariam mal, mas que eles deviam comprar os
mais baratos que encontrassem, já que as vitaminas, pela lógica,
tampouco ajudariam muito.
Talvez você já tenha ouvido comentários similares de seu médico. Nos
primeiros 22 anos de minha prática clínica, eu simplesmente não
acreditava em suplementos nutricionais. Durante os últimos 7 anos,
contudo, reconsiderei minha posição com base em recentes estudos
publicados na literatura médica. O que descobri é tão notável que
mudei o rumo de minha prática médica. Eu me converti.
Por que não há mais médicos reagindo como eu à nutrição? Em
primeiro lugar, médicos devem ser céticos para proteger seus
pacientes de qualquer esquema ou produto que possa ser nocivo a
sua saúde. Acreditem-me: vi muita bugiganga e charlatanice
oferecidas a meus pacientes. Os médicos devem basear-se em
estudos da pesquisa científica feitos por meio de ensaios clínicos do
tipo duplo-cego, controlados com placebo (o padrão na medicina
clínica).
Como sei ser esta a mais eficaz evidência existente, apresento neste
livro somente os resultados de experimentos clínicos. A maioria dos
estudos médicos que menciono aqui não provém de resenhas ou
jornais alternativos. Em vez disso, esforcei-me por pesquisar
publicações médicas de credibilidade e renome, altamente respeitadas
pela comunidade médica, como o New England Journal of Medicine, o
Journal of the American Medical Association, o British Lancet e muitos
outros.
Outra razão por que os médicos não aceitaram a idéia dos
suplementos nutricionais como uma boa medicina preventiva é o fato
de que a maior parte dos médicos praticantes não compreende
devidamente a causa das doenças degenerativas. Os que
compreendem sentem que ela é um assunto interessante para o
bioquímico e para os pesquisadores científicos, mas que tem pouca
utilidade prática na medicina clínica. Há aparentemente um abismo
entre o cientista pesquisador e o médico prático. Muito embora os
pesquisadores estejam fazendo descobertas tremendas sobre as
causas primárias destas doenças, muito poucos médicos vêm
aplicando tal çiência junto a seus pacientes. Eles simplesmente
esperam até que os pacientes desenvolvam uma destas doenças
para, então, começar a tratá-Ias.
Os médicos parecem contentes em permitir que as companhias
farmacêuticas determinem novas terapias conforme desenvolvem
novas substâncias. Mas, como você verá ao longo deste livro, nossos
corpos é que constituem a melhor defesa contra o desenvolvimento de
doenças degenerativas crônicas - e não as drogas que os médicos
podem receitar.
Embora a maior parte dos médicos ainda não compreenda bem os
conceitos aqui apresentados, os fatos permanecem. Quando apliquei
estes princípios no tratamento de meus pacientes, os resultados foram
nada menos que espantosos. Eu acompanhei diversos pacientes com
esclerose múltipla que saíram da cadeira de rodas e passaram a
caminhar novamente. Ajudei pacientes com miocardiopatia a sair da
lista de transplante do coração. Alguns pacientes de câncer entraram
em recuperação; pacientes com degeneração macular tiveram
melhorias significativas na visão; e pacientes de fibromialgia
recuperaram suas vidas. A medicina nutricional é um método de bom
senso, preventivo e de ponta.
Nesta época de pesquisas bioquímicas, já somos capazes de
determinar o que está acontecendo em qualquer parte de qualquer
célula, e a própria essência das doenças degenerativas está vindo à
luz. Assim sendo, recomendo este livro aos médicos que estejam
dispostos a encarar objetivamente evidências médicas.
Se você é um paciente, não espere que seu médico embarque de
imediato nesta idéia. As vitaminas são um assunto polêmico no campo
médico. Como eu disse, as informações contidas neste livro são o
resultado de mais de 7 anos de pesquisas pessoais no campo da
literatura médica voltado à medicina nutricional. Eu também não me
convenci imediatamente.
A medicina nutricional é estranha à maioria dos médicos, assim como
ao público; isso é verdade. Mas o veredicto é: o que seu médico não
sabe sobre medicina nutricional pode estar matando você. A boa
notícia é que você não precisa ser médico para começar a praticar a
medicina nutricional; você, o paciente, pode ser proativo no que se
refere a preservar a saúde que possui.

Um Médico Convertido
Sei que você provavelmente nunca ouviu falar de mim. Por que
deveria dar ouvidos a um médico qualquer que clínica em uma
cidadezinha do centro-oeste norte-americano? Boa pergunta! É por
isso que quero que você leia cada uma das páginas deste livro. Quero
que passe por uma jornada similar à minha. Deixe-me mostrar-lhe a
mesma evidência médica que me fez acreditar que os suplementos
vitamínicos podem proteger e melhorar a saúde.
Por favor, leia ou, pelo menos, esquadrinhe o livro todo. Sei que a
tentação é ir direto ao capítulo que discute seu problema específico de
saúde. Mas é importante que você se cientifique das informações
fundamentais sobre como seu corpo funciona e sobre o que é
necessário para que ele se proteja e torne-se ou permaneça saudável.
Um último pedido: como é sua vida e sua saúde que se encontram em
jogo, incentivo-o a ouvir-me evitando julgamentos. Tudo o que peço é
que você seja um cético de mente aberta - o tipo de pesquisador que
eu era quando descobri essa forma magnífica de medicina preventiva.
Eu precisei ter um pouco de humildade para aceitar que, embora fosse
um bom médico, ainda tinha muito a aprender sobre saúde. E então,
você está disposto a fazer o mesmo?

PARTE I
ANTES DE COMEÇAR

UM - Minha Conversão
EU JÁ NÃO SABIA QUANTO DE FRUSTRAÇÃO AINDA SERIA
CAPAZ DE TOLERAR COM A saúde declinante de minha esposa. E
eu não era apenas mais um marido preocupado: era um médico. E,
sendo médico por mais de 30 anos, eu estava habituado a ter
respostas para questões médicas. Após graduar-me na Faculdade de
Medicina da Universidade de Colorado e ter feito um trabalho de pós-
graduação no Mercy Hospital em San Diego, estabeleci um bem-
sucedido consultório familiar em uma cidadezinha no oeste da Dakota
do Sul. Nesse período, conheci Liz e nos casamos. Ela tinha alguns
problemas de saúde, mas supunha honestamente que sua saúde
melhoraria caso se casasse com um médico. Nunca esteve mais
enganada!
Em pouco tempo, nossa família passou a incluir três filhos abaixo dos
4 anos, e a atarefada Liz foi ficando cada vez mais esgotada. Toda
mãe de filhos pequenos se cansa, mas Liz parecia incomumente
fatigada. Embora tivesse apenas 30 anos, disse-me que sentia ter 60.
Conforme os anos se passaram, ela desenvolveu mais sintomas e
problemas de saúde, que requeriam medicações diversas. Por volta
de nosso décimo aniversário de casamento, Liz estava tão cansada
que passava a maior parte do tempo lutando para colocar um pé
adiante do outro. Ela sofria dores corporais contínuas, uma fadiga
avassaladora, alergias horríveis e infecções recorrentes dos pulmões
e dos seios da face.
Finalmente, após testes e avaliações, os médicos diagnosticaram o
problema de Liz como sendo fibromialgia. Esta condição médica
envolve diversos sintomas - os piores sendo a dor crônica e a fadiga.
Em anos passados a fibromialgia foi chamada de reumatismo
psicossomático, e os médicos acreditavam que a doença existia
apenas na cabeça do paciente. Desde então, aprendemos que a
fibromialgia é uma doença real e lastimável - algo que posso confirmar
após ter visto o sofrimento de minha esposa.
Liz estava disposta a tentar de tudo para continuar dando curso a sua
paixão: treinar e montar cavalos de corrida. Mas chegou um momento
em que sua dor e fadiga impediam qualquer trabalho com seus
amados animais. Ela ficou tão gravemente cansada que não
conseguia ficar desperta muito além das 8 da noite, e esfalfava-se por
manter-se em dia com a rotina doméstica.
Como a fibromialgia não tem cura, tudo o que pude fazer para
minimizar os sintomas de Liz foi carregá-Ia de medicamentos. Eu a fiz
tomar amitriptilina à noite para dormir, antiinflamatórios para dor,
relaxantes musculares, inaladores para asma e febre do feno, seldane
para alergias e até mesmo injeções antialérgicas semanais. Apesar de
meus esforços e de toda essa medicação, sua saúde piorava ano
após ano.
Em janeiro de 1995, Liz e eu concluímos que uma quantidade maior
de exercícios seria melhor para nós dois. Estávamos com uns quilos a
mais e tomamos a resolução de Ano Novo de voltar à forma. Liz
tentou, mas perdia mais exercícios do que fazia. Uma infecção após
outra a acometia e a deixava sob antibióticos quase o tempo todo.
Em março, ela contraiu uma grave pneumonia. Ela tinha dificuldades
para respirar, pois um lobo de seus pulmões fora totalmente tomado
pela infecção e cerrara-se. O médico que cuidava de seus pulmões
tinha grandes receios de que estes não se recuperassem, podendo
exigir, até mesmo, cirurgia e remoção. Consultamos um especialista
em doenças infecciosas, que submeteu Liz a antibióticos intravenosos,
esteróides e tratamentos com nebulizador. Felizmente, dois meses
mais tarde a pneumonia desapareceu. Sua tosse, contudo, persistiu, e
ela continuou submetida a medicamentos intensos durante meses.
Mais preocupante era sua fadiga, que se mostrava pior do que nunca.
Liz só saía da cama, em média, duas horas por dia. Sua asma e suas
alergias agravavam-se, e só com boa sorte ela conseguia caminhar
até o galpão para ver seus cavalos. Liz estava tão doente que as
crianças faltavam em turnos à escola para tomar conta dela.
Constantemente de cama, ela se sentia muito fraca, mesmo para ver
TV ou ler algo. Isso prosseguiu mês após mês. Embora mantivesse
exteriormente um aspecto profissional, em meu íntimo eu estava
ficando desesperado.
Visitei diversas vezes o pulmonologista e o especialista em doenças
infecciosas. Eles me asseguraram que vinham fazendo todo o
possível, dado o diagnóstico de Liz. Quando perguntei quanto tempo
levaria para que ela se recuperasse, a resposta foi que de seis a nove
meses - ou talvez nunca.
Mais ou menos por essa época, uma amiga da família comentou com
Liz que seu marido também tivera pneumonia e sofrera com uma
grande fadiga durante a convalescença. Ele tomou certos
suplementos nutricionais, e estes o ajudaram a recuperar as forças.
Liz e sua amiga sabiam de minha atitude negativa com relação a
suplementos nutricionais, então Liz tinha ciência de que precisaria de
minha aprovação antes de experimentá-Ios. Quando me abordou, até
eu fiquei surpreso com minha resposta: "Querida, pode tentar o que
quiser. Nós, médicos, não estamos lhe fazendo nenhum bem."

Pressupostos Submetidos à Prova
Para ser sincero, eu não sabia quase nada sobre nutrição ou
suplementação nutricional. Na faculdade de medicina não tinha
recebido quase nenhuma instrução sobre o assunto. E não estava
sozinho. Apenas 6% dos médicos formando-se atualmente nos
Estados Unidos têm algum treinamento em nutrição. Os estudantes de
medicina podem fazer cursos opcionais sobre o tema, mas poucos
efetivamente os fazem. Como observei na Introdução, a educação da
maioria dos médicos é concentrada em doenças, com uma grande
ênfase em produtos farmacêuticos - aprendemos sobre remédios e
sobre por que e quando usá-Ios.
Em função do respeito que têm pelos médicos, as pessoas presumem
que somos especialistas em todos os problemas relacionados à
saúde, incluindo nutrição e vitaminas. Antes de minha experiência de
conversão com a medicina nutricional, meus pacientes perguntavam-
me com freqüência se eu achava que tomar vitaminas trazia algum
beneficio à saúde. Eles levavam seus frascos de suplementos ao
consultório e me faziam examiná-Ios. Eu franzia o cenho e, com minha
expressão profissional mais astuta, examinava cuidadosamente os
rótulos. Devolvendo os frascos, respondia que aquela droga não
servia para nada.
Meus motivos eram bons: eu não queria que as pessoas
desperdiçassem seu dinheiro. Eu acreditava realmente que aqueles
pacientes não precisavam de suplementos e podiam obter todas as
vitaminas de que precisavam com uma boa dieta. Afinal de contas, é
isso o que aprendi na faculdade de medicina. Eu podia até citar
algumas pesquisas que apontavam o perigo potencial de certos
suplementos. O que não dizia a meus pacientes é que eu não tinha
passado um minuto sequer avaliando as centenas de estudos
científicos que provavam o valor da suplementação para a saúde.
Mas o que fazer com minha esposa doente? Eu podia bancar o
mágico profissional no consultório, mas, em casa, era apenas outro
marido desamparado, vendo a esposa fenecer. Eu realmente não
tinha escolha, e por isso disse a Liz: "Vá em frente, experimente as
vitaminas. O que você tem a perder?"
No dia seguinte, sua amiga nos trouxe uma série de suplementos
vitamínicos - carregados em antioxidantes: nutrientes como vitamina
E, vitamina C e betacaroteno, que protegiam o corpo contra os efeitos
nocivos da oxidação. Liz os engoliu com avidez, e emborcou ainda
dois copos de líquidos para a saúde. Para meu espanto, em três dias
ela se sentia visivelmente melhor. Fiquei feliz por ela, mas confuso.
Conforme os dias seguintes transcorriam, Liz ganhava mais força e
energia, e até mesmo ficava em pé à noitinha. Depois de três
semanas ingerindo pílulas e tomando aquelas bebidas de aparência
exótica, ela se sentia tão bem que parou com os esteróides e os
tratamentos com nebulizador.
Três meses se passaram, todos trazendo melhoras graduais, e Liz
não sofreu nenhuma recaída. Ela estava mais forte do que jamais se
sentira em anos, e exalava uma renovada perspectiva para a vida. Eu
via o brilho em seus olhos quando ela retornava dos treinos e dos
cuidados com seus cavalos. Ela não somente conseguia
desempenhar as tarefas no estábulo como já não temia sofrer de
reações alérgicas ao feno, ao mofo e à poeira. Em vez de cambalear
até a cama pouco depois do jantar, ela ficava acordada até as 11
horas ou até a meia-noite. Era eu que ia para a cama primeiro.
O que havia ocorrido? Eu estava aturdido. Se não tivesse sido
testemunha ocular desta transformação, nunca acreditaria nela. Seria
possível que algumas "vitaminas esquisitas" tivessem restaurado a
saúde de minha esposa quando todos os medicamentos e toda a
perícia médica eram incapazes de ajudar? Não somente os pulmões
de Liz se recuperaram da pneumonia como os sintomas de sua
fibromialgia tinham melhorado sensivelmente. Como não existe
tratamento médico para a fibromialgia, o que estava acontecendo? Era
um dos milagres misteriosos de Deus ou seria possível que a saúde
renovada de Liz se devesse àqueles - que horror! - suplementos
nutricionais?
Para uma pessoa treinada na ciência médica, fiz o que sucederia
naturalmente: decidi realizar meu próprio experimento clínico. Revirei
meus registros em busca de cinco de minhas pacientes mais sérias de
fibromialgia e lhes pedi que comparecessem a meu consultório. (Que
tal essa agora - um médico pedindo a seus pacientes que façam uma
consulta?) Relatei a todas a história de Liz e sugeri que pensassem
em tomar suplementos nutricionais. Disse a cada uma delas que não
sabia se este "tratamento alternativo" funcionaria, mas que valeria a
pena tentar.
As vítimas típicas de fibromialgia são desalentadas e, por isso, minhas
cinco pacientes se mostraram muito ansiosas. Depois de um período
que se estendeu de três a seis meses, todas, sem exceção,
declararam ter obtido melhoras de saúde depois de tomar os
suplementos vitamínicos. Nem todas experimentaram uma
recuperação de saúde como a de minha esposa, mas todas estavam
animadas e tinham novas esperanças.
O caso de uma destas mulheres era particularmente grave. Ela
buscara soluções na Clínica Mayo e em duas outras clínicas para
dores, mas, como não existe tratamento efetivo contra fibromialgia,
não encontrou nenhum alívio consistente. A dor do ano precedente a
debilitara a tal ponto que ela tentara suicidar-se. Após tomar essas
vitaminas, ela me ligou e deixou uma mensagem em minha secretária
eletrônica. Visivelmente em lágrimas e lutando para falar, ela disse:
"Dr. Strand, obrigada por me devolver minha vida".
Todo médico adora ouvir palavras como essas. Mas o que exatamente
estava ocorrendo com estas pacientes? Como eu sabia que meus
estudos preliminares com cinco pacientes não bastavam para chegar
a uma certeza científica quanto aos suplementos nutricionais, precisei
cavar mais fundo.

Minha Pesquisa sobre Suplementação
Vasculhando uma livraria uma semana depois, vi um livro do dr.
Kenneth Cooper chamado The Antioxidant Revolution (A Revolução
Antioxidante; Thomas Nelson, 1994). Como sempre admirei o dr.
Cooper por seus conhecimentos em exercícios aeróbios e medicina
preventiva, fiquei curioso por conhecer sua opinião sobre os
antioxidantes. O dr. Cooper explica um processo chamado de
"estresse oxidativo", que, segundo ele, é a causa subjacente das
doenças degenerativas crônicas - essencialmente um "quem é quem"
dos problemas de saúde que flagelam hoje a humanidade. Devorei o
livro.
Todos sabemos que o oxigênio é vital para a própria vida. Todavia, ele
é também inerentemente perigoso para nossa existência. Isso é
conhecido como paradoxo do oxigênio. Pesquisas científicas
demonstraram, para além de quaisquer dúvidas, que o estresse
oxidativo, ou dano celular por radicais livres, é a causa primária de
mais de setenta doenças degenerativas crônicas. O mesmo processo
que faz o ferro enferrujar ou uma maçã cortada ficar marrom é o
iniciador subjacente de doenças como a arterial coronariana, o câncer,
a apoplexia, a artrite, a esclerose múltipla, o mal de Alzheimer e a
degeneração macular.
É isso mesmo: estamos, de fato, enferrujando por dentro. Todas as
doenças degenerativas crônicas que mencionei resultam diretamente
dos efeitos tóxicos do oxigênio. Realmente, o estresse oxidativo é a
teoria líder por detrás do próprio processo de envelhecimento. Além
disso, nossos corpos encontram-se sob o ataque constante de um
exército de poluentes do ar, da comida e da água. Nosso estilo
estressado de vida também tem seu peso. Se não reagirmos a esses
processos, o resultado será a deterioração celular e, finalmente, a
doença. É por isso que as verdades reveladas neste livro são tão
fundamentais para nossa saúde.
Saber quão livremente o estresse oxidativo prejudica o organismo foi
algo que mudou minha perspectiva com relação às doenças
degenerativas crônicas. Por exemplo, como o estresse oxidativo pode
causar danos até mesmo ao núcleo de DNA das células, ele pode ser
o verdadeiro vilão do câncer. Isso abre a tremenda possibilidade de
usarmos antioxidantes na prevenção do câncer. Como o estresse
oxidativo também causa artrite, esclerose múltipla, lúpus,
degeneração macular, diabetes, mal de Parkinson e mal de Crohn, os
suplementos nutricionais também podem combater e controlar essas
moléstias.
Em seu livro o dr. Cooper trata de certos estudos efetuados com
pacientes de seu centro de aeróbica, em Dallas, sobre a causa da
"síndrome do supertreinamento". Surpreendentemente, o dr. Cooper
descobriu que alguns atletas que treinavam intensamente acabaram
enfrentando sérias moléstias crônicas. Todos mostravam sinais de
estresse oxidativo, e a lista de sintomas associados com a síndrome
era fabulosamente similar à dos pacientes de fibromialgia.
Comecei a pensar: Será que o estresse oxidativo também causa
fibromialgia? Será por isso que minha esposa e vários de meus
pacientes estão melhorando com a ingestão de antioxidantes de alta
qualidade?
Isso assinalou o início de minha investigação sobre o "lado negro" do
oxigênio. Fiquei tão intrigado com os argumentos do dr. Cooper que
resolvi verificar os estudos que ele citou. Iniciei uma busca por tudo o
que pudesse encontrar na grande literatura médica sobre estresse
oxidativo.
Somente no ano passado examinei mais de 1.300 estudos médicos
editados por especialistas versando sobre suplementos nutricionais e
o modo como estes afetam as doenças degenerativas crônicas. Esses
estudos eram ensaios clínicos do tipo duplo-cego, controlados com
placebo, o tipo que os médicos adoram. A suprema maioria destes
estudos aponta uma melhora significativa de saúde entre pacientes
que tomavam nutrientes em níveis otimizados, os quais são
significativamente mais altos que o nível dos valores diários de
referência.

As Vitaminas e Você
Quando você conhece o tremendo dano que o estresse oxidativo
inflige ao corpo humano durante a vida cotidiana normal, percebe o
quão importante é otimizar seu próprio sistema de defesa natural. Sua
saúde e sua vida dependem disso. Durante minhas pesquisas
descobri que a defesa mais forte contra estas doenças são o sistema
imunológico e o sistema antioxidante natural de nossos corpos. Eles
são muito superiores a quaisquer remédios que eu pudesse receitar.
Concluí, após muito estudo, que usar a suplementação nutricional em
pacientes não é uma medicina alternativa, mas uma medicina
complementar. Na verdade, isso pode representar o que há de melhor
na corrente central da medicina, pois é um verdadeiro método
preventivo. Tomar suplementos nutricionais não é erradicar doenças:
é promover uma saúde vibrante.
Depois de avaliar os estudos médicos, já não tenho absolutamente
dúvida de que aqueles dentre meus pacientes que tomam
suplementos nutricionais de alta qualidade têm ganhos de saúde
superiores aos dos que não tomam. Embora o paciente possa ter um
problema de saúde específico, quando recomendo os suplementos
não estou tratando necessariamente daquele problema em particular.
Estou simplesmente cuidando para que o paciente forneça a seu
corpo nutrientes nos níveis otimizados - os quais, conforme
demonstram estudos baseados em pesquisas médicas, proporcionam
beneficios à saúde. Chamei essa abordagem à saúde de nutrição
celular, algo que permite ao corpo realizar aquilo que Deus planejou.
As histórias pessoais que apresento neste livro foram documentadas
por mim em meu consultório. Mudei alguns nomes para a proteção da
privacidade, mas muitas são histórias de pacientes e amigos que
quiseram compartilhar os detalhes exatos de seus casos com você.
Nessas histórias, você descobrirá exemplos reais de como se
aplicaram os importantes conceitos que aqui apresento.
Se você já estiver doente, por favor, anime-se. Quase todas essas
histórias são de pacientes que também haviam perdido a saúde. Com
muita coragem e determinação, eles continuaram a buscar respostas,
e, depois de experimentar os princípios aqui apresentados,
recuperaram sua saúde.
Liz é meu melhor estudo de caso. Aliás, a saúde dela continua ótima -
embora tenha se casado com um médico! Em vez de passar horas e
horas por dia sofrendo dores e fraqueza na cama, ela leva hoje a vida
de seus sonhos. Possui a energia necessária para desfrutar
plenamente sua condição de esposa e mãe. E sua paixão por treinar e
exibir cavalos já não são anseios da imaginação, e sim uma realidade
diária.
Para saber mais sobre essa forma notável de medicina preventiva,
continue lendo.

DOIS - Vivendo Pouco e Morrendo Muito
NO MOMENTO EM QUE VIRÁVAMOS A ESQUINA DO SÉCULO
XXI, MÉDICOS E PESQUISADORES dedicavam especial atenção ao
estado dos serviços médicos e de saúde nos Estados Unidos e no
mundo industrializado. Se remontarmos um século no passado, as
comparações entre as doenças serão notáveis. No início do século
XX, as pessoas morriam sobretudo de doenças infecciosas. As quatro
principais causas de morte nos Estados Unidos eram a pneumonia, a
tuberculose, a difteria e a influenzal, e as pessoas tinham uma
expectativa de vida de pouco mais de 43 anos. Todavia, graças à
descoberta dos antibióticos e de avanços em seu desenvolvimento
durante a segunda metade desse século, as mortes devidas a
doenças infecciosas declinaram dramaticamente, mesmo após a
epidemia de AIDS dos anos 80.
Conforme avançamos século XXI adentro, descobrimos que as
pessoas sofrem e morrem daquilo que se conhece como doenças
degenerativas crônicas. Essas incluem a doença arterial coronariana,
o câncer, os AVC's, o diabetes, a artrite, a degeneração macular, a
catarata, o mal de Alzheimer, o mal de Parkinson, a esclerose múltipla
e a artrite reumatóide. A lista não acaba mais.
Embora a expectativa média de vida nos Estados Unidos tenha
aumentado significativamente durante o século passado, nossa
qualidade de vida, em função dessas doenças degenerativas crônicas,
sofreu um duro golpe. Estamos essencialmente "vivendo pouco e
morrendo muito", expressão que ouvi em um discurso do dr. Myron
Wentz, um destacado imunologista e microbiologista. O dr. Wentz
também me ajudou a entender o sério perigo do estresse oxidativo
para nossa saúde e a importância da nutrição celular.

Um Toque de Despertar

Expectativa de Vida
Quantos anos você espera viver? Deixemos de lado por um momento
a qualidade de vida (como fazem muitos estudos sobre longevidade) e
consideremos como estão os Estados Unidos em comparação com
todas as outras nações industrializadas do mundo no que se refere à
expectativa de vida e aos serviços de saúde. Uma das principais
maneiras de avaliar o sistema de saúde de um país é avaliar sua taxa
de mortalidade.
Em 1950 os Estados Unidos estavam em sétimo entre as vinte e uma
primeiras nações industrializadas do mundo em expectativa de vida.
Como você talvez imagine, gastamos muito mais em serviços de
saúde desde então do que qualquer outro país do mundo. Em 1998
investimos mais de US$ 1 trilhão em serviços de saúde - em média
13,6% do produto interno bruto americano. Isso é mais do que o dobro
do que gastou a nação que ocupa o segundo lugar. Temos nossos
scanners de ressonância magnética e tomografia computadorizada,
angioplastia, cirurgias de ponte de safena, próteses de quadril e
joelho, quimioterapia, radioterapia, antibióticos, técnicas cirúrgicas de
ponta, medicamentos avançados e unidades de terapia intensiva.
Esses avanços médicos aumentaram a expectativa de vida nos
Estados Unidos?
Em 1990 os Estados Unidos ficaram em décimo oitavo lugar em
expectativa de vida, quando comparado às mesmas vinte e uma
nações industrializadas de 40 anos antes. Apesar dos bilhões de
dólares que os norte-americanos gastam em serviços de saúde,
somos considerados uma das piores nações industrializadas do
mundo quando se trata de expectativa de vida. O sistema de cuidados
com a saúde que alardeamos como o melhor do mundo está, na
verdade, perto de ser o pior, se considerarmos quanto os norte-
americanos vivem - ou não vivem.
Perguntei quanto você esperava viver, mas agora pense em como
serão seus últimos 20 anos. Você está recebendo o que seu dinheiro
vale? Eu duvido.

Qualidade de Vida
Posso assegurar-lhe que meus pacientes hoje não estão tão
preocupados com o número de anos que viverão quanto com a
qualidade de vida desses anos. E você? O número de anos que
vivemos não costuma ser o fator mais importante quando se trata de
avaliar nosso método de cuidados com a saúde. Quem quer viver até
uma elevada idade sem poder reconhecer seus familiares, devido ao
mal de Alzheimer? Quem anseia sofrer dores intensas nas
articulações ou nas costas em função da artrite degenerativa? Os
Estados Unidos estão sofrendo de mal de Parkinson, de degeneração
macular, de câncer, de AVC's e de doenças cardíacas com uma
freqüência sem precedentes. Ninguém mais parece morrer de velho.
Mais de 60 milhões de norte-americanos sofrem de algum tipo de
doença cardiovascular (doenças do coração e dos vasos sangüíneos);
mais de 13,6 milhões têm doença arterial coronariana. Embora tenha
ocorrido um decréscimo no número de mortes por doenças
cardiovasculares nos últimos 25 anos, esta ainda permanece a causa
número um de mortes nos Estados Unidos. Há mais de 1,5 milhões de
ataques cardíacos por ano e aproximadamente metade deles, ou
pouco acima de 700 mil, são fatais. Tristemente, cerca de metade
dessas mortes ocorre menos de uma hora após o ataque, muito antes
de o indivíduo poder chegar ao hospital. O primeiro sinal de uma
doença do coração, em mais de 30% dos casos, é a morte súbita. Isso
não nos dá muito tempo para fazer mudanças no estilo de vida.
Apesar da imensa quantidade de dinheiro expendida em pesquisas e
tratamentos para o câncer, este continua sendo a segunda maior
causa de mortes nos Estados Unidos. Houve 537 mil mortes por
câncer em 1995; tem havido um aumento contínuo no número de
mortes por câncer ao longo dos últimos 30 anos.
Os Estados Unidos gastaram mais de US$25 bilhões em pesquisas
sobre o câncer durante os últimos 25 anos, e não observaram com
isso nenhuma diminuição no número relativo de pessoas que morrem
da doença. Os maiores avanços no tratamento do câncer surgiram
graças ao diagnóstico precoce de certas formas de câncer - não que
nossos tratamentos para a doença tenham sido agradáveis ou de
grande eficácia.
Meus pacientes com degeneração macular, uma doença crônica que
afeta a visão, visitam seus oftalmologistas a cada seis meses,
somente para ter uma outra consulta agendada para dali a seis
meses. Eles ficam frustrados por saber que a única coisa que seu
médico pode fazer é documentar o progresso de sua doença. Em
alguns casos, o tratamento a laser só alcançou efeitos mínimos.
Se você tiver um ente querido sofrendo do mal de Alzheimer, sabe
muito bem da ineficácia dos tratamentos. Ver um pai perder
lentamente o funcionamento razoável da mente e ficar aprisionado em
seu próprio corpo é extremamente doloroso.
É hora de voltar à prancheta. Se nós, médicos, formos realmente
honestos conosco mesmos, teremos de admitir que as opções de
tratamento que oferecemos a muitos desses pacientes são, no
mínimo, precárias. Não conseguimos atacar essas moléstias do modo
como atacamos as doenças infecciosas. Médicos e pacientes devem
avaliar muito atentamente a maneira como consideram os cuidados
com a saúde hoje em dia.

A Medicina Preventiva
Acho preocupante a atitude prevalecente entre os pacientes de hoje,
que aceitam como inevitável o fato de que desenvolverão uma ou
várias dessas doenças degenerativas crônicas. Eles vêem a medicina
moderna como sua salvadora, e os medicamentos como sua cura.
Tristemente, é só depois de adoecerem que os pacientes percebem
como nossos tratamentos são, na verdade, ineficazes.
Conforme a geração baby boomer adentra a casa dos 50, acredito que
mais e mais indivíduos se tornarão proativos com sua saúde.
Um de meus amigos mais chegados me disse no último mês que
deseja simplesmente viver até morrer. É esse o seu desejo? É
certamente o meu. Depois de praticar a medicina por mais de três
décadas, acho altamente perturbadora a perspectiva da dor e do
sofrimento que as doenças degenerativas crônicas podem trazer tanto
para mim quanto para meus pacientes.
É por isso que escrevi este livro; é por isso que recomendo a medicina
preventiva em vez da medicina pós-problema. Mas preciso definir o
que entendo por preventiva.

Medicina Preventiva Tradicional (Detecção
Antecipada)
A comunidade de serviços à saúde orgulha-se da promoção de
tratamentos preventivos. Mas você já pensou um pouco sobre esse
método? Os médicos, é certo, estimulam os pacientes a fazer exames
de rotina para manterem a saúde. Mas uma olhada mais atenta nas
recomendações dos médicos nos leva logo à conclusão de que eles
estão apenas tentando detectar doenças antecipadamente. Pense
nisso. Como observei, os médicos efetuam rotineiramente exames de
papanicolau, mamografias, exames de sangue e exames fisicos com o
objetivo primário de verificar se já há, em seus pacientes, alguma
doença silenciosa. O que foi que se preveniu?
Obviamente, quanto antes essas doenças forem detectadas, melhor
será para o paciente. O ponto que quero salientar aqui, contudo, é o
pouco tempo e esforço que os médicos ou a comunidade de serviços
à saúde empenham em realmente instruir os pacientes sobre como
esses podem proteger sua saúde. Em outras palavras, os médicos
estão ocupados demais tratando de doenças para se preocuparem em
instruir seus pacientes sobre estilos de vida saudáveis, que ajudem,
antes de tudo, a evitar o desenvolvimento de doenças degenerativas.

A Verdadeira Medicina Preventiva
Se desejamos chamar algo de preventivo, então creio que esse algo
deva, de fato, prevenir alguma coisa. Afirmo enfaticamente que a
verdadeira medicina preventiva envolve estimular e apoiar os
pacientes na adoção de uma abordagem tríplice: comer
saudavelmente, praticar um programa consistente de exercícios e
ingerir suplementos nutricionais de alta qualidade. Dar aos pacientes
condições para evitar a contração de alguma dessas grandes doenças
é a verdadeira prevenção. Isso exige a motivação do paciente? Claro.
Mas a maioria das pessoas está disposta a fazer essas mudanças de
estilo de vida quando entende realmente o que está em jogo.
É aí que creio que o campo médico deixou a desejar: em praticar a
verdadeira medicina preventiva.

Os Ingredientes de um Estilo de Vida Saudável

Exercícios
Esquecemos que o "hospedeiro", nosso corpo, é uma de nossas
maiores defesas contra o adoecimento. Creio que o dr. Kenneth
Cooper seja um dos principais médicos na área da medicina
preventiva. Ele cunhou o termo aeróbica e deu início à febre dos
exercícios no início dos anos 70.
Hoje, todos assumimos como verdade sagrada o que teve de ser
medicamente provado há apenas três décadas. Lembro-me de
médicos discutindo em reuniões na época sobre se era correto
incentivar os pacientes a fazer exercícios. O dr. Cooper perseverou e
continuou a divulgar os benefícios que os exercícios podiam trazer à
saúde dos pacientes. No final dos anos 70, a maioria dos médicos
passou a concordar com ele e a recomendar um programa modesto
de exercícios.
Um cirurgião-geral dos Estados Unidos publicou uma declaração no
início da década de 1980 listando os principais benefícios à saúde
resultantes de um programa modesto de exercícios. Os benefícios
mais destacados eram:

. perda de peso;
. baixa pressão sangüínea;
. ossos mais fortes e menor risco de osteoporose;
. níveis elevados do colesterol "benigno" HDL;
. níveis reduzidos do colesterol "maligno" LDL;
. níveis reduzidos de triglicérides (gorduras);
. aumento da força e da coordenação, e conseqüente redução no risco
de quedas;
. maior sensibilidade à insulina;
. melhora do sistema imunológico; e
. aumento geral na sensação de bem-estar.

Uma mera olhada nessa lista de benefícios à saúde é persuasiva:
qualquer pessoa que decidir desenvolver um programa de exercícios
modestos estará tomando uma decisão importante para evitar o
desenvolvimento de diversas doenças.

Uma Dieta Saudável
E quanto aos hábitos alimentares? Os médicos sabem também que os
pacientes que seguem uma dieta de poucas gorduras, que inclua ao
menos sete doses diárias de frutas e vegetais, gozam de maiores
benefícios à saúde. Estes incluem:

. perda de peso;
. redução do risco de diabetes;
. redução do risco de doenças do coração;
. redução do risco de quase todas as formas de câncer;
. redução do risco de pressão alta;
. redução do risco de colesterol elevado;
. melhoras no sistema imunológico;
. maior sensibilidade à insulina; e
. maior energia e capacidade de concentração.

Encaremos a verdade: uma dieta saudável é uma situação de
ganhar/ganhar!

Suplementos Nutricionais
Tendo pesquisado a literatura médica nos últimos 7 anos, acredito
firmemente que há benefícios significativos para a saúde na ingestão
de suplementos nutricionais de alta qualidade, mesmo que você goze
de excelente saúde. Para dizer de forma simples, os beneficios à
saúde dos suplementos nutricionais são:

. um sistema imunológico fortalecido;
. um sistema de defesa antioxidante fortalecido;
. redução do risco de doença arterial coronariana;
. redução do risco de AVC's;
. redução do risco de câncer;
. redução do risco de artrite, degeneração macular e catarata;
. possibilidades de redução do risco do mal de Alzheimer, do mal de
Parkinson, da asma, da doença pulmonar obstrutiva e de muitas
outras doenças degenerativas crônicas; e
. possibilidades de melhorar e muito o curso clínico de diversas
doenças degenerativas crônicas.

Pacientes que iniciarem um programa consistente de exercícios, com
uma dieta saudável, e tomarem suplementos podem mesmo melhorar
da pressão alta, do diabetes e do colesterol elevado a ponto de
dispensarem a ingestão de certos medicamentos? A literatura médica
certamente sustenta essa possibilidade.
Quase todos os médicos concordam em que os pacientes merecem
uma tentativa justa de fazer mudanças saudáveis no estilo de vida
antes de começarem a tomar medicamentos para tais condições
crônicas. Na verdade, porém, a maioria dos médicos, em seus
consultórios, só fala de mudanças no estilo de vida da boca para fora,
no momento mesmo em que estão preenchendo receitas. Perceba
que os médicos costumam pressupor que a maioria dos pacientes
jamais mudará seu estilo de vida e que a única salvação realista são
as drogas que podem receitar. Quando um médico diagnostica a
pressão alta, o diabetes ou o colesterol elevado de um paciente, ele
começa simplesmente a redigir uma receita.

Dando aos Pacientes uma Escolha
Ao longo dos últimos 7 ou 8 anos, tomei uma atitude diferente: usei a
medicação como último recurso - e não como primeira opção. Fiquei
surpreso com a quantidade de pacientes dispostos a se tornarem mais
proativos com sua saúde se houvesse uma chance, ainda que
mínima, de evitarem a ingestão de outros medicamentos. É claro que
também tenho aqueles pacientes que não pensam em mudar. Para
eles, ainda recorro aos remédios.
Há também aqueles pacientes cuja condição é tão séria que os ponho,
de imediato, sob medicação. Mas também a eles ofereço a chance de
melhorarem sua condição ao longo do tempo, com mudanças
saudáveis no estilo de vida, na esperança de que, algum dia, possam
diminuir ou interromper a medicação.
Todos conhecem os beneficios à saúde de um bom programa de
exercícios e de uma dieta saudável. Poucos, contudo (e
especialmente os médicos), têm algum conhecimento dos beneficios à
saúde trazidos pela ingestão de suplementos nutricionais de alta
qualidade. Já disse que fui um desses médicos desinformados. Mas
incontáveis estudos provam que a tríade de uma dieta saudável, de
um bom programa de exercícios e de suplementos nutricionais de alta
qualidade é a melhor maneira de proteger sua saúde. É também a
melhor maneira de tentar recuperar sua saúde após tê-Ia perdido.

A História de David
Vejamos a teoria em funcionamento. "David" passou a maior parte de
sua vida como examinador de testes para motoristas no Estado de
Utah, onde vivia com sua esposa e seus filhos. David sempre gozara
de excelente saúde e não tomava medicamento algum. No início de
1990, contudo, começou a sentir fraqueza nas pernas e uma fadiga
incomum.
Na primavera de 1990, ele estava arrastando as pernas e, até mesmo,
caía de vez em quando. David visitou diversos médicos, e um
neurologista finalmente diagnosticou uma doença rara chamada
leucoencefalopatia.
Estou certo de que David reagiu ao nome de sua doença da mesma
forma que você: O que é isso? O neurologista o informou de que era
uma doença progressiva, degenerativa e desmielinizante do cérebro,
muito similar à esclerose, e para a qual não havia tratamento efetivo.
O médico disse a David que havia pouca esperança para ele - essa
doença avançava em um declínio ininterrupto até a morte.
A notícia arrasou David. Ele voltou para casa desalentado e chocado.
Nunca tinha ouvido falar dessa doença, e ela agora vinha tirar sua
vida. Confirmando o que dissera o médico, David ficou mais fraco.
Começou a sofrer de vertigem e a perder o controle de seus intestinos
e de sua bexiga. Na primavera de 1993, David estava preso a uma
cadeira de rodas. Em junho de 1995 a dor em suas pernas era tão
extrema que seus médicos lhe impuseram um tratamendo com
morfina por via oral. Ele dependia totalmente de sua esposa e seus
filhos para tudo. A vida, como a conhecera, tinha terminado.
Em novembro de 1995 David sofreu um grave surto de influenza.
Ficou ainda mais fraco e suas pernas, bem como seus braços,
gelaram, como se não tivessem nenhuma circulação. Os médicos
informaram David e sua família de que ele provavelmente jamais se
recuperaria. Devido à leucoencefalopatia subjacente, eles previam que
ele viveria por apenas mais uma ou duas semanas.
David estivera sob os cuidados do Hospice Program, que lhe permitia
ficar em casa, onde preferia estar. Ele e sua família começaram a
fazer planos para o funeral. David lamentava a perda de tudo o que
amava, e dizia adeus à família e aos amigos. Embora houvesse
aceitado sua morte alguns anos antes, a hora finalmente chegara,
exatamente como previam os médicos.
Mas de alguma forma David sobreviveu ao Natal. Embora não
conseguisse sair da cama, tampouco morreu.
Alguns meses mais tarde David decidiu experimentar certos
suplementos nutricionais. Ele começou com um tablete antioxidante,
um tablete mineral e um pouco de extrato de sementes de uva. Em
cinco dias notou que estava dormindo menos e que tinha um pouco
mais de energia. Depois de várias semanas tomando os suplementos,
ele conseguia sair da cama por pequenos intervalos. De fato, no Dia
das Mães, seus filhos o levaram até a loja de flores, de modo que ele
pôde fazer suas compras tradicionais para sua esposa e sua mãe.
Semana após semana David recuperava as esperanças, conforme
ficava mais e mais forte.
David se lembrava de ter assistido ao filme O Óleo de Lorenzo no
verão de 1996. O garoto do filme, Lorenzo, tinha uma doença cerebral
similar à sua. Assistindo ao filme, David impressionou-se por descobrir
que a parte mais importante do tratamento de Lorenzo, a que parecia
de fato impedir seu declínio, era o óleo de sementes de uva. Ele se
deu conta de que o extrato de sementes de uva podia ser um fator de
primeira importância em sua admirável recuperação. Naquele
momento, decidiu ingerir doses maiores. Ele logo descobriu que o
extrato é um antioxidante muito potente, facilmente absorvível pelo
fluido que envolve o cérebro. A recuperação de David após aumentar
a dosagem do extrato, mantendo os demais antioxidantes e minerais,
foi impressionante. A dor em suas pernas começou a diminuir e ele
começou mesmo a caminhar novamente. A força de suas pernas
aumentava consistentemente, semana após semana. Cerca de dois
meses mais tarde, David conseguiu ir até a igreja sozinho, pela
primeira vez em 3 anos. Ele ainda cambaleava bastante ao caminhar,
mas estava andando!
O médico de David interrompeu a prescrição de morfina e documentou
a melhora de seu paciente. Embora não pudesse acreditar nela, o
médico tampouco podia negá-Ia. A maior emoção de David sobreveio
quando ele pôde fazer seu exame de motorista e ser aprovado.
Depois de tantos anos examinando outros, ele pôde dirigir por si
próprio, uma vez mais.
David ainda tem sua doença. Ele não está curado. Mas é ele, e não a
doença, que controla sua vida. Ele ainda caminha de modo estranho,
mas não se importa. Todas as vezes que vejo David tenho de sorrir.
Foi um prazer observar seu progresso.
Ele é uma das razões por que estou seguro de que o uso da medicina
nutricional abriga tamanha promessa para pacientes de todos os
campos da saúde.

Neste capítulo discutimos a abordagem dos Estados Unidos no que se
refere aos cuidados com a saúde. Quais são os seus? Você teme
envelhecer? Você aceitou as doenças crônicas ou a dor como fatais
em seu futuro? Você está disposto a fazer mudanças necessárias em
sua vida para assegurar sua saúde? Acredito que uma vida fisica
plena e abundante não tenha de começar a declinar após os 40 anos.
Acredito que cada ano de sua vida pode ser o melhor de todos. É hora
de parar de viver pouco e morrer muito! Mas, antes disso, porém, você
precisa entender a guerra que se trava dentro de nossos corpos.
Trataremos disso a seguir.

TRÊS - A Guerra Interior
RECOSTE-SE, FECHE OS OLHOS POR UM MOMENTO E
CONCENTRE-SE EM SUA RESPIRAÇÃO.
Relaxe os ombros e aspire tão profundamente quanto possível,
liberando em seguida, lentamente, o ar de seus pulmões. Faça isso
por várias vezes. Respire como se estivesse inflando seu corpo da
cabeça aos pés. Faça uma pausa e então expire lentamente. Isso é
ótimo, não é mesmo? O ar que entra em nossos pulmões nos traz
vida. E quando aceleramos nossa respiração pela corrida ou por
exercícios aeróbios, sentimo-nos revigorados e podemos mesmo ter
uma sensação de euforia.
Sendo médico, gosto de imaginar o que está acontecendo em meu
corpo no nível celular, conforme o oxigênio entra por meu nariz e viaja
até meus pulmões. A vida é um milagre intrincadamente tecido,
evidente em cada respiração. Encho meus pulmões com ar fresco,
rico em oxigênio. As moléculas de oxigênio atravessam então as finas
paredes dos alvéolos pulmonares até o sangue que corre próximo. Ali,
elas se misturam à hemoglobina de meu sangue, e as batidas de meu
coração bombeiam esse sangue recém-oxigenado para todas as
partes de meu corpo. A hemoglobina, em seguida, libera o oxigênio
para que esse possa entrar nas células de meu corpo, onde proverá
energia e a vida em si.
Dentro de cada célula de meu corpo existe um forno chamado de
mitocôndria. Imagine-se diante de um fogo quente e crepitante. Ele
arde com segurança e tranqüilidade a maior parte do tempo. Mas, de
quando e quando, lança cinzas que caem em seu tapete e abrem nele
pequenos buracos. Uma única cinza não oferece muito perigo; mas se
essas centelhas e estouros continuarem mês após mês, ano após
ano, você acabará com um tapete esfarrapado em frente à lareira.
De modo similar, essa estrutura microscópica dentro da célula - a
mitocôndria processa o oxigênio pela transferência de elétrons para
gerar energia na forma de ATP, liberando água como subproduto.
Essas reações químicas ocorrem sem problemas em 98% das vezes.
Porém, a complementação total de quatro elétrons necessária para
reduzir o oxigênio para água nem sempre ocorre como o planejado, e
um "radical livre" se produz.
As cinzas da lareira representam os radicais livres, e o tapete
representa seu corpo. A parte de seu corpo que receber o maior dano
por radicais livres será a primeira a se desgastar e, potencialmente, a
desenvolver doenças degenerativas. Se forem os seus olhos, você
pode desenvolver degeneração macular ou catarata. Se forem seus
vasos sangüíneos, você pode ter um ataque cardíaco ou um AVC. Se
for o espaço em suas articulações, você pode desenvolver artrite. Se
for seu cérebro, você pode desenvolver o mal de Alzheimer ou de
Parkinson. Com o passar do tempo, nossos corpos podem ficar como
aquele tapete em frente à lareira: todo danificado.
Acabamos de imaginar juntos o lado "límpido" do oxigênio e da vida
que ele traz ( como o calor do fogo ), mas não podemos negar o resto
da história. Essa é a parte sobre a qual muitos de nós nunca ouviram
falar: os danos que os radicais livres desordenados causam,
conhecidos também como estresse oxidativo.
Esse estresse oxidativo é a causa subjacente de quase todas as
doenças degenerativas crônicas. Embora isso tudo ocorra
internamente, é muito mais fácil observar o estresse oxidativo que se
dá na superficie externa do corpo, a pele. Você já viu um retrato de
família que reunisse várias gerações? Se olhar de perto a pele dos
fotografados, verá a significativa diferença entre a pele do membro
mais jovem e a do membro mais velho da família. O efeito que você vê
se deve ao estresse oxidativo da pele. A mesma decadência ocorre no
interior de nossos corpos.

O Lado Negro do Oxigênio
Como eu disse, estamos descobrindo, por meio de pesquisas
bioquímicas, que a causa subjacente das doenças degenerativas e,
provavelmente, do próprio processo de envelhecimento, é o estresse
oxidativo causado pelos radicais livres.
Quimicamente, demonstrou-se que a ação violenta desses radicais
livres provoca explosões de luz. Se não forem neutralizados a tempo,
os radicais livres geram uma reação em cadeia que pode ocasionar
condições perigosas. Você sabia que existe literalmente uma guerra
sendo travada dentro de seu corpo? Durante o consumo cotidiano e
silencioso do oxigênio, ocorre uma batalha vital. Podemos, assim,
interpretar essa tal guerra definindo os papéis específicos de seus
fascinantes e bem destacados personagens no metabolismo de nosso
corpo:

O Inimigo: Radicais Livres

Os Aliados: Antioxidantes

Por trás das Linhas: Nutrientes de Apoio - os cofatores B (B1, B2, B6,
B12 e o ácido fólico) e os minerais antioxidantes. São como as linhas
de suprimento de combustível, munição e alimentos, e os mecânicos
que mantêm as máquinas operando em situações de combate.

Reforços do Inimigo: Condições que aumentam o número de radicais
livres produzidos pelo corpo, como poluentes do ar, da comida e da
água; estresse excessivo, maus hábitos de exercícios e assim por
diante.
MASH: Unidade de reparo das alterações causadas pelos Radicais
Livres.

Os radicais livres são, em sua maioria, moléculas ou átomos de
oxigênio que possuem, no mínimo, um elétron solitário (ou
desemparelhado) na órbita externa. No processo de utilização do
oxigênio durante o metabolismo intracelular normal para a produção
de energia (chamado de oxidação), criam-se os radicais livres,
também denominadas espécies reativas de oxigênio. Em essência,
eles possuem uma carga elétrica e tentam arrancar um elétron de
qualquer molécula ou substância nas proximidades. Sua
movimentação é tão violenta que já se demonstrou quimicamente que
eles geram fagulhas de luz dentro do corpo. Se esses radicais livres
não forem neutralizados rapidamente por um antioxidante, poderão
criar outros radicais livres ainda mais voláteis ou causar danos à
membrana celular, à parede dos vasos sangüíneos, às proteínas, às
gorduras ou mesmo ao núcleo de DNA das células. A literatura
científica e médica chama esses danos de estresse oxidativo.

Nossos Aliados: Os Antioxidantes
Deus não nos deixou indefesos frente às arremetidas dos radicais
livres. Na verdade, quando observo a intrincada complexidade de
nosso sistema defensivo antioxidante, sinto uma imensa gratidão por
quão maravilhosa e magnificamente somos feitos. Temos, a bem
dizer, nosso próprio exército de anrioxidantes, que são capazes de
neutralizar os radicais livres e torná-Ios inofensivos. Os antioxidantes
são como as portinholas de vidro ou as telas de arame fino que
instalamos em frente à lareira. As fagulhas (os radicais livres) ainda
voarão; todavia, seu tapete (seu corpo) estará protegido.
Um antioxidante é qualquer substância que possa liberar um elétron
para um radical livre e compensar o elétron desemparelhado, o que
neutraliza esse radical livre. Mesmo nosso corpo tem a capacidade de
criar antioxidantes próprios. Na verdade, o corpo gera três grandes
sistemas defensivos antioxidantes: o superóxido dismutase, a catalase
e a glutationa peroxidase. Não é importante que você memorize esses
nomes, mas é importante que perceba que possuímos um sistema
natural de defesa antioxidante.
Nosso corpo, contudo, não produz todos os antioxidantes de que
necessitamos. O restante deve provir da alimentação ou, como você
verá, dos suplementos nutricionais. Desde que haja antioxidantes
disponíveis em quantidades compatíveis com o número de radicais
livres produzidos, nenhum dano é infligido a nosso corpo. Mas quando
há mais radicais livres sendo produzidos do que a quantidade
disponível de antioxidantes, ocorre o estresse oxidativo. Quando essa
situação persiste por um período prolongado, podemos desenvolver
uma doença degenerativa crônica e começar a perder a guerra
interior.
O equilíbrio é a chave para vencer essa guerra sustentada. Devemos
manter a ofensiva e a defensiva equiparadas. Para vencer, nosso
corpo precisa estar sempre armado com mais antioxidantes do que
radicais livres.
A maioria dos antioxidantes que obtemos advém de vegetais e frutas.
Os antioxidantes mais comuns são a vitamina C, a vitamina E, a
vitamina A e o betacaroteno. Podemos obter diversos outros
antioxidantes de nossa alimentação; esses incluem a coenzima Q10, o
ácido alfalipóico e os coloridos antioxidantes flavonóides. É importante
compreender que os antioxidantes funcionam em sinergia uns com os
outros para desarmar radicais livres em áreas distintas do corpo. A
exemplo dos posicionamentos variados das defesas militares, cada
um desses antioxidantes tem funções específicas. Alguns chegam a
ter a capacidade de regenerar outros antioxidantes, podendo
neutralizar um número maior de radicais livres. Por exemplo, a
vitamina C é solúvel na água, sendo portanto o antioxidante ideal para
lidar com radicais livres no sangue e no plasma. A vitamina E é solúvel
na gordura, sendo o melhor antioxidante dentro da membrana celular.
A glutationa é o melhor antioxidante dentro da célula em si. O ácido
alfalipóico funciona tanto dentro da membrana celular como no
plasma. A vitamina C e o ácido alfalipóico têm a capacidade de
regenerar a vitamina E e a glutationa, de modo que essas possam ser
reutilizadas.
Quanto mais antioxidantes, melhor! Nossa meta é ter antioxidantes em
número mais do que suficiente para neutralizar os radicais livres que
produzimos. Isso só ocorrerá se tivermos um exército completo e
equilibrado de antioxidantes disponível a todo momento.

Por Trás das Linhas
Todo exército precisa de um sistema de apoio por trás das linhas de
batalha - isso é fundamental para o resultado final de uma guerra. Ter
simplesmente quantidades adequadas de antioxidantes (ou soldados)
disponíveis para neutralizar os radicais livres que produzimos não é o
suficiente. Os soldados precisam continuamente de suprimentos -
munição, comida, água e vestimentas - para que dêem o máximo de
si.
Os soldados antioxidantes requerem a disponibilidade de outros
nutrientes em quantidades adequadas para cumprirem seu dever nas
linhas de frente contra a ameaça dos radicais livres. Eles precisam de
quantidades suficientes de minerais antioxidantes como o cobre, o
zinco, o manganês e o selênio, que ajudam em suas reações químicas
e lhes permitem realizar seu trabalho com eficiência. Se não houver
minerais suficientes disponíveis, o estresse oxidativo poderá ocorrer.
Para desempenhar adequadamente sua função, os antioxidantes
também precisam de certos cofatores em suas reações enzimáticas.
Os cofatores são o sistema de suporte militar, como os mecânicos ou
oficiais de suprimentos, os caminhões de combustível e os fabricantes
de munição. Esses são primariamente os cofatores B: o ácido fólico e
as vitaminas B1, B2, B6 e B12. Precisamos de um bom estoque tanto
de minerais antioxidantes como de cofatores para termos alguma
esperança de vencer a guerra interior.
O campo de batalha é, na verdade, mais complicado do que acabo de
descrever. Note que o número de radicais livres que produzimos
nunca é constante. A produção de radicais livres varia no processo
diário do metabolismo normal e da redução do oxigênio, e nosso
sistema defensivo nunca sabe exatamente com quantos radicais livres
terá de se defrontar a cada dia. Muitos fatores podem aumentar a
quantia de radicais livres que produzimos e que devemos, por
conseguinte, neutralizar.
O que ocasiona a produção de mais radicais livres do que nosso corpo
pode combater? Essa questão me levou a horas e horas de pesquisa.
Aprendi a recorrer às diferentes fontes de radicais livres para descobrir
a resposta. Discutamos agora esses réus.

O Que Gera Radicais Livres

Exercícios Excessivos
Em The Antioxidant Revolution, o dr. Kenneth Cooper salientou o fato
de que exercícios excessivos podem aumentar significativamente a
quantidade de radicais livres que nosso corpo produz. O dr. Cooper
ficou muito preocupado ao notar que um grande número de atletas
esforçados morria prematuramente de ataques cardíacos, AVC's e
câncer. Tratava-se de indivíduos que haviam corrido trinta ou quarenta
maratonas durante a vida, mantendo ao mesmo tempo um extenso
programa de exercícios diários.
Durante sua pesquisa para o livro sobre antioxidantes, o dr. Cooper
descobriu o dano potencial que o excesso de exercícios pode
ocasionar. Quando nos exercitamos suavemente ou com moderação,
o número de radicais livres que você e eu produzimos eleva-se
somente um pouco. Em contraste, quando nos exercitamos demais, a
quantidade de radicais livres que produzimos vai às alturas,
aumentando exponencialmente.
The Antioxidant Revolution encerra-se alertando seus leitores de que
exercícios excessivos podem, na verdade, ser nocivos à saúde,
especialmente se os praticarmos por anos a fio. O dr. Cooper
recomenda a todos um programa moderado de exercícios, mas
também sugere que todos tomem antioxidantes na forma de
suplementação. Somente os atletas sérios devem fazer exercícios
desgastantes, e precisam equilibrá-los com quantidades significativas
de suplementos antioxidantes.

Estresse Excessivo
Como no caso dos exercícios, uma quantidade suave ou moderada de
estresse emocional não produz senão um pequeno aumento nos
radicais livres. O estresse emocional severo, contudo, faz com que o
número de radicais livres suba significativamente, provocando o
estresse oxidativo. Já notou que você costuma adoecer quando se
encontra sob grande pressão? Quantas vezes soube de um amigo ou
familiar próximo que, estando submetido a grande estresse por
períodos prolongados, descobriu ter desenvolvido câncer ou sofreu
um primeiro ataque cardíaco?
Não tenho muitos pacientes que correram várias maratonas durante a
vida, mas tenho centenas de pacientes sob estresse emocional
prolongado. As pressões financeiras, profissionais e pessoais
complicaram tanto nossas vidas que o estresse emocional tornou-se o
fator de saúde mais significativo dentre os que encontro em minha
prática clínica. Quando você compreender a gravidade do estresse
oxidativo, começará a entender os perigosos efeitos que tem o
estresse emocional prolongado em sua saúde, e poderá começar a
combatê-lo.

Poluição do Ar
O ambiente tem uma influência tremenda na quantidade de radicais
livres que nosso corpo produz. A poluição do ar é uma das principais
causas de estresse oxidativo em nossos pulmões e em nosso corpo.
Hoje, quando você vai para uma grande cidade, não somente pode
ver a névoa espessa: pode senti-Ia.
Lembro-me de meus dias na Faculdade de Medicina da Universidade
do Colorado, em 1970. Durante minha estada Qa unidade de
neurologia, eu tinha de fazer a ronda às 6 horas da manhã. Antes de
começar, eu ia até as janelas do oeste e admirava o nascer do sol,
cuja luz se refletia nas belas Montanhas Rochosas. Em seguida, eu
iniciava minha ronda, que levava em torno de duas horas todos os
dias. Após terminá-Ia, voltava correndo àquela bela vista das
montanhas antes da primeira aula de medicina. Para meu espanto, eu,
freqüentemente, quase não podia ver as montanhas àquela hora.
Tudo o que podia ver eram algumas silhuetas brancas através da
névoa espessa. Que mudança drástica ocorria durante as duas horas
em que as pessoas se dirigiam até o trabalho!
Os efeitos da poluição do ar sobre a saúde têm suscitado considerável
preocupação. A poluição do ar contém ozônio, dióxido de nitrogênio,
dióxido de enxofre e diversas moléculas hidrocarbonadas, todas as
quais geram uma quantidade significativa de radicais livres. Quando
você se expõe a tais toxinas dia após dia, elas passam a ter um efeito
acentuado sobre sua saúde. A poluição do ar mostrou-se relacionada
às causas da asma, da bronquite crônica, dos ataques cardíacos e
mesmo do câncer. Compreender o estresse oxidativo como a causa
oculta de todas essas doenças nos permite desenvolver uma
estratégia para protegernos dos efeitos nocivos da poluição do ar.
Devemos considerar um outro aspecto da poluição dos ar: a
exposição profissional a poeiras minerais como as fibras de asbesto. A
presença das fibras ferrosas do asbesto pode gerar ainda mais
radicais livres. Demonstrou-se que a exposição continuada pode
causar câncer do pulmão e fibrose intersticial (uma grave cicatriz
pulmonar). Existem muitos outros riscos de ordem profissional: os
fazendeiros estão expostos à poeira fina em seus celeiros e
descaroçadores; os operários industriais estão expostos a várias
substâncias químicas e à poeira fina em seu trabalho.
É desnecessário dizer que a qualidade do ar que respiramos é um
fator fundamental para nossa saúde.

Tabagismo
Pode-se presumir que os nevoeiros de poluição e as substâncias
químicas sejam a maior ameaça cotidiana a nossa saúde. Mas você
acreditaria que a maior causa do estresse oxidativo em nossos corpos
é a fumaça de cigarros e charutos? É verdade. O ato de fumar já foi
associado ao aumento do risco de asma, enfisema, bronquite crônica,
câncer do pulmão e doenças cardiovasculares. Todos sabemos das
conseqüências do fumo para a saúde, mas é fascinante saber que o
problema básico é a quantidade de estresse oxidativo que o fumo
produz em nosso corpo. A fumaça de cigarro contém diversas toxinas
diferentes, sendo que todas aumentam a quantidade de radicais livres
que surgem não somente em nossos pulmões, mas também por todo
o nosso corpo. Nenhum outro hábito ou vício afeta mais
dramaticamente nossa saúde geral do que o fumo.
Não conheço nada mais viciador do que a nicotina. Quando o dr. C.
Everett Koop, cirurgião-geral dos Estados Unidos, disse que o fumo
era um vício, e não um hábito, ele mudou para sempre o modo como
consideramos o ato de fumar. Como? Ele informou o público sobre as
características viciadoras da nicotina, das quais a indústria de tabaco
provavelmente já tinha ciência havia meio século. Na verdade, há
grandes evidências de que é possível viciar-se em nicotina em um
prazo de duas a três semanas. É surpreendente, então, que seja tão
difícil para as pessoas parar de fumar? Descobri que é muito mais
difícil para meus pacientes abandonar o fumo do que parar de beber
álcool. Acredito que o custo absurdo e de longo alcance imposto a
nossa saúde pelo tabagismo seja muito superior ao que podemos
estimar.
E quanto ao tabagismo passivo? Pesquisas médicas hoje demonstram
que pessoas consideravelmente expostas à fumaça secundária têm
maior risco de asma, enfisema, ataques cardíacos e mesmo câncer do
pulmão. É essa a razão pela qual há tantas leis aprovadas contra o
fumo de cigarros em locais públicos.
Você se expôs recentemente a algum grupo de pessoas fumando em
um ambiente fechado? Lembro-me de ter ido buscar minha filha na
faculdade o mês passado. Tive de parar em uma cidadezinha para
encher o tanque com gasolina. Quando entrei na cabine do posto para
pagar pelo combustível, havia seis moradores locais em torno de uma
mesinha, todos fumando enquanto bebericavam café. Eu mal podia
respirar sem tossir. Na verdade comecei a sentir-me enjoado. Para as
pessoas não habituadas à fumaça de cigarro, seus efeitos são muito
mais reconhecíveis. Estou certo de que houve momentos e situações
em que você teve experiências similares. Não é necessário ter muita
imaginação para saber que, caso você se exponha diariamente à
fumaça secundária, ela acabará tendo um grande impacto em sua
saúde.

Poluição da Comida e da Água
Você tem sede? Em 1988 o Departamento de Saúde Pública dos
Estados Unidos alertou que 85% da água potável norte-americana
estava contaminada. E não creio que as coisas tenham melhorado ao
longo da última década. Mais de 50 mil substâncias químicas
diferentes contaminam hoje nosso suprimento de água. Eis um fato
assustador: as estações medianas de tratamento de água só
conseguem identificar de 30 a 40 dessas substâncias. Além disso,
metais pesados como o chumbo, o cádmio e o alumínio contaminam a
maior parte de nosso suprimento de água. Mais de 55 mil despejos
químicos regularizados nos EUA, além dos 200 mil despejos
irregulares que se calcula existirem, estão vazando até a rede de água
por toda a nação. Quando ingerimos essa água contaminada, a
produção de radicais livres aumenta consideravelmente.
Os americanos recorrem hoje a quantidades, sem precedentes, de
água engarrafada, filtrada e destilada. Mas você precisa saber o
seguinte: exceto no caso da água destilada, não há meios de
conhecer a qualidade da água pela qual você vem pagando tão caro,
por tratarse de um setor totalmente desregulamentado.
Desde a Segunda Guerra Mundial, mais de 60 mil novas substâncias
químicas foram introduzidas em nosso meio ambiente. Não menos do
que mil substâncias novas chegam ao meio ambiente todos os anos.
Herbicidas, pesticidas e fungicidas são usados na produção da maior
parte de nossos alimentos. A pesquisa médica demonstrou que todas
essas substâncias químicas geram aumento do estresse oxidativo ao
serem consumidas. Algumas são mais perigosas do que outras, mas
todas apresentam riscos potenciais à saúde. Essas substâncias
permitiram que nosso mercado de alimentos produzisse o mais
abundante suprimento de comida jamais visto. Mas qual o custo disso
para nossa saúde?

Luz Ultravioleta
É um fato conhecido o de que antes dos 20 anos a pele das pessoas
já sofreu dois terços da exposição ao sol que sofrerá ao longo da vida.
Isso significa que você, o leitor deste livro, provavelmente já expôs sua
pele aos nocivos raios ultravioleta do sol.
Diversos estudos demonstraram que a luz ultravioleta produz um
aumento dos radicais livres na pele das pessoas. Já está comprovado
que esses, por sua vez, têm a capacidade de danificar o DNA das
células da pele, o que provoca o câncer de pele. Esses estudos
proporcionam a melhor evidência direta de que o estresse oxidativo
leva ao desenvolvimento de câncer.
A luz ultravioleta B é a maior responsável pelos nocivos raios solares,
mas tanto ela como a luz ultravioleta A aumentam a produção de
radicais livres na pele, causando portanto estresse oxidativo na pele.
Ao aplicar seu protetor solar favorito, que contém um fator de proteção
30 ou maior, você está se protegendo sobretudo dos raios UVB. Isso
nos permite ficar ao sol por mais tempo porque não somos queimados
por ele. Mas esses protetores não oferecem muita proteção - se é que
oferecem alguma - contra os raios UVA, os quais geram um número
significativamente maior de radicais livres em áreas mais profundas da
pele. Isso pode explicar em parte por que vimos quintuplicar-se os
casos de praticamente todos os tipos de câncer da pele durante os
últimos 20 anos.
Finalmente estamos vendo no mercado protetores solares que
oferecem abrigo contra raios tanto UVA como UVB. Evidentemente, é
esse o tipo de protetor que você deve comprar para se proteger, e a
seus filhos, tanto de queimaduras do sol como do câncer de pele.
Recomendo que todos fiquem atentos ao surgimento de quaisquer
intumescências ou mudanças nas pintas pigmentadas da pele.

Medicamentos e Radiação
Todo medicamento que prescrevo causa um aumento de estresse
oxidativo no corpo. Drogas quimioterapêuticas e radioterapias
funcionam sobretudo causando danos por estresse oxidativo às
células cancerosas, o que as mata. É essa a principal razão por que
os pacientes acham esses tratementos tão difíceis de tolerar. O
aumento de estresse oxidativo também causa danos colaterais às
células normais.
É importante lembrar que toda droga é essencialmente uma
substância estranha ao corpo, e que esse precisa trabalhar mais para
metabolizá-la e eliminá-Ia. Isso impõe maior demanda a muitos dos
processos metabólicos do fígado e do organismo como um todo.
Como conseqüência, ocorre maior produção de radicais livres e
aumenta a possibilidade de surgimento de estresse oxidativo.
O mundo industrializado do século XXI tornou-se muito dependente de
medicamentos. O consumo de remédios nos Estados Unidos e no
mundo está, visivelmente, na maior alta da história. Embora todas as
drogas tenham sido testadas para comprovar-se que oferecem algum
benefício, todas contêm um risco inerente. Reações adversas e
graves às drogas são a quarta maior causa de morte nos Estados
Unidos. É verdade: medicamentos devidamente receitados e
administrados são responsáveis por mais de 100 mil mortes e 2
milhões de internações todos os anos nos Estados Unidos. Grande
parte do risco inerente aos medicamentos se deve ao estresse
oxidativo que eles podem causar.

Mais de 70 doenças degenerativas crônicas resultam diretamente dos
efeitos "tóxicos" do oxigênio. Em outras palavras, a causa primária
dessas doenças é o estresse oxidativo. As ciências médicas nos
demonstraram que a causa subjacente dessas doenças terríveis, que
todos tememos com o avanço da idade, é o insuspeitado lado negro
do oxigênio.
Se já mandou consertar um carro velho, você já testemunhou os
efeitos prejudiciais da ferrugem. Ela pode enfraquecer e desintegrar
um dos materiais mais fortes da Terra: o metal. E, como um veículo
abandonado em campo aberto, nossos corpos começam literalmente
a enferrujar se não forem protegidos. Uma lenta corrosão tem início
em nosso corpo e, como um ponto fraco no metal, a parte que ceder
primeiro determinará o tipo de doença degenerativa que poderemos
desenvolver.
Felizmente, nosso corpo não possui apenas um tremendo sistema
defensivo antioxidante; ele também possui um notável sistema de
reparo. O próximo capítulo explica como essa unidade MASH
consegue reparar as inevitáveis baixas da guerra sendo travada em
cada célula de nosso corpo.

PARTE II - VENCENDO A GUERRA INTERIOR

QUATRO - Nosso Sistema de Reparo: A Unidade
MASH
SEMPRE HAVERÁ BAIXAS NA GUERRA. E A GUERRA QUE SE
TRAVA EM NOSSOS CORPOS não é diferente. Apesar de nossos
excelentes sistemas defensivos antioxidantes, o inimigo consegue
miscuir-se e lesar lipídeos (gorduras), proteínas, paredes celulares,
paredes vasculares e mesmo o núcleo de DNA da célula. Muitos
centros de pesquisa confirmaram a existência de sistemas de reparo e
de remoção de danos para qualquer proteína, lipídeos da parede
celular ou DNA oxidado (danificado por radicais livres). Para dizer de
maneira simples, nossos corpos possuem uma sofisticada unidade
MASH de última geração.
Quando era um jovem médico, eu sabia da grande possibilidade que
havia de ser convocado a integrar a unidade MASH na Guerra do
Vietnã. Durante meu estágio na Faculdade de Medicina da
Universidade do Colorado, a maior parte dos residentes havia estado
no Vietnã, e a maioria dos internos se encontrava a caminho. Mas
ocorreu que, na época em que concluí meu período como interno, a
guerra tinha praticamente acabado e o projeto já não estava em vigor.
Embora jamais tenha ido ao Vietnã, lembro-me do filme M*A*S*H, com
todos aqueles soldados feridos sendo resgatados por helicóptero. As
cirurgias tensas e frenéticas que se seguiam na tentativa de curar os
soldados ainda estão vivas em minha mente. Você sabia que essa
mesma situação tem lugar diariamente em nossos corpos? Temos
uma sofisticada equipe de enfermeiros de triagem, anestesiologistas e
cirurgiões ocupada em reparar os danos causados pelos radicais
livres que nosso corpo produz.
Em nossos corpos há tanto um sistema de reparo direto como um de
reparo indireto. A verdade é que não sabemos muito sobre o sistema
de reparo direto; que ele existe, porém, é algo bem documentado. A
maior parte de nossos conhecimentos concentra-se, antes, no sistema
de reparo indireto.
No campo dos serviços de saúde, os enfermeiros de triagem são
aqueles que avaliam os pacientes para determinar qual se encontra
em estado mais crítico e será atendido primeiro pelo médico. Estudos
extensivos revelaram que os "enfermeiros de triagem" reconhecem
partes danificadas das células em nossos corpos e então as reparam.
O corpo não remenda simplesmente essas células; na verdade ele as
esfacela por inteiro e então as reconstrói a partir do zero. Incrível, não
é mesmo? Proteínas danificadas tornam-se proteínas novas em folha,
feitas com aminoácidos reciclados. O corpo repara gorduras e DNA
alterados de maneira similar. É fundamental que você saiba que o
corpo possui uma notável capacidade inerente de curar a si mesmo.
Quando reflito sobre a natureza complexa desse sistema de reparo e
nas funções da célula, sei, para além de qualquer dúvida, que esse
não é um ato casual da natureza. Durante meu primeiro ano na
faculdade de medicina, estudei a anatomia e a função dos olhos.
Conforme observava a complexidade da estrutura, percebia que esse
objeto jamais poderia se formar como resultado de um acaso acidental
e da seleção aleatória. A própria retina é composta de doze
intrincadas camadas e bilhões de células especializadas. As hastes e
cones da retina reúnem as ondas de luz e enviam essas mensagens
ao cérebro. Nosso cérebro interpreta esses impulsos e cria nossa
visão em cores vívidas, animadas, plenas. Pare um minuto para olhar
pela janela mais próxima e extasie-se com o dom da visão. Isso não é
acidente - é uma engenhosa criação!
A mesma idéia me ocorre agora, enquanto estudo os notáveis
sistemas imunológico e de defesa antioxidante do corpo. Não tenho a
menor dúvida de que Deus seja nosso verdadeiro Curador. "Renderei
graças a Ti, porquanto sou temente e maravilhosamente feito",
exclamou Davi. Deus criou um magnífico "terno de terra" que devemos
proteger e nutrir. A melhor defesa contra o desenvolvimento de
doenças degenerativas crônicas é proporcionada por nosso próprio
corpo, e não pelas drogas que prescrevo.
Pesquisadores bioquímicos são hoje capazes de estudar as
operações e complexidades internas de cada célula de nosso corpo. A
célula não é somente uma concha contendo um gel macio e
consistente, como acreditavam muitos dentre os primeiros
evolucionistas. Em vez disso, é repleta de estruturas sofisticadas,
códigos genéticos e sistemas de transporte que sustentam a vida por
meio de elaboradas reações bioquímicas.
Quando vejo uma caneta-tinteiro, tento imaginar que um resquício de
plástico, metal e tinta esteve inerte por milhões e milhões de anos, e
então, de súbito e por acaso, formou acidentalmente essa caneta. Mas
então reflito: Talvez alguém a tenha feito! O corpo humano é uma
criação profundamente complicada, e os segredos que estamos
descobrindo sobre como ele opera e funciona o tornam ainda mais
incrível.


A Devastação da Guerra
A despeito desse notável sistema de defesa e reparo inerente a
nossos corpos, ainda podem ocorrer danos. O estresse oxidativo tem
o potencial de sobrepujar todos esses sistemas protetores e causar
doenças degenerativas crônicas. Durante períodos de produção
particularmente alta de radicais livres, o sistema de defesa e reparo
pode vir abaixo e não dar conta da quantidade de proteínas, gorduras,
membranas celulares e DNA's danificados.
Quando não são devidamente reparadas, as proteínas danificadas
podem gerar ainda mais problemas nas funções celulares. Lipídeos
danificados geram membranas celulares rijas; o colesterol oxidado
com freqüência provoca o espessamento das artérias. E cadeias de
DNA mal reparadas causam a mutação celular implicada no câncer e
no envelhecimento.
Em poucas palavras, quando sobrecarregamos nossos sistemas
internos de defesa antioxidante e de reparo, danos significativos são
infligidos ao corpo, podendo levar, no fim das contas, a qualquer uma
das várias doenças degenerativas crônicas. Pesquisadores
bioquímicos descobriram há anos que, com base em suas estimativas
do número de células danificadas pelo estresse oxidativo,
morreríamos rapidamente dos danos causados a partes vitais das
células se as enzimas e compostos antioxidantes fossem nossos
únicos métodos de proteção. Por isso é essencial que otimizemos
todos esses sistemas naturais de defesa.

Nossa Melhor Defesa
Fora do Éden, nossa alimentação e nosso meio ambiente mudaram
totalmente. Como conseqüência, nossos corpos estão literalmente sob
ataque. A poluição do ar e da água, os efeitos em longo prazo do fumo
e um estilo de vida afoito e tenso contribuem para o estresse de
nossos corpos. Mesmo nossa dieta sofreu. Nosso suprimento de
comida é bastante deficiente em nutrientes de qualidade. Em 1970 os
norte-americanos gastaram cerca de US$6 bilhões em fast-food; em
2000, gastaram mais de US$110 bilhões. Os norte-americanos hoje
gastam mais em fast-food do que em educação superior,
computadores pessoais, programas de software ou carros novos. Eles
gastam mais com restaurantes de fast-Jood do que com filmes, livros,
revistas, jornais, vídeos e música gravada combinados.
Todos esses fatores significam que os radicais livres estão mais ativos
e nocivos do que nunca. A medicina nutricional, suplementando nossa
dieta com vitaminas e minerais antioxidantes vitais, é o único meio de
que dispomos para turbinar o sistema imunológico e de defesa natural
de nosso corpo.
A medicina nutricional protege nossa saúde, aprimorando os sistemas
de defesa natural que Deus criou para um mundo poluído. Quando
provemos os nutrientes corretos nos níveis otimizados de que o corpo
necessita para funcionar, ele consegue realizar aquilo que Deus
planejou.
Uma vez que houver compreendido o conceito de estresse oxidativo e
seus efeitos deletérios sobre seu corpo, você desejará saber o que
fazer para alcançar a vitória sobre ele. E desejará saber como ter a
bordo uma quantidade suficiente de antioxidantes e seus nutrientes de
apoio para lidar com os radicais livres que seu corpo produz.
Por mais simples que isso pareça, trata-se de um conceito
revolucionário no que se refere a nossa saúde. Quanto mais capazes
formos de prevenir ou retardar essas doenças degenerativas crônicas,
mais aptos estatemos a gozar de boa saúde. Todos morreremos
algum dia, a menos que o Senhor retome primeiro; todavia, como
observou meu amigo, eu desejo viver até morrer.

O Equilíbrio É a Meta
Quando eu era adolescente, o governo federal americano decidiu
extrair a maior parte da prata de nossas moedas. Em um instante,
todas as moedas antigas, que eram de prata maciça, passaram a
valer mais do que as moedas novas que o governo vinha cunhando.
Muitos indivíduos e empresas começaram a comprar essas moedas
de prata sólida e, claro, nós adolescentes reuníamos tantas moedas
do tipo quantas podíamos.
Em relação a isso eu era especialmente afortunado. Meu pai era dono
de uma sorveteria Dairy Queen, e trazia para casa, a cada noite, uma
pilha de moedas que eu tinha de envolver em rolos de papel. Eu
selecionava cuidadosamente as moedas de prata maciça (com a
permissão de meu pai) e então saía para vendê-Ias.
Eu adorava abrir a pesada porta de madeira da loja de ferramentas
perto da Main Street. Os aromas bolorentos de madeira velha, lustra-
móveis e óleo saudavam-me juntamente com a voz amistosa do sr.
Smalley, que dizia: "Olá, garoto!" Quando me via, o sr. Smalley
buscava uma balança para pesar as moedas (ele pagava por peso). A
sua era uma daquelas balanças antigas, que tinham duas bandejas
com uma coluna no meio. O sr. Smalley punha minhas moedas em
uma bandeja e, em seguida, depositava pesos, um de cada vez, na
outra bandeja.
Lembro-me de conter a respiração com entusiasmo quando ele tinha
de continuar pondo mais e mais pesos de latão para contrabalançar
minhas moedas. Conforme se aproximava, ele me olhava por sob a
aba de seu boné e piscava. "Bingo!", dizia, quando a balança
finalmente se equilibrava. Então ele dizia quanto dinheiro me pagaria
por todas aquelas moedas de prata.
O equilíbrio é a chave quando se trata do estresse oxidativo. A história
que lhe contei proporciona uma analogia útil. Nosso corpo está
sempre tentando pôr na bandeja pesos de latão (antioxidantes) em
quantidade suficiente para compensar as moedas de prata (os radicais
livres). O corpo produz alguns desses antioxidantes, mas eles não
bastam. Nossa comida, sobretudo as frutas e vegetais, costumavam
proporcionar todos os antioxidantes extras de que nosso corpo
necessitava. Uma geração ou duas atrás, as pessoas ingeriam
alimentos mais saudáveis e frescos, que continham significativamente
mais antioxidantes do que a dieta de hoje. Contudo, como resultado
do tremendo aumento nas toxinas de nosso ambiente de hoje, além
dos nutrientes reduzidos que recebemos de nossa comida altamente
processada, nossa balança está desequilibrada - em favor das
moedas de prata (os radicais livres) .
Temos de acrescentar suplementos nutricionais à balança para prover
a quantidade de antioxidantes de que nossos corpos precisam. Na
verdade, precisamos que os pesos de latão virem a balança a seu
favor, pois assim não teremos estresse oxidativo.
Lembre-se de que há dois lados da moeda: a quantidade de radicais
livres que nossos corpos têm a conter e um sistema antioxidante e de
reparo otimizado. Nos capítulos seguintes, apresentarei as evidências
médicas que mostram de que modo você, como indivíduo, pode
melhorar seu sistema de defesa antioxidante seguindo uma dieta
sadia, fazendo exercícios moderados e ingerindo suplementos
nutricionais de alta qualidade. Também lhe mostrarei como você pode,
pela ingestão do que chamo de "otimizadores" (antioxidantes
superpotentes), até recuperar sua saúde ainda que a tenha perdido.
Antes disso, conheça alguém que aprendeu, em primeira mão, quão
eficaz a medicina nutricional pode ser.

A História de Evelyn
Evelyn acabara de mudar-se para Spokane, Washington, com sua
família, quando um grave acidente de automóvel a deixou
hospitalizada com ferimentos múltiplos. Seu lado esquerdo tornou-se
fraco e adormecido, e os médicos temiam que ela houvesse sofrido
um AVC. Um teste angustiante após outro deixava Evelyn e sua
família no escuro. Eles não faziam idéia do que estava acontecendo
com seu corpo.
Aproximadamente seis meses depois, período durante o qual Evelyn
viu dezoito médicos diferentes, foi-lhe dado o diagnóstico de esclerose
múltipla. Uma das grandes causas do estresse oxidativo são os
ferimentos ou as grandes cirurgias, e os médicos de Evelyn sentiam
que o trauma do acidente deflagrara sua esclerose.
Evelyn sempre procurou demonstrar uma atitude positiva com relação
a seu diagnóstico e prometeu não deixar que a doença a dominasse.
Os médicos lhe prescreveram uma substância chamada Betaseron,
droga usada comumente em casos de esclerose múltipla. O Betaseron
é, na verdade, interferon beta, uma substância química que tenta
recompor o sistema imunológico - muito cara e que provoca muitos
efeitos colaterais. O corpo de Evelyn mal era capaz de tolerar essa
medicação, e ela ficou muito doente. Passados dois meses, ela disse
a sua família e a seu médico que não continuaria a tomar o remédio.
Sua família a apoiou, dando-se conta de que os terríveis efeitos
colaterais não compensavam nenhum ganho que ela pudesse obter.
"Fiquei arrasada e passei muitos dias deprimida", lembra-se Evelyn.
"Eu olhava através de minha janela e fazia aquelas perguntas
incômodas: `Por que eu?' e `Por que agora?'. Passei noites vagando
pelas salas de casa ou sentada na janela do saguão, chorando. Era
meu único momento de solidão, quando eu podia expressar minhas
emoções mais profundas."
Evelyn freqüentou grupos de apoio com seu marido e seus filhos. Ela
e a família começaram a fazer ajustes em seu estilo de vida para
acomodar e atender a suas necessidades. Evelyn encarava ainda a
possibilidade da cegueira súbita, um sintoma da esclerose múltipla
que algumas pessoas experimentam. "Eu me sentava ao pé da cama
de meus filhos", ela se recorda, "vendo-os dormir, memorizando seus
rostos, a cor de seus cabelos, sua expressão de paz, assim eu não
me esqueceria de sua aparência. Eu escrevia em meu diário e tentava
documentar tudo de que me lembrava sobre eles. Em momento algum
eu podia dar meu futuro como certo."
Não demorou muito para que Evelyn começasse a declinar. Durante
os 4 anos seguintes, ela continuou a perder força em ambas as
pernas e, por fim, em seus braços e mãos. Durante algum tempo ela
teve de usar uma bengala de quatro pontas; poucos meses depois,
precisou de um andador. Ainda mais frustrante e desanimador foi o
fato de que ela começou a sofrer retenção dos intestinos e da bexiga.
Isso não somente lhe provocou desconforto, como também causou
diversas infecções da bexiga e dos rins. Ela ficou totalmente
dependente de sua família, tanto para suas necessidades fisicas como
emocionais.
A atitude de Evelyn, em meio a tudo isso, era impressionante. Ela mal
podia mover-se ou ir a lugar algum sem a ajuda de seu andador ou
sua família. Ela podia ver o choque causado por seu declínio pintado
no rosto de seus amigos. Mas Evelyn não desistiu. Em reação a sua
doença, essa esposa e mãe começou a fazer terapia fisica e a
pesquisar a esclerose múltipla por conta própria.
Evelyn experimentou algumas terapias alternativas, mas continuou a
declinar. Então, quase 4 anos depois de seu diagnóstico, ela decidiu
tomar suplementos nutricionais poderosos, na tentativa de retardar o
avanço de sua doença. Ela começou com alguns tabletes
antioxidantes e minerais fortes, além de extrato de sementes de uva e
um nutriente natural chamado de Coenzima Q10. Em semanas,
Evelyn começou a se sentir melhor.
"Pela primeira vez em anos dormi por toda a noite e acordei sentindo-
me descansada", ela declara. "Já não precisava de cochiladas durante
o dia e não tinha problemas da bexiga ou do intestino. Senti um
aumento em meu nível de resistência. A força começou a voltar a
minhas pernas e braços. Eu podia até mesmo correr escadas acima e
atender ao telefone, o que surpreendia meus filhos. Na verdade,
causei a maior surpresa a minha filha, Tasha, quando comecei a pular
corda com ela. Pela primeira vez em muito tempo, consegui andar fora
de casa descalça e sentir a grama sob meus pés."
Evelyn teve muitas outras surpresas conforme continuou tomando
seus suplementos nutricionais. Por exemplo, mesmo antes do
acidente, ela vinha sofrendo de palpitações no coração. Junto à
melhoria que notou na esclerose múltipla, ela também percebeu que
seu coração voltara a bater normalmente. Quando consultou seu
médico sobre a possibilidade de suspender a disopiramida,
medicamento que controlava sua arritmia cardíaca, ele fez alguns
exames e escreveu em sua ficha: "Suspender todos os remédios". A
vida de Evelyn mudara milagrosamente.
O que tinha acontecido? Por que Evelyn melhorou a esse ponto? Na
época em que a conheci, eu nunca tinha visto ninguém com esclerose
múltipla experimentar tais resultados. Eu já havia testemunhado
muitos pacientes melhorarem após o ápice da doença. Mas sua força
e suas funções corporais, em geral, continuavam declinando
lentamente. A história de Evelyn era muito diferente.
Aplicando os princípios que você aprenderá neste livro, Evelyn
conseguiu vencer a guerra interior. Ela passou a ingerir antioxidantes
e seus nutrientes de apoio em quantidades suficientes para restaurar
o equilíbrio de seu corpo e restabelecer controle sobre o estresse
oxidativo. Ela recompôs o sistema imunológico natural de seu corpo e
reforçou seu sistema de reparo natural.
Fico feliz por declarar que Evelyn continuou a melhorar e leva hoje
uma vida ativa. Faz mais de 7 anos que ela começou seu programa
nutricional. Ela ainda sofre de esclerose múltipla, é claro, e precisa se
cuidar. Mas está vivendo a vida plenamente. Ela continua a visitar seu
grupo de apoio - não por si mesma, mas para encorajar os outros.
O neurologista de Evelyn ainda não sabe o que pensar de sua
milagrosa recuperação. Ele solicitou recentemente um novo exame de
ressonância magnética de seu cérebro. Para sua surpresa, a placa
branca espalhada pelo cérebro, tão indicativa da esclerose múltipla,
reduzira-se em muito. Isso só pode significar uma coisa: a cura
ocorreu naquele ínterim. Normalmente, essas lesões típicas do
cérebro só aumentam em número. É desnecessário dizer que o
neurologista de Evelyn ficou sem palavras.
Essa é uma forte evidência de que o corpo ainda é capaz de curar a si
mesmo quando os nutrientes necessários se encontram disponíveis
em quantidades otimizadas. A história de Evelyn é apenas uma
ilustração dos beneficios da vitória na guerra interior.

Você já compreende o conceito básico do estresse oxidativo. Agora
você precisa dar uma olhada mais próxima em cada uma dessas
doenças degenerativas crônicas para compreender melhor como pode
preveni-Ias. Se você já possui uma grave doença degenerativa,
descobrirá como pode recuperar melhor sua saúde. Você descobrirá
os estupendos resultados de uma nova abordagem da medicina
preventiva: a nutrição celular.

CINCO - Doenças do Coração: Uma Moléstia
Inflamatória
OUVEM-SE DIARIAMENTE ALERTAS SOBRE A GRAVIDADE DO
PROBLEMA DE COLESTEROL entre os norte-americanos. Como
mencionei no Capítulo 2, as doenças do coração são a causa de
morte número um nos Estados Unidos. Como eu outrora, você
provavelmente aceita o que tais estatísticas e grande parte da mídia
sugerem: o colesterol é a causa das doenças do coração.
Nesse caso, talvez você se impressione, como eu me impressionei, ao
descobrir que não é o colesterol o culpado pelas doenças do coração,
e sim a inflamação dos vasos sangüíneos. Minhas pesquisas
revelaram que mais da metade dos pacientes de ataques cardíacos
nos Estados Unidos tem níveis normais de colesterol! E adivinhe o
que descobri que reduz significativamente ou elimina por completo as
inflamações dos vasos sangüíneos. Exatamente: os suplementos
nutricionais.
Essa descoberta é revolucionária para o tratamento e a prevenção de
ataques cardíacos. Em vez de se concentrar somente em baixar os
níveis de colesterol, você precisa entender os passos necessários
para diminuir a causa de inflamação em suas artérias. Essa
abordagem poderia ter implicações expressivas na prevenção e
reversão das moléstias do coração.

E Quanto ao Colesterol?
Você sabia que o colesterol elevado no sangue nem sempre é
considerado um fator de risco de doença arterial coronariana ou
AVCs? Quando comecei a praticar a medicina, em 1972,
considerávamos normal qualquer nível de colesterol abaixo de 320.
Lembro-me claramente de dizer a pacientes com níveis de colesterol
de 280 ou 310 que não precisavam se preocupar, pois seus níveis
estavam normais.
Não foi senão no final dos anos 70 que começamos a perceber que
quanto mais alto o nível do colesterol, mais risco havia de um ataque
cardíaco ou um AVC. Isso se baseava, em parte, nos estudos de
Framingham, que acompanharam os casos de uma grande população
de pacientes que viviam em Framingham, Massachusetts. Os
cientistas notaram nesses estudos que, conforme subia o nível do
colesterol, mais alta era a freqüência de ataques cardíacos. Segundo
essa pesquisa, níveis de colesterol acima de 200 seriam considerados
anormais e acima de 240 deixariam o paciente sujeito a um alto risco
de ataque cardíaco.
No início dos anos 80, os médicos começaram a descobrir que nem
todo colesterol era ruim. Aprendemos que o colesterol HDL (high
density lipoproteins - lipoproteínas de alta densidade) é, na verdade,
benigno e, quanto mais alto seu nível, melhor. É o colesterol LDL (low
density lipoproteins - lipoproteínas de baixa densidade) que é maligno.
O colesterol LDL se acumula junto às paredes das artérias, formando
uma placa e estreitando seu lúmen (espaço interno por onde o sangue
circula). Já a partícula de HDL tem ação inversa, promovendo uma
reabsorção do colesterol depositado na parede da artéria, à medida
que passa por esses pontos de acúmulo.
Depois dessa descoberta, começamos não somente a medir os níveis
do colesterol como também a determinar as quantidades de colesterol
benigno e maligno. Calculamos a proporção dividindo o colesterol total
pelo colesterol HDL. Quanto menor essa proporção, melhor se
encontra o paciente no que se refere a doenças cardíacas. Hoje é
prática comum checar rotineiramente os níveis de colesterol HDL e
LDL. Não preciso dizer que todos conhecemos bem a importância do
colesterol e dos efeitos detrimentosos do colesterol LDL.
O que compartilhei com você até aqui é do conhecimento comum.
Está pronto para o conhecimento incomum?
O colesterol LDL na verdade não é "maligno". Deus não cometeu um
erro quando o criou. O colesterol natural LDL, o tipo que g corpo
produz originalmente, é benigno. Na verdade, ele é essencial para
formar boas membranas celulares, outras partes das células e muitos
hormônios diferentes de que nosso corpo precisa. Não poderíamos
viver sem ele. Na verdade, se não o obtivermos a partir de nossa dieta
em quantidades suficientes, nosso corpo o produzirá.
Os problemas só começam quando os radicais livres alteram ou
oxidam o colesterol LDL natural. Esse colesterol LDL modificado, sim,
é "maligno". Em uma edição de 1989 do New England Journal of
Medicine, o dr. Daniel Steinberg postulou que se os pacientes
portarem antioxidantes adequados para aplacar a oxidação, o
colesterol LDL não se tornará maligno.
Nos anos transcorridos desde o surgimento da teoria do dr. Steinberg,
centenas de estudos foram feitos na tentativa de prová-Ia ou refutá-Ia.
Pode-se deduzir por que cientistas e pesquisadores receberam a nova
teoria do dr. Steinberg com tanto entusiasmo. Afinal de contas, dos
cerca de 1,5 milhão de ataques cardíacos que ocorrerão somente em
um ano nos Estados Unidos, quase metade atingirá pacientes com
menos de 65 anos de idade. Todos tivemos amigos ou entes queridos
que pareciam gozar de excelente saúde e que morreram subitamente
de um ataque cardíaco. Se a teoria de Steinberg se mostrasse
verdadeira, portas seriam abertas para uma vasta gama de novos
protocolos preventivos e de tratamento.
Em 1997 o pesquisador Marco Diaz fez uma impressionante resenha
de todos os estudos que haviam aparecido em publicações médicas
de primeira linha desde que o dr. Steinberg apresentou sua teoria.
Diaz concluiu que os pacientes com níveis superiores de antioxidantes
em seus corpos eram os que menos somam da doença arterial
coronariana.
Estudos feitos em animais durante esta época também apoiavam a
teoria do dr. Steinberg.6 Os antioxidantes e seus nutrientes de apoio
se tornaram a nova esperança na guerra contra nossa matadora
número um: as doenças do coração.

A Natureza da Resposta Inflamatória
O colesterol LDL não é o único instigador por trás da inflamação dos
vasos sangüíneos. Outras causas principais incluem algo chamado de
homocisteína (sobre a qual falarei no Capítulo 6) e os radicais livres
que o fumo, a hipertensão, os alimentos gordurosos e o diabetes
causam.
A inflamação que ocorre em nossas artérias é muito similar às reações
inflamatórias vistas em outras partes do corpo. Tentarei explicar esse
processo em termos leigos, para que você compreenda melhor o que
realmente ocorre no nível celular. Não se detenha tentando entender
as minúcias do processo. (Isso é complicado até para a maioria dos
médicos, por isso, não se sinta mal se não compreender tudo.)
Explicarei agora qual a melhor forma de prevenir-se contra esse
ataque às artérias - o que é na verdade muito simples.
Ao observar a seção em corte de uma artéria típica e de proporções
médias (Figura 5.1), você só precisa atentar à primeira camada de
células, chamada de endotélio. Trata-se do revestimento tecidual fino
da artéria. Tudo o que comentarei a seguir envolverá essa fina
camada de células e a área logo abaixo dela, chamada de espaço
subendotelial (veja a Figura 5.2).
A resposta inflamatória é um processo em quatro passos.

Passo 1: O Ataque Inicial ao Endotélio

O endotélio é um revestimento extremamente sensível, vulnerável
mesmo à mais ligeira irritação. Quase todos os pesquisadores
acreditam hoje que o espessamento das artérias começa quando o
estresse oxidativo lesa ou irrita essa camada celular.
O colesterol LDL oxidado, a homocisteína e o excesso de radicais
livres provocam o estresse oxidativo que fere o endotélio. Isso ocorre
quando o colesterol LDL natural consegue passar para a área abaixo
do revestimento da artéria (chamado de espaço subendotelial), onde
fica oxidado. Esse colesterol começa então a irritar o revestimento da
artéria.

Passo 2: A Resposta Inflamatória

Nosso corpo tem um sistema defensivo projetado para proteger o
endotélio da artéria. No caso de ferimento, ele responde enviando
certos glóbulos brancos (em maioria monócitos) na tentativa de
eliminar o nocivo colesterol LDL oxidado. No local, a equipe defensiva
de monócitos se transforma em macrófagos. Essas céluas começam
então a absorver o inimigo na tentativa de minimizar a irritação do
endotélio. Se essa resposta inflamatória for bem-sucedida, o problema
estará encerrado, e o revestimento da artéria será reparado. Mas não
é isso o que costuma ocorrer.
Imagine o macrófago como uma minivan branca. Conforme avança,
recolhendo crianças e deixando-as nos lugares adequados, ela está
limitada à quantidade de passageiros que consegue carregar
simultaneamente, já que tem um número limitado de assentos e de
cintos de segurança. Nos dias bons, isso também ocorre com os
macrófagos. Quando estamos saudáveis eles giram por aí, recolhendo
e liberando colesterol natural LDL. E, assim como uma minivan, os
macrófagos só conseguem carregar um número limitado de partículas
de colesterol LDL por vez. Isso é conhecido como mecanismo natural
de feedback negativo.
Quando o colesterol natural LDL é oxidado, suas partículas deixam de
ser crianças inofensivas. Em vez disso, elas representam uma
ameaça ao corpo, e os macrófagos os recolhem por um método
totalmente diferente. Eles continuam a recolher as partículas
delinqüentes de LDL oxidado, mas já não liberam nenhuma. É como
uma gangue de jovens extremamente obesos abarrotando-se na
minivan pela porta dos fundos, sem que o motorista tenha qualquer
controle sobre o número de garotos que entra. Se isso ocorrer, a van
ficará imóvel e logo começará a atravancar o trânsito.
Quando encontra o colesterol maligno, o macrófago fica em um apuro
similar. Como já não há um mecanismo natural de feedback negativo,
ele fica tão abarrotado de colesterol LDL oxidado (gordura) que vira
uma célula espumosa. É exatamente o que você está imaginando:
uma célula que parece uma bola de gordura. Essa célula espumosa
adere então ao revestimento da artéria e acaba gerando o primeiro
indício do espessamento das artérias, chamado de estria gordurosa.
A estria gordurosa é uma lesão inflamatória. É o passo inicial no
processo chamado aterosclerose. Se o processo simplesmente
parasse aqui, o corpo teria ao menos uma chance de eliminar esse
defeito. Mas não é esse o caso. Como em qualquer guerra, esse
processo provoca algum dano colateral. Em outras palavras, a
camada fina e vulnerável de células que reveste nossas artérias é
danificada ainda mais pelo próprio processo que deveria curá-Ia. Isso
gera ainda mais inflamação, o que atrai mais macrófagos e converte o
colesterol natural LDL em LDL oxidado. Isso provoca uma resposta
inflamatória crônica na área em torno do revestimento de nossas
artérias.

Passo 3: Resposta Inflamatória Crônica

A inflamação crônica é a causa subjacente de ataques cardíacos,
AVC's, doenças vasculares periféricas e aneurismas. Em geral, essas
são classificadas como doenças cardiovasculares (doenças que
envolvem as artérias de nosso corpo). Quando a inflamação das
artérias persiste, a estria gordurosa simples que descrevi começa a
mudar. Não somente a inflamação atrai mais glóbulos brancos
(sobretudo monócitos), como esses se transformam em macrófagos
que continuarão a "engolir" mais LDL oxidado e a se estufarem,
formando mais células espumosas. Isso faz surgir uma placa muito
mais espessa, e o processo de espessamento das artérias atinge um
estádio avançado.
Essa inflamação também gera um estímulo para que as células
musculares que compõem a parede da artéria se multipliquem. Essa
multiplicação acarreta um maior espessamento da parede arterial,
sendo esse processo denominado proliferação. Como resultado, a
artéria começa a estreitar-se (veja a Figura 5.3).
Tal processo é um círculo vicioso. Não somente ocorre a geração de
uma placa de gordura como também há um espessamento da parede
da artéria. Normalmente, o funcionamento da camada endotelial
decorre da liberação de um importante produto chamado óxido nítrico.
Durante a resposta inflamatória, contudo, a liberação apropriada de
óxido nítrico é bloqueada no endotélio, causando seu mau
funcionamento. Isso, em contrapartida, faz com que plaquetas adiram
à placa e que a artéria ao redor dessa sofra espasmos.


Passo 4: A Ruptura da Placa

O evento final em cerca de 50% dos ataques cardíacos é a ruptura de
uma dessas placas acarretando a formação de um coágulo ao redor
dessa placa rompida. Uma situação como essa provoca um
fechamento agudo, abrupto e total dessa artéria, bloqueando o fluxo
sangüíneo para aquela parte do corpo. Placas potencialmente
perigosas são, com freqüência, pequenas e podem até não causar um
estreitamento significativo da artéria - dificultando o diagnóstico de
doenças cardíacas antes da ruptura da placa. (Você pode ver, agora,
por que as doenças do coração são tão silenciosas e insuspeitas até
que a placa se rompa e bloqueie efetivamente a artéria.) O estresse
oxidativo também pode causar a avaria dessas placas, o que leva
finalmente a sua ruptura.
As artérias podem continuar se estreitando até o ponto em que ficam
ocluídas (fechadas). Algum amigo ou parente seu já teve de injetar
contraste nas artérias para descobrir se possuía estreitamentos
severos das artérias coronárias? Esses pacientes costumam ter como
sintomas dores no peito, ou o que os médicos chamam de angina
instável. Em situações como essa, tais médicos abrem os vasos
mediante uma angioplastia (dilatação por meio de um pequeno balão
introduzido dentro do lúmen da artéria), ou criam um desvio dos
bloqueios por meio de cirurgia (pontes de safena ou mamária).
Se tivesse de passar um dia acompanhando um cardiologista ou um
cirurgião cardiovascular por um hospital, você logo perceberia que ele
passa a maior parte do tempo "apagando incêndios". Ele costuma
tratar pacientes que estão no termo do processo inflamatório,
concentrando-se totalmente em tentar salvar uma vida de modo
heróico. Não resta muito tempo para ensinar aos pacientes as
mudanças de estilo de vida necessárias a retardar ou mesmo reverter
essa doença devastadora, evitando, assim, a necessidade futura de
seus serviços.

A Verdadeira Prevenção: O Que Dizem as Pesquisas
A boa notícia é que os antioxidantes e seus nutrientes de apoio podem
eliminar ou, ao menos, reduzir significativamente todas as causas de
inflamação das artérias. Centenas de estudos clínicos sobre doenças
cardíacas constatam beneficios significativos à saúde pelo uso de
suplementos nutricionais. Analisemos agora cada um dos nutrientes e
vejamos qual o papel particular que eles têm em retardar ou prevenir
essa reação inflamatória.

Vitamina E

A vitamina E é o antioxidante mais importante quando se trata de
impedir o processo de espessamento das artérias. O prihcipal motivo
para que a vitamina E proporcione tamanha proteção é o fato de ela
ser solúvel em gordura, o que a torna o antioxidante mais potente
dentro da parede da célula. De fato, a vitamina E se incorpora ao
colesterol LDL. Quanto mais altos os níveis de vitamina E dentro da
membrana celular do colesterol natural LDL, mais esse resistirá a ser
modificado ou oxidado. Aonde quer que o colesterol natural LDL vá, a
vitamina E o acompanhará.
É importante compreender que, como mencionei anteriormente, o
colesterol LDL não se oxida dentro da própria artéria, mas somente
quando atravessa o revestimento fino de células endoteliais e chega
ao espaço subendotelial. Os pesquisadores acreditam hoje que o alto
conteúdo antioxidante do plasma ou do sangue não permite que essa
mudança ocorra na artéria. No espaço subendotelial as células
vizinhas oferecem muito menos proteção antioxidante. Se o conteúdo
de vitamina E do colesterol natural LDL for alto, ele estará protegido
da oxidação, mesmo que passe ao espaço subendotelial.
Lembre-se de que os glóbulos brancos monócitos recolhem e liberam
colesterol natural LDL, de modo que não ocorre acumulação. Impedir
que o colesterol natural LDL seja modificado evita, desde o início, o
processo inflamatório.

Vitamina C

Estudos recentes mostraram que a vitamina C é o melhor antioxidante
dentro do plasma ou fluido do sangue, sobretudo por ser solúvel em
água. Demonstrou-se que a sup1ementação com vitamina C preserva
e protege o funcionamento do endotélio. Lembre-se: o mau
funcionamento do endotélio está no âmago desse processo
inflamatório. Uma vez que manter a integridade desse revestimento
fino da artéria é de primeira importância, surgiram numerosos estudos
sobre a vitamina C suplementar como método de prevenir ou reduzir
doenças cardiovasculares.
A vitamina C também se mostrou eficaz para evitar que o colesterol
LDL se oxide, seja dentro do plasma, seja no espaço subendotelial.
Todavia, outro benefício da vitamina C é que ela tem a capacidade de
regenerar a vitamina E e a glutationa intracelular, de modo que essas
podem ser usadas repetidas vezes.

Glutationa

A glutationa é o mais potente antioxidante intracelular, e encontra-se
presente em todas as células. Pacientes com doença arterial
coronariana têm níveis intracelulares de glutationa inferiores aos das
pessoas com artérias saudáveis. A glutationa é um antioxidante
essencial, pois existe em todas as células que rodeiam o espaço
subendotelial. Quando se ingerem os nutrientes necessários para que
a célula produza mais glutationa (selênio, vitamina B2, niacina e N-
acetil L-cisteína), aprimora-se o sistema de defesa antioxidante do
corpo como um todo.

Flavonóides

Há milhares de flavonóides em nossas ttutas e vegetais. Eis aqui uma
regra prática: quanto mais variadas as cores de suas frutas e vegetais,
maior a variedade de flavonóides que você obterá. Esses
antioxidantes extremamente potentes também possuem propriedades
antialérgicas e antiinflamatórias. O vinho tinto e o suco de uvas, por
exemplo, contêm substâncias chamadas polifenóis, que se
demonstraram capazes de reduzir a formação de colesterol LDL
oxidado. Essas substâncias também ajudam a proteger a integridade
do endotélio.
Acredita-se que o extrato de sementes de uva seja o melhor
antioxidante bioflavonóide para ajudar a evitar doenças inflamatórias
crônicas.

Medicina Nutricional: A Verdadeira Prevenção
Os pesquisadores estão descobrindo que a causa original das
doenças do coração é a inflamação resultante do estresse oxidativo.
Agora os clínicos (médicos praticantes como eu) precisam tomar
essas informações e fazer com que sejam práticas e úteis para você,
o paciente. Mas tanto médicos como pesquisadores têm a tendência
de tratar os nutrientes básicos como se fossem drogas; ou seja, eles
testam a reação do corpo a um nutriente por vez, para conhecerem
seu potencial exato.
Por exemplo, eles conduzem um estudo com a vitamina E, em
seguida um estudo específico sobre a vitamina C, e depois um estudo
à parte que examina os efeitos do betacaroteno. Nessas avaliações
isoladas, em não se detectando nenhum beneficio significativo à
saúde, médicos e pesquisadores hesitam em recomendar aquele
nutriente em particular. É isso que gera a polêmica que se vê na mídia
e na literatura médica. Antes de recomendar qualquer tipo de
suplementação nutricional, os médicos querem saber, sem sombra de
dúvida, se o nutriente em questão será útil. Mas estão ignorando os
importantíssimos efeitos sinérgicos da medicina nutricional.
Isso se refere à maneira como os antioxidantes funcionam juntos.
Para deter o estresse oxidativo, o corpo necessita de antioxidantes em
quantidade suficiente para dar conta de todos os radicais livres, e os
antioxidantes necessitam de todos os nutrientes de apoio para bem
cumprirem sua função. Esses ingredientes atuam em sinergia, na
busca pela meta final de derrotar o estresse oxidativo.
Sugiro a meus pacientes que proporcionem todos os nutrientes às
células e tecidos, e em níveis otimizados. Eu quero barrar esse
processo inflamatório antes que inicie. Portanto, recomendo que
tenham a maior quantidade possível de vitamina E dentro do próprio
colesterol LDL, como meio de evitar que esse seja oxidado.
Descobri que meus pacientes precisam de níveis otimizados de
vitamina C para proteger a integridade do endotélio, reduzir a
oxidação do colesterol LDL e regenerar a vitamina E e a glutationa. O
betacaroteno, assim como todos os diversos tipos de caroteno, é
também necessário para ajudar a evitar ou retardar esse processo.
Pretendo recompor os níveis de glutationa dentro da célula provendo
ao corpo seus precursores - o selênio, a vitamina B2, a N-acetil L-
cisteína e a niacina. No próximo capítulo, você também conhecerá a
importância do ácido fólico e das vitaminas B6 e B12 na redução do
risco de doenças cardiovasculares.
Mais uma vez, esses nutrientes funcionam todos juntos para eliminar
ou reduzir a inflamação das artérias. O efeito sinérgico de sua
suplementação é a chave de tudo. Por isso a nutrição celular é tão
fundamental para nossa saúde.
Vire a página e conheça o novato do bando... a homocisteína.

SEIS - Homocisteína: O Novato do Bando
VOCÊ JÁ OUVIU FALAR DE HOMOCISTEÍNA? OU, MELHOR
AINDA, SEU MÉDICO JÁ LHE recomendou um exame de sangue
para verificar seu nível de homocisteína? Provavelmente não. Depois
de ler este capítulo, garanto que você se perguntará por quê. Pouca
gente já ouviu falar dessa substância, e um número ainda menor sabe
que ela é uma ameaça tão grande quanto o colesterol no que se
refere a doenças cardiovasculares.
Estima-se que o mero nível elevado de homocisteína no sangue seja
responsável hoje por aproximadamente 15% de todos os ataques
cardíacos e AVC's no mundo - o que significa 225 mil ataques
cardíacos e 24 mil derrames por ano nos Estados Unidos. Além disso,
há 9 milhões de pessoas com doenças cardiovasculares decorrentes
de níveis elevados de homocisteína. Não preciso dizer que creio ser
muito importante conhecermos mais sobre essa terrível assassina,
especialmente quando se sabe que é possível corrigi-Ia pela mera
ingestão de suplementos de vitamina B.

O Que É Homocisteína?
A história das pesquisas sobre homocisteína é fascinante, e começa
com a carreira do dr. Kilmer McCully. Um promissor patologista e
pesquisador, graduado na Faculdade de Medicina de Harvard em
meados da década de 1960, o de. McCully estudou a ligação da
bioquímica com as moléstias. Sua reputação era alta, e ele logo
alcançou posições de prestígio como patologista associado do
Hospital Geral de Massachusetts e como professor assistente de
patologia na Faculdade de Medicina de Harvard.
No início de sua carreira, o dr. McCully teve particular interesse por
uma doença chamada homocistinúria. Ela se manifestava em crianças
com um defeito genético que as impedia de romper um aminoácido
essencial chamado metionina. Essas crianças apresentavam uma
grande aglomeração de um subproduto chamado homocisteína.
McCully avaliou dois casos separados envolvendo meninos que,
possuindo tal deficiência, morreram de ataque cardíaco. Era algo
impressionante, já que os dois tinham menos de 8 anos de idade. Ao
examinar as peças anatomopatológicas das artérias desses meninos,
ele descobriu que seu aspecto era semelhante ao de uma pessoa
idosa com grave espessamento de artérias. Isso levou o dr. McCully a
cogitar se elevações mínimas ou moderadas de homocisteína
persistindo por toda a vida não poderiam ser uma causa de ataques
cardíacos e derrames nos pacientes em geral.
Como vimos no caso dos dois meninos, a homocisteína é um
subproduto intermediário que produzimos quando nosso corpo
metaboliza (quebra) um aminoácido essencial chamado metionina. A
metionina existe em grandes quantidades na carne bovina, nos ovos,
no leite, no queijo, na farinha branca, em comida enlatada e em
alimentos altamente processados. Apesar de necessitarmos de
metionina para sobreviver, há um consumo enorme desse nutriente
nos Estados Unidos, como pode ser visto nessa lista de alimentos em
que ele é encontrado; alimentos, aliás, que fazem parte da dieta da
maior parte da população norte-americana. Nosso corpo normalmente
converte a homocisteína em cisteína ou a transforma novamente em
metionina.
A cisteína e a metionina são produtos benignos, não sendo nocivos de
maneira alguma. Mas eis o nó da questão: as enzimas necessárias
para romper a homocisteína em cisteína ou revertê-Ia em metionina
precisam de ácido fólico, vitamina B12 e vitamina B6 para cumprirem
sua função. Se tivermos deficiência de tais nutrientes, os níveis de
homocisteína no sangue começam a subir.
Então, por que não ouvimos falar disso antes? Voltemos ao dr. Kilmer
McCully.

A Coisa Certa - O Momento Errado
McCully publicou sua teoria sobre a homocisteína em diversos jornais
médicos no fim dos anos 60 e início dos 70, sendo, a princípio,
saudado com grande entusiasmo. O dr. Benjamin Castle, chefe de seu
departamento, o apoiou plenamente, expondo seu trabalho a um
prestigioso conselho de especialistas. Mas, em meados da década de
1970, a teoria da homocisteína perdera muito de seu impulso.
O dr. Castle aposentou-se, e o novo chefe de departamento disse a
McCully que procurasse seu próprio fundo de pesquisas ou se
demitisse. Seu laboratório foi transferido para o porão. McCully lutou
longamente e com muito empenho, mas acabou ficando sem tempo e
sem dinheiro: em 1979 o novo chefe de departamento informou-o de
que a universidade o estava dispensando, uma vez que sua teoria
sobre a homocisteína e as doenças do coração ainda não tinham sido
provadas.
Como os cargos de McCully na Faculdade de Medicina de Harvard e
no Hospital Geral de Massachusetts estavam associados, ele perdeu
os dois em janeiro de 1979. Um antigo colega de classe de Harvard,
então diretor do centro de arteriosclerose do MIT, designou as idéias
de McCully como "absurdos berrantes" e "uma fraude infligida ao
público". Em pouco tempo, o diretor de relações públicas do Hospital
Geral de Massachusetts pediu ao dr. McCully que não associasse
suas teorias sobre a homocisteína com o hospital ou com Harvard.
McCully foi expelido de vez.
O dr. Kilmer McCully estava certamente adiante de seu tempo. Mas
por que tanta hostilidade para com um homem que só estava tentando
descobrir a causa subjacente da principal assassina do mundo de
hoje? Qual o motivo para tanto pessimismo e tamanhos ataques
verbais? Poderiam as caríssimas pesquisas sobre colesterol na época
ser a razão?
Naquela época, a teoria sobre os ataques cardíacos por colesterol
vinha ganhando grande impulso, e a hipótese de Kilmer McCully
desafiava abertamente seu futuro.
O dr. Thomas James, cardiologista, presidente da Divisão Médica da
Universidade do Texas e da American Heart Association (Associação
Americana do Coração) em 1979 e 1980, disse: "Não se podia obter
patrocínio para idéias que seguissem em direções opostas à do
colesterol. Havia um desencorajamento intencional a seguir questões
alternativas. Nunca lidei com nenhum assunto em minha vida que
gerasse reações tão imediatamente hostis".
Com todas as teorias opostas silenciadas, a do colesterol avançou a
passos largos. As companhias farmacêuticas começaram a ganhar
seus bilhões, e todos se convenceram de que os ataques cardíacos e
derrames eram simplesmente o resultado de colesterol em demasia
na corrente sangüínea. Você concorda que eles fizeram um bom
trabalho vendendo essa idéia para a comunidade médica e o público
em geral?

Interesse Renovado na Homocisteína
Em 1990 o dr. Meir Stampfer revitalizou o interesse na teoria do dr.
McCully sobre a homocisteína. Professor de epidemiologia e nutrição
na Faculdade de Saúde Pública de Harvard, Stampfer analisou os
níveis sangüíneos de homocisteína de 15 mil médicos envolvidos em
um estudo de saúde. Ele declarou que mesmo níveis ligeiramente
elevados relacionavam-se diretamente a um risco maior de
desenvolvimento de doenças do coração. Os indivíduos com os níveis
mais elevados de homocisteína corriam um risco três vezes maior de
sofrer ataque cardíaco do que aqueles com os menores níveis. Esse
foi o primeiro grande estudo a demonstrar a possibilidade de a
homocisteína ser um fator independente de risco de doenças do
coração.
Em fevereiro de 1995 o dr. Jacob Selhub também declarou, no New
England Journal ofMedicine, que níveis elevados de homocisteína no
plasma relacionavam-se diretamente ao maior risco de estenose das
artérias carótidas (a obstrução progressiva das duas principais artérias
que conduzem sangue ao cérebro). Além disso, Selhub notou que a
maioria dos pacientes com níveis elevados de homocisteína também
possuíam níveis reduzidos de ácido fólico e vitaminas B12 e B6 em
seus corpos.
Outro grande estudo de caso-controle, o European Concerted Action
Project, indicou que, quanto mais alto o nível de homocisteína, maior o
risco de ataque cardíaco. O que outrora se consideravam níveis
normais de homocisteína foram vistos, de súbito, como níveis
altamente perigosos.
De maior importância ainda para os pesquisadores foi o fato de que,
quando encontravam níveis elevados de homocisteína em pacientes
que também possuíam outros grandes fatores de risco (hipertensão,
colesterol elevado ou hábito de fumar), o risco de doenças vasculares
aumentava dramaticamente. Os resultados desses exames clínicos
proporcionaram evidências de que, quanto menor nosso nível de
homocisteína, melhor.
De uma hora para outra, os pesquisadores admitiam como fato que a
homocisteína era realmente um fator de risco independente de
doenças cardiovasculares. Mesmo inveterados defensores do
colesterol, como Claude L'enfant, diretor do National Heart, Lung and
Blood Institute (Instituto Nacional do Coração, dos Pulmões e do
Sangue, nos Estados Unidos), disseram: "Ainda que o risco da
homocisteína elevada não esteja totalmente demonstrado, é uma área
extremamente importante de pesquisa". Hoje a evidência médica é
incontestável: a homocisteína pode ajudar a causar doença arterial
coronariana, AVC's e doenças vasculares periféricas.

Mostre-me o Dinheiro!
Os Poderes Econômicos da Medicina
Pode-se entender agora por que mais da metade das pessoas que
sofrem ataques cardíacos tem níveis normais de colesterol. Por que
foram necessários 25 anos desde que o dr. McCully apresentou sua
hipótese sobre a homocisteína para que a comunidade médica lhe
desse atenção? O dr. Charles Hennekens, professor na Faculdade de
Medicina de Harvard e chefe de medicina preventiva no Brigham and
Women's Hospital, cita um exemplo paralelo. "Já há alguns anos que
sabemos dos grandes beneficios da aspirina no tratamento de
[pacientes] que sofreram ataques cardíacos agudos e de
sobreviventes de ataques cardíacos, e nós, todavia, a subutilizamos",
ele diz. "Em um encontro recente do comitê consultivo da FDA,
gracejei que, se a aspirina tivesse metade de sua eficácia, mas fosse
dez vezes mais cara e vendida sob prescrição, talvez as pessoas a
levassem mais a sério".
Bem, ao menos as companhias farmacêuticas levariam a aspirina
mais a sério, e compartilhariam, sem dúvida, esses beneficios à saúde
com os médicos. A situação, no caso, é similar. Como a aspirina, os
suplementos de vitamina B podem, ao custo de alguns centavos por
dia, reduzir efetivamente a maioria dos níveis elevados de
homocisteína. "É inegável que não há interesse comercial suficiente
para apoiar pesquisas sobre homocisteína", diz o dr. Stampfer, "já que
ninguém vai ganhar dinheiro com ela".
Dê uma olhada na quantidade de dinheiro que a comunidade médica e
a indústria farmacêutica ganharam reduzindo o colesterol com drogas
sintéticas. Bilhões e bilhões de dólares entrando todos os anos. Você
já se perguntou quem foi que o educou quanto aos riscos do colesterol
alto? Quem está pagando aquele anúncio de página inteira no USA
Today para lhe falar da importância de reduzir seu colesterol? As
empresas farmacêuticas. Por que ninguém publicou um anúncio na TV
ou nos jornais para informá-Io sobre a importância de reduzir sua
homocisteína? Não se pode ganhar tanto dinheiro com a venda de
vitamina B12, vitamina B6 e ácido fólico. É triste dizer, mas estamos
encurralados nos efeitos em cascata da economia medicinal. Poderia
ter sido essa a causa secreta de o dr. Kilmer McCully haver perdido
seu fundo de pesquisa e seu emprego em Harvard?
O dr. McCully dá sua opinião pessoal sobre essa medicina capitalista
ao perguntar quem ganha mais em não informar as pessoas sobre os
perigos da homocisteína. "Os avanços mais significativos na
longevidade durante os últimos dois séculos foram conquistados pela
saúde pública, e não pela medicina", ele diz. "Mas a saúde pública é
notoriamente não-lucrativa. As pessoas não lucram evitando doenças.
Elas lucram com a medicina - tratando doenças em estádios
avançados e críticos".

Existe um Nível Saudável de Homocisteína?
Diversamente do colesterol, do qual o corpo precisa para a produção
de certas partes celulares e hormônios, a homocisteína não oferece
beneficio algum à saúde. Quanto mais alto seu nível, maior o risco de
doenças cardiovasculares. Em contrapartida, quanto mais baixo o
nível de homocisteína, melhor. Não há um limite abaixo do qual ela
seja aceitável. Seu nível de homocisteína deve ser o mais baixo
possível.
A maioria dos laboratórios determinará os níveis normais de
homocisteína como estando entre 5 e 15 micromols/L (micromols por
litro de sangue). A literatura médica diz que quando esse nível se
eleva muito acima de 7 micromols/L, contudo, o risco de desenvolver
doenças cardiovasculares se torna aparente. A maioria dos pacientes
precisará de níveis de homocisteína abaixo de 7. Se seu nível estiver
acima de 12, você estará correndo sérios riscos.
Sempre que a comunidade médica descobre uma nova entidade ou
fator de risco, os padrões de teste ficam muito desatualizados. Isso
ocorreu com o colesterol e ocorrerá com a homocisteína. Portanto,
não se tranqüilize se seu médico lhe disser que um nível de
homocisteína de 10 ou 11 está dentro da faixa normal e que não há
por que se preocupar. Você precisa que seu nível de homocisteína
reduza-se ao menos para 9, caso não possua sintomas de doenças
cardiovasculares; e para menos de 7 se já tiver indícios de doenças
cardiovasculares ou possuir outros fatores de risco de doenças
cardíacas.

Como Reduzir Meu Nível de Homocisteína?
Há na verdade dois lados da moeda no caso dos níveis elevados de
homocisteína. Um é a quantidade de metionina em sua dieta a ser
metabolizada e degradada por seu corpo. Você deve atentar à
quantidade de carne bovina e produtos lácteos que consome. Não é
interessante que esses sejam exatamente aqueles produtos ricos em
gordura saturada e colesterol? Obviamente, precisamos substituir
esses alimentos por uma quantidade maior de trutas e legumes, assim
como proteínas vegetais. Sei que a metionina é um aminoácido
essencial; todavia, na dieta norte-americana sempre teremos dela
mais do que o suficiente.
O outro lado da moeda é proporcionar ácido fólico, vitamina B6 e
vitamina B12 em quantidades suficientes para que os sistemas
enzimáticos necessários ao rompimento da homocisteína funcionem
adequadamente. É interessante notar que todos os estudos a
indicarem aspectos nocivos da homocisteína elevada também
apresentaram níveis reduzidos das vitaminas B. Recomendo que
meus pacientes tomem 1.000 ug (microgramas) de ácido fólico, de 50
a 150 ug de vitamina B12 e de 25 a 50 mg (miligramas) de vitamina
B6.
Lembre-se, quanto mais baixo o nível de homocisteína, melhor. Quero
ver o nível de todos abaixo de 7, se possível. Quando meus pacientes
têm um nível inicial de homocisteína acima de 9, receito-lhes
suplementos de vitamina B e volto a verificar seu nível sangüíneo
passadas seis ou oito semanas. Com esse regime de vitamina B, os
níveis de homocisteína tendem a cair entre 15% e 75%. Mas nem
todos os pacientes respondem adequadamente ao uso exclusivo de
vitaminas B. Isso me indica que tais pacientes possuem um problema
geral de metilação, o processo bioquímico usado pelo corpo para
reduzir a homocisteína a produtos benignos ou inofensivos.

Deficiência de Metilação
A deficiência de metilação não somente é responsável pelos níveis
elevados de homocisteína, como é também um dos principais
problemas por trás de algumas das maiores doenças degenerativas
crônicas, especialmente alguns tipos de câncer e o mal de Alzheimer.
Na verdade, enquanto escrevo este capítulo um estudo acaba de
divulgar que foi descoberto um novo teste para determinar quem corre
maiores riscos de desenvolver o mal de Alzheimer. Leio os resultados
desse estudo com grande ansiedade. Consegue adivinhar o que o
novo teste verifica? Sim - o nível de homocisteína no sangue. Há
vários anos que realizamos esse teste em meu consultório, porquanto
ele sustenta o fato de que os níveis elevados de homocisteína não
somente são um indicador de deficiências em vitamina B, como
também servem para indicar níveis reduzidos de doadores de "metil"
em nosso corpo. Os doadores de metil, além de necessários para
reduzir os níveis de homocisteína no corpo, também produzem
nutrientes importantes de que o cérebro precisa.
O doador de metil menos dispendioso, com excelentes efeitos nos
níveis de homocisteína, é chamado de betaína ou trimetilglicina
(TMG). Se o nível de homocisteína não se reduzir ao desejado,
adiciono de 1 a 5 gramas de TMG ao suplemento diário de vitaminas
B.

Dr. Kilmer McCully: A Conclusão
Publicou-se, em 10 de agosto de 1997, uma reportagem na New York
Magazine intitulada "AQueda e Ascensão de Kilmer McCully". Ela
detalhava o final de sua história e oferecia uma interessante
perspectiva para nossas preocupações presentes:

McCully revela, em suma, a sombra de seu desapontamento, que
deve ter sido muito maior duas décadas atrás. "Em outubro último",
ele diz, "o departamento de patologia do Hospital Geral de
Massachusetts promoveu uma reunião para a qual me convidou, e
encontrei uma das pessoas responsáveis por minha demissão. 'Bem',
disse-me ele, 'parece que você tinha razão, afinal de contas'. Já se
passaram 20 anos. Minha carreira está quase acabada. Não há muito
que se possa fazer com 20 anos perdidos, não é mesmo?"

Pior, as forças políticas e econômicas que arruinaram McCully na
época podem ser ainda mais intensas hoje. Em abril de 2001, o New
England Journal of Medicine publicou um artigo chamado "O
Mensageiro sob Ataque - Intimidação de Pesquisadores por Grupos
de Interesses Especiais", detalhando três casos de molestamento por
parte de grupos advocatícios, associações médicas ou consultorias
acadêmicas que nem sempre revelam suas estreitas ligações com
empresas farmacêuticas. Com mais e mais grupos de pressão
exercendo seu peso sobre o patrocínio e a promoção de pesquisas,
diz o artigo, "tais ataques podem se tornar mais freqüentes e mais
acrimoniosos".
McCully conhecia os perigos da homocisteína. Estou certo de que
também sabia que a ingestão suplementar de vitaminas B é uma
garantia não somente barata contra tais perigos, como também
segura. Ele enfrentava um gigante político. Mas a verdade hoje está
clara. Só nos resta especular por que os médicos ainda relutam tanto
em verificar os níveis de homocisteína de seus pacientes e por que
não recomendam vitaminas B a todos eles. O que seu médico não
sabe pode estar matando você. Especialmente quando se considera o
fato de que a homocisteína é um fator de risco de doenças do coração
tão ou mais importante do que o colesterol.

Os Novos Testes para Doenças do Coração
PCR de Alta Sensibilidade

Conforme a comunidade médica vai se dando conta de que a doença
arterial coronariana é um mal inflamatório, e não uma moléstia
causada por oolesterol, mais estudos vão surgindo na literatura
médica aconselhando os médicos sobre meios eficientes de avaliar os
pacientes. Muitos estudos avaliaram várias substâncias no corpo
humano Que servem como marcadores, sinalizando o nível (a
Quantidade) de inflamação presente nas artérias.
Um dos exames de sangue mais prestigiados é o da Proteína C
Reativa de alta sensibilidade (PCRas). Esse teste mede a inflamação
arterial existente no momento. Ele funciona melhor do que o nível de
colesterol para prever quem poderá desenvolver doenças do coração.
E por que não funcionaria? A verdade é que os exames de PCR de
alta sensibilidade permitem ao médico identificar os pacientes que,
mesmo tendo níveis normais de colesterol, podem correr grandes
riscos de desenvolver doenças cardiovasculares.

Níveis de Homocisteína no Sangue
Verificar o nível de homocisteína no sangue de pacientes em jejum
não somente é simples, como é fundamental para determinar se tal
nível é problemático ou não. É de se esperar que, conforme os testes
se tornarem mais padronizados entre os laboratórios, tornem-se
também mais acessíveis. Atualmente, um teste do nível de
homocisteína no soro custa entre US$45 e US$150.

Nível de Calcificação do Coração

Hoje, a maioria dos centros médicos já fez modificações em seus
scanners de tomografia computadorizada de modo a poder determinar
a quantidade de calcificação, ou acúmulo de placa, nas artérias
coronárias. Esse é um procedimento simples e não invasivo, mas seu
custo oscila normalmente entre US$ 250 e US$ 600. Recomendo esse
teste a todos os pacientes com fatores de risco significativos ou que
tenham um histórico familiar considerável de doenças do coração.
Se indicar alguma calcificação, o teste dará ao médico uma idéia de
quão sério é o problema e quão agressivamente o paciente deve ser
tratado. Lembre-se de que mais de 30% das vezes o primeiro sinal de
doença cardíaca é a morte súbita. Descobri que essa ferramenta é
muito útil e estimulante para meus pacientes.
Incentivo-o a pedir a seu médico que efetue em você um desses
testes, ou todos. Talvez seja prudente verificar com seu plano de
saúde se eles têm cobertura. Juntamente com os perfis químicos e as
tabelas de colesterol tradicionais, tais testes ajudam a determinar
quais pacientes correm maior risco de desenvolver doenças
cardiovasculares. Obviamente, o objetivo de todo médico deve ser
prevenir ou retardar esse processo em seus pacientes, para que eles
não tenham de cair nas mãos do cirurgião. Isso não soa convincente
para você também?

SETE - Miocardiopatia: Nova Esperança de Cura
WAYNE É UM AMIGO MEU DE LONGA DATA. CRESCEMOS
JUNTOS EM UMA CIDADEZINHA às margens do Rio Missouri, na
Dakota do Sul. Seu pai foi meu técnico de beisebol durante todo o
colégio, e, embora Wayne fosse mais jovem do que eu, sempre
parecíamos competir de igual para igual nos esportes. De fato, quando
era veterano, estabeleci o recorde da escola na corrida de meia milha;
Wayne o bateu dois anos depois. Wayne e eu fomos juntos para a
Universidade da Dakota do Sul, onde corremos lado a lado na equipe
local de velocistas. Passados nossos anos na universidade, Wayne
manteve suas práticas atléticas, sendo um ciclista empenhado e
correndo ocasionalmente. Eu admirava seus esforços continuados por
manter o auge da condição psica.
Sabendo disso, portanto, fiquei bastante preocupado quando esse
amigo entrou em meu consultório em um dia de meados de verão. A
cor de Wayne não era boa, e ele reclamava que seu coração parecia
querer saltar para fora do peito. Meu ex-concorrente mostrava-se
cansado e abatido, enquanto me dizia ter sofrido um grave surto de
influenza havia três meses, do qual não parecia nunca ter se
recuperado. Parecia-lhe que qualquer coisa que fizesse o esgotava
totalmente. Ele era gerente de um restaurante e não sabia como
continuar trabalhando - já que isso extenuava seu corpo.
Ao examinar meu amigo, notei logo de início que seu coração batia
rápida e irregularmente. Parecia uma máquina de lavar roupas. Ele se
encontrava evidentemente em um estado muito grave, e eu lhe disse
que devia ser internado no hospital.
Wayne foi direto para o hospital, onde um de nossos cardiologistas
locais o examinou. Uma radiografia revelou que seu coração tinha
inchado consideravelmente, e o médico pediu um ecocardiograma (um
ultra-som do coração). Os resultados foram chocantes: a fração de
ejeção de Wayne (a medida do quão fortemente o coração está
batendo) era de apenas 17%. Uma fração de ejeção normal fica entre
50% e 70%. Quando essa fração cai para menos de 30%, o paciente é
um possível candidato a transplante de coração. O coração de Wayne
estava imenso, repleto de coágulos de sangue e com fibrilação atrial
(batimentos irregulares). Sua situação era crítica.
O cardiologista efetuou então um cateterismo cardíaco, mediante o
qual injetou um corante especial no coração e nas artérias coronárias
de Wayne. Suas artérias estavam bem, mas seu coração havia, com
certeza, sofrido trauma. O teste seguinte, uma biópsia do músculo
cardíaco, demonstrou que, em resultado de uma infecção viral do
coração, Wayne desenvolvera miocardiopatia (uma doença do
músculo cardíaco, no caso, decorrente da sua inflamação causada por
uma infecção viral). A infecção ocorrera muito provavelmente na
primavera, quando Wayne contraiu o que supunha ser influenza. Ele
contraíra na verdade uma miocardite viral, que causou sérios danos a
seu coração.
O cardiologista prescreveu a Wayne o anticoagulante warfarina e
diversos outros medicamentos, na tentativa de fortalecer seu coração.
Wayne conseguiu deixar o hospital, embora estivesse muito fraco e
mal pudesse mover-se.
Estudos de acompanhamento do coração de Wayne, feitos poucas
semanas depois, mostraram que sua fração de ejeção subira para
23%. O cardiologista não estava muito otimista, contudo, e sentira ser
essa a máxima melhora que a saúde de Wayne poderia ter. Seu
coração ainda estava repleto de coágulos e ainda sofria fibrilação
atrial.
A única outra opção que o cardiologista tinha a oferecer era a
possibilidade de enviar Wayne para Abbott Northwestern, em
Minneapolis, onde ele poderia ser incluído na lista de transplantes de
coração.
Pode-se imaginar quão dificil foi para mim discutir isso com meu
paciente, meu amigo. Também tive de informar aos pais de Wayne,
duas pessoas que eu sempre amara e admirara, que a vida de seu
filho corria sérios riscos. Para tornar as coisas ainda mais dolorosas,
eles haviam perdido, havia pouco, um filho mais jovem por câncer do
pulmão. Parecia que eu era o mensageiro da desesperança.
Wayne preferiu recusar a ida a Minneapolis e continuar se tratando
com o cardiologista local, visitando-me regularmente. Receitamos-lhe
um potente suplemento mineral e antioxidante, mantendo suas outras
medicações. Seus coágulos de sangue finalmente foram sanados, e o
cardiologista conseguiu restabelecer seu ritmo cardíaco normal pela
terapia de choque elétrico.
Por volta dessa mesma época, minha esposa Liz e eu voávamos em
direção ao grande noroeste, quando ela me mostrou um artigo que
estava lendo a respeito dos estudos realizados com um nutriente
natural, a Coenzima Q10. Liz me passou o artigo, escrito pelo dr.
Peter Langsjoen, cardiologista e bioquímico praticante de Tyler,
Texas. O dr. Langsjoen conseguira melhorar significativamente a
saúde de seus pacientes de miocardiopatia simplesmente adicionando
à medicação diária suplementos do nutriente chamado CoQ10.
Logo que voltei para casa, pesquisei extensamente a literatura médica
sobre o uso da CoQ10 e concluí ser seguro testá-Ia em meu amigo. O
que Wayne tinha a perder? Chamei-o a meu consultório no dia
seguinte e receitei-lhe uma dosagem de CoQ10 similar à que o dr.
Langsjoen estava recomendando.
Como Wayne vinha sendo monitorado tão de perto por seu
cardiologista, não o vi por três ou quatro meses e, quando ele voltou a
meu consultório, foi para discutir a possibilidade de requerer uma
pensão por invalidez plena. Minhas esperanças sucumbiram. Invalidez
plena? Wayne explicou que, como não trabalhava havia oito meses,
seus amigos e conhecidos de negócios o exortaram firmemente a
considerar um pedido de pensão. Quando lhe perguntei como estava
passando, contudo, ele me disse que se sentia bem e conseguia até
percorrer de bicicleta cerca de oito quilômetros diários. Conseguia até
mesmo correr um pouco.
Sorrindo, eu disse a Wayne que seria dificil recomendá-Io como
inválido quando seu nível de atividades melhorara tão
expressivamente. Sugeri tirarmos um novo ecocardiograma para
verificar como estava seu coração. Fiquei espantado com os
resultados. A fração de ejeção de Wayne voltara à faixa normal, com
51%! A única explicação para essa milagrosa melhora eram as muitas
preces e o nutriente CoQ10.
Na semana seguinte, abordei o cardiologista de Wayne na sala dos
médicos e compartilhei alegremente com ele o que ocorrera a nosso
paciente. Mas o cardiologista não correspondeu a meu entusiasmo.
Ele simplesmente não acreditou em mim. Na verdade, esse médico
insistiu em que o ecocardiograma de Wayne fosse repetido em "seu"
aparelho.
Wayne foi chamado ao consultório do cardiologista, mas eu não soube
dos resultados por várias semanas. Quando uma carta finalmente
chegou, soube que sua fração de ejeção, no aparelho do cardiologista,
fora de 58%. Maravilha! Isso é melhor ainda, pensei.
Uma semana depois de receber a carta, eu estava na sala dos
médicos servindo-me de uns aperitivos quando o cardiologista me
interpelou. Nossa interação foi um pouco diferente dessa vez.
Surpreso com a recuperação de Wayne, o médico estava ansioso por
ver alguns dos estudos feitos sobre a CoQ10. Eu disse que em breve
lhe enviaria cópias dos estudos.
"Ray", ele disse, " você me faz lembrar um médico que eu costumava
ouvir no rádio ao vir para o trabalho. Ele falava desses estudos
médicos sobre nutrição e suplementos. Eu estava seguro de que ele
se enganava. Fustigar seu tema era um de nossos passatempos
favoritos no hospital. Rapaz, como o espicaçamos!"
O cardiologista prosseguiu: "O médico mais crítico era Jim. Na sala
dos médicos ele virava pelo avesso esse sujeito do rádio. Isso
continuou por alguns meses até que um dos colegas de Jim o
confrontou. Jim, se você tem tanta raiva do assunto, por que então
toma suplementos nutricionais?'
'Bem', replicou Jim, 'para o caso de eu estar enganado.'"
Wayne não pediu pensão por invalidez e voltou a trabalhar em tempo
integral. Sua primeira visita a meu consultório ocorreu há mais de
quatro anos. Meu amigo agora consegue fazer tudo o que fisicamente
desejar, e seus ecocardiogramas de acompanhamento continuam a
mostrar que sua fração de ejeção está normal.
Permita-me reafirmar, contudo, que o coração de Wayne não foi
"curado". Ele ainda tem miocardiopatia. Mas, com a adição do
nutriente CoQ10, seu coração tem toda a fonte de combustível de que
precisa, o que lhe permite compensar seu estado enfraquecido.
Doenças do Músculo Cardíaco
O coração não é um órgão complicado. É primariamente um músculo
cuja principal função é bombear o sangue pelo corpo. Nos últimos dois
capítulos, concentramo-nos nas artérias coronárias que conduzem o
sangue ao coração. Este capítulo se concentrará no próprio coração.
A insuficiência cardíaca congestiva e a miocardiopatia são doenças do
músculo cardíaco.
Um sistema elétrico aciona esse músculo e o faz bater de maneira
coordenada e eficiente. Em seguida, as válvulas do coração abrem-se
e fecham-se, permitindo que o sangue flua eficazmente por suas
quatro câmaras. Como músculo primário responsável pelo
bombeamento do sangue vital para todos os órgãos do corpo, o
coração deve continuar batendo consistentemente a todo momento,
tendo, por isso mesmo, necessidades notavelmente altas de energia.
A insuficiência cardíaca congestiva e a miocardiopatia têm diversas
causas: a hipertensão, ataques cardíacos repetidos ou severos,
infecções virais e doenças cardíacas infiltrativas como o lúpus ou a
escleroderma, para citar apenas algumas. Em todos esses casos a
doença reduz a força do músculo cardíaco, tornando-o incapaz de
lidar com a quantidade de sangue que recebe do corpo. O coração
tenta compensar seu estado enfraquecido dilatando-se e batendo
mais rápido. Mas o sangue acaba retomando aos pulmões, enchendo-
os de fluido. Isso se chama insuficiência cardíaca congestiva. Em
essência, o paciente começa a se afogar em seu próprio fluido. Por
vezes, a insuficiência ocorre primariamente no lado direito do coração,
o que significa que o figado fica congestionado e as pernas do
paciente começam a inchar.
Quando o coração da pessoa fica demasiadamente enfraquecido e
dilatado, como no caso de Wayne, os médicos chamam a tal estado
miocardiopatia. A miocardiopatia é um caso muito severo de
insuficiência cardíaca congestiva. Um coração incomumente grande e
dilatado é seu marco característico.
O Que É a Coenzima Q10?
A Coenzima Q-10 (CoQ10), ou ubiquinona, é uma vitamina - ou
substância similar às vitaminas - solúvel em gordura, e também um
poderoso antioxidante. Quantidades residuais de CoQ10 existem em
diversos alimentos, como a carne de órgãos, bifes bovinos, óleo de
soja, sardinhas, cavalas e amendoins. O corpo também possui a
capacidade de produzir CoQ10 a partir do aminoácido tirosina, mas
esse é um processo complicado que requer, no mínimo, oito vitaminas
e diversos minerais residuais para efetuar-se. A deficiência de
qualquer um destes nutrientes pode impedir a produção natural de
CoQ10 pelo corpo.
As coenzimas, como grupo, são cofatores essenciais para um grande
número de reações enzimáticas do corpo. A CoQ10 é o cofator de
pelo menos três enzimas muito importantes usadas na mitocôndria da
célula. Lembre-se, a mitocôndria é essencialmente a bateria ou forno
da célula, onde se produz a energia dessa. As enzimas mitocondriais
são necessárias para a produção dos altamente energéticos fosfato e
trifosfato de adenosina, dos quais dependem todas as funções
celulares.
Você se recorda de que é nas mitocôndrias que o processo oxidativo
ocorre. Não somente a energia surge daí, como também aqueles
subprodutos perigosos, os radicais livres, são aí criados; todavia, sua
função mais importante nessa situação é ajudar a gerar energia.
A CoQ10, que ajuda a abastecer a mitocôndria humana, foi isolada
pela primeira vez na mitocôndria de uma fatia de coração pelo dr.
Frederick Crane, em 1957. Em 1958, o dr. Karl Folkers e seus colegas
de trabalho na Merck, Inc., determinaram a estrutura química exata da
CoQ10 e começaram a sintetizá-Ia. Os japoneses então
aperfeiçoaram a tecnologia em meados da década de 1970, sendo
hoje capazes de produzir grandes quantidades de CoQ10 em estado
puro.
A Deficiência de CoQ10 e a Insuficiência Cardíaca
Numerosos pesquisadores não apenas estabeleceram os IÚveis
sangüíneos normais de CoQ10, como também identificaram o que
parece ser uma correlação direta entre a gravidade da insuficiência
cardíaca e a correspondente obliteração dessa coenzima. Notaram-se
reduções significativas de CoQ10 em casos de doenças periodontais,
câncer, doenças cardíacas e diabetes. Níveis deficientes de CoQ10
fóram confirmados mais claramente, contudo, no nível sangüíneo de
pacientes com insuficiência cardíaca congestiva e miocardiopatia.
A deficiência de CoQ10 pode resultar de diversas condições: uma
dieta ruim, a redução da capacidade do corpo de sintetizar a CoQ10
e/ou o uso excessivo dessa última pelo organismo.
Pesquisadores no início da década de 1980 iniciaram experimentos
em que os pacientes tomavam suplementos de CoQ10. Ao longo dos
últimos 20 anos, o interesse nela continuou a crescer, e diversos
estudos clínicos testaram seus resultados em pacientes de
miocardiopatia e insuficiência cardíaca congestiva. Nada menos que
nove exames clínicos controlados com placebo foram feitos por todo o
mundo. Oito simpósios internacionais foram promovidos sobre os
aspectos biomédicos e clínicos da CoQ10, nos quais médicos e
cientistas de dezoito países apresentaram mais de trezentas
dissertações.
O maior desses estudos internacionais foi o Estudo Multicêntrico
Italiano, da Baggio e Associados, que envolveu 2.664 pacientes com
insuficiência cardíaca. Nesse estudo em particular, aproximadamente
80% dos pacientes melhoraram quando começaram a tomar CoQ10, e
54% tiveram grandes melhoras em três das principais categorias
sintomáticas. Para dizer de forma simples, estudos e exemplos da
vida real demonstram que a CoQ10 é um suplemento imensamente
útil no tratamento de pacientes com condições cardíacas de risco.
Embora não os cure, ela certamente impede o progresso da doença.
Tratando Pacientes com Miocardiopatia
Já se perguntou alguma vez quanto custa um transplante de coração?
Seu palpite foi US$ 250 mil?
Você sabia que mais de 20 mil pacientes com menos de 65 anos se
encontram na lista de transplante de coração nos Estados Unidos?
Milhares de outros pacientes acima dos 65 também têm
miocardiopatia, mas, em função da idade, não podem se inscrever na
lista de transplante. Embora possam receber tratamento médico
máximo, a maioria continuará totalmente incapacitada. Somente um
em cada dez pacientes elegíveis para transplante cardíaco realmente
o consegue; os outros nove costumam morrer da doença em pouco
tempo. Esses números não incluem as centenas de milhares de
pacientes que sofrem de insuficiência cardíaca congestiva.
Os doutores Folkers e Langsjoen publicaram um estudo na literatura
médica em 1992 que, acredito, traz esse dilema a uma óbvia
conclusão. Eles submeteram à CoQ10 onze candidatos característicos
ao transplante. Três deles saíram da pior classificação, a Classe IV,
para a melhor, a Classe I, na escala da New York Heart Association
(veja quadro a seguir). Quatro pacientes passaram das Classes III e IV
para a Classe lI, e outros dois passaram da Classe III para a Classe I.

Classificações da New York Heart Association para capacidades
funcionais:

Classe I: Sem limitações; atividades tísicas ordinárias não causam
fadiga indevida, perda de fôlego ou palpitações do coração.
Classe II: Ligeira limitação das atividades físicas; tais pacientes
sentem-se à vontade em repouso. Atividades físicas ordinárias
resultam em fadiga, palpitações do coração, perda de fôlego ou
angina.
Classe III: Limitações acentuadas das atividades físicas; embora os
pacientes se sintam bem em repouso, atividades físicas inferiores às
ordinárias provocam os sintomas acima descritos.
Classe IV: Incapacidade de desempenhar qualquer atividade física
sem desconforto; sintomas de insuficiência cardíaca congestiva
durante o repouso. Com qualquer atividade física ocorrem desconforto
e outros sintomas.

Diferentemente da maioria dos estudos clínicos encontrados na
literatUra médica, Folkers e Langsjoen deram provas inegáveis da
eficácia e segurança do uso da CoQ10 em pacientes com insuficiência
cardíaca em estado terminal e no aguardo de transplante.
Esse é um excelente exemplo de uma vitamina natural e antioxidante
mostrando-se eficaz e segura em diversos experimentos clínicos. É a
medicina nutricional em sua essência. Quando o músculo cardíaco se
enfraquece, por qualquer razão que seja, ele impõe maior demanda
aos nutrientes de que as células necessitam para gerar energia.
Devido à utilização excessiva desses nutrientes, o músculo cardíaco
passa a carecer de CoQ10, que é o mais importante dos nutrientes
necessários à geração de energia. Quando os pacientes tomam tal
nutriente como suplemento, o músculo enfraquecido do coração
consegue reabastecer seu estoque de CoQ10, gerar mais energia e
compensar seu estado debilitado.
Os médicos deviam usar a CoQ10 como suporte ao tratamento
médico tradicional, e não no lugar desse. Trata-se de medicina
complementar, não alternativa. Embora, nos estudos, muitos
pacientes tenham melhorado a ponto de suspender a ingestão de
diversos medicamentos, eles não foram curados de sua doença
cardíaca original.
É importante notar que os pacientes devem continuar tomando
suplementos de CoQ10 por longo tempo. Estudos clínicos afirmam
que, quando os pacientes suspendem o uso suplementar da CoQ10,
as fontes necessárias de combustível voltam a escassear e o
funcionamento do coração declina novamente até o nível deficiente
anterior ao uso do suplemento. De outro lado, o dr. Langsjoen
declarou, após um acompanhamento de 6 anos junto a pacientes, que
aqueles que mantiveram a dosagem suplementar preservaram as
melhoras em sua condição cardíaca.

Por Que os Médicos Não Recomendam a CoQ10?
Eis aqui uma doença mortal para a qual a terapia médica tradicional
oferece pouca esperança de melhora. Os custos de tomar CoQ10 em
suplementação é de cerca de um dólar americano por dia. Excluindo-
se os reduzidos custos de hospitalização, isso é substancialmente
menos do que os US$ 250 mil que custa o transplante de coração pelo
qual a maioria desses pacientes espera! Além disso, o uso de CoQ10
jamais apresentou algum efeito colateral ou problema. Na verdade, a
maioria dos estudos demonstra melhorias notáveis em quatro meses.
Então, por que os médicos não recomendam a seus pacientes de
miocardiopatia que experimentem a CoQ10?
O que os médicos não sabem pode estar matando você.
Nunca ouvi nenhuma discussão sobre o uso da CoQ10 em reuniões
médicas ou junto a cardiologistas, salvo em minha interação com o
médico de Wayne. E nunca soube de nenhum cardiologista que
submetesse algum de meus pacientes de insuficiência cardíaca
congestiva ao uso da CoQ10. Após ter avaliado esses estudos, fico
espantadíssimo com a indisposição da profissão médica em oferecer
essa alternativa a seus pacientes. Somente 1% dos cardiologistas dos
EUA recomenda a CoQ10 a seus pacientes de insuficiência cardíaca
ou miocardiopatia. Não parece que eles tenham em mente uma boa
terapia alternativa. O National Institute of Health custeou a maioria dos
estudos envolvendo a CoQ10 nos Estados Unidos. Mas, diversamente
do amontoado de drogas sintéticas, a CoQ10 é um produto natural e,
como tal, não pode ser patenteada junto à FDA. As companhias
farmacêuticas não gastarão os 350 milhões de dólares necessários a
aprovar um produto natural como a CoQ10 junto à FDA se não houver
incentivo econômico. É também muito dispendioso para uma empresa
promover o uso de seu medicamento entre os médicos. Isso
simplesmente não vai acontecer.
Vou lhe dizer por que os médicos não recomendam a CoQ10. Eles
são treinados farmaceuticamente. Conhecemos drogas, mas não
sabemos muito sobre produtos naturais. Por mais que detestemos
admiti-Io, os vendedores de produtos farmacêuticos que visitam
diariamente nossos consultórios controlam muito do que sabemos
sobre os novos tratamentos. E ainda não vi um vendedor mostrar-me
um estudo sobre a CoQ10 e seus efeitos sobre a miocardiopatia. Ela
simplesmente não gera dinheiro.

A História de Emma
Emma é uma adorável paciente minha com pouco mais de 80 anos.
Há cerca de 4 anos seu cardiologista lhe deu o diagnóstico de
miocardiopatia. Uma fração de ejeção de 20% limitou severamente a
vida de Emma. O cardiologista lhe receitou diversos medicamentos,
inclusive a amiodarona, que ela tomava para controlar seu ritmo
cardíaco irregular. Contudo, esse medicamento a deixava muito
abatida e ela, em pouco tempo, viu-se incapaz de comer. Não
somente perdeu muito peso, como o medicamento também destruiu
sua glândula tireóide. Medicamentos para a tireóide foram utilizados,
mas não preciso dizer que Emma continuou muito mal. Seu
cardiologista não lhe deu muitas esperanças e, em função de sua
idade, ela não era de modo algum elegível para um transplante
cardíaco.
O tratamento tradicional que Emma recebeu só a deixou pior.
Em desespero, ela veio me consultar, tendo ouvido falar de como eu
conseguira ajudar outras pessoas com problemas similares. Depois de
examinar minha nova paciente, constatei que ela estava tendo graves
reações à amiodarona. Ela queria parar de tomar o remédio e eu me
mostrei de acordo. Eu, pessoalmente, sentia que, se insistisse nesse
medicamento, ela só viveria mais um mês ou dois. Depois de liberá-Ia
da amiodarona, submeti minha nova paciente a 300 mg de CoQ10.
Para a alegria de Emma, seu apetite e sua força melhoraram, e sua
falta de fôlego foi aliviada. Suas atividades logo voltaram ao normal.
Quatro meses mais tarde, seu cardiologista repetiu um
ecocardiograma e viu, com prazer, que a fração de ejeção dela
aumentara para 42%.
Emma passou a se preocupar mais com a artrite do que com o
coração. Na verdade, ela pôde substituir totalmente seu joelho
esquerdo - nada mal para uma senhora que nem se esperava que
vivesse!
Faz 4 anos que Emma recebeu seu diagnóstico de miocardiopatia, e
continua a viver uma vida saudável e feliz.

Os médicos devem tornar-se advogados de seus pacientes.
Precisamos descobrir e compreender como os produtos naturais
podem ajudar nossos pacientes. Um princípio básico que nunca é
demais enfatizar: quando apoiamos o funcionamento natural do corpo
e tentamos elevar sua capacidade de operar em níveis otimizados,
então, e somente então, teremos feito todo o possível para promover a
cura.
Tomar suplementos que ensejem tal funcionamento é algo que se
designa melhor como medicina complementar. Pacientes de
miocardiopatia devem continuar a tomar sua medicação, mas, se
adicionarmos um tablete completo e equilibrado de mineral
antioxidante juntamente com doses mais elevadas de CoQ10 (de 300
a 500 mg por dia), sustentaremos o desempenho natural do coração
enfraquecido e o paciente melhorará significativamente.

OITO - Quimioprevenção e Câncer
NADA É MAIS DIFÍCIL PARA MIM DO QUE TER DE DIZER A UM
PACIENTE QUE ELE possui câncer. E, todavia, o câncer é um
diagnóstico para o qual devo estar preparado, sendo parte rotineira de
meu trabalho. Médicos de todos os países têm de compartilhar a
mesma notícia desoladora com seus pacientes: mais de 1,3 milhão de
novos casos serão diagnosticados só nos Estados Unidos a cada ano.
Aproximadamente, 550 mil pacientes morrerão de câncer antes que o
balão volte a cair na Time's Square, em Nova York. Apesar dos US$25
bilhões gastos em pesquisas sobre o câncer nos últimos 20 anos, as
mortes por câncer na verdade aumentaram durante o mesmo
período.2 Gerou-se uma preocupação acentuada entre pesquisadores
e clínicos - é hora de repensar nossa abordagem sobre prevenção e
tratamento do câncer.
Mas - você talvez pergunte - as pesquisas não fizeram alguns
progressos notáveis? De fato. Houve alguns aprimoramentos, mas
esses se situam no campo da detecção prematura de alguns tipos de
câncer, graças a avanços como a mamografia para a detecção de
câncer da mama e os testes de PSA para o câncer da próstata.
Será a detecção prematura tudo o que podemos esperar? Não. Neste
capítulo discutiremos alguns dos avanços mais recentes nas
pesquisas sobre o câncer e o modo como você pode reduzir seu risco
de desenvolvê-lo.

O Câncer e Suas Causas
Pelo que se diz, não parece que tudo o que fazemos ou comemos
atualmente causa câncer? A exposição excessiva à luz do sol
aumenta o risco de câncer de pele. Os operários que lidam com
asbesto têm maior risco de desenvolver uma variedade incomum de
câncer do pulmão chamada mesotelioma. O fumo e o tabagismo
passivo são a maior razão para que o câncer do pulmão seja a
principal causa de mortes por câncer. A radiação, churrascos, o
excesso de gordura em nossa dieta, a sacarina e muitas outras
substâncias químicas encontradas em herbicidas e pesticidas são o
que a literatura médica chama de carcinógenos - ou seja, tudo aquilo
que aumenta nosso risco de desenvolver câncer.
Desde o primeiro relatório de que os limpadores de chaminés estavam
sob maior risco de câncer escrotal em função de sua exposição à
fuligem, tornamo-nos mais e mais receosos de nosso ambiente, e com
razão. Como observei anteriormente, nossos corpos encontram-se
expostos a mais substâncias químicas do que os de qualquer geração
anterior. E qual o denominador comum de todos esses carcinógenos?
Você já adivinhou. Todos aumentam o estresse oxidativo. Nisso está a
chave para compreender as novas estratégias de combate ao câncer.

O Estresse Oxidativo Como Causa do Câncer
Muitos pesquisadores propuseram teorias sobre a causa subjacente
do câncer. Infelizmente, nenhuma dessas teorias conseguiu explicar
os aspectos totalmente diversos do câncer e de seu desenvolvimento
dentro do corpo humano.
Em resposta a esse dilema médico, o dr. Peter Kovacic escreveu um
longo artigo na Current Medicinal Chemistry 2001 (Medicina Química
Atual, 2001). No artigo ele afirma: "Das numerosas teorias que foram
propostas, o estresse oxidativo é a mais abrangente, e tolerou o teste
do tempo. Ela pode racionalizar a maioria dos aspectos associados
com a carcinogênese (o desenvolvimento do câncer) e atender a
eles."
A pesquisa de Kovacic sustenta a crescente evidência médica de que,
quando um número excessivo de radicais livres existe próximo ao
núcleo celular, podem ocorrer danos consideráveis ao DNA da célula.
O DNA do núcleo fica especialmente vulnerável quando a célula está
se dividindo, momento em que seu filamento é literalmente
desembalado e estendido. Pesquisadores Jã conseguem confirmar
não somente que os radicais livres podem danificar o núcleo de DNA
da célula, mas também quais filamentos do DNA eles danificam com
maior freqüência.
Ao se defrontar com um ataque de carcinógenos, a unidade MASH do
corpo procura reparar o DNA danificado. Mas, em épocas de grande
estresse oxidativo, os danos causados pelos radicais livres superam o
sistema de reparo e podem provocar a mutação do DNA. Os radicais
livres são capazes também de danificar a estrutura genética do DNA,
o que pode provocar um crescimento anormal da célula. Conforme tais
células continuam a se replicar, o DNA alterado é transmitido a cada
nova célula desenvolvida. Quando aumenta o estresse oxidativo
desse DNA alterado, ocorrem ainda mais danos. A célula começa
então a fugir ao controle e assumir vida própria. Ela desenvolve a
capacidade de se espalhar de uma parte do corpo para outra
(metástase), tornando-se assim um legítimo câncer (Figura 8.1).


Um Processo de Múltiplos Estádios
O dr. Donald Malins, bioquímico de Seattle, divulgou um novo método
para identificar mudanças estruturais no DNA do tecido do seio.
Usando um instrumento que lança radiação inttavermelha sobre o
DNA e analisando os sinais por meio de um computador sofisticado,
ele consegue acompanhar o dano estrutural causado ao DNA pelos
radicais livres.
Os pesquisadores concordam com Malins em que o desenvolvimento
do câncer é um processo de múltiplos estádios, que usualmente leva
décadas para desenvolver-se. Nos adultos, o câncer pode levar 20 ou
mesmo 30 anos para passar da mutação inicial do DNA à
manifestação plena. Em crianças, esse processo pode avançar mais
rapidamente devido a sua reposição mais acelerada das células.
Malins notou mudanças significativas na estrutura do DNA conforme
acompanhava seus estádios de desenvolvimento, "desde o tecido
normal do seio até o câncer metastático de mama. Ele acreditava ser
o estresse oxidativo a causa desse dano previsível ao DNA, que
levava, no fim das contas, à formação do câncer de mama. Ele
argumentou ainda que o câncer não é tanto o resultado de genes com
mau funcionamento como o resultado de danos genéticos causados
por radicais livres altamente reativos.
Pelos últimos 25 anos os pesquisadores acreditaram que genes
anormais eram a força condutora de todos os tipos de câncer. Mas
hoje começam a acreditar que indivíduos com determinados genes
são simplesmente mais vulneráveis ao estresse oxidativo do que
outros. Isso pode explicar os padrões familiares de muitos tipos de
câncer.

Maior a Idade, Maiores os Gastos
Os médicos costumam diagnosticar o câncer em seus estádios finais
de desenvolvimento. Infelizmente, quando um câncer está avançado o
bastante para causar sintomas ou aparecer na radiografia, ele já veio
se desenvolvendo por 10 ou 20 anos. Os médicos recorrem ao
armamento pesado da cirurgia agressiva, da quimioterapia e da
radioterapia somente para constatar que, na maioria das vezes, não
podem fazer muito para ajudar o paciente.
Na última vez em que diagnostiquei um câncer de pulmão em um
paciente meu, seu oncologista recomendou-lhe a quimioterapia,
procedimento por meio do qual dizia poder redimir o câncer em cerca
de 40% dos casos. Meu paciente ficou bastante animado com os
dados, até que perguntou o que se entendia exatamente por "redimir".
O oncologista respondeu: "Se o câncer for devidamente redimido, sua
vida pode estender-se em cerca de três meses". Não preciso dizer que
não era isso que meu paciente esperava ouvir. Essa é a típica história
trágica da maioria das pessoas com câncer.
Quando se diagnosticou em minha mãe um tumor cerebral de alto
grau, o radioterapeuta disse que havia cerca de 1% de chance de que
a terapia pudesse prolongar sua vida. Contra a minha vontade, minha
mãe submeteu-se ao tratamento. Ela morreu seis meses depois, após
lutar não somente com o câncer, mas também com o tratamento, que
a deixava debilitada e doente. Um tratamento agressivo pode estender
uma vida por uns poucos meses, ou mesmo por um ano ou mais, mas
o sofrimento imposto aos pacientes e aos entes queridos parece uma
crueldade para com aqueles cujas vidas já são tão frágeis.
Atualmente estamos perdendo a batalha contra o câncer. Há alguma
dúvida de que essa doença maligna deve ser atacada em estádios
muito anteriores de desenvolvimento para que o número de mortes
regrida? Temos esperança, como você sabe. Compreender o papel do
estresse oxidativo no desenvolvimento do câncer nos oferece um
grande número de novas possibilidades de prevenção e tratamento.

Prevenção do Câncer = Quimioprevenção
Conforme começamos a compreender a causa original do câncer,
alternativas terapêuticas vão surgindo. Como o câncer é um processo
de múltiplos estádios que leva anos para desenvolver-se, há várias
oportunidades de intervir em seu desenvolvimento.
Nos primeiros estádios do câncer, vemos mudanças sobretudo no
núcleo do DNA em si. As mutações que ocorrem devido aos ataques
dos radicais livres ao DNA se transmitem a cada célula subseqüente
conforme ocorre a reprodução celular. No fim das contas, em função
de novos danos causados à célula pelos radicais livres, surge um
tumor pré-cancerígeno. Esse é o primeiro nível prático que podemos
detectar clinicamente. O estádio final é o desenvolvimento de um
tumor maligno ou câncer, com a capacidade de proliferar de uma parte
do corpo para outra.
Em vez de atacar o câncer em seus estádios finais com tratamentos, a
quimioprevenção se concentra em evitar seu desenvolvimento nos
estádios iniciais. Lembre-se: o equilíbrio é a chave. Se tivermos
antioxidantes disponíveis em quantidades suficientes, não haverá
estresse oxidativo e o DNA do núcleo ficará a salvo dos danos iniciais.
Imagine uma vez mais a metáfora da lareira. Quando uma tela é
instalada, as cinzas não conseguem atingir o tapete.
A quimioprevenção também procura reverter os danos já causados à
célula. Como você viu no Capítulo 4, o corpo tem a notável
capacidade de curar a si mesmo (lembre-se da unidade MASH).
Consideremos agora com cuidado uma estratégia para combater o
câncer em três fases planejadas de quimioprevenção e os efeitos que
cada uma tem no corpo.

Primeira Fase da Quimioprevenção: Reduzindo os
Riscos
A primeira estratégia na prevenção do câncer pode parecer óbvia:
sempre que possível, elimine (ou ao menos reduza) a exposição a
carcinógenos (substâncias químicas que sabemos aumentar nosso
risco de câncer). Embora aparentemente óbvio, isso é mais fácil de
dizer que de fazer. Aqui estão medidas que você deve adotar
imediatamente para reduzir seu risco de câncer:

1. Pare de Fumar! O tabagismo é o mais potente carcinógeno a que a
maioria de nós está exposta. Embora a nicotina seja terrivelmente
viciadora, devemos lutar por livrar o corpo dela e de todos os
carcinógenos contidos na fumaça de cigarro. Os fumantes apresentam
um crescimento muito grande no número de radicais livres em seus
corpos. E, embora em menor medida, o tabagismo passivo é também
um importante fator no estresse oxidativo.

2. Reduza Sua Exposição à Luz Solar. As luzes UVA e UVB são
carcinógenos bem conhecidos. Recomendo firmemente o uso de
bloqueadores solares que o protejam de ambas. Sem essa disciplina
não se pode viver. Pais, protejam seus filhos.
3. Siga uma Dieta de Pouca Gordura. Sabe-se que o consumo
excessivo de gordura nas refeições causa estresse oxidativo,
especialmente se não houver nos alimentos quantidades adequadas
de antioxidantes. Devemos reduzir a ingestão de gordura saturada,
lembrandonos de consumir, no mínimo, 7 doses de frutas e vegetais e
mais de 35 gramas de fibra por dia. (Sei que você já ouviu isso tudo
antes; mas menos de 9% da população segue esse conselho!)

4. Fique Atento a Outros Carcinógenos. Sempre que possível, procure
tomar medidas para reduzir sua exposição a agentes causadores de
câncer, como a radiação, os pesticidas, os herbicidas, o asbesto, a
lenha, a fuligem e outras, eliminando-os de seu ambiente doméstico.

Um princípio que você passará a ter em conta é o de que, se
reduzirmos nossa exposição a todos esses carcinógenos,
produziremos menos radicais livres para que nosso corpo combata.
Por exemplo, é dificil para mim a recomendação de uma dieta
saudável suplementada pela medicina nutricional a um paciente que
fuma dois maços de cigarros por dia. Sei que os efeitos serão mínimos
na melhor das hipóteses; e, a menos que ele pare de fumar, as
chances de reduzir o risco de câncer ficam definitivamente
comprometidas.

Segunda Fase da Quimioprevenção:
Maximize o Sistema Antioxidante e Imunológico do
Corpo
Não é possível evitar a exposição a todos os carcinógenos e
substâncias químicas do meio ambiente. Ainda precisamos viver neste
mundo. Hesitar, com medo "do que possa estar lá fora", só nos privará
de uma vida plena e abundante. Como você já sabe, o mero fato de
que precisamos de oxigênio para viver nos expõe a um risco
significativo de estresse oxidativo. Portanto, a melhor estratégia não é
se esconder, mas maximizar as defesas do sistema imunológico e
antioxidante de seu corpo. E isso começa com uma dieta saudável.
Parece lógico que, se o estresse oxidativo for de fato a causa do
câncer, antioxidantes usados para reequilibrar os radicais livres
reduzirão o risco de câncer. Essa é uma lógica válida. A dra. Gladys
Block, especialista em pesquisas sobre o câncer, adotou-a em sua
análise de 172 estudos epidemiológicos realizados em todo o mundo
sobre dietas e câncer. Ela fez uma descoberta universal e consistente:
os indivíduos que mais consumiam frutas e vegetais (as principais
fontes de antioxidantes) mostravam um risco significativamente
reduzido de desenvolver praticamente qualquer espécie de câncer. O
risco de desenvolvimento da maioria dos tipos de câncer, no caso
dessas pessoas, era de duas a três vezes menor do que no caso das
pessoas com menor consumo de frutas e vegetais.
O oposto também vale. O dr. Bruce Ames, um dos grandes
pesquisadores do câncer, afirmou em uma entrevista para o Journal of
the American Medical Association que os indivíduos que consomem
as menores quantidades de frutas e vegetais têm duas vezes mais
propensão a desenvolver câncer do que as pessoas que consomem
mais.
Pela mera ingestão de cinco ou sete doses diárias de frutas e
vegetais, podemos reduzir pela metade o risco de praticamente todos
os tipos de câncer.
A melhor defesa que possui seu corpo é, sem dúvida, uma boa dieta.
Nada que um médico possa prescrever substituirá a dieta de que seu
corpo necessita para abastecer-se e recompor-se. Um dos princípios
que você me ouvirá msar por repetidas vezes é o de que, se você
resolver tomar suplementos nutricionais, deverá suplementar uma
dieta boa, não uma ruim. O primeiro passo para erigir um sistema
imunológico é seguir uma dieta com alto teor de fibras e pouca
gordura, composta em grande parte de frutas e vegetais.
Mas precisamos de mais do que isso para praticar a quimioprevenção.
Pesquisas médicas começam a demonstrar que ingerir antioxidantes
em suplementação a nossa dieta é muito importante para a
quimioprevenção. Estudos mostram que a suplementação de uma boa
dieta com vitamina C, vitamina E e betacaroteno durante o período de
vinte semanas resulta em uma redução considerável dos danos
oxidativos ao DNA, tanto de fumantes como de não-fumantes.
Demonstrou-se também que a vitamina E protege o DNA de danos
provocados por exercícios.

Terceira Fase da Quimioprevenção: Fortalecendo o
Sistema de Reparo do Corpo
Na primeira e na segunda fase da quimioprevenção, preocupamo-nos,
antes de tudo, em reduzir a quantidade de estresse oxidativo com que
o corpo tem de lidar e em proporcionar antioxidantes adequados para
evitar que ele atinja o DNA da célula. Na terceira fase, iremos nos
concentrar no notável sistema de reparo do corpo, quando associado
a nutrientes adequados que permitam à célula reparar danos
significativos já ocorridos.
Os tumores ou lesões pré-cancerígenas nos proporcionam um
exemplo único da utilidade dos antioxidantes na quimioprevenção. É
dificil acompanhar esses tumores dentro do organismo, mas muitos
estudos os acompanharam na superficie do corpo. Tais estudos
concentraram-se sobretudo na leucoplaquia, que é um tumor pré-
cancerígeno encontrado na boca dos mascadores de tabaco, e na
displasia cervical, o tumor pré-cangerígeno na superficie do colo do
útero.
Esperamos que, pela observação do uso de diversos antioxidantes
nesses tumores, aumente nossa compreensão de seus possíveis
efeitos no DNA já danificado. Lembre-se de que o câncer é um
processo de múltiplos estádios, e mesmo os tumores pré-
cancerígenos estão em uma fase relativamente avançada. O passo
seguinte no processo é o desenvolvimento do próprio câncer.
Como se pode imaginar, existe imenso interesse na prevenção e no
tratamento da leucoplaquia. Diversos estudos demonstraram que os
mascadores de tabaco têm níveis reduzidos de antioxidantes. Em
contrapartida, as pessoas com os níveis mais altos de antioxidantes
também demonstraram os menores riscos de desenvolver
leucoplaquia.
O dr. Harinder Garewal escreveu um artigo sobre o efeito dos
antioxidantes não somente na prevenção do câncer de boca como
também na reversão da leucoplaquia. Esse artigo é um marco da
terceira fase da quimioprevenção. Suas descobertas oferecem a
esperança de que os antioxidantes não somente detenham o processo
de desenvolvimento do câncer como capacitem o sistema de reparo
do corpo a reverter os danos às células. No quadro a seguir recapitulei
de modo sucinto diversos dos ensaios clínicos que o dr. Harinder
examinou.

Eis uma lista de estudos envolvendo o uso de suplementos
nutricionais em pacientes com lesões pré-cancerígenas:

1. Um estudo na índia empregou vitamina A e betacaroteno;
pesquisadores observaram a remissão completa da leucoplaquia em
um ritmo dez vezes superior ao do grupo que usou placebo.
2. Um estudo piloto usando somente betacaroteno apresentou
reversão da leucoplaquia a células normais em 71% de seus
pacientes.
3. Em um estudo em andamento nos Estados Unidos, pacientes
receberam uma combinação de betacaroteno, vitamina C e vitamina
E; pesquisadores testemunharam um índice de resposta de 60%. As
anormais células pré-cancerígenas foram revertidas a células normais.
4. Em um exame multiinstitucional em andamento nos Estados
Unidos, pacientes receberam somente betacaroteno; eles tiveram um
índice de resposta de 56%.
5. Um estudo realizado com hamsters machos com câncer oral
induzido experimentalmente testou o uso de betacaroteno, vitamina E,
glutationa e vitamina C, tanto em combinação como isoladamente.
Melhoras significativas ocorreram em todos os grupos; todavia, o
grupo que recebeu a combinação teve, de longe, os melhores
resultados. Esse não foi meramente um efeito adicional do uso de
mais e mais antioxidantes, e sim o resultado do efeito sinergético dos
suplementos em ação simultânea.

A displasia cervical é outro tumor pré-cancerígeno que ocorre nas
células epidérmicas (de revestimento do corpo). Diversos estudos
demonstraram que indivíduos com níveis baixos de betacaroteno e
vitamina C estão sob um risco consideravelmente maior de displasia
cervical. Na verdade, as mulheres com níveis mínimos de
betacaroteno corriam um risco duas ou três vezes maior do que as
mulheres com os níveis mais altos. As mulheres que consumiam
menos de 30 miligramas de vitamina C por dia tinham um risco dez
vezes maior de displasia cervical do que as mulheres cujo consumo
era maior. Outros estudos epidemiológicos demonstraram que
deficiências dietéticas em vitamina A, vitamina E, betacaroteno e
vitamina C aumentam o risco de câncer cervical.
O fato é que já se demonstrou que a suplementação de betacaroteno
impede que a displasia cervical converta-se em câncer cervical. Além
disso, alguns exames clínicos sublinharam o papel da vitamina C e do
betacaroteno juntos em reverter ou reduzir o risco da displasia
cervical.
Embora as ciências médicas tentem descobrir um nutriente "mágico"
para cada um desses tipos de câncer, eu, como clínico, procuro
determinar princípios que sejam benéficos para meu pacientes.
Depois de analisar estudos como os que mencionei aqui, não tenho
dúvida alguma de que esses nutrientes antioxidantes funcionam
juntos, em sinergia. Como disse no Capítulo 5, isso significa que
precisamos não somente de um sortimento de diferentes
antioxidantes, mas também dos minerais (manganês, zinco, selênio e
cobre) e das vitaminas B que sustentam suas funções enzimáticas.
Fico admirado com a incrível habilidade com que Deus dotou o corpo
para não somente proteger-se do estresse oxidativo, mas também
para reparar danos infligidos ao DNA da célula. Diversos exames
clínicos em andamento determinarão ainda mais o papel dos
antioxidantes em reverter o processo de carcinogênese. Por enquanto,
vale lembrar que a leucoplaquia e a displasia cervical encontram-se já
no fim do processo de múltiplos estádios do câncer e, todavia, estudos
demonstram que o corpo pode reparar a si mesmo quando lhe
fornecemos níveis otimizados de uns poucos antioxidantes seletos.

E Se Eu Já Tiver Câncer?
É fato: as terapias de quimioprevenção existem, na verdade, para
indivíduos que ainda não desenvolveram o câncer pleno. E as terapias
costumeiras para o câncer nem sempre parecem promissoras. Essas
terapias envolvem cà"urgia (quando factível), quimioterapia e
radioterapia para tumores sólidos como os encontrados nos pulmões,
no peito, no cólon e assim por diante. Apesar dos esforços das
pesquisas médicas, essas terapias parecem finalmente ter chegado a
um impasse.
As más notícias continuam. A despeito das evidências de maiores
índices de cura no tratamento do linfoma de Hodgkin, da leucemia
infantil e do câncer testicular, há temores crescentes do
desenvolvimento de tipos secundários de câncer e de complicações
resultantes desses tratamentos.
As boas notícias estão no fato de que as pesquisas médicas começam
a sustentar a idéia de suplementação por meio de uma mistura de
antioxidantes e nutrientes de apoio. Essa mistura pode, de fato,
melhorar a radioterapia e a quimioterapia tradicionais, ao mesmo
tempo que protege as células normais dos efeitos tóxicos.

A História de Kymberly
Kymberly estava em seu quarto ano no Westmont College, em Santa
Barbara, Califórnia, empenhando-se para graduar-se em comunicação
e artes, quando passou a sentir desconforto abdominal e pressão na
bexiga. Ela consultou o médico do campus, que diagnosticou uma
infecção da bexiga e lhe receitou alguns antibióticos. Mas a condição
de Kymberly piorou. Ela sofria dores abdominais crescentes, náuseas
e vômitos.
Quando se deitava, ela podia sentir uma massa na parte inferior de
seu abdome. Isso, obviamente, a aterrorizou e ela voltou de imediato
ao médico do campus. Ao reexaminá-Ia, ele identificou uma massa do
tamanho de uma uva. Fez um teste sangüíneo chamado de CA 125,
um avaliador de câncer ginecológico e intestinal. O índice de Kymberly
era extremamente alto, e uma cirurgia foi agendada em caráter de
urgência.
Com 21 anos, Kymberly tinha câncer do ovário. Por ser essa uma
doença incomum em uma mulher tão jovem, o diagnóstico pegou de
surpresa tanto ela como sua família. Após a operação, o cirurgião
mostrou-se confiante de que removera todo o câncer. De qualquer
maneira, ele quis tomar todas as precauções possíveis, e pediu a
Kymberly que visitasse o oncologista. Seu oncologista insistiu em que
ela se submetesse a alguma quimioterapia pesada, sobretudo em
razão de sua pouca idade - ela tinha ainda uma vida longa à sua
frente.
Foi por volta dessa época que Kymberly me consultou. Queria saber
mais sobre a suplementação nutricional durante tais tratamentos. Ela
deu inÍCio a um programa agressivo de suplementação nutricional e
agendou sua quimioterapia. Kymberly não queria desistir da
faculdade, muito embora seus médicos a exortassem firmemente a
isso. Era uma aluna disposta a dar o melhor de si e agendou, assim,
seu tratamento quimioterapêutico em Santa Barbara, onde poderia
continuar a freqüentar as aulas, se possível.
A jovem estudante de comunit:ações reagiu muito bem ao tratamento.
Ela conseguiu freqüentar todas as disciplinas na faculdade. Seu
oncologista e seu cirurgião comentavam não somente sua ótima
aparência como sua boa tolerância ao tratamento. Ela perdeu, sim,
seus cabelos, mas não perdeu muitas aulas. Próximo ao final do
tratamento, seu oncologista a abordou e lhe perguntou de forma
direta: "O que você está tomando?"
Encarando-o, ela replicou: "Como assim?"
Ele disse: "Sei que você está tomando alguma coisa, porque meus
outros pacientes estão ali vomitando, mas você está aqui lendo a
revista Time".
Quando ela lhe falou dos suplementos nutricionais que vinha
experimentando, ele ficou impressionado. Ela não só tolerara o
tratamento como reagira a ele muito bem.
Kymberly continua a melhorar. Faz mais de 3 anos que ela concluiu
sua quimioterapia. Seus cabelos cresceram esplendidamente e ela
vem aproveitando a vida. Seus índices de CA 125 no sangue
continuam normais, e ela agora os verifica somente duas vezes por
ano. Kymberly não tem nenhum sinal de recotrência de seu câncer.

Por Que Eles Funcionam
Oncologistas e radioterapeutas costumam desestimular o uso de
antioxidantes em pacientes que recebem tratamento para câncer. Por
quê? Os médicos receiam que os suplementos antioxidantes
fortaleçam o sistema de defesa antioxidante das células cancerígenas
e, como conseqüência, tornem seu tratamento menos eficaz, já que
esse envolve primariamente a destruição das células cancerígenas
pelo estresse oxidativo. Esse é um receio sensato. Mas a literatura
médica não sustenta tal posição.
Os doutores Kedar Prasad e Arun Kumar, assim como seus colegas
do Departamento de Radiologia da Faculdade de Medicina da
Universidade do Colorado, avaliaram mais de setenta estudos para
dar conta desses receios. Eles intitularam seu relatório "Altas Doses
de Múltiplas Vitaminas Antioxidantes: Ingredientes Essenciais para
Aumentar a Eficácia da Terapia-Padrão do Câncer", e esse apareceu
no Journal ofthe American College of Nutrition. No relatório, os
doutores Prasad e Kumar mencionaram uns poucos estudos esparsos
que apontavam efeitos negativos do uso de um nutriente na
suplementação com certos tratamentos quimioterapêuticos. Quando
altas doses de múltiplos antioxidantes eram usadas juntas, contudo,
as terapias eram favorecidas. Por que, afinal, isso ocorria?

Antioxidantes Ajudam a Destruir Células
Cancerígenas
Pesquisas clínicas vêm revelando que as células cancerígenas
absorvem antioxidantes de maneira diversa das células normais.
Células sadias e normais consomem apenas a quantidade necessária
de antioxidantes e nutrientes de apoio. Esse é um fato científico de
grande importância quando se trata dos princípios da nutrição celular.
Células cancerígenas, por outro lado, continuam a absorver
antioxidantes e nutrientes de apoio sem saber quando parar. Essa
ingestão excessiva de antioxidantes as torna, na verdade, mais
vulneráveis à morte. Os antioxidantes não somente ajudam na batalha
contra as células cancerígenas como contribuem para a defesa das
células saudáveis frente aos efeitos nocivos da radiação e da
quimioterapia.

Os Antioxidantes Ajudam as Células Boas
É do conhecimento geral que quase todos os efeitos colaterais
nocivos da quimioterapia e da radioterapia sobre as células normais
resultam do aumento de estresse oxidativo que esses tratamentos
geram no interior do corpo. O que não é do conhecimento geral,
contudo, é que, quando o paciente toma altas doses de suplementos
antioxidantes, ele melhora o sistema de defesa das células normais,
uma vez que elas os absorvem normalmente. Isso gera uma situação
de vencer ou vencer. A quimioterapia e a radioterapia podem
funcionar de modo pleno, ao mesmo tempo em que os terríveis efeitos
colaterais e danos que acometem as células saudáveis são
significativamente reduzidos.
A vitamina E protege contra os danos causados por diversos agentes
quimioterápicos aos pulmões, ao figado, aos rins, ao coração e à pele.
Demonstrou-se que a CoQ10 protege dos danos que a droga
Adriamicina causa em longo prazo ao coração. O betacaroteno e a
vitamina A reduzem os efeitos adversos da radiação e de certos
agentes quimioterápicos. Já se demonstrou que todos esses
antioxidantes ajudam a evitar os danos que esses tratamentos podem
infligir ao DNA das células normais.

A História de Michelle
Michelle era uma criança bonita e vibrante de 4 anos. Seu mundo era
repleto de amor e sorrisos. Parecia que nada poderia penetrar o porto
seguro de sua família. Mas a vida despreocupada de Michelle mudou.
Os médicos descobriram que o desconforto que ela sentia nas costas
e no abdome originava-se de um câncer agressivo chamado
neuroblastoma. A família ficou arrasada.
Michelle submeteu-se a uma cirurgia exploratória pouco depois do
diagnóstico. Quando o cirurgião saiu da sala de operação, a família
pôde ver em seu rosto que as notícias não eram boas. Ele os informou
de que o tumor de Michelle se havia espalhado, estendendo-se até
próximo a seu diafragma e tendo-se instalado à volta do intestino e da
grande veia em seu abdome. Não havia meios de removê-Io.
Antes mesmo de Michelle recuperar-se de sua cirurgia exploratória, a
equipe de oncologia submeteu-a a uma agressiva quimioterapia, sem
grande otimismo quanto a suas chances de viver muito tempo. Foi
então que a mãe de Michelle me consultou. Ela queria fazer todo o
possível para proteger sua filha dos possíveis efeitos colaterais dos
tratamentos que os médicos recomendavam.
Iniciamos um programa agressivo de suplementação nutricional com
Michelle, sem embargo das objeções de seu médico. Michelle era uma
guerreira, e tomou seus suplementos fielmente. Seu tratamento teve
início, e ela batalhou para superá-Io. Ficou, é certo, muito doente,
mesmo tomando os suplementos. Como o tratamento era
incomumente forte, houve receios muito sérios de que ela não
sobrevivesse. Mas a corajosa e pequena Michelle sobreviveu, e o
tumor regrediu significativamente.
A reação de Michelle estimulou, de tal modo, seus médicos que eles
quiseram reconduziIa à sala cirúrgica para ver se conseguiriam
remover o tumor. Dessa vez o cirurgião deixou a sala de operações
com um sorriso no rosto. Ele disse acreditar que seria possível
remover o tumor por inteiro. A oncologista disse aos pais de Michelle
que a reação dela à quimioterapia não poderia ter sido melhor.
Mas a jornada de Michelle não estava encerrada. Os médicos ainda
queriam que ela se submetesse a um transplante de medula óssea,
para assegurar que até os vestígios microscópicos do câncer
houvessem sido removidos. A família defrontou-se com outra decisão
dificii. Eles consideraram cuidadosamente todas as informações que
puderam reunir e, com base nelas, o pai de Michelle disse à
oncologista que consentiriam no transplante de medula. A médica
poderia realizá-Io, com uma única condição: os pais de Michelle
insistiram em que ela tomasse suplementos nutricionais durante o
transplante.
A princípio a oncologista recusou-se. Ela acreditava que os
suplementos nutricionais cerceariam a eficácia de seu tratamento.
Quando o pai de Michelle perguntou à médica se ela possuía estudos
na literatura médica que sustentassem sua preocupação, ela replicou:
"Não, mas essa é uma questão teórica".
Então o pai de Michelle, que era também médico de pronto-socorro,
contou que a menina estivera tomando suplementos durante todo o
tratamento anterior. Ela não somente sobrevivera ao tratamento como
apresentara uma reação excepcional. O pai de Michelle deixou claro
que ele e sua esposa insistiam em que a filha mantivesse os
suplementos enquanto se submetesse ao transplante de medula
óssea.
A oncologista concordou em pedir ao farmacologista de oncologia que
investigasse os suplementos que Michelle vinha tomando, para
certificar-se de que não haveria conflitos com os medicamentos.
Depois de pesquisas extensivas do farmacologista, todos
concordaram em que Michelle poderia, afinal, tomar suplementos
durante o transplante de medula. O procedimento foi dificil, mas ela
sobreviveu e se recuperou. Na verdade, a oncologista disse aos pais
que nunca vira criança alguma recuperar-se tão rápido de tal
procedimento. Sua obstinação bem valera o esforço.
Michelle e sua mãe rezaram muitas vezes durante aqueles meses
difkeis, pedindo que, ao fazer 5 anos, a menina pudesse entrar no
jardim da infància com seus amigos. E Michelle estava forte o
bastante para enfrentar seu primeiro dia de jardim da infància.
Passaram-se mais de 3 anos desde seu diagnóstico de câncer. Com 7
anos, Michelle está ocupada andando de bicicleta, pulando corda e
mantendo-se em dia com a moda e com as muitas coleguinhas.

A medicina nutricional nos oferece a maior esperança em nossa luta
contra o câncer e diversas outras doenças degenerativas. Ela não
somente ajuda a prevenir o câncer como pode até mesmo ajudar na
quimioterapia e na radioterapia. Como poderia ser ruim o processo de
fortalecer a defesa natural do corpo? Os médicos não deviam desejar
que seus pacientes estivessem o mais sadios possível, já que o
tratamento do câncer os submeterá à maior prova que jamais
enfrentarão na vida?
Os antioxidantes naturais e seus nutrientes de apoio são agentes
quimiopreventivos ideais, por muitas razões. Eles:

. limitam e mesmo evitam os danos causados pelos radicais livres ao
núcleo de DNA da célula;
. proporcionam os nutrientes adequados para que o corpo repare
quaisquer danos já ocorridos;
. são seguros e podem ser tomados a vida toda (as drogas
farmacêuticas não partilham dessa vantagem - o tamoxifeno, que
mostrou reduzir o risco de câncer da mama, tem efeitos colaterais
muito sérios);
. são relativamente baratos (os nutrientes que recomendo para a
prevenção custam entre US$ 1,00 e US$ 1,50 por dia);
. oferecem a melhor defesa contra novos avanços do câncer;
. protegem o corpo contra o estresse oxidativo gerado pela
quimioterapia e pela radiação;
. aumentam a capacidade da quimioterapia e da radiação para
combater o câncer;
. inibem a replicação e o crescimento do câncer;
. demonstraram ser capazes de fazer o tumor regredir em alguns
casos.

Não podemos negar que a eficiência dos tratamentos tradicionais
contra o câncer atingiram um bom patamar. Oncologistas e
radioterapeutas devem ter a mente mais aberta no que se refere ao
uso de antioxidantes em seus pacientes. Com pesquisadores
considerando seriamente o uso de múltiplos antioxidantes em níveis
otimizados, a prevenção e o tratamento do câncer podem passar por
uma revolução. Enquanto isso, as pesquisas atualmente disponíveis
favorecem o uso de antioxidantes em todos os estádios da
quimioprevenção e da terapia do câncer.

NOVE - O Estresse Oxidativo e Seus Olhos
NADA ERA CAPAZ DE DESANIMAR MAVIS. DEPOIS DE PERDER
O MARIDO, MUITOS ANOS antes, ela se tornou durona e
independente. Adorava viajar e saía sozinha sem o menor sinal de
hesitação. Mavis sabia o que era viver.
Não, nada era capaz de desanimar Mavis... exceto o medo sombrio da
cegueira iminente. Em 1983, Mavis, que adorava ver relâmpagos
rompendo o céu da noite, que conseguia perceber diferenças sutis na
paisagem aparentemente sem-fim das pradarias abertas, notou que
estava tendo dificuldades com a visão. Como sua vista não
melhorasse, ela concluiu ser hora de ir ao centro da cidade visitar o
oftalmologista local.
Naquele dia ele lhe apresentou o diagnóstico de degeneração
macular. E tudo pareceu arrastar-se como em câmera lenta enquanto
ela voltava para o carro.
Embora Mavis não conhecesse seu problema específico, ela sabia
que tinha de usar a visão que lhe restava - e o tempo estava se
esgotando. Ela se atualizou lendo tudo o que pôde sobre sua doença.
Se houvesse uma solução, Mavis a encontraria.
Mas o que lera não era nada bom. Os livros diziam que os médicos
não poderiam fazer nada por ela, exceto ver sua vista deteriorar-se. E
foi exatamente isso o que ocorreu.
Durante os 14 anos seguintes, a vista de Mavis continuou a declinar. A
princípio ela teve de parar de dirigir à noite. Depois descobriu que
dirigir no inverno tornara-se igualmente impossível, pois os céus
cinzentos mesclavam-se à estrada. Os invernos duram muito na
Dakota do Sul.
O velho Chevy ficou parado no acostamento. Mas a mesma
determinação briosa que guiara Mavis em muitas nevascas a levou a
encontrar soluções. Em um dia de abril de 1997, meu telefone soou e
Mavis falou. Ela ligou para o lugar certo. Depois de compartilhar com a
mulher da Dakota do Sul tudo o que o presente capítulo diz sobre
degeneração macular, expus-lhe as doses recomendadas de
suplementos nutricionais. Mavis começou a tomar um potente tablete
mineral e antioxidante, além de altas doses de extrato de sementes de
uva.
Passados poucos meses, a vista de Mavis começou a melhorar. Sua
visão ficava mais clara e, mesmo à noite, ela enxergava melhor. Ela
ficou muito animada em sua visita posterior ao oftalmologista, pois
este lhe confirmou as boas notícias. Na verdade, sua visão aquele dia
estava no mesmo nível de 1991 - 6 anos antes!
O velho carro já não ficava no acostamento. Mavis tinha lugares para
visitar - coisas para ver. Dirigir no inverno e à noite ainda a
preocupavam, mas o antigo e persistente receio de perder a vista já
não a desalentava. Essa mulher obstinada, que sabia como viver,
voltou a contemplar com prazer o imenso céu noturno e as pradarias
abertas, até que o Senhor a tomou para si no outono de 2001.

Os Problemas Que os Olhos Têm
O papel do estresse oxidativo como causa de mudanças
degenerativas nos olhos gerou grande interesse no uso de vitaminas e
minerais antioxidantes como meios de prevenir ou mesmo tratar
doenças oftálmicas ligadas à idade. Nada menos do que seis estudos
clínicos multicêntricos de grande porte vêm sendo realizados para
analisar cuidadosamente o uso de diversos suplementos nutricionais
nas doenças a seguir.

Catarata

A cirurgia de catarata é o procedimento cirúrgico mais comum entre
pacientes acima dos 60 anos. Seu impacto econômico no sistema de
saúde norte-americano é tremendo. Nos Estados Unidos, os cirurgiões
oftalmologistas realizam 1,3 milhão de cirurgias de catarata por ano,
com um custo total de mais de US$ 3,5 bilhões. Estimou-se que um
atraso de 10 anos no desenvolvimento de catarata na população
americana eliminaria a necessidade de cerca de metade dessas
cirurgias.
O cristalino dos olhos coleta e concentra a luz na retina. Para
desempenhar bem sua função, ele deve permanecer límpido durante
toda nossa vida. Conforme envelhecemos, diversos componentes do
cristalino podem ser danificados e a opacidade pode sobrevir, levando
à catarata senil.
Pesquisadores médicos acreditam ser essencial determinar se o
fornecimento de níveis adequados de nutrientes antioxidantes aos
olhos durante a juventude podem preservar o funcionamento do
cristalino, protegendo-o da formação de catarata. Estudos básicos
sustentam a teoria de que os radicais livres são, uma vez mais, os
culpados; eles surgem das lesões causadas pelos raios solares
ultravioletas, e provocam a catarata.
Os antioxidantes naturais que o corpo produz (a glutationa peroxidase,
a catalase e o superóxido dismutase) constituem o sistema primário
de defesa dos olhos. Mas pesquisadores perceberam que o sistema
natural de defesa antioxidante não basta para proteger totalmente os
olhos. Na verdade, diversos estudos clínicos consideraram a
possibilidade de que quantidades maiores de antioxidantes dietéticos
e suplementares possam ser uma proteção contra danos oxidativos ao
cristalino.
Antioxidantes descobertos no fluido à volta do cristalino são
fundamentais para proteger o cristalino em si. Assim, o
desenvolvimento da catarata ocorre em um ritmo muito mais
acelerado se tal fluido contiver índices baixos de antioxidantes
adicionais. O antioxidante mais importante nesse fluido é a vitamina C.
Ela é solúvel em água e existe em alta concentração ao redor do
cristalino. Outros antioxidantes encontrados nesse fluido são a
vitamina E, o ácido alfalipóico e o betacaroteno.
Diversos estudos epiderniológicos demonstraram a associação entre o
nível de vitamina C, vitamina E e betacaroteno e o risco de
desenvolvimento de catarata. Um estudo de caso-controle na
Finlândia mostrou que indivíduos com os níveis mais baixos de
vitamina E e betacaroteno tinham de quatro a cinco vezes mais
chances de requerer cirurgia de catarata.5 Outro estudo demonstrou
que os indivíduos que ingeriam vitaminas suplementares tinham um
risco no mínimo 50% menor de desenvolver catarata.
Há boas evidências médicas de que a proteção antioxidante natural de
seus olhos se reduz significativamente com a idade. Muitos estudos
clínicos diferentes proporcionam evidências de que as pessoas que
ingerem vários suplementos antioxidantes protegem os olhos ao longo
do envelhecimento. Pesquisadores descobriram que, quanto mais alto
o nível de vitamina C no fluido aquoso em torno dos olhos, maior a
proteção contra a formação de catarata.? Demonstrou-se que o ácido
alfalipóico, em razão de seu efeito sinergético, intensifica a ação de
todos esses antioxidantes na proteção do cristalino. Estudos clínicos
recentes também revelam que tanto o ácido alfalipóico como a
vitamina C têm a capacidade de regenerar a glutationa intracelular, de
modo que esta possa ser usada repetidas vezes.
Só espero que, nos próximos anos, todos os médicos recomendem
antioxidantes como meio de proteção contra catarata. Conforme os
estudos clínicos começarem a revelar suas descobertas, saberemos
mais sobre antioxidantes específicos e seus níveis suplementares.
Mas acredito que já existam evidências suficientes agora para
autorizar a recomendação de suplementos antioxidantes aos
pacientes, como método relativamente barato de reduzir essa alta
incidência de formação de catarata.

Degeneração Macular

Nos Estados Unidos, a degeneração macular relacionada à idade
(DMRI) é a principal causa de cegueira entre pessoas com mais 60
anos de idade. Para os que não conhecem essa doença, trata-se da
deterioração de uma parte fundamental da retina chamada de mácula.
É nela que se localiza a maior concentração de fotorreceptores, e é
ela a área responsável pela visão central. Quando essa área dos
olhos começa a declinar, perdemos essencialmente a visão central, a
parte mais importante de nosso campo visual. Se um indivíduo com
DMRl encarar você de frente, ele não verá seu rosto, mas conseguirá
enxergar coisas à sua volta. Em outras palavras, a visão periférica
permanece intacta.
A degeneração macular se apresenta sob duas modalidades
diferentes: úmida e seca. Dos casos, 90% são da modalidade seca,
em que a visão central se reduz gradualmente, podendo converter-se
na modalidade úmida em cerca de 10% dos casos. Não existe
atualmente nenhum tratamento comprovado para a modalidade seca
de degeneração macular.
A modalidade úmida causa uma redução mais rápida da visão central,
o desenvolvimento de novos vasos e o possível vazamento vascular.
Ela é potencialmente tratável por meio de fotocoagulação a laser.
Esse tratamento tenta reduzir a produção de novos vasos os quais
causam inchaços (edemas) e vazamentos ou sangramentos que
escoam para a retina - e estancar o sangramento que daí pode advir.
A cegueira, contudo, costuma seguir-se pouco tempo depois.
A Prevent Blindness America estima que 14 milhões de norte-
americanos têm indícios de DMRl. O Estudo Beaver Dam EyeIldeclara
que nos EUA 30% das pessoas com mais de 75 anos têm DMRl, e,
dos 70% restantes, 23% a desenvolverão dentro de 5 anos.

Mecanismo de Lesão da Retina

Nos últimos anos, pesquisadores fizeram proposições interessantes
acerca da verdadeira causa da degeneração macular relacionada à
idade (OMRI). Essas teorias sugerem que a luz que penetra o olho e
se foca na mácula da retina causa uma significativa produção de
radicais livres no lado exterior desses fotorreceptores. Uma vez mais,
se não houver antioxidantes disponíveis para neutralizar de imediato
os radicais livres, esses podem causar danos aos fotorreceptores.
Essa forma de estresse oxidativo também causa danos comprovados
à alta concentração de gorduras poliinsaturadas (PUFA's -
PoliUnsaturated Fatty Acids) na retina exterior e nos fotorreceptores.
A exemplo do que ocorre com os danos oxidativos causados pelo
colesterol LOL, as PUFA's oxidadas e lesadas provocam a formação
de lipofuscina - um agrupamento de produtos lipídios e protéicos
reunidos no epitélio pigmentar retiniano. A lipofuscina agrava o
estresse oxidativo da retina, e pesquisadores acreditam ser essa a
verdadeira causa da avaria e destruição desses sensíveis
fotorreceptores.
Essas substâncias tóxicas podem se acumular nas células do epitélio
pigmentar e são finalmente excretadas na forma de drusas. A
formação de drusas é um dos primeiros sinais, para um oftalmologista,
de que o paciente está desenvolvendo OMRI. Conforme as drusas se
acumulam entre as células pigmentares e seu suprimento de sangue,
elas bloqueiam a troca de nutrientes e as células fotorreceptoras já
não têm como funcionar, o que faz surgir uma área de cegueira.


A Geração de Radicais Livres na Retina
Como observei, quando o pigmento retiniano e os fotorreceptores
absorvem a luz, o processo produz radicais livres. A luz ultravioleta de
alta energia e a luz azul visível são especialmente capazes de
produzir radicais livres nocivos na retina ocular. Como você talvez
deduza, pacientes expostos a essa luz de alta energia, durante
períodos prolongados, correm um risco consideravelmente maior de
desenvolver DMRl. Estudos sugerem que, conforme envelhecemos,
os sistemas de defesa antioxidante que nos protegem dos radicais
livres gerados pelas ondas luminosas de alta energia declinam
significativamente. Isso prejudica, como é óbvio, o equilíbrio que
nosso corpo estabelece entre antioxidantes e radicais livres,
provocando danos crescentes na retina dos olhos.
Diversos estudos demonstraram que pessoas com degeneração
macular têm níveis reduzidos de zinco, selênio, vitamina C,
carotenóides e vitamina E, em comparação com pessoas livres da
doença. Estudos clínicos examinaram os efeitos da suplementação de
nutrientes isolados para verificar se esses poderiam aliviar a DMRl ou
retardar seu desenvolvimento. Segue-se uma compilação condensada
dos resultados.

Carotenóides

"Ora, Ray, coma suas cenouras. Elas são boas para a vista." Ainda
posso ouvir minha mãe incentivando-me a comer as cenouras com
creme antes de sair da mesa para brincar.
Seus pais também já lhe disseram que comesse cenouras? Os
médicos acreditavam então que o betacaroteno presente nelas fosse
necessário à vista saudável e à visão noturna. Isso é, de certo modo,
verdadeiro, mas o betacaroteno é apenas um dentre vários
carotenóides importantes que se encontram no corpo. Na verdade é
mais importante comer milho, verduras e couve, pois esses, sim,
contêm em grande quantidade os carotenóides chamados luteina e
zeaxantina.
Como são amarelas, a luteína e a zeaxantina absorvem com eficácia a
parte azul da luz visível. A luz azul é a luz de alta energia mais capaz
de prejudicar o cristalino e a retina ocular. Quando esses dois
nutrientes estão presentes no cristalino e na mácula, nossos olhos
absorvem a luz azul e minimizam o estresse oxidativo. Eles agem
essencialmente como óculos de sol internos; eliminam a luz danosa
de alta energia e reduzem o número de radicais livres produzidos
pelas células fotorreceptoras. Esses nutrientes são também
antioxidantes muito potentes e, como tais, capazes de ajudar a
neutralizar quaisquer radicais livres que surgirem nessa região dos
olhos.
Estudos Mostram Como a Luteína Ajuda a Proteger os Olhos

Pacientes que tomaram luteína e zeaxantina em suplementação não
somente conseguiram elevar o nível desses nutrientes no sangue
como também aumentaram consideravelmente sua incidência dentro
dos olhos. O pigmento macular, que protege a retina de lesões,
aumentou entre 20% e 40% nesses estudos, enquanto a luz azul
transmitida aos fotorreceptores maculares e ao pigmento macular
reduziu-se em cerca de 40%.
O Journal of lhe American Medical Association declarou, em sua
edição de 9 de novembro de 1994, que os pacientes com a maior
incidência dos dois nutrientes amarelos (a luteína e a zeaxantina) em
sua dieta tinham um risco de desenvolver DMRI 43% menor do que o
dos pacientes com a menor incidência. O interessante é que esses
benefícios não foram constatados no caso de pacientes com altos
níveis de betacaroteno. A luteína e a zeaxantina são os únicos
carotenóides depositados especificamente na mácula dos olhos.
Embora o betacaroteno encontrado nas cenouras com creme seja
saudável para o consumo, ele não reduz o risco de DMRI. Talvez
minha mãe quisesse dizer simplesmente: "Coma seus carotenóides" .

Vitamina C

Pessoas com baixos níveis de vitamina C têm maior risco de
desenvolver DMRl. A vitamina C encontra-se em alta concentração no
fluido dos olhos (o humor aquoso), e é um antioxidante muito
importante para a retina. Estudos indicam que a suplementação com
vitamina C pode retardar a progressão de DMRI. A vitamina C também
tem a capacidade de regenerar tanto a vitamina E como o potente
antioxidante intracelular glutationa.
Vitamina E

Pacientes de DMRI têm níveis reduzidos de vitamina E na área da
mácula, onde a luz de alta energia produz radicais livres em demasia,
os quais danificam os fotorreceptores. Muito embora a vitamina E não
seja o antioxidante mais importante dentro dos olhos, ela é ainda um
agente fundamental. Quando ingere vitamina E em suplementação, o
paciente pode proteger-se do desenvolvimento da DMRI.

Coenzima Q10

A esta altura você já estará familiarizado com a CoQ10, graças à
discussão sobre miocardiopatia no Capítulo 7. A CoQ10 é um
antioxidante potente e solúvel em gordura. Descobriu-se ser esse
nutriente um grande protetor das gorduras por todo o corpo. A retina
dos olhos, composta em grande parte por gordura, não é exceção.
Pacientes com DMRI apresentam quantidades bastante deficientes de
CoQ10. Os pacientes com níveis normais desta coenzima têm maior
capacidade para resistir aos danos oxidativos que o excesso de
radicais livres pode causar. A CoQ10 é nova nos estudos sobre DMRI,
e seus efeitos parecem promissores.

Glutationa

A glutationa é um antioxidante muito potente encontrado em todas as
células do corpo. Ela é fundamental sobretudo no cristalino dos olhos,
bem como nas células pigmentares e fotorreceptoras da retina.
Estudos clínicos demonstraram que, conforme envelhecemos, o nível
de glutationa declina. Esse é um fato que devemos levar em conta
quando consideramos a incidência maior de doenças oculares durante
o envelhecimento. Diversos estudos buscaram meios de aumentar o
nível desse antioxidante cmcial no cristalino e na retina.
Entre os pesquisadores, um fato bem conhecido é o de que nosso
corpo absorve pouca glutationa oralmente; elevar os níveis celulares
de glutationa por esse método é quase impossível. A melhor maneira
de aumentar a quantidade intracelular de glutationa é fornecer os
nutrientes de que o corpo necessita para produzi-Ia por si mesmo.
Lembre-se de que a glutationa peroxidase é um dos sistemas naturais
de defesa antioxidante criados pelo corpo. Os nutrientes necessários
para que o organismo elabore sua mais eficaz defesa natural são o
selênio, a vitamina B6, a N-acetil L-cisteína e a niacina.
Conforme for conhecendo melhor a nutrição celular, você começará a
perceber a importância de fornecer às células estes nutrientes
primordiais. Nesse caso, o ácido alfalipóico e a vitamina C são
também fundamentais, pois ambos têm a capacidade de regenerar a
glutationa. Como é dificil aumentar os níveis de glutationa dentro da
célula, tais nutrientes devem estar presentes também como
suplementação, de modo que a glutationa possa ser usada por
repetidas vezes.
Pesquisadores demonstraram que, quando as células pigmentares
retinianas e as células receptoras contêm níveis otimizados de
antioxidantes, elas são muito mais capazes de se proteger do dano
oxidativo. O cristalino também fica mais protegido de lesões oxidativas
quando os níveis de glutationa são mais elevados.

Zinco e Selênio

O zinco e o selênio são minerais importantes e necessários a nosso
sistema antioxidante. O zinco é fundamental para o funcionamento de
nosso sistema de defesa antioxidante por catalase, e o selênio é
necessário ao sistema de glutationa peroxidase. Estes dois sistemas
defensivos são essenciais na batalha contra os radicais livres
produzidos nos olhos. Se o zinco e o selênio não estiverem
disponíveis em quantidades adequadas, eles não funcionarão em seu
nível máximo. Muitos estudos vêm mostrando que, quando se
suplementam esses minerais, especialmente o zinco, a DMRl pode
estabilizar-se e até melhorar.
A História de Faye
Uma de minhas pacientes de longa data veio acompanhar o marido
em um exame de rotina. Durante a visita, Faye revelou-me que
acabara de saber que tinha degeneração macular.
Viajando para o Texas para ver a família, ela se deu conta de que não
enxergava nada distintamente. Limpava continuamente seus óculos e
os punha de novo, só para constatar que ainda não enxergava direito.
Concluiu, então, ser hora de mudar o grau de seus óculos. Chegando
em casa, de imediato ela foi visitar o oculista local, que não descobriu
nada de errado em seu caso.
Mas a vista de Faye piorava. Quando ia à igreja, ela não distinguia o
rosto dos coristas. Preocupada, marcou uma consulta com um
oftalmologista local, especializado em doenças da retina. Ele a
examinou e, imediatamente, apresentou-lhe o diagnóstico de
degeneração macular. Faye já havia perdido boa parte da visão do
olho esquerdo, e o médico a fez saber que a sua era a modalidade
úmida de degeneração macular. Ele teria de acompanhá-Ia de perto,
para o caso de ela requerer tratamento a laser.
Expliquei a Faye as pesquisas que fizera no campo da degeneração
macular e o modo como diversos de meus pacientes obtinham
melhorias de visão tomando suplementos nutricionais. Ela quis,
evidentemente, tentar e eu a submeti ao programa suplementar
descrito no Capítulo 17.
Em dois meses Faye participou-me que sua vista melhorara bastante
e até se aproximava do normal. Ela conseguia enxergar todos os
rostos no coral.
Esta história ocorreu há 5 anos, e Faye continua a tomar os
suplementos nutricionais. Sua vista permaneceu basicamente estável.
Faye continua visitando seu oftalmologista de meses em meses, mas
não precisou de nenhuma cirurgia a laser até o momento. Seus
médicos lhe dizem que seus olhos estão lindos.
Protegendo Seus Olhos da Catarata e da
Degeneração Macular Relacionada à Idade
Compartilhei com você um bocado de informações técnicas. Mas só o
fiz para que você conhecesse as evidências médicas necessárias para
tomar sua importante decisão quanto aos suplementos nutricionais e à
prevenção de doenças oculares. Essas recomendações também se
aplicam aos que já possuem catarata ou degeneração macular e
desejam retardar o processo. Mas prevejo que você se perguntará:
Como isso tudo funciona na prática?
Em minha prática clínica sou notadamente agressivo com meus
pacientes de degeneração macular, pois quero verificar se podemos
reverter parte do dano causado pelo estresse oxidativo. Estive
pessoalmente acompanhando mais de uma dúzia de pacientes cujos
oftalmologistas documentaram melhorias visuais após a adoção
dessas recomendações.
Em primeiro lugar, é fundamental que todos protejamos nossos olhos
dos nocivos raios solares de alta energia, que são a causa oculta do
estresse oxidativo dos olhos. Em um jovem saudável, a córnea e o
cristalino, que protegem a retina, absorvem a maior parte desta luz
ultravioleta, mas não bloqueiam nem absorvem a luz azul visível,
também de alta energia. Conforme envelhecemos, o cristalino deixa
passar cada vez mais a luz ultravioleta, deixando de proteger a retina
dessa ameaça.
Quando se trata de proteger os olhos, o inimigo é a luz solar. É muito
importante que reduzamos a quantidade de estresse oxidativo que
nosso corpo precisa combater. Comprar óculos escuros de alta
qualidade, que bloqueiem totalmente a luz ultravioleta e a luz azul
visível, será de fato um ótimo investimento. Com isso, você não terá
de neutralizar tantos radicais livres.
Estudos clínicos sobre os olhos indicam que, quando o sistema
defensivo antioxidante fica sobrecarregado, tudo vem abaixo e dá
lugar ao estresse oxidativo. Todos precisamos tomar mais cuidado
protegendo nossos olhos e nosso rosto da luz solar direta. Pessoas
que trabalham externamente, ou que se envolvem em esportes e
atividades durante os quais se expõem à luz solar intensa, devem usar
óculos protetores sempre que estiverem a descoberto.
A outra metade da equação é, uma vez mais, equipar o sistema de
defesa antioxidante de nosso corpo. Diversos estudos demonstraram
que podemos fazê-lo pela ingestão de suplementos nutricionais. Em
um estudo específico, 192 pacientes com degeneração macular
tomaram antioxidantes comparados com 61 pacientes-controle que
não tomaram. Passados seis meses, 87,5% dos pacientes da
suplementação tinham acuidade visual igual ou melhor do que no
início do estudo. Somente 59% do grupo sem suplementação
conseguiu obter esse resultado.
Volto a dizer que indicarei, no Capítulo 17, os antioxidantes a serem
tomados.

Dois anos atrás, um dos oftalmologistas da cidade abordou-me no
estacionamento de um restaurante. Ele perguntou: "Que coisa
nutricional é essa que você recomenda a seus pacientes de
degeneração macular? Acabo de ver uma senhora em meu
consultório cuja visão melhorou de 20:100 para 20:40 nos dois olhos.
Eu nunca tinha visto isso em pacientes de degeneração macular."
Expliquei sucintamente os conceitos apresentados neste capítulo.
Pondo seus óculos de sol, o oftalmologista abriu a porta do carro. Com
uma piscada e um sorriso, ele disse: "Pode ajudar quantos pacientes
de degeneração macular quiser, mas não ajude os de catarata.
Sempre podemos operá-los."
Eu sabia que ele estava somente brincando, e apreciei seu interesse
genuíno nos suplementos nutricionais. Como há pouca dúvida de que
a causa oculta da catarata e da degeneração macular seja o estresse
oxidativo, acredito que devemos ser, sim, agressivos em nosso
programa de suplementação. Afinal de contas, não existe nenhum
tratamento eficaz para a DMRI, e muitos pacientes podem evitar a
necessidade de cirurgia de catarata. Como uma solução tão simples
poderia ter resultados melhores?

DEZ - Doenças Auto-Imunes
SENDO O MAIS JOVEM DE SEIS IRMÃOS, MARK TINHA DE SER
DURÃO PARA ACOMPANHAR os demais. Era um rapazinho
saudável que adorava tudo o que se relacionasse com jogos de bola e
uma pitada de competição. Ele praticava diversos esportes, mas o
filteboI sempre foi seu favorito.
Um dia, quando tinha 12 anos, Mark estava correndo vigorosamente
com a bola quando começou a sentir cãibras. Logo estava prostrado
com dores no estômago. As cãibras continuaram a agravar-se durante
os dias seguintes, acompanhadas de diarréia e vômitos. Como Mark
não reagisse a nenhum dos medicamentos indicados pelo balconista
da farmácia, seus pais finalmente o levaram para o pronto-socorro,
onde ele recebeu o diagnóstico de apendicite. Depois de uma rápida
cirurgia e convalescença, Mark recebeu alta do hospital.
Ele não se demorou em casa. Voltou ao hospital em 24 horas, devido
a crescentes dores abdominais, diarréia com sangue e vômitos. Mark
estava muito mais doente do que antes da operação.
O jovem foi reinternado no hospital; todavia, os médicos locais
estavam perplexos. Enviaram Mark ao departamento de
gastroenterologia pediátrica no Centro Médico da Universidade de
Loma Linda; lá os médicos o internaram de imediato na unidade
pediátrica de terapia intensiva. Realizaram uma colonoscopia no dia
seguinte e fizeram várias biópsias de seu intestino delgado e de seu
cólon.
O que os pais de Mark viram no monitor durante o procedimento os
deixou tomados de incredulidade. Mais tarde me contaram que o
revestimento do intestino de Mark parecia um pavimento de
paralelepípedos. Os médicos de Loma Linda concluíram que Mark
tinha uma desordem auto-imune chamada doença de Crohn, bem
como uma infecção bacteriana secundária por um microorganismo
chamado C. difficile.
Mark sentia grande dor e desconforto, como você pode imaginar - uma
dura prova para um garoto! Seus médicos prescreveram-lhe
imediatamente 200 mg de prednisona, bem como antibióticos e
analgésicos narcóticos. Eles consultaram os cirurgiões, e teve início
um debate de recorrência diária sobre extrair ou não uma grande parte
do intestino de Mark. Mas optaram por esperar e observar o progresso
do menino durante as semanas seguintes.
Mark melhorou pouco a pouco, e uma nova colonoscopia mostrou que
a infecção se havia sanado. Isso tornou mais visível a típica aparência
ulcerosa da doença de Crohn. Os médicos se reuniram com os pais e
os informaram de que essa era uma doença auto-imune incurável.
Explicaram que, por alguma razão, o sistema imunológico de Mark
começara a atacar seu próprio intestino, provocando uma inflamação
e uma destruição tremendas. A equipe de médicos queriam submeter
Mark a uma droga quimioterapêutica chamada Imuran, muito embora
ele viesse tomando doses altíssimas de prednisona e analgésicos
narcóticos. Mark começou a tomar o Imuran, e depois de seis
semanas de hospitalização recebeu encantado sua alta.
Uma vez mais sua permanência em casa foi breve e, uma semana
depois, ele vinha sentindo tamanha dor abdominal que teve de ser
reinternado no hospital.
Em geral, os médicos tratam pacientes de doenças auto-imunes com
drogas que suprimem o sistema imunológico. Como é o próprio
sistema imunológico do corpo que o ataca, é sensato suspender
agressivamente sua atividade. Mas um dos maiores efeitos colaterais
desses medicamentos poderosos é que eles também sustam a defesa
natural antioxidante. A doença de Crohn estava sendo controlada no
caso de Mark, mas seu abatido sistema imunológico o deixou
vulnerável a todo tipo de infecções. Um resfiiado poderia virar uma
grave pneumonia, e a influenza comum o debilitaria por semanas. E,
de fato, durante o primeiro ano após seu ataque inicial no campo de
futebol, Mark teve de ser internado sete vezes em resultado de
infecções graves. Foi mais ou menos nessa época que comecei a
acompanhar o garoto.
O pai de Mark consultou-me em busca de conselhos médicos após um
encontro em San Diego no qual eu discursara, e perguntou-me o que
eu recomendaria. Eu lhe disse que receitaria a Mark um potente
tablete mineral e antioxidante, além de altas doses de extrato de
sementes de uva e de CoQ10. Também incentivei seus pais a
providenciar quantidades adequadas dos ácidos graxos essenciais em
sua dieta, ou suplementá-Ia com óleo de linhaça ou de peixe. Isso
tudo reestimularia o sistema de defesa antioxidante de Mark.
Mark começou lentamente a melhorar, mas ainda sofria com dores
abdominais e com os efeitos colaterais das drogas. Gradualmente
seus médicos o liberaram da prednisona, mas não do Imuran. A mãe e
o pai de Mark voltaram a consultar-me, e recomendei que pedissem
uma segunda opinião de um gastroenterologista pediátrico particular.
Depois de constatar que Mark passava bem, apesar dos efeitos
colaterais do Imuran, o médico particular sentiu que valeria a pena
dispensá-Io de todos os medicamentos, inclusive dos analgésicos e do
Imuran. Mark foi liberado gradualmente do Imuran e, com a ajuda de
um psicólogo que lhe ensinou técnicas de relaxamento, pôde
suspender também os analgésicos. Por fim, o garoto ficou livre de
medicamentos, sentindo-se melhor do que nunca desde seu primeiro
ataque.
Mark vem progredindo muito e segue uma dieta normal. Fiquei feliz ao
revê-Io recentemente, aos 15 anos e muito ativo. Que experiência
assustadora e dolorosa ele e seus pais tiveram! Uma doença que para
muita gente deixa pouca esperança é controlável no caso de Mark. Ele
está livre de dores e, por dois anos e meio, não sofreu nenhum
agravamento da doença de Crohn. É desnecessário dizer que todos
estamos otimistas quanto a seu futuro.
A questão que fica é: como pôde o sistema imunológico de Mark
voltar-se de tal modo contra ele? Nosso sistema imunológico não
deveria nos ajudar? Comecemos verificando como esse sistema
deveria funcionar.
O Sistema Imunológico: Nosso Grande Protetor
Nosso sistema imunológico nos protege de vírus, bactérias, fungos,
proteínas estranhas e células cancerígenas anormais. Trata-se de um
sofisticado entrelace de vários tipos de células imunológicas. Embora
o escopo deste livro não me permita entrar em muitos detalhes quanto
ao intrincado funcionamento de tal sistema, creio ser importante que
você saiba quais são seus principais agentes. Eis uma breve
descrição das funções de cada um.

Os Diversos Agentes de Nosso Sistema Imunológico
Os macrófagos (ou fagócitos) são os glóbulos brancos que funcionam
como verdadeiros Pac Man, atuando na primeira linha de defesa. Eles
podem atacar qualquer invasor estranho (vírus ou bactérias) e
literalmente engoli-Ios. Mas, às vezes, os macrófagos não sabem se o
agente ao qual eles se ligaram para promover sua destruição é um
corpo estranho ou não. Eles não desejam, de forma alguma, destruir
algo que faz parte do corpo (como no caso de Mark). É então que
pedem ajuda às células T auxiliares.
As células T auxiliares integram um grupo de glóbulos brancos
chamados de linfócitos. Elas acorrem ao local e se unem ao
macrófago na tentativa de determinar se a partícula que o macrófago
prendeu é amiga ou inimiga. Se a célula T auxiliar determinar que se
trata de um inimigo, ela secretará um hormônio chamado citocina (o
qual estimula a reação inflamatória), gerando uma reação em cadeia
que acarretará na ativação de todo o sistema imunológico. Isso põe
em ação as células B e atrai outros macrófagos e células T auxiliares
para ajudar.
As células B têm a capacidade de eliminar o intruso com enzimas que
o destroem, mediante a criação de estresse oxidativo. Algumas das
células B voltarão aos gânglios linfáticos para criar anticorpos contra
os intrusos. Se o mesmo intruso voltar a aparecer, nosso sistema
imunológico estará preparado, graças a esses anticorpos.
As células citotóxicas naturais podem destruir qualquer coisa em seu
caminho. Elas inundam de toxinas e enzimas destrutivas as células
infectadas, o que destrói efetivamente todos os invasores estranhos
ou células de crescimento anormal, como as cancerígenas.
As células T supressoras são a tropa de choque que aparece logo
depois de o invasor estrangeiro ser destruído, para tentar aquietar a
tremenda resposta imunológica. Elas são fundamentais para o
controle de danos colaterais. Se uma resposta altamente reativa como
essa não for cerceada, podem ocorrer grandes danos no tecido
normal circunvizinho. É isso que torna a reação inflamatória tão
perigosa. Embora seja absolutamente necessária para controlar
intrusos potencialmente infecciosos, se fugir ao controle, a resposta
inflamatória pode causar grandes estragos.
Você já sabe que os suplementos nutricionais podem fortalecer
significativamente o sistema natural de defesa antioxidante do corpo.
Neste capítulo você também começará a perceber que os mesmos
suplementos nutricionais podem contribuir, em muito, para nosso
sistema imunológico. O dr. Karlheinz Schmidt afirmou: "O
funcionamento otimizado do sistema de defesa do hospedeiro
depende de um suprimento adequado de micronutrientes
antioxidantes". É evidente que, para que nosso sistema imunológico
consiga proteger-nos de acordo com o que foi planejado por Deus,
precisamos ter todos os nutrientes em níveis otimizados.

Os Nutrientes e Nosso Sistema Imunológico
Examinemos, uma vez mais, a literatura médica e vejamos como cada
um desses nutrientes afeta, de fato, nossa resposta imunológica.
Vitamina E

Macrófagos deficientes em vitamina E liberam mais radicais livres e
vivem menos. Nosso sistema imunológico usa esta produção de
radicais livres para destruir os invasores estranhos, valendo-se
precisamente da criação de estresse oxidativo. Este é o lado "bom" do
estresse oxidativo, desde que fique sob controle. A deficiência de
vitamina E também afeta a diferenciação de nossas células T no rimo;
isso provoca um desequilíbrio entre as células T auxiliares e T
supressoras. A baixa produção de células T supressoras é uma das
principais razões pelas quais a resposta inflamatória pode fugir ao
controle. Lembre-se de que as células T supressoras são a tropa de
choque essencial para apaziguar a resposta imunológica e limitar os
danos colaterais. Alguns pesquisadores acreditam que o mau
funcionamento das células T supressoras esteja no âmago da
resposta auto-imune.
Estudos demonstram que a suplementação de vitamina E corrige esta
deficiência do sistema imunológico e ajuda a eliminar infecções.
Estudos clínicos demonstraram ainda que o efeito pró-imunológico da
suplementação de vitamina E é ainda maior em idosos e em
indivíduos com síndromes de má absorção. A doença de Mark, por
exemplo, envolvia tanto o intestino delgado como o cólon, o que
provocava essencialmente uma má absorção desses nutrientes. A
suplementação de vitamina E também pode proteger dos efeitos
imunossupressores do cortisol, o qual é liberado em grandes
quantidades no caso de respostas que envolvem estresse.

Carotenóides

Uma propriedade bem conhecida dos carotenóides é sua capacidade
de proteger o tecido normal circunvizinho de danos potenciais
provocados pela reação inflamatória do sistema imunológico. A
suplementação de carotenóides pode aumentar o número e a
eficiência das células T auxiliares e das células citotóxicas naturais,
que, como você já aprendeu, constituem uma parte importante de
nosso sistema defensivo contra células cancerígenas. Isso melhora,
em muito, a detecção de tumores de nosso sistema imunológico.

Vitamina C

O dr. Linus Pauling teve grande influência na conscientização das
pessoas quanto à importância da suplementação de vitamina C, bem
como de sua capacidade de fortalecer o sistema imunológico. Embora
ainda discutamos se doses maciças de vitamina C são boas para o
resfriado comum, seus efeitos benéficos para o sistema imunológico
estão muito bem estabelecidos. Demonstrou-se que a vitamina C
melhora o funcionamento dos macrófagos. Isso fortalece
significativamente a primeira linha de defesa contra infecções
bacterianas.
É mais prudente tomar boas doses diárias de vitamina C do que tomar
doses maciças no momento em que se acredita estar com uma
infecção. Em um certo estudo, as pessoas que tomavam um grama
diário de vitamina C durante mais de dois meses apresentaram uma
melhoria notável em diversos aspectos do sistema imunológico. A
vitamina C também tem a capacidade de regenerar a vitamina E e de
lidar com os excessivos radicais livres que se encontram no plasma.
Ambas as propriedades incrementam a capacidade da vitamina C de
aprimorar o sistema imunológico.

Glutationa

A suplementação das matérias-primas da glutationa (a N-acetil L-
cisteína, o selênio, a niacina e a vitamina B2) tem trazido melhoras
significativas ao sistema imunológico como um todo. Mesmo pacientes
infectados pelo HIV experimentaram esse efeito positivo.
Coenzima Q10

Conforme envelhecemos, nossos níveis de CoQ10 declinam e deixam
a rnitocôndria (o forno da célula) especialmente vulnerável a lesões
oxidativas. A CoQ10 é fundamental para o funcionamento otimizado
do sistema imunológico, em razão de seu papel considerável na
produção de energia nas células desse sistema. Demonstrou-se que a
suplementação de CoQ10 reverte esses problemas e fortalece
consideravelmente o sistema imunológico.

Zinco

Praticamente todas as funções de nosso sistema imunológico
requerem zinco. Sua deficiência prejudica diversos aspectos do
sistema: o número de linfócitos se reduz, o funcionamento de muitos
glóbulos brancos sofre drasticamente e os níveis do hormônio
timoestimulante, que é um forte estimulador do sistema imunológico,
caem.
Muita gente recorre a pastilhas de zinco quando contrai um resfriado.
Estudos demonstraram que a ingestão dessas pastilhas de duas em
duas horas pode reduzir, em muitos dias, a duração de um resfriado.
Pesquisadores acreditam que o zinco não somente fortalece o sistema
imunológico como inibe a replicação do vírus. Mas cumpre dar um
alerta aqui: se a pessoa consumir altas doses de zinco por períodos
muito longos, isso poderá, na verdade, suprimir seu sistema
imunológico. Não me oponho ao uso de altas doses de zinco ou
mesmo de vitamina C por períodos curtos, em caso de resfriados; mas
acredito que o uso consistente e em longo prazo de doses otimizadas
desses nutrientes como suplementação seja melhor para os sistemas
de defesa antioxidante e imunológico.
Quando todos os agentes de nosso sistema imunológico estiverem
funcionando no máximo de sua capacidade, nossa saúde, em geral,
será a óbvia beneficiária. As crianças conseguem otimizar seu sistema
imunológico pela suplementação nutricional no espaço de seis meses.
O envelhecimento é geralmente associado à avaria de nossas
respostas imunológicas, o que aumenta a freqüência e a gravidade
das infecções. As infecções, de fato (e especialmente aquelas do trato
respiratório), são a quarta maior causa de mortes entre os idosos.
O British Lancet divulgou recentemente um estudo em que pacientes
idosos receberam ou níveis otimizados de suplementos nutricionais ou
um placebo. Os pacientes que receberam suplementos nutricionais
tiveram melhorias significativas em sua resposta imunológica como
um todo, e sofreram infecções com menos freqüência e menos
gravidade do que os pacientes que receberam o placebo. Foi
necessário, pelo menos, um ano de suplementação para que
otimizassem seu sistema imunológico, mas, no final, os beneficios
foram muito expressivos. Esse estudo, ao lado de diversos outros,
confirma o fato de que nosso sistema imunológico depende ao
extremo desses micronutrientes, assim como nosso sistema de defesa
antioxidante.

A Resposta Inflamatória
Você tem visto ao longo deste livro que a inflamação é um sério
inimigo. Sabe que a doença do coração é na verdade uma doença
inflamatória e não do colesterol. Os problemas devastadores de Mark
resultavam todos da inflamação do intestino. No Capítulo 11 você lerá
que milhões de nós estamos desenvolvendo artrite devido ao aumento
de inflamação em nossas articulações. E a causa subjacente da asma
é, em essência, a inflamação.
Dito de forma simples, a maioria de nós simplesmente tem
inflamações demais no organismo. Precisamos restaurar o equilíbrio
desse excesso de inflamações, e os suplementos nutricionais são a
chave para isso.
A resposta inflamatória é o resultado de uma complicada corrente de
eventos envolvendo a resposta imunológica, que libera quantidades
enormes de radicais livres, enzimas cáusticas e citocinas
inflamatórias. Já est1!damos a resposta imunológica básica, mas
agora devemos estudar a maneira de lidar com a resposta inflamatória
prolongada (a inflamação crônica) que essas citocinas geram.
Os suplementos antioxidantes são nossa melhor ferramenta. Eles
melhoram nosso sistema imunológico, ajudam a controlar a resposta
inflamatória e fortalecem nossa defesa antioxidante, que, por sua vez,
protege nossas células normais do ataque da inflamação. Mas há um
outro aspecto importante da resposta inflamatória que devemos
considerar: o sistema antiinflamatório natural de nosso organismo.
Isso mesmo. Já passou pela sua mente, quando você procura o frasco
de Advil, que seu corpo gera seus próprios produtos antiinflamatórios?
Vejamos que produtos são esses.

Ácidos Graxos Essenciais

Nem todos os ácidos graxos são ruins. A bem dizer as gorduras
essenciais são exatamente isso - essenciais para o corpo. O corpo
não pode fabricar tais gorduras, e portanto precisa obtê-Ias da comida.
Ele as utiliza para criar membranas celulares saudáveis, bem como
certos hormônios chamados prostaglandinas. Os dois ácidos graxos
essenciais mais importantes são os do tipo ômega 3, chamados de
ácido alfa-linoleico, e os do tipo ômega 6, chamados simplesmente de
ácido linoleico. Nosso corpo converte os ácidos graxos ômega 3 em
um tipo de prostaglandina que tem grande atividade antiinflamatória.
Já os ácidos graxos ômega 6 são convertidos em um outro tipo de
prostaglandina com atividade pró-inflamatória.
A proporção de consumo de ácidos graxos ômega 6 e ômega 3
geralmente aceita como otimizada é de 4:1. Isso significa que
devemos ingerir quatro vezes mais ômega 6 do que ômega 3.
Os ácidos graxos ômega 6 são abundantes na dieta ocidental; eles se
encontram em nossa carne bovina, produtos laticínios e alimentos
processados. Obtemos ácidos graxos ômega 3 à partir de óleos
vegetais como o de linhaça, de canola, de abóbora e de soja. Essas
gorduras também se encontram em peixes de água fria como a
cavala, a sardinha, o salmão e o atum. Como você pode presumir, o
norte-americano médio consome mais ácidos graxos ômega 6 do que
ômega 3 - muito mais, na verdade. Em média, consumimos em nossa
dieta uma proporção de 20:1 ou mesmo de 40:1 dessas gorduras!
Isso faz com que nossos corpos produzam significativamente mais
produtos inflamatórios do que antiinflamatórios. O desequilíbrio no
consumo desses ácidos graxos essenciais é a principal razão do
desequilíbrio na produção desses hormônios por nosso corpo. É por
isso que muitos indivíduos no mundo industrializado precisam tomar
óleo de linhaça e de peixe em suplementação para tentar restaurar tal
equilíbrio.
Eis aqui outro fato desconhecido: as gorduras essenciais também têm
a capacidade de reduzir nossos níveis totais de colesterol e nossos
níveis de colesterol LDL (ou maligno). Isso significa que nem todas as
gorduras são iguais. Eu não só estimulo meus pacientes a tomar
suplementos de ácidos graxos ômega 3 como também a reduzir seu
consumo de gordura saturada. Quando combinamos esses dois
esforços, a inflamação do organismo volta rapidamente ao controle, e
os níveis de colesterol melhoram.
Diversos estudos indicaram melhoras clínicas significativas em
pacientes que, tendo artrite reumatóide, lúpus, doenças do coração,
esclerose múltipla e praticamente qualquer moléstia envolvendo
inflamações, tomaram essas importantes gorduras essenciais em
suplementação. Esse é um dado muito importante para manter sua
saúde - ou recuperá-Ia, caso você a tenha perdido.
Já estudamos uma série de características de nosso sistema
imunológico e a forma como ele deveria funcionar. Também falamos
dos problemas que ocorrem quando a resposta inflamatória normal
foge ao controle. Mas agora temos de considerar a pior situação
possível - o que acontece quando nosso sistema imunológico controla
um motim e passa a atacar nosso próprio corpo.
Doenças Auto-imunes
Você, decerto, já ouviu o ditado: "A maior força de um homem é
também sua maior fraqueza". Nada é mais verdadeiro no que diz
respeito ao sistema imunológico. Muitos clínicos acreditam que todas
as doenças resultam essencialmente de uma falha desse sistema.
Mas, no caso bizarro das doenças auto-imunes, o sistema imunológico
torna-se, na verdade, o maior inimigo do corpo, atacando células e
tecidos normais. Se ele atacar o espaço das articulações, chamamos
isso de artrite reumatóide; se atacar nosso intestino, chamamos de
doença de Crohn ou colite ulcerativa; se atacar a bainha de mielina de
nossos nervos, chamamos de esclerose múltipla; e, se atacar o tecido
conectivo do corpo, chamamos de lúpus ou escleroderma.
Por que e como isso acontece? Aprendi na faculdade de medicina que
as doenças auto-imunes são o resultado de um sistema imunológico
"superativo" que começa a atacar o "eu" em vez do "não-eu". Mas,
para mim, pareceu mais coerente que, no caso das doenças auto-
imunes, o sistema imunológico, em vez de superativo, tenha ficado
confuso, e atacado o corpo em vez de atacar os invasores estranhos,
como deveria fazer.
Em um artigo sobre doenças auto-imunes publicado no New York
Journal of Medicine, os autores observaram que ninguém sabe ao
certo por que o sistema imunológico se volta literalmente contra o
"eu". Mas muitos pesquisadores acreditam não somente que o
estresse oxidativo é a causa subjacente de todas as doenças auto-
imunes como também que ele pode ser o responsável por fazer com
que nosso sistema imunológico nos agrida.
Diversos estudos documentaram o fato de que a causa primordial das
doenças autoimunes é o estresse oxidativo. Como você pode antever,
os níveis de antioxidantes em pessoas com artrite reumatóide, lúpus,
esclerose múltipla, doença de Crohn e escleroderma são
significativamente baixos. Demonstrou-se também que níveis
reduzidos de antioxidantes aumentam o risco de desenvolvimento de
artrite reumatóide ou lúpus. Os indicadores clínicos do estresse
oxidativo são também muito altos nesses pacientes, especialmente
durante o período de pico das doenças.
A suplementação de antioxidantes seria, portanto, ideal para pacientes
que sofrem dessas doenças auto-imunes. Não somente os
antioxidantes podem otimizar o sistema natural de defesa antioxidante
do corpo, como podem fortalecer nosso sistema imunológico e
controlar a resposta inflamatória. Em outras palavras, eles podem
ajudar a restaurar o controle sobre o estresse oxidativo e evitar esse
ciclo vicioso.

A História de Matt
Matt é um bem-sucedido advogado da região de Chicago, o que
significa basicamente que trabalhou muitas e duras horas para abrir
seu escritório, empenhando-se igualmente em respeitar suas
prioridades junto à esposa e à família. Sua saúde sempre fora boa e,
por isso, ele nunca se preocupou muito com ela, até o outono de
1996.
Matt estava em um casamento quando começou a sentir grande
desconforto abdominal. Ele estivera muito ocupado nas semanas
precedentes e, por isso, supôs que fosse sofrer um surto de influenza.
Um ou dois dias depois sentia-se como se houvesse sido "atingido por
uma carreta" (para usar sua expressão), tão fatigado estava por dores
no corpo.
Quando seus sintomas se agravaram, Matt decidiu ver o médico. A
essa altura ele vinha sofrendo surtos de dores abdominais agudas.
Ansioso por encontrar alívio, pediu ao médico que removesse o que
quer que estivesse lhe causando aquela dor. Submeteu-se a todo tipo
de testes, inclusive tomografias computadorizadas, ultra-sonografias,
radiografias e numerosos exames de sangue. Assim, pode-se
imaginar seu choque ao saber que não havia nenhum diagnóstico
aparente. Ele foi dispensado com um mero analgésico.
Matt estivera lendo, havia pouco, sobre suplementação nutricional e
decidiu iniciàr um agressivo programa suplementar. Mas não melhorou
muito. Ainda se sentia péssimo. Tinha dores por todo o corpo e
continuou extremamente fatigado. Ele recorreu, finalmente, a um
especialista, que lhe pediu um exame de sangue chamado FAN (fator
antinuclear). O exame de FAN deu positivo em um nível de 1:640 (o
normal é 1:40 ou menos). O especialista lhe disse que ele possuía
lúpus eritematoso sistêmico, ou o que as pessoas conhecem
simplesmente como lúpus.
O teste de FAN indicou um processo auto-imune fora de controle. O
sistema imunológico do corpo de Matt estava, na verdade, atacando a
si mesmo. Quando soube disso, Matt aumentou ainda mais seus
suplementos e começou a tomar 350 g de extrato de sementes de
uva, juntamente com seus antioxidantes e minerais. Ele melhorou
pouco a pouco, passando a necessitar cada vez menos de
analgésicos, muito embora ainda tivesse surtos intermitentes de dor.
Foi um processo longo e dificil para Matt, enquanto combatia a dor e
os sintomas que se assemelhavam aos da influenza.
Em janeiro Matt sentia-se muito melhor e conseguia compensar o
tempo perdido, voltando a trabalhar dez horas por dia. Ele estava
muito animado, já que durante quatro meses não havia conseguido
trabalhar nada. Ser capaz de sustentar financeiramente sua família
era algo que Matt receara não lhe ser mais possível.
Quanto retornou para sua consulta de acompanhamento, vários
meses mais tarde, o médico quis submetê-Io a drogas
quimioterapêuticas, um tratamento habitual para o lúpus. É
desnecessário dizer que Matt afirmou que estava bem e que não
sentia problema algum. Quando olhou o novo exame de FAN, o
especialista ficou de queixo caído. Ele não conseguia acreditar.
"Matt, seu FAN despencou!", exclamou. "Está em apenas 1:40 e
praticamente normal." Ele cumprimentou Matt e o incentivou a
continuar tomando quaisquer medicamentos que seu médico lhe
houvesse receitado. Quando Matt o informou de que não estava
tomando medicamento algum, o especialista replicou: "Não sei o que
você está fazendo, mas continue".
Matt continua passando bem. Faz mais de 5 anos que não adoece, e
seus exames de FAN ainda dão negativo. A verdade é que ele afirma
sentir-se melhor agora do que antes de contrair lúpus. Embora saiba
não ser verdade, ele já não se sente como se tivesse a doença. Os
sintomas podem ou não retomar. Ninguém pode dizer ao certo. Mas
uma coisa é segura: Matt jamais irá descuidar de sua saúde
novamente.

O lado importante da história de Matt é o fato de que ele começou
esse tratamento agressivo de suplementação nutricional no início de
sua doença. Apresentei diversas histórias clínicas em que os
pacientes foram capazes de recuperar sua saúde depois que a
doença havia progredido bastante. Espero que mais e mais pessoas
comecem a suplementar sua dieta antes mesmo de adoecerem, e
tornem-se mais agressivas com os otimizadores tão logo percebam ter
uma doença grave. Um programa de suplementação não pode ferir -
só pode ajudar. (Para informações detalhadas sobre como começar a
suplementação, ver o Capítulo 17.)

ONZE - Artrite e Osteoporose
Até onde vale esse velho ditado: "Podemos contar com duas coisas na
vida: a morte e os impostos"? Enquanto escrevo este capítulo, lastimo
por lembrar-me da iminente data de pagamento dos impostos. Mas
também me lembro de uma terceira coisa que a maioria de nós pode
esperar na vida - a artrite. É verdade. Entre 70% e 80% das pessoas
acima de 50 anos nos Estados Unidos sofrem, em alguma medida, do
tipo mais comum de artrite, chamada osteoartrite, também conhecida
como artrite degenerativa.
Você decerto já conhece bem os sintomas da rigidez matinal, das
articulações ligeiramente inchadas e das dores articulares. A
osteoartrite é, de longe, a doença degenerativa crônica que mais vejo
em meu consultório. Metando indistintamente homens e mulheres, ela
pode envolver todas as articulações do corpo, inclusive o pescoço e a
parte inferior das costas. Conforme se agrava, a artrite pode causar
desconforto significativo, dor e mesmo incapacitação.
A osteoartrite é, antes de tudo, uma degeneração da cartilagem das
articulações. Mas também pode envolver o revestimento sinovial (o
envoltório da articulação) e o osso logo abaixo. Conforme começa a
deteriorar-se, a cartilagem da articulação submete o osso a um
estresse cada vez maior. Em reação a esse estresse intensificado, o
osso começa a se tornar mais denso. É muito comum ver, como
resultado, esporas ósseas formando-se ao redor da articulação.
Talvez você já tenha ouvido um amigo ou parente dizer que precisa
trocar uma articulação por estar com "osso contra osso". O que ele
quer dizer na verdade é que a cartilagem (o coxim) de suas
articulações se desgastou inteiramente. Como a artrite degenerativa
envolve primariamente as articulações que suportam peso (os quadris
e os joelhos), o estresse mecânico repetitivo causado por peso,
trauma ou atividade excessivos contribui para o desenvolvimento e
progressão da doença.

Como as Articulações São Danificadas?
A cartilagem articular reveste as extremidades de nossos ossos,
sendo que articulações como as dos joelhos têm ainda uma cartilagem
adicional que serve de coxim entre os ossos. A cartilagem é composta
sobretudo de fibras de colágeno, glicoproteínas e proteoglicanos. A
integridade estrutural da cartilagem humana passa por um ciclo
contínuo de formação e ruptura. Em outras palavras, nosso corpo,
para ter articulações saudáveis, precisa formar cartilagens na mesma
velocidade em que essas se decompõem. O equilíbrio, mais uma vez,
é o segredo. Quando uma articulação começa a se desgastar,
sabemos que ou a ruptura de cartilagens aumentou ou a produção
diminuiu.
É fato bem conhecido que a osteoartrite é uma doença inflamatória.
Observando uma pessoa com mãos artríticas você constatará como
ficam inflamadas as articulações dos dedos e das mãos. Já se
perguntou o que exatamente causa a inflamação e como isso resulta
em danos na cartilagem? A resposta é multifacetada, pois há, na
verdade, diversas fontes de inflamação das articulações, como se
pode verificar no quadro a seguir.

Causas de Inflamação em Nossas Articulações
As citocinas são uma das principais causas de inflamação nas
articulações. Essas proteínas conduzem mensagens entre as células
e regulam a imunidade e a inflamação. Duas das citocinas mais
importantes são o fator de necrose tumoral alfa (TNF-alfa) e a
interleucina 1 beta (IL-1Beta). Elas existem em alta concentração nas
articulações de pessoas com osteoartrite.
Já se demonstrou também que as proteases, enzimas que provocam
a ruptura de proteínas, geram inflamação nas articulações. As
proteases estão sob o controle das citocinas. Algumas têm qualidades
antiinflamatórias, e outras pró-inflamatórias (geradoras de inflamação).
No caso da artrite, obviamente, as proteases pró-inflamatórias estão
prevalecendo.
Os fagócitos (neutrófilos) são atraídos para a articulação inflamada na
tentativa de desfazer essa reação e evitar danos à cartilagem e ao
revestimento sinovial. Mas, como você viu no capítulo precedente,
essa resposta inflamatória nem sempre é boa. Os neutrófilos, na
verdade, podem causar mais inflamação ainda nas articulações.
O fenômeno isquemia-reperfusão, apesar do nome difícil, é um
processo simples. Conforme utilizamos uma articulação que suporta
peso, como os quadris ou um joelho, a pressão exercida por nosso
peso quando andamos ou especialmente quando corremos bloqueia o
fluxo de sangue para a cartilagem. Isso é conhecido como isquemia,
ou falta de suprimento de sangue. Quando aliviamos a articulação de
nosso peso, a pressão se reduz e o sangue pode retomar à cartilagem
(isso é chamado de reperfusão). Esse processo, assim corno as
fontes de inflamação que acabo de enumerar, causa uma produção
excessiva de radicais livres. Esses, por sua vez, sobrecarregam o
sistema de defesa antioxidante e provocam estresse oxidativo.
Quando o sistema de defesa antioxidante se sobrecarrega, o estresse
oxidativo da articulação provoca danos à cartilagem e ao revestimento
sinovial da articulação. Quando o corpo não consegue reconstruir a
cartilagem com suficiente prontidão, a articulação começa a se
deteriorar.

Outra Artrite: A Reumatóide
A artrite reumatóide é uma doença auto-imune (ver Capítulo 10). Ela
se manifesta quando o sistema imunológico começa a atacar a
cartilagem e o revestimento sinovial da articulação. Como resultado,
um processo inflamatório desequilibrado (ou seja, insalubre) inicia
uma destruição significativa de tecidos saudáveis. Essa resposta
inflamatória não somente gera excessivos radicais livres, como
também atrai citocinas, especialmente o TNF-alfa.
Estudos mostram que o TNF-alfa tem altíssima incidência no plasma
de pacientes com artrite reumatóide. Esses estudos também indicam
que a produção de radicais livres é cinco vezes maior nesses
pacientes do que em pessoas com articulações normais. Assim, um
enorme estresse oxidativo encontra-se em atividade no caso de
pessoas com artrite reumatóide, causando danos a suas articulações.
Se você conhece alguém que sofre dessa doença, sabe bem como ela
é dolorosa; ela causa, com freqüência, deformidades, incapacitantes e
dor. Embora os pacientes de artrite reumatóide tenham
consideravelmente mais estresse oxidativo do que os de osteoartrite,
a destruição da cartilagem em ambos os casos decorre do estresse
oxidativo. É importante que você compreenda as causas subjacentes
dessas doenças ao considerar, agora, os tratamentos tradicionais
oferecidos pela medicina.
O Tratamento Tradicional de Artrite
O tratamento tradicional básico tanto da osteoartrite como da artrite
reumatóide é o uso de antiinflamatórios não-esteróides (AINEs) e de
aspirina. Embora reduzam a inflamação nas articulações, esses
medicamentos são também responsáveis pelos freqüentes efeitos
adversos das úlceras estomacais e da hemorragia digestiva alta
(HDA). Na verdade, mais de 100 mil internações hospitalares e mais
de 16 mil mortes por ano nos Estados Unidos resultam de hemorragia
digestiva alta causada pelo uso de AINE's.
Em resposta aos perigosos efeitos dos AINE's, as companhias
farmacêuticas desenvolveram um novo grupo de antiinflamatórios que
bloqueiam somente as enzimas COX-2. Drogas chamadas inibidores
de COX-2 chegaram ao mercado com grande alarde, pois tinham bem
menos efeitos colaterais de ordem gastrointestinal. Infelizmente, elas
também possuem seus efeitos colaterais, que incluem a perfuração
dos intestinos e hemorragias digestivas altas, embora com menos
freqüência do que a primeira geração de AINE's.
Minha maior preocupação com relação ao uso pesado de AINE's por
pacientes de artrite é o fato de que essas drogas só oferecem alívio à
dor, sem atacar a causa subjacente da doença - o estresse oxidativo.
Pacientes com artrite reumatóide severa também estão sendo tratados
com drogas antiinflamatórias mais potentes, como prednisona4 e sais
de ouro ou drogas quimioterapêuticas como o metotrexato ou o
Imuran.

A História de Peggie
Peggie é uma senhora atraente que tive o prazer de conhecer no
decurso dos últimos anos. Quando a encontrei pela primeira vez, sua
perna direita estava curvada para fora, tão degenerado se encontrava
seu joelho. Ela sentia desconforto não somente no joelho, mas
também no quadril direito, pois tinha de adotar uma postura incorreta
para conseguir dar uns passos e caminhar.
Peggie contou-me sobre a intensa artrite degenerativa que se
desenvolvera em seu joelho direito após um acidente de esqui,
ocorrido em sua adolescência. O acidente danificara a cartilagem do
joelho e, pouco tempo depois, ela voltou a machucá-Io. Depois do
segundo acidente não lhe coube escolha senão fazer uma operação, e
o cirurgião removeu uma grande camada de cartilagem seriamente
lesada. Apesar de ter feito todo o possível, o médico a alertou de que
ela teria muitos problemas com aquele joelho no futuro.
Seu especialista lhe havia dado uma joelheira para usar de modo a
proteger o joelho durante as atividades. A única coisa que
recomendou além disso foi que ela mantivesse a dor sob controle pelo
uso de AINE's e adiasse o máximo possível a cirurgia de prótese.
Peggie sabia que uma prótese só duraria entre 8 e 12 anos, e com
sorte. Sendo tão jovem, ela teria quatro ou cinco vezes esse tempo de
vida. O que fazer?
Quando conheci Peggie, seus médicos já haviam discutido com ela a
alternativa da prótese, e ela vinha pensando seriamente nisso. Quanto
mais adiasse essa cirurgia, melhor, mas ela tinha de comparar a dor
de sua situação presente com a perspectiva de seu futuro.
Peggie estava decidida a fazer todo o possível para adiar a cirurgia,
mas não à custa de sua qualidade de vida. Ela lera muito sobre
suplementação, e acreditava que um programa agressivo de
suplementos nutricionais poderia proporcionar-lhe maior qualidade de
vida. Começou a tomar uma poderosa combinação de antioxidantes e
minerais, juntamente com um pouco de extrato de sementes de uva,
ácidos graxos essenciais, cálcio e suplementos de magnésio.
Também começou a tomar 2.000 mg de sulfato de glicosamina.
Peggie continuou observando as diretrizes de sua terapia fisica,
enquanto seguia uma dieta equilibrada. Poucos meses após iniciar
seu programa de suplementos nutricionais, ela já podia sentir e
constatar melhoras. Dependia menos dos AINE's e conseguia fazer
mais coisas do que lhe fora possível por anos. Tornou-se muito mais
ativa e sentia menos dor. De fato, ela superou seus temores e foi
esquiar na neve pela primeira vez em anos.
O mais animador para Peggie, contudo, foi retomar a seu médico e
tirar novas radiografias do joelho. O médico ficou aturdido ao
comparar as radiografias de então com as de 2 anos antes. A
comparação revelou que sua perna já não estava tão curvada, e ele
pôde notar uma crescente separação dos ossos. Apontando isso a
Peggie, ele explicou que a maior separação dos ossos de seu joelho
na radiografia indicava que a cartilagem por fim se restabelecera.
Peggie não se surpreendeu muito com as revelações, pois podia sentir
a diferença e descobrira tal possibilidade durante suas pesquisas
sobre medicina nutricional. As melhorias documentadas por seu
médico eram apenas a cobertura do bolo.
Peggie permanece muito ativa, e faz praticamente tudo o que deseja
(ela ainda usa uma joelheira para esportes agressivos); e continua
tomando suplementos. Ela comemora cada ano que passa como mais
um ano de adiamento da prótese.
Por que Peggie vem se saindo tão bem? Vejamos a estratégia que
seguiu. Ela determinou primeiro a compreender plenamente a raiz do
problema - no nível celular - da artrite degenerativa que se seguira a
seus acidentes. Isso ela fez por meio de estudo individual e de
comparecimento a eventos científicos. Em segundo lugar, Peggie
considerou todas as soluções disponíveis e, em terceiro, pôs seu
conhecimento em ação.

Suplementos Antioxidantes
Como Peggie, qualquer pessoa que sofra de artrite degenerativa
precisa tomar um poderoso e bem equilibrado suplemento
antioxidante e mineral. Há fortes evidências de que os pacientes de
artrite são deficientes em diversos antioxidantes e nutrientes de apoio,
como a vitamina D, a vitamina C, a vitamina E, o boro (um mineral) e a
vitamina B3. Como você tem aprendido ao longo deste livro, é
necessário fornecer todos esses antioxidantes ao corpo em níveis
otimizados, na tentativa de restaurar o controle sobre o estresse
oxidativo.
Peggie vinha tomando em suplementação todos esses nutrientes,
além de um outro igualmente importante: o sulfato de glicosamina.

Sulfato de Glicosamina

A glicosamina é um dos nutrientes básicos para a síntese da
cartilagem. Um açúcar simples aminado, ela é o elemento primário
dos proteoglicanos - as moléculas que dão à cartilagem sua
elasticidade. Diversamente dos AINE's e da aspirina, a glicosamina
não se limita a cobrir a dor, mas ajuda também a reconstruir a
cartilagem danificada. Alguns estudos mais antigos indicaram
benencios em curto prazo do uso do sulfato de glicosamina; de
qualquer forma, a maioria dos médicos não ficou impressionada.
Em 1999 um grande estudo clínico trienal do tipo duplo-cego com
placebo e amostras randômicas (o tipo de estudo de que os médicos
realmente gostam) foi divulgado no Encontro Anual da Faculdade
Americana de Reumatologia. Esse estudo mostrou que a glicosamina
não somente reduzia a dor e a inflamação da artrite, como também
detinha a deterioração da cartilagem. Mais impressionante ainda foi o
fato de haver evidências de recuperação real da cartilagem - como no
caso de Peggie. Os membros do grupo do placebo, que tomaram os
AINE's normalmente, continuaram, então, sofrendo a rápida
deterioração das articulações.
Esse estudo, junto a diversos outros, demonstrou os significativos
benencios à saúde para pacientes de artrite que tomarem
suplementos de sulfato de glicosamina em doses de 1.500 a 2.000
mg, praticamente sem nenhum efeito colateral. Ainda mais estimulante
é o fato de que quando os pacientes do estudo clínico suspenderam a
glicosamina, a dor não retornou senão semanas ou meses depois.
Os AINE's, por outro lado, têm efeitos colaterais significativos, como
úlceras, hemorragia digestiva alta e talvez lesões hepáticas, como
observei anteriormente. Considerando que essas drogas não fazem
absolutamente nada para retardar o processo degenerativo e podem
na verdade acelerá-Io, devemos nos perguntar por que os AINEs
estão entre os remédios mais receitados do mundo. Para o desespero
das companhias farmacêuticas, mais e mais médicos vêm
recomendando o sulfato de glicosamina a seus pacientes.
Os resultados que testemunhei em minha prática médica são
impressionantes. Muito embora eu recomende a glicosamina a meus
pacientes, também prescrevo AINE's para o alívio imediato. É
estimulante descobrir que os pacientes que decidem tomar
glicosamina acabam não precisando muito de seus AINE's. Quando
se dispõem a tomar também antioxidantes, minerais, gorduras
essenciais e extrato de sementes de uva, eles alcançam resultados
ainda melhores.
Não estou sozinho em minhas convicções. Muitos de meus amigos da
área de ortopedia também apóiam o uso da glicosamina, pois
entendem que a possibilidade de adiar o uso de prótese é do maior
interesse para o paciente.

Sulfato de Condroitina

O sulfato de condroitina é, muitas vezes, combinado ao de
glicosamina para criar um ataque em dois frontes. A condroitina faz
parte dos proteoglicanos e é responsável por atrair água para a
cartilagem. Isso torna essa última mais flexível e esponjosa. Sem esse
nutriente importante, a cartilagem fica mais seca e mais frágil.
Creio pessoalmente que o nutriente mais importante seja ainda o
sulfato de glicosamina. A condroitina oral precisa ser estudada com
mais abrangência em um número maior de pacientes, o que renderia
evidências mais plausíveis quanto a ela ser ou não um agente efetivo.
Também acredito que o MSM (um antiinflamatório natural) precisa ser
estudado mais detidamente, mas tive diversos pacientes que
apresentaram respostas significativas ao adicioná-Io a seu regime.
O Sulfato de Condroitina

Diversos estudos registram melhorias em pacientes de artrite que
tomam condroitina adicional. Mas muitos desses estudos positivos
envolveram, na verdade, injeções intravenosas de condroitina, e
alguns pesquisadores temem que ela não seja efetivamente absorvida
pelo trato gastrointestinal. Alguns dizem que ela é rompida, absorvida,
e então reunida à cartilagem da articulação. Creio que estudos mais
completos sejam necessários para determinar sua importância geral
no tratamento de osteoartrite.

Osteoporose

A osteoporose é uma deficiência nutricional de proporções literalmente
epidêmicas nos Estados Unidos. Em uma das nações mais ricas e
mais bem alimentadas do mundo, mais de 25 milhões de pessoas
convivem com os efeitos prostrantes da osteoporose, ao custo de
cerca de US$14 bilhões anuais para a economia norte-americana.
Pelo menos 1,2 milhões de fraturas ocorrem, a cada ano, nos Estados
Unidos, como resultado direto da osteoporose. Já cheguei a ver
pacientes fraturar os quadris meramente caminhando em meu
consultório, sem nenhum tipo de queda ou ferimento. Fraturas por
compressão espontânea das vértebras e das costas causam imensa
dor e sofrimento a meus pacientes de osteoporose.
A osteoporose foi apresentada ao público norte-americano como uma
doença que depende meramente de estrógeno e cálcio. Em reação a
essa crise nacional, a comunidade de cuidados com a saúde vem
tratando mulheres em menopausa com a Terapia de Reposição
Hormonal (TRH), em um esforço para evitar quaisquer indícios de
osteoporose.
Embora muitos acreditem que a TRH possa retardar o progresso da
osteoporose, ela pode causar mais mal do que bem. Em 1997 o New
England Journal of Medicine examinou diversos estudos feitos com
mulheres que vinham se valendo da reposição de estrógeno por
períodos de 5 a 10 anos. Os resultados chocaram os examinadores,
revelando aumentos de mais de 40% nos casos de câncer de mama.
As companhias farmacêuticas reagiram prontamente a esse relatório
negativo, tentando convencer os médicos de que os beneficios da
TRH compensavam, em muito, os riscos - sempre alardeando que
outros exames clínicos demonstravam que pacientes que usavam a
TRH reduziam seus riscos de ataques cardíacos, AVC's e mal de
Alzheimer."
Dois estudos de grande porte, contudo - o Heart and
Estrogen/Progestin Replacement Study (HERS - Estudo sobre o
Coração e a Reposição de Estrógeno e Progesterona) e o Women's
Health lnitiative Study (Estudo da Iniciativa da Saúde da Mulher) - não
apresentaram retardamento algum de doenças do coração. Na
verdade, algumas evidências sugeriam que pacientes submetidas à
TRH tinham um aumento na incidência de ataques cardíacos,
especialmente no primeiro ano. O interessante é que esses estudos
mostravam que as pacientes que se valiam de TRH tinham ulna
redução significativa de colesterol LDL (o maligno) e um aumento
significativo de colesterol HDL (o benigno). Então por que elas teriam
maior risco de doenças do coração?
Parece-me que a resposta veio em outros estudos, que demonstraram
que mulheres submetidas à TRH sintética tinham um aumento
tremendo em suas proteínas reativas C, que, como você talvez se
lembre, são uma medida das inflamações das artérias. Esse é um
fator de previsão de futuros ataques cardíacos muito mais seguro do
que o colesterol - especialmente em mulheres. Lembre-se, as doenças
cardíacas são doenças inflamatórias da artéria, e não doenças do
colesterol.
Quando mulheres, querendo evitar a osteoporose, considerarem a
Terapia de Reposição Hormonal sintética à luz desses novos estudos
clínicos, talvez julguem que o bem não compensa o mal -
especialmente quando se leva em conta o bem conhecido aumento de
risco que têm as pacientes de TRH de desenvolver coágulos de
sangue nas pernas (trombose venosa) e doença da vesícula biliar.
Diversos medicamentos novos para osteoporose surgiram no
mercado, como o Fosomax, o Actonel, o Evista e a Calcitonina, com a
capacidade de realmente aumentar a densidade óssea. Cada vez
mais os médicos vêm recomendando esses medicamentos em
preferência à TRH, em função, antes de tudo, da crescente
preocupação com os efeitos adversos em longo prazo da terapia.
Estudos de curto prazo com essas drogas indicaram riscos
significativamente reduzidos de fraturas e fraturas recorrentes. (Para
uma discussão mais completa sobre esses e outros problemas que as
mulheres enfrentam durante a menopausa, recomendo o livro The
Wisdom of Menopause (A Sabedoria da Menopausa), da dra.
Chistiane Northrup.)

Mais do Que Cálcio - os Ossos São Tecidos Vivos
Vocês conhecem o sr. Ossada, o esqueleto que adorna os fundos da
sala de biologia em colégios e faculdades? Ele foi protagonista de
muitas troças e também a figura mais importante da prova geral.
Embora o popular modelo de plástico tenha instruído muitas crianças
a respeito dos ossos, pensamos com freqüência em "ossos nus"
(como os dele) em vez de pensarmos em ossos como um tecido vivo
e ativo, que se remodela continuamente por meio da atividade
osteoblástica (a formação de ossos) e osteoclástica (a reabsorção de
ossos).
Os ossos não são apenas um amontoado de cristais de cálcio; são
antes um tecido vivo, envolvido constantemente em reações
bioquímicas que dependem de diversos sistemas enzimáticos e
micronutrientes. Assim, como qualquer tecido vivo, os ossos têm
diversas necessidades nutricionais.
A dieta norte-americana, com sua alta ingestão de pães brancos,
farinha branca, açúcar refinado e gordura, é terrivelmente deficiente
em muitos desses nutrientes essenciais. A dieta dos Estados Unidos
também contém muitas carnes e bebidas carbonadas, que aumentam
a ingestão de fósforo e reduzem nossa absorção de cálcio. A ingestão
inadequada de quaisquer nutrientes necessários à saúde dos ossos
contribui para a osteoporose.
Outro mito comum que corre junto ao do sr. Ossada é o de que o
cálcio é tudo de que precisamos para ter ossos fortes e evitar a
osteoporose. Mas a verdade é que um grande número de nutrientes, e
não apenas o cálcio, deve estar presente para que consigamos reduzir
a incidência de osteoporose.
Para reduzir o risco de fraturas da coluna, dos quadris e dos pulsos,
devemos dar atenção a diversos fatores importantes: preservar a
massa óssea adequada, evitar a perda da matriz protéica dos ossos e
garantir que esses últimos tenham todos os nutrientes necessários
para reparar e substituir suas áreas danificadas. A suplementação
nutricional desempenha um papel vital em todas as três áreas de
preservação e formação dos ossos.
Vamos dar uma olhada em cada nutriente e em como eles ajudam na
luta contra a osteoporose.

Cálcio

Não há dúvida alguma de que a deficiência em cálcio pode levar à
osteoporose. Mas estudos apresentam redução de cálcio em apenas
25% das mulheres em pós-menopausa. É verdade que os
suplementos de cálcio, no caso dessas mulheres, pareceram de fato
aumentar a massa óssea, mas não tiveram efeito algum nas outras
75%, que não possuíam tal deficiência. Estudos recentes sobre a
suplementação de cálcio e vitamina D apresentam um retardamento
da osteoporose, mas de modo algum demonstram que a
suplementação a evitou. Esses estudos também mostraram uma
redução em fraturas dos quadris, da coluna e dos pulsos. Em outras
palavras, o cálcio é útil, mas não é a resposta.
O cálcio é um nutriente essencial na luta contra a osteoporose. Tanto
homens como mulheres deviam tomar suplementos diários de 800 a
1.500 mg, dependendo da quantidade de cálcio que ingerem em sua
dieta. As pessoas absorvem mais consistentemente o citrato de cálcio
do que o carbonato de cálcio; mas, quando ingeridos com a
alimentação e com bons níveis de vitamina D, o nível de absorção é
bastante similar. Qualquer que seja a forma de cálcio que você ingira,
o ideal é consumi-Ia com outros alimentos para ter uma boa absorção.
Saiba que as crianças também precisam desse nível de
suplementação. Na verdade, estudos demonstram que crianças que
tomam diariamente de 800 mg a 1.200 mg de cálcio antes da
puberdade aumentam a densidade óssea de 5% a 7%. Essa
descoberta é significativa porque tal aumento da densidade óssea
será mantido conforme elas se tornarem adultos e sua vida avançar.

Magnésio

O magnésio é importante em diversas reações bioquímicas dos ossos.
Ele ativa a fosfatase alcalina, que é uma enzima necessária ao
processo de formação de novos cristais ósseos. E a vitamina D
precisa de magnésio para converter-se em sua modalidade mais ativa.
Se houver deficiência de magnésio, esta pode causar uma síndrome
de resistência à vitamina D.
Pesquisas sobre dietas mostraram que de 80% a 85% dos norte-
americanos seguem uma dieta deficiente em magnésio.

Vitamina D

A vitamina D é necessária para a absorção de cálcio. Ela normalmente
se produz na pele, quando esta se encontra exposta à luz do sol. Mas,
como você sabe, com a idade, as pessoas tendem a passar menos
tempo sob o sol, e a deficiência em vitamina D torna-se muito comum.
Também ingerimos vitamina D oralmente, em alimentos fortificados e
no leite, mas ela deve ser convertida em sua modalidade
biologicamente ativa, a vitamina D3. Muitas vezes a má conversão de
vitamina D em vitamina D3 pode ser um problema mais grave do que
a ingestão deficiente. É por isso que recomendo a suplementação de
vitamina D já em sua forma ativa, a D3.
O New England Journal of Medicine divulgou um estudo em que
pesquisadores examinaram os níveis de vitamina D em 290 pacientes
internados consecutivamente na área médica do Hospital Geral de
Massachusetts. Eram pacientes normalmente ativos e que não
provinham de asilos. O pessoal hospitalar verificou seus níveis de
vitamina D e descobriu que 93% estavam deficientes. O
surpreendente foi saber que os pacientes que tomavam vitaminas
múltiplas também apresentaram deficiência em vitamina D em 93%
dos casos. Essa descoberta passa a ser fundamental quando nos
damos conta de que ninguém absorve cálcio sem vitamina D!
O estudo encerrava-se afirmando que todo mundo devia tomar
suplementos de vitamina D em níveis significativamente mais altos do
que os valores diários referenciais. Na verdade, os pesquisadores
concluíram que a suplementação diária de 500 mg a 800 lU de
vitamina D é fundamental para que tenhamos algum efeito sobre a
epidemia de osteoporose. E lembre-se - você absorverá o cálcio com
muito mais eficiência se o ingerir junto com vitamina D e com a
alimentação.

Vitamina K

A vitamina K é necessária para sintetizar a osteocalcina, uma proteína
presente em grandes quantidades dentro dos ossos. Ela é, portanto,
fundamental para a formação, remodelação e reparo dos ossos. Em
um estudo clínico, a vitamina K suplementar em pacientes com
osteoporose reduziu a perda urinária de cálcio de 18% a 50%. Isso
significa que a vitamina K ajuda o corpo a absorver e reter o cálcio, em
vez de excretá-Io.

Manganês

O manganês é necessário para a síntese do tecido conjuntivo na
cartilagem e nos ossos. Como o magnésio, o manganês se perde na
conversão dos grãos inteiros em farinha refinada. Um estudo de
mulheres com osteoporose mostrou que seus níveis de manganês
eram de apenas 25% do nível das mulheres no grupo de controle.
Esse nutriente também deve estar presente em níveis otimizados se
você pretende prevenir a osteoporose.

Ácido Fólico, Vitamina B6 e Vitamina B12

Esta combinação soa familiar? Deveria. A homocisteína (ver Capítulo
6) não é prejudicial somente a seus vasos sangüíneos, mas também a
seus ossos. Descobriu-se que indivíduos com elevações acentuadas
de homocisteína têm igualmente considerável osteoporose.
É interessante que as mulheres antes da menopausa têm maior
eficiência em romper a metionina, e, com isso, apresentam pouco
acúmulo de homocisteína. Isso muda muito após a menopausa.
Mulheres em pós-menopausa têm níveis muito superiores de
homocisteína. Poderia isso explicar em partes o maior risco de
doenças do coração e de osteoporose em mulheres pós-
menopáusicas? Permanece o fato de que as mulheres precisam de
quantidade maiores de ácido fólico, vitamina B6 e vitamina B12.

Boro

O boro é um nutriente interessante quando se trata do metabolismo
dos ossos. Quando pacientes de estudos tomam boro em
suplementação, a excreção urinária de cálcio se reduz em
aproximadamente 40%. O boro também aumenta as concentrações de
magnésio e reduz os níveis de fósforo. A suplementação diária de 3
mg de boro é mais do que adequada.

Silício

O silício é importante em função de sua capacidade de fortalecer a
matriz do tecido conjuntivo, o que, por sua vez, fortalece os ossos.
Pacientes com osteoporose, nos quais a geração de novo material
ósseo é desejável, precisam de quantidades maiores de silício.

Zinco

Este mineral é essencial para o funcionamento normal da vitamina D.
Baixos níveis de zinco foram detectados no soro e nos ossos de
pacientes com osteoporose.

A Prevenção da Osteoporose
Posso assegurar-lhe: você não desejará ter osteoporose. Tratei
diversos pacientes que sofriam de casos graves. É uma doença
debilitante e dolorosa. Eles parecem sofrer fraturas recorrentes da
coluna e experimentam dores extremas por longos períodos. Como
expliquei, a osteoporose não é simplesmente uma doença decorrente
da falta de cálcio e estrógeno. Nossos corpos precisam de múltiplos
nutrientes para a remodelação dos ossos e a produção de ossos
saudáveis.
Também precisamos controlar nosso estresse oxidativo. Estudos
recentes demonstram que pessoas com densidade óssea reduzida
sofrem aumentos de estresse oxidativo. Portanto, você não só precisa
tomar suplementos desses nutrientes importantes, tão necessários à
produção dos ossos, como precisa de todos os antioxidantes e
nutrientes de apoio para incrementar seu sistema de defesa
antioxidante.
Incentivo todos os meus pacientes, tanto homens como mulheres, de
preferência antes de atingirem os 40 anos de idade, a começarem a
suplementação com tabletes minerais e antioxidantes de alta
qualidade, além de quantidades adicionais de cálcio, magnésio, boro e
silício. É fundamental que adultos consumam também uma dieta
saudável e desenvolvam um modesto programa de exercícios.
Exercícios resistidos, também chamados de levantamento de peso ou
musculação, devem ser parte do programa, já que são um
componente necessário para estimular o corpo a produzir material
ósseo. Caminhar pode ajudar as pernas, mas faz muito pouco pelas
costas e pelos quadris; exercícios resistidos com a parte superior do
corpo, como levantar pesos com a cabeça, são fundamentais para
quem estiver tentando proteger-se desta doença devastadora.
Mesmo quando minhas pacientes de menopausa descobrem ter
indícios de rarefação dos ossos - a chamada osteopenia -, elas
constatam ser possível aumentar sua densidade óssea com o mesmo
programa. Evito prescrever drogas como o Fosomax, o Actonel, o
Evista ou a Calcitonina nessa situação, caso minhas pacientes se
disponham a fazer algumas mudanças no estilo de vida: tomar esses
suplementos de alta qualidade, consumir uma dieta fortalecida e
adotar um programa de exercícios de levantamento de peso.
Acompanho de perto essas pacientes repetindo anualmente seus
exames de densitometria óssea, que avaliam a densidade de cálcio
nos ossos. Se estiverem estáveis ou melhorando, mantenho o
programa e continuo a acompanhá-Ias de perto. Se sofrerem maior
rarefação dos ossos, prescrevo-lhes algumas dessas novas drogas.

O segredo de evitar tanto a artrite como a osteoporose é a nutrição
celular. Apresentei aqui diversos nutrientes individuais para dar-lhe
uma idéia do que a literatura médica vem nos dizendo sobre sua
importância.
Como você viu, evitar essas condições potencialmente incapacitantes
não é apenas uma questão de corrigir a deficiência de cálcio ou de
estrógeno. Esse é apenas mais um campo em que os suplementos
nutricionais atuam junto com seu corpo para manter a saúde que você
possui ou recuperar a saúde que você perdeu.

DOZE - Doenças do Pulmão
A JOVEM MÃE ABRIU SONOLENTAMENTE A PORTA DO QUARTO
DE SEU FILHO PARA DAR uma última olhada no pequeno Christian,
de 2 anos de idade, antes de ir para a cama.
Quando se inclinou para beijar-lhe a testa, foi tomada do mais puro
terror: seu filho estava azul e não respirava.
Depois de ligar para o serviço de emergência, ela tentou reanimá-lo.
Os paramédicos chegaram e, momentos depois, Christian estava a
caminho do pronto-socorro. Eles continuaram a realizar a reanimação
cardiopulmonar, pois o coração do menino tinha parado de bater. Mas
somente o médico do pronto-socorro conseguiu fazer com que o
pulmão e o coração de Christian reagissem.
O garoto, outrora vivaz, foi internado no hospital com o diagnóstico de
asma intensa.
Os médicos estabilizaram a condição de Christian e o submeteram a
uma droga chamada teofilina, que dilata as vias respiratórias. Embora
os pais estivessem aliviados com a sobrevivência de Christian, eles
estavam horrorizados quanto a seu futuro - não imaginavam que a
asma pudesse se manifestar tão repentinamente ou tornar-se tão
grave. Dispostos, evidentemente, a assegurar que Christian recebesse
toda a medicação necessária, eles levaram o frágil menino de volta
para casa.
Uma reserva pulmonar mínima comprometeu a infância de Christian.
Ele não podia tomar parte em atividades agitadas com outras
crianças, e os médicos continuaram a receitar-lhe mais e mais
medicamentos conforme ele crescia, já que seus pulmões não
funcionavam nada bem.
Então, quando Christian tinha 15 anos, aconteceu de novo. Ele sofreu
outro surto severo de asma. Desfalecendo em casa, parou de respirar.
Uma vez mais, em meio a recordações do passado, seus pais
chamaram os paramédicos enquanto tentavam reanimá-Io. Seu
coração e seus pulmões só reagiram depois de a família chegar ao
pronto-socorro. Após sua internação no hospital, Christian foi
submetido ao antiinflamatório prednisona, que continuaria a tomar
pelos 14 anos seguintes.
Aos 27 anos, com pouca atividade pulmonar restante, Christian estava
tomando nove medicamentos diferentes. Os testes de funcionamento
pulmonar mostravam que suas vias respiratórias maiores operavam
com apenas 17% da capacidade normal, enquanto as menores
operavam com meros 8%. Apesar de toda sua medicação, Christian
mal conseguia viver a vida. Incapaz de fazer qualquer coisa que
exigisse exercícios fisicos, ele vivia com o temor íntimo de sofrer outro
ataque agudo de asma. Tinha de estar sempre com os inaladores e o
estoque de remédios a postos. Sua vida dependia deles.
Foi nessa época que ele decidiu tentar fortalecer seu corpo, tomando
um potente tablete mineral e antioxidante junto com cada refeição. Em
90 dias já dizia sentir-se melhor. Em função destes resultados
animadores, ele passou a tomar adicionais de vitamina C, cálcio,
magnésio e extrato de sementes de uva. Nos vinte meses que se
seguiram, seu funcionamento pulmonar melhorou o bastante para que
seu médico o liberasse da prednisona. Christian certa vez me disse:
"As pessoas só deviam tomar prednisona por 14 dias - e não 14 anos!"
Os novos testes de funcionamento pulmonar de Christian mostraram
melhoras consistentes e significativas. Depois de seguir o programa
de suplementação por 2 anos, ele descobriu que suas vias
respiratórias maiores estavam operando com 87% da capacidade, e
as menores, com 56% - nada mal, considerando que durante o
mesmo período ele reduzira de nove para três o número de
medicamentos que tomava.
Seu inalador Albuterol costumava durar um único mês. Hoje ele dura
no mínimo seis meses, e metade do tempo Christian nem sabe onde
ele está. Hoje Christian consegue participar comodamente de esportes
e exercícios. A asma já não controla mais sua vida.

Os Pulmões e a Poluição do Ar
Quando se consideram as principais causas de estresse oxidativo no
corpo, conclui-se que as mais graves e poderosas o adentram pelo
trato respiratório. Isso se inicia nas fossas nasais e termina nos tênues
alvéolos pulmonares. O ar que respiramos hoje é repleto de ozônio,
óxidos de nitrogênio, emissões de combustíveis e fumaça secundária
de cigarros. Em suma: inspire e tussa.
Jamais esquecerei minha longa viagem até San Diego para iniciar
meu período de residência no Mercy Hospital. Parei no caminho para
visitar amigos em Azusa. A nuvem de poluição era inacreditável,
especialmente para um rapaz de uma cidadezinha da Dakota do Sul.
Na manhã seguinte, meu amigo me levou ao quintal para mostrar-me
as magníficas montanhas San Bernardino. Só havia um problema: não
conseguíamos vê-Ias. Nunca esquecerei o momento em que ele
respirou profundamente e comentou como era estupendo o ar fresco
da manhã.
Respirei fundo e não consegui parar de tossir. Na verdade, joguei uma
partida de golfe naquele mesmo dia tossindo toda vez que respirava.
Depois do sétimo buraco, tive de parar. Fiquei embaraçado, pois mal
podia parar de tossir quando os outros jogadores tentavam dar suas
tacadas. Qualquer pessoa que me conheça sabe como gosto de jogar
golfe. Para que eu abandone uma partida pela metade, ela deve ser
ruim mesmo!
Era curioso ouvir os habitantes de Azusa dizendo que não confiavam
em um ar que não podiam ver. Foi assim que conheci o que os jornais
noticiaram posteriormente como um dia de poluição moderada.
Os poluentes do ar provocam um estresse oxidativo considerável no
trato respiratório e, por conseguinte, no organismo. Quando se
acresce a isso a mais poderosa causa de estresse oxidativo no corpo -
o tabagismo -, suas vias respiratórias e seus pulmões ficam
literalmente sob ataque.
Todavia, Deus não nos deixou indefesos. Ele criou um sofisticado e
elaborado sistema de defesa contra esse ataque ao sistema
respiratório.

A Proteção Natural do Pulmão
A primeira linha de defesa contra estes venenosos pró-oxidantes é
chamada de fluidos do revestimento epitelial (ELF's, em inglês).
Desde seu nariz até a extremidade de seus pulmões, as células são
cobertas por um espesso revestimento mucoso. As células epiteliais,
por si, possuem cílios, os quais formam uma perfeita borda de escova.
Essa borda varre para fora as partículas estranhas, as bactérias e os
vírus inalados. O espesso revestimento mucoso contém muitos
antioxidantes que, em seguida, neutralizam os poluentes inalados,
como o ozônio, o dióxido de nitrogênio e as emissões de
combustíveis. Eles proporcionam uma camada de proteção tão
eficiente que, na maior parte das vezes, tais poluentes nem chegam a
fazer contato com as células epiteliais subjacentes.
Tendo os ELF's como primeira linha de defesa, o muco, os cílios e a
resposta imunológica formam uma equipe extraordinariamertte eficaz
para evitar infecções do trato respiratório. As células epiteliais
subjacentes produzem e segregam diversos antioxidantes na barreira
mucosa, incluindo a vitamina C, a vitamina E e a glutationa - todas as
quais trabalham intensamente para neutralizar os poluentes que
inalamos e, com isso, proteger o tecido subjacente dos pulmões e a
operação pulmonar. A vitamina C é o antioxidante mais proeminente
nesse revestimento fluido de proteção. Além de ser um importante
antioxidante, nesse muco protetor, ela tem a propriedade de regenerar
a vitamina E e a glutationa.
Todavia, as infecções do trato respiratório ou a exposição a poluentes
do ar podem sobrepujar os sistemas de combate a bactérias, vírus e
oxidantes encontrados nos fluidos do revestimento epitelial (ELF's).
Quando isso ocorre, sobrevém uma forte resposta imunológica e
inflamatória. Os fluidos no revestimento dos pulmões ficam muito
espessos, uma vez que a resposta imunológica atrai grande
quantidade de glóbulos brancos, que agridem literalmente os
poluentes ou organismos invasores.
Como você já sabe, nossa resposta imunológica pode causar
inflamações exageradas.
Se os invasores forem rapidamente expelidos, tudo volta ao normal.
Mas a incapacidade de sustar ou controlar a resposta inflamatória
pode resultar em avarias nas células epiteliais subjacentes. Isso, por
sua vez, pode ocasionar uma inflamação crônica que inflige danos
acentuados ao tecido dos pulmões, comprometendo seu
funcionamento.

A Asma
Essa inflamação crônica dos pulmões causa grande fadiga e deixa o
sistema imunológico depauperado. Independentemente de o sistema
imunológico estar combatendo uma infecção crônica ou poluentes do
ar, as inflamações crônicas se fazem sentir duramente nos asmáticos,
sobretudo em idade infantil. Crianças com asma parecem enfrentar
infecções sucessivas e seu nível de energia fica muito aquém do nível
de crianças com vias respiratórias saudáveis.
Quando abri meu consultório particular, em princípios da década de
1970, os médicos acreditavam que o problema original da asma era o
broncospasmo. Essa é uma condição em que os músculos circulares
ao redor de nossos tubos respiratórios entram em espasmo e
estreitam nossas vias pulmonares, provocando uma sensação de
aperto no peito, falta de ar e respiração ruidosa (usualmente alta o
bastante para ser ouvida sem estetoscópio). Nossa primeira linha
terapêutica, na época, era usar drogas como a teofilina ou o Albuterol,
que funcionam, antes de tudo, aliviando o broncospasmo. Se a pessoa
estivesse em estado grave ou precisasse sofrer internação,
adicionávamos um poderoso medicamento antiinflamatório chamado
prednisona.
Passados alguns anos da abertura de meu consultório, porém,
pesquisas começaram a revelar que o problema original da asma era
uma resposta inflamatória crônica. Nossas terapias mudaram
consideravelmente, e engavetamos drogas como a teofilina em favor
de antiinflamatórios (esteróides ou Intal) como terapia de primeira
linha. Pesquisas realizadas ao longo da última década têm concluído
que a causa subjacente da asma e da maioria das doenças
pulmonares crônicas é o estresse oxidativo.
A professora de educação fisica de meus filhos me disse que, quando
começou a lecionar, há 20 anos, costumava pedir aos alunos que
corressem uma milha. Não era grande coisa. Agora a história é bem
outra. Quando pede aos alunos que corram uma milha, ela acaba com
os bolsos cheios de inaladores. A asma é literalmente uma epidemia
nas crianças dos Estados Unidos e do mundo industrializado.
Quando palestrei em Londres e na Holanda, a maior preocupação dos
espectadores era a gravidade da asma de seus filhos. Descobri que a
atual geração de crianças no mundo todo se encontra exposta a mais
poluentes do ar do que qualquer geração anterior. Vejo crianças que
nem chegaram aos 2 anos de idade sofrendo de asma severa. A
quantidade de drogas que essas crianças ingerem somente para
poder respirar é estarrecedora.
A maioria dos medicamentos atuais destina-se a reduzir essa resposta
inflamatória e relaxar o broncospasmo que a acompanha. Todavia, a
raiz subjacente do problema, o estresse oxidativo, continua sem ser
tratado.
Li diversos estudos clínicos em que pacientes de asma demonstravam
possuir quantidades significativamente reduzidas de antioxidantes no
revestimento fluido extracelular dos pulmões. A vitamina C, a vitamina
E e o betacaroteno foram encontrados em níveis diminutos, mesmo
quando as crianças não vinham sofrendo acessos agudos. Elas
também tinham níveis notavelmente elevados de subprodutos do
estresse oxidativo, o que gerava inflamação crônica e hiperatividade
das vias respiratórias.

A História de Adam
Adam desenvolveu um grave caso de asma brônquica aos 3 anos. Foi
dificil para seus pais vê-Io lutando meramente para respirar. O garoto,
em conseqüência, tomava diversos medicamentos e usava um
nebulizador (uma máquina respiratória que mistura medicamentos à
salina normal) para receber seu tratamento de Albuterol. Mas ele não
tolerava bem sua medicação. Como essa possuía caráter estimulante,
Adam tinha dificuldades para dormir e soma palpitações do coração.
Mais desalentador era o fato de que, mesmo com a medicação, ele
era incapaz de correr, jogar bola ou participar das atividades mais
simples. Ele contraía resmados freqüentes e ia muitas vezes ao
pronto-socorro com dificuldades de respirar.
A época mais assustadora coincidiu com o quarto aniversário de
Adam. Ele contraíra um resmado e, em pouco tempo, ficou muito
doente. Sua temperatura chegou a 40,5°C, e uma radiografia no
pronto-socorro revelou um sério caso de pneumonia e asma
descontrolada. Atualmente poucos de nós imaginam os filhos
morrendo de pneumonia, mas essa possibilidade ameaçadora passou
decerto pela cabeça dos pais de Adam. O aniversariante teve sorte e
sobreviveu a sua grave enfermidade, mas ela o deixou ainda mais
debilitado e sua asma permaneceu um grande problema.
Adam continuou tendo problemas para tolerar a medicação receitada
pelos médicos, embora esses estivessem fazendo tudo o que era
medicamente possível. Sua reação não era boa. Seu pai começou a
investigar novas terapias que pudessem ajudá-Io. Ao relatar-me a
história de Adam, ele se lembrou de a mudança ter sido no início de
um verão quando resolveram experimentar uma multivitamina
mastigável e ver se ela ajudaria. Ele se recordava distintamente de
que naquele verão Adam ficara junto à borda da piscina, mal ousando
entrar na água. Mas, no fim da estação, seu filho nadava por toda a
extensão da piscina. No prazo de 60 dias, Adam deixou de ser um
garoto que não podia fazer quase nada fisicamente e converteu-se em
outro capaz de acompanhar o ritmo das demais crianças. Ele
começou a jogar beisebol e até mesmo futebol. De fato, qualificou-se
para uma equipe itinerante de futebol para os 4 anos seguintes.
Adam não só conseguia jogar, como destacava-se no esporte. (Como
médico, devo dizer que o futebol é provavelmente o esporte mais dificil
de praticar para os asmáticos.) Ele pôde suspender a maioria de seus
medicamentos, precisando de seu inalador só ocasionalmente. Adam
tem hoje 13 anos e continua muito ativo nos esportes. Ele escolheu o
beisebol em preferência ao futebol, e leva uma vida que nem ele nem
seus pais julgavam um dia ser possível.
Esse jovem adeta continua tomando uma potente multivitamina, tendo
acrescentado a seu programa de suplementação uma dose de extrato
de sementes de uva e vitamina C. Deve ser surpreendente para os
pais ver seu filho deixando de ser basicamente inválido para tornar-se
normalmente ativo. E eles, decerto, não sentem falta das visitas ao
pronto-socorro! Quão simples e, todavia, quão profundo é o efeito
potencialmente renovador da suplementação nutricional!

A Asma e a Nutrição
Hoje sei que quando uma criança entra em meu consultório com asma
alérgica aguda ou febre do feno, ela tem os sistemas imunológico e de
defesa antioxidante seriamente abalados. No momento em que me
visita, já vem enfrentando inflamações crônicas nas fossas nasais e
nos pulmões por algum tempo. Como resultado, essas crianças
parecem ter alergia de praticamente tudo. Elas têm círculos escuros à
volta dos olhos, sentem fadiga e tomam muitos medicamentos.
Submeto-as a um potente suplemento mineral e antioxidante e incluo,
além disso, alguns ácidos graxos essenciais na forma de óleo de
linhaça extraído por prensa fria ou, por vezes, óleo de peixe. Como
discutimos no Capítulo 10, as gorduras essenciais são importantes
para a produção de certos produtos antiinflamatórios naturais pelo
corpo, o que ajuda a restabelecer controle sobre a inflamação.
O extrato de sementes de uva, além de ser um grande antioxidante,
parece ter ainda efeitos antialérgicos. É um forte suplemento adicional
para crianças com asma. Costumo recomendar aos pais que dêem a
seus filhos 1 a 2 mg de extrato de sementes de uva por cada quilo de
seu peso. Também lhes ministro cálcio adicional e suplementos de
magnésio. O magnésio ajuda a relaxar os broncospasmos dos
músculos pulmonares. Como os espasmos desses músculos é que
estreitam as vias respiratórias, isso ajuda a alargá-Ias.
Sempre digo aos pais que são necessários seis meses para recompor
os sistemas antioxidante e imunológico de uma criança, por isso eles
não devem ficar muito ansiosos. Se eu os vir na primavera, digo-lhes
que a criança estará bem melhor no outono. Todos os meus pacientes
mirins com asma ou febre do feno melhoraram usando esse programa
de suplementação nutricional. Algumas histórias são dramáticas,
como a de Adam, e outras refletem apenas melhorias modestas, mas
todas apresentam bons resultados.
Queira lembrar-se: jamais peço a crianças asmáticas que suspendam
sua medicação, uma vez que, como já observei, os suplementos
nutricionais não são uma medicina alternativa - mas uma medicina
complementar.
Tive prazer em tratar crianças com alergias severas, pois elas reagem
magnificamente à suplementação nutricional. Lembro-me da história
que uma mãe me relatou pouco depois de iniciar com sua filha o uso
dos suplementos que recomendei. A menina, de 5 anos de idade,
estava andando de trenó na neve. Como de costume, a mãe
aguardava pacientemente à porta com o inalador da filha. Durante 2
anos a menina não pudera desempenhar nenhuma atividade,
especialmente fora de casa e em dias frios, sem a ajuda do inalador.
Qual não foi a surpresa da mãe ao ver que sua filhinha podia passear
pela neve a manhã inteira sem precisar nenhuma vez de seu inalador!
Lembro-me também de quando nossa família se reuniu em Sioux City,
em Iowa. Minha filha e minha sobrinha começaram a correr durante
nossa caminhada às margens do rio Missouri. Como todos os bons
tios, incentivei as garotas, provocando bastante minha sobrinha depois
que minha filha a venceu. Minha sobrinha replicou que estava
animadíssima somente por poder correr. Até então ela não tinha sido
capaz disso, devido à asma esforço-induzida. Eu havia me esquecido
de que lhe havia receitado suplementos nutricionais poucos meses
antes.
Adultos com asma também têm muito a ganhar. Na época em que
minha esposa sofria de fadiga crônica e fibromialgia (ver Capítulo 1),
entre seus principais problemas estavam a asma e a febre do feno
agudas. Ela não conseguia nem mesmo entrar no galpão sem uma
daquelas máscaras enormes que as pessoas usam para lidar com
materiais perigosos. Minha esposa adora seus cavalos, e faria o que
fosse necessário para estar junto deles!
Liz tomava cerca de cinco medicamentos diferentes, incluindo injeções
antialérgicas, na tentativa de controlar a asma e as alergias. Mas,
assim que deu início a seu programa intensivo de suplementação, a
asma e a febre do feno melhoraram sensivelmente. Quando seu corpo
começou a reforçar suas defesas, Liz parou de usar a máscara e
suspendeu todos os medicamentos. Por vezes, ela ainda tem
problemas com alergia e toma seus remédios; todavia, hoje isso só
ocorre duas ou três vezes por ano.
Não preciso dizer que nossos filhos e um grande número de adultos
encontram-se literalmente sob o ataque do meio ambiente. Esse os
vem consumindo, e eles precisam do apoio dos suplementos
nutricionais. Como nos casos de Christian e Adam, a medicina não
possui todas as respostas, e as pessoas, quando estão no fim da
linha, começam a procurar outras opções. Mas lembre-se de que não
estou sugerindo uma medicina alternativa; estou, sim, recomendando
com firmeza a medicina complementar dos suplementos nutricionais.
A pergunta é: por que estou sozinho nisso? Por que os médicos
relutam tanto em recomendar que seus pacientes de asma é alergias
tomem suplementos nutricionais? Isso para mim é um mistério.

A Poluição do Ar e as Doenças Pulmonares
Obstrutivas Crônicas
Não há nada mais dificil do que observar pacientes, sejam jovens ou
idosos, sofrendo a cada aspiração, precisando muitas vezes de
oxigênio por via nasal vinte e quatro horas por dia. Esse é o caso das
pessoas com doenças pulmonares obstrutivas crônicas (DPOC's), as
quais incluem o enfisema, a bronquite crônica e a bronquiolite. Esses
pacientes mal conseguem se exercitar e acham que a deficiência
pulmonar compromete, em muito, sua alegria de viver.
Nem todo mundo pode tomar a decisão deliberada de viver em um
ambiente saudável, mas a prevenção tem um grande peso em minha
mente. Nesse ponto, volto a constatar que o que vale não são os anos
de vida, mas a qualidade da vida que temos nesses anos. Precisamos
fazer tudo o que pudermos agora para fortalecer nossa saúde ou
reestimulá-Ia se ela estiver debilitada.
A poluição do ar é um elemento importante. Há evidências
consideráveis de que a inalação da fumaça de cigarros e de poluentes
do ar provoca o aumento de estresse oxidativo que está na origem
das DPOC's. A inflamação crônica que resulta nas vias respiratórias
das pessoas gera ainda mais estresse oxidativo, o que leva à avaria
do delicado tecido pulmonar. Isso acaba por limitar o funcionamento
do pulmão, comprometendo a passagem do oxigênio através das
membranas danificadas até o sangue.

Estudos Mostram Que o Estresse Oxidativo É a
Causa das DPOC's
W. MacNee declarou no jornal médico Chest e no Simpósio da
Fundação Novartis que a seu ver havia evidências científicas
consideráveis de que o estresse oxidativo é a causa das OPOC's. Ele
descobriu que muitos pacientes com OPOCs tinham poucos
antioxidantes no tecido pulmonar, em função do aumento de estresse
oxidativo e possivelmente de uma dieta pobre em antioxidantes. Ele
declarou que antioxidantes com boa "biodisponibilidade" (que são
facilmente usados no pulmão) podem constituir, dessa forma, terapias
potenciais, que não somente protegeriam dos efeitos diretamente
nocivos dos oxidantes, como também poderiam alterar favoravelmente
os eventos que têm papel central no desenvolvimento das OPOC's.

O avanço das DPOC's tem relativa resistência aos tratamentos
médicos tradicionais, sobretudo ao uso de esteróides. Obviamente, a
primeira tarefa do médico costuma ser incentivar pacientes que fumam
a abandonar este hábito. Não é uma tarefa fácil. Acho mais dificil
conseguir que meus pacientes abandonem o cigarro do que o álcool,
ou mesmo do que certos medicamentos narcóticos. Ainda assim, o
beneficio para o paciente é imenso. Por isso mesmo, tento
praticamente de tudo para ajudar meus pacientes a pararem de fumar.
(Um princípio que você encontrará a todo momento neste livro é o de
que cumprelhe fazer todo o possível para reduzir sua exposição aos
elementos capazes de gerar estresse oxidativo. Saúde não é
meramente uma questão de reforçar o sistema de defesa antioxidante
de seu corpo.)
Se você estiver desenvolvendo uma DPOC sem nunca ter fumado ou
sem estar fumando no momento, a suplementação nutricional pode
ser a melhor maneira de retardar a progressão da doença. Os
princípios básicos se aplicam a essas doenças pulmonares crônicas
da mesma maneira que à asma: quanto antes você der início a um
programa agressivo de suplementação, maiores suas chances de
impedir o avanço da doença. Quando o pulmão já estiver seriamente
lesado, como muitos fumantes já descobriram, há pouca chance de
melhorar significativamente seu funcionamento.

A Fibrose Cística
A fibrose cística (FC) é uma doença hereditária letal caracterizada
sobretudo pela má absorção digestiva (o corpo não absorve
prontamente os nutrientes da dieta), bem como por infecções
pulmonares crônicas. A síndrome de má absorção dos pacientes de
fibrose cística deve-se primariamente à deficiência de enzimas
pancreáticas. Além disso, as células epiteliais das vias respiratórias
dos pulmões tampouco funcionam bem, o que promove maior
acúmulo de muco e novas infecções bacterianas. O dano infligido aos
pulmões característico dessa doença deve-se, uma vez mais, ao
tremendo estresse oxidativo que acaba ocorrendo no revestimento
pulmonar.
Diversos estudos clínicos demonstraram que pacientes de fibrose
cística são muito deficientes em vitamina E, selênio, betacaroteno e no
importante antioxidante glutationa, encontrado tanto nas células
epiteliais como no revestimento de fluido epitelial dos pulmões.6 Esse
processo inflamatório contínuo reduz a quantidade dos antioxidantes
essenciais necessários à proteção dos pulmões, e, em razão do
problema de má absorção, é impossível para o paciente repor
nutrientes de maneira adequada.
A fibrose cística é um exemplo ideal do que ocorre quando nossos
sistemas naturais antioxidante e imunológico não conseguem
funcionar devidamente. O dano oxidativo ao tecido pulmonar acumula-
se em ritmo muito acelerado, e a maioria das pessoas morre antes de
atingir a idade adulta.
Estudos recentes apresentaram resultados animadores; ou seja, a
possibilidade de retardar a progressão dessa doença pelo uso de
suplementos nutricionais. Combinando suplementos de enzimas
pancreáticas com uma intensa suplementação antioxidante em
pacientes de fibrose cística, pesquisadores conseguiram restaurar
quase ao normal os níveis de vitamina E e betacaroteno. Ensaios
clínicos indicam ainda que, quando os pacientes tomam esses
importantes nutrientes antioxidantes, o estresse oxidativo volta a ficar
sob controle e os abalados sistemas imunológicos também se
recuperam, de modo a conseguir combater melhor as infecções
crônicas.
Tais estudos clínicos dão aos médicos uma forte razão para receitar a
seus pacientes de fibrose cística suplementos nutricionais potentes e
enzimas pancreáticas. A suplementação não pode senão ajudar a
melhorar a condição do paciente e, espera-se, com entusiasmo,
retardar o avanço de sua doença.

A História de Sharlie
Sharlie é uma bela jovem. É vibrante e cheia de energia - a própria
imagem da saúde. Você jamais imaginaria que ela luta diariamente
por sua vida. Saiba que Sharlie nasceu com fibrose cística. Hoje ela
tem 23 anos e já é uma privilegiada, se considerarmos que apenas
30% desses pacientes chegam à idade adulta.
Ninguém sabe melhor disso do que Sharlie e sua mãe, Collette. A irmã
de Sharlie morreu há muitos anos, após um transplante bilateral dos
pulmões por razão de fibrose cística. As duas meninas eram
inseparáveis. Como ambas tinham essa doença crônica, elas
possuíam um elo que a maioria das crianças jamais experimentará.
Na verdade, ver sua irmã sofrer e morrer após um transplante de
pulmão criou em Sharlie o desejo profundo de fazer todo o possível
para proteger seus próprios pulmões e ajudar ao máximo na luta
contra seu inimigo comum.
Sharlie tinha 15 anos quando sua irmã, Lexi, morreu. A mágoa foi para
ela um grande fardo, mas Sharlie também carregava o fardo de sua
própria luta - pulmões que a maior parte do tempo só funcionavam
com 35% da capacidade. Seu médico quis incluí-Ia igualmente na lista
para transplante pulmonar.
Depois da desilusão com a experiência da irmã, Sharlie se opôs a
essa decisão, preferindo antes tentar combater sua doença com o uso
de poderosos suplementos nutricionais. Lexi lhe despertara essa
esperança. Sharlie vira Lexi reagir bem aos suplementos depois do
transplante de pulmão. Os médicos achavam que perderiam Lexi
pouco depois da cirurgia, mas ela era uma lutadora, e, com a ajuda de
nutrientes, recuperou-se de maneira notável.
Embora Lexi só vivesse uns poucos meses depois disso, Sharlie
convenceu-se de que sua melhor opção era tentar fortalecer seu
próprio corpo por meio da suplementação. Ela começou a tomar um
poderoso suplemento mineral e antioxidante, juntamente com
adicionais de vitamina C, cálcio, magnésio e extrato de sementes de
uva. Ela teve resultados impressionantes. Meses mais tarde, o
funcionamento de seus pulmões estavam acima de 50%. Os médicos
estavam atônitos.
Sharlie começou a tomar parte em atividades de educação fisica e,
mesmo, em esportes menores. Ela sempre acreditara que quanto
mais ativa pudesse ser, tanto melhor, muito embora continuasse a
sofrer infecções e tivesse de ser hospitalizada de tempos em tempos
para receber antibióticos intravenosos. Apesar dessas pequenas
recaídas, Sharlie viu sua vida e suas atividades cotidianas alcançarem
quase a normalidade.
Sua decisão de não entrar na lista de transplante do pulmão e de
iniciar um agressivo programa de suplementação foi a melhor de sua
jovem vida. Sharlie tornou-se um símbolo de esperança para muitas
outras crianças com fibrose cística.
Infelizmente, a luta de Sharlie continua. Há 3 anos ela desenvolveu
uma aguda falta de ar. Foi mais dificil do que qualquer coisa que já
houvesse experimentado. Depois de examiná-Ia, o médico teve de
dizer à mãe de Sharlie que um dos pulmões da filha sofrera colapso e
já não funcionava - uma condição conhecida como pneumotórax.
Isso, sem dúvida, deprimiu Sharlie - a princípio. Mas ela, com grande
determinação, superou esse abalo e acabou retornando a uma vida
quase normal, contando somente com o pulmão avariado que lhe
restava. Ela continua sua luta por ar e por sua vitória sobre a infecção.
Após um acesso de pneumonia que reduziu sua capacidade
respiratória para quase 15%, ela recuperou seu estilo de vida ativo e
surpreendeu seus médicos. De fato, sua capacidade respiratória
voltou a 35%.
A história de sucesso de Sharlie é uma história de força e coragem
inabaláveis, complementadas pelo que há de melhor em atenção
médica e suplementos nutricionais. Sharlie aprendeu a viver um dia
por vez. Isso certamente faz de cada um de seus dias uma dádiva
mais do que preciosa.
Conheço Sharlie já há mais de 7 anos, e ela tem sido um pilar de
incentivo para mim.

Nossos pulmões ficam provavelmente vulneráveis ao máximo no
mundo tóxico em que nos vemos obrigados a viver. Embora nosso
corpo possua uma excelente defesa natural, ele ainda pode ser
sobrepujado. É indispensável que deixemos tais defesas naturais em
seu nível máximo.
As histórias que compartilhei com você neste capítulo são dramáticas,
e são verdadeiras. Não é impressionante a melhora que
experimentam pacientes com asma, alergia e fibrose cÍstica quando
aprendem a sustentar com suplementos nutricionais os sistemas
naturais imunológico e antioxidante de seus pulmões? É esse o
milagre que você vinha procurando?

TREZE - Doenças Neurodegenerativas
CARL MOHNER FEZ 80 ANOS EM AGOSTO DE 2001. AMANTES
DA ARTE DE TODO O mundo celebraram seu aniversário, mas
especialmente os de McAllen, no Texas.
Carl, que se tornaria uma lenda, iniciou sua carreira de ator em
Salzburgo, na Áustria, em 1941. Depois que a Segunda Guerra
Mundial interrompeu temporariamente suas atividades, ele voltou a
filmar e, em 1951, estrelou em Vagabunden der Liebe (Vagabundos
do Amor), o primeiro de mais de sessenta filmes. Entre os mais
notáveis estão A Última Ponte, que ganhou a Palma de Ouro no
Festival de Cinema de Cannes de 1953, bem como a produção
francesa Rififi, do ano seguinte, hoje considerada um clássico. O
público americano se lembrará melhor de Carl como o Capitão
Lndeman de Sink the Bismark (Afundem o Bismark) ou como Peter, o
cozinheiro de peixes em The Kitchen (A Cozinha).
Apesar de seu sucesso no cinema, a primeira paixão de Carl foi a
pintura.
Texturas e profundidades eram para ele tão fascinantes como os
personagens de um filme e, a seu ver, as cores articulavam as falas
do drama da vida. As telas se tornavam o palco em que o artista
expressava suas paixões.
Um dia Carl reconheceu essa mesma paixão no coração de outra
pintora, Wilma Langhamer, que se tornou sua esposa em 1978. Eles
trocaram a Europa pela América, a terra da oportunidade. Tiveram
grandes sonhos e se mudaram para o coração do Texas. A vida era
boa, e ambos os artistas produziram uma quantidade impressionante
de obras até 1988, quando a vida de Carl mudou para sempre.
Carl recebeu o diagnóstico de mal de Parkinson. A doença surgiu
sombria no horizonte de seu futuro com Wilma, ameaçando tirar-lhes
tudo pelo que haviam lutado. Mas para Carl as mudanças nunca foram
sinônimo de insucesso. Como se previa, falar foi se tornando mais
dificil para ele, e sua habilidade para andar declinou dramaticamente.
Mas a cor e o drama ainda dançavam ante seus olhos, levando-o de
volta às telas dias após dia. Em que pesasse ao futuro incerto, Carl
pintaria até quando pudesse.
Às vezes, ele se sentia como se nadasse em areia movediça. Seu
corpo tornou -se o maior obstáculo em sua vida. Mas os desafios não
eram novidade. Ao rememorar seus anos passados, o pintor
lembrava-se da rigidez (um sintoma característico do mal de
Parkinson) que já se manifestava muito antes de seu diagnóstico. A
força de vontade de Carl tinha de superar os limites de seu corpo. Ele
foi em frente e continuou a pintar em um ritmo frenético, produzindo
mais de 1.500 quadros entre 1990 e 1995.
Embora os medicamentos tradicionais ajudassem a princípio, em
meados da. década de 1990 o artista estava essencialmente preso à
cadeira de rodas, sem todavia parar de pintar. No verão de 1999, CarI
me consultou para saber se a nutrição poderia ajudá-Io de alguma
forma. Seguindo minhas recomendações, ele começou a tomar um
poderoso tablete mineral e antioxidante, acompanhado também de
uma alta dose de extrato de sementes de uva e Coenzima Q10.
Passados cerca de seis meses, Carl notou certo restabelecimento no
movimento de sua lingua, e conseguia levantar-se e andar por curtas
distâncias. Decidi aumentar a dose do extrato de sementes de uva.
Ele me contou então que já conseguia levantar-se e sentar-se, e
caminhar cerca de vinte minutos por dia. Sua terapia fisica também
ajudou, e sua força como um todo começou a aumentar. O mais
animador para Carl era o fato de que ele podia continuar pintando.
Enquanto pintava, podia esquecer o mal de Parkinson, ao menos por
alguns meros instantes.
A maioria das pessoas consideraria o mal de Parkinson como o pior
inimigo de um pintor, pois ele afeta significativamente o movimento
muscular. Mas Carl continua a exibir seu trabalho em algumas das
exposições mais concorridas do país. Em setembro de 2000 ele
conquistou o primeiro lugar em Meios Mistos Bidimensionais na
prestigiada Plaza Art Fair, em Kansas City, Missouri. Em março de
2001, no Bayou City Art Festival, em Houston, ele voltou a conquistar
o primeiro prêmio em Meios Mistos Bidimensionais.
Em atenção ao octogésimo aniversário de Carl, Vernon Weckbacher,
curador de coleções no McAllen International Museum, escreveu:
"Carl, você enxerga o que há de belo e instigador nas coisas comuns,
e, por meio de suas obras, compartilha sua visão especial com as
pessoas ao seu redor".
Como ser humano, fico assombrado com a beleza que CarI transmite
por intermédio da arte. Como médico, fico atônito pelo fato de ele
ainda ser capaz de pintar - quanto mais de comunicar-se pelo meio
artístico e competir nos mais altos níveis de seu oficio.
"As pessoas ficam muito tocadas com a arte dele", diz a esposa de
Carl, Wilma. "É para isso que ele vive. Quando está absorto em seu
trabalho, o mal de Parkinson deixa momentaneamente de existir. Só
existem ele e a pintura."
A vida de Carl não é apenas um tributo a seu caráter; ela demonstra
os resultados fortalecedores da medicina nutricional. A lenda de Carl
Mohner ainda está viva.

O Estresse Oxidativo e o Cérebro
Você já pensou em sua capacidade de pensar? Pense no pensamento
(o que é uma idéia e tanto!). Quando recorre a seus bancos de
memória e recorda uma experiência vívida da infância ou aquele
momento especial com sua família, você já se perguntou como é que
consegue se lembrar até dos mínimos detalhes? Pare de ler por um
momento e olhe pela janela. Já havia parado para maravilhar-se com
sua visão em cores, grande-angular e binocular? Tudo isso só é
possível graças à fabulosa criação de Deus que é o cérebro.
O cérebro é nosso órgão mais precioso, já que, sem o seu
funcionamento pleno, nós, seres humanos, meramente existiríamos,
incapazes de nos relacionar com o mundo ao nosso redor. Minha mãe
morreu de um grave tumor cerebral que afetava sua capacidade de
entender conversas e falar. Foi a época mais frustrante de minha vida,
pois ela não conseguia entender o que dizíamos. Quando lhe
dizíamos que a amávamos, tudo o que ganhávamos em troca era um
olhar vazio. Suas palavras eram desordenadas e não faziam o menor
sentido. Não é necessário dizer que proteger meu cérebro tornou-se
uma prioridade.
A essa altura, não será surpresa nenhuma para você que nem mesmo
o cérebro (o sistema nervoso central) ou nossos nervos (o sistema
nervoso periférico) estejam a salvo do estresse oxidativo. Esse inimigo
comum foi gravemente relacionado a uma variedade de doenças que
infligem danos devastadores ao cérebro e aos nervos, conhecidas
como doenças neurodegenerativas. Elas incluem o mal de Alzheimer,
o mal de Parkinson, a ALS (ou mal de Lou Gehrig), a esclerose
múltipla e a coréia de Huntington. Na verdade, há várias razões para
que o cérebro e os nervos sejam especialmente vulneráveis ao
estresse oxidativo:

. Em proporção a seu tamanho, o cérebro sofre uma atividade
oxidativa crescente, o que gera um número considerável de radicais
livres.
. A atividade normal prompvida por diversas substâncias químicas
com a finalidade de estabelecer a condução neural é uma grande
produtora de radicais livres.
. O cérebro e o tecido dos nervos contêm níveis relativamente baixos
de antioxidantes.
. Milhões de células não replicáveis compõem o sistema nervoso
central. Isso significa que, uma vez danificadas, elas provavelmente
continuarão assim pelo resto da vida.
. O cérebro e o sistema nervoso são facilmente abalados. Um dano
ligeiro em uma região crítica pode causar graves problemas.

O cérebro é o órgão mais importante de nosso corpo. Nossos
pensamentos e emoções, nossa capacidade de raciocinar e nos
comunicar com o mundo externo estão em perigo se algo danificar
nosso cérebro. Qual a melhor forma de defender esse precioso
patrimônio? Não é apenas uma questão de tentar evitar a devastação
das doenças degenerativas; antes de tudo, porém, é uma questão de
proteger nossa capacidade de pensar e raciocinar.

O Envelhecimento do Cérebro
O estresse oxidativo é a principal causa do processo de
envelhecimento. Em parte alguma as evidências disso são mais fortes
do que quando estudamos o envelhecimento do cérebro. Diversos
estudos científicos detectaram estresse oxidativo na mitocôndria (o
forno da céluIa) e no DNA das células cerebrais. Isso pode provocar o
mau funcionamento ou mesmo a morte dessas células delicadíssimas.
Como observei, as células do cérebro não têm a capacidade de se
regenerar. Assim, conforme perdemos mais e mais células cerebrais
ao longo de nossas vidas em razão do estresse oxidativo, o cérebro
simplesmente vai deixando de funcionar com a eficiência de quando
éramos mais jovens. Em termos médicos isso provoca o que se
chama perda da cognição. Em termos leigos, é uma redução em
nossa capacidade de pensar ou raciocinar. Portanto, o estresse
oxidativo em nossas delicadas células cerebrais é o maior inimigo do
funcionamento do cérebro.
O envelhecimento do cérebro é essencialmente o primeiro estádio de
degeneração dessas importantíssimas células de nosso corpo. Assim
como não contraímos outras doenças degenerativas do nada, as
pessoas não acordam simplesmente de manhã com o mal de
Alzheimer ou o mal de Parkinson. Essas doenças representam os
estádios finais do dano oxidativo ao cérebro. Elas são apenas parte de
uma progressão que tem início com o envelhecimento do cérebro.
Quando um número suficiente de células cerebrais se encontra
danificado, a doença se manifesta.
Quando um paciente recebe o diagnóstico de mal de Parkinson, mais
de 80% das células de uma região particular do cérebro chamada de
substantia nigra já foram destruídas. O mesmo vale para as pessoas
com mal de Alzheimer. Essas doenças degenerativas, na verdade, se
desenvolvem durante períodos de 10 a 20 anos.
Vejamos algumas delas individualmente.

Mal de Alzheimer
O mal de Alzheimer afeta mais de 2 milhões de norte-americanos e é
a principal causa de internação em asilos. Os pacientes de Alzheimer
não se limitam a ignorar a data corrente: eles não reconhecem nem
mesmo suas famílias.
Nada é mais devastador do que perder a capacidade de pensar.
Qualquer pessoa que tenha de lidar com o mal de Alzheimer dentro de
sua família sabe como isso é trágico. Se você tem um ente querido
que sofre de Alzheimer, sabe que é a qualidade e não a quantidade de
vida que deve importar para a maioria de nós.
Tratei centenas de pacientes de Alzheimer ao longo de minha carreira.
Eu pude vê-Ios vivendo de 10 a 15 anos de suas vidas isolados
mentalmente de sua família e seus amigos. Enquanto escrevo este
capítulo, o ex-presidente Ronald Reagan "comemora" seu
nonagésimo primeiro aniversário. Tristemente, os meios de
comunicação noticiaram que há mais de 10 anos ele não faz um
discurso em público. A passagem de mais um aniversário torna-se um
evento vazio e doloroso para os pacientes do mal de Alzheimer e suas
famílias.
Numerosos estudos apresentaram evidências que demonstram
claramente ser o dano por radicais livres a causa do mal de Alzheimer.
Descobertas recentes feitas por pesquisadores da Case Western
Reserve University concluíram que o aumento de estresse oxidativo
com o avanço da idade é provavelmente responsável por todos os
aspectos do mal de Alzheimer. Há fortes evidências de que pacientes
com esse mal têm níveis significativamente reduzidos de antioxidantes
no cérebro, bem como altos níveis de estresse oxidativo.
Há hoje muito interesse nos beneficios terapêuticos que os pacientes
do mal de Alzheimer podem extrair dos antioxidantes. O New England
Journal of Medicine divulgou em abril de 1997 um estudo mostrando
que altas doses de vitamina E podem reduzir significativamente o
avanço do mal de Alzheimer. Pacientes com a doença em estado
moderado que ingeriram 2.000 lU de vitamina E em suplementação
conseguiram permanecer em casa 2 ou 3 anos a mais do que os
membros do grupo de controle, que receberam apenas um placebo.
Não é dificil imaginar a economia de gastos (para não dizer a paz de
espírito) que cada família teria ao adiar, em qualquer medida, os
serviços de asilos. Outros estudos clínicos em que pacientes do mal
de Alzheimer usaram antioxidantes como a vitamina C, a vitamina A, a
vitamina E, o zinco, o selênio e a rutina (um flavonóide antioxidante)
também se mostraram bem promissores.

Mal de Parkinson
A postura curvada, movimentos voluntários lentos, rigidez e um tremor
de "enrolar pílulas", que faz com que as mãos se movam para trás e
para a frente em uma ação de "enrolamento", caracterizam o mal de
Parkinson. As aparições em público de Mohammed Ali nos deu uma
boa idéia dos efeitos dessa doença debilitante. Esses obstáculos são
a razão para que a história de Carl seja tão profunda.
lnacreditavelmente, a doença de Carl é muito mais grave do que a de
Ali e, todavia, ele ainda é capaz de pintar.
Uma vasta gama de estudos sustenta o papel dos radicais livres como
causa subjacente do mal de Parkinson. A morte real de células (de
aproximadamente 80%) na área do cérebro chamada de substantia
nigra reduz a produção de dopamina, uma substância que permite ao
cérebro funcionar normalmente.
Estudos indicam que pacientes com indícios de mal de Parkinson que
tomaram altas doses de vitamina C e E conseguiram retardar o
avanço da doença. Eles evitaram tomar qualquer medicamento para
sua doença por aproximadamente 2 anos a mais do que o grupo de
controle. A glutationa e a N-acetil L-cisteína (ambas antioxidantes)
também se mostraram bastante eficazes em proteger os nervos da
substantia nigra de novos ataques do estresse oxidativo.

Esclerose Múltipla
A esclerose múltipla afeta cerca de 250 mil norte-americanos e é duas
vezes mais comum em mulheres do que em homens. Diversamente
do mal de Alzheimer e do mal de Parkinson, em que as células
cerebrais são efetivamente danificadas, essa desordem afeta a bainha
de mielina (camada que reveste o nervo). Essa ruptura da mielina,
chamada de desmielinação, resulta em mau funcionamento do nervo.
É como um fio elétrico que gera curto-cirtuito devido a estragos no
isolamento que o envolve. A desmielinação é responsável pelos
sintomas clínicos da esclerose múltipla.
O dr. S. M. LeVine sugeriu, em 1992, que os radicais livres de
hidroxila encontrados em excesso na bainha de mielina causam a
esclerose múltipla. Outros investigadores documentaram o fato de que
o estresse oxidativo é significativamente maior em pacientes com
esclerose múltipla no ápice do que em pacientes da mesma doença
em situação estável.
A esclerose múltipla difere das outras doenças degenerativas pelo fato
de que o mecanismo que agride o sistema nervoso central e os nervos
periféricos é o sistema imunológico, e não toxinas externas. Quando o
próprio sistema imunológico ataca a bainha de mielina, gera-se um
estresse oxidativo que, em seguida, danifica os nervos.
A esclerose múltipla responde notavelmente bem à nutrição celular.
Não há para mim dúvida alguma de que, diversamente do mal de
Alzheimer e do mal de Parkinson, em que danos irreversíveis são
infligidos às células do cérebro, o corpo tem o potencial de reparar os
danos à bainha de mielina. É fundamental submeter os pacientes de
esclerose múltipla ao uso de poderosos antioxidantes.
Na tentativa de retardar ou mesmo reverter o mal de Parkinson, a
esclerose múltipla ou o mal de Alzheimer, ainda não usamos os
antioxidantes em seu pleno potencial. E isso por uma série de razões
importantes. Em primeiro lugar, como eu já disse, no momento em que
o médico consegue diagnosticar o mal de Alzheimer ou o mal de
Parkinson, um número significativo de células cerebrais fá foi
destruído. Nós simplesmente não iniciamos o tratamento cedo o
bastante. Em segundo lugar, para que tenhamos algum sucesso em
reduzir o risco ou retardar o avanço de doenças neurodegenerativas,
devemos pesquisar os efeitos de antioxidantes que adentrem o
cérebro facilmente. Em terceiro lugar, no caso de pacientes com uma
doença como a esclerose múltipla, precisamos também recorrer a
antioxidantes que entrem com mais eficácia tanto no cérebro como
nos nervos. Os pesquisadores ainda não estão estudando
antioxidantes que consigam atravessar facilmente o que é chamado
de barreira hemato-encefálica.

A Barreira Hemato-Encefálica
O cérebro precisa de uma barreira que o separe do sangue e
possibilite a complexa sinalização dos nervos. A barreira hemato-
encefálica é um espesso revestimento de células epiteliais presente
nas pequenas artérias que correm pelo cérebro. Esse revestimento
possui articulações muito apertadas, o que dificulta bastante a
passagem dos nutrientes para as células cerebrais.
Nutrientes importantes necessários ao cérebro conseguiram
especializar-se em transportar as proteínas disponíveis, permitindo-
lhes cruzar essa barreira. Ao mesmo tempo, substâncias tóxicas,
organismos infecciosos e a maioria dos outros nutrientes têm
dificuldade em atravessar essa barreira. Isso mantém o cérebro
isolado, permitindo que apenas os nutrientes mais essenciais o
adentrem. Como um castelo medieval circundado por um fosso e uma
muralha, com acesso por ponte levadiça, nosso cérebro possui uma
proteção considerável dos perigos do mundo exterior. Deus criou essa
barreira defensiva notável para a proteção dessa delicadíssima parte
de nosso corpo.
Você então se perguntaria: O que houve de errado no caso do
envelhecimento do cérebro e das doenças neurológicas?
O departamento de neurologia no Centro Médico Rabino, de Tel Aviv,
concluiu que, em função do meio ambiente de hoje, o cérebro está
exposto a uma quantidade significativamente maior de toxinas (como
os metais pesados) e, conseqüentemente, de estresse oxidativo. O
sistema de defesa antioxidante já não é totalmente eficaz para
proteger esse órgão vital. Eles acreditam que antioxidantes adicionais,
que devem ser tomados especificamente como suplementação,
tenham o potencial de diminuir ou talvez mesmo prevenir o dano
causado pelo aumento de estresse oxidativo. Atertam, contudo, que
os antioxidantes devem ser capazes de cruzar facilmente a barreira
hemato-encefálica.
Vamos dar uma olhada em cada um dos importantes antioxidantes
necessários à proteção das sensíveis células do cérebro, e também
na maneira como eles atravessam a barreira hemato-encefálica.

Os Antioxidantes Adequados para o Cérebro
Vitamina E

A vitamina E é um antioxidante solúvel em gordura, muito importante
para a proteção das células do cérebro e dos nervos periféricos. Ela
consegue atravessar a barreira hematoencefálica, mas encontra certa
dificuldade. Os pesquisadores têm de usar altas doses de vitamina E
em suplementação para aumentar sua incidência nessa região do
corpo. Portanto, a vitamina E é um antioxidante importante para a
proteção das células cerebrais, mas talvez não seja o melhor nesse
caso.

Vitamina C

A vitamina C pode concentrar-se no tecido e no fluido ao redor do
cérebro e dos nervos. Ela consegue atravessar a barreira hemato-
encefálica e, de fato, seus IÚveis são dez vezes maiores nesse tecido
do que no plasma.16 Uma vez que a vitamina C, além de ser um
ótimo antioxidante, possui ainda a capacidade de regenerar a vitamina
E e a glutationa, ela é um nutriente importantíssimo para proteger as
células do cérebro e dos nervos.

O dr. M. C. Morris publicou um estudo demonstrando que as vitaminas
C e E, quando ministradas em suplementação a pacientes normais
com idades acima de 65 anos, reduziram efetivamente o risco de
desenvolvimento do mal de Alzheimer. Esse foi um estudo modesto, e
ainda ser devem feitos estudos mais intensivos e abrangentes.

Glutationa

A glutationa é o mais importante antioxidante no cérebro e nas células
nervosas. Mas esse é um nutriente dificilmente absorvido a partir de
suplementos orais, e sua habilidade para cruzar a barreira hemato-
encefálica ainda não está muito clara. Alguns estudos utilizando
glutationa intravenosa demonstraram melhorias significativas em
pacientes de mal de Parkinson; todavia, esses estudos envolveram
somente uns poucos pacientes. A melhor estratégia nessas condições
é suplementar os nutrientes de que o corpo precisa para produzir sua
própria glutationa (a N-acetil L-cisteína, a niacina, o selênio e a
vitamina B2). Você também precisa ter disponíveis os antioxidantes
que regeneram a glutationa, de modo que ela possa ser usada por
repetidas vezes (vitamina C, ácido alfalipóico e CoQ10).

Ácido Alfalipóico

A comunidade médica está reconhecendo cada vez mais o ácido
alfalipóico como um antioxidante importante. Ele não somente é
solúvel em água e gordura como tem ainda a capacidade de
atravessar prontamente a barreira hemato-encefálica. Ele pode
regenerar a vitamina C, a vitamina E, a glutationa intracelular e a
CoQ10.
Outro aspecto importante do ácido alfalipóico é o fato de que ele pode
aderir a metais tóxicos no cérebro e ajudar a eliminá-Ios do corpo.
Metais pesados como mercúrio, alumínio, cádmio e chumbo foram
relacionados ao aumento do risco de desenvolvimento de doenças
neurodegenerativas. Esses metais tendem a depositar-se no tecido do
cérebro, devido à grande quantidade de gordura concentrada nessa
área do corpo. Eles podem provocar um aumento considerável de
estresse oxidativo, sendo extremamente difíceis de serem removidos
do sistema nervoso central uma vez lá instalados. Antioxidantes que,
além de serem potentes, possuem a habilidade de ajudar a remover
esses metais pesados tóxicos serão cada vez mais importantes na
prevenção e no tratamento dessas doenças.
Como um comentário à parte, creio ser prudente evitar o uso de
produtos que, a exemplo dos desodorantes e utensílios de cozinha,
contêm alumínio. Sabendo-se que os metais pesados aumentam
efetivamente a quantidade de estresse oxidativo no corpo, e sobretudo
no cérebro, é interessante que você reduza sua exposição a eles.
Prevejo que nos próximos anos ouviremos falar mais e mais da
toxidade do mercúrio e do modo como também ela pode causar danos
significativos ao cérebro. Eu incentivaria todas as pessoas, mas
especialmente as que têm filhos pequenos, a evitar obturações de
amálgamas de mercúrio em seus dentes. Se você consultar seu
dentista sobre alguma alternativa às amálgamas de mercúrio, ele terá
várias opções mais seguras. (Mas não saia correndo para extrair suas
obturações. Se isso não for bem-feito, elas poderão causar mais dano
do que sendo deixadas de lado.)

Coenzima Q10

A Coenzima Q10, como você deve estar lembrado, é um antioxidante
muito poderoso, bem como um dos nutrientes mais importantes para a
produção de energia dentro da célula. Estudos clínicos demonstraram
que danos oxidativos na mitocôndria (que é onde a CoQ10 funciona)
são um aspecto importante no desenvolvimento de doenças
neurodegenerativas.
Conforme envelhecemos, o nível de CoQ10 em nossos cérebros e
células nervosas reduz-se significativamente. A CoQ10 pode ser um
elo perdido na prevenção de doenças como o mal de Alzheimer e o
mal de Parkinson; todavia, devem-se fazer ainda novos estudos
clínicos em seres humanos. A eficácia com que a CoQ10 atravessa a
barreira hematoencefálica ainda não foi totalmente avaliada.

Extrato de Sementes de Uva

Estudos demonstraram que o extrato de sementes de uva atravessa a
barreira hematoencefálica com razoável facilidade. É um antioxidante
excepcionalmente poderoso, e o mero fato de que altas concentrações
dele podem ser encontradas no fluido e nas células cerebrais e do
tecido nervoso o torna um antioxidante ideal para o cérebro. Minha
experiência me diz que esse nutriente é um agente de primeira
importância nos admiráveis resultados que observei entre pacientes
de doenças neurodegenerativas. Creio que ele seja, de longe, o mais
importante otimizador no caso dessas doenças. É, sem dúvida, um
dos antioxidantes que os pesquisadores deviam utilizar mais em
estudos sobre tais doenças.
Protegendo Nosso Bem Mais Precioso
Todo mundo deseja preservar e proteger sua capacidade de raciocinar
e pensar. De fato, perder essa habilidade é provavelmente o medo
número um da maioria de meus pacientes. Quando um paciente
esquece onde pôs as chaves ou não consegue lembrar o nome do
vizinho, ele com freqüência vem a meu consultório com receios de
haver desenvolvido o mal de Alzheimer.
Conforme envelhecemos, acabamos tendo essa preocupação, uma
hora ou outra. Eu não tenho medo de morrer, graças a minha fé em
Cristo: estar ausente do corpo é estar presente em Deus. Mas, depois
de praticar a medicina ao longo de três décadas e de ver tantos
pacientes incapacitados, vivo, sim, com um receio importuno de ficar
aprisionado em meu corpo. Tenho pacientes com mal de Alzheimer
que não reconhecem seu parceiro ou filhos há mais de uma década, e
todavia sua saúde fisica geral ainda é boa. Dê uma volta por um asilo
e você descobrirá por que estou tão preocupado.
O princípio de otimizar nosso sistema natural de defesa antioxidante é
imperativo quando se trata de proteger as células do cérebro contra
nosso inimigo comum, o estresse oxidativo. Lembre-se, devemos nos
concentrar na prevenção e na proteção, pois, uma vez destruídas, as
células cerebrais não são facilmente repostas.
Há dois conceitos fundamentais que cumpre ter em mente para
reduzir com sucesso a incidência dessas doenças tão incapacitadoras:
primeiro, devemos usar uma combinação de antioxidantes que
funcionem em sinergia e ao mesmo tempo atravessem de imediato a
barreira hemato-encefálica; segundo, precisamos evitar toda
exposição excessiva aos metais pesados que mencionei e a outras
toxinas de nosso meio ambiente. O equilíbrio é o segredo, e devemos
procurar reduzir nossa exposição a tóxicos, bem como fortalecer as
defesa naturais de nosso organismo.
Acredito que o programa de nutrição celular que apresento no
Capítulo 17 ajude o indivíduo saudável a atingir suas metas de saúde
cerebral e preservação. Se você já estiver preocupado com um
declínio em sua habilidade de recordar coisas, ou tiver um histórico
considerável de mal de Alzheimer em sua família, talvez deseje
acrescentar alguns nutrientes adicionais que chamo de otimizadores.
Trata-se daqueles antioxidantes que se sabe cruzarem facilmente a
barreira hemato-encefálica, como o extrato de sementes de uva. Veja
o Capítulo 17 para mais detalhes ou, se você estiver especialmente
interessado, consulte-me em meu site Web:
www.nutritional-medicine.net.

A História de Ross
Ross é um caubói que parece saído diretamente de um velho filme de
faroeste. Seu amor por cavalos anda de mãos dadas com seu amor
pelo esporte do laço. E ele é bom. Seus concorrentes do oeste se
encolhem quando o vêem entrando na arena - sabem que ele é um
páreo duro.
Por anos, Ross foi um dos melhores. Ele fazia a limpa nos torneios da
Dakota do Sul. Mas há alguns anos Ross começou a sentir dormência
nas pernas. A princípio, ele não ficou muito preocupado, mas a
dormência alastrou-se em seguida por seus quadris e pela área
inferior de suas costas. O caubói finalmente marcou uma consulta com
seu médico e, depois de muitos, muitos testes, recebeu o diagnóstico
de esclerose múltipla.
Ross ficou devastado. Eu não sei se caubóis choram, mas não há
dúvida de que podem ser muito obstinados. Esse laçador não
pretendia desistir. Ele simplesmente montava em seu cavalo, sem
sentir a metade inferior do corpo, e participava de eventos coletivos de
laço. Hoje Ross admite que essa não era a coisa mais prudente a
fazer, já que seu equilíbrio na sela ficava bastante comprometido, mas
ele tinha de continuar vivendo, e o laço era há muito a sua vida.
Foi por volta dessa época que Ross começou a procurar terapias
adicionais para sua esclerose múltipla. Ele me ouviu palestrar em um
encontro local e, logo em seguida, deu início ao programa de
suplementação que recomendo a meus pacientes de esclerose
múltipla. Em alguns meses, começou a se sentir melhor. A dormência
e a fraqueza em suas pernas começaram a regredir.
Hoje, cerca de 3 anos depois, Ross acredita estar plenamente
recuperado. A força em suas pernas está de volta ao normal, e ele
não sente absolutamente nenhuma dormência, seja nas pernas, nos
pés ou no dorso. Voltou ao laço e sente-se outra vez seguro na sela.
Seus concorrentes, sem dúvida, voltaram a se encolher quando ele
chega às maiores e mais disputadas arenas de rodeio.

Testemunhei várias recuperações quase milagrosas de esclerose
múltipla. Acompanhei pessoalmente diversos pacientes da doença
que deixaram de estar presos à cadeira de rodas para caminhar, e vi
muitos outros que estabilizaram a doença com o uso de suplementos
nutricionais.
É fato que a esclerose múltipla é mais do que uma doença
neurodegenerativa; é também uma doença auto-imune, que os
médicos têm conseguido tratar, aprimorando o sistema imunológico.
Com efeito, eles vêm utilizando Betaserona e Avonex (ambos
interferon-beta 1A), medicamentos conhecidos por aprimorar a
resposta imunológica. A suplementação nutricional com poderosos
antioxidantes, minerais, CoQ10, extrato de sementes de uva e
gorduras essenciais faz basicamente o mesmo; mas ela não tem os
efeitos colaterais adversos. Volto a dizer que sempre incentivo meus
pacientes a continuar tomando todos os medicamentos receitados
além dos suplementos. Alguns pacientes de esclerose múltipla
melhoram a tal ponto que discutem com seus médicos a real
possibilidade de suspender toda a medicação.
É bastante óbvio que o funcionamento adequado de nosso cérebro e
de nossos nervos é um aspecto essencial de nossa saúde, e hoje
percebemos que o principal inimigo dessa parte central de nosso
corpo é o estresse oxidativo. Como o cérebro e as células nervosas
têm grande dificuldade de se regenerar, é fundamental que os
protejamos de danos antes de qualquer coisa.
Serão anos de estudo antes que consigamos provar, para além de
dúvidas, que a suplementação de nossa dieta com poderosos
antioxidantes, que atravessem facilmente a barreira hemato-
encefálica, é capaz efetivamente de nos proteger dessas doenças
horríveis. Mas acredito que as evidências disponíveis na literatura
médica já sejam fortes o bastante para que eu aconselhe a meus
pacientes a suplementação de uma dieta saudável com antioxidantes
em níveis otimizados. Um regime desses só pode ajudar!

QUATORZE - Diabetes
ATENÇÃO! NÃO PULE ESTE CAPÍTULO - MESMO QUE VOCÊ
NUNCA TENHA TIDO O diagnóstico de diabetes.
O diabetes melito tornou-se uma das doenças mais comuns nos dias
de hoje. Ao longo dos últimos 35 anos, o mundo industrializado
testemunhou o número de casos de diabetes aumentar em cinco
vezes. Só nos Estados Unidos, aproximadamente US$150 bilhões são
gastos anualmente no tratamento de diabetes e de complicações
relacionadas a ele. Estima-se que 16 milhões de pessoas nos Estados
Unidos tenham diabetes, mas o fato perturbador é que
aproximadamente metade desses indivíduos não sabem que são
diabéticos. É por isso que mesmo os "não-diabéticos" devem ler este
capítulo.
Muito embora o diabetes em si já seja um grande problema de saúde,
seus efeitos colaterais são igualmente funestos. Por exemplo, um
terço dos novos casos de doença renal em fase terminal deve-se ao
diabetes. Quatro de cada cinco pacientes diabéticos morrerão - não do
diabetes em si, mas de doenças cardiovasculares (ataques cardíacos,
AVC's ou doenças vasculares periféricas) provocadas por esse mal.
Você sabia que o diabetes é a principal causa de amputações e uma
das principais causas de cegueira nos idosos?
O diabetes melito atingiu proporções epidêmicas. Com mais de 90%
dos casos sendo do diabetes tipo 2 (antigamente conhecido como
diabetes de adultos), devemos considerar seriamente o que está
havendo de errado! O diabetes tipo 1 costumava chamar-se diabetes
juvenil. Essa variedade da doença manifesta-se usualmente em
crianças, e resulta de um ataque auto-imune contra o pâncreas. Isso
deixa a criança desprovida de insulina e, como resultado, ela precisa
tomar insulina para sobreviver. Todavia, concentrarei minha atenção
neste capítulo ao diabetes melito tipo 2, pois é esse o tipo de diabetes
que vem atingindo proporções epidêmicas. Por que houve um
aumento tão grande no número de pessoas desenvolvendo essa
doença? Há alguma maneira de você reduzir pessoalmente o risco de
desenvolver diabetes?
Sem dúvida.

Conheça Joe
Joe tinha 41 anos quando entrou em meu consultório para um exame
anual de rotina. Ele se sentia muito bem e não tinha nenhuma
reclamação. Só achou necessário fazer um checkup geral porque não
o fazia há muitos anos. Durante o exame de rotina, ele cedeu uma
amostra de sangue.
Como Joe se sentia tão bem, fiquei surpreso e preocupado quando
meu técnico de laboratório me apresentou a amostra. Ela estava
rosada em vez de vermelha. Depois que o técnico centrifugou o
sangue, a parte superior da amostra ficou parecendo creme (o que
quer dizer que estava repleta de gordura). O relatório laboratorial
indicou que Joe tinha um colesterol de 250 e um colesterol HDL de 31,
e que seu nível de triglicérides estava anormalmente alto, em 1.208.
Os níveis de triglicérides devem ser inferiores a 150, e a proporção
entre triglicérides e colesterol HDL deve ser inferior a 2. A proporção
de Joe era de quase 40! Embora seu nível de açúcar no sangue em
estado de jejum estivesse normal, logo ficou claro que Joe tinha
desenvolvido a Síndrome X - uma precursora do diabetes melito.
Estará a Síndrome X Matando Você?
Como Joe, a maioria das pessoas nunca ouviu falar da Síndrome X,
mas certamente deveria. O dr. Gerald Reavens, médico e professor da
Universidade de Stanford, adotou esse termo para designar uma
constelação de problemas com uma causa comum: a resistência à
insulina. Baseando-se em pesquisas médicas, o dr. Reavens estimou
que mais de 80 milhões de norte-americanos adultos tenham a
Síndrome X.
Estudemos por um momento a causa comum da Síndrome X, a
resistência que o corpo desenvolve contra a insulina.

O Que É a Resistência à Insulina?

Os norte-americanos são fascinados por dietas com alto teor de
carboidratos e baixo teor de gorduras, mas, na verdade, a maioria
ingere uma dieta com alto teor de carboidratos e de gorduras. Ao
longo dos anos essa dieta veio cobrando seu preço e, como resultado,
muitos de nós se tornaram menos sensíveis à própria insulina. A
insulina é basicamente um hormônio de armazenamento, e conduz o
açúcar até as células onde esse será utilizado ou armazenado como
gordura. O corpo deseja controlar os açúcares de nosso sangue.
Portanto, quando fica menos sensível a sua própria insulina, ele
compensa isso fabricando mais insulina. Em outras palavras, nosso
corpo reage ao aumento do nível de açúcares no sangue obrigando as
células beta do pâncreas a produzirem mais insulina, como meio de
controlar tais açúcares.
Indivíduos com resistência à insulina precisam, com o passar dos
anos, de quantidades cada vez maiores de insulina para manter
normal seu nível de açúcar no sangue. Embora esses níveis elevados
de insulina (hiperinsulinemia) sejam eficazes para controlar o açúcar
no sangue, eles também podem ocasionar sérios problemas de saúde.
Logo a seguir está uma lista dos efeitos nocivos que os níveis
elevados de insulina ocasionam. Esses são os problemas que
constituem o que o dr. Gerald Reavens denominou Síndrome X:

. inflamação considerável das artérias, podendo causar ataque
cardíaco ou AVC;
. pressão sangüínea elevada (hipertensão);
. nível elevado de triglicérides - a outra gordura do sangue além do
colesterol;
. redução do colesterol HDL (benigno);
. aumento do colesterol LDL (maligno);
. maior propensão a formar coágulos sangüíneos; e
. ganho de peso "descontrolado" - usualmente na zona média do
corpo (a chamada obesidade central).

Quando combinados todos os fatores da Síndrome X, nosso risco de
desenvolver doenças cardíacas aumenta vinte vezes. Considerando o
fato de que as doenças cardíacas são as assassinas número um no
mundo industrializado de hoje, não podemos ignorar o aumento do
risco de desenvolvê-Ias!
Depois que os pacientes têm a Síndrome X por vários anos (talvez até
de 10 a 20 anos), as células beta do pâncreas simplesmente se
desgastam e não conseguem mais produzir níveis tão altos de
insulina. Nesse ponto, os níveis de insulina começam a cair e os
açúcares no sangue começam a subir.
A princípio talvez ocorram apenas ligeiras elevações do açúcar no
sangue, conhecidas como intolerância à glicose (ou diabetes pré-
clínico). Mais de 24 milhões de pessoas nos Estados Unidos se
encontram nessa fase de intolerância à glicose. Então, se não ocorrer
nenhuma mudança no estilo de vida, usualmente dentro de 2 anos
sobrevém o diabetes melito plenamente desenvolvido. O
envelhecimento das artérias acelera-se agora ainda mais, conforme os
açúcares no sangue começam a aumentar em ritmo sustentado.
Qual a Causa da Resistência à Insulina?

Diversas teorias sugerem razões para que tenhamos menos e menos
sensibilidade à insulina com o passar dos anos. Mas acredito
realmente que a resistência à insulina seja um resultado da dieta
ocidental. Embora nos empenhemos muito em cortar o consumo de
gorduras, nosso caso de amor com os carboidratos continua. O que
muitos norte-americanos não compreendem totalmente é que os
carboidratos são apenas longas cadeias de açúcar que o corpo
absorve em ritmos variados. Você sabia que o pão branco, a farinha
branca, as massas, o arroz e as batatas liberam açúcares na corrente
sangüínea ainda mais rápido do que o açúcar doméstico? É um fato. É
por isso que todos dizem que tais alimentos têm alto índice glicêmico.
De outro lado, alimentos como vagens, couve-de-bruxelas, tomates,
maçãs e laranjas liberam seus açúcares na corrente sangüínea muito
mais lentamente, sendo considerados portanto alimentos de baixo
índice glicêmico.
Os Estados Unidos tendem a consumir em demasia alimentos de alto
índice glicêmico, que, por sua vez, fazem com que o nível de açúcares
no sangue suba muito rapidamente e estimule a liberação de insulina.
Quando nosso açúcar sangüíneo cai, sentimos fome. Assim, fazemos
um lanche ou uma refeição completa, e o processo tem início uma vez
mais. Depois de certo tempo, a liberação de insulina já foi
superestimulada com tanta freqüência que nosso corpo se torna
simplesmente menos sensível a ela. Para que o corpo controle os
níveis de açúcar no sangue, o pâncreas deve produzir níveis maiores
de insulina. São esses níveis elevados de insulina que causam as
destrutivas mudanças metabólicas associadas à Síndrome X.

Como Saber Se Você Tem a Síndrome X?
A maioria dos médicos não costuma pedir a seus pacientes exames
de insulina no sangue. Mas existe uma forma simples (embora
indireta) de descobrir se você pode estar desenvolvendo a Síndrome
X, ou resistência à insulina. Quando seu sangue é examinado, você
recebe rotineiramente um perfil de lipídeos, que inclui os níveis do
colesterol total, do colesterol HDL (benigno), do colesterol LDL
(maligno) e dos triglicérides (a outra gordura do sangue). Quase todo
mundo conhece a proporção que se obtém dividindo-se o colesterol
total pelo colesterol HDL. Mas se você dividir o nível de triglicérides
pelo do colesterol HDL, a proporção obtida será um indicador do
desenvolvimento ou não da síndrome. Se essa proporção for maiôr do
que dois, você pode estar começando a desenvolver a Síndrome X.
Além disso, se você notar que sua pressão sangüínea ou sua cintura
estão aumentando, é ainda mais provável que esteja desenvolvendo
um grave caso de Síndrome X.
Eis aqui um exemplo de como fazer esse teste simples. Digamos que
seu nível de triglicérides seja de 210 e seu nível de colesterol HDL
seja de 30. Dividindo 210 por 30, chegamos a uma proporção de 7.
Como esta é uma proporção definitivamente maior do que 2, você
concluiria que tem indícios de resistência à insulina, ou Síndrome X.
Logo que uma pessoa começa a desenvolver resistência à insulina,
seu médico deve recomendar e apoiar mudanças de estilo de vida,
uma vez que, como já observei, é então que os danos
cardiovasculares realmente começam. Portanto, os médicos precisam
saber imediatamente dos primeiros sinais de desenvolvimento de
resistência à insulina, por meio da proporção entre triglicérides e
colesterol HDL. A resistência à insulina é totalmente reversível neste
ponto. Jamais devemos nos dar ao luxo de esperar que a pessoa fique
plenamente diabética antes de tratá-Ia.
Quando um paciente trata de sua resistência à insulina com mudanças
simples mas eficientes de estilo de vida, ele não só evita danos
acelerados às artérias, como também o próprio diabetes. Essa é a
verdadeira medicina preventiva. Um estilo de vida mais saudável, e
não as drogas que prescrevemos, é que fará a diferença.
Creio, sem dúvida, que os médicos têm dependido demais de
medicamentos para tratar o diabetes. A maioria dos médicos
concordará em que dietas e exercícios podem ajudar pacientes de
diabetes, mas simplesmente não investimos tempo suficiente para
ajudálos a entender que mudar esses mesmos hábitos é a melhor
ofensiva contra as complicações devastadoras da doença.
Sei que é muito mais fácil preencher uma receita do que educar e
motivar os pacientes a fazer mudanças essenciais em exercícios e
nutrição. Mas o diabetes seria muito melhor controlado se não
dependêssemos tanto de medicamentos. Mesmo os representantes
das companhas farmacêuticas que visitam meu consultório concordam
em que uma dieta com alto teor de fibras, com alimentos de baixo
nível glicêmico, é muito eficaz. Mas eles sempre afirmam que os
pacientes não farão tais mudanças na dieta e, por isso, precisarão dos
medicamentos cada vez mais.
Não é isso o que vejo. Em minha prática clínica, a maioria dos
pacientes prefere fazer mudanças no estilo de vida a tomar mais
medicamentos, embora isso dependa muito da atitude e do método do
médico. Quando reservo o tempo para explicar tudo isso ao paciente e
lhe pergunto o que ele gostaria de fazer, mais de 90% respondem que
preferem tentar primeiro as adaptações no estilo de vida.
Joe pode nos mostrar como isso funciona.

Como Joe Superou a Síndrome X
Joe ficou muito preocupado com os resultados do laboratório e sentiu-
se motivado a mudar imediatamente de estilo de vida. Nós o
submetemos a um modesto programa de exercícios, uma dieta de
baixo nível glicêmico. e um regime de suplementação com
antioxidantes e minerais. Repeti o exame de sangue de Joe doze
semanas depois e documentei melhorias admiráveis: seu nível de
colesterol baixara de 250 para 150, seu colesterol HDL aumentou em
10 pontos, chegando a 41, e seu nível de triglicérides desabou de
1.208 para 102. Sua proporção entre triglicérides e HDL caiu de 40
para 2,5. Joe conseguiu tudo isso sem nenhum medicamento e em
apenas doze semanas. Tanto ele como eu ficamos entusiasmados e
bastante motivados a continuar.
Se você tiver um dilema de saúde como o de Joe, poderá atingir
resultados similares assumindo o mesmo compromisso com ajustes
no estilo de vida e na dieta. A Síndrome X e suas mortíferas
ramificações podem ser superadas.
Agora voltemos nossa atenção ao desenvolvimento avançado do
diabetes e ao modo de reverter seus efeitos devastadores em nosso
corpo.

Diagnose e Monitoramento do Diabetes Melito
A técnica mais comum de detecção do diabetes é um teste de açúcar
no sangue em jejum como o que pedi a Joe. Os médicos recorrem
ainda a um exame de glicemia, em que o indivíduo recebe uma carga
de açúcar (uma bebida similar a um refrigerante, carregada de açúcar)
e faz um teste de nível de açúcar no sangue duas horas depois.
A maioria dos médicos acredita que um nível de açúcar sangüíneo
que após duas horas estiver acima de 190 (e sobretudo acima de 200)
basta para diagnosticar o diabetes. Um nível normal de açúcar no
sangue passadas duas horas deve ser inferior a 110, e de forma
alguma passar de 130. (Pacientes com um nível de açúcar
ligeiramente elevado quando em jejum, e entre 130 e 190 passadas
duas horas da refeição, são classificados como tendo intolerância à
glicose - o diabetes pré-clínico -, e não o verdadeiro diabetes.)
Como a mensuração do açúcar no sangue só indica como está o
paciente em um dado momento, outro teste útil é o da hemoglobina
AIC, que revela a quantidade de açúcar encontrada em um glóbulo
vermelho. (Prefiro que meus pacientes com diabetes ou com
tendências diabéticas realizem esse teste a cada quatro ou seis
meses.) Como nossos glóbulos vermelhos permanecem no corpo por
aproximadamente 140 dias, esse teste é um grande indicador de
como o paciente está realmente controlando seu diabetes. A faixa
normal de um teste de hemoglobina AIC, na maioria dos laboratórios,
é de 3,5 a 5,7.
A meta do diabético é manter-se sob um controle estrito, de modo que
a hemoglobina AlC permaneça abaixo de 6,5%. Quando o paciente
consegue fazer isso, seu risco de desenvolver uma complicação
secundária é de menos de 3%. Mas se ele mantiver uma hemoglobina
AIC acima de 9%, seu risco de desenvolver complicações secundárias
ligadas ao diabetes sobe para 60%. Essa é uma revelação chocante,
especialmente à luz do fato de que a média dos diabéticos tratados
nos Estados Unidos têm uma hemoglobina AlC de 9,2%. É
desnecessário dizer que essa não é uma gqnde recomendação de
nosso sistema de saúde quando se trata de diabetes.
Mais preocupante é o fato de que no momento em que o diabetes é
efetivamente diagnosticado pelo médico, a maioria (mais de 60%) dos
pacientes já tem alguma grave doença cardiovascular. Isso deixa o
paciente em desvantagem antes mesmo de começar o tratamento.
Note que, quando a resistência à insulina tem início, o processo de
aterosclerose (obstrução das artérias) se acelera dramaticamente. Por
isso é fundamental que os médicos identifiquem a Síndrome X em
seus pacientes quanto antes possível e recomendem mudanças no
estilo de vida que possam corrigir o problema. Um paciente pode ter
Síndrome X por muitos anos antes de se tornar realmente diabético. A
essa altura, os tratamentos para reverter os danos chegarão tarde
demais.

Obesidade
Todos nós já ouvimos a mídia e os médicos proclamarem que o
motivo para o diabetes estar se tornando epidêmico nos Estados
Unidos e no mundo industrializado é o grande número de pessoas
desenvolvendo obesidade. Esse definitivamente não é o caso. A mídia
pôs o carro à frente dos bois, por assim dizer. A resistência à insulina
(a Síndrome X) causa obesidade central, e não o contrário. Na
verdade, a obesidade é um dos principais aspectos dessa síndrome.
O que quero dizer com obesidade central? Ela se refere à maneira
como seu peso está distribuído pelo corpo. Se ele se distribuir
regularmente por todas as partes, ou se você for pesado na base (o
formato de pêra), talvez seja necessário perder algum peso, mas tudo
estará bem no que toca à Síndrome X. Porém, se houver acumulado
um peso considerável na região da cintura (o formato de maçã), você
pode estar com problemas.
Muitos pacientes no fim da casa dos 20 ou início dos 30 vieram a meu
consultório queixar-se de que vinham ganhando muito peso. O que os
incomodava era o fato de que seus hábitos alimentares e seus níveis
de atividade não haviam mudado e, todavia, eles tinham acumulado
de quinze a vinte quilos nos últimos 2 ou 3 anos. Por que engordavam
tanto? Tipicamente, porque desenvolveram resistência à insulina.
Esses pacientes iniciavam vários programas de dieta, mas não
conseguiam perder muito peso. Tais dietas têm essencialmente alto
teor de carboidratos e baixo teor de gorduras; isso só agrava a
resistência à insulina. Se essas pessoas não corrigirem o problema
subjacente do ganho de peso - a resistência à insulina -, não perderão
peso. Como deve ser frustrante estar sempre voltando ao grupo de
apoio, mas nunca conseguir perder o peso que os outros parecem
perder mais facilmente!
Incentivo todos os meus pacientes a começarem a equilibrar sua dieta
consumindo carboidratos de baixo nível glicêmico com boas proteínas
e boas gorduras (as quais explicarei mais adiante neste capítulo).
Quando essa dieta se combina com um modesto programa de
exercícios e nutrição celular (Capítulo 17), a resistência à insulina
pode ser corrigida. O peso começa então a desaparecer tão
misteriosamente quanto apareceu. Meus pacientes ficam espantados
com a maneira como perdem peso sem nem mesmo tentar. Eles se
sentem bem, e seu nível de energia é notável.
Queira perceber que quando digo dieta, não me refiro aos modismos
das dietas. Os modismos são algo que você inicia com a intenção de
abandonar algum dia (e quanto antes, melhor!). Estou falando, sim, de
um estilo de vida saudável que tem o efeito colateral do
emagrecimento. Trabalho intensamente com meus pacientes por
cerca de doze semanas, para que eles saibam exatamente como
aplicar esses princípios ao modo como preferem comer. Perder peso
não é a resposta. O segredo está em corrigir a resistência à insulina.

Tratando o Diabetes
Todos os médicos estão de acordo em que devemos primeiro dar a
nossos pacientes a chance de melhorarem o diabetes fazendo
mudanças efetivas no estilo de vida. Mas, como observei, muitos
médicos falam disso da boca para fora e apostam pesadamente em
medicamentos para controlar a doença.
Para que tenhamos um sucesso significativo em reduzir o número de
diabéticos, bem como em ajudar os atuais diabéticos a melhorar o
controle sobre suas doenças, duas coisas devem acontecer. Primeiro,
devemos prestar mais atenção à resistência à insulina, o problema
subjacente na suprema maioria dos casos de diabetes melito tipo 2,
em vez de simplesmente nos concentrarmos em tratar os níveis de
açúcar no sangue (ver quadro). Em segundo lugar, devemos
incentivar enfaticamente mudanças de estilo de vida que aumentem a
sensibilidade à insulina. Creio firmemente que, no caso do diabetes
melito tipo 2, os médicos só devem contar com medicamentos como
último recurso.

Os Médicos Estão Tratando a Coisa Errada
Em um ensaio escrito para a Cllnica Mayo, o dr. James O'Keefe
afirmou: "Os esforços terapêuticos no caso de pacientes de diabetes
se concentraram predominantemente em normalizar os níveis
excessivos de açúcar no sangue, ignorando com freqüência muitos
dos outros riscos alteráveis causados pela resistência à insulina".
Isso explica, em parte, o fato de 80% dos diabéticos ainda morrerem
de doenças cardiovasculares. Sustento que o tratamento da causa
subjacente da maioria dos casos de diabetes, a resistência à insulina,
é um meio muito melhor de combater e controlar a doença.
Especificando as Mudanças no Estilo de Vida
O que muitas pessoas não percebem é quão simples são as
mudanças no estilo de vida necessárias a tratar do problema
subjacente tanto do diabetes melito como da resistência à insulina.
Estamos falando de exercícios modestos, de comer sem elevar o nível
de açúcar no sangue e de tomar alguns suplementos nutricionais
básicos para melhorar a sensibilidade pessoal à insulina. Quando
combinamos todas essas três mudanças, como vimos no caso de Joe,
os resultados são fenomenais.
Vejamos cada um desses ingredientes em uma resposta bastante
saudável à resistência à insulina.

Dieta

Em minha opinião, um número muito grande de médicos comete erros
graves na dieta que recomenda a seus pacientes diabéticos. Como o
maior risco para esses pacientes são as doenças cardiovasculares, a
American Diabetes Association (Associação Americana de Diabetes)
se preocupou antes de tudo com a quantidade de gordura presente na
alimentação das pessoas. Portanto, a dieta que a ADA e muitos
nutrólogos e nutricionistas defendem tem alto teor de carboidratos e
baixo teor de gorduras.
Os diabéticos seguiram religiosamente as recomendações da ADA
pelos últimos 35 anos. Em meados da década de 1970, 80% dos
diabéticos morriam de doenças cardiovasculares. E, conforme
adentramos o novo milênio, 80% ainda morrem de tais doenças. Isso
não deveria fazer com que reconsiderássemos nossa estratégia?
Quando compreendemos ser necessário tratar a resistência
subjacente à insulina, admitimos que os carboidratos são o principal
problema. Isso vai de encontro à crença de certos nutrólogos e
nutricionistas de que "carboidratos são carboidratos", e a fonte não
importa. Tal raciocínio ignora completamente o índice glicêmico (o
ritmo em que o corpo absorve os diversos carboidratos e os converte
em açúcares simples).
Numerosos estudos demonstram que certos carboidratos liberam seus
açúcares mais rapidamente do que outros. Os carboidratos mais
complexos (os que possuem muita fibra), como o feijão, couves-flores,
couves-de-bruxelas e maçãs, liberam açúcar lentamente. Quando
esses carboidratos de baixo nível glicêmico são combinados com boas
proteínas e boas gorduras em uma refeição equilibrada, o nível de
açúcar no sangue não se eleva. Isso é fundamental para controlar o
diabetes. Se o nível de açúcar no sangue não subir significativamente
após uma refeição - um fator essencial para o controle do diabetes -,
não haverá problema a corrigir pelo uso de drogas.
O dr. Walter C. Willett, diretor de nutrição e medicina preventiva na
Faculdade de Medicina de Harvard, sugeriu em seu livro Coma, Beba
e Seja Saudável que devemos repensar a pirâmide alimentar
recomendada pelo USDA. A base deveria ser composta por
carboidratos de baixo nível glicêmico, enquanto os alimentos de alto
nível glicêmico (pão branco, farinha branca, massas, arroz e batatas)
deveriam pertencer ao topo da pirâmide, junto com os doces.
Todo mundo sabe como os doces fazem mal aos diabéticos. Mas
poucos sabem que alimentos de alto nível glicêmico elevam o açúcar
sangüíneo muito mais rápido do que a ingestão de doces. Quando
finalmente convenço meus pacientes diabéticos a consumir
carboidratos de baixo nível glicêmico combinados com boas proteínas
e boas gorduras, seu controle sobre o diabetes aumenta
sensivelmente, e seus corpos se tornam mais sensíveis à própria
insulina.

Instruções Básicas de Dieta
A seguir estão alguns bons carboidratos. gorduras e proteínas. Se
você os combinar a cada refeição ou lanche. seu açúcar no sangue
não atingirá níveis perigosos que exijam controle.
As melhores proteínas e gorduras vêm de vegetais e óleos de origem
vegetal. Abacates, óleo de oliva. nozes, feijão, soja e outros são
grandes fontes de proteína e contêm gorduras que, na verdade,
reduzem o colesterol.
Os melhores carboidratos vêm de frutas e vegetais frescos. Evite
todos os alimentos processados. Maçã é melhor do que suco de
maçã. Grãos inteiros são essenciais, e evitar grãos processados é
fundamental ao desenvolvimento de uma dieta saudável para qualquer
pessoa, especialmente os diabéticos.
Depois dessas, as melhores proteínas e gorduras vêm dos peixes.
Peixes de água fria, como a cavala, o atum, o salmão e as sardinhas,
contêm as gorduras discutidas no Capítulo 10: os ácidos graxos
ômega 3. Essas gorduras reduzem não somente os níveis do
colesterol, como também a inflamação total de nosso corpo.
Em seguida, as melhores proteínas vêm das aves, pois a gordura dos
pássaros é externa, não se entrelaçando com a carne. Embora se
trate de gordura sãturada, basta remover a pele da carne e você terá
uma enxuta refeição com proteínas.
As piores gorduras e proteínas vêm obviamente das carnes
vermelhas, dos produtos de laticínio e dos ovos. Se for para comer
carne vermelha, coma ao menos as fatias mais magras que puder.
Você deve evitar produtos de laticínio, exceto o queijo rural de baixa
gordura, o leite e a clara dos ovos. Se quiser comer ovos, tente
encontrar ovos de galinha caipira, que contêm ácidos graxas ômega 3.
Entre as piores gorduras que você pode consumir estão os ácidos
graxos trans. Eles são chamados de gorduras rançosas de tão nocivos
que são ao organismo. Habitue-se a consultar rótulos, e sempre que
vir qualquer coisa "parcialmente hidrogenada", não compre.
Estas são as instruções básicas de dieta que compartilho com meus
pacientes de diabetes e com aqueles que desenvolveram a Síndrome
X, como Joe. O enfoque deste livro não me permite entrar nos
detalhes da dieta que recomendo a meus pacientes. Para os que têm
curiosidade sobre dietas e Síndrome X, recomendo dois livros: 40-30-
30 Fat Burning Nutrition (Nutrição 40-30-30 para a Queima de
Gorduras), de Gene e Joyce Daoust, e A Week in the Zone (Uma
Semana em Dieta), de Barry Sears. Esses livros claros e diretos
recomendam o balanço dos 40-30-30: 40% de carboidratos, 30% de
proteínas e 30% de gordura - que é a proporção recomendada de tais
nutrientes a cada refeição. Costumo usar em seu lugar a proporção de
50-25-25 em meu consultório, mas os princípios são os mesmos.
Esse não é um programa de refeições ricas em proteína, como a dieta
de Adkin. É uma dieta saudável que você pode manter para o resto da
vida. Se todos se alimentassem dessa maneira, se exercitassem e
ingerissem alguns micronutrientes básicos, a epidemia de diabetes
não existiria.
Quando se come dessa forma, em vez de se estimular a liberação de
insulina estimula-se a do hormônio oposto, chamado glucagon. O
glucagon utiliza a gordura. reduz a pressão sangüínea, diminui o nível
de triglicérides e colesterol LDL e eleva o do colesterol HDL. Isso é
comer para o controle hormonal, e não para o controle das calorias.
Digo a meus pacientes que eles estão consumindo uma dieta
saudável com o efeito colateral do emagrecimento.

Exercícios

Exercícios modestos trazem imensos benefIcios à saúde. E são
fundamentais sobretudo para pacientes com Síndrome X ou diabetes
melito. Por quê? Estudos demonstram que os exercícios aumentam
significativamente a sensibilidade dos pacientes à insulina, sendo,
portanto, uma parte fundamental das mudanças de estilo de vida
necessárias aos diabéticos e a outras pessoas com resistência à
insulina.
O programa deve incluir uma combinação de exercícios aeróbios e de
musculação, a serem praticados no mínimo três e no máximo cinco ou
seis vezes por semana. É importante que as pessoas adotem um
programa de exercícios que apreciem. Ninguém precisa virar
maratonista. Mesmo uma caminhada ritmada de trinta ou quarenta
minutos, três vezes por semana, faz uma grande diferença.
Suplementos Nutricionais

Diversos estudos clínicos indicaram que indivíduos com diabetes pré-
clínico ou má tolerância à glicose têm níveis significativamente
elevados de estresse oxidativo. Muitas vezes essas mesmas pessoas
têm sistemas de defesa antioxidante debilitados. Outros estudos
revelaram que o estresse oxidativo é mais significativo em pessoas
com complicações secundárias do diabetes, como a retinopatia (dano
causado pelo diabetes aos vasos sangüíneos do fundo dos olhos,
capaz de levar à cegueira) ou as doenças cardiovasculares. Os
pesquisadores que realizaram esses estudos concluíram que
suplementos antioxidantes devem ser acrescentados aos tratamentos
tradicionais de diabetes, como forma de ajudar a reduzir essas
complicações.
Diversos estudos demonstraram que todos os antioxidantes são
capazes de melhorar a resistência à insulina. É importante que os
diabéticos tomem uma boa combinação de antioxidantes como
suplementação, em níveis otimizados - e não nos valores diários
referenciais (ver Capítulo 17). Em minhas pesquisas e em minha
experiência médica descobri diversos micronutrientes que costumam
ser escassos em pacientes com diabetes pré-clínico e diabetes pleno:

. O crômio é fundamental para o metabolismo da glicose e a ação da
insulina, mas estudos indicam que 90% da população norte-americana
tem deficiência desse mineral. Demonstrou-se que o crômio aumenta,
em muito, a sensibilidade à insulina, especialmente em pessoas que o
possuem em níveis deficientes. Pacientes de diabetes e de Síndrome
X precisam de 300 mg de crômio em suplementação.

. A vitamina E, além de melhorar as defesas antioxidantes, parece
também ajudar o corpo com o problema da resistência à insulina.
Pesquisas revelam que níveis deficientes de vitamina E são um forte
indício de desenvolvimento do diabetes de adultos. Indivíduos com
níveis reduzidos de vitamina E têm um risco cinco vezes maior de
desenvolver diabetes do que aqueles com níveis normais.

. O déficit de magnésio foi associado ao diabetes tanto do tipo 1 como
do tipo 2, bem como ao maior risco de retinopatia em pacientes
diabéticos. Estudos demonstram que, quando essa deficiência é
corrigida nos idosos, o funcionamento da insulina melhora de forma
considerável.

Infelizmente, diagnosticar a deficiência de magnésio é muito dificil.
Tipicamente, os níveis de magnésio no soro são testados apenas
quando se localiza uma quantidade residual do magnésio total do
corpo. Os níveis celulares de magnésio são muito mais delicados e
acurados; todavia, eles só podem ser testados em laboratórios de
pesquisa, e não em hospitais. Por isso a deficiência de magnésio é tão
pouco diagnosticada.
Todos precisamos, no mínimo, de 400 a 500 mg de magnésio como
suplementação.

. O vanádio não é um mineral muito conhecido, mas é muito
importante para os diabéticos. Demonstrou-se que ele aumenta
significativamente a sensibilidade à insulina quando tomado em
suplementação. Os diabéticos precisam tomar de 50 a 100 ug diários
de vanádio em suplementação.

Fiquei surpreso com o que pode ser feito com pacientes dispostos a
mudar de dieta, a iniciar um programa de exercícios e a tomar
suplementos nutricionais juntamente com minerais-chave e
antioxidantes que aumentem a sensibilidade do corpo à insulina.
Nesse contexto, eis aqui uma história que adoro contar.
A História de Matt
Matt, cujo sonho de longa data fora unir-se ao Peace Corps, visitou-
me para o exame médico solicitado pela organização. Durante o
exame, ele se queixou de que sentia muita sede e urinava com muita
freqüência. Como só tinha 23 anos, não entendia por que precisava ir
ao banheiro tantas vezes por noite.
Fiz com Matt um exame de açúcar no sangue, e o resultado foi 590
mg/dI, nível tão perigosamente alto que o internei no hospital e iniciei
infusões imediatas de insulina intravenosa. Como seu açúcar no
sangue não respondesse bem ao tratamento, consultei um
endocrinologista. Esse médico também teve dificuldades para
controlar o diabetes de Matt, e acabou ministrando-lhe doses de
insulina mais altas do que jamais dera a qualquer paciente. Em um
dado momento, Matt estava tomando noventa unidades de insulina
duas vezes por dia (a dose normal é de aproximadamente dez).
Quando Matt finalmente se estabilizou e deixou o hospital, sugeri que
ele fizesse mudanças em seu estilo de vida e continuasse tomando
insulina. Ele concordou e começou a empenhar-se, consumindo
alimentos que não elevariam em muito seus açúcares no sangue e
tomando tabletes minerais e antioxidantes. Matt se esforçou e
conseguiu manter seu programa. Seu peso começou a cair, e pouco a
pouco ele conseguiu reduzir a quantidade de insulina prescrita. Ele
melhorava mês após mês.
Quatro meses após sua visita para o exame médico, Matt veio a meu
consultório e me informou que seus níveis de açúcar no sangue
estavam normais e que ele já não tomava mais insulina. Conhecendo
seu histórico, não acreditei nele. Então examinei seu nível de açúcar
no sangue em estado de jejum. O resultado foi 84 mg/dI. Desafiei-o
com uma carga de açúcar e verifiquei seu açúcar no sangue duas
horas depois. O nível foi de 88 mg/dI dentro dos limites normais. Sua
hemoglobina A1C estava em 5,4, o que também é normal. Matt já não
era mais diabético.
Tive então a difícil tarefa de escrever uma carta para a Peace Corps,
explicando que Matt fora outrora um diabético dependente de insulina,
mas agora não era nem mesmo diabético. Temi que o relatório
incomum pudesse desqualificar Matt e encerrar seus sonhos de
serviço. Mas a Peace Corps repetiu seu exame de sangue e concluiu
que ele já não era mais diabético.
Matt ingressou na Peace Corps e passou dois anos na Áfiica. A
organização, na verdade, o arrancava das florestas a cada seis meses
e o mandava fazer testes em um hospital, para verificar se seus níveis
de açúcar no sangue continuavam normais. Ele disse que preservar a
dieta balanceada que eu lhe recomendara era um desafio, mas que
consumindo os grãos não processados disponíveis ele se saía muito
bem.
Tive o privilégio de rever Matt em meu consultório há pouco tempo.
Ele encerrou suas viagens pela Peace Corps e ainda mantém níveis
normais de açúcar no sangue. Também me informou que manteve o
programa que lhe sugeri a princípio, e que seu peso caiu de 143 para
93 quilos. Disse-me que o peso sumiu sem que ele nem mesmo
tentasse perdê-Io, logo que seus níveis de açúcar no sangue
retornaram ao normal e sua resistência à insulina foi finalmente
corrigida.

Acredito que muitas outras pessoas que se encontram no limite ou
que já são diabéticas podem experimentar mudanças similares em
sua saúde fisica. Caso esteja lutando com o diabetes, você estará
disposto a fazer as mudanças de estilo de vida necessárias para se
libertar da dependência dos medicamentos e levar uma vida mais
saudável? Lembre-se, você tem de controlar seu diabetes e manter
um nível de hemoglobina A1C inferior a 6,5. Isso é muito dificil de
conseguir somente com a medicação. Aplicar esses princípios em sua
própria vida melhorará em muito seu controle sobre o diabetes. Você
deve acompanhar de perto seus níveis de açúcar no sangue quando
der início a esses ajustes no estilo de vida; se eles caírem demais,
deve consultar seu médico para que ele ajuste sua medicação.
Como disse antes, o diabetes melito vem alcançando proporções
epidêmicas. A despeito dos milhões de dólares gastos com essa
doença, estamos perdendo a batalha. Médicos e leigos devem rever
suas atitudes e atacar a resistência à insulina em vez de os níveis
elevados de açúcar no sangue. Quando detectamos níveis elevados
de triglicérides junto com níveis reduzidos de colesterol HDL, ou,
ainda, hipertensão ou ganhos incomuns de peso, temos de admitir a
possibilidade de que a Síndrome X e os danos cardiovasculares
acelerados já tenham começado a se desenvolver.
Em vez de simplesmente tratar as doenças causadas pela resistência
à insulina, precisamos tratar agressivamente a própria resistência à
insulina. Não é impressionante que mudanças tão simples de estilo de
vida possam promover quase um milagre - o desaparecimento do
diabetes?

QUINZE - Fadiga Crônica e Fibromialgia
"FICO TÃO CANSADO O TEMPO TODO. ACHO TÃO DIFÍCIL ME
CONCENTRAR. NEM ME lembro da última vez que me senti bem. A
verdade é que tenho a maior dificuldade em me lembrar das coisas.
Sei que há algo de errado comigo. Não tenho força para nada e
parece que pego qualquer doença que aparece. Preciso de ajuda,
mas não sei por onde começar. Talvez seja minha tireóide - minha
família tem muitos casos de problemas de tireóide."
Você já disse coisas desse tipo? Impossível precisar o número de
pacientes que consultam minha página na Internet em busca de ajuda
ou que aparecem em meu consultório com esse tipo de reclamação.
São pessoas frustradas e desanimadas com a situação em que se
encontram. Devo dizer que em meus 30 anos de clínica médica essas
estão entre as queixas mais comuns que tenho ouvido.
Durante a consulta, o médico costuma perguntar: "Sente dor em
alguma parte? Tem algum outro sintoma?" Então faz toda uma lista de
queixas potenciais, tentando descobrir se o paciente possui sintomas
que vão desde dores de cabeça, passando por desconforto no peito,
até a diarréia. Muitas vezes, os pacientes respondem de forma
negativa a todas as perguntas específicas, e então lamentam: "Só
estou cansado e sem força para nada".
Quando se depara com essa situação, o médico costuma recomendar
um exame fisico completo, com um perfil químico abrangente. Na
consulta seguinte, ele considera, uma vez mais, as queixas do
paciente e investiga o histórico de saúde da família. Efetua um novo
exame e, depois que a avaliação estiver completa, analisa
minuciosamente os dados do laboratório. Por vezes, ele descobre
indícios de hipotiroidismo, diabetes, anemia ou alguma outra
enfermidade causando os sintomas de fadiga. Mas, na grande maioria
das vezes, não descobre nada que explique satisfatoriamente por que
o paciente se sente tão cansado e tão abatido.
Nesse ponto, a maior parte dos médicos começa a interrogar o
paciente sobre possíveis indícios de aumento de estresse ou sintomas
de depressão. Se essa linha de raciocínio não revelar nenhuma
explicação aparente, a tensão começará a tomar conta da atmosfera.
O paciente começa a perceber que o médico não está conseguindo
achar nada de errado. E o médico pode mesmo insinuar que o
problema está apenas na cabeça do paciente. Claro, esse não é um
diálogo verbal, mas a realidade tácita se comunica decerto por meio
de tons abruptos e da linguagem corporal. (Se já esteve em uma
situação dessas, você sabe bem do que estou falando.) O que
aconteceu? Os médicos querem ajudar os pacientes e, na maior parte
dos casos, sentem que a única maneira de fazê-Io é descobrindo um
processo de enfermidade e começando a tratá-Io com receitas.
Quando não conseguem encontrar nada de errado ou não podem
preencher uma receita, ficam incomodados com a pressão crescente
por explicações e medidas que ajudem o paciente a sentir-se melhor.
Podem encerrar a consulta levantando-se e dizendo: "Bem, você tem
uma saúde excelente - não descobri nada que explicasse seus
sintomas. Dê um tempo e veja se você se sente melhor."
Se você já passou por algo similar, sabe que não lhe resta nada a
fazer senão dar as costas e, frustrado, deixar o consultório do médico.
Antes de mais nada, você sabe que já havia "dado tempo" o suficiente
antes de consultar o médico! Não há dúvidas de que você não se
sente bem, mas como o médico não conseguiu encontrar nada de
errado, até você começa a se perguntar se a coisa não seria
meramente psicossomática.
Mas a frustração está apenas começando. Você pode resolver seguir
o conselho do médico e deixar passar mais algum tempo, enquanto
tenta fazer todo o possível para cuidar melhor de si mesmo. Em vez
de melhorar, entretanto, você continua igual ou até piora. Aonde ir
então? Procurar uma segunda opinião? Se consultar de fato um outro
médico, há grandes possibilidades de que ele tampouco encontre algo
de errado. A ansiedade e o desapontamento com o sistema de saúde
vão chegando ao ápice.
De um lado, você fica feliz por ninguém ter encontrado nada de grave;
mas, de outro, fica irritado por ninguém lhe dar respostas. A verdade é
que você começa a sentir um certo desconforto e fica com receio de
voltar ao médico. É então que um amigo próximo ou mesmo um
membro da família lhe fala de um clínico alternativo que conseguiu
ajudá-Io com o mesmo problema.

A Medicina Alternativa
Sua jornada continua conforme você desiste da comunidade médica
em busca de uma solução. Você resolve procurar uma rota mais
natural, a medicina alternativa, já que a medicina tradicional não
ajudou (pelo contrário, provavelmente fez com que você se sentisse
pior!). Para sua surpresa, o clínico alternativo diagnostica um
problema logo de cara. Ele pode afirmar que você tem "micose
sistêmica", "síndrome de hiperabsorção intestinal" ou "hipotiroidismo
subclínico" como causa de seus sintomas.
Os clínicos alternativos costumam fazer análises dos cabelos ou dos
olhos e exames de sangue, de urina ou dos músculos para determinar
o que exatamente você tem. Então, costumam recomendar certas
ervas, laxantes, mudanças de dieta e suplementos nutricionais para
resolver o problema diagnosticado.
O alívio e a esperança aumentam, pois alguém finalmente o está
ouvindo e pode oferecer uma explicação para sua exaustão, mesmo
que o diagnóstico não esteja totalmente correto. Muito embora sua
saúde e sua sensação de bem-estar possam melhorar em função das
mudanças no estilo de vida, você começa a se dar conta de que devia
sentir-se ainda melhor e que ainda não é "você mesmo". Eis por quê:
os praticantes de medicina alternativa se concentram em determinar
que deficiências nutricionais você possui para em seguida tentar
corrigi-Ias. Mas não corrigem o problema subjacente, que é o estresse
oxidativo. É muito provável que você continue frustrado e tenha de
continuar lendo e fazendo o que for possível para encontrar ajuda.

Depressão Imunológica
Você já ficou "cansado e doente de tanto ficar cansado e doente"?
Muitas pessoas com fadiga deixam o consultório médico com uma
receita de medicamentos antidepressivos. Quando não consegue
encontrar nada de errado, o médico presume que o paciente está
deprimido. Mas descobri que, quando os pacientes não se sentem
bem e não têm força para cumprir com seus deveres, ficam
desalentados e começam a duvidar de si mesmos. Perguntam-se se
algum dia terão a energia para recuperar o moral. Conforme o tempo
passa, eles declinam de fato - e ficam deprimidos. Mas essa é uma
depressão muito diferente da que se vê em um paciente
emocionalmente deprimido. É por isso que digo que tais pacientes
estão "deprimidos imunologicamente".
O aumento de estresse oxidativo. que as pessoas experimentam não
só gera fadiga, mas também debilita o sistema imunológico. Quando
os pacientes usam suplementos nutricionais para restabelecer o
controle sobre o estresse oxidativo, eles não apenas se sentem
melhor como voltam a trabalhar normalmente, o que faz com que se
sintam melhor ainda. Sempre fico feliz quando um paciente me diz
durante a consulta: "Não estou mais deprimido. Posso suspender os
antidepressivos que o outro médico receitou? Eles nunca me
ajudaram, mesmo. "
As gravíssimas doenças que discuti neste livro são apenas o resultado
final da exposição prolongada ao estresse oxidativo no interior do
corpo. As pessoas não percebem que a fadiga duradoura está no
mesmo escalão das moléstias severas. Embora muitas não
desenvolvam uma doença grave a princípio, quando estão sob o
ataque prolongado do estresse oxidativo, seus corpos declinam até
que tal doença acabe por se manifestar.
Se eu tivesse de fazer um estudo sobre as pessoas que caminham
por uma calçada qualquer para determinar quantas não se sentem tão
bem como deviam (em função de níveis consideráveis de fadiga
residual), creio que o resultado seria chocante. Permita-me contar o
que aprendi durante os 7 anos em que pratiquei a medicina
nutricional.
Não se acorda de um dia para outro com síndrome de fadiga crônica
ou fibromialgia. Os pacientes que aparecem com mal-estar,
queixando-se de fadiga, infecções freqüentes, falta de sono,
ansiedade e depressão também estão sofrendo dos estádios iniciais
de degeneração ocasionados pelo aumento de estresse oxidativo. Eu
quase posso dizer, olhando para o rosto de uma pessoa, se ela tem
excesso de estresse oxidativo. Sua face é contraída e acinzentada, e
não se mostra vibrante nem saudável. Se não lidarmos de fato com o
problema subjacente, esses pacientes provavelmente desenvolverão
fadiga crônica, fibromialgia ou mesmo doenças degenerativas mais
graves.
Já não mando meus pacientes embora com o comentário "Não
descobri nada de errado com você". Sei que isso causa depressão
imunológica e pode suscitar condições mais sérias. Hoje incentivo as
pessoas a investigar seus estilos de vida e seus ambientes em busca
de possíveis indícios de aumento de estresse ou de exposição a
tóxicos. Elas têm de eliminar as causas do aumento de estresse
oxidativo (ver Capítulo 3) até onde for humanamente possível. É
importante que reflitam sobre seus estilos de vida e seus IÚveis de
estresse. Elas estão se expondo a toxinas excessivas, como fumaça
de cigarros, herbicidas, pesticidas e poluentes do ar? Incentivo-as a
ter um repouso suficiente, iniciar exercícios regulares e dar início a
uma dieta saudável. Então prescrevo-lhes um potente tablete mineral
e antioxidante e um pouco de extrato de sementes de uva, e peço-lhes
que retomem a meu consultório no prazo de quatro a seis semanas.
Diversamente dos clínicos alternativos, procuro a causa original dos
sintomas. Não preciso fazer os testes dispendiosos que eles fazem (a
maioria acaba se mostrando imprecisa, de qualquer forma), pois não
estou tentando corrigir nenhuma deficiência nutricional em particular -
mas, sim, a ameaça subjacente do estresse oxidativo. De minha parte,
tento proporcionar à célula todos os micronutrientes em níveis
otimizados. A célula decidirá de quais precisa e de quais não.
Seguindo a literatura médica, descobri que restabelecer o controle
sobre o estresse oxidativo por meio da nutrição celular é o meio mais
eficaz de redimir a saúde. Com essa estratégia, a maioria absoluta de
meus pacientes conseguiu voltar a ter uma vida normal.
O acompanhamento é também muito importante. É impressionante o
número de pacientes que reaparecem sentindo-se normais
novamente. Sua melhora é muitas vezes impressionante, o que se
evidencia pelo rosto e pela cor. E pensar que durante anos costumei
mandar tais pacientes para casa sem esperança nem conselho! O
tratamento correto estava, o tempo todo, bem à vista.

Uma História de Fadiga Crônica e Fibromialgia
A experiência de Judie com a fibromialgia teve início em novembro de
1990. Ela era uma pessoa que raramente adoecia, mas naquele ano
ficou muito doente, com sintomas similares aos da influenza, que
faziam seu corpo doer tanto que, a todo momento, ela imaginava que
seria carregada até o pronto-socorro. Levou quase duas semanas
para que ela se recuperasse desse vírus.
Ela passou um dia de primavera em 1991 fora de casa, trabalhando
no quintal. Essa não era uma tarefa incomum no seu caso, mas,
quando acordou no dia seguinte, ela sentiu como se houvesse
carregado mudança por três dias. Achou que tinha exagerado na
véspera. Mal sabia que esse era apenas o começo.
O problema que enfrentou a seguir foi um distúrbio do sono. Embora
tentasse diversas soluções, como medicamentos, menos café e mais
leite quente, nada parecia ajudar. Ela continuou a sofrer com padrões
de sono erráticos pelos 4 anos seguintes. Também sentia confusão,
perda de memória e distúrbios visuais. Logo começou a notar dores
nas articulações, nós nos ombros, dores de cabeça e garganta
dolorida - os primeiros sintomas eram mais aparentes pela manhã;
mas a garganta ruim e as dores de cabeça eram um problema
constante. Ela concluiu que algo muito sério estava afetando a
qualidade de sua vida.
Quando começou a sentir dureza para caminhar de manhã, ela soube
que era hora de procurar ajuda médica. A essa altura vinha dormindo
apenas três ou quatro horas por noite, e essas poucas horas não eram
repousantes. Seus nervos estavam abalados, e qualquer ruído ou
movimento a perturbava.
O medicamento que lhe receitei possibilitou que seus padrões de sono
mudassem um pouco, mas, depois de usá-Io por um ano, ela
começou a experimentar efeitos colaterais. Esse medicamento, em
particular, fazia seu coração disparar, além de causar-lhe variações
extremas de humor e pesadelos terríveis. Ela concluiu que o
medicamento lhe causava mais mal do que bem e, por isso, resolveu
parar de tomá-Io.
Chegou o momento de Judie fazer um check-up comigo. Ela me disse
mais tarde que estava com medo de contar-me que dispensara o
remédio que eu lhe havia prescrito e que decidira adotar em seu lugar
uma terapia de vitaminas. Eu sempre lhe dissera que as pessoas, se
comessem devidamente, conseguiriam obter todos os nutrientes de
que o corpo precisava. Para sua surpresa, havia pouco tempo, eu
tinha aberto minha mente para os efeitos dos antioxidantes no
processo de cura. Cheguei mesmo a submetê-Ia a um programa
intensivo de suplementação nutricional.
Em setembro de 1995 Judie iniciou esse programa de suplementos
nutricionais. Os efeitos foram impressionantes! Em três semanas ela
sentiu um ganho significativo de energia. Já não precisava ir para a
cama às 8h30 da noite para agüentar o dia seguinte. E, pouco depois
de sentir mais energia, percebeu que os dolorosos nós em suas
escápulas haviam desaparecido. Em novembro, as dores nas
articulações e nos músculos começaram a diminuir. Em dezembro ela
passou por uma breve cirurgia e, pouco depois, alguns dos sintomas
retomaram. Mas Judie aumentou sua ingestão de antioxidantes e,
passadas duas semanas, tais sintomas já não eram mais problema.
Em março de 1996 ela dormiu sua primeira noite de oito horas. Ficou
encantada ao perceber que seus padrões de sono voltavam a ser
normais. Seus nervos já não estavam abalados, e ela percebia que
uma penetrante sensação de bem-estar lhe retornava. A confusão se
desvaneceu e seu raciocínio começou a progredir. Seis anos se
passaram e ela continua muito bem.

A Causa Primitiva
A fadiga crônica e a fibromialgia são duas moléstias devastadoras e
incapacitantes, que a comunidade médica considera como expressões
diferentes da mesma doença. Os pacientes de fadiga crônica sentem
intensa fadiga, mas, acima de tudo, têm a garganta dolorida, as
glândulas inchadas e febres; os pacientes de fibromialgia sofrem de
fadiga acentuada e dores por todo o corpo. Como disse, creio que
ambas partilhem de uma causa comum - o estresse oxidativo.
Não há tratamento específico para nenhuma dessas doenças. Como
resultado, a fibromialgia costumava ser chamada de reumatismo
psicossomático. De fato, muitos médicos ainda acreditam que essa
doença só existe na cabeça dos pacientes. Não há dúvida de que
sejam enfermidades frustrantes tanto para o médico como para o
paciente. Infelizmente, a medicina tradicional só oferece
medicamentos sintomáticos: antiinflamatórios não-esteróides,
relaxantes musculares, antidepressivos e remédios para dormir. Os
médicos também encaminham o paciente para grupos de apoio e lhe
dizem que ele precisa aprender a conviver com a doença.
Vejamos essas doenças de modo mais detalhado e os melhores
tratamentos disponíveis para elas.

Fibromialgia/Fadiga Crônica

Aproximadamente 8 milhões de pacientes, apenas nos Estados
Unidos, podem estar sofrendo de fibromialgia - e 8 em cada 9 são
mulheres. Você talvez se pergunte: a personalidade determina, de
algum modo, quem pode ou não estar propenso à doença? Talvez. As
estatísticas parecem indicar que tais mulheres são perfeccionistas e
especialmente sensíveis.
Com freqüência, esses pacientes vivem com dores por todo o corpo,
são extremamente fatigados e sofrem de falta de sono. Saem da cama
sentindo rigidez, sofrem de confusão mental e muitos possuem
intestino irritável e síndrome da ATM - a qual faz com que o indivíduo
passe a ter o maxilar dolorido, além de dores de cabeça.
A maioria dos pacientes de fibromialgia entra em meu consultório com
uma pilha de relatórios vindos de muitos médicos diferentes - pois um
diagnóstico de fibromialgia leva, em média, de 7 a 8 anos para ser
obtido! Não falávamos de frustração? Essas pessoas foram
examinadas dos pés à cabeça sem que se descobrisse absolutamente
nada de anormal. A única maneira de determinar realmente se um
paciente tem fibromialgia é fazer exames específicos de pontos
sensíveis em dezoito áreas predeterminadas. Se onze ou mais dessas
áreas se mostrarem sensíveis quando uma pressão ligeira for
exercida, o paciente estará, então, com fibromialgia.
A maioria dos pacientes desenvolve fibromialgia após alguma doença
grave, um grande ferimento (especialmente no pescoço) ou um
período especialmente estressante em suas vidas. Como você já
aprendeu, todas essas situações aumentam, em muito, a quantidade
de radicais livres que nossos corpos produzem. Uma vez que tiver
início, a doença parece não dar mais sossego. Pode-se ter um dia
bom de vez em quando, mas com pouca ou nenhuma reserva de
energia. E depois de fazer coisas demais em um único dia, o que
inclui exercícios, a pessoa pode ficar muito estressada ou doente, e
uma fadiga acentuada se manifesta pelas duas ou três semanas
seguintes.

Tratamentos: Capturando a Doença
Depois de chegar ao diagnóstico de fibromialgia ou síndrome de
fadiga crônica, concentro-me em restabelecer o controle sobre o
estresse oxidativo. O melhor método para isso é, sem dúvida, a
nutrição celular, que explico em detalhes no Capítulo 17. Também
recomendo, com grande ênfase, uma dieta saudável. Além disso,
reforço a necessidade de um programa de exercícios de baixo
impacto. Também alerto contra exercícios em dias consecutivos e
recomendo um programa suave de exercícios aeróbicos, com uma
atividade física resistida (musculação) com baixas cargas.
Lembre-se de que essa é uma doença crônica e vitalícia, e por isso
leva tempo até que a saúde da pessoa se recomponha. É sempre
animador ver alguém reagindo de forma rápida e notável, mas não é
esse o caso típico. Sempre incentivo meus pacientes a dedicar pelo
menos seis meses para melhorar sua condição. Eles talvez não
cheguem onde gostariam de estar nesse prazo, mas sabem que estão
no caminho certo.
Logo que começam a notar melhorias, é como se as lâmpadas
tivessem sido acesas. Geralmente incrédulos a princípio, meus
pacientes ficam animados quando passa a não haver dúvidas de que
sua saúde está melhorando. Chamo isso de "capturar" a doença - eles
estão efetivamente restabelecendo o controle sobre o estresse
oxidativo.
A primeira vitória de que o paciente se dá conta é o fato de já não
sentir aquele "nevoeiro mental". Fica mais fácil pensar e concentrar-se
na tarefa à mão. Em seguida, os padrões de sono melhoram. Pode-
se.voltar a ter um sono mais repousante e nota-se um aumento
considerável de energia. A última coisa que costuma melhorar é a dor.
Isso mesmo: a dor finalmente começa a diminuir.
Seguindo esse protocolo, meus pacientes de fibromialgia têm
resultados de bons a excelentes em 70% a 75% dos casos. Centenas
de pacientes de fibromialgia ao longo dos últimos 7 anos melhoraram
sensivelmente seguindo o programa de suplementação nutricional que
expus em detalhes em meu site Web, no endereço www.nutritional-
medicine.net.

Creio que, quando o paciente não reage bem, isso ocorre por não
termos conseguido restabelecer o controle sobre seu estresse
oxidativo apenas pela suplementação por via oral. É então que
recomendo que ele procure um centro médico especializado em
suplementação nutricional intravenosa. A terapia intravenosa é
necessária para que ele "capture" sua doença e comece finalmente a
melhorar. A terapia oral o ajudará a preservar sua condição.
Tenha em mente que essas pessoas ainda sofrem de fibromialgia ou
fadiga crônica. Não estou oferecendo uma cura. Em vez disso, estou
possibilitando aos pacientes controlar sua doença em vez de serem
por ela controlados. Ao longo dos anos, vi muitíssimas pessoas
melhorando e aumentando sua reserva de energia. Leva tempo, mas
sua esperança e determinação são bem recompensadas.

A História de Mariano
Mariano se apresentou a mim na Filadélfia, onde estive palestrando.
Ele dirigira trezentos quilômetros na esperança de conseguir falar
comigo. Naquele dia ele me relatou sua história, e ela tocou meu
coração.
Mariano sofria de uma fibromialgia tão severa que consumia mais de
trezentos tabletes de Advil por mês para controlar a dor. Ele tinha de
deixar seu consultório de psiquiatria às 3h30 todos os dias e ia para a
cama às sete da noite, ou mesmo antes, em função de uma
avassaladora fadiga.
Foi nesse ponto que ele deu início ao programa nutricional que eu
usava com todos os meus pacientes. Dentro de poucas semanas,
Mariano começou a notar uma diferença substancial. Ficou mais
atento e sua fadiga começou a diminuir. Ele conseguia trabalhar o dia
todo e ia para a cama cada vez mais tarde. Em seguida, começou a
notar melhoras em sua dor. Passado um mês ou tanto, sua dor
diminuiu de tal maneira que ele já não precisava mais do Advil.
Mariano recuperou sua vida. Ele consegue praticar a psiquiatria mais
uma vez em tempo integral, e ganhou entre quatro e cinco horas em
seu dia. Faz muitos anos desde que o vi pela primeira vez, e ele
continua muito bem. Seu trabalho envolve, com freqüência, o
tratamento dos problemas mentais de pacientes sofrendo de doenças
degenerativas crônicas, e ele possui um entendimento muito exato de
como tais doenças podem de fato afetar a vida das pessoas.

A procura crescente pela medicina alternativa devia servir de alerta
para a comunidade médica. As pessoas estão ficando cada vez mais
frustradas com o sistema oferecido por seus planos de saúde. Assim,
recorrem com freqüência a métodos de auto-ajuda e a cuidados
alternativos em busca de resposta, mesmo tendo de pagar a conta.
Para dizer de forma simples, as pessoas estão cansadas e doentes de
estarem cansadas e doentes. Apesar de os médicos estarem
receitando antidepressivos em quantidades jamais vistas, a medicina
alternativa vem florescendo nos Estados Unidos e em todo o mundo.
Por quê? Talvez os pacientes procurem a medicina alternativa como
resultado de experiências como as que apresentei no início do
capítulo, mas também acredito que muito tenha a ver com o fato de
que eles não têm o caso de amor com remédios que a maioria dos
médicos presume que tenham. Os pacientes querem opções além
daquela de tomar novos remédios a cada dia.
Nós, médicos, precisamos nos dar conta de que somos os principais
responsáveis pelo grande número de pacientes que deixa os serviços
médicos pelos provedores de cuidados alternativos. Afinal de contas,
a esmagadora maioria dos pacientes consulta seus médicos primeiro.
A maior parte dos médicos hoje conhece os benefícios de uma dieta
saudável e de um programa modesto de exercícios, mas sem apreciar
ou compreender devidamente as conseqüências do estresse
oxidativo. Se as compreendessem, incentivariam firmemente seus
pacientes a tomar suplementos nutricionais potentes e de alta
qualidade - em vez de inibilos. Não somente haveria grandes
melhorias nos sintomas de seus pacientes, como os médicos
testemunhariam um declínio considerável no número de pacientes que
acaba recorrendo à medicina alternativa.

PARTE III
MEDICINA NUTRICIONAL

DEZESSEIS - A Posição dos Médicos contra os
Suplementos Nutricionais
CONFORME RELEMBRO MEUS PRIMEIROS ANOS DE PRÁTICA
MÉDICA, LEMBRO-ME claramente de minha própria posição contra a
suplementação nutricional. Assim, não preciso ir além de mim mesmo
para compreender o preconceito básico que os médicos têm. Estou
certo de que minhas impressões anteriores não são muito diversas
das da maioria dos médicos praticantes hoje em dia.
Lembro-me de dizer a meus pacientes que eles poderiam obter tudo
de que necessitassem a partir dos alimentos, se praticassem uma
dieta saudável. "Basta ir até a quitanda e comprar o tipo certo de
comida, e voce não precisará tomar nenhum desses suplementos", eu
insistia. "Tomar vitaminas é uma perda de dinheiro."
Se isso não os convencesse, eu lhes mostrava um estudo ou dois em
que se provava que uma data vitamina era nociva. Lembro-me de que
os estudos negativos eram, na verdade, os únicos que eu conhecia
sobre vitaminas. Afinal de contas, quando estudos negativos eram
publicados na mídia leiga ou nos jornais médicos, eu comentava
comigo mesmo: "Viu só, você tinha razão sobre essas vitaminas. É
uma vergonha que esses charlatães preguem tamanhas peças em
meus pacientes." Uma das razões por que mudei de opinião quanto às
vitaminas é a qualidade de nossa dieta.

A Típica Dieta Norte-Americana
Tenho uma confissão a fazer aqui e agora: já saí para comer em
restaurantes de fast-food. E, se você quiser saber os detalhes
escabrosos, comi um Big Mac com batatas fritas, bebi uma coca-cola
tamanho grande - gigante, na verdade - e comi uma torta de maçã
quente. Mas cabe-lhe saber também que isso ocorreu há muitos anos.
Aprendi um pouco sobre alimentação desde então.
Você já se flagrou rindo ante a idéia de alguém confessar algo que
todos nós fazemos com mais freqüência do que admitimos? Apesar de
sabermos que o fast-food é a pior desculpa para combustível que
podemos ingerir, fazemos fila em frente aos caixas, esperando para
investir o dinheiro tão duramente conquistado na depauperação de
nossa saúde futura. Amigos, falar e fazer são duas coisas diferentes.
Apesar de falarmos tanto da boca para fora de perder peso e ingerir
alimentos saudáveis, não é isso o que ocorre na realidade.
Aproximadamente 40% das calorias em uma dieta norte-americana
típica vem de gordura e, na maioria dos casos, de gordura saturada (a
maligna). A edição de setembro de 1997 do jornal médico
Pediatricsrelatou que apenas 1% das crianças nos Estados Unidos
obtém em suas dietas os nutrientes essenciais nos valores diários de
referência. Além de não estarem obtendo uma nutrição adequada para
seus corpos em crescimento, as crianças estão desenvolvendo, na
infãncia, hábitos alimentares negativos que persistirão na idade adulta.
Assustou-me o número de adolescentes que já possuem resistência à
insulina plenamente desenvolvida.
O NHANES-II avaliou 12 mil americanos adultos e seus hábitos
alimentares. Aqui estão algumas de suas descobertas:
. 17% da população não consome vegetais de nenhum tipo.
. Excluindo-se batatas e saladas, 50% não consome vegetais. Em
outras palavras, somente metade da população consome vegetais de
horta.
. Apenas 41% consome frutas ou sucos de fruta.
. Apenas 10% da população atende à orientação do Departamento de
Agricultura de consumir no mínimo cinco doses diárias de vegetais e
frutas. Entre os afro-americanos, apenas 5% consomem as
quantidades recomendadas.

Muito embora médicos e nutricionistas registrados recomendem a
ingestão diária de múltiplas doses de frutas e vegetais, nossa
sociedade está passando muito longe disso. Esse estudo mostra que,
se excluirmos batatas fritas e assadas, mais de metade da população
não consome vegetal algum. Pior ainda: quase 60% da população não
consome frutas. A verdade é que os norte-americanos não seguem
uma dieta saudável, ainda que tenham ciência dela.
Impressiona que mais de 50% dos norte-americanos sejam
considerados hoje como estando muito acima do peso? Quando
combinamos esses maus hábitos alimentares com os alimentos de
alto nível glicêmico discutidos no Capítulo 14, não surpreende em
nada que tenhamos nos Estados Unidos uma epidemia de resistência
à insulina e de diabetes. Se eu o desafiasse a sair de casa e não
comer pão branco, farinha branca, massas, arroz e batatas por duas
semanas, você logo perceberia por que tanta gente (mais de 80
milhões de norte-americanos) desenvolveram a resistência à insulina
conhecida como Síndrome X.

A Qualidade dos Alimentos nos Estados Unidos
Nenhum outro país na face da terra produziu a abundância de
alimentos que os Estados Unidos produziram no último meio século.
Mas, quando analisamos a qualidade desses alimentos do ponto de
vista da saúde, surgem preocupações bem definidas. Os processos
atualmente usados para produzir e preservar nossos alimentos
tiveram um efeito muito sério na qualidade desse grande suprimento
de comida. Rex Beach escreveu em seu relatório ao senado
americano:

Sabiam que a maioria de nós hoje sofre de alguma perigosa
deficiência dietética, que não poderá ser remediada enquanto os solos
exauridos de que provém nossa alimentação não tiverem seu
equilíbrio mineral devidamente restaurado? O fato alarmante é que os
alimentos - frutas, vegetais e grãos - hoje cultivados em milhões de
acres de terra que já não possuem certos minerais em quantidades
suficientes estão nos matando de fome, por mais que comamos.

Beach fez essa declaração em 1936. E nos quase 70 anos que se
passaram desde seu apelo ao senado, pouco foi feito para melhorar o
solo exaurido dos Estados Unidos; na verdade, a situação hoje é
muito pior do que em qualquer momento da história. Cinco grandes
minerais (cálcio, magnésio, clorito, fósforo e potássio) e pelo menos
dezesseis minerais residuais são essenciais para uma saúde perfeita.
As plantas não conseguem criar minerais. Elas devem extraí-los do
solo. E se o solo não possui tais minerais, as plantas tampouco os
terão.
E de fato não os têm. Por quê? Fertilizantes orgânicos que contêm tais
minerais são caros e difíceis de obter. Os fazendeiros norte-
americanos administram seus custos empregando fertilizantes que
recompõem o solo somente com nitrogênio, fósforo e potássio (os
chamados NPK). Com fertilizantes NPK, os fazendeiros conseguem
cultivar grãos e outros itens de boa aparência, apesar de as safras
continuarem pobres em todos os outros minerais necessários.
Infelizmente, a economia é a força motriz por trás da agricultura norte-
americana, o que leva os fazendeiros a se preocuparem mais com o
número de sacas colhidas por acre do que com o conteúdo nutricional
do alimento que cultivam.
Poucos poriam em dúvida a qualidade dos alimentos americanos e
seu declínio comparado aos de uma ou duas gerações atrás. Grãos,
vegetais e frutos híbridos ganharam maior popularidade. Essas
sementes híbridas passam por gerar produtos maçudos e suculentos,
mais resistentes a doenças. O conteúdo de nutrientes dos híbridos,
contudo, é significativamente inferior ao de suas contrapartidas
naturais. O fazendeiro é pago de acordo com o número de sacas por
acre - e não pela qualidade de seus produtos. Além disso, a
agricultura tornou-se um mercado exigente e de grande pressão
política. Apesar de nossa necessidade de nutrição, o objetivo final dos
fazendeiros é ganhar a vida, e os produtos híbridos tornam isso
possível.
O mercado americano de alimentos, em função dos transportes
especiais e das técnicas de armazenamento, conseguiu disponibilizar
uma grande variedade de frutos e vegetais por todo o país e o ano
todo. Variedade é bom. Mas ela existe em função de um sacrifício.
Colheita verde significa colher frutos e vegetais antes que estejam
maduros. Transportar alimentos por longas distâncias requer
armazenamento refrigerado e outros métodos de preservação que
provocam a perda de nutrientes vitais. A comida norte-americana é
ainda altamente processada. Por exemplo, o processo de refinamento
da farinha para criar o pão branco elimina mais de vinte e três
nutrientes essenciais, sendo o magnésio um dos mais importantes. A
indústria alimentícia restitui posteriormente ao pão cerca de oito
desses nutrientes, e o chama de pão "enriquecido".
Você sabia:

. Que no processo de produção de farinha branca a remoção do
gérmen da parte externa dos grãos elimina mais de 80% do magnésio
presente?
. Que o processamento da carne americama elimina de 50% a 70% da
vitamina B6?
. Que o armazenamento refrigerado elimina até 50% da vitamina C
das tangerinas?
. Que aspargos armazenados por apenas uma semana perdem 90%
de sua vitamina C?

É fato que os alimentos americanos são muito deficientes nos
nutrientes vitais, mesmo no momento em que os compramos; todavia,
a maneira como os preparamos é ainda mais importante. Cozer
demais, congelar a comida e demorar para preparar alimentos frescos
são alguns dos fatores que reduzem seu valor nutricional. Por
exemplo:

. Saladas frescas, bem como vegetais e frutas cortados, perdem de
40% a 50% de seu valor se ficarem expostos por mais de três horas.
. A vitamina C é vulnerável tanto ao calor como ao frio e o
armazenamento prolongado a destrói.
. O preparo dos alimentos reduz significativamente o ácido fólico.
. Congelar carnes pode destruir mais de 50% de sua vitamina B.7

Começamos com a destruição dos nutrientes do solo, agravada pelos
fertilizantes NPK. Em seguida vieram os grãos híbridos, que geram
alimentos pobres em nutrientes. O processamento e o
armazenamento modernos provocam maior empobrecimento da
qualidade da comida. Então levamos os alimentos para casa e os
empobrecemos ainda mais pela armazenagem e pelo preparo. Tudo
isso nos proporciona razões boas e sólidas para que suplementemos
nossa dieta com suplementos nutricionais de alta qualidade.
Você precisa saber, porém, que não são essas minhas razões
primárias para recomendar o uso de suplementos nutricionais. Embora
tais condições tenham se mostrado danosas à saúde, a idéia que
temos de nutrição foi tão ou mais nociva. Devemos repensar o
significado dos VD Ref. - os valores diários de referência.
Níveis Otimizados versus Níveis dos VD Ref.
Em primeiro lugar, você precisa entender como os valores diários de
referência foram desenvolvidos. Eles surgiram entre as décadas de
1920 e de 1930, estabelecendo os níveis mínimos de dez nutrientes
essenciais que poderiam nos ajudar a evitar moléstias decorrentes de
deficiências agudas. Eram doenças como o escorbuto (deficiência de
vitamina C), o raquitismo (deficiência de vitamina D) e a pelagra
(deficiência de niacina). Em outras palavras, se você ingerisse
vitamina C, vitamina D e niacina nos valores diários de referência, não
desenvolveria nenhuma dessas doenças.
É fato que os valores diários de referência cumpriram sua missão. Em
minhas três décadas de prática clínica, nunca vi nenhuma dessas
doenças. Elas ainda ocorrem, mas são raras. Na verdade, o Centro
para Controle de Doenças já não as rastreia mais.
A lista de nutrientes incluídos nos valores diários de referência
cresceu ao longo das duas décadas seguintes, e, no início dos anos
50, a definição desses valores passou a incluir as quantidades de
nutrientes necessárias ao crescimento e desenvolvimento normais.
Apesar de os valores diários de referência terem se mostrado úteis, a
maioria dos médicos e leigos tende a atribuir-Ihes mais significado do
que deveria. Isso se deve, em parte, ao fato de o governo dos Estados
Unidos requerer que os rótulos de todos os alimentos e suplementos
registrem seu percentual com relação aos valores diários de
referência. Contudo, após ter passado os últimos anos estudando
bastante a suplementação nutricional e seus efeitos nas doenças
degenerativas crônicas, convenci-me da avassaladora verdade: os
valores diários de referência não têm absolutamente nada a ver com
doenças degenerativas crônicas.
Creio que essa simples verdade seja causa de mais confusões sobre
os beneficios que os suplementos nutricionais trazem à saúde do que
qualquer outro fato. Os médicos são treinados para acreditar que os
valores diários de referência são os níveis de nutrientes necessários
para que o corpo tenha uma excelente saúde. Esse falso pressuposto
é, segundo creio, a principal razão por que médicos, nutrólogos
registrados, nutricionistas e a comunidade de serviços à saúde em
geral demonstram tal resistência à suplementação nutricional.
Quando se pesquisa a literatura médica sobre estresse oxidativo e a
quantidade de nutrientes necessária para preveni-Io, descobre-se que
o nível da suplementação nutricional é consideravelmente maior do
que o dos valores diários de referência. Um bom exemplo disso é a
vitamina E. O valor diário de referência da vitamina E é 10 lU, e, em
algumas tabelas, chega a até 30 lU. A dieta norte-americana média
contém de 8 IU a 10 IU. De acordo com a literatura médica, não se
começa a perceber nenhum beneficio à saúde senão com a ingestão
de 100 lU de vitamina E em suplementação. Esse beneficio à saúde
parece ser progressivamente maior, até chegar-se a 400 IU ou até
mais. (A maioria dos médicos que entende de suplementação
concordaria que é preciso consumir diariamente pelo menos 400 IU de
vitamina E.)
O valor diário de referência da vitamina C é de 60 mg, muito embora
discussões havidas nos últimos anos sugiram que ele deve ser
aumentado para 200 mg diários. A literatura médica, por outro lado,
indica que nossos corpos precisam de pelo menos 1.000 mg de
vitamina C antes de haver beneficios à saúde. Esse beneficio é
sempre maior conforme nos aproximamos de 2.000 mg.
Eu poderia citar todos os principais nutrientes e enumerar os níveis
otimizados que a literatura médica diz proporcionarem beneficios à
saúde. Em nenhum caso existe correspondência com os valores
diários de referência. Volto a dizer que esses valores nada têm a ver
com doenças degenerativas crônicas. Para ter uma idéia da
quantidade de alimentos que precisaríamos consumir para atingir
esses níveis otimizados de nutrientes, veja a Tabela 16.1.
Simplesmente não existe como alcançar esses níveis otimizados de
nutrientes pela alimentação. Se quiser reduzir seus riscos de
desenvolver doenças degenerativas crônicas, você deve suplementar
sua dieta.
Talvez você esteja soltando um suspiro de alívio e pensando: Que
bom! Estou protegido, pois tomo uma multivitamina. Não relaxe tão
cedo. Tomar uma multivitamina diária tampouco o protegerá de
doenças degenerativas. Multivitaminas baseiam-se antes de tudo nos
valores diários de referência. É raro encontrar na literatura médica
qualquer ocorrência de beneficios à saúde entre pacientes que tomam
apenas multivitaminas. Você deve tomar quantidades significativas de
antioxidantes e minerais de alta qualidade se pretende evitar ou
retardar as doenças degenerativas crônicas descritas neste livro.
A pergunta seguinte seria, obviamente: É seguro tomar esses
suplementos em níveis otimizados? Como um médico que nem
sempre acreditou que tomar suplementos seria uma boa idéia, discuti
freqüentemente seus riscos com meus pacientes. Estou certo de que
seu médico pode citar uns poucos estudos denunciando o perigo da
ingestão de suplementos. Há riscos? Certamente que sim. Precisamos
discuti-Ios em detalhe.

O Risco e a Segurança dos Suplementos Nutricionais
Ao longo de todo este livro apresentei evidências médicas que
demonstram a eficiência dos suplementos nutricionais em evitar e/ou
retardar o avanço das doenças degenerativas. Para que esses
suplementos tenham tal eficiência, devemos tomá-Ios durante toda a
vida. Temos de usá-Ios em níveis muito superiores aos valores diários
de referência e, como já somos uma população de má saúde, é
fundamental que esses nutrientes sejam virtualmente isentos de
efeitos tóxicos e possam ser usados sem risco em altas doses.
Os antioxidantes são decerto seguros quando tomados corretamente.
Suplementos nutricionais nada mais são do que os nutrientes que
tiramos dos alimentos, salvo que em doses mais altas do que seria
possível obter pela alimentação regular. Por outro lado, drogas
farmacêuticas podem ter alguns beneficios na prevenção de algumas
doenças crônicas, mas geram um risco inerente para o paciente.
Sempre que um médico prescreve um medicamento, especialmente
para o tratamento de moléstias crônicas, ele deve explicar o perigo
potencial de seu uso. "Os medicamentos que prescrevemos", disse o
dr. Bruce Pomeranz na edição de 15 de abril de 1998 do Journal ofthe
American Medical Association, "causam mais de 100 mil mortes por
ano." Ele também afirma que outros 2,1 milhões de pacientes têm
sérias complicações devido aos medicamentos. Os nutrientes não
oferecem esses riscos.
Em meu livro intitulado Death by Prescription (Morte por Prescrição),
lançado nos Estados Unidos em 2003, explico os riscos inerentes de
todos os medicamentos e as armadilhas em determinar seus possíveis
efeitos colaterais. Nele você encontrará diretrizes práticas e simples
para evitar o sofrimento e talvez a morte por reações adversas a
alguma droga.
Uma vez que medicamentos devidamente receitados e administrados
são a quarta maior causa de mortes nos Estados Unidos, é hora de os
médicos e os prestadores de serviços de saúde começarem a encarar
essa terrível crise da saúde. Os profissionais médicos esbravejam e
lutam por reduzir os riscos de doenças do coração, AVC's e câncer.
Mas por que não falamos de ajudar os pacientes a reduzir seu risco de
sofrer ou morrer devido aos medicamentos que prescrevemos?
Enquanto nossa profissão essencialmente ignora essa significativa
causa de mortes, acho terrivelmente irônico que os médicos
continuem a dissuadir seus pacientes de tomar suplementos, na
suposição de que eles podem ser perigosos para a saúde!
Registraram-se somente umas poucas mortes nos últimos anos
relacionadas a suplementos nutricionais. E foram casos em que
indivíduos tomaram muitas vezes as quantidades recomendadas
neste livro para nutrientes como a niacina. Outros relatórios
envolveram superdoses acidentais de suplementos em crianças.
Ainda assim, devemos ter ciência do fato de que os suplementos
nutricionais podem ser tóxicos se tomados em quantidades
excessivas. Vejamos os principais efeitos tóxicos desses nutrientes,
cada um por sua vez.
Vitamina A

De todos os suplementos nutricionais, a vitamina A pura causa a
maior preocupação. Sua toxicidade pode ocorrer em adultos que
tomarem mais de 50 mil lU por dia durante períodos prolongados.
Uma dose menor pode também ser tóxica se o paciente tiver doenças
do figado. Os indícios de toxicidade de vitamina A incluem pele seca,
unhas quebradiças, perda de cabelos, gengivite, anorexia, náusea,
fadiga e irritabilidade.
A ingestão acidental de uma grande dose isolada de vitamina A por
crianças (de 100 mil a 300 mil lU) pode causar toxicidade aguda. Ela
pode se manifestar em dores de cabeça, vômito e estupor, devido ao
aumento na pressão intracranial. Um estudo divulgado na edição de 2
de janeiro de 2002 do Journal of the American Medical Association
indica que a vitamina A pode ser nociva para o funcionamento normal
dos ossos, causando um aumento de fraturas nos quadris.
As mulheres devem evitar a suplementação de vitamina A durante a
gravidez. Acredita-se que mesmo doses reduzidas, de 5 mil a 10 mil
lU, podem causar problemas ao feto.
Nunca recomendo a suplementação direta de vitamina A. Podemos
atender às necessidades de vitamina A do corpo simplesmente pela
ingestão de betacaroteno e dos carotenóides mistos. Eles são
bastante seguros, e o corpo consegue converter o betacaroteno em
vitamina A quando necessário, sem riscos de toxicidade.

Betacaroteno

O betacaroteno tem sido usado em altas doses já há vários anos, sem
nenhum registro de efeitos adversos. Alguns indivíduos desenvolvem
um amarelecimento da pele chamado de carotenodermia, mas é algo
totalmente benigno, e se reverte totalmente uma vez que o
betacaroteno for reduzido ou suspenso.
Vitamina E

Embora a vitamina E seja solúvel em gordura, ela tem um fantástico
histórico de segurança. Ensaios clínicos de suplementação vitamínica
com doses de até 3.200 lU por dia não apresentaram nenhum efeito
adverso. Além disso, estudos demonstraram que a vitamina E inibe a
agregação de plaquetas e reduz o risco de coágulos sangüíneos,
similarmente ao que faz a aspirina. Essa propriedade da vitamina E
ajuda a reduzir as doenças do coração. Pesquisadores acreditam que
a vitamina E aumenta a eficácia da aspirina em pacientes com
doenças cardíacas.

Vitamina C

A vitamina C é segura até mesmo em doses muito altas, embora
algumas pessoas possam sofrer inchaços abdominais, gases ou
diarréia. Houve uma época em que se receou que a suplementação
de vitamina C pudesse aumentar o risco de cálculo renal. Todavia,
isso ocorreu em apenas um estudo clínico, e os quatro últimos
estudos do tipo não sustentaram tal receio.

Vitamina D

A vitamina D tem grande potencial para a toxicidade. Doses
superiores a 1.500 lU não são recomendadas. Na maioria dos casos
não recomendo a suplementação de vitamina D em doses maiores do
que 800 lU por dia. A toxicidade da vitamina D pode aumentar os
níveis de cálcio no sangue, causar depósitos de cálcio em órgãos
internos e aumentar o risco de cálculo renal.
É interessante que estudos recentes, divulgados no New England
Journal of Medicine, mostraram que 93% das pessoas em Boston são
deficientes em vitamina D - mesmo as que tomam multivitaminas.
Outros estudos vêm revelando que o valor diário de referência da
vitamina D é muito baixo (200 lU), e os pacientes precisam tomar
entre 500 e 800 lU, que é o nível otimizado. Essa dosagem ainda hoje
é considerada como estando em uma faixa segura.

Niacina (Vitamina B3)

Altas doses de suplementação de niacina podem gerar
enrubescimento da pele, naúsea e danos ao fígado. Estudos clínicos
demonstraram que produtos de liberação lenta contendo niacina
podem reduzir o risco de vermelhidão, mas também aumentam o risco
de danos ao figado.
Muitas pessoas usam doses elevadas de niacina como meio natural
de reduzir os níveis de colesterol. Usar níveis farmacêuticos de
niacina suplementar deve sempre ser feito sob a orientação de um
médico. Os níveis recomendados no Capítulo 17 encontram-se em
uma faixa muito segura. A niacina vem sendo usada também com
medicamentos à base de estatina, que são especialmente eficazes em
reduzir o colesterol.

Vitamina B6 (Piridoxina)

A vitamina B6 é uma das poucas vitaminas solúveis em água com
risco de causar toxicidade. Doses maiores do que 2.000 mg podem
provocar sintomas de toxicidade nervosa. Mas pessoas que utilizaram
doses diárias de 50 a 100 mg não tiveram nenhum caso registrado de
toxicidade. É fundamental tomar cuidado ao usar doses de vitamina
B6 maiores do que essas.

Ácido Fólico

A suplementação de ácido fólico pode ocultar uma deficiência
subjacente de vitamina B12. Portanto, deve-se sempre tomar
suplementos de vitamina B12 junto com o ácido fólico. Todavia, ainda
não se registrou nenhum problema sério decorrente da ingestão de
ácido fólico em doses de até 5 gramas por dia. Essa é outra razão por
que a nutrição celular é uma maneira segura de suplementar sua
dieta.

Colina

A colina é geralmente bem tolerada; embora em doses muito elevadas
(20 g por dia) possa gerar um odor similar ao dos peixes e causar
alguma náusea, diarréia e até mesmo dor abdominal.

Cálcio

As pessoas toleram doses suplementares de cálcio de até 2.000 mg.
Pensava-se outrora que níveis elevados de suplementação de cálcio
poderiam causar maior incidência de cálculo renal; todavia, um estudo
recente mostrou que níveis mais altos de cálcio podem, na verdade,
reduzir o risco de cálculo. Em outras palavras, os pacientes que
tomam as maiores doses de cálcio têm o menor risco de desenvolver
pedras nos rins.

lodina

Uma suplementação de iodina maior do que 750 ug pode suspender a
secreção de hormônios pela tireóide. Também já foram registradas
erupções epidérmicas similares à acne devido à ingestão de iodina em
níveis superiores a esse.

Ferro

A preocupação com o uso do ferro - especialmente inorgânico - em
suplementação aumentou. Em geral, os norte-americanos ingerem
ferro em abundância, e a suplementação pode gerar uma sobrecarga
desse nutriente, algo que já se associou com o aumento do risco de
doenças cardíacas nos homens. Também há receios de que a
suplementação de ferro possa aumentar o estresse oxidativo.
Manganês

O manganês em suplementação é muito seguro, embora haja registro
de pessoas que desenvolveram toxicidade a partir do meio ambiente.
Isso costuma ocorrer entre indivíduos que mineram manganês ou se
expõem a grandes quantidades dele no meio ambiente. Tais
indivíduos podem sofrer alucinações ou ficar bastante irritáveis.

Molibdênio

O molibdênio é bastante seguro. Uma dose diária superior a 10 ou 15
ug, porém, pode causar sintomas similares aos da gota.

Selênio

Diversos estudos clínicos usando doses diárias na faixa de 400 a 500
ug determinaram que o selênio é seguro. Creio, contudo, que as
doses suplementares de selênio devem ser inferiores a 300 ug diários.
Os sintomas da toxicidade de selênio incluem depressão, irritabilidade,
náusea, vômitos e perda de cabelos.

Não há efeitos tóxicos associados à suplementação de vitamina K,
vitamina B1 (tiamina), vitamina B2 (riboflavina), biotina, vitamina B5
(pantetina), inositol, vitamina B12, crômio, silício, CoQ10, boro e ácido
alfa-lipóico.

A Defesa de um Médico
Estou certo de que meu treinamento médico não foi muito diferente do
da esmagadora maioria dos médicos que atualmente exercem a
profissão. Não recebi essencialmente nenhum treinamento formal em
nutrição. Não era uma aula obrigatória em minha faculdade. Nada
disso é chocante, já que, como mencionei no Capítulo 1, as aulas de
nutrição só são requeridas em umas poucas faculdades de medicina
em todos os Estados Unidos.
Aulas opcionais de nutrição são oferecidas em aproximadamente
metade das faculdades de medicina; todavia, como comentei na
introdução, pesquisas recentes demonstraram que apenas 6% dos
graduandos em medicina recebem algum treinamento em nutrição. Eu
ousaria afirmar que, mesmo os que tiveram aulas sobre o assunto,
não estudaram muito a suplementação nutricional. Esse simplesmente
não é o foco de nosso treinamento médico. Médicos aprendem a
diagnosticar e tratar doenças. Não foi senão depois de passar os
últimos 7 anos devorando a literatura médica sobre o tema que minha
opinião mudou.
Durante os primeiros 23 anos de minha carreira, fui um médico bem
típico no que toca a meus conhecimentos e minha opinião sobre
suplementos nutricionais. Meu parecer acerca das vitaminas era
enfático e exaltado, e meus pacientes realmente acreditavam em mim.
Talvez fosse por eu ser médico, e porque presume-se que os médicos
saibam tudo sobre a saúde. Não sabemos!
Os médicos baseiam seu uso dos medicamentos, e por conseguinte
dos suplementos nutricionais, em estudos clínicos confiáveis
divulgados na literatura médica. E nem todo estudo envolvendo
suplementos nutricionais identificou beneficios significativos. Em
alguns casos apresentaram, na verdade, danos potenciais. Tanto a
mídia em geral como a literatura médica alardeiam esses estudos
negativos.
Como observei na introdução deste capítulo, quando não era um
grande Ia da suplementação nutricional eu conhecia esses estudos
negativos e os citava com freqüência para meus pacientes. Naquela
época, um estudo negativo parecia desmentir centenas de estudos de
boa qualidade que demonstravam os beneficios dos suplementos à
saúde. Como qualquer pessoa que ler a literatura médica encontrará
vários desses estudos, creio ser importante tratar de alguns dentre os
mais divulgados.
Argumentos contra os Suplementos Nutricionais
O Estudo Finlandês

Esse estudo, feito na Finlândia, é provavelmente um dos mais citados
quando se trata de suplementação nutricional. Aproximadamente 30
mil fumantes inveterados participaram dele. Eles foram divididos em
quatro grupos iguais.

O Grupo 1 não recebeu nada.

O Grupo 2 recebeu d1-alfa-tocoferol (vitamina E sintética).

O Grupo 3 recebeu betacaroteno sintético.

O Grupo 4 recebeu tanto d1-alfa-tocoferol como betacaroteno.

Os pesquisadores acompanharam esses indivíduos durante um
período de 5 a 8 anos. A maioria deles não deixou de fumar durante
esse tempo. O estudo não identificou reduções na incidência de
câncer do pulmão em nenhum dos grupos que receberam os
suplementos. Mais preocupante ainda foi o fato de que os indivíduos
que tomavam betacaroteno apresentaram antes um aumento na
incidência de câncer de pulmão. Isso foi um choque para os
investigadores, pois vários estudos anteriores tinham registrado
reduções de risco entre pacientes com altos níveis de vitamina E e
betacaroteno em sua dieta ou na corrente sangüínea.

O Estudo CARET

Esse estudo envolveu 18 mil fumantes e trabalhadores que lidavam
com asbesto, todos moradores do Estado de Washington. Esses
pacientes receberam 15 mg de betacaroteno e 25.000 lU de pura
vitamina A. Os pesquisadores os monitoraram durante um período de
4 anos e, também nesse caso, não houve redução no risco de câncer
entre os pacientes que tomavam os suplementos. Houve, uma vez
mais, aumento na incidência de câncer de pulmão no grupo que
estava tomando betacaroteno e vitamina A.

O Physicians' Health Study (Estudo de Saúde dos Médicos)

Esse estudo acompanhou mais de 22 mil médicos norte-americanos
saudáveis do sexo masculino, os quais tomaram 50 mg de
betacaroteno ou um placebo todos os dias durante 12 anos. A
suplementação não apresentou nenhum benefício ou efeito negativo
no que se refere a câncer do pulmão ou doenças do coração.

Minha Resposta
As descobertas desses estudos são perturbadoras para você? A
primeira vista parecem desapontadoras, mas vamos olhá-Ias mais de
perto. Todos esses estudos mostram claramente que, se você for
fumante ou tiver um alto risco de desenvolver câncer do pulmão, não
deverá tomar betacaroteno isoladamente. Sempre procuro os
princípios que se tornam aparentes na literatura médica. Esse é um
exemplo ideal: não se deve tomar nenhum nutriente isolado em altas
quantidades, especialmente se você for fumante. O betacaroteno e
outros antioxidantes podem tornar-se pró-oxidantes nessa situação.
Um pró-oxidante é um nutriente capaz de causar um aumento no
número de radicais livres que você produz.
Em vez de desencorajar totalmente o uso de suplementos, esses
estudos indicam que o uso de betacaroteno isoladamente ou apenas
com vitamina E, no caso de fumantes, não é aconselhável.
Além disso, o fato de que o Estudo Finlandês utilizou d1-alfa-tocoferol,
a vitamina E sintética, me preocupa. Outros estudos demonstraram
que essa vitamina causa mais problemas do que os resolve. A maioria
dos estudos divulgados na literatura médica usa d-alfa-tocoferol, uma
vitamina E natural.
Já expus minha preocupação com o fato de a maior parte dos estudos
ser feita com apenas um ou dois antioxidantes, com pesquisadores
em busca da "püula mágica". Mas conhecer o estresse oxidativo e o
modo como ele pode danificar o corpo nos obriga a admitir que o
exame de um ou dois nutrientes equivale a tentar parar uma
locomotiva com um rifle.
Também devemos considerar o .conhecido fato de que o câncer do
pulmão leva de 20 a 30 anos para se desenvolver, razão pela qual o
Estudo Finlandês estava fadado ao fracasso desde o início. Esses
pacientes eram fumantes inveterados, que submetiam seus corpos a
um estresse oxidativo tremendo. Esses pacientes - e todos os demais
dos estudos mencionados - precisavam de nutrição celular (a
suplementação de antioxidantes e minerais equilibrados e completos,
em níveis otimizados), e não de pílulas mágicas.

Um Estudo Mais Recente
Outro estudo, divulgado na edição de 29 de novembro de 2001 do
New England Journal of Medicine, recebeu também grande atenção
da mídia. O Simvastatin (Zocor) and Niacin Study (Estudo da
Sinvastatina e Niacina) envolveu 160 pacientes com níveis elevados
de colesterol e espessamento das artérias, os quais foram distribuídos
nos quatro grupos relatados a seguir:

O Grupo 1 era o grupo de controle, e por isso não recebeu nada.

O Grupo 2 recebeu Zocor e niacina.

O Grupo 3 recebeu vitamina E, vitamina C, selênio e betacaroteno.

O Grupo 4 recebeu Zocor, niacina, vitamina E, vitamina C, selênio e
betacaroteno.
O Grupo 2 foi o que se saiu melhor, e chegou mesmo a apresentar
uma ligeira regressão no espessamento das artérias. O grupo dos
antioxidantes (o Grupo 3) foi o segundo melhor. Mas o Grupo 4, que
recebeu uma combinação de Zocor e antioxidantes, não apresentou
grandes melhoras no nível do colesterol HDL (o benigno). Essa foi
uma descoberta marginal, e estatisticamente pouco relevante.
Todavia, a propaganda negativa decorrente destas descobertas
marginais levou a suprema maioria dos médicos a afirmar de imediato
que tomar vitamina E, junto com as drogas prescritas para a redução
do colesterol, anula o efeito benéfico dessas drogas.
Os médicos tendem a ignorar as centenas de estudos que indicam
beneficios significativos trazidos à saúde pelos suplementos
nutricionais, não somente nos casos de doenças do coração, mas em
todas as doenças degenerativas crônicas. Como você aprendeu ao
longo deste livro, as doenças do coração não são males do colesterol,
e sim doenças inflamatórias das artérias. Esse mesmo estudo também
mostrou que o colesterol LDL, no grupo dos antioxidantes, aumentou
em 35% sua resistência à oxidação, se comparado aos grupos que
tomaram os remédios à base de estatina.
A mídia não se ocupou dessa descoberta, nem a anunciou para o
mundo. Ela tampouco diz que pacientes que tomam remédios à base
de estatina reduzem os níveis de CoQ10 no corpo. Muitos
pesquisadores crêem que esses níveis reduzidos de CoQ10 nos
músculos dos pacientes que estão tomando drogas à base de estatina
sejam a principal razão para que as pessoas que ingerem essas
drogas desenvolvam dores nos músculos e, até mesmo, destruição
muscular. Os médicos costumam basear sua opinião sobre os
beneficios que os suplementos nutricionais trazem à saúde em
estudos como esse. Todavia, ignoram totalmente as centenas de
estudos que indicam as vantagens da suplementação nutricional.

Espero e oro para que médicos de pensamento independente
examinem os estudos que detalhei neste livro. Incentivo-os a ser
céticos de mente aberta e avaliar os beneficios que podem oferecer a
seus pacientes com a suplementação nutricional. Em vez de contar
com os valores básicos de referência ou tentar atacar o estresse
oxidativo com apenas uma vitamina por vez, devemos nos
conscientizar de que a nutrição celular é a melhor estratégia para lidar
com o problema subjacente do estresse oxidativo.
Mais importante ainda, devemos ter em mente o conceito de estresse
oxidativo como um todo, e compreender os beneficios que os
pacientes podem trazer a sua saúde fortalecendo o sistema natural de
defesa antioxidante de seus corpos. O resultado é nada menos do que
uma vida para sempre transformada - e para melhor.

DEZESSETE - Nutrição Celular: Reunindo Tudo
FALEI DE ALGUMAS DAS DOENÇAS MAIS FRUSTRANTES OU
DOLOROSAS QUE OS MÉDICOS encontram em seus pacientes,
mas devo agora falar da maior realização de um médico: ver homens,
mulheres e crianças de todas as idades voltando a levar uma vida
plena após uma enfermidade debilitante. Essas pessoas retomam o
controle de sua saúde, em vez de permitir que a doença as domine.
Mas eis aqui a franca verdade: nunca vi pacientes atingindo esse tipo
de recuperação somente com a medicina tradicional. Pode-se analisar
um ou dois casos e acreditar que os resultados foram um milagre
"sobrenatural" de Deus. Mas essa habilidade de cura natural sempre
existiu. Fomos criados de um modo maravilhoso e admirável. As
ciências médicas só estão mostrando que temos de otimizar os
sistemas naturais de cura que já existem. Devemos tirar vantagem do
mais poderoso mecanismo de cura da humanidade, "o hospedeiro",
que é nosso próprio corpo.
Por vezes, os médicos enfrentam grandes dificuldades em efetuar
pequenas curas. Nada os frustra mais do que lidar com um sistema
imunológico avariado. Isso ocorre freqüentemente com pacientes de
AIDS plena ou aqueles sob medicação quimioterapêutica.
As infecções que tais pacientes contraem são graves e, por vezes,
bastante incomuns. Como o sistema imunológico deles funciona
precariamente, restam ao médico poucas opções além de lançar mão
dos antibióticos mais poderosos e rezar para que os pacientes reajam.
Nessa situação, o médico percebe bem a importância de se ter um
sistema imunológico funcionando em níveis otimizados. Nossos
remédios podem ser fantásticos; contudo, sem a ajuda do poder de
cura do próprio corpo, não servem para muita coisa.
Os médicos precisam tanto de medicamentos como de um sistema
imunológico saudável. Mais uma vez, é por isso que chamo o uso de
suplementos nutricionais de alta qualidade de medicina complementar.

Níveis Otimizados de Nutrição
Você deve se lembrar, especialmente se for um profissional da área
médica, que a vitamina E, o selênio, o cálcio, o magnésio e a vitamina
C não são mais do que nutrientes que obtemos a partir dos alimentos.
Mas continuamos a estudá-Ios como se fossem drogas. As drogas
têm de passar por ensaios clínicos rigorosos que atestem sua
segurança e eficácia, porquanto são substâncias sintéticas que
rompem sistemas enzimáticos naturais para gerar resultados
terapêuticos. No último capítulo discuti os possíveis riscos que os
suplementos nutricionais oferecem à segurança. Mas são poucos,
especialmente se comparados aos das drogas. Isso ocorre porque a
vitamina E, a vitamina C, o selênio e outros são substâncias naturais
que fortalecem os sistemas naturais enzimático, antioxidante e
imunológico.
Como hoje dispomos dos meios para produzir suplementos
nutricionais, podemos provê-Ios em níveis otimizados. Os níveis
otimizados são aqueles que a literatura médica demonstrou
proporcionarem benefícios à saúde. Não se trata dos valores diários
de referência (ver Capítulo 16). Quando tais nutrientes são
combinados e tomados juntamente em suplementação nos níveis
otimizados, os resultados são simplesmente impressionantes.
A nutrição celular consiste em fornecer às células todos os nutrientes
em níveis otimizados. Isso permite que elas decidam do que
realmente necessitam ou não. Não preciso me preocupar em
descobrir suas deficiências nutricionais. Simplesmente forneço todos
os nutrientes importantes em níveis otimizados e deixo que as células
façam o seu trabalho. Essa estratégia corrige quaisquer deficiências
nutricionais no prazo de poucos meses.
Os padeiros conhecem a verdadeira arte de fazer pão, mas, tendo à
mão uma panificadora automática, qualquer pessoa pode tentar. Já
não precisamos de muita coisa em termos de técnica. Se você
fornecer todos os ingredientes corretos na quantia certa (coisa
garantida, graças aos pacotes pré-misturados), depois de duas horas
terá em mãos um delicioso pão caseiro quentinho. Mas, e se você não
tiver um pacote de ingredientes e se esquecer do fermento? E se
puser sal demais? É exatamente isso o que ocorre com a nutrição
celular.
Você precisa fornecer à célula todos os nutrientes necessários de
modo equilibrado e completo. Então, e somente então, a célula terá
tudo de que precisa para funcionar no máximo de sua capacidade
extraordinária.

Protegendo Sua Saúde
A suplementação nutricional tem a ver com a saúde, e não com
doenças. Atacar a causa primitiva das doenças degenerativas
crônicas é a verdadeira medicina preventiva. Sei que a maioria de
meus leitores tem boa saúde e quer continuar assim. Apesar de ter
apresentado anteriormente muitas histórias de pacientes que
desenvolveram enfermidades graves e conseguiram recuperar o
controle de sua saúde, todos concordariam em que é muito mais fácil
preservar a saúde do que recuperá-Ia.
Seguindo esses mesmos princípios, você, que tem boa saúde, pode
reduzir o risco de desenvolver essas doenças degenerativas crônicas.
E aqueles dentre vocês que tiverem problemas de saúde podem
fortalecer o corpo para que este combata ou até reverta as doenças
crônicas. Quando se combina uma dieta saudável com um programa
modesto de exercícios e com a nutrição celular, a saúde só tem a
ganhar. Não é essa sua meta?
O fato é que uma maçã por dia não o livrará do médico. Hoje você tem
de suplementar sua maçã e o resto de sua dieta balanceada com
suplementos nutricionais de alta qualidade. Quero aqui aconselhá-lo
quanto aos nutrientes básicos de que você precisa para proporcionar
a seu corpo uma nutrição celular otimizada.
Quando você fornece tais nutrientes em níveis otimizados a seu corpo,
ele passa a desfrutar todos os beneficios à saúde que a
suplementação nutricional oferece. O colesterol LDL fica mais
resistente à oxidação. Os níveis de homocisteína se reduzem. Seus
olhos ganham maior proteção antioxidante contra a luz do sol. Os
pulmões ganham maior proteção. Você melhora seus sistemas
imunológico e de defesa antioxidante. Reduz seu risco de desenvolver
doenças do coração, AVC's, câncer, degeneração macular, catarata,
artrite, mal de Alzheimer, mal de Parkinson, asma, diabetes, esclerose
múltipla, lúpus e outros.
Lembre-se: esse mundo tóxico, associado a nosso estilo de vida
estressante, torna imperativo que nossos sistemas imunológico e de
defesa antioxidante estejam funcionando a plena carga.

Otimizadores
Por vezes um paciente precisa de mais nutrientes do que os listados
na Tabela 1. Se estiver sofrendo de fadiga prolongada ou de alguma
doença degenerativa crônica, ele estará sujeito a um estresse
oxidativo acima do normal, por isso adiciono a seu programa de
suplementação o que chamo de otimizadores. Trata-se de
antioxidantes que já se demonstrou serem extremamente poderosos.
As companhias nutricionais estão sempre em busca de antioxidantes
cada vez mais potentes, mas atualmente o melhor é o extrato de
sementes de uva, que tem alto teor de proantacianidinas. São
antioxidantes muito potentes que integram o chamado grupo dos
flavonóides, encontrados na parte colorida das frutas.
O extrato de sementes de uva proporciona antioxidantes cinqüenta
vezes mais potentes do que a vitamina E é vinte vezes mais potente
do que a vitamina C, quando usado com todos os demais
antioxidantes e nutrientes de apoio. Se usado isoladamente, é apenas
de seis a sete vezes mais potente do que a vitamina E de três e quatro
vezes mais potente do que a vitamina C. Mais uma vez fica claro o
poder da sinergia entre os nutrientes.
Não esqueça uma das características mais importantes do extrato de
sementes de uva - o fato de que ele atravessa facilmente a barreira
hemato-encefálica (ver Capítulo 13). Em outras palavras, ele penetra
prontamente o fluido à volta do cérebro, a medula espinhal e os
nervos. Para pacientes fatigados, costumo recomendar a adição de
pelo menos 100 ou 200 mg de extrato de sementes de uva,
dependendo da severidade de seu problema. Leva usualmente de
quatro a seis semanas para que os pacientes consigam perceber uma
melhoria significativa e voltem a se sentir normais. A essa altura,
podem mesmo dispensar seus otirnizadores enquanto estiverem se
sentindo bem.
Pacientes que já sofrem de alguma doença degenerativa crônica,
como esclerose múltipla, doenças do coração, lúpus, mal de Crohn,
câncer ou mal de Parkinson, já têm problemas muito sérios. Nessa
situação, mesmo a produção normal e cotidiana de radicais livres
causa um considerável estresse oxidativo nas gorduras, nas proteínas
e no DNA da célula.
Os sistemas de reparo encontram-se tão sobrecarregados que
simplesmente não conseguem dar conta de consertar todos os danos.
Tais pacientes precisam de uma quantidade significativamente maior
de antioxidantes, para que tenham alguma esperança de "capturar"
sua doença e redimir sua saúde. Uma vez mais, recomendo, nessa
situação, a adição de otimizadores ao programa básico de nutrição
celular apresentado na Tabela 17.1.
O primeiro otimizador que costumo escolher é o extrato de semente
de uvas, mas, no caso de pessoas que enfrentam doenças crônicas,
prescrevo doses muito mais altas do que as que recomendaria a
pacientes apenas fatigados. Outros otimizadores seriam a CoQ10, o
sulfato de glicosamina, a luteína, a zeaxantina, a niacina, o magnésio
e o cálcio.
A seguir estão os princípios e nutrientes básicos que adoto como
otimizadores no caso de diversas doenças degenerativas crônicas.
Todos os meus pacientes estão tomando os nutrientes detalhados na
Tabela 17.1. Em seguida, adiciono otimizadores ao programa básico
de nutrição celular, de acordo com a gravidade de cada caso. Depois
do extrato de sementes de uva, o otimizador que mais recomendo é a
CoQ10. Ela não apenas é um excelente antioxidante, como é
essencial para a geração intracelular de energia. Além disso, a CoQ10
é um nutriente muito importante para melhorar o sistema imunológico.
(Nota: a CoQ10 é dificil de ser absorvida. Nas recomendações a
seguir estou listando os níveis para a variedade em pó. Se você usar a
variedade de CoQ10 em forma de gel, precisará de doses menores.)
Otimizadores Específicos a Serem Acrescidos aos
Nutrientes da Tabela 17.1 no Caso das Doenças
Abaixo
Doenças do Coração

Adiciono aproximadamente 100 mg de extrato de sementes de uva e
de Co010, além de doses adicionais de magnésio de 200 a 300 mg
por dia. Creio ser essencial que esses pacientes tomem algum
produto básico que contenha misturas de vitaminas E, como as que
mencionei na Tabela 17.1.
Se o nível de homocisteína do paciente não cair para menos de 7 com
as vitaminas B listadas na Tabela 1, adiciono de 1 g a 5 g de TMG
(trimetilglicina) a seu regime.

Miocardiopatia

Adiciono de 300 a 600 mg de CoQ10 ao regime do paciente, além de
algum magnésio adicional e 100 mg de extrato de sementes de uva.
Os pacientes costumam sentir os resultados dentro de quatro meses.
A CoQ10 é muito segura, e os principais pesquisadores do país não
receiam ministrar 600 mg se o paciente não estiver reagindo às doses
menores. Todavia, alguns cardiologistas preferem fazer exames de
sangue para determinar a quantidade de CoQ10 na corrente
sangüínea antes de recorrer a dosagens maiores.

Pacientes de Câncer

É difícil sugerir uma fórmula simples para todos os tipos de câncer.
Mas, se nâo houver evidências de alastramento do câncer (ou se o
cirurgião achar que o removeu totalmente), adiciono 200 mg de extrato
de sementes de uva e CoQ10. Se o paciente tiver câncer metastático
(o câncer que já se alastrou), recomendo 300 mg de extrato de
sementes de uva e de 500 a 600 mg de CoQ10. Crianças entre 8 e 15
anos devem tomar apenas metade dos níveis recomendados na
Tabela 17.1, e metade das doses de extrato de sementes de uva e
CoQ10 recomendadas aqui.

Degeneração Macular

Para pacientes com essa condição, adiciono antes de tudo 300 mg de
extrato de sementes de uva aos nutrientes listados na Tabela 1.
Também acrescento aproximadamente de 6 a 12 mg de luteína
adicional ao regime. Descobri que, se esses pacientes melhorarem,
isso ocorrerá no intervalo de quatro meses.

Esclerose Múltipla

Meus pacientes de esclerose múltipla demonstraram que um mínimo
de 400 mg de extrato de sementes de uva, de 200 a 300 mg de
CoQ10 e talvez um adicional de 500 a 1.000 mg de vitamina C podem
ser úteis no seu caso. Alerto-os de que pode levar mais de seis meses
antes que percebam qualquer melhora.

Lúpus e Mal de Crohn

Esses pacientes precisam de aproximadamente 300 mg de extrato de
sementes de uva e 200 mg de CoQ10 adicionados aos suplementos
básicos. Volto a dizer que, se eles melhorarem, isso ocorrerá depois
de transcorridos cerca de seis meses.

Osteoartrite

Acrescento de 1.500 a 2.000 mg de sulfato de glicosamina e entre 100
e 200 mg de extrato de sementes de uva. Se os pacientes acharem
que adianta, não há problema em acrescentar também de 400 a 600
mg de sulfato de condroitina ou mesmo 100 mg de MSM. Não creio
que haja evidências médicas suficientes no momento para
recomendá-Ios como otimizadores.

Artrite Reumatóide

Também aqui, acrescento entre 1.500 e 2.000 mg de sulfato de
glicosamina, 300 mg de CoQ10, 400 mg de extrato de sementes de
uva e 200 mg de magnésio e cálcio adicional. E aumento os ácidos
graxos ômega 3. acrescentando diariamente de 3 a 4 cápsulas de óleo
de peixe ou duas colheres de sopa de óleo de linhaça prensado a frio.

Osteoporose

Para esses pacientes não recomendo o uso de otimizadores com os
nutrientes listados na Tabela 17.1; todavia, incentivo-os a obter os
níveis corretos de vitamina D. cálcio e magnésio, e a lembrar-se de
ingeri-los com a alimentação. Eles também precisam iniciar um
programa intensivo de exercícios de resistência a pesos para a parte
superior do corpo.

Asma

Adiciono de 200 a 300 mg de extrato de sementes de uva (as crianças
devem tomar cerca de 4 mg por Quilo ao dia), além de 1.000 mg
adicionais de vitamina C (para crianças, usar entre 200 e 500 mg), e
200 mg de magnésio (as crianças podem adicionar 100 mg).

Enfisema

Os nutrientes básicos da Tabela 1 costumam ser suficientes. Também
pode-se adicionar 200 mg de extrato de sementes de uva juntamente
com vitamina C e magnésio, como indicado acima para os casos de
asma.
Mal de Alzheimer e Mal de Parkinson

Como observei anteriormente, esses pacientes já perderam um
número significativo de células cerebrais antes mesmo de se chegar a
um diagnóstico. Já testemunhei melhoras significativas no mal de
Parkinson, mas foram casos em Que o paciente iniciou um programa
nutricional intensivo já no início da doença. Recomendo a adição de
400 mg de extrato de sementes de uva ao regime da Tabela 17.1. Há
boas evidências médicas de Que o avanço do mal de Alzheimer e do
mal de Parkinson pode ser retardado com esse regime.

Diabetes Melito

Adiciono entre 100 e 200 mg de extrato de sementes de uva a esse
regime. A nutrição celular detalhada na Tabela 17.1 oferece tudo o
mais de que o corpo necessita.

Fadiga Crônica/Fibromialgia

Adiciono ao programa suplementar básico entre 200 e 300 mg de
extrato de sementes de uva, e entre 100 e 200 mg de CoQ10. Às
vezes, para capturar essas doenças, preciso aumentar a dose de
extrato de sementes de uva para 400 ou 500 mg. Uma vez que os
pacientes estejam reagindo favoravelmente, a quantidade pode ser
reduzida a um nível mínimo para fins de manutenção.

Precisa de Mais Ajuda?
Essas recomendações podem lhe parecer demasiado simples.
Todavia, são os princípios que utilizei para alcançar os resultados
expostos neste livro. Não está no escopo da obra apresentar minhas
recomendações específicas para toda e qualquer doença.
Recomendo-lhe visitar minha página Web em www.nutritional-
medicine.net para obter orientação específica sobre a doença de seu
interesse.
Em minha página, em inglês, faço recomendações muito mais
detalhadas; são as que usei em minha prática médica para mais de
cinqüenta doenças degenerativas crônicas. Também ofereço, a um
custo acessível, conselhos individuais sobre nutrição para as pessoas
que quiserem contatar-me diretamente. Se você se tornar membro de
meu site, terá acesso ilimitado a seu conteúdo, receberá meu boletim
bimensal e terá taxas reduzidas de consulta.

Escolhendo Seus Suplementos Nutricionais
Meu propósito ao escrever este livro não foi recomendar nenhuma
marca ou tipo de suplemento nutricional. Mas há algumas diretrizes
básicas que você deve seguir para assegurar que seus suplementos
sejam de alta qualidade. Recomendo-lhe não vender sua saúde a
quem pedir menos. Uma vez convencido de que os suplementos
nutricionais podem proporcionar grandes beneficios à sua saúde, você
desejará certificar-se de que está obtendo aquilo por que paga.
Você não alcançará os excelentes resultados que apresento neste
livro se tomar suplementos de baixa qualidade. Como logo descobrirá,
este é um mercado mal regulamentado. Levará algum tempo até que
você verifique a qualidade do produto que está comprando. Mas é
fundamental que você compre suplementos de alta qualidade,
completos e balanceados, para ter alguma chance de proteger ou
redimir sua saúde.
Como em qualquer mercado, a matéria-prima utilizada e o modo como
esses produtos são preparados afetam sua qualidade. Recomendo a
meus pacientes que comprem os melhores que puderem. Cabe a
cada um avaliar a importância de sua própria saúde e o valor que
atribui a ela. Sei que essa pode ser uma decisão econômica
considerável para a maioria das pessoas. Considero os suplementos
nutricionais meu seguro de saúde. Uma vez perdida sua saúde, será
muito dificil recuperá-Ia, não importa quanto você esteja disposto a
despender.
Basta olhar minhas recomendações básicas na Tabela 1 para
perceber que você não conseguirá obter tais quantidades de
suplementação com uma simples multivitamina diária. Você deve
escolher um suplemento tão completo e balanceado quanto possível.
Diversas empresas atualmente estão agrupando todos esses
nutrientes em uma ou duas pílulas diferentes. Para atingir os níveis
otimizados, contudo, você precisará tomar vários (de sete a oito)
tabletes diários. Quanto mais numerosos e variados os antioxidantes
que seus suplementos oferecerem, melhor. Cumpre certificar-se
também de estar obtendo todos os minerais e co-fatores B.
Você deve passar algum tempo investigando a companhia nutricional
que escolher. É possível obter muitas informações a partir do site da
empresa, ou talvez seja necessário contatáIa diretamente por telefone.
A coisa mais importante a descobrir é se a empresa que você
escolheu segue os GMP's (Good Manufacturing Practices - Métodos
Aprovados de Fabricação) para produtos farmacêuticos. Essas
companhias produzem o que se chama de suplementos com
certificação farmacêutica. Isso significa que a empresa, ao fabricar
seus produtos, segue diretrizes similares aos observados pela
indústria farmacêutica. O governo americano não exige que as
empresas façam isso, mas algumas delas querem dar a seus clientes
a garantia de que estão obtendo o que seu dinheiro vale, e produzem
assim itens de alta qualidade com certificação farmacêutica.
Esses fabricantes de alto padrão de qualidade põem no rótulo as
quantidades reais de nutrientes presentes em seus produtos, expondo
abertamente todos os ingredientes. Você também pode achar a data
de vencimento no frasco (o que é muito bom) e o endereço da
empresa. Um indício encorajador é a presença do endereço real, e
não de uma caixa postal.
Outro aspecto a considerar ao investigar uma empresa é onde ela
comercializa seus produtos. Uma empresa que vende
internacionalmente costuma ter de seguir padrões mais elevados do
que as que só trabalham nos Estados Unidos. O Canadá, a Austrália e
os países do oeste europeu têm os padrões mais exigentes para a
produção de suplementos nutricionais. Alguns desses países enviam
periodicamente auditores para realizar inspeções locais nas fábricas.
Será um ótimo sinal se a empresa puder apresentar um certificado de
terceiros documentando a qualidade de seus métodos de produção.
Isso parece melindroso demais? A edição de novembro de 1997 do
boletim da Universidade de Tufts divulgou uma pesquisa feita pela
Universidade de Maryland sobre nove vitaminas pré-natal vendidas
sob prescrição. A pesquisa não investigou o que havia nelas,
limitando-se a verificar se elas se dissolviam. (Se a pílula não chega a
dissolver-se, nem importa o que ela contém.) Descobriram que apenas
três das nove pílulas pré-natal chegavam a dissolver-se. Isso mesmo:
apenas três dentre nove. As pílulas que se dissolveram eram
produzidas dentro do que se chama de padrões da USP (United
States Pharmacopeia - Farmacopéia dos Estados Unidos).
Esses padrões são diretrizes do governo que nos certificam de que os
medicamentos e tabletes suplementares serão dissolvidos em nosso
corpo. Os GMP's farmacêuticos são inúteis se a empresa não seguir
também os padrões da USP para a dissolução dos tabletes. Escolher
uma empresa que siga as diretrizes da USP é um passo seguro na
direção correta.
Às vezes é dificil encontrar informações sobre o controle de qualidade
que as diversas empresas usam em seu processo de produção. A
quantidade de suplementos disponíveis atualmente no mercado
poderia deixá-Io confuso. Todas as empresas vêm tentando encontrar
seu nicho nesse concorrido mercado. Ignore a conversa de marketing
delas e investigue a qualidade e integralidade de seus produtos
nutricionais. Espero que essas dicas ajudem.

Se você distribuísse ao longo de um período de vinte e quatro horas
todos os avanços médicos feitos desde o início da história registrada,
as evidências apresentadas neste livro teriam ocorrido nos últimos
cinco ou seis segundos. Trata-se de pesquisas médicas de ponta. A
maioria dos médicos e praticantes de medicina ainda precisa atualizar-
se e pôr em prática essas pesquisas para o bem das pessoas
comuns.
Seja como for, o simples conceito de nutrição celular é a melhor
maneira de se defender da ameaça subjacente do estresse oxidativo.
Ao combinar uma dieta salutar com um programa modesto de
exercícios e com a nutrição celular, você terá as maiores chances de
proteger sua saúde ou redimi-Ia após tê-Ia perdido. Você terá
aprendido o poder da medicina complementar.
A grande variedade de casos clínicos reais apresentada neste livro
demonstra o notável poder de cura que nosso corpo possui. Os
pacientes cujas histórias compartilhei com você ainda têm suas
doenças originais, e muitos ainda estão tomando uma medicação
considerável; todavia, estão vivendo a vida em sua plenitude. Quando
os médicos utilizam esse poderosíssimo mecanismo que é o
hospedeiro - nosso corpo - e o apóiam em vez de simplesmente negar
sua importância no processo de cura, melhoras clínicas fenomenais se
tornam possíveis.
Tricia Rhodes, em seu notável livro intitulado Taking Up Your Cross
(Livrando-se de Sua Cruz), faz um comentário muito sábio, que vem a
calhar aqui: "Lembre-se sempre da brevidade da vida, da certeza da
morte e da duração da eternidade". Não viveremos para sempre
nesses "ternos de terra". Eles se desgastarão e, um dia, nossa
redenção total chegará. Mas, enquanto isso, os conceitos deste livro
são a melhor maneira de cuidar de sua saúde e protegê-Ia. E que
todos vivamos até morrermos.

Nenhum comentário: