Doutor G. Lombard Kelly
As relações sexuais no casamento.
PREFáCIO
A conservação da espécie é, talvez, o mais importante de todos os nossos instintos e, assim,
não é para admirar que a união sexual seja uma experiência a um tempo emocionante e
agradável. Na evolução da raça humana a preocupação priápica do homem foi inutilmente
travada; o sexo e a reprodução tornaram-se então ligados ao amor e ao sacrifício. Através
de longas experiências e várias tentativas, a raça humana gradualmente despertou para o
facto de que a expressão ideal do sexo é melhor atingida pela união para toda a vida do
homem e sua mulher. Assim, o sexo é de facto um importante motivo na génese da unidade
familiar. Com o crescimento da sociedade, a vida tornou-se mais cheia de preocupações,
mais complexa. Hoje encontramo-nos vivendo num mundo no qual vastas mudanças sociais,
culturais e económicas se têm sucedido. Estas mudanças têm invadido e alcançado as
próprias unidades que formam a nossa sociedade. Divórcios e separações têm alcançado
proporções estarrecedoras. Além do mais, incompatibilidades sexuais figuram bem alto entre
as muitas causas que contribuem para esta desintegração da família. A perda da capacidade
para sentir prazer com as relações matrimoniais tem-se tornado uma queixa tão comum que
parece ter o sexo perdido muito da sua finalidade, da sua significação. Parece que os
códigos morais e sexuais da sociedade precisam de reafirmação e ampliação para superar as
complexidades e diminuir a tensão da vida de hoje.
O autor, com um zelo de herói, deu-se à tarefa de trazer ao leitor esclarecimentos com relação
ao sexo. Este autorizado compêndio representa as experiências cristalizadas de um anatomista e
biologista experimentado. Escrito simplesmente e em linguagem acessível, este manual é um guia
para os perplexos e os desconhecedores, tanto quanto é um complemento aos conselhos do seu
próprio médico. Nos últimos anos tem havido tantos tabus sobre instrução sexual e aos
ensinamentos dos factos ligados à reprodução que muitos homens e principalmente muitas
mulheres atingem a idade adulta não só totalmente ignorantes, mas até perturbadas por medo,
inibição e desilusão sobre as fundamentais actividades da vida sexual. Frustrações
atormentadoras, marcada confusão e muita infelicidade têm resultado da falta de conhecimentos
sobre o assunto. Em alguns aspectos, o sexo empresta colorido às nossas vidas inteiras.
Aprender a necessidade da função sexual e entendê-la não os diminui. O autor deste livro
apresenta com muita habilidade os factos conhecidos. A sua exposição corajosa, franca e honesta,
esclarecendo aspectos específicos concernentes à vida física da humanidade é recomendável.
Talvez que para alguns casais que lerem este trabalho, a vida entre homem e mulher se possa
tornar mais agradável, e os impulsos que os unem não serão encarados com medo, egoísmo e
angústia. Romance, devoção, experiências gratas e emoções desabrochadas os reunirão. O
conhecimento e a compreensão, acrescentarão dignidade e honra à mais íntima das funções no
casamento.
ROBERT B. GREENBLATT, M. D. Professor do ccEndócrinology Medical College of
Georgea.
INSTRUÇão SEXUAL
Felizmente, nos anos mais recentes tem havido uma maior disseminação de informações
autênticas sobre assuntos sexuais. Livros de 100 e 200 escudos poucas pessoas podem comprar,
não obstante as informações neles contidas valerem milhares de escudos. O livro <<SEXLIAL
FEELING IN WOMAN>> (o sentido sexual na mulher), do autor deste trabalho, foi publicado
em 1930 e vendido a 30?00 o exemplar. A edição foi totalmente vendida e há vários anos o livro
está totalmente esgotado. Numerosas consultas e pedidos para esse livro deram origem à ideia de
se preparar esta edição resumida, a qual contém todas as informações essenciais para um perfeito
conhecimento do assunto. Do livro <<O SENTIDO SEXUAL NA MULHER>>, foram citados,
com permissão do autor, os seguintes trechos no resumo (Selecções de Abril de 1928) de Frede-
rick Harris, publicados no Mundo de Amanhá, de Março de 1928. Eles estão incluídos no tema
deste livro: <<Há muito poucos problemas pessoais mais profúnda préocupação aos
homens mulheres de hoje, que o ajustamento sexual no casamento.
Desajustamentos sexuais resultam em profundos distúrbios nervosos, camaradagens
destruídas e. em degradação espiritual. Mas isto não é provavelmente a mais significativa fase
mas A principal tragédia é que tão grande número de pessoas se atordoam tanto com
essas yyycoisas que as relações sexuais ao invés de serem uma experiência enriquecedora,
per- manecem geralmente desapontadoras e, em consequência, um elemento
deprimente no ca- samento. Os assuntos sexuais n.em sempre são tratados racio-
nalmente, mesmo numa civilização tão adiantada como a Americana e Europeia e o resultado é
que vivemos sob as pesadas e escuras nuvens do preconceito. A rela- ção entre o impulso sexual e
a associação do homem e da mulher no casamento permanece confusa porque nós não analisamos
as nossas experiências. O que recebemos da natureza, é um poderoso e imperioso impulso orgâ-
nico. Mas nós omitimos, na educação sexual, como ins- truir a mocidade nos propósitos de
combinar harmonio- samente com outros elementos das experiências matri- moniais esta força
perturbadora. Como atingir tal integração? Acredito que o assunto não pode ser evitado por
nenhuma vaga espiritualização do sexo. Devemos procurar a salvação trazendo as relaç6es
sexuais para o círculo de uma verdadeira comunhão e tornando-as um genuíno interesse a ser
compartilhado. Isto quer dizer que, ao invés de procurar uma satisfação pessoal, cada um deve
considerar os sentimentos do ou- tro, a fim de que uma perfeita compreensão seja estabe- lecida.
A essência da mutualidade é que a experiência toda, desde a primeira carícia até ao clímax do
contacto sexual, deve significar essencialmente o mesmó para am- bos e deve proporcionar a
ambos a mesma duradoura satisfação. É preciso que ambos compreendam o alcance de todos os
seus actos, que ambos atinjam os píncaros da emoção sexual tão juntos quanto possível, e que
cada qual obtenha o necessário e justo clímax sexual tão essencial ao bem estar físico e mental.
Não tenho ilusões quanto às dificuldades que se levantam a este objectivo, mas a única alternativa
é que um dos dois satisfará o seu desejo a expensas do outró. É a ignorância que cria aversão ao
acto sexual e causa desgostos a tantas mulheres. É es-
AS RELAÇõeS SEXUAIS NO CASAMENTO 11 tranho que numa época tão
esclarecida tudo isto deva ser descrito; mas conversei com um grande número de maridos
inteligentes e zelosos, que ignoravam se as espo- sas tinham, alguma vez, nos contactos sexuais,
experi- mentado o relaxamento da tensão nervosa, tecnicamente conhecido como orgasmo. Os
parceiros ideais são aqueles que mediram a exten- são do seu problema. Assim como são francos
um com o outro em outros assuntos, são inteiramente francos um com o outro, neste. Eles
estudaram juntos os factos rela- tivos aos corpos de cada um e as características reacções
psicológicas dos homens e mulheres. Eles compreendem que o ajustamento entre as suas mútuas
disposições de espírito deve determinar as horas e épocas apropriadas para uma perfeita satisfação
sexual. Eles não têm um átomo de medo um do outro. Em toda a grande emoção deve existir uma
sensação de abandono, de perfeita liber- dade, e essa liberdade ousada lhes pertence porque um
compreende que o outro não está egoisticamente a satis- fazer-se com os seus prazeres. A união
sexual pode coope- rar para proporcionar uma rica e perfeita união. Em seu próprio termo, ela
pode representar, acima de todas as outras, a mais íntima e delicada sensação de união perfeita.
Assim como um olhar ou o toque de uma mão ou a graciosa homenagem de um beijo - todos eles
si- nais sensuais, tornam-se não somente símbolos, mas parte integrante das expressões
afectuosas, assim também o contacto sexual, e a mais intensa das experiências sen- suais, pode ser
a mais perfeita expressão do amor mútuo. A principal dificuldade para atingir esta perfeita união
é a nossa curiosa relutância - devido ao hábito de es- tricta reticência com relaçgo a assu;ntos
sexuais - de admitir uma inteligente aproximação para esse caso. Fa- lamos da natureza
mostrando os seus meios. Mas o tipo de relação sexual qne eu venho discutindo não é nada
natural, é tão forçado como um tango ou uma sinfonia de Beethoven. É o produto da paciência,
inteligência e habilidade humanas. Esta mutualidade entre relação se- xual e uma obra artística,
não acontece de repente. Há obstáculos menos ponderáveis. Grande diferença no tempo de
resposta sexual no homem e na mulher, ins-
12 DR. LOMBARD KELLY tabilidade emocional em certas épocas, pequenos trechos de
conversa, gestos insignificantes, ou qualquer coisa trivial, podem transformar-se, em relação a
esta particular experiência, em coisas de suma importância. Mas tais obstáculos podem ser
transpostos com paciência e habilidade. Porque somos exageradamente reticentes neste assunto,
homens e mulheres sofrem sem necessidade o que poderia ser facilmente removido com
inteligência. Repito de novo que não é somente instinto mas um ajustamento pessoal
delicadíssimo, tão artificial como qualquer outro objectivo espiritual da humanidade. Deve ser
aprendido correctamente; boas intenções apenas não são suficientes. Geralmente, bem
intencionados estouva- mentos produzem conflitos entre marido e mulher, os quais parecem
despir o acto físico de qualquer conteúdo espiritual e o amor é deixado sozinho para sair das pro-
fundezas nas quais foi tão negligentemente lançado. Uma boa educação não significa segurança
contra a ignorância sexual. Discutindo um trabalho sobre esterili- dade primária numa reunião de
médicos, um deles men- cionou um casal, cujo marido, formado por duas grandes universidades,
não conhecia o termo apropriado para o acto sexual. O autor comentou depois. - <<Isto é para
mim o refIexo da educação fornecida nessas universi- dades e não precisa de mais comentários>>.
A própria educação médica, falha no campo da edu- cação sexual: A esposa de : um médico,
também profes- sor de : fisiologia em importante faculdade de medicina, disse ao autor que nunca
havia atingido o orgasmo sexual e que o seu esposo nunca mostrou interesse .em saber quais as
suas.. sensações. ?le .apenas imaginou que o acto tivesse o mesmo significado para ela, o que fez
com que muitas vezes ela se voltasse eontra o mesmo. É difícil imaginar que se pudesse ler táis
afirmati- vas como a seguinte, puirlicada numa importante revista médica. de 1939 por um
espeçialista em dõenças de se- nhoras: <<As muli?eres não encontram a sua princi- psl
expressão no coito; rr?as. sim na reprodu- ção ...>>
Muitas mulheres, e a maioria dos homens são levados a acreditar que a vida sexual da mulher
deve imitar a do homem, e os nossos psicólogos parecem ser a principal fonte dessa noção
errónea. Todo o livro erótico está cheio dessas ideias. As mulheres discutem o assunto livremente
hoje em dia e vão aos seus médicos com a seguinte per- gunta: Porque é que o acto sexual não é
para mim igual ao que é para o meu marido? É um sinal saudável que os homens e mulheres dis-
cutam o assunto livremente. Na vasta maioria das vezes a resposta à pergunta que termina o
parágrafo anterior é a seguinte. Porque o marido, ou ignora totalmente os factos vitais do sexo ou
é indiferente à completa satisfa- ção de sua esposa. Em vista disso importante é a ne leigos no
assunto. observar facilmente da educação sexual
CAPfTULO II PSICOLOGIA GERAL DA VIDA SEXUAL A perpetuação da
raça humana é o resultado de um instinto natural, o qual com força irresistível requer rea- lização.
O impulso sexual, quando plenamente satisfeito, proporciona mais que o prazer sensual e uma
sensação de bem-estar: proporciona a grande satisfação da perpetua- ção da espécie, ao transmitir
atributos físicos e mentais a um novo ser. O homem liberta-se da lascívia brutal, adquire
sentimentos mais altos e mais nobres que se ex- pandem num mundo de beleza sublime e
altamente mo- ral. Há muita verdade quando se diz que se o homem fosse despojado do instinto
da procriação e de tudo que dele emana mentalmente, quase toda a põesia e também todo o senso
moral deixariam de existir na sua vida. Krafft-Ebing diz que <<A sexualidade é o mais pode-
roso factor na existência individual e social, o mais forte incentivo ao exercício de força e na
aquisição do decoro, à fundação de um lar e ao acordar de sentimentos altruís- ticos,
principalmente com relação a uma pessoa do sexo oposto, depois aos filhos e, num senso mais
vasto, a toda a humanidade>>. Assim sendo, toda a ética, e talvez boa parte da esté- tica e da
religião, dependem da existência de sentimentos sexuais. No que respeita ao desenvolvimento da
moral, vemos as mudanças graduais que ocorrem entre o selvagem, colo- cado quase no mesmo
plano que o animal e o homem esclarecido de hoje, para quem o acto sexual praticado
1G DR. LOMBARD KELLY em público é impossível. Entre os selvagens a fêmea é gc-
ralmente propriedade comum dos machos. Mesmo em es- calas mais elevadas ela é uma coisa
móvel que pode ser dada, vendida ou trocada. O aparecimento de uma sensação de vergonha
perante outrem, na satisfação dos instintos naturais, assim como o pudor nas relações sexuais
humanas, marcam o começo da moralidade da vida sexual. Esse pudor levou ao ocul- tamento
dos órgãos genitais e à execução secreta do acto sexual. Ajudado por um clima mais rigoroso, o
pudor apareceu mais cedo nas raças nórdicas do que no Sul. Assim que a mulher deixou de ser
uma coisa móvel e se tornou objecto de um homem com a liberdade de favorecer a quem quiser
com os seus encantos, as funda- ções da castidade e da fidelidade estabeleceram-se. O abandono
da vida nómada e a aquisição de um lar exi- giram a presença de uma companheira, uma dona de
casa. Noções da virgindade, do pudor, da castidade, da fidelidade sexual começaram muito cedo
a ser virtudes apreciadas entre os egípcios, hebreus, gregos e romanos. Outros povos,
especialmente os orientais formavam grande contraste pela falta dessas virtudes, chegando até a
ofe- recer a mulher da casa, aos hóspedes, para seu prazer sexual. O cristianismo é considerado
como a maior força que contribuiu para a elevação moral das relações sexuais ele- vando a mulher
à mesma categoria social do homem (mas, é lamentável que, hoje, a própria Igreja Católica ainda
possa considerar o sexo somente como factor de procriação ou como o anatematizado <<fugaz
prazer da carne>>). Nem o Velho nem o Novo Testamento proi- biam a poligamia, a qual
floresceu até à Idade Média entre os Cristãos europeus, como por exemplo, os Fran- cos. Por
outro lado o Islão ainda aceita a poligamia. Como resultados dessas duas moralidades, a mulher
cristã ocupou mais cedo um lugar de independência, ao passo que a mulher mãometana só
recentemente atingiu esse estado tão almejado. Apesar de haver lapsos temporários em alguns
luga- res, há pouco motivo de dúvida para se crer que actual-
AS RELAÇáES SEXUAIS NO CASAMENTO 17 mente existe mais moralidade
que no tempo da Idade Média, época em que a sensualidade e a luxúria predo- minavam sempre,
demonstrando que existia decadência moral na vida de um povo. Exemplos conhecidos destes
sinais são dados por Roma, Grécia e França no tempo de Luís XIV e Luís XV. Perversões sexuais
nessas épo- cas foram sempre dominadoras. Esse modo de vida leva ao nervosismo, e este ao
aumento da sensualidade. As manifestações de instintos sexuais normais são controla- das e até
mesmo destruídas. No que respeita ao indivíduo, deixando de lado o despertar normal da vida
sexual e o desenrolar do seu curso pode-se mencionar os desejos e impulsos, com seus
pressentimentos, sensações indefinidas, estados peculiares de orgulho ou entusiasmo religioso,
etc. Estes são os factos que tornam as pessoas que atingem a puberdade num ser diferente,
sentindo-se como tal e agindo como tal. Os sentimentos religiosos e sexuais estão tão intima-
mente ligados entre si que quase sempre podem ser subs- tituídos ou mal interpretados um pelo
outro. As his- tórias clínicas de muitos maníacos religiosos provam isto. Para maiores
esclarecimentos sobre o assunto o leitor deve reportar-se ao livro de Krafft-Ebing intitulado
<<PSI- COPATIA SEXUAL>>. Com relação à sexualidade e arte sabe-se que o factor sexual é
muito importante no despertar dos sentidos es- téticos. A põesia e a arte pouco seriam sem a
base sexual. O calor da imaginação, necessário à verdadeira criação da arte é obtido no amor
sensual e o brilho e o calor desta criação são preservados no fogo dos sentidos sexuais. A
natureza sensual de grandes artistas e põetas prova isso. Outro fenómeno do amor pode ser
notado ao desa- brochar a puberdade, período do primeiro amor, quando quase todo o mundo se
torna um entusiasta por tudo o que é grande, nobre e belo. Durante o processo do de-
senvolvimento sexual quase todos os jovens têm tendên- cia a serem põetas e escreverem versos.
Krafft-Ebing tem a seguinte opinião sobre as dife- rentes formas do amor: .,
18 DR. LOMBARD KELLY <<O amor juvenil tem um carácter român- tico e
idealista. Ele leva o objecto amado à apoteose. No seu princípio ele é platónico e
manifesta-se em termos de põesia e romance. Com o despertar da sexualidade há o perigo
de que este poder idealizador recaia sobre uma pessoa do sexo oposto que seja mental,
física e socialmente inferior>>. O amor super-sensual não pode nunca ser verdadeiro e
duradouro. Por essa razão o primeiro amor, como re- gra, é passageiro porque nada mais é do
que a chama da paixão, um fogo de palha. Somente o amor que se baséia no reconhecimento das
qualidades sociais do ser amado, somente o amor que está disposto não somente a gozar os
prazeres pas- sageiros, mas a sofrer pelo bem amado e a tudo sacri- ficar, é que merece o nome de
verdadeiro amor. Apesar de toda a ética que o amor requer para atin- gir a sua forma verdadeira
e pura, a sua raiz mais forte é ainda a sensualidade. O amor platónico é uma impos- sibilidade,
uma auto-decepção, uma falsa acepção para certos sentimentos. Como o amor se apoia no
desejo sexual, só se con- cebe o mesmo normalmente existindo entre indivíduos do sexo oposto e
capazes de praticar o acto sexual. Se estas condições falham ou são destruídas, então em lugar do
amor, surge a amizade. Como o elemento natural da mulher é o amor, ela ultrapassa
grandemente o homem na psicologia natural dessa arte. Através da hereditariedade e da educação
ela torna-se possuidora desta superioridade. Um homem da mais alta classe não é censurado por
conhecer na mu- lher um meio de satisfazer os seus instintos. No en- tanto ele deve à mulher da
sua escolha a obrigação de pertencer somente a ela. Os direitos do casamento ? exi- gem
protecção à esposa e aos filhos e entre povos civili- zados o casamento é. um dever social
obrigatório. Um estudo entre fetiches fornece explicação para a atracção entre indivíduos com a
exclusão de todos os
AS RELAÇáES SEXUAIS NO CASAMENTO 19 outros. Um fetiche é um
objecto ou um atributo físico associado com o ser amado, pelo ser que ama. Essa asso- ciação de
ideias exerce um poder de encantamento no amante, apesar da profunda impressão não ser
causada pelo objecto ou o atributo do corpo (o fetiche) mesmo. Qualquer que seja a forma de
fetiche, o efeito no amante é estimulante e serve para aumentar sua paixão pelo objecto de suas
afeições. No amor natural a pessoa amada, tanto corpo como alma, toma o lugar do fetiche. No
amor puramente sen- sual somente os órgãos genitais podem ser fetiches. Em indivíduos
anormais, como invertidos e pervertidos, qual- quer parte do corpo, sem ligação com o sexo, tal
como uma mão, pé, ou mesmo uma luva ou um sapato, ou a expressão dos olhos, podem servir
de fetiche. O fetiche pode ser o mesmo para uma raça inteira como mostra o seguinte caso:
<< ... a parte importante desempenhada pe- los cabelos como um estimulante da paixão
sexual aparece de modo curioso na descri- ção do sr. Sibree ao relatar as tentativas do
rei Radama em introduzir costumes euro- peus entre os Hovas de Madagascar. Assim
que ele adoptou as tácticas militares ingle- sas, ordenou que todos os seus oficiais e sol-
dados cortassem os cabelos, mas esta ordem produziu tamanhos distúrbios entre as mu-
lheres da capital que elas se reuniram em grande número para protestar contra as or-
dens do rei, e somente puderam aquietá-las quando cercadas por tropas, e as instigadoras
foram cruelmente castigadas. Neste caso o cabelo dos homens era um fetiche psi- cológico
das mulheres. Cabelos bonitos são fetiches para muitos homens, o que é evidenciado pela lenda
germânica das <<Lorelei>>. Quando uma peça de 'vestuário se torne fetiche, é certo ser
transferida pela associação de ideias.
20 DR. LOMBARD KELLY Os odores naturais e artificiais, têm uma parte im- portante
como fetiche. O <<Mundo Equívoco>> de todas as eras sempre foi notável pelo uso de
perfumaria. Há casos de homens que se casaram com mulheres feias somente por causa dos seus
agradáveis odores pessoais. A voz, assim como a habilidade para tocar um instru- mento
também podem servir de fetiches. Um estudo sobre os fetiches ajuda-nos a compreen- der
porque o <<amor é cego>>, e também o provérbio la- tino <<De gustibus non est
disputandum>>. (Gostos não se discutem). É fácil compreender porque no amor puramente se-
xual somente os órgãos genitais podem servir de feti- ches. Desde a infância as pessoas de um
sexo mostram aguçada curiosidade com relação aos órgãos genitais ex- ternos do outro sexo. Na
infância e no despontar da ado- lescência, este interesse é demonstrado igualmente em ambos os
sexos, mas no final da adolescência e ao ini- ciar-se a vida adulta, o homem é o mais interessado.
Em mulheres, normalmente ardentes, no entanto, este inte- resse não desaparece, apesar de
escondido pelo pudor. Nos indivíduos das raças selvagens, em climas quentes onde não se usam
roupas não há razão para tal curio- sidade, concernente aos genitais do sexo oposto e as crianças
não tomam conhecimento dessa diferença. Nas raças que se vestem, a mesma atitude poderia ser
atin- gida removendo os tabus e ensinando a anatomia e fisio- logia das partes salientes dos
órgãos reprodutivos. Fran- queza com as crianças e adolescentes sobre esse assunto trará uma
atitude saudável com referência a assuntos sexuais e removerá a impressão geral que muitos
jovens têm de que se o amor se relaciona com o sexo é feio. Demonstramos que, mesmo entre
adultos casados existe entre algumas populações uma marcante ignorân- cia sobre os fundamentos
do sexo e uma urgente neces- sidade de instrução sobre o sexo. Discutimos também a psicologia
geral da vida sexual e o enorme impacto que os processos mentais podem ter sobre a função do
sexo. Prosseguiremos, em capítulos seguintes sobre os sis- temas reprodutivos do homem e da
mulher, com descri- ções e explicações sobre a anatomia e a fisiologia de cada
CAPf TULO III SISTEMA DA REPRODUÇ.40 - HOMEM Õrgãos do
sistema procriador do homem: Estes são o pénis, os testículos com os seus ductos (epidídimo e
ca- nal deferente) e o escroto, vesículas seminais, a glândula prostática, as glândulas
bulbo-uretrais e o canal urinário ou uretra. Não é prático dividir estes órgãos como exter- nos e
internos. O pénis, o escroto e os testículos são exte- riores, os canais deferentes vão do escroto
ao interior e os outros, excepto a porção da uretra que está no pénis, estão no interior da pélvis.
O pénis - Este órgão é. composto principalmente de tecido eréctil, o qual é capaz de se distender
com o sangue. Isto causa a erecção, uma forma de endurecimento próprio para a introdução do
membro viril na vagina. Um corte transversal na raiz do pénis (fig. 1) mostra três camadas de
tecido eréctil. Dois destes começazn como perna ou crura; separados pela base da terceira coluna
e unem-se adiante numa só porção do corpo do mem- bro. A camada do meio do tecido eréctil
passa para cima e fica no centro das outras duas, todas três formando o tubo inteiro do pénis, da
raiz à cabeça. A passagem da bexiga, conhecida como uretra, atra- vessa a camada do meio e
abre-se. normalmente na ponta do pénis. Há uma condição anormal conhecida como hipospadia
na qual a abertura uretral fica na parte de dentro do canal; .às vezes tão longe quanto na base do
membro. Em tais casos o esvaziamento da bexiga na pos-
24 DR. LOMBARD KELLY tura erecta, natural do homem, e a ejaculação do es- perma
na vagina são impraticáveis. A cabeça do pénis, conhecida como glande, é uma expansão da
parte terminal da coluna do meio do tecido eréctil. É coberta por uma camada epitelial, a qual
con- tém especiais terminais de nervos, conhecidos por cor- púsculos genitais, os quais
possibilitam a sensação do clí- max ou orgasmo. O tamanho e diâmetro do pénis, em erecção,
varia mais ou menos nos diferentes indivíduos, e de conformi- dade com as características raciais
de cada um, rara- mente excedendo de 18 a 20 centímetros, apesar de exis- tirem órgãos bem
maiores. Há dois receios infundados que perturbam algumas mulheres. Um deles é que o pénis
do marido seja grande demais e cause dor no acto sexual. A vagina distende-se tanto que isto só
ocorreria numa mulher que fosse por- tadora de alguma anormalidade anatómica. O outro é de
que um pai muito grande, com ombros largos gere um filho grande também, o que causaria um
parto difícil. Esta desproporção só ocorrerá se a mãe tiver uma pélvis de dimensões anormais. O
peso comum dos recém-nas- cidos é de 3 a 4 quilos e nunca os bebés mostraram ter alguma
relação com o tamanho dos pais. As mulheres que tiveram raquitismo na infância podem ter
deforma- ções pélvicas e por certo irão necessitar de uma observa- ção mais acurada nos últimos
meses de gestação. O tamanho do pénis pode aumentar de 10 % e a erecção, particularmente da
cabeça, pode tornar-se bem mais forte pela pressão da profunda veia dorsal que se localiza no
meio da parte alta do órgão. A pressão podé- -se dar com um dedo na altura da base do pénis ou
por uma alça de borracha em vnlta do pénis no mesmo local. A alça não deve ser tão apertada que
cause uma cons- tricção muito prolongada ou forte demais. Uma intro- dução profunda do pénis
na vagina com pressão da veia da base do pénis contra o areo púbico da mulher pode causar este
supremo estado de erecção. Uma secreção denominada esmegma tende a juntar- -se no prepúcio
das pessoas que não foram circuncida- das. Ela consiste principalmente de células epiteliais de-
AS RELAÇáES SEXUAIS NO CASAMENTO 25 sintegradas e tem um
desagradável odor peculiar. Para evitar esta desagradável condição, veja o que registamos no
capítulo 17 sob o título <<Higiene Sexual Masculina>>. O escroto - Este é um saco duplo com
o septo entre as duas metades. Varia em tamanho e aparência, depen- dendo de condições de
temperatura e exercício. Pode ser contraído e enruQado ou parecido com uma bolsa tensa. De
cada lado fica um dos testículos, os quais em muitos hnmens podem ser comprimidns do escroto
para a região inguinal (através da parte baixa do canal ingui- nal). Em alguns indivíduos um ou os
dois testículos per- manecem no canal da região inguinal (testículos que nán descem). Se ambos
os testículos permanecem nos canais inQuinais a sua temperatura é muito alta para o neces- sário
desenvolvimento dos espermatozóides. Os homens cujos órgãos ficam nesta posição são,
portanto, esté- reis. Em alguns caso a descida dos testículos pode ser provocada com tratamento
de produtos glandulares hor- monais: em outros é necessário um tratamento operatório. Nas
rupturas, <<hérnia inguinal indirecta>> um pedaço dos intestinos pode descer para o escroto. É
fácil nor- malizar tal estado, de outra forma pode ocorrer um es- tran?ulamento e resultar uma
gangrena no intestino. Se for irredutível é necessário uma operação. O escroto às vezes aumenta
muito de volume devido ao excesso de fluídos em uma ou ambas as partes. Esta condição,
conhecida por hidrocele exige operação para comoleta cura. O testículo esquerdo geralmente é
mais baixo que o direito. As veias que ficam em torno do cordão esper- mático, do lado esquerdo,
na maioria das vezes se disten- dem e provocam varizes, chamadas varÍcocele. Os testiculos -
Conhecidos anatomicamente como os testis, estas glândulas têm as seguintes características.
Internamente o testículo consiste de várias séries de longas tubulações que produzem as células
reprodutoras masculinas, ou espermatozóides. Estas tubulações con- vergem para uma rede de
canais que por sua vez levam a um canal dobrado conhecido como epididimo, e este é preso à
borda posterior do testículo do alto ao baixo pólo. Aqui ele torna-se contínuo como um tubo. O
tes-
26 DR. LOMBARD KELLY tículo é também uma glândula de secreção interna, o que
quer dizer, ele lança à corrente sanguínea substân- cias químicas ou hormonas. As funções destas
hormonas são: 1) proporcionar o desenvolvimento das característi- cas sexuais secundárias do
homem, tais como: barba, voz profunda, forma do corpo, etc. 2) manter a libido ou desejo
sexual do indivíduo e contribuir para a sua potência ou habilidade para pro- criar. Para ilustrar as
descrições deste capítulo ver as figu- ras 1 e 2. Canal deferente-Este canal é uma continuação di-
recta do epidídimo. Começa na parte baixa do testículo e depois de um curso evolutivo de mais de
45 cms. de comprimento, mas cobrindo uma distância de apenas 30 cms. no seu percurso, ele
expande-se numa porção dila- tada conhecida como ampola. Esta última abre-se como o canal
ejaculatório na porção prostática do canal ure- tral (uretra). Subindo do escroto, o tubo, com os
vasos sanguíneos, nervos e ligamentos derivados dos três mús- culos abdominais é conhecido
eomo cordão espermá- tico. Ele penetra no canal inguinal, atravessa-o de baixo para cima e
deixa-o penetrar na pélvis. Atravessando a parede lateral da pélvis ele alcança a sua posição final
abaixo da bexiga e junto da próstata? A ampola do vaso se distende para formar um receptáculo
para o esperma- tozóide (fig. 1- secção sagital através da pélvis mas- culina mostrando a ligação
entre a bexiga, próstata e pénis? com as três porções da uretra. Mostra também o canal deferente
(vaso): Vesicula? semináis -- Estas formam um par de estru- turas com a fórma ? de um
:saq?inho; colocado atrás da bexiga e. em -frente dó recto: A? parte baixa da vesícula afunilá-se
num tubo gue se junta a.ó tubo correspondente da párte baixá dá. ampola do ?eanal; formando
assim o canal e3aculatflrio. Canuis ejaculetórios - Estes são ?iois canais estrei- tos, com menos
de 2;5 cms de comprimento: Ficam muito juntos um ao aut?ó enquanto atravessam a substância
da próstata e abrem-se através de pequenos orifícios na
AS RELAÇõeS SEXUAIS NO CASAMENTO RETO URE r?pA
CANAL ÕefE'RENTE ARTER/A EPl6ASTRlCA /Ni'. tlGAM6NTD SUR PER/ro nlEo
OA BEXlGA BEXl6A URlNARlA S9CO RETRO VESlUAL CA NAL DEFERENTE
PORCÃo PROSTAT/-? CA OA URETRA vElA OoRSAL 00 PENlS CORPO
CAvERNOSo DO PENl, CoRPo CAVERNOSO OA URETRA `ABRClDO MEMBRA NOSA
OA BULBO PA URETI7H Z vRETRP PWpÇf? CAVERNOSA OA URETRA Fig. 1-
Sécção sagital através da pélvis. masculina, mostrando as relações entre a bexiga, prQstata é
pénis com algu- mas partés da uretra e dos. canais deférentes..
ßR. LOMBARD KELLY parte prostática do canal urinário da bexiga. Esta pas- sagem
(a uretra) atravessa o centro da glândula pros- tática no seu caminho, da base da bexiga até ao
bulbo do pénis. Glândula prostática - É uma glândula de forma glo- bular de 1,5 cms. de
diâmetro. Acha-se abaixo da be- xiga, e a uretra, ou canal urinário atravessa-a no seu caminho até
o pénis, o qual ela atravessa do começo ao fim. Ductos ou canais da mesma substância da glân-
dula prostática se abrem na porção prostática da uretra ao lado dos orifícios dos canais
ejaculatórios. Secreções prostáticas, secreção das vesículas seminais e células es- permáticas da
ampola do canal misturam-se na uretra prostática quando se dá a ejaculação. As secreções e o
esperma formam o sémen. No auge da excitação sexual o orgasmo produz um reflexo que
provoca a passagem do sémen pela uretra posterior, onde o prosseguimento desse reflexo produz
as contracções do músculo bulbo- -cavernoso o qual esguicha o sémen através do pénis, a
chamada ejaculação. Em alguns homens de meia idade e mais ainda nos velhos, há uma
tendência da próstata em aumentar de volume e tornar-se fibrosa, o que obstrui parcial ou to-
talmente a passagem da urina através dessa glândula. Se for feita uma operação conhecida como
ressecção da próstata, pode remover alguns tecidos e reabrir o canal. Em casos avançados,
torna-se necessário remover total- mente essa glândula. O cancro da próstata é muito comum nos
velhos e requer a extracção imediata desse órgão, desde que a moléstia não se tenha tornado
inoperável. Neste caso, a extirpação dos testículos parece ter resul- tados benéficos para muitos
pacientes. Este método de tratamente tem sido muito discutido ultimamente. Indu- bitavelmente
ele remove a fonte das hormonais sexuais masculinas, derivadas dos testículos. As discussões
refe- rem-se ao tratamento pelas hormonas femininas que neu- tralizando as masculinas tornam
desnecessária a castração. Glândulas bulbo-uretrais: - Estas pequenas glândulas formam um par
logo abaixo da próstata na base da parte média do pénis (o bulbo). Cada glândula tem o tamanho
de uma ervilha e tem um pequeno canal que se abre na
nõearu,eA oo uNA< E,rAcu<o?v PIDRCAÕ M6MBRANOSA DA tiRETR9 ^'?
f-UTRlCULA OROSTATlCA scÃNou<A eucBa - vRs?,eA< ?'ABERruR? 00 CA,tfAL ?A
GRANOULA BU?BO URETRAL Fig. 2 - Corte mostrando de cima, como bulbo-uretrais,
? bulbo e crura c COipPO CAVERNAS'O 00 PENlS C CORTf) e a glÁndula prostática
vista a localização das glândulas dos canais ejaculatórios e o
xxxxxx
CAPíTULO IV SISTEMA DA REPRODUÇ.4O - MULHER drgãos genitais
internos (geratrix): Estes são os ová- rios, as trompas, o útero e a vagina. Os ovários: - Formam
um par. Ficam um de cada lado da parte superior do útero (fig. 3). São de consis- tência sólida e
assemelham-se ao feitio de uma amên- doa. Tem a extensão de 2,5 a 3 cms. e a espessura de 1
cm. Uma vez em cada ciclo menstrual, ou cada 28 dias, um dos ovários solta um óvulo, o qual é
sugado pela trompa. O desprendimento do óvulo, ou célula ovu- lar pelo ovário chama-se
ovulação. Isto ocorre no meio do ciclo menstrual, quer dizer do 16.? ao 12.? dias, a con- tar do
primeiro dia da próxima menstruação. Raramente ambos os ovários soltam o óvulo ao mesmo
tempo, ou um dos ovários elimina mais do que um óvulo. Quando houve contacto sexual um
pouco antes da ovulação e não se tomou providências para evitar a con- cepção, as células
germinativas do homem - esperma- tozóides - já passaram da vagina para o útero e deste para as
trompas. Regra geral as células espermáticas abundam na parte superior de cada trompa e quando
a célula ovular entra numa delas, fertiliza-se e desce para o útero, onde se fixa e começa a
desenvolver-se em um novo ser. Isto quer dizer que se deu a concepção. Efeitos perniciosos de
influência materna sobre a criança que ainda não nasceu são cientificamente infun- dados. Depois
da concepção nada que rodeia a futura mãe pode marcar a criança. As crenças sobre o efeito
32 Dft. LOMBARD KELLY dosusto das mães sobre seus filhos pertencem ao folclore.
Algumas mulheres sentir-se-ão aliviadas em saber que, absolutamente, não há perigo de
engravidar com o es- perma existente numa banheira ou numa toalha. Se o óvulo não é
fecundado, ele passa através do tubo e desintegra-se. Dentro de 28 dias a mesma coisa acontece
novamente. Isto continua durante o período re- produtivo da vida de cada mulher, desde os 12 ou
14 até aos 45 a 50 anos, quando a menstruação cessa e começa a menopausa. Outra função dos
ovários é lançar na corrente san- guínea substâncias químicas conhecidas como hormonas ou
secreções internas, as quais influenciam o desenvol- vimento dos outros órgãos sexuais e o
aparecimento das características sexuais secundárias da mulher. (Estas são: corpo, cabelo, voz e
outras variações do tipo masculino). As hormonas do ovário também contribuem para o de-
senvolvimento e manutenção da libido ou desejo sexual. A perda de todo o tecido ovariano por
uma operação (ooforectomia) ou dõença traz como consequência uma completa cessação dos
períodos menstruais. O efeito so- bre o desejo sexual e a capacidade para atingir o or- gasmo
parece variar consideravelmente em diferentes pes- soas. Pensava-se que ambos desapareciam
logo depois da perda dos tecidos ovarianos, mas estudos recentes demonstram que nas mulheres
nas quais a libido e o orgasmo sempre foram normais continuavam assim por longo tempo ainda.
Uma interessante exposição sobre este assunto pode ser encontrada no livro de Wharton <<Gine-
cologia, incluindo urologia feminina>>, W. B. Saunders, Filadélfia, 1947, pág. 105. Se há
necessidade, para preservar a saúde ou para evitar que uma mulher tenha filhos, por questões de
eu- genia, a amarração das trompas ou a transplantação de- las para o útero tornará impossível a
concepção. Trompas: -Estes canais estendem-se dos ovários à parte superior do útero (fig. 3).
As pontas superiores, com relação aos ovários, são rodeadas por pequenos fila- mentos que
formam uma espécie de funil, ao pé do qual há uma pequena abertura. Uma sucção se produz pela
nscilação para dentro, de milhares de pequenns fios pare-
AS RELAÇáES SEXUAIS NO CASAMENTO 33 cidos com cabelos e chamados
cilios. A célula ovular expedida pelo ovário é assim arrastada para a trompa. ? O comprimento
comum das trompas é mais ou menos de 10 cms. A sua parte inferior passa através das paredes
do útero e abre-se na sua cavidade. As trompas são ci- líndricas e têm o diâmetro de um lápis.
Servem para a subida das células espermáticas e a descida dos óvulos. As trompas podem ser
removidas por dõença ou para esterilizar uma paciente, apesar de ser suficiente o seu ligamento
para a esterilização. Moléstias inflamatórias , tuberculose ou blenorragia,
podem afectar estes órgãos. A blenorragia é a mais comum das moléstias que afec- tam as
trompas. Pode causar esterilidade ou obrigar a sua extirpação, para fins de cura. Ütero: - É um
órgão muscular, vazio, de paredes espessas, situado na parte inferior da pélvis, entre a bexiga e o
recto (fig. 3, 4 e 5). Tem quase sempre o formato de uma pera, com a parte superior, que é mais
larga, projectando-se livremente para cima na cavidade pélvica, enquanto que a parte inferior,
mais estreita, se junta à parte mais profunda da vagina. A parte supe- rior é chamada o fundo, a
parte média o corpo e a infe- rior o colo ou cervix. As trompas penetram no útero no lugar onde
o fundo e o corpo se unem. A parte infe- rior do colo projecta-se para a parte superior da vagina.
O canal que atravessa o colo abre-se na sua parte infe- rior na vagina e na sua parte superior na
cavidade in- terna. Serve de passagem para a descida do fluxo mens- trual, para o acesso das
células espermáticas e também como passagem para o feto. Nas mulheres que já tive- ram filhos
pode haver umas fendas ou ranhuras em volta da abertura do colo do útero para a vagina. Uma
irri- tação crónica nesses lugares pode, algumas vezes, levar ao cancro. Um exame por um bom
médico especialista duas vezes por ano é aconselhável como medida preven- tiva em tais casos.
Durante a gravidez o útero aumenta rapidamente de tamanho e peso, tornando-se maior numa
proporção de 20 cms. pelo 8.á mês e atingindo um peso de quase 900 gramas. O formato de
pera modifica-se para o oval, as 3
34 DR. LOMBARD KELLY paredes musculares hipertrofiam-se e os vasos sanguí-
neos tornam-se crescidos e tortuosos. Durante a gravidez o útero além de conter o feto que se
desenvolve, contém também a placenta e a água ou liquido amniótico. O saco amniótico
rompe-se sempre antes do parto e as águas escapam. Raramente o saco sai intacto com a criança
e as águas que contém. Tais crianças são cha- madas de nascidas em um saco, ou empelicadas.
Mas podem afogar-se nos seus próprios fluidos se não se rompe o saco para a água escapar. A
placenta é expelida pelo útero depois de decorrido uma meia hora do parto.
xxx4xx
Menstruação -
Este fenómeno, encontrado na sua plena expressão somente nos seres humanos e nos ma- cacos
superiores, está grandemente relacionado com as funçôes do útero. As mudanças periódicas que
se dão durante o ciclo de 28 dias são as seguintes:
1.?) uma fase de congestionamento que dura 6 a 7 dias;
2.?) uma fase de hemorragia e saída do revestimento mucoso e que dura de 3 a 5 dias (é a esta
fase que se chama menstruação);
3.ó) regeneração do revestimento mucoso, que dura de 4 a 6 dias;
4.?) finalmente, um período de descanso ou uma leve regeneração que toma de 12 a 14 dias.
Durante o segunda fase, ou fase menstrual, o san- gue escoa-se na cavidade do útero e
em aditamento a isto uma activa descarga de secreção das glândulas ute- rinas se mistura com o
sangue. Algum tecido do reves- timento mucoso do útero também se desprende nessas épocas.
Se o canal cervical é estreito, um grande des- conforto é causado pelas contracções uterinas que
for- mam a saída dos coágulos e detritos para a vagina. Isto se chama dismenorreia.?
Vagina -
A palavra vagina quer dizer estojo. É uma ? passagem que vai da vulva ou fenda genital externa
ao interior da pélvis onde ela se junta ao colo do útero ou cervix. (Fig. 3, 4 e 5). Normalmente a
vagina tem de 7 a 9 centímetros de comprimento. Estas medidas podem parecer pcquenas, mas a
extensão prática ou fisiológica é maior. Durante o coito o pénis força o útero para cima
uma completa entrada na va- gina cujas paredes sán elásticas tanto longitudinal como
transversalmente. A direcção da passagem vaginal é para baixo e para a frente. Está em ângulo
de 90 graus em relação ao longo eixo do útero, o qual normalmente fica sobre a bexiga (ver fig.
5). Quando a bexiga fica cheia de urina o útero é empurrado para cima e para trás. As paredes
anterio- res e posteriores da vagina, normalmente, estão em con- tacto uma com a outra, tanto
que num corte em cruz ela dá a impressão de um <<H>> maiúsculo. Por causa da curvatura do
útero para a frente, a parede posterior da vagina é um pouco mais longa que a anterior. A
abertura exterior da vagina encontra-se logo abaixo da abertura externa da bexiga. Portanto, ao
sair, a urina não passa pela vagina (fig. 5, 6 e 8). O clitoris (a parte feminina correspondente ao
pénis) está situado em frente da abertura da bexiga, na parte superior da fenda vulvar. As
paredes vaginais são forradas por um epitélio raso que não contém glândulas. Uma mucosidade
brilhante é produzida pelas glândulas do colo do útero e descendo para a vagina a lubrifica. A
vulva é, assim, lubrificada pelas glândulas de Bartholin, os canais que saem, perto do exterior do
orifício vaginal. O interior da vagina é enrugada e apresenta uma série de arestas que correm
transversalmente. Duas lon- gas arestas correm longitudinalmente, uma na parede posterior e
outra na parede anterior. Estas arestas, cha- madas rugas, podem ser facilmente sentidas ao toque.
As principais funções da vagina são: 1.?) permitir a passagem do fluxo menstrual; 2.?) receber o
membro masculino durante a cópula; 3.?) servir de recipiente para o sémen; 4.?) agir como
passagem para o feto durante o parto. A pequena quantidade de músculos existentes nas pa-
redes vaginais não é suficiente para permitir movimen- tos de contracção. Em alguns casos, no
entanto, há uma habilidade considerável a esse respeito. Uma condição conhecida como
vaginismo ocorre algumas vezes, e con- siste em contracções prolongadas das paredes da vagina,
AS I;P;LAÇõES SEXUAIS NO CASAMENTO
38 DR. LOMBARD KELLY tornando impossível ou muito doloroso, o coito. Existem
descrições de homens que ficaram com o membro preso na vagina. Esta ocorrência é conhecida
como <<penis cap- tivus>>. Se autêntica, é muito rara e somente condições muito estranhas e
órgãos anormais podem provocá-la. 6rg?ros genitais externos. - O termo vulva é aplicado aos
órgãos genitais femininos externos colectivamente e inclui todos os do trato generativo, visíveis
de fora, e distinguidos dos internos (vagina, útero, trompas e ová- rios) (ver fig. 6). Visíveis
quando os grandes lábios são abertos ficam os pequenos lábios, as aberturas externas da vagina,
da uretra e clítoris. Os grandes lábios. - Não é preciso muita imagina- ção para se aceitar a
palavra do embriologista que diz serem os grandes lábios homólogos e uma cópia do es- croto
masculino. O escroto é a bolsa que contém os tes- tículos. Cada lábio é uma dobra redonda,
saliente, de pele, posteriormente estreita mas que aumenta progres- sivamente de espessura ao se
aproximar a marcante ele- vação coberta de pêlos e chamado <<mons Veneris>> (monte-
-de-Vénus, ou montanha do amor), onde os grandes lábios se unem na frente, a comissura
anterior se forma. Atrás forma-se a comissura posterior. Os grandes lábios, assim como o
Monte-de-Vénus, depois da idade de 12 a 14 anos (idade púbere) ficam cobertos de pêlos.
Como regra geral, especialmente em meninas e vir- gens adultás, os grandes lábios são os únicos
genitais que podem ser vistos de ?fora, pois eles normalmente estão em contacto um com o outro,
cobrindo os pequenos lá- bios e o clítoris. Isto já não acontece com as mulheres que tiverem
repetidas relações sexuais e muitos filhos. A função principal dos grandes lábios é proteger as
partes que ficam entre eles e prevenir a evaporação da secreção necessária para manter estas
partes húmidas Os pequenos lábios - Estes formam um par de do- bras menores, mais estreitas e
longitudinais, normalmente escondidas entre a fenda dos grandes lábios. São mais marcantes na
frente, diminuindo de tamanho atrás e fi- nalmente desaparecendo na parte traseira dos grandes
lábios.
40 DR. LOMBARD KELLY Quando olhados de frente, cada pequeno lábio se di- vide
em duas porções, uma do lado de dentro e outra do lado de fora. As duas pregas de fora sobem e
en- contram-se unidas sobre a cabeça do clítoris e formando o chamado prepúcio ou frénulo.
Num modo limitado isto corresponde ao prepúcio que recobre a cabeça do pénis. As dobras
internas passam para o meio e unem-se sob a cabeça do clítoris, formando o frénulo, o qual
corres- ponde ao frénulo sob a cabeça do pénis (ver fig. 6 e 8). A superfície dos pequenos lábios
assemelha-se à su- perfície interior dos grandes lábios, sendo ambos cor de rosa, macios e
húmidos. Nas morenas existe uma ligeira coloração azulada. As superfícies interiores dos peque-
nos lábios estão em contacto uma com a outra: as super- fícies exteriores estão em contacto com
as interiores dos grandes lábios. A função principal dos pequenos lábios é guiar o pénis para
dentro da vagina. O vestibulo da vagina e seu bulbo. - O vestíbulo é o nome dado à fenda que
existe entre os pequenos lábios e atrás da cabeça do clítoris. Dentro dele ficam a aber- tura
externa da uretra (que vem da bexiga), o orifício da vagina (e o hímen, se ainda intacto) e as
aberturas diminutas dos canais das glândulas vestibulares (glându- las de Bartholon). (Fig. 6 e 8).
O bulbo do vestíbulo é uma massa de tecido eréctil que fica de cada lado do orifício vaginal. Ele
representa em parte o tecido eréctil do pénis mas ao contrário do membro masculino, ele divide-se
tanto pelas aberturas existentes no vestíbulo que a similaridade na conforma- ção desaparece.
Logo abaixo do bulbo, existe em cada lado uma glândula chamada de Bartholin. Esta se con-
gestiona durante o excitamento sexual e segrega um lí- quido que lubrifica a entrada vaginal. O
himen (denominado pelos leigos - A virgin- dade) - O hímen é uma dobra fina, crescente, que
fecha parcialmente a abertura externa da vagina. É geralmente considerado como prova de
virgindade, mas a sua pre- sença não prova este estado, assim como a sua ausência não prova o
oposto. Pode haver um cnntacto sexual sem a ruptura do hí- men do tipo semilunar,
principalmente quando a vagina
AS RELAÇõeS SEXUAIS NO CASAMENTO 41 VO OG? n ó? ?ó é? e / I Õ ? Cr
Q J e v z g ? ó ?o ó o 8 ?o ? ? .ß ?ó ?Ü Ç e O O O ? m ? C ú ' ?, c0 ? O O ,r cd
C::?. \ ? O ? .Ü C G57 O ?Õ 1/ ? O ?Õ ? Cd ? ?Ü "O ß n e ? o Ü m vi <U4 . wG J ?
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42 DR. LOMBARD KELLY é maior que o comum e o pénis menor que o comum
também. Há uma regra geral que diz que o hímen deve ser rompido no primeiro contacto sexual
completo, depois do qual ainda ficam fragmentos dilacerados ao redor deste. O tipo de hímen
<<cribriforme>> é como um crivo e requer uma incisão cirúrgica para tornar possível o coito.
Membranas muito resistentes com uma ou duas abertu- ras também exigem o mesmo tratamento.
O hímen com- pleto (imperfurado) fecha totalmente a parte baixa da va- gina e deve ser aberto na
puberdade para permitir a passagem do fluxo menstrual. Para a protecção da pessoa, uma
certidão do médico que a atendeu deve ser fornecida quando o hímen for destruído
cirurgicamente ou por acidente. O clitoris - Apesar de bem menor, este órgão é quase um
homólogo do pénis. (Ver fig. 6 e 8). A principal diferença além da disparidade em tamanho é que
não há passagem (uretra) para a urina através do clítoris. Esta passagem da bexiga é bem mais
curta na mulher e emerge por baixo do clítoris (fig. 5, 6 e 8). O clítoris é composto de um corpo e
duas colunas de tecidos conhe- cidos como <<crura>>. Cada coluna sendo pouco mais que o
corpo e estendendo-se para baixo e para fora delè. A parte mais alta do corpo é formada pela
glande ou <<cabeçaf> assim como o pénis, e assim também essa ca- beça é .centro do prazer
sexual (o orgasmo) na mulher. É vezdáde que outras partes dos órgãos genitais femini- nos
tarrtbém podem provocar sensaçães eróticas, mas é na cabeça do clítoris que o clímax sexual é
sentido. Uma exposição sobre este assunto pode ser encontrada sob o títùio <tLugar do orgasmo
na mulherv (cap. 9). O corpo do clítoris assim. comó o do pénis, compõe- -se ná maior parte de
tecida eréctil, capaz de distensão pelo afluxo de sangue. O estado produzido pela influên- cia do
excitamento sexual cháma-se erecção. O clítoris tem cerca de 3 centímetros de comprimento e
curva-se sobre si mesmo. Quando erecto, aumentado pelo conges- tionamento venoso, parece
curvar-se para a frente para entrar em contacto com o pénis. A cabeça do clítoris também
contém tecido eréctil e
xxxxx
CAPfTULO V LUBRIFICA.NTES SEXUAIS Normalmente, nas relações sexuais
sem contracep- tivos mecânicos, a penetraçâo pode ser conseguida fa- cilmente sem haver
necessidade de lubrificantes. A mu- lher normal pode ser acariciada até que a sua vulva fique
húmida e pronta para receber o membro masculino. Algumas vezes a secreção é tanta que chega a
escorrer pelas coxas. Esta secreção é produzida pelas glândulas bulbo-vestibulares de Bartholin,
as quais estão situadas de cada lado do orifício vaginal. Outras secreções das glândulas do colo do
útero ou da cervix, lubrificam a parte mais alta da vagina. Normalmente o pénis é seco. Não
possui glândulas que forneçam um lubrificante para a sua cabeça ou corpo. Pode-se empurrar a
sua ponta contra a vulva humedecida algumas vezes e desta maneira lubrificá-lo para facilitar a
penetração. Se a vulva está seca, a penetração sem um lubrificante torna-se difícil. Mesmo que a
penetração se verifique facilmente com a produção das secreções naturais, se o coito se prolon-
gar consideravelmente (15 minutos a 1 hora), há uma tendência para o lubrificante natural se
tornar insufi- ciente. Isto é mais certo se o pénis é retirado e colo- cado novamente muitas vezes,
porque a evaporação con- corre para o ressecamento do mesmo. Em tais casos é melhor
adicionar algum lubrificante artificial. O mais conhecido é a vaselina. Este, entre- tantn, é um dos
piores tuhrificantes por muitas razñes.
4rÔ DR. LOMBARD KELLY Primeiramente porque é de consistência gorda e suja as
roupas tanto da mulher como do leito, e em segundo porque não é solúvel na água. O seu baixo
custo não compensa porque contém diversos inconvenientes que de- saconselham o seu uso. -- As
loções para as mãos são boas como lubrificantes sexuais, mas o seu uso rotineiro fica muito caro.
Cremes de limpeza de pele podem ser usados também com su- cesso, mas, um uso frequente,
tornaria esse lubrificante altamente dispendioso, e além disso não se dissolve facil- mente na água
e fixa-se muito. Também o sabão pode ser usado quando não se tiver à mão outro lubrificante.
Uma espuma espessa de sabão pode ser usada para cobrir inteiramente o pénis. Pode-se também
colocar uma aplicação de espuma na vulva. Isto, entretanto, pode provocar uma ligeira irritação
de- vido à causticidade do sabão e consequentemente uma ligeira inflamação nas partes íntimas, o
que torna este lubrificante pouco recomendável a não ser numa emer- gência. Até agora o
melhor lubrificante de todos é a geleia lubrificadora cirúrgica a qual é usada pelos médicos para
lubrificar os instrumentos cirúrgicos, as luvas de bor- racha e os orifícios do corpo. Não contém
gordura mas é escorregadia. A principal vantagem da geleia cirúr- gica em aditamento à sua
reconhecida maciez é a de fácil solubilidade na água. Também não tem cor e não suja as roupas. É
ideal para uso conjunto de anti-concepti- vos ou preventivos de moléstias, quando estes devem
ser usados repetidamente porque se lava facilmente em água corrente. Um tubo grande de geleia
cirúrgica pode ser comprado em qualquer farmácia ou drogaria por preço acessível. É vendido
com nomes diferentes mas uma marca é tão boa quanto outra.
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CAPfTULO VI PRIMEIRO CONTACTO SEXUAL A primeira penetração numa
virgem pode ser ou não difícil. Isto depende principalmente do desenvolvimento do hímen ou do
tamanho do orifício vaginal (e também, é lógico, do tamanho do pénis). Muitas páginas de
<<nãos>> para os noivos têm sido escritas, prevenindo o marido de como não deve proceder
durante a consumação do casa- mento. De facto, há somente alguns pontos importantes a
considerar. É supérfluo dizer-se que o homem deve ter a maior consideração e ser a
personificação da ternura. A mulher deve ser cortejada e acariciada ao ponto da mais elevada
demonstração de carinho e afecto, tudo tendendo para deixá-la sentir-se inteiramente à vontade.
Com seu con- sentimento e cooperação os primeiros contactos são bem sucedidos - a não ser que
o orifício seja muito pequeno. Se a penetração não puder realizar-se sem muito descon- forto para
a mulher, o acto deve ser adiado até que o orifício possa ser alargado, cirurgicamente. Isto pode
ser feito quase sem dor, usando o médico uma anestesia lo- cal para insensibilizar os tecidos. O
primeiro contacto sexual em muitas virgens pode ser praticado sem ruptura dolorosa do hímen e
sem san- grar. Portanto, a ausência de sofrimento e de hemorra- gia durante a consumação do
acto de amor não significa que não havia virgindade. Também a presença de um hímen intacto não
é prova de virgindade. No primeiro contacto sexual (e nas relações subse-
xxxxx
CAPfTULO VII FREQUBNCIA DAS RELAÇdES SEXUAIS Quntas vezes
pode ser praticado o coito sem um imediato ou eventual prejuízo para um ou ambos os
companheiros? A estatística parece querer indicar duas vezes por semana para pessoas de saúde
normal, apesar de se admitir que muitos factores podem alterar este meio termo para mais ou para
menos. Alguns inconvenientes usuais sobre a frequência do coito são a saúde, o grau de
satisfação que o acto se- xual proporciona, temperamento e idade. Naturalmente dõenças ou
saúde fraca trabalham contra o desejo sexual e também contra a disposição para entregar-se a ele.
Diz-se que é regra geral o homem atingir sempre um orgasmo satisfatório, mas, com a mulher isto
não se dá. Uma mulher que não se satisfaz, estará disposta a re- petir o acto sexual depois de um
intervalo menor do que seria capaz se fosse plenamente satisfeita. No entanto, se for
repetidamente desapontada, ela se tornará contra as relações sexuais e se recusará a ser deixada
<<no ar>>. Desde que o envelhecimento se acompanha por mudan- ças degenerativas é de
esperar que muitas vezes haja uma diminuição de frequência do desejo sexual. Isto não quer dizer
que muitos homens não permaneçam viris até uma idade avançada, mas a frequência do coito
diminuirá sensivelmente em quase todos. Em muitas mulheres, depois dos anos em que têm
filhos, vem uma acentuação do desejo de tal modo que podem deseiar a união sexual mais vezes
que seus ma-
50 DR. LOMBARD KELLY ridos. Uma das principais razões disto, como regra, é a
cessação do medo de engravidar. Factores de menor importância que podem influen- ciar a
frequência do coito são: modo de vida, clima, dieta, preocupações nervosas e esforços mentais,
assim como a atitude geral com respeito aos assuntos sexuais. Alguns destes factores podem, às
vezes, assumir maior importância e afectar grandemente o desejo sexual ou o próprio acto.
Extrema prostração por excesso de traba- lho ou por muita preocupação é um poderoso factor
ini- bidnr. Inibição em assuntos sexuais como resultado de uma educação repressiva, pode
afectar mulheres sensíveis ao ponto de provocar-lhes a frigidez sexual. Há alguns estados na vida
de uma mulher que tor- nam a prática sexual desaconselhável. No início e na metade da gravidez,
moderadas relações sexuais são per- missíveis, mas nos últimos 2 e 3 meses a abstinência de- veria
ser empregada como medida acauteladora. Uma das principais razões para isto é prevenir a
entrada de organismos infectados na vagina. Na ocasião do parto o útero fica facilmente
infeccionável e a infecção puer- peral pode aparecer. Pela mesma razão as relações se- xuais não
devem recomeçar até que se passe um mês do nascimento da criança. Naturalmente, durante
uma dõença do marido ou da mulher deve-se evitar relações sexuais. Em dõenças be- nignas ou
crónicas as relações devem ser mantidas com moderação. Por razões estéticas o coito não é
praticado durante a menstruação, com consentimento de ambos os cônju- ges. Depois de uma
longa separação ou algum motivo similar, seriam admitidas relações, durante este período, após a
aplicação de um duche com água morna, salgada. Este não é um período estéril para a mulher, e
houve casos de gravidez depois de um coito praticado durante a menstruação. Pode-se dizer
com segurança que a frequência do coito é proporcional ao prazer que dá aos que o praticam.
Alguns indivíduos sso mais ardentes que outros e os maridos e esposas podem variar
consideravelmente a este
AS RELAÇÕES SEXUAIS NO CASAMENTO 51 respeito. Em tais casos um
mútuo acordo baseado no amor e no bom senso é essencial. E possível a qualquer dos dois
provocar o desejo do outro acariciando os ór- gãos apropriados. Em cada acto, no entanto, a
satisfa- ção completa de ambos deve ser uma meta a atingir e alcançar, se possível. Em outra
parte deste livro estão algumas instruções neste sentido para os que delas ne- cessitarem.
Excessos sexuais podem não causar danos imediatos, mas os resultados eventuais podem ser
desastrosos para uma união feliz. O acto pode tornar-se uma coisa comum e perder o interesses.
Excessos por parte de um dos côn- juges pode afastar a afeição do outro e arruinar um ca-
samento que poderia ter sido preservado com um pouco de equilíbrio. Pesquisas recentes sobre
milhares de casamentos mos- tram uma variação na frequência que vai dos chamados atletas
sexuais que praticam o coito uma ou mais vezes ao dia aos que tem uniões sexuais uma ou duas
vezes por ano. Casais de 20 a 40 anos de idade foram encon- trados que tinham relações sexuais
umas 12 vezes por mês - mais ou menos de cada 2 a 3 dias. Os extremos neste grupo foram de
uma vez por dia a uma por semana. Um terço das mulheres interroga- das responderam que o seu
desejo sexual igualou ou ul- trapassou o dos seus maridos; 2 terços declarou que o desejo dos
maridos era mais forte do que o delas. E um facto muito conhecido que a frequência do coito é
maior nos recém-casados do que nos casados há muito tempo. Pode-se dizer seguramente que as
pessoas normais podem determinar sem dificuldade com que fre- quência elas desejam o coito.
Não se enganarão se cada acto for consumado como uma expressão de amor ao ponto de um
completo orgasmo e inteira satisfação. A qualidade do acto é mais importante que os intervalos
entre o mesmo.
xxxxxx
CAPfTULO VIII AS DIFERENTES POSIÇÕES PARA O COITO Existem fortes razões
médicas para que se dêem con- selhos aos casais sobre as possíveis variações das posições
durante o acto sexual. As descrições seguintes de algumas destas possibili- dades são dadas,
principalmente para benefício daqueles que precisam destas instruções. Pode haver alguma anor-
malidade física dos órgãos genitais ou então despropor- ções raras de um tipo ou de outro,
devidas a obesidade ou alguma outra causa, que pode impedir uma união normal, diminuindo as
possibilidades de procriação. Há ainda a felicidade do casal a ser considerada, por- que uma vida
de casados normais seria fora de propósito, caso a consumação do acto do amor não fosse
satisfató- ria para ambos. A falta de uma satisfação total na união sexual e o consequente
relaxamento fisiológico da ten- são, pode resultar em graves distúrbios nervosos em am- bos os
cônjuges, apesar de que a mulher sempre sofre mais, pois é ela que mais sente a falta de
relaxamento adequado sob condições anormais. A posição instintiva - No primeiro coito a
virgem, por instinto, ficará deitada e o noivo sobre ela. Outros nomes para esta posição, aliás,
bastante popularizados, são os seguintes: habitual, normal e homem por cima. Nas mais
favoráveis condições a esposa deita-se de costas, abre as coxas até haver lugar entre os seus
jõelhos para os do homem, e dobra as pernas, assumindo uma atitude de relaxamento, tanto
quanto possível. Nesta posição uma
54 DR. LOMBARD KELLY completa intromissão, com o adequado contacto do pénis
com o clítoris (fig. 10) pode ser realizada. Na posição instintiva o marido fica entre as coxas de
sua esposa, mas ele pode deixar uma das suas pernas ou ambas para fora. Esta é uma variação
muito satisfa- tória em coito prolongado. Se a esposa apertar bem as suas coxas depois da
penetração, resulta que se o pénis for pequeno, manter-se-á erecto pela pressão das partes
femininas, também se o pénis for longo demais ele não entrará totalmente o que causaria dor. Se
houver uma grande desproporção entre o comprimento do pénis e a profundidade da vagina, o
marido pode usar uma esponja de borracha para evitar uma penetração completa. Posição com a
mulher por cima - Esta posição pode ser efectuada pela inversão da descrita anteriormente, mas
exige um considerável cuidado para evitar que o pénis escape para fora. Casais experientes
conseguem fazê-lo com o homem deitado de costas e a mulher ajõe- Iha-se sobre ele e se
acomoda para trás sobre a barriga. Então ela estica as pernas e se deita por inteiro, com as suas
coxas entre as dele ou para fora. Principalmente o homem deve guiar o pénis até à vagina, e
depois a mulher poderá sentir a ponta do pénis na entrada da vulva e envolvê-lo ao se acomodar
para trás e para baixo. Esta posição tem pelo menos duas vantagens distin- tas. Ajuda a esposa a
se ajustar ao pénis de tal forma que um contacto total do mesmo com o clítoris se efectua e pode
ser mantido assim. Em adição, a mulher tem completa liberdade de movimentos e pode procurar a
sua própria satisfação num abandono impetuoso de mo- vimentos que seria impossível com o
peso do corpo do homem fazendo pressão sobre ela: Esta posição é acon- selhável quando a
mulher é bem menor .ou mais leve que o marido. O que ficar por cima, seja o marido ou mulher;
nunca deve deixar todo o peso do corpo sobre o outro mas deve suportar o peso do corpo
apoiando-se nos coto- velos ou jõelhos. Somente o peso dos quadris deve ser imposto ao que fica
por baixo. A. felicidade' conjugal de muitas mulheres pequenas ou de támanho médio, tem sido
perturbada pelo descuido dos marzdos que se deitam
AS RELAÇõeS SEXUAIS NO CASAMENTO 55 sobre elas com todo o peso. Na
posição da mulher por cima a mesma experiência desagradável poderia dar-se num homem
pequeno ou de tamanho médio com uma mulher muito mais pesada. Posição lateral ou de lado -
O acto do coito pode começar por esta posição com o homem e a mulher dei- tados de lado e de
frente um para o outro. A mulher coloca a coxa superior sobre a do homem para facilitar a
penetração. Esta posição pode ser praticada, virando- -se de lado, se anteriormente estavam na
posição homem por cima ou mulher por cima. Esta posição recomen- da-se durante a gravidez
avançada ou quando a mulher estiver em condições físicas que não lhe permitam rece- ber todo o
peso do corpo do homem no seu abdómen. Posição de entrada por detrás - O homem e a mu-
lher podem estar deitados de lado, com a mulher de cos- i' tas para o homem. O mesmo
deverá deitar-se bem atrás das nádegas da mulher para uma boa intromissão e para ele esta
posição é satisfatória. Para a mulher esta postura II é deficiente,
pois o pénis entrando por detrás, não toca o ; clítoris. O homem pode facilmente alcançar o
clítoris com i os dedos e afagando-o durante o coito, poderá propor- cionar à mulher um orgasmo
simultâneo. Esta posição é recomendada durante a gravidez, ou quando existir uma obesidade
marcante em um ou em ambos os cônjuges; e em qualquer condição em que a' ; mulher não possa
receber o peso do homem sobre o seu corpo: Na outra posição de. entrada por detrás a mulher
fica de jõelhos ou com os jõelhos encastados ao peito. O homem se ajõelha atrás dela e depois da
introdução pode acariciar-lhe os seios e o clítoris. O pénis não tem contacto com o clítoris nesta
posição. E, a não ser que a mulher alcance o clímax por excessivo ardor, será ne- cessário uma
massagem do clítoris para que ela sinta o orgasmo. Mulheres estéreis ou difíceis de engravidar são
aconselhadas a permanecer na posição de jõelhos contra o peito por algum tempo após a
conclusão do coito, pois nessa postura a eclosão do sémen banhará forçosamente o útero e
poderá ocorrer a fixação do es- permatozóide nesse órgão. Esta posição é aconselhável
56 DR. LOMBARD KELLY 00000 durante a gravidez, mas a descrita anteriormente é
mais fácil para ambos. Posiç6es sedentárias - Com o homem sentado numa cadeira sem braços e
a mulher sentada no seu colo, a in- trodução dá-se quando ela se acomoda. A mulher con- segue
um perfeito contacto do pénis com o clítoris nesta posição especialmente se ela curvar um pouco
as costas e se debruçar sobre o homem. Este, não tem muita li- berdade de movimentos, mas tem
suficiente dose de ex- citação para atingir o orgasmo. Se uma cadeira é usada, a sua altura deve
ser em proporção para permitir à mu- Iher se firmar em suas pernas e tomar a parte activa que
desejam. Esta posição é bem confortável para ambos e é muito afectiva. Quando for necessário o
homem pode excitar o clítoris satisfatoriamente. É também aconse- lhada quando a artrite ou
outro qualquer defeito orgâ- nico impede os movimentos do homem. As posições acima
descritas são fundamentais. Alguns autores descrevem 11 posturas, afirmando que há uma grande
variação. O autor, adquiriu uma vez um pequeno livro de propaganda o qual descrevia várias
posições as quais diferiam das fundamentais em pouquíssima coisa como um dobrar de jõelhos,
etc. Isto, é claro, aproxima- -se do absurdo. Se aparecem dificuldades pela desproporção de
tama- nho dos órgãos generativos, somente a posição não é suficiente para resolvê-las. Algumas
vezes é necessário uma intervenção cirúrgica para corrigir as anormalida- des. Em casos desta
espécIe nem é necessário dizer que o casal deve consultar um médico.
Pergunte-se a milhares de mulheres onde se orgasmo e as respostas serão todas diferentes.
delas dirão que é no clítoris, algumas dirão q vagina e outras que é em ambos os lugares e ainda
afirmarão ue é em toda a arte ou sim q P P que não sabem onde. Claro que é no
clítoris, sintam elas ou não a referida sensação. A percepção da sensação do orgasmo fica nos
cor- púsculos genitais das glândulas ou cabeça do clítoris, assim como no pénis. Os homens
sempre dirão que certa- mente o local do orgasmo é na glande (cabeça do pénis), e não poderia
ser de outra forma, pois os corpúsculos genitais são órgãos altamente sensíveis para a percepção
desta particular sensação, assim como a retina se adapta ao senso da visão e a mucosa do nariz ao
sentido olfác- tico. Assim também o senso do paladar se encontra na Iíngua. No seu livro
ccSentido Sexual da Mulher>>, o autor afirma que na maioria das mulheres, o local do prazer no
coito é o clítoris. Comentando estas conside- rações, um dos maiores biologistas da América, que
re- cebeu um exemplar deste livro, escreveu: ccA cabeça do clitoris pode ser local do órgão
estimulado, mas o orgas- mo é sentido no útero>>. Tal opinião é absurda. É desmentida, em
primeiro lugar, pelo facto de que mulheres cujo útero foi extirpado ainda conservam a capacidade
de sentir o orgasmo, como
58 DR. LOMBARD KELLY antes. Em segundo, seria lógico afirmar que o senso do
paladar fica no estômago, não obstante localizar-se na língua, ou dizer que o orgasmo no homem
fica na prós- tata ou nas vesículas seminais. Não levando em consi- deração os meios de excitação
empregados para levar o indivíduo a atingir o clímax sexual, a sensação é sentida pelos
corpúsculos genitais, e localiza-se onde eles se acham, isto é, na cabeça do clítoris ou na glande
do pénis. O facto do orgasmo na mulher ser sentido pelo clí- toris não significa que seja esta a
única parte do seu corpo capaz de sentir excitação erótica. A dilatação do orifício vaginal pelo
pénis dá à mulher normal a mais voluptuosa sensação; a penetração do órgão erecto, na sua total
extensão, na vagina fremente de desejo, acen- tua esse prazer. Os seios são zonas erógenas de
certa grandeza e muitas mulheres podem ser altamente exci- tadas pela titilação ou sucção de seus
bicos antes ou du- rante o coito. É possível o acariciamento dos seios em qualquer das posições e
na posição face a face com a mulher sentada sobre as pernas do homem, é possível aca- riciá-los e
beijá-los alternadamente, carícias estas que são muito apreciadas pelas mulheres normais.
Algumas mulheres excitam-se com outras formas de carícias: com o mordiscar do lóbulo da
orelha, o alisa- mento da parte interna das coxas, mas a finalidade é sempre a mesma: estimulação
do clítoris, preferivelmente pelo pénis erecto, até ao ponto final do orgasmo. Dois médicos
austríacos dào grande importância ao que eles chamam de orgasmo vaginal. Vão até ao ponto de
afir- mar que, apesar de muito fogosa, a mulher que não atinge o orgasmo no coito normal, e
necessita de massagens do clítoris;.. é -frígida:.. Não há dúvida que quanto mais sensí- vel a
vagina, mais facilidàde tem. a mulher para atingir o máximo gozo sexual por si mesmo, mas, o
orgasmo é no clítoris e não na vagina a qual não possui os cor- púsculos genitais para percebê-lo.
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CAPfTULO X A CAUSA DO ORGASMO SEXUAL Como foi dito nos capítulos da
anatomia dos órgãos genitais, a glande ou cabeça do pénis e do clítoris possuem certas
terminaç?es nervosas peculiares conhecidas por corpúsculos genitais, os quais não são
encontrados em nenhuma outra parte do corpo. Eles correspondem às papilas do paladar que
ficam na língua e são receptoras dos diferentes estímulos do gosto. As terminações ner- vosas da
retina dos olhos são as receptoras da luz. As células capilares do órgão de Corti no ouvido interno
percebem a qualidade e o diapasão do som. Um neuro- -epitélio especial encontrado na cavidade
nasal percebe e diferencia os odores. Na pele algumas terminações ner- vosas percebem o calor e
o frio, são sensíveis à dor, ao toque e à pressão. Uma estimulação suficiente das cor- púsculos
genitais das glândulas do pénis ou do clítoris por fricçáò ou por influência cortical (do cérebro,
trazidas pela imaginação ou por estímulos das zonas eróticas como a vágina ou ós séios)
resúltarão em pessoas de constitui- ção normal no auge ou clímax do sentido séxúal conhe- cido
por orgásmo. A éstranhá nóção dè que as secreções fluídás dè um outro tipo de glândulás
produzem o or- gasmo expelindo-as pelos seus canais, tem sido passada de um livro para outro
por muitas gerações. Em ' 1930 (no livro <<Sentido Sexual da Mùlher>>) o autor chamou a
aténção para estas falsidades, contradizendo a decla- ração de Kraft-Ebing e. outros de que. a
ejaculação do sémen é, no homem, a causa do orgasmo sexual. A prova
GO DR. LOMBARD KELLY está no facto de que o orgasmo pode ocorrer sem haver
ejaculação. Isto vê-se particularmente em meninos que se masturbam antes da puberdade. O seu
orgasmo é idêntico ao dos que o sentem depois que começa a eja- culação, apesar de não
aparecer uma só gota de sémen. Além disso as mulheres, que não têm ejaculação, sen- tem o
orgasmo. Huhner, no seu livro <<Desordens nas Funções Sexuais>>, comete este erro
repetidamente. Ele até faz acreditar que a secreção expelida pelas glân- dulas bulbo-vestibulares
de Bartholin, é a causa do or- gasmo no sexo feminino, apesar de se saber que a fina- lidade desta
secreção é facilitar a introdução do pénis. Esta secreção aparece antes do orgasmo e não há eja-
culação dela na hora do clímax. De facto, a mulher não possui aparelho ejaculatório nenhum.
Durante o or- gasmo e logo após, as mulheres sentem contracções dos músculos
bulbo-cavernosos do fundo da vagina e estas pulsações espasmódicas dão a sensação de
ejaculação. Os mesmos músculos no homem, muito melhor desenvol- vidos, causam a ejaculação
do sémen pelo pénis devido a contracções. Sob controlo voluntário, estes mesmos mús- culos
forçam a saída das últimas gotas de urina pela uretra. Huhner, afirma que uma anestesia local
insti- lada na uretra posterior do homem 15 minutos antes dn coito impedirá o orgasmo. A crença
é de que os canais ejaculatórios ficam paralisados e não podem perceber o orgasmo. Não havendo
orgasmo não há ejaculação. Se não há orgasmo nessas circunstâncias é porque o anesté- sico foi
absorvido e amorteceu os nervos que partem dos corpúsculos genitais. É interessante notar que
Huhner contradiz a sua pró- pria afirmação que o orgasmo é causado pela ejacula- ção do sémen
através dos canais até à uretra posterior. Citemos: <<Masturbatio Incompleta>>. Esta é uma
forma rara descrita por Rohleder e caracteriza-se por um or- gasmo precipitado antes da
ejaculação (o itálico é meu). Por outras palavras, há uma sensação de satisfação que se dá logo no
começo da manipulação e que p6e fim ao acto e não se dá a ejaculação e nem é a mesma
necessária, pois o paciente já teve o seu desejado orgas-
mo. Assim que o paciente leve a sua satisfação (orgasmo) ele pára como se a ejaculação se
tivesse dado. (O itálico continua a ser meu.) É verdade que o orgasmo é algumas vezes muito
fraco, quase imperceptível, mas é sempre forte o sufi- ciente para provocar o acto reflexo de
ejaculação (ou pelo menos a contracção dos músculos que a produz). Nos meninos não há sémen
e nos homens adultos pode haver uma exaustão do conteúdo das glândulas e canais, mas isto não
afecta o orgasmo. De facto, o orgasmo é não somente mais intenso, mas também mais duradouro
no segundo ou nos seguintes contactos. Orgasmos sucessivos nas mulheres também são mais
agradáveis pelas mesmas razôes. A fricção dos delicados corpúsculos genitais tor- nou os mesmos
mais sensíveis e sua resposta melhor. É fácil de entender-se como a luz afecta a retina e como os
nervos ópticos levam os impulsos ao lugar apro- priado do cérebro que percebe a luz. É também
fácil de entender-se como a estimulação dos corpúsculos genitais precipita os impulsos nervosos
que seguem os nervos sen- soriais até ao centro do cérebro que percebe o extremo de sensação de
prazer conhecido como orgasmo.
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CAPfTULO XI IMPORT.4NCIA DO CONTACTO ENTRE PF,'NIS E CLíTORIS
Uma observação cuidadosa das figuras 9 e 10 auxi- liará a compreender uma causa frequente
da falha da mulher em alcançar o clímax no coito. Assim como a fricção dos corpúsculos genitais
das paredes vaginais com a cabeça do pénis estimula este órgão ao ponto do or- gasmo, assim
também a fricção da parte superior do pénis com o clítoris, estimulará este órgão para o mesmo
fim. Nas posiç6es de entrada por detrás, a parte de baixo do pénis não entra em contacto com o
clítoris e quase sempre é necessário que o homem faça massagem no mesmo durante o acto. Em
qualquer outra posição sen- tada, deitada, ou mesmo de pé (a não ser que a mulher seja muito alta
para o homem) e mesmo estando qual- quer dos dois por cima, se deitados, um excelente con-
tacto pode ser obtido. Na posição do homem por cima, deitados, o homem deve ficar para a
frente e o seu pénis curvado para a frente como se vê na ilustração do método correcto para o
coito (fig. 10). Deve haver uma saliência nos pés da cama para o marido ter um apoio e
conservar-se bem para a frente. A esposa deve deitar-se suficientemente perto dos pés da cama
para facilitar esta manobra. Na posição da mulher por cima é fácil para ela ajeitar-se sobre a
superfície superior do pénis. Em suma, ela tem perfeita liberdade de movimentos e na maioria dos
casos será necessário um sinal para que ela retarde a eclosãn
G? DR. I.OMBARD KELLY sexual a fim de evitar um fim rápido demais para o ho-
mem. Com a mulher sentada nas pernas do homem é fácil para ela curvar as costas para permitir
que o clíto- ris entre em satisfatório contacto com o pénis. A maioria dos casais pode aprender a
sentir os sinais da aproximação do orgasmo no outro e com um exer- cício de controlo atingir o
clímax juntos. Se a mulher for muito lenta, o homem deve esfregar o clítoris com delicadeza, no
ritmo das relações, até que ela atinja o supremo gozo juntamente com ele. É verdade que algu-
mas mulheres não conseguem atingir o orgasmo nas rela- ções sexuais normais, mesmo que sejam
contínuas e vi- gorosas, mas essas mulheres podem atingir o clímax uma ou até cinco vezes
durante uma hora e meia ou duas horas pela massagem paciente do clítoris. Infelizmente, há ainda
outras mulheres que não conseguem um final satisfatório em circunstância alguma. (Vide cap.
13). É possível a um homem controlar os sentidos e con- tinuar o coito por bastante tempo,
empurrando a base do pénis contra o clítoris com um movimento de lado para lado ou rotativo,
sem retirar o membro da vagina. A ponta do pénis permanece em contacto com o colo do útero e
a fricção aí é mínima, mas a fricção da base do pénis é suficiente na maioria dos casos para excitar
o clítoris até ao ponto necessário. A mulher, no entanto, deve permanecer passiva, por- que se
ela mexer com as nádegas e esfregar a vagina no pénis, o homem não se poderá conter por muito
tempo. É ir-se muito longe, querer dizer que para a mulher atingir o gozo sexual é necessário
que o pénis sempre esteja em contacto com n clítoris. Há algumas mulhe- res que podem chegar a
esse ponto máximo do coito por estimulação mental ou por pensamento de homens atraentes ou
estando na sua presença. Estas são, é claro, excepcionais. A mulher comum requer uma
massagem no clítoris pelo pénis ou por um dedo, de um a vários minutos, para que a fricção
contra os corpúsculos genitais produza a estimulação requerida para o escape climáctico do
agudo desejo sexual.
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CAPfTULO XII COMPARAÇ'.40 DO IMPULSO SEXUAL ENTRE O HOMEM E A
MULHER O relato seguinte é na sua maioria uma condensa- ção do capítulo sobre este
assunto no meu trabalho inti- tulado <cSentido Sexual da Mulher>> publicado em 1930.
Havelok Ellis disse que o impulso sexual no homem é de grande importância sob o ponto de vista
social, mas este deve ser bem entendido. O mesmo eminente sexo- logista diz que ao comparar o
impulso sexual no homem e na mulher dever-se-á procurar diferenças qualitativas e não
quantitativas. É certo que a vasta maioria dos homens é considerada quase igual na sua natureza
se- xual, enquanto que as mulheres aparentemente normais variam muito num sentido vasto. Há
homens, é claro, que são assexuais, apesar de parecerem normais; eles não possuem o impulso
sexual e são impotentes, senão esté- reis. Para cada homem desse tipo, no entanto, há deze- nas
de mulheres que são frias ou sexualmente sem atrac- tivos. As mulheres frias e as sexualmente
sem atractivos, no entanto, apaixonam-se, casam-se e têm filhos. Ellis diz que havia uma
tendência, no passado, para considerar as mulheres como elementos sobrenaturais na vida, mais
ou menos superiores aos homens, e por outro lado, uma tendência para considerá-las como
especial- mente personificadoras do instinto sexual e peculiarmente prontas a exibir as suas
manifestações. Diz mais: que a ideia de que as mulheres pudessem ser congenitamente incapazes
de ezperimentar uma completa satisfação se-
?0 DR. LOMBARD KELLY xual e serem extremamente sujeitas à anestesia sexual
tornou-se mais conhecida no século XIX. Vários autores, de Hipócrates por diante, têm em-
pregado ambos os lados do argumento que discute qual o sexo que possui o maior impulso e que
tira o maior prazer da posse sexual. Algumas destas divergências são as seguintes: Num tratado
atribuído a Hipócrates diz-se que os homens têm maior prazer no coito que as mulheres ape- sar
do prazer das mulheres durar mais. Laurentius es- creveu, em 1599, que os homens têm um
desejo sexual mais intenso e maior prazer no coito que as mulheres. Num livro muito popular,
publicado no século XIX, um cirurgião de nome Acton vai ao extremo absurdo de ne- gar às
mulheres qualquer conhecimento ou desejo do sexo. Ele dizia que as mulheres, na Inglaterra, se
bem educadas, eram e deviam ser absolutamente ignorantes de todos os assuntos relacionados ao
sexo. Ele considerava a ideia de que as mulheres possuissem sentido sexual <<uma vil calúnia>>.
Outra opinião do século XIX en- contrada na <<Enciclopédia de Ree>> era a seguinte:- <<que
um fluido mucoso era, algumas vezes, encontrado nos órgãos internos e na vagina durante o coito
mas que isto só acontecia às mulheres lascivas ou às que viviam luxuriosamente>>. Vários outros
autores têm sido citados por dizerem que o impulso sexual no homem é maior que na mulher.
Muitos destes também considera- vam que um impulso sexual bem desenvolvido nas mu- lheres
não era natural e era sinal de alguma coisa anor- mal. As razões para acreditar que as mulheres
eram tão desprovidas de sexo, eram quase sempre tão sem base como as citadas de que os judeus
atribuiam à mulher desejos maiores que os do homem (Gen. 3 XVI). <<A mulher, Ele disse:.
Multiplicarei as tuas dores e a tua concepção; em dores parirás teus filhos, o teu desejo será o do
teu esposo e ele governará sobre. ti>>. As palavras contidas em Gen. 3, XVII, seriam mais bem
aplicadas: - <<E ele disse a Adão: - Porque ouviste a voz de tua mulher e comeste da árvore que
eu havia proibido, dizendo - dela não comerás! Maldito é o chão
AS RELAÇõeS SEXUAIS NO CASAMENTU 71 por tua culpa: comerás com o
suor do teu rosto o resto da tua vida>?. Os seguintes autores atribuiam maior concupiscência às
mulheres: << ... em todas as páginas da história - escreveu Brierre de Boismont - poderás
conhecer a predominân- cia de ideias eróticas na mulher?>. Numa passagem ci- tada por Galeno,
foi dito que os cristãos praticam o ce- libatn e <<que até muitas das suas mulheres o fazem>>.
Ellis diz que os antigos pais cristãos claramente demons- travam que eles consideravam as
mulheres como mais inclinadas ao gozo sexual do que os homens. Ele diz adiante que, a despeito
da influência do cristianismo en- tre as raças bárbaras da Europa medieval, a existên- cia do
apetite sexual nas mulheres era considerado, como se tornou mais tarde, um assunto que não
devia ser es- condido ou negado: Dois anos depois de Guilherme, o Conquistador, invadir a
Inglaterra, as esposas dos seus cavaleiros mandaram-lhes recados dizendo que estavam
consumidas pelas devoradoras chamas do desejo e que se eles não retornassem dentro de ' muito
breve, elas se propunham arranjar outros maridos. De acordo com Ellis, o humanismo e a
propagação do movimento da Renascença trouxeram um espírito mais compreensivo em relação à
mulher: No século XVII um livro de Venette dizia que em assuntos de amor os homens são
crianças em comparação com .as mulheres'. Nnste assunto, . escreveu ele; as mulheres têm uma
ima- ginação mais viva; têm mais tempo para pensar no àrrior, são mais lascivas e. mais amorosas
que os homens. De- pois concluiu, . como Hipócrates, que o prazer do homem no coito é maior
mas .o rla mulher é mais duradoiro. Al- guns autores argumentaram que. o prazer sexual é <<mais
delicioso e mais demoradov nas ; mulheres porque elas têm um sistema nervoso mais' .sensível,
.uma pele mais delicada, sentimentos. mais aguçados e porque nas mu- lheres os seios são locais
de viva: sensibilidade de acordo com o útero (vúlva e: vagina): Depois de 30 anos de prática na
Rússia; Guttceit diz que uma rapariga não pode resistir aos impulsos cada vez mais fortes do
sexo, depois dos 22 ou 23 anos, que
72 DR. LOMBARD KELLY se elas não podem obedecer aos impulsos naturais, então
adoptam meios artificiais, que a opinião de que o sexo feminino sente menos os estímulos do sexo
do que o ho- mem é falsa. Em 1892, Eklund, um médico sueco, observou que, de um terço a um
quarto dos nascimentos na Suécia são ilegítimos; também que nunca se ouve falar de mulhe- res
seduzidas porque a luxúria é pior nas mulheres que, como regra, é a parte sedutora. Em 1895,
Wittenberg relatou que na parte oposta do Báltico, no distrito de Kõenisgsberg, as relações
sexuais antes do casamento sso a regra em muitas vilas, entre as classes trabalhado- ras. <<As
jovens são quase sempre as partes sedutoras, ou pelo menos muito aquiescentes; elas procuram
atrair os amantes e compeli-los ao casamento>>. No distrito de Koslin na Pomerânia, diz ele, o
coito entre jovens é comum e que são as raparigas que os pro- curam nos quartos deles com mais
frequência que eles nos delas. Nos distritos de Dantzig, as moças se entre- gam aos rapazes, e
mesmó, os seduzem, algumas vezes com vista no casamento, mas nem sempre. Mantegazza,
uma das maiores autoridades em sexolo- gia concluiu que as emoções sexuais são mais fortes nas
mulheres que nos homens, e que as mulheres têm mais prazer com as relações sexuais. Atribuiu
isto à complexidade maior do aparelho ge- nital da mulher assim como à grande superfície e. posi-
ção protegida, à sua mais profunda sensibilidade e. ao mistério no qual se envolve o sexo, para
elas, devido à sua modéstia e hábitos sociais. Num trabalho mais re- cente, ele escreveu que as
mulheres têm maiores limites de variações que os homens. Encontrou entre os homens muito
poucos que fossem totalmente insensíveis aos pra- zeres do amor, e também poucos que, pela
violência de suas manifestações emocionais, fossem levados a um es- tado de síncope ou
convulsões. Enquanto que, encon- trando algumas mulheres que eram completamente insen-
síveis, conheceu outras que ficavam tão violentamente excitadas pelos prelúdios do amor físico
que, depois do contacto sexual, desfaleciam ou ficavam em estado cata- léptico durante horas.
AS RELAÇõES SEXUAIS NO CASAMENTO 73 Muitas outras opiniões como
estas poderiam ser da- das mas estas devem ser suficientes. O autor deseja, no entanto, emitir os
conceitos dados pelo Dr. Charles E. Galloway ao discutir um trabalho publicado na Revista da
Associação Médica Americana, de 21 de Outubro de 1939, sob o título: <<A responsabilidade da
profissão mé- dica no movimento para Controlo de Filhos>>. << ... as mulheres não encontram a
sua principal ex- pressão sexual no coito e sim na reprodução ... muitas mulheres e a maioria dos
homens são levados a acreditar que a vida sexual da mulher devia imitar a do homem, e os nossos
psicólogos parecem ser os principais respon- sáveis por esta errónea (sic) noção. Todo o livro
erótico está cheio da mesma ideia. As mulheres discutem o assunto livremente nestes dias e vão
aos seus médicos com a pergunta: - <<Porque o coito não é para mim como o é para o meu
marido?>> A resposta, penso, é esta:- <<Porque é que o seu marido não tem metade dos
filhos?i>. É totalmente fora de moda argumentar que as mu- Iheres não têm, no coito, o mesmo
prazer que os homens porque elas têm a função de ter os filhos. A natureza certamente pretendeu
que o contacto sexual do homem e da mulher fosse intensa e mutuamente desfrutado. A mulher,
que sofre as dores do parto e todos os seus pre- cedentes desconfortos e depois as
responsabilidades, deve- ria ser mais favorecida pela natureza neste particular. O dr. Galloway
também afirmou na sua explanação que as mulheres estão sempre tão ocupadas criando os filhos
que não têm tempo para uma introspecção. Disse mais ainda: que não havia meios satisfatórios
para evitar a gravidez. O dr. John Zell Gaston, de Houston, no Te- xas, refutou esta errónea
opinião com a seguinte tabela: - << ... de 2.500 mulheres, com o método Ogino houve um total
de 37 falhas e uma eficiência de 98,5 %. A maioria destas falhas, deve-se acrescentar, são devidas
ao paciente e não ao métodov. Felizmente, reconhece-se agora, que a vasta maioria das mulheres
é normal, e a maioria destas, com a téc- nica apropriada, podem gozar o contacto sexual como
manda a natureza, pois são tão aptas como os homens e uma boa percentagem mais ainda. A
mulher normal
DR. LOMBARD KELLY também pode ter um grande número de orgasmos como o
homem normal, dentro de um determinado prazo de tempo. O autor concorda com Nystrom, o
qual concluindo um capítulo sobre as causas da frigidez sexual na mu- Iher, disse o seguinte:
<<Minha convicção, baseada na experiência, é de que somente um pequeno número de mulheres
não teria sensações sexuais se fossem bem orien- tadas e instruídas a esse respeito, se toda a
atenção fosse dada à profunda devoção, a ternas carícias como pre- liminares do amor no
casamento, e se os casais que dese- jam evitar filhos, usassem métodos preventivos ao invés do
<<coitus interruptus>> (retirada do membro). Ninguém duvida de que o impulsó sexual varia no
homem e na mulher. Em pessoas normais de ambos os sexos os im- pulsos devem ser como a
natureza determina, comple- mentos de um para o outro. Ambos os sexos são ?iota- dos de todos
os órgãos anatómicos necessários a um mútuo prazer. Se os impulsos não são iguais, não dife-
rem muito, o amor verdadeiro pode ainda proporcionar um feliz e auspicioso casamento. Se o
impulso é muito fraco, pode às vezes fortificar-se por um tratamento apro- priado. Em casos de
uma verdadeira insensibilidade se- xual ou ausência congénita de todo o sentimento sexual, pouco
ou nada se pode fazer.
xxxxx
CAPfTULO XIII FRIGIDEZ E ANESTESlA SEXUAL NA MULHER A frigidez pode ser
definida como um estado no qual há uma latente capacidade para a satisfação sexual, exi- gindo
apenas as condições apropriadas para a tornar efec- tiva. O termo técnico para a frigidez é
hiJedonia e quer dizer baixo ou anormal sentido sexual. Este estado di- fere marcantemente da
anestesia sexual, ou anhedonia, na qual há uma ausência total do impulso sexual, não existindo
desejo nem sentido sexual. Este estado é conhe- cido também por cegueira erótica. Dados
absurdamente altos para ambas as condições foram feitos por vários observadores: frigidez em 50
% de mulheres em geral, e em 75 % de mulheres casadas em Nova Iorque; anestesia sexual em 10
a 15 %, ou 10 a 66 %, dependendo de quem estava fazendo a estatística. Algumas das supostas
causas destes estados são distúr- bios nervosos, ausência congénita de sentidos sexuais, inibição
devido à natureza do treinamento convencional que uma mulher culta recebe, e a amenorreia
(cessação do fluxo menstrual). O último, no entanto, é apenas um sintoma: a causa seria uma
função ovariana anormal ou saúde em geral fraca. Esta discussão refere-se a mu- lheres
aparentemente normais, quer dizer, as de com- pleição feminina e características secundárias do
sexo, isto é, seios, pêlos pubianns, voz afinada, etc. Homos- ,exuais e mulheres cujos ovários
nunca se desenvolve- ram ou cujos ovários foram extraídos, não foram incluí- das.
7G Dft. LOMBARD KELLY A frigidez e a anestesia sexual, são ambas relativas e a
primeira é curável. A última condição pode ser re- movida se não houver uma ausência congénita
dos cor- púsculos genitais do clítoris. A próprio cura deve ser a técnica amorosa do homem, ou
então o poder de su- gestão, aplicado por um médico perfeitamente qualifi- cado. É quase certo
que a continuação da frieza sexual numa mulher casada é quase sempre consequência da sua
atitude em relação ao marido, ou à falta de habili- dade do mesmo como amante. Existe também
a incerteza da exacta significação des- tes termos. Eles não podem ser aplicados às mulheres que
têm um desejo marcante pelas carícias sexuais, ape- sar de serem incapazes de um orgasmo
durante o coito normal. Alguns autores classificam de frígida qualquer mulher que não possa ter
um orgasmo naturalmente. Dois psicanalistas inventaram o que eles chamam de or- gasmo vaginal
e classificam de frígida a qualquer que não possa senti-lo. Uma destas mulheres frígidas que o au-
tor teve a ocasião de conhecer, nunca conseguiu atingir o clímax da cópula normal, mesmo que o
acto fosse muito longo ou vigorosamente continuado, com o pénis bem contra o clítoris, no
entanto esta mesma mulher poderia sentir de 3 a 5 orgasmos num coito, prolongado (umas duas
horas) pela massagem do clítoris durante o acto, o homem a retardar e acabando somente uma
vez, simul- taneamente com o último orgasmo dela. Muitas mulhe- res podem sentir repetidos
orgasmos durante um ou vá- rios coitos, mesmo aquelas que requerem massagem do clítoris,
durante o acto sexual. Chama-se a atenção, em outra parte deste livro, para o facto de não haver
corpúsculos genitais na vagina; que estas altamente sensíveis terminações nervosas tor- nam
possível a sensação do orgasmo, assim como as papilas do paladar, na língua, diferenciam os
vários sa- bores. Somente a cabeça do pénis e a do clítoris pos- suem corpúsculos genitais e é
neles que a sensação do gozo sexual se localiza. O autor tem perguntado a mui- tas mulheres
onde sentiram elas o orgasmo. O número maior delas respondeu imediatamente que é no clítoris,
algumas disseram que é no clítoris e na vagina; muito
AS RELAÇáES SEXUAIS NO CASAMENTO 77 poucas disseram apenas: Em
toda a parte. É claro que ao sentir um pénis erecto na vagina a mulher tem um grande prazer e
satisfação, no auge da paixão, até os seios são capazes de sentimentos eróticos bem definidos;
mas as sensações não podem ser sentidas onde não há órgãos sensoriais para percebê-las. Não há
nenhum na vagina para esta sensação especial. ...?.?lComo uma indicação de que houve exagero
na esti- mativa sobre a frigidez e a anestesia sexual, pode citar- -se o facto que autoridades
máximas neste assunto, hoje acreditam que em indivíduos saudáveis (não patológicos) não se
pode encontrar um caso de absoluta inabilidade de experimentar algum sentido sexual ou desejo.
Na vasta maioria das mulheres há algum grau de impulso sexual, dependendo a extensão da
exteriorização deste desejo, de diversas circunstâncias. O autor não duvida que a maio- ria das
opiniões sobre a crença da predominância da frigidez ou anestesia sexual entre as mulheres é
devida à rapidez com que os homens atingem o orgasmo e à demora com relação à mulher, que
quase sempre deixa de senti-lo em coitos normais, ou nunca o sente, a não ser com massagens do
clítoris. Distúrbios nervosos nas mulheres são quase sempre atribuídos ao desejo insatisfeito,
desejos estes aumenta- dos durante o coito, ou antes dele, e não satisfeitos em consequência da
maior rapidez do homem em atingir o orgasmo. Diz-se que muitas mulheres, temendo o resul-
tado deste desejo insatisfeito, conseguem reprimir os im- pulsos sexuais e assim tornam-se
sexualmente frígidas ou anestesiadas, ao passo que se fossem amadas satisfa- toriamente por um
espaço de tempo suficiente para per- mitir-lhes integral satisfação de um coito bem sucedido, não
seriam assim sacrificadas. Os efeitos trágicos que podem advir de impróprias práticas sexuais
causadas pela ignorância do marido em matéria de sexo, são ilustradas pela seguinte passagem de
um artigo do dr. N. M. Owensby, de Atlanta, publi- cado na Revista Urológica e Cutânea (Agosto
de 1929). <<Uma mulher de trinta anos, apresentou-se ao au- tor queixando-se dos nervos. A
sua história pré-natal era a de qualquer Miss Babbit da rua Principal. Quando se
78 DR. LOMBARD KELLY casou, o salário do seu marido era o mesmo de qual- quer
casal comum, e eles viviam no mesmo plano social dos seus conhecidos. No entanto eles achavam
que não podiam ter um filho nessa ocasião, e pensavam que de- viam esperar até que um aumento
de ordenado fosse obtido. Assim, empregaram o <<coitus interruptus>> (reti- rada do membro
antes da emissão) durante os dois pri- meiros anos e então começaram a usar contraconceptivos.
Durante todo esse tempo ela nunca experimentou um or- gasmo e parecia tornar-se cada vez mais
nervosa. O médico consultado para este estado de nervos?re- comendou que ela tivesse um
filho. As suas condiçóés financeiras haviam melhorado e eles poderiam criar um filho de
conformidade com o <<standard>> de vida dos seus vizinhos e então começaram a ter relações
sexuais sem evitar a gravidez. Ela engravidou no primeiro mês, mas o seu nervosismo aumentou
cada vez mais. Depois do parto ela enervou-se tanto com a criança que a mesma foi para casa da
avó materna até que ela recuperasse a saúde. A satisfação sexual não foi conseguida mesmo
depois de terem abandonado os meios contraconceptivos, e então ela decidiu que tinha algum
distúrbio orgânico ou alguma anormalidade no seu desenvolvimento pélvico. As suas atenções
concentraram-se nos órgãos genitais e então apareceu-lhe uma disfunção menstrual. Algumas
pequenas intervenções cirúrgicas foram feitas e final- mente efectuou-se uma extirpação completa
dos ovários, útero e apêndice. Outras operações se seguiram para remover aderências e também
para extirpar amígdalas, tiróide, e uma drenagem na vesícula foi executada na ocasião. Tratada
uma sinusite começou a usar óculos, mas o nervosismo persistia. Depois de tudo isto, ela
começou a tomar extracto ovariano. Na ocasião em que ela consultou o médico, estava in-
válida há quase dez anos, e durante esse tempo nenhum médico a havia interrogado sobre a sua
frigidez. As ope- rações haviam fixado um reflexo condicionado, sem ne- nhuma probabilidade de
reconhecimento e portanto o tratamento a seguir neste caso era a educação psicote- rápica e
ocupações le?es, as quais pelo menos foram
AS RELAÇÕES SEXUAIS NO CASAMENTO 79 suficientemente benéficas
para ajudá-la a continuar vi- vendo>>. Este caso é apenas uma das muitas tragédias que nos
rodeiam e que são devidas ao descuido de não interrogar sobre a vida sexual os nossos pacientes.
Felizmente há centenas de outros casos que foram tratados apropria- damente, sendo removida a
causa responsável pela frieza sexual. A personagem do caso anterior era como muitas mulheres
que, possuindo um definido impulso sexual e não encontrando satisfação para o mesmo, com os
desa- pontamentos sucessivos nos seus primeiros anos de ca- sada, quando o casal praticava o
<<coitus interruptus>>, ha- viam contrariado tanto suas aspirações que ela não se pôde adaptar à
condição diferente. Se seu marido tivesse tido alguns conhecimentos de fisiologia ele poderia, sem
dúvida, tê-la satisfeito e assim impedir os factos desa- gradáveis que se seguiram. Não se pode
deixar de chamar a atenção devida de que o <<coitus interruptus>>, ou a retirada do membro an-
tes da ejaculação é uma coisa estúpida, anti-natural e altamente prejudicial, tanto ao homem como
à mulher, mas especialmente à última, na qual a falta de orgasmo deixa os órgãos pélvicos
congestionados e todo o seu sexo perturbado e insatisfeito. Como já foi dito noutro lugar deste
livro, de todos os métodos para se evitar fi- lhos, este é certamente o menos recomendável. A
seguinte pergunta (de um médico do Õeste) apa- receu na secção: <<Questões e Notas>> da
Revista da Asso- ciação Médica Americana (Março de 1940). - ao Editor: Estou interessado em
saber o método de tratamento pnra a frigidez ou a falta do prazer sexual nas mulheres.
Qualquer informaçño que me possa dar ou qualquer livro que possa ser reco- mendado
seriam muito apreciados. - Resposta: - O tratamento da frigidez nas mulhe- res depende do
diagnóstico profundo da causa da mesma. Na vasta maioria dos casos a causa é o marido. A im-
potência, parcial ou completa, é uma das causas princi- pais da frigidez na esposa. A ?prática do
coito incom- ~ AS RELAÇÕES SEXUAIS NO CASAMENTO 79
suficientemente benéficas para ajudá-la a continuar vi- vendo>>. Este caso é apenas uma das
muitas tragédias que nos rodeiam e que são devidas ao descuido de não interrogar sobre a vida
sexual os nossos pacientes. Felizmente há centenas de outros casos que foram tratados apropria-
damente, sendo removida a causa responsável pela frieza sexual. A personagem do caso anterior
era como muitas mulheres que, possuindo um definido impulso sexual e não encontrando
satisfação para o mesmo, com os desa- pontamentos sucessivos nos seus primeiros anos de ca-
sada, quando o casal praticava o <<coitus interruptus>>, ha- viam contrariado tanto suas
aspirações que ela não se pôde adaptar à condição diferente. Se seu marido tivesse tido alguns
conhecimentos de fisiologia ele poderia, sem dúvida, tê-la satisfeito e assim impedir os factos
desa- gradáveis que se seguiram. Não se pode deixar de chamar a atenção devida de que o
<<coitus interruptus>>, ou a retirada do membro an- tes da ejaculação é uma coisa estúpida,
anti-natural e altamente prejudicial, tanto ao homem como à mulher, mas especialmente à última,
na qual a falta de orgasmo deixa os órgãos pélvicos congestionados e todo o seu sexo perturbado
e insatisfeito. Como já foi dito noutro lugar deste livro, de todos os métodos pars se evitar fi-
lhos, este é certamente o menos recomendável. A seguinte pergunta (de um médico do Õeste)
apa- receu na secção: <<Questões e Notas>> da Revista da Asso- ciação Médica Americana
(Março de 1940). ao Editor: Estou interessado em saber o método de tratamento para a
frigidez ou a falta do prazer sexual nas mulheres. Qualquer injormaçrro que me possa dar ou
qualquer livro que possa ser reco- mendado seriam muito apreciados. - Resposta: - O
tratamento da frigidez nas mulhe- res depende do diagnóstico profundo da causa da mesma. Na
vasta maioria dos casos a causa é o marido. A im- potência, parcial ou completa, é uma das
causas princi- pais da frigidez na esposa. A prática do coito incom-
80 DR. LOMBARD KELLY pleto ou retirada antes da ejaculação é outra causa da
frigidez; o orgasmo na mulher vem muito mais tarde que no homem e portanto quando o marido
retira o pénis antes do seu orgasmo, necessariamente a sua es- posa ainda não sentiu o dela.
Quando esta prática é empregada durante meses ou anos, a mulher acaba por se aborrecer de todo
o acto sexual. Em muitos casos o marido pensa somente em si próprio e não tenta des- pertar a
paixão nem o desejo na esposa, antes do coito. O tratamento desta forma de frigidez é a
educação. Deve-se lembrar que o desejo sexual nas mulheres pudicas só se desenvolve muitos
meses depois do casa- mento, e a frigidez pode ser considerada quase normal durante este
período. Há uma outra forma de frigidez devida a uma con- dição orgânica nas mulheres, a
saber: parcial ou com- pleta anestesia sexual na membrana mucosa da vagina. Deve ter-se
experiência, no entanto, para fazer este diag- nóstico, pois, as diferentes porções da região genital
fe- minina têm graus diferentes de sensibilidade. O trata- mento consiste em inserir um grande
eléctrodo vaginal e administrar a corrente durante dez minutos. Tratamentos desta espécie devem
ser feitos duas vezes por semana. A mulher absolutamente frígida não se queixa pois o sexo não
significa nada para ela, portanto, quando uma mulher se queixa é sinal de que ela tem algum
desejo sexual. Há, é claro, casos de frigidez psíquica nos quais a mulher foi criada de uma maneira
tal que considera tudo que pertença ao sexo como animal ou degradante. Tais casos não são
muito frequentes e, se a mulher se casar com um homem adequado, melhora com o tempo sem
nenhum tratamento. Esta condição foi identificada com o nome de <<frigidez intelectual>?. Em
casos de masturbação crónica, os centros do cé- rebro em conexão com o clítoris des?nvolvem-se
em de- trimento dos centros em conexão com a membrana mu- cosa da vagina. O tratamento não
consiste em fazer o marido provocar o orgasmo durante o coito pela titilação do clítoris, mas
persistindo em praticar o coito normal para desenvolver os centros apropriados>>. A esta
resposta, um médico de Nova Iorque fez os se-
AS RELACáES SEXUAIS NO CASAMENTO ßt guintes comentários, numa carta
publicada na mesma re- vista, de Maio de 1940. ao editor: -A resposta ao consulente acima,
dei- xou de mencionsr uma forma de fri- gidez que pode ser considerada cons-
titucional e talvez hereditária. Uma jovem senhora consultou-me há alguns
anos atrás porque a sua vida conjugal era um fracasso por causa da sua frigidez.
Durante as relações sexuais ela não tinha sen- sação nenhuma. O que mais a preo-
cupava era o facto de que as duas irmãs e sua mãe, também eram assim
constituídas e a vida de casada de sua mãe era muito infeliz devido à falta de
sentido sexual. Ela temia que o mesmo lhe acontecesse. Suas irmãs sofriam, assim
como sua mãe, o mesmo embaraço com seus mari- dos. Elas estavam casadas com
ho- mens que eram sexualmente normais e a sua falta de interesse sexual e a
sua inabilidade em simular tal inte- resse eram a causa de constantes lu- tas e
alterações em seus lares. A pa- ciente temia que o mesmo lhe acon- tecesse.
No exame constatou-se que não havia resposta sensorial alguma no clítoris nem
na vagina tanto à mani- pulação manual como à corrente eléc- trica. Ela era
absolutarnente aneste- siada nessas regiões. O exame da mãe, assim como das
irmãs, deu igual resultado. A inquirição da mãe e das irmãs separadamente revelou
que não houve nenhum defeito de educação como responsável por desgostos ou
medo da vida sexual. O facto de que
82 DR. LOMBARD KELLY três jovens esposas e sua mãe eram
sexualmente frígidas e incapazes de simular um interesse sexual, levou à conclusão
de que essa condição deve ter sido um <<ponto morto>> na esfera sexual,
provavelmente de carácter hereditário. ? O autor gostaria de fazer alguns comentários
sobre essa resposta. Principalmente, a natureza relativamente insensível das paredes vaginais tem
sido observada por muitos autores de nomeada, inclusive Havelock Ellis. A ideia de que uma
vagina super sensível ao invés de um clítoris normalmente sensível, é essencial a uma mu- lher
para que sinta o orgasmo num coito normal, é coisa recente. Muitas mulheres desenvolvem
gradualmente a habilidade de chegar ao orgasmo sexual, normalmente. Se isto ocorresse durante
um tratamento pela aplicação da corrente galvano-sinusoidal, através de um eléctrodo vaginal,
este meio de tratamento era aceitável. A ideia de que há mais rlo que um centro no cérebro para
a percepção do orgasmo sexual é teoria pura. Nada se conhece de definitivo sobre este centro ou
centros. Os casos de anestesia sexual, congénita ou hereditá- ria relatados pelo médico de Nova
Iorque, são pouco comuns, não obstante terem ocorrido quatro casos em pessoas da mesma
família. Outros exemplos não são tão raros mas não se pode dizer que ocorram sempre. Este
autor só viu dois casos nos quais uma prolongada massagem do clítoris não pro- duziu uma
reacção qualquer. Para anhedonia ou completa anestesia sexual de ori- gem congénita ou
hereditária quase nada se pode fazer. Tais mulheres podem conceber e ter filhos e quase sem- pre
demonstram ser boas esposas e mses. Se o marido demonstra ser do tipo que não se incomoda
com o prazer da esposa nas relações amorosas, o casamento pode ser feliz e sem preocupações.
A.opinião de que a mulher para conceber deve sen- tir o orgasmo juntamente com o marido não é
verda- deira. Muitas mulheres nunca atingem o orgasmo até
?? AS RELAÇáES SEXUAIS NO CASAMENTO
8 ? depois do nascimento do primeiro filho; muitas outras têm um filho em seguida a outro sem
sequer saber o que é orgasmo. Para a mulher com hifedonia ou frigidez sexual há esperança.
Geralmente depende da atenção do seu ma- rido e do sucesso da sua técnica como amante. O
autor não vê objecção na massagem do clítoris pelo homem du- rante o coito. O orgasmo
simultâneo pode ser obtido por este método e esta ideal consumação do acto de amor nem
sempre se dá nem mesmo quando a mulher alcan- ça o clímax sem ajuda. A psicanálise tem, sem
dúvida, o seu lugar na frigidez causada por uma educação repres- siva ou por incidentes infelizes
durante a infância ou a adolescência. As causas físicas ou orgânicas deveriam ser eliminadas antes
do psicanalista decidir que a per- turbação se localiza na mente. Drogas, agentes, condições ou
ambiente que excitam o apetite sexual (aumentam a libido) são conhecidos como afrodisiacos. As
influências opostas são chamadas ana- f rodisiacos. O uso de vários agentes medicinais para
estimular as forças sexuais é tão velho quanto a história da me- dicina. É estranho dizer-se que
algumas das drogas que ainda se usam no arsenal afrodisíaco de hoje, eram usa- das nos tempos
antigos. Bem poucas drogas aguentaram o teste do tempo e hoje os agentes e remédios afrodisía-
cos quase não se usam mais. O autor teve muita difi- culdade em encontrar alguma literatura
sobre o assunto. Até mesmo alguns livros sobre farmacologia não regis- tavam as palavras
afrodisiaco ou anafrodisiaco no seu texto. Nenhum remédio sob este título está relacionado no
livro <<Drogas úteis>>, publicado por estudantes de me- dicina e pela Associação Médica
Americana. Pelouze, no seu <<Urologia de Consultório>>, diz: - É um facto conhecido que não
existe uma droga afrodi- síaca que cause benefício a estes pacientes (impotentes).
Afortunadamente, tais pacientes ficando sob os cuidados de um médico compreensivo e
interessado, não precisam de tais drogas. É evidente também que esses preparados com glândulas
sexuais tão decantados pelos seus fabri- cantes não têm poder nenhum para tal tratamento. As
?t4 DR. LOMBARD KELLY afamadas operações rejuvenescedoras saíram do
quadro t~ médico de um modo tal que não deixaram glória nenhuma para aqueles que tão
dramaticamente fizeram sua propa- ganda. Pelouze não relacionou nenhum afrodisíaco. Pre-
parados potentes de glândulas têm sido descobertos desde que ele escreveu as
declarações anteriores. Como o seu quase semelhante, o éter, o álcool pri- meiro
estimula e depois deprime. O álcool pode ter um efeito afrodisíaco sob certas condições e se
não for to- mado em demasia. Uma depressão geral aumenta com a aproximação da
embriaguez e o desejo sexual e a potên- cia desaparecem com a perda da força de
coordenação. As dietas podem ser afrodisíacas ou anafrodisíacas no seu efeito. O leitor
deve ler em livros sobre nutrição al- guns esclarecimentos a esse respeito. O tratamento
por meio de drogas pode aumentar a capacidade da mulher em sentir os prazeres sexuais
assim como pode ajudar o homem. As drogas não agem sobre o desejo sexual, mas
podem estimular a medula espinal e tornar a erecção dos órgãos generativos de ambos os
sexos mais forte e mais duradoura. No <<A esposa frígida>>, o dr. Archibald P. Hudgins
(Tempos médicos, Dez. 1945 e Jan. 1946) discute a apli- cação de um unguento no
clítoris e entrada da vagina e fazer uma massagem com o mesmo durante 5 minutos,
podendo proceder-se ao coito logo após ou 4 a 5 horas depois. O desejo sexual em
algumas mulheres é aumentado pela aplicação livre de loções para as mãos, na vulva.
As hormonas são quase sempre empregadas com su- cesso para produzir um efeito
afrodisíaco. Andrógenos (hormonas sexuais masculinas) poderão algumas vezes
estimular a libido, tanto no homem como na mulher, ao passo que entre outros, o estrogénio
com pequenas doses de proge,sterona pode trazer o resultado desejado. Gran- des doses
de progesterona somente, são anafrodisíacas. As hormonas só devem ser prescritas e
administradas por médicos competentes. No número de Janeiro, da revista <<She>>,
Juliét Par- ker Filler refererse ao uso com sucesso da hormona masculina em estimular a
libido nas mulheres. Os re-
CAPfTULO XIV OUTRAS DIFERENÇAS ENTRE OS IMPULSOS SEXUAIS
NO HOMEM E NA MULHER As nossas explanações nos dois capítulos precedentes deste
livro serviram para demonstrar que habitualmente existe na mulher de saúde normal, um impulso
sexual, pelo menos comparável ao do homem, e para mostrar que a frigidez e a anestesia sexual
estão sendo muito exageradas nos tempos modernos. A maioria dos investigadores, depois de
admitir que as mulheres possuem pelo menos um moderado impulso sexual, também admitiram,
sem dúvida, que há uma infi- nidade de modos nos quais varia o impulso sexual de :am- bos os
sexos. Uma das diferenças importantes que discutiremos pri- meiro é aquela da atitude entre o
homem e. a múlher durante o namoro. Aqui como em toda a natúreza (com raras excepções) o
homem é o perseguidor (pelo.: menos aparentemente) e a mulher a perseguida. . A múlher per-
manece passiva, parecendo evitar a homem e até mesmo repeli-lo desde que ele esteja
representando bem sua parte. No entanto, se o homem é quieto, a passividade da mulher, a qual é
aparente e não real, desaparece e vemos o sexo frágil na sua luz natural; .:quer dizer.,. tão
veemente como o homem. A passividade da mulher no amor tem sido bem com- parada a um
íman, que, apesar de estar núma posição fixa, atrai o ferro a si: Conquanto exista uma
considerável discordância sobre a questão do sofrimento da mulher pela abstinência se-
DR. LOMßARD KELLY xual, muitas autoridades têm a firme convicção de que sob
certas condições pode ter efeitos sérios e mesmo ser mais difícil de suportar que no homem. Se
isto é ver- dade, e há muitas evidências para prová-lo, a verdadeira natureza da passividade na
mulher torna-se imediatamente aparente. A existência de uma condição de agressividade mas-
culina e modéstia feminina na conquista é, sem dúvida, um resultado da evolução e um expediente
da natureza para garantir a preservação da espécie. Tal método de conquista torna o jogo mais
agradável, faz com que seja jogado mais vezes (certamente na família humana) c assim aumenta as
oportunidades da reprodução. A intu- mescência ou o desenvolvimento do desejo, juntamente
com as necessárias mudanças nos órgãos sexuais que tor- nam possível o coito (a erecção, por
exemplo), tornam- -se mais seguras, mais agradáveis e mais efectivas. Retornando à questão dos
maus efeitos da continên- cia na mulher, concordamos com qualquer declaração de que a
abstinência é prejudicial ao sexo. No caso da mu- lher normal que nunca teve relações sexuais, os
resul- tados de conter o impulso seriam difusos e provavelmente inconscientes. Mas nas mulheres
de inclinações sexuais normais, acostumadas a frequentes relações sexuais que confirmaram uma
necessidade definida delas, os resulta- dos seriam agudos e conscientes, No primeiro caso é
provável que a mulher pudesse aguentar o estado de abstinência melhor que o homem; no último
a mulher sofrerá mais desde que a maior parte de sua vida é normalmente ocupada pelas
diferentes fa- ses do processo reprodutivo. É possível qualificar-se uma mulher que tenha re-
lações sexuais sem prazer,. na categoria de abstinência sexual. As causas desta podem ser devidas
a uma ejacu- lação prematura do companheiro, a uma intumescência mais rápida ou a
excitabilidade neurasténica; a prática intencional do <<coitus interruptusv ou retirada antes da
ejaculação; a educação das mulheres com a ideia de re- pressão, pela qual elas vêm a considerar
as relações se- xuais como vergonhosas e brutais, em vez de um acto de prazer, assim destinado
pela natureza para garantir
AS RELAÇõeS SEXUAIS NO CASAMENTO 89 a reprodução. Também há a
frigiìlez causada em algu- mas mulheres pelos maridos ignorantes, na ocasião do primeiro coito, o
qual é quase sempre doloroso para a mulher (ver cap. VI). A abstinência aqui, no entanto, seria
um alívio ao invés de sofrimento, caso a mulher continuasse a ser frígida. No entanto, caso ela se
apai- xone por outro homem que não seja o marido, como via de regra acontece, quando a
frigidez é o resultado de um comportamento impróprio na primeira noite, a absti- nência seria
aguda e consciente, mesmo que fisicamente prejudicial ou não. Diz-se que durante certas épocas,
nas quais os ma- ridos se ocupavam muito com combates, as mulheres tornavam-se agressivas, ou
pelo menos, tomavam uma parte muito mais activa no namoro. Os põetas medie- ' vais
representam as mulheres como activamente encora- jando amantes amorosos e como que
encantadas em ofe- recer aos grandes heróis a sua castidade, algumas vezes entrando nos seus
quartos durante a noite (Ellis). Mesmo nos dias actuais todo o mundo conhece o modo de algu-
mas moças e mulheres correrem atrás dos homens cha- mando-os pelo telefone, etc. Entre raças
selvagens e bár- baras, os papéis de homem e mulher são quase sempre reversivos, principalmente
na Nova Guiné onde as <<mo- ças quase invariavelmente tomam a iniciativa, e em con- sequência
têm uma posição muito independente. As mu- lheres são sempre consideradas as sedutoras. As
mulhe- res roubam os homens. Um que propusesse casamento a uma moça estaria a tornar-se
ridículo, seria desconsi- derado e as moças caçoariam dele>> (Ellis). Outra dife- rença marcante
entre o homem e a mulher em assuntos sexuais é causada pefa diferença das partes concernentes.
Na mulher o mecanismo sexual é muito mais completo e sua manipulação muito menos simples
que a do ho- mem. No homem o pénis tem uma erecção fácil e atinge o orgasmo com grande
facilidade, e em pouco tempo. Em mulheres normais, uma erecção espontânea do clíto- ;
ris é provavelmente rara; esta condição, sexualménte, exige algum tempo para o seu
desenvolvimento, até tor- ' ná-lo disposto ao orgasmo. Também como já foi dito antes, a
glande, ou parte sensível do clítoris é muito
90 DR. LOMBARD KELLY menor do que o pénis, e devido à sua estrutura e loca-
lização, não fornece a necessária fricção para um gozo rápido, mesmo que uma fricção perfeita
tornasse possí- vel um orgasmo rápido na mulher normal. Mesmo em mulheres de paixão intensa,
uma contínua titilação do clítoris com o dedo por uns 4 ou 5 minutos é necessária para que ela
sinta um orgasmo completo; mesmo assim, ocasionalmente isto pode ser muito difícil, requerendo
uma grande concentração por parte da mulher, ou então torna-se impossível. É
axiomaticamente claro que o homem não pode praticar o acto sexual normalmente, sem pelo
menos algum excitamento preliminar e o consequente prazer, enquanto que isto não se dá com a
mulher que pode passar por um ou mais coitos sem tomar o mínimo inte- resse ou tirar o menor
prazer. As condições do aparelho genital da mulher, são ordi- nariamente indicativas do estado
de excitação dela, va- riando desde a fria, contraída e seca vulva do estado frí- gido ao da
distendida, quente e húmida vulva do estado apaixonado. Isto é mais acentuado nos animais
irracio- nais durante os períodos de cio. A sensibilidade das partes femininas varia muito com o
tempo menstrual mensal e com o estado mental do in- divíduo. Em algumas partes do mundo os
homens têm um interesse maior pelos sentimentos das mulheres que em outras. Assim, na maioria
dos povos orientais <<a pro- longação do excitamento do homem, para dar tempo à mulher a fim
desta sentir. o orgasmo, é muito estu- dada pelos homens; os quais, por causa disto, durante o
coito procuram evitar uma superexcitação dos músculos e preocupar o cérebro. Durante o coito
eles tomam. sor- vete, mascam bétel; e até fumám: Os europeus não dão atenção a este assunto,
e. as mulheres hindus que levam uns vinte minutos para completar o acto, consideram-nos
<<galos de vila>>: ? Os Malaios e mais ainda os Javaneses não desejam repetir o acto muitas
vezes, mas prolongá-lo. Sua finali- dade é permanecer na vagina um quarto de hora. Dife- rentes
dos europeus, também, eles se gabam mais do
AS RELAÇõES SEXUAIS NO CASAMENTO 91 prazér que proporcionam às
suas companheiras do que do seu próprio prazer (Ellis). O esposo ou amante, por- tanto, para ser
bem sucedido nas suas relações com a amada, deve considerar o assunto cuidadosamente na
maioria dos casos e certamente em todos aqueles nos quais o ardor da mulher não está acima do
comum ou então não ultrapassa o ardor do homem normal. Os pre- liminares que levem a cada
acto sexual deveriam ser idênticos às manifestações de afecto durante as conquis- tas amorosas e
<<o jogo da conquista não deve ser dado por terminado pela cerimónia do casamento, deve ser
mais propriamente considerado como um preliminar na- tural para cada relação sexual>>. O
excitamentos e a sa- tisfação da mulher são considerados como favorecedores da concepção por
algumas autoridades nesse assunto. Em 556 casos relatados por Kisch, a mais frequente época
para a fecundação era entre dez e quinze meses após o casamento e ele considerava que a
fecundação se deve ao primeiro despertar completo da vida sexual da mu- lher. Diz-se que
algumas mulheres não podem gozar as relações sexuais a não ser que se convençam de que o acto
é para a finalidade da fecundação e não somente por prazer (um estado oposto ao da maioria das
mulheres principalmente aquelas que já tiveram pelo menos um filho). Este estado de espírito é,
por certo, uma inibição psíquica inteiramente comparável àquela devido à educa- ção das
mulheres dentro da repressão dos seus desejos naturais. É de notar-se que a anestesia sexual, por
assim dizer, tem sido curada em muitos casos por sugestões hipnóticas. As principáis sugestões
são: que nas relações sexuais todos os sentidos. naturais femininos devem ser desenvolvidos e que
não deve. haver aversão ou resistên- cia voluntária. O facto .de que as mulheres que nunca
tiveram reia- ções sexuais (ou nunca se. masturbam) ráramente têm sonhos sexuais indicá uma
diferença marcante entre o homem e a mulher, mostrando a atitude mental de eada um com
relaeão ao assunto. <<Num grande número de i mulheres o impulso sexuai permanece
latente .até que é acordado. pelas carícias de um namorado. Um jovem torna-se homem
espontaneamente, mas a jovem - como j:
92 DR. LOMBARD KELLY se tem dito - deve ser amada para se tornar mulher>>.
Adler considera que a masturbação na mulher pode torná-la frígida em relação ao homem e é a
sua causa mais frequente, pois o acto da masturbação na mulher geralmente não estimula o coito
normal ou envn?ve uma <<conexão psíquica>> com um homem. Diz-se que a mas- turbação no
homem, antes do casamento, faz o orgasmo vir mais cedo que o normal, enquanto que na mulher
faz o mesmo vir mais tarde. Isto se fosse verdade, seria a causa de uma discrepância muito maior
que a normal- mente encontrada em relação à diferença de tempo re- querida pelo homem e a
mulher para se satisfazerem. Observações mais recentes fizeram com que o autor duvi- dasse das
conclusões de Adler, especialmente a de que a masturbação é causa de frigidez. Um dos
resultados das diferenças entre o impulso sexual no homem e na mulher e no desenvolvimento do
mesmo, é que o máximo clímax na vida da última vem consideravelmente mais tarde que na do
primeiro. Há muitas ilustrações na literatura que confirmam esta opi- nião, mas dois casos típicos
indicarão o restante. Hirschfeld (Von Wesen der Liebe, pág. 26) foi con- sultado por uma
senhora que, não possuindo nenhum desejo sexual, se casou com um homem invertido para viver
com ele uma vida de simples camaradagem. Den- tro de seis meses, no entanto, ela se apaixonou
violen- tamente pelo marido, com manifestações plenas de dese- jos sexuais e as emoções de
ciúme também. No entanto, devido a todas as circunstâncias, ela não podia ter rela- ções sexuais
com o marido, e ela sofreu torturas tão grandes, que desejava ser castrada. <<Com relação a
este assunto, posso também mencio- nar um caso que me foi comunicado de Glasgow, de uma
rapariga normal que se menstruava regularmente desde a idade de 17 anos - que havia sido
seduzida com a idade de 20 anos, sem nenhum desejo sexual da sua parte, ? tendo um filho nove
meses depois. Em seguida levou umà vida de promiscuidade por três anos e du- rante esse
período não teve nenhum desejo sexual nem sentiu prazer algum com as relações sexuais. Depois
disso, ela encontrou um pobre rapaz por quem sentiu pleno
AS R.ELAÇ6ES SEXUAIS NO CASAMENTO 9:? prazer c desejo sexual e
como resultado se recusava a qualquer outro homem, ficando assim praticamente sem dinheiro e
alimentação suficiente todas as semanas>> (Ellis). O aparecimento de distúrbios nervosos e
psíquicos nas mulheres usualmente ocorre entre as idades de 25 a 33 anos. Diz-se também que a
idade em que a mulher começa a embriagar-se na Inglaterra, começando a be- ber em excesso, é
aos 26 anos. Há um estado chamado a <<loucura das solteiras>> visto algumas vezes em
mulheres solteiras que levam vidas virtuosas e se apaixonam por algum homem e o perseguem
com as suas atenções e ficam obcecadas com a ideia de que a sua afeição é retribuída. Também,
as mais famosas cartas de amor foram es- critas por mulheres de mais de 30 anos, como Heloisa
(32 anos) a Abelardo, Mary Wollstonecraft (34) e Madame de Lespinasse (43). Stendhal disse:
<<Uma moça de 18 anos não tem o poder de cristalizar suas emoções; ela forma desejos que são
muito limitados pela sua falta de experiência nas coisas da vida, para poder amar com o ardor de
uma mulher de 28 anos>>. Erb, Nystrom, Adler, Forel, Napier, Yellowlees, e Audiffrent corrobo-
ram esta opinião geral com conclusões similares. Forel observou que o desejo sexual na mulher é
mais forte en- tre os 30 e 40 anos; Alfred Kinsey diz que é aos 35. Há um grande número de
autoridades que testemu- nham a opinião de que o desejo sexual, na mulher, uma vez desperto e
satisfeito, é mais tenaz no seu objec- tivo e mais poderoso que no homem. Esta crença, posto que
baseada em observações precisas, é fundada hipote- ticamente na causa da relativa demora em
que o de- sejo é despertado na mulher. Uma comparação com o calor específico é feita aqui: por
exemplo a água, que demora muito a aquecer, demora também a esfriar, en- quanto que o ferro e
o cobre, que aquecem com faci- lidade, esfriam também facilmente. Outra diferença notada entre
as aptidões sexuais do homem e da mulher é que a última aguenta melhor os excessos sexuais.
Sou da firme opinião que esta decla- raçãn deve ser modificada. Devido an facto que muitas
DR. LOMBARD KELLY mulheres se submetem ao acto sexual sem dele partici- par
verdadeiramente, elas não se enfraquecem com isso e podem repeti-lo um grande número de
vezes sem exaus- tão nervosa pelo menos. Eu acho que este facto levou à ideia de que a mulher
aguenta melhor que o homem ver- dadeiros excessos sexuais, coisa em que não acredito. Há
pessoas que podem ter inúmeros orgasmos, dentro do pe- ríodo de uma hora ou menos, e mesmo
durante um con- tínuo acto de coito. Ellis menciona um caso em que um homem atingiu por duas
vezes e a mulher por 26 du- rante um coito, e um seu correspondente escreveu: <<Es- tive duas
horas com Y ... e atingi o orgasmo por três vezes, com dificuldade, enquanto ela teve 6 ou 8, ou
mesmo 10 ou 12 vezes>>. A explicação para estes casos extremos pode ser uma das três
seguintes: 1.?) As pessoas são muito neuróticas e excitam-se facilmente, sendo o orgasmo cada
vez mais fraco, sem intensidade, não dando alívio; 2.?) As pes- soas passaram muito tempo sem
praticar relações sexuais ou sabem que irão ficar um longo período sem poder repeti-las; 3.?) As
pessoas são anormalmente desenvolvi- das sexualmente ou são de algum modo atípicas. Entre
pessoas normais, devo admitir que algumas mulheres po- dem sentir orgasmos reais, completos, e
se satisfaçam mais vezes durante o mesmo período de tempo, que mui- tos homens. Cada vez que
pratica o coito, o homem deve ter uma erecção e ele habitualmente continua com a mesma até se
satisfazer. Na maioria dos homens a erec- ção acaba-se depois de uma completa satisfação e
geral- mente é preciso um intervalo de pelo menos uma meia hora para que outra erecção seja
possível. Não duvido que haja pessoas que podem e conse- guem mais que um orgasmo num só
acto de coito. Mas, creio que em cada caso há uma diferença na qualidade e intensidade dos
orgasmos sucessivos. Possivelmente o primeiro orgasmo não é o que devia ser. Um grande
número de mulheres satisfazem-se completamente com um orgasmo completo como o homem
normal também, ou são capazes de se excitar por mais algum tempo pelo menos. Provavelmente
aqueles que atingem o orgasmo muito depressa e com muita facilidade podem repetir
AS RELAÇÕES SEXUAIS NO CASAMENTO 95 o mesmo com mais
frequência que os que demoram mais e têm mais dificuldade em atingi-lo. Mas num acto sexual
contínuo e de moderada duração, creio que a natureza pretendeu que houvesse apenas um
orgasmo completo, relaxante e extremamente agradável, que acertasse as coisas por algum
tempo. A saudável prática do coito pelo homem e a mulher deveria ser seguida de uma
agradável sensação de alívio (vergonha e aborrecimento se seguem geralmente, se o orgasmo é
conseguido com um pessoa repulsiva ou pela masturbação). Normalmente, um rejuvenescimento
ou um senso de estimulação deveria resultar. Certamente deveria ser um estimulante mental e um
calmante físico. <<Depois do coito a mulher anda pela casa cantando>>. Tenho dúvidas quanto
à capacidade da mulher em aguentar excessos sexuais melhor que o homem, se por excessos
sexuais se entende a repetição do orgasmo com- pleto e satisfatório com intervalos muito
pequenos e não a mera repetição do coito, na qual a mulher pode ficar inteiramente passiva.
Finalmente, a esfera sexual na mulher é maior e mais ùifusa que no homem. Há explicações para
este facto da diferença anatómica entre os sexos. No homem o prazer está confinado à glande do
pénis; na mulher, o clítoris, vagina e usualmente os seios são capazes de possuir sen- sibilidade
sexual, sem se falar no útero ou ovários como centros congestivos. As próprias diferenças físicas
entre os dois sexos le- vam a diferenças psíquicas e ao impulso sexual na mulher ter tendência a
uma certa periodicidade que não existe no homem (de ser maior em diferentes épocas do ciclo
menstrual, por exemplo) e de ter, em geral, uma maior variação, em oposição à constante
necessidade sexual do homem. Como um sumário das diferenças masculinas e fe- mininas com
relação ao sexo, como base para uma com- preensão melhor, de grande importância na prática de
orientação da higiene sexual e na compreensão das ca- racterísticas psicológicas marcantes os
seguintes pontos são de grande interesse. 1.^) - Aparentemente, pelo me-
ns DR. LOMBARD KELLY nos, o impulso sexual na mulher é quase que passivo. Este é
a chave da modéstia feminina e é quase invaria- velmente a regra na conquista através do mundo
animal. 2.?) - Há uma maior complexidade, tanto física como psíquica, exigindo que a mulher seja
estudada pelo aman- te para que se consigam melhores resultados. Também a mulher normal
demora mais para atingir o clímax do excitamento sexual no coito do que o homem. 3.ó) Quan-
do o impulso sexual na mulher é posto a funcionar, tende a ser mais parecido com o do homem,
isto é, mais forte, e mais insistente na satisfação que antes da iniciação. 4.ó) As mulheres podem
praticar o acto do coito com mais frequência que o homem, sem se cansar. Aparen- temente,
muitas mulheres podem sentir mais orgasmos e satisfatórios no mesmo período de tempo (isto é,
durante um acto de coito) que muitos homens. Tal declaração é equivalente a dizer que há uma
diferença na qualidade de repetidos orgasmos e é por isso que é possível tantos orgasmos
sucessivos. 5.?) Assuntos sexuais e suas rami- ficações tomam mais tempo das mulheres que dos
ho- mens por causa da parte que o último tem que represen- tar na reprodução. 6.?) As mulheres
não são tão cons- tantes como os homens nas suas necessidades sexuais mas tendem a variar
tornando-se mais fogosas numa ou nou- tra época (logo depois da menstruação, por exemplo).
7.?) As manifestações sexuais e seus fenómenos na mu- lher são um enigma maior que no homem
e não se podia empregar aqui um ditado melhor que o seguinte: <<Incons- tância, o teu nome é
mulher>>.
CAPfTULO XV AMOR E DOR ao tratar deste assunto, é nossa meta
evitar as ge- neralidades tanto quanto possível e restringir a nossa dis- sertação à atitude da
mulher com relação à dor na con- quista amorosa e no coito, entendendo-se aqui por conquista
amorosa também um meio de atingir o ere- tismo ou turgescência sexual dos órgãos envolvidos.
Considerada no início, a conquista amorosa é mais ou menos uma luta. ao princípio, entre rivais
masculi- no pela posse das mulheres desejadas, que assistem, com um interesse maior ou menor,
ao conflito que se desen- volve, e mais tarde talvez entre o homem e a mulher em suas relações.
Certamente, existem entre os animais mais baixos, muitos casos de tratamento grosseiro do
macho para com a fêmea, mas há casos nos quais o macho é vencido ou até morto em resultado
do coito, como acon- tece com as aranhas ou abelhas. Devido a tais condições o impulso sexual
pode ser ligado à ideia de dor, tor- nando assim a dor agradável (posto que se deva consi- derar
tal, <<dorn não tem a verdadeira significação da palavra). No entanto desde que nos interessa
mais aqui a ati- tude da mulher adulta acerca da dor na sua relação com o amor, tentaremos
investigar esta faceta especialmente. Não há dúvida que muitas mulheres gostam do em- prego
da força por seus maridos ou amantes, para conse- guir os seus favores. Que esta tendência é mais
ou menos atávica (e devido a uma reversão, mesmo pequena, dos
98 DR. I.ONIBARD KELLY sentidos da mulher pré-histórica) se prova pelo facto de que
muitas mulheres não gostam. de exibição de força por parte dos seus amantes. Fora do casamento
urn homem que usasse da força com uma mulher, a não ser que estivesse certo do seu lugar,
estaria sujeito a uma acusação séria, ao passo que no casamento o consenti- mento mútuo torna a
exibição de força (pelo menos em muitos casos) absurda e sem sentido. A última declaração
deve ser restringida. Pode-se dar o caso da mulher possuir um impulso sexual muito fraco, que
poderia ser estimulado pelo uso da força. De novo, como já declaramos, a conquista amorosa não
devia ter- minar com o casamento, mas cada aproximação do coito deveria ser feita como se fosse
uma nova conquista. A mulher e até o seu companheiro apreciariam uma de- monstração de
violência (tipo homem das cavernas), desde que terminasse em brincadeira e não causasse lesões
reais. Isto depende das pessoas envolvidas. ???. Até que ponto a mulher interpreta a dor cómo
pra- zer no coito? A resposta a esta pergunta deve também levar em consideração a personalidade
da mulher em questão. Uma pode ser peculiarmente sensível à dor nas regiões genitais e por esta
razão perder todo o senso de prazer sexual durante o coito. Outra pode ser grande- mente
ardorosa e sentir somente satisfação sexual mesmo na presença de estímulos consideravelmente
dolorosos do tipo comum. A dor em tais casos seria interpretada como prazer. Em tal mulher (ou
em muitas mulheres desse tipo) tudo o mais é esquecido e somente o orgasmo dese- jado é
interpretado, sendo as outras sensações inibidas ou esquecidas. No entanto, é nossa opinião que o
coito seria um temor e não um prazer para a mulher normal, se o seu amante a magoasse mesmo
sem querer ou muito pouco. Uma mulher de fortes paixões, no entanto, asse- guraria seu prazer
no coito apesar de intensas dores. Em relação a isto, a questão de noiva normal e suas
experiências na primeira noite, deve ser de algu- ma importância (ver cap. VI). Centenas de
páginas têm sido escritas sobre o que cada homem deve sober, ensi- nando ao mesmo tempo o
marido a ser cuidadoso e não brutal, a ignorar seus próprios desejos ainda que inten-
AS RELAÇÕES SEXUAIS NO CASAMENTO 99 sos, em consideração à sua
amada, se não quiser apagar o desejo dela por ele para sempre e assim perder a parte do seu amor
que a maioria dos homens mais preza. Tudo isto indicaria que a dor sofrida em tais ocasiões é,
na maioria dos casos, suficientemente forte para cau- sar muito desconforto, senão até sofrimento.
É claro que nem sempre isto acontece, e é provavelmente assim uma percentagem
comparativamente pequena. Alguns homens, ou por ignorância (por serem novatos) ou por
considera- ção a suas esposas, ou devido a ejaculação prematura, não conseguem a intromissão
durante semanas inteiras depois do casamento. Em outros casos, a intromissão com um
lubrificante adequado, é fácil e o coito completo é satisfatório desde o começo. Em todo o caso
qualquer que seja a mistura de pra- zer e dor para as mulheres no primeiro coito, deve ser sempre
a excepção e não a regra, e as condições para haver prazer a despeito da dor são duas: uma é que
a mulher seja de ardor acima do natural e a outra é que a dor não seja muito forte. Exemplos de
força na con- quista amorosa são numerosos demais nos povos primi- tivos para serem citados.
Os remanescentes dessa condi- ção entre os povos civilizados nos quais o marido in- fringe à
mulher sofrimento ou lesões, são vistos na ati- tude casual dos casais de hoje, o homem, sendo,
supos- tamente pelo menos, o membro dominante da família, a mulher o subserviente. A extensão
a que chega esta forma depende da personalidade do casal em casa caso. A mordedura amorosa,
com a qual muitas pessoas casadas estão familiarizadas ou por experiência ou por ouvir dizer, é
tão comum num ou noutro grau, que até é considerada quase normal. O desejo de morder pode
ser devido a uma tendência em demonstrar afecto ou pode ser devido a um excesso amoroso no
coito. Tam- bém pode ser o resultado de um impulso mórbido e tomar um aspecto médico-legal.
Diz-se que as mulheres empre- gam mais a mordedura que os homens, apesar de dizer-se também
que muitos homens gostam disso. É, em todo o caso, um símbolo de amor ou paixão e não é
considerado um acto de crueldade, além do mais se a mordedura foi dada no auge da sensação
sexual do
companheiro, percebe-se somente uma pequena sensação de natureza ordinária, pois o normal é
que a sensação seja mais de prazer que de dor ou sofrimento. Da nossa argumentação sobre o
amor e a dor, deve- -se notar que a sujeição sexual por parte da mulher com relação ao homem
não quer dizer que ela seja sua es- crava sob todos os aspectos, porque ela pode ser, de outro
modo, muito independente. Em circunstâncias felizes, ambos os companheiros deveriam ser
alegremente inter- dependentes em matéria de amor deixando que o mesmo siga o caminho que
queira, ou de calma ou grosseria, contanto que a satisfação final seja obtida por ambos. Qualquer
progresso que a mulher atinja com o sexo, ela será sempre individualmente dependente do homem
para sua completa satisfação sexual, assim como ele também depende dela para isso. A sua
obediência aos princípios biológicos sãos e fortemente gravados em todas as épocas protegerá os
seus melhores interesses - e quem pode negar que todo o amor e o prazer sexual devem a sua
origem às necessidade básicas da reprodução?
CAPfTULO XVI IMPOTBNCIA NO HOMEM Um homem que não possa
ter relações pela impos- sibilidade de atingir ou manter uma erecção satisfatória, ou devido a
deformidades estruturais, é considerado im- potente. No tipo de impotência conhecido como
parcial o indivíduo pode ser capaz de ter uma breve erecção ou mesmo efectuar a intromissão,
seguida de imediata eja- culação na vag:na. Tal homem pode não ser estéril, ape- sar de não poder
praticar o coito para satisfazer sua com- panheira. Este tipo de impotência pode ter uma base
orgânica, funcional ou psíquica. a) A impotência orgânica é devida a algum defeito de estrutura
na formação anatómica dos órgãos repro- dutivos, no cérebro ou no aparelho genito-reprodutivo.
Devido a hipospadias externas o pénis pode ficar com- pletamente escondido e ser representado
por uma espé- cie de clítoris muito aumentado. O pénis pode ser muito pequeno ou por ter-se
desenvolvido muito pouco, ou por atrofia. Os testículos podem ter sido perdidos por moléstia,
acidente, ou tornarem-se incapacitados por moléstias fe- bris .como a orquite. A uretra pode ter
sido tão afectada que não se. possa dilatar o suficiente para permitir uma erecção normal. Uma
moléstia ou um acidente com o cérebro ou a espinal-medula pode afectar tanto os cen- tros
relativos à percepção ou erecção que disso resulte a impotência.
102 DR. LOMBARD KELLY Havelock Ellis e Huhner concordam que um pénis
pequeno não é causa de impotência. De acordo com Huhner a masturbação quase sempre
aumenta o tama- nho do pénis e não o diminui. O tamanho do pénis flá- cido não precisa ser
motivo de vergonha para homem nenhum. É surpreendente como um órgão de tamanho normal
pode se tornar pequeno devido ao contacto com o frio. O tamanho do pénis quando erecto é que
é impor- tante e Ellis declara que as mulheres, como regra, não se preocupam com o tamanho mas
sim com o grau de erecção e a duração do acto sexual. Um homem com um órgão pequeno mas
que possua grandes conhecimentos da arte de amar é mais apreciado por uma mulher nor- mal do
que o homem que possua um órgão grande mas que só sabe satisfazer a si próprio e muito
rapidamente. Diz-se que o pénis muito raramente é grande demais para a intromissão apesar de
algumas hipertrofias exa- geradas terem tornado impossível o coito em algumas ve- zes.
Deformações ou moléstias do pénis ou as estruturas vizinhas como o escroto com hidrocele ou
elefantíase, podem tornar o coito impossível. A impotência causada pela deformação anatómica
ou desproporcional pode ser curada se a disformidade não for muito grande. Se uma moléstia for
a causa, a sua cura pode corrigir essa condição. ?ls vezes pode-se obter a ajuda mecânica para a
intromissão do pénis na va- gina. Diz-se que há casos em que o uso desses aparelhos auxiliou o
desenvolvimento do pénis, tornando os seus portadores possíveis de dispensá-los. Há no entanto
grande necessidade de se aperfeiçoar tais aparelhos e também que se adopte uma atitude mais sã
com relação ao seu uso. b) A impotência funcional, como o nome indica, é causada por alguma
interferência com a acção das várias fúnções dos órgãos generativos. Pode ser um dis- túrbio
nervoso afectando algum centro do cérebro ou da espinal-medula ou interferindo com os próprios
nervos ou. terminações nervosas. Pode ser uma condição cir- culatória ou inflamatória resultando
numa congestão ou erosão nas glândulas sexuais ou uretra. O factor tempo é muito importante
no coito. São rea-
AS RELAÇ6ES SEXUAIS NO CASAMENTO 103 lizações da libido ou do desejo
sexual as várias fases: - erecção, orgasmo e ejaculação. Como dissemos em ou- tra parte, o
orgasmo, por reflexo, causa a emissão; não é a ejaculação que provoca o orgasmo. A impotência
pode ser diagnosticada sob condições favoráveis e ocorrendo algum destes sinais: Orgasmo e
emissão logo após a in- trodução; orgasmo e ejaculação antes da intromissão im- pedida por
insuficiência erectiva; ejaculação tardia, ocor- rendo algum tempo depois do orgasmo e a perda da
erecção. Uma das causas principais da impotência funcional é a exaustão. Isto pode afectar o
sistema nervoso central e periférico assim como os órgãos de reprodução. A exaustão pode ser
devida ao excesso sexual, ao <<coitus interruptus>>, masturbação excessiva, blenorragia, excita-
ções e erecções frequentes sem possibilidade de coito nem de masturbação moderada. Deve-se
chamar a aten- ção para o facto de as relações sexuais começarem com beijos, carícias e
continuarem com todas as fases de exci- tamento até culminar na posse. A congestão frequente
dos órgãos sexuais e as glândulas a eles associadas sem a válvula de escape dos orgasmos e
ejaculação não têm efeito salutar. Um dos factores principais no tratamento de pacien- tes
portadores de impotência funcional é o descanso com- pleto. Nada deve ser dado para estimular o
aparelho se- xual durante este período. A próstata, as vesículas semi- nais e a uretra posterior
devem receber tratamento apropriado para diminuir a congestão nessas áreas. Re- médios e dieta
devem acalmar e não excitar os órgãos genitais. Calmantes e hipnóticos para dormir devem .sér
vantajosos durante esta fase do tratamento. O paciente deve estar, é claro, sob os cuidados de um
médico. Depois deste período de descanso e tratamento local, podem-se empregar estimulantes,
mas devem estes ser tomados svmente com indicação médica. Huhner considera o uso da
corrente eléctrica sinusoi- dal galvânica, como o <<mais certo e mais eficiente esti- mulante,
quando usado adequadamente>>. Se a impotência persiste depois da eliminação das
104 DR. LOMBARD KELLY condições funcionais orgânicas, deve-se tentar a consulta
com um psicanalista realmente competente. A hormonoterapia vem sendo bastante usada actual-
mente. Há um grande número de preparados potentes de hormonas sexuais que são dados por
injecção. Em casos bem seleccionados este tratamento é muito bené- fico. O tratamento por
meio de enxertos testiculares e pela operação de Steinach (amarrando o canal deferente de um ou
ambos os lados) podem ser aqui mencionados. Sucessos isolados pelo primeiro método e sucessos
ocasio- nais pelo segundo têm sido verificados. Geralmente a duração desse benefício não é
longa. c) A impotência psíquica ou inibitória é causada pelos efeitos dos impulsos dos centros
mais altos, (no cór- tex cerebral do cérebro) nos centros mais baixos (espi- nal-medula) e através
deles actua nos próprios órgãos generativos. Emoções várias, geralmente, provocam as inibições.
O medo é a mais frequente. Medo que outros descubram, medo de causar gravidez, medo de
moléstias venéreas, e medo de que a masturbação da juventude possa causar impotência. Aversão
pela companheira, uma grande satisfação por boas notícias, uma atitude rebelde da mulher e
muitos outros factores de perturbação po- dem causar uma temporária impotência psíquica.
Alguns homens ficam perturbados porque deixam de ter uma erecção conveniente, ou porque têm
uma eja- culação prematura (antes da intromissão) quando ten- tam praticar o coito com uma
mulher pela primeira ou primeiras vezes sob condições adversas de local ou quando julgam poder
ser descobertos. Tais homens não são abso- lutamente impotentes; estão apenas indevidamente
exci- tados e requerem apenas que se tornem mais conhecidos da companheira, tenham melhores
condições de IocaI para o acto e também sossego mèntàl. MuÍta aritecipa- ção, também pode
impedir .umà realizàçâo. com sucesso: Com a simpática compreensão e profunda confiança no
desejo e cooperação por parte da mulher, ésta impotên- cia psicológica e temporária será
dominada. O autor conhece o caso de um noivo de meia idade que se casou durante a guerra e
no período de falta de
AS RELAÇõeS SEXUAIS NO CASAMENTO 105 habitações e ficou impotente ao
tentar praticar o coito com sua noiva num automóvel. Depois que o casal conse- guiu uma
completa intimidade, em sua casa, a impotên- cia desapareceu e não tiveram mais qualquer
dificuldade. Uma boa erecção pode ser conseguida por uma mas- sagem prolongada na cabeça
do pénis, feita pela esposa que tenha interesse nisso, usando um pouco de geleia lubrificante.
cirúrgica na palma da sua mão. A princí- pio o órgão deve ser apertado com a mão. Quando a
erecção principia, as carícias devem ser da ponta para dentro. Tal solicitude amorosa por parte da
esposa sem- pre trará bons resultados em casos de impotência psí- quica ou semi-impotência.
Uma bexiga cheia pela manhã quase sempre provoca uma erecção perfeita, mesmo em homens
idosos. Este tipo de erecção devia ser aproveitado pelos homens que têm impotência psíquica. De
acordo com alguns especia- listas, o orgasmo é mais intenso com a bexiga cheia. A impotência
psíquica pode ser relativa. Depois de um período de casamento um homem pode tornar-se im-
potente com sua mulher, ao passo que com outras mu- lheres ele é inteiramente potente. Casos
estranhos de im- potência psíquica de natureza relativa são aqueles nos quais o homem é potente
somente em certas condições dependendo da pele, roupas ou penteado de sua compa- nheira. Os
homossexuais ou invertidos podem ter impo- tência psíquica para o sexo oposto. O homem de
meia idade ou velho que teve uma vida sexual muito intensa e exagerada com mulheres pode ter
impotência psíquica num coito normal e requer mais e mais estímulos pode- rosos que o tornem
potente. No tratamento, todas as causas orgânicas e funcio- nais para esta condição devem ser
eliminadas em pri- meiro lugar. Um exame extremamente rigoroso terá um bom efeito psíquico
para o paciente. O poder de suges- tão somente é, quase sempre, suficiente para curar. Pla- cebos
ou pílulas de pão, podem causar efeito. Trata- mentos eléctricos e a psicanálise são
recomendados. Uma mudança de ambiente pode ser benéfica. Um grande nú- mero de piadas
tem-se baseado nas circunstâncias pe- culiares requeridas por alguns homens para conseguir
a potência suficiente para cada acto de coito e estas va- riam entre tomar algumas doses de
whisky a entrar por uma escada pela janela do quarto do andar superior. Nâo é um caso de
brincadeira para o paciente e sâo necessárias paciência e compreensâo. Um tratamento adequado
cura- rá a maioria dos casos de impotência psíquica. Em aditamento aos tipos já mencionados de
impo- tência, Huhner acrescenta outro, ainda nâo descrito por ele. Este tipo de impotência é
devido ao facto de que nem o homem nem a mulher se dâo conta de que as coxas da mulher
devem estar bem abertas a fim de tor- nar possível a intromissâo. É incrível que qualquer ho- mem
tentasse repetidamente o coito com uma mulher cujas pernas estivessem totalmente estendidas e
parale- las. Esta posiçâo é muito boa depois da intromissâo, mas antes dificultaria a penetraçâo
totalmente. O instinto de- veria ajudar neste caso, mas nem sempre acontece isto. Huhner teve
como pacientes dois médicos recém-casa- dos que nâo podiam ter relações sexuais com suas
espo- sas por esta razâo.
Higiene sexual masculina - Todo o homem deveria lavar o seu pénis com água morna e sabão,
enxugá-lo bem com uma toalha ou papel absorvente e pulverizá-lo com bastante talco perfumado.
No homem que não foi circuncidado isto evita a acumulação de material branco, farinhento, que
costuma formar-se sob o prepúcio. Esta secreção conhecida como esmegma cheira tão mal
quanto soa o seu nome e o odor é particularmente repulsivo a uma mulher sensível. Todo o
menino deve ser circuncidado para que o pre- púcio esteja sempre retraído e nunca seja
suficientemente longo para cobrir a glande do pénis ou mesmo o sulco coronal que fica logo
abaixo dela. É de se lastimar que o rito da circuncisão dos Hebreus não se tenha tornado também
uma lei ou hábito comum entre todas as raças e cultos religiosos através do mundo. Entre os
cristãos parece que foi a influência do apóstolo Paulo como resul- tado da circuncisão não ter
sido adoptada pelos gentios. (Ver a epístola de Paulo, o Apóstolo; aos Gálatas, 2 VII- -XIVi.
No incubador morno e húmido sob um longo prepú- cio se desenvolvem os germes da moléstia
venérea.. O indivíduo que possui um prepúcio longo com uma aber- tura pequena, que impede
uma completa retracção de- senvolve acumulações de esmegma e secreções fétidas, as quais, por
tardar a inevitável circuncisão, ofendem tanto aos olhos quanto às narinas. Outra vantagem da cir-
108 DR. LOMBARD KELLY cuncisão além da resultante limpeza e diminuição do risco
de infecções, é que a cabeça exposta do pénis perde um pouco a sua super-sensibilidade e
exagerada excita- bilidade as quais podem causar um coito curto demais e ejaculação prematura.
O cancro do pénis usualmente começa na área de irritação em baixo de um prepúcio mais longo.
O papel do esmegma é levar o cancro ao pénis, no homem, e ao útero, na mulher, nas raças que
não prati- cam a circuncisão, (ão contrário dos Judeus que o põe em prática logo após o
nascimento e os nativos das Ilhas Fidji, na época da puberda.de, como tem sido posto em relevo
em publicações recentes). Os meninos, ocasionalmente, sofrem de um processo inflamatório
incómodo, ao redor da cabeça do pénis e bem debaixo dela. Isto é facilmente tratável apenas com
água e sabão, seguidos de secagem e aplicação de talco. Unguentos, ou pomadas, como vaselina,
podem ser usa- dos, mas o tratamento pelo pó anti-séptico é mais rápido e melhor. Em qualquer
caso desta natureza, em meni- nos e homens, menos nas mo?éstias venéreas, a água e sabão e o
talco são sufic?entes. Depois de lavar e antes de enxugar, podem-se aplicar o peróxido de
hidrogénio (ou dióxido) que produzem bons resultados. A higiene sexual feminina - O autor
aconselha a cada mulher a ter uma seringa com pescoço vaginal (Iongo e ligeiramente curvado)
ou uma seringa bulbo- -vaginal. Toda a mulher que mantém relações sexuais deve tomar duches
de vez em quando, para uma boa limpeza. Em outras é aconselhável fazê-lo depois de cada
período menstrual. As secreções naturais presentes na vagina e na vulva têm um odor
característico. Em algu- mas mulheres este odor é apenas perceptível, ao passo que noutras ele é
tão forte que deve ser prevenido. Uma certa forma de acariciar ou pegar nos órgãos genitais
femininos, fazem parte do coito normal, e nem sempre é conveniente para o homem lavar as.
mãos logo depois do coito. Isto é mais importante. para o homem quando o odor forte da vulva:
adere aos seus dedos, mesmo quando ele os lavou. O material para os duches pode ser a água
morna
com sabão. Alguns produtos são grandemente anuncia- dos como de uso para a higiene feminina
mas se usados como contraceptivos não darão resultado. Muitos destes produtos são caros
demais para serem usados como agen- tes de limpeza e para esse fim não são melhores que a água
morna e um bom sabonete. Em contraste com as vulvas ressecadas de algumas mulheres que
requerem o uso de lubrificantes, em algu- mas há uma secreção profusa demais antes e durante o
coito. Isto pode ser fisiológico e normal, mas se for tanto que interfira com n coito, diminuindo a
fricção, pode ser devido a uma presença de tricomonas na va- gina. Quando houver dúvidas deve
ser consultado um bom médico. Muitas mulheres, se não todas elas, têm, mais ou menos, uma
secreção esbranquiçada, derivada principal- mente das glândulas do colo do útero. Se for muito
abun- dante, pode aparecer no orifício vaginal ou pode aderir ao pénis durante o coito. Se o
homem retira o membro temporariamente, durante o acto, por uma razão qual- quer, e vê a
substância branca, leitosa, aderente ao pénis, isso pode ter um efeito negativo no seu ardor. Se
esta secreção aparece depois do coito não há perigo porque ela se confunde com o esperma. A
limpeza dos genitais externos ou vulva com água e sabão, deve ser feita diariamente. Nada há de
mais feminino, para atrair os homens, que a higiene perfeita e o agradável odor de mulher asseada.
CAPITULO XVIII AUTO-EROTISMO, MASTURBAÇ?lO, ETC. As ideias de
sexo ou desejos sexuais que despertam dentro de um indivíduo, quando este está só e não é in-
fluenciado pela presença do sexo oposto são classifica- dos como auto-eróticos. Havelock Ellis
diz que a mas- turbação representa somente uma parte do fenómeno se- xual que colectivamente
deveria ser agrupado sob um título <<fenómenos auto-eróticosv, ou aqueles nascendo dentro do
eu, sem sugestão vinda de fora. A paixão pelo acto sexual também pode ser classificada nesta
catego- ria, quando o desejo aparece espontaneamente numa pes- soa acostumada às relações
sexuais e separada tempora- riamente do seu companheiro. Sonhar acordado constitui uma das
formas mais sim- ples de auto-erotismo. Sob esta forma, diz-se que é mais comum nas mulheres
que nos homens. No sexo feminino, pode ser apenas um desejo indefinido. Emissões nocturnas
nos homens, e sonhos eróticos, com ou sem orgasmo, nas mulheres, que não possuem órgão para
a ejaculação, também são chamadas imere- cidamente, de poluções. Estes são os comuns
<<sonhos molhaclos>> que ocorrem em homens normalmente sexua- dos desde a adolescência ao
casamento (e depois, du- rante períodos de abstinência forçada); e os sonhos correspondentes que
ocorrem às mulheres plenamente sexuadas, insatisfeitas pela falta de coito. Sob tais con- dições
estas manifestaçôes auto-eróticas não deveriam ser consideradas anormais ou fora do comum.
112 DR. LOMBARD KELLY De acordo com Dorland no seu Dicionário Médico
Americano Ilustrado, 22.? edição, 1951, a palavra mastur- bação é derivada em parte da palavra
latina <<manus>> que significa <<mão>>, mas o uso da mão não é, absoluta- mente o único
método empregado. Qualquer fricção com as partes contra qualquer objecto no qual a pessoa es-
tiver sentada ou deitada, ou por objectos colocados em volta ou empurrando para dentro das
paredes, ou mesmo o cruzamento das coxas, na mulher, podem constituir a masturbação num
sentido mais largo. Em casos fora do comum o orgasmo pode ocorrer espontaneamente pela
influência do centro mais alto (pensamento) ao mais baixo (coluna dorsal e corpúsculos genitais).
Isto é algumas vezes chamado <<masturbação psiquica>>. Tem-se relatado casos de mulheres tão
altamente sexuadas que a mera presença de um homem atraente era suficiente para cau- sar um
orgasmo. Admite-se que a masturbação ocorre desde a infância até à idade madura. Em crianças
pequenas, é devido às vezes a alguma causa predisposta, tal como uma irri- tação local. Em tais
casos, sendo removida a causa, usual- mente remove-se o efeito. Diz-se que há algumas
diferenças na incidência e sig- nificação da masturbação nos homens e nas mulheres. Nos
meninos, na puberdade ou logo depois até à moci- dade, ou mais tarde, a prãtica é geralmente
conside- rada a regra. Em meninas, começa mais tarde e conti- nua indefinidamente, a não ser que
termine com um coito obrigatório. A percentagem das meninas e moças que com esta prática
procuram um alívio para as emo- ções sexuais contidas, é bem menor que a existente entre
meninos e rapazes. Entre os homens há uma crendice de que a masturbação é prejudicial e esta
atitude para com o acto ajuda a natureza em provocar um senso de culpa ou vergonha que tende,
em indivíduos normais, a prevenir os excessos. Nas mulheres não há tal descon- fiança e nem
senso de vergonha ou rernorso. Possivel- mente isto é um exagero, mas Ellis conta um caso de
uma mulher muito bem educada, activa em trabalhos edificantes, a qual não imaginava que se
vinha mastur- bando há muitos anos, até que leu um folheto puritano
exagerando os males do auto-alívio. O remorso desneces- sário foi tão trágico quanto
injustificado. O ponto de vista moderno sobre a masturbação é de que é praticada por <<faute
de mieux>> (o coito é desejado mas não pode ser realizado) contrasta bastante com aquele do
século XVII e XVIII. No entanto, até há bem poucos anos atrás, e possivelmente até agora,
autoridades no assunto podem ser citadas por haverem dito que a mas- turbação é com efeito uma
válvula de segurança forne- cida pela natureza, não somente aos homens mas tam- bém às formas
mais baixas da vida animal. Até os mais firmes reaccionários admitem agora que a loucura é a
causa e não o efeito de uma masturbação excessiva. Não há dúvida que em certos casos, nos
quais a mas- turbação excessiva prejudica, os mais afectados são os órgãos sexuais. Comer
excessivamente, fazer exercícios em excesso, coitos excessivos, também causam mal.
CAPITULO XIX O ENVELHECIMENTO Menopausa (o climactério na
mulher) - Sabe-se que todas as mulheres, ao atingir determinada idade, deixam de se menstruar.
Sabe-se ainda que esta cessação tem lugar na quinta década da vida, isto é, entre as idades de
quarenta e cinquenta anos. Num artigo na Revista da Associação Médica Americana ?ie Março de
1945, Werner declara que a idade comum para esse começo é mais ou menos aos quarenta e
poucos anos. É um facto conhecido que a menstruação pode acabar mais cedo, na quarta década
mais ou menos - e mesmo na terceira, posto que raramente. A remoção de todo o te- cido
ovariano por moléstia ou operação numa mulher de menos de quarenta anos, provocará a vinda
de uma menopausa prematura. Os sintomas que acompanham este período da vida são:
excitações nervosas, deficiências circulatórias e ge- rais. Os sintomas nervosos consistem no
seguinte: um estado de tensão nervosa, mostrando às vezes algum tre- mor, irritabilidade,
excitação fácil, insónia, adormeci- mento ou formigamento das mãos e dos pés, coceira ou
irritação da pele, dores de cabeça de vários tipos, dimi- nuição da memória e incapacidade para
poder concen- trar-se mentalmente, e ocasionalmente, depressão ou leve melancolia, perda de
confiança em si mesma, e uma sensação de futilidade e inutilidade das coisas. Mais rara- mente
ainda podem ocorrer pensamentos de suicídio ou de auto-destruição.
116 DR. LOMBARD KELI.Y Os sintomas circulatórios consistem em ondas de ca- lor,
uma sensação de sufocação, sensações de frio e for- migamento, atordoamento, zumbido nos
ouvidos, palpi- tações no coração, manchas diante dos olhos e mãos e pés frios. Os sintomas
gerais são lassitude e fadiga, dores vagas e prisão de ventre. A potência e o desejo sexual podem
ser afectados ou não. Algumas mulheres dizem que tiveram um mais forte desejo sexual durante
o processamento da menopausa e nos anos que se lhe seguiram do que em todo o período
anterior da sua vida. A cessação da menstruação indica que a função dos ovários está
diminuindo; isso não quer dizer que estas funções tenham parado inteiramente. A produção das
substâncias químicas (hormonas) necessárias para criar o desejo sexual pode estar diminuindo mas
a produção de óvulos férteis pode continuar. Por esta razão, toda a mulher que deixou de ter seus
períodos mensais não se torna imediatamente estéril. Pode ser que se tenha tornado estéril mas se
abandonar as medidas para o con- trolo de filhos, ela pode surpreender-se, assim como se
surpreendem as mulheres que confiam no período da amamentação como sendo seguro recurso
para não con- ceberem. Tratamentos bem sucedidos dos sintomas da meno- pausa são agora
possíveis devido aos resultados das pes- quisas com animais. As substâncias químicas produzidas
pelos ovários são agora encontradas sob formas pode- rosas e o seu uso removerá os
inconfortáveis sintomas nervosos, circulatórios e gerais citados acima. Mais ainda, o seu uso em
quantidades adequadas, restaurará, pelo menos em parte, o desejo sexual. Muitas mulheres, é
claro, têm um pronunciado de- sejo sexual durante muitos anos após a menopausa e pra- ticam o
coito com mais satisfação do que anteriormente. Por causa da inexistência de temor da
concepção, depois de pasar a menopausa, muitas mulheres participam no coito com muito mais
prazer do que no tempo em que precisavam de precauções. O climactério masculino - Snmente
há alguns anos
AS RELAÇõeS SEXUAIS NO CASAMENTO 117 atrás é que se levou em
consideração a possibilidade da existência de uma definitiva passagem de idade com seus sintomas
no grupo masculino. Um certo cepticismo com relação a isso foi expresso num artigo da Revista
da Asso- ciação Médica Americana, em Fevereiro de 1942. Artigos de pesquisadores sobre o
assunto têm-se tornado abun- dantes e a mesma revista que expressou dúvidas três anos antes,
publicou artigos sobre o climactério masculino em 21 de Outubro de 1944 e 24 de Março de
1945. Os autores do artigo de 1944 (Heller e Myers) tes- taram o rendimento das hormonas
sexuais masculinas na urina de 38 homens que se queixavam de <<sintomas psíquicos e
constitucionais semelhantes àqueles da me- nopausa feminina>>. Estes autores fizeram um
diagnós- tico do climactério masculino em 23 dos 38 pacientes na base de um marcante aumento
da produção da gonado- tropina urinária nos 23 homens. 20 destes pacientes fo- ram tratados
com hormonas sexuais masculinas e respon- deram satisfatoriamente. Nos pacientes com
impotência psicogénica o rendimento urinário de gonadotropina mas- culina era normal e o
tratamento por meio de injecções de hormonas sexuais masculinas não causou um resultado
satisfatório. Esses investigadores concluem que o homem normal não está sujeito ao climactério
masculino. Eles declaram que o climactério pode ocorrer tão cedo como na terceira década (entre
20 e 30 anos) mas que isso é relativamente raro, e provavelmente afectando somente uma
pequena proporção dos homens que vivem até à velhice. O autor do artigo de 1945 (Werner)
relata 54 casos do climactério masculino e declara: <<Com a excepção da menstruação na mulher,
é o mesmo em ambos os sexos>>. Ele parece acreditar que essa condição é mais geral entre
homens de quarenta anos ou mais como se pode depreen- der do seguinte: Como resultado da
função que se dá na cessação da menstruação na mulher, e porque o homem não tem este
fenómeno, acredita-se que o homem não ti- vesse um climactério. Não há, absolutamente, uma
base para se acreditar que o homem não tenha uma diminui- ção na função sexual na sua meia
idade e que não tenha um climactério. Provavelmente um maior número de ho-
118 DR. LOMBARD KELLY mens que de mulheres passam pelo climactério sem ne-
nhum distúrbio evidente. No entanto, isto pode ser baseado no facto de que o conhecimento da
ocorrência deste síndrome nos homens é de data muito recente e que essa condição possivel-
mente era descuidada ou desconhecida. O climactério usualmente ocorre mais tarde nos homens
que nas mu- lheres. A idade comum dessa ocorrência nas mulheres é de 40 anos e nos homens
ocorre aproximadamente dos 45 aos 55 anos. Este autor relata tratamento com su- cesso pelas
hormonas sexuais femininas mesmo por administração oral; isto promove uma sensação de bem-
-estar e não diminui a potência. A existência do clima- ctério masculino não é, evidentemente,
aceite universal- mente. Este autor tem-se inclinado ao cepticismo e ainda não se convenceu que
os sintomas nos homens como aqueles nas mulheres durante a menopausa indicam al- gum
paralelo aproximado. Na Revista da Associação Mé- dica Americana de 17 de Fevereiro de 1945,
Abarbanel faz excepção a algumas das conclusões existentes no artigo de Heller e Myers. Ele
declara que a hormona sexual masculina (testosterona) não é específica no alí- vio dos
inconvenientes do climactério masculino mas que hormonas femininas (estradiol e dietilbestrol)
produzirão o mesmo resultado. Ele declara que o climactério mas- culino não deverá ser
considerado patológico (anormal) mas fisiológico como na mulher. Dois parágrafos da carta do
dr. Abarbanel são de grande interesse. << ... os outros autores crêem que há uma
diminuição na libido e na potência nos casos de verdadeiro climactério masculino. A cas-
tração do homem nem sempre leva à impo- tência. Conheço um homem com a idade de
75 anos que sofreu uma orqutectomia bila- teral (remoção dos dois testículos) por car-
cinoma (cancro) da próstata. Este homem es- tava recebendo 2 mg. de dietilestilbestrol
dia- riamente, quando o observei em virtude 'de estar com uma uretrite anterior
gonocócica
(blenorragia). Num dos casos tratados com estradiol, a potência não só se manteve in- tacta, mas
também com o desaparecimento dos calores e nervosismo, a libido até aumen- tou. O último
ponto a ser abordado é se a falha testicular por si só é responsável pelo climactério masculino. Eu
vi dois pacientes com a idade respectivamente de 23 e 35 anos que tinham completa aspermia
(ausência de células espermáticas no sémen). Uma biopsia testicular (exame microscópico dos
tecidos re- tirados dos testículos) em casá caso revelou ausência de espermatogénese (produção
de cé- lulas espermáticas) e no entanto nenhum dos dois tinha sintomas de climactério. A libido e
a potência eram normais. Portanto, nem todos os homens que se submetem a uma or- quiectomia
desenvolvem o síndrome (colec- ção de sintomas) do climactério masculino. Algumas vezes estes
post-puberais castrados não sentem os calores até atingirem a idade de 40 a 50 anos ou maisi>.
CAPfTULO XX ACTIVIDADES SEXUAIS APóS A MENOPAL?SA A opinião
geral relacionada com o desejo e a prática sexual depois do climactério ou menopausa, é de que
na maioria dos indivíduos estas continuam por muitos anos, mesmo até à extrema velhice em
alguns casos raros. A perda do desejo sexual ocorre em algumas pessoas, muito cedo na vida, mas
isto não é comum. Depois do clima- ctério, no entanto, há um declínio fisiológico nas activi-
dades do sistema genital. Uma grande parte parece de- pender dos padrões psico e neuro-motores
da actividade sexual que tenha sido estabelecida previamente. Esta úl- tima declaração é certa,
mesmo em indivíduos que te- nham sido castrados, em condições que pareciam acar- retar um
climactério abrupto. Em castrados humanns a evidência indica que a capacidade de participar dos
actos sexuais não desaparece totalmente. Nas mulheres depois que a menopausa se estabeleceu,
as funções repro- dutivas perdem-se, é claro, mas as funções sexuais podem permanecer as
mesmas. Metade dos homens de 25 a 30 anos de idade, quando strados, continuam a ter dese- jos
sexuais e capacidade para copular. Hammond, relatou um caso de homens castrados entre 31 e 51
anos de idade que continuaram o coito depois de operados, um deles até 17 anos depois. Muitos
outrós casos poderiám ser citados, tanto de mulheres como homer?s. Muitos exemplos de
continuação do exercício das fun- ções sexuais, mesmo até idade avançada, . podem ser da- dos.
O nascimento de filhos de homens de bastante idade
12? DR. LOMBARD KELI,Y é sempre citado como prova e alguns casos têm sido in-
vestigados clinicamente. A insuspeita esposa de um pro- fessor de Harvard, que contava 80 anos,
deu à luz um filho perfeitamente normal. Um dos casos mais raros desta espécie foi relatado por
Seymour, Duffy e Kõerner, am 1935. O relato diz que um viúvo de 94 anos que já era pai de 16
filhos, casou-se com uma viúva de 27 anos. Um ano após o casamento, nasceu um filho do casal.
No exame do esperma ficou provado ser este normal na forma, muito activo e com dois terços da
quantidade nor- mal de uma ejaCulação. A autenticidade deste caso é aceite universalmente pois
parece quase certo que os es- permatozóides do homem podem sempre fecundar uma mulher
fértil, caso ele seja potente. Já se disse algumas vezes que o acto de ejaculaçâo de sémen nâo é
causa do clímax sexual no homem, mas que a ejaculação é um reflexo produzido pelo próprio
orgasmo. Esta declaração parece ser baseada no livro de Engle (Problemas da Velhice) editado
por Cowdry que regista o seguinte: - <<A atrofia das gónadas, (tes- tículos) e órgãos acessórios
impedirâo a reproduçâo, ou mesmo a ejaculaçño mas não necessariamente as outras fases da
participação do homem nas relações sexuais>>. As nutras fases, são, sem dúvida alguma, a
copulação e o or- gasmo. Havelock Ellis preferia o termo <<idade critica>> a cli- mactério
masculino, n qual Kenneth Walker coloca dos 55 aos 60 anos, Rankin entre os 57 e 63,
MacMarcuse entre os 45 e 55 e mesmo aos 40 anos. <<Em muitos casos, eu diria que. tal período
ocorre até. perto dos. 38 anos>> (Hamilton - Dos Probiémas dá Velhice). No mesmo li- vro,
Hamilton diz què. á impotência séxual e a frigidez podem desaparecer durante uma psicanálise e
serem subs- tituídos por fantasias sexuais, um desejo consciente, mas- turbação e sonhos eróticos
culminando no orgasmo. A secreção vulvar e a dos seios voltou em mulheres, em alguns casos,
até mesmo aos setenta e oitenta anos de idade e depois de lapsos do desejó :sexual de einco a
vinte c: dois anos. Em homens, a história é quase idêntica. No resumo do capítulo de Hamilton;
no livro já citado, há
AS RELAÇõeS SEXUAIS NO CASAMENTO 123 esta declaração: - <<É
tradicional convicção de que os homens e as mulheres tipicamente experimentam um cli-
mactério, o qual marca um declínio crítico na potência sexual e o desejo permanece duvidoso>>.
Na contribuição de Chester Tilton Stone ao climacté- rio masculino na Enciclopédia Sexual
aparece este tre- cho: - <<Depois do climactério a potência sexual geral- mente retorna, sem,
talvez, a virilidade e vigor da moci- dade, mas suficientemente para satisfazer as necessidades de
uma esposa compreensiva>>. Havelock Ellis relata o caso de uma senhora de 40 anos, cujo
marido de 65 anos a deixava cansada e abor- recida por insistir em praticar o coito três vezes por
noite, mas ela confessou que sentia o orgasmo pelo menos uma vez. Vecki, na sua contribuição
à <<Enciclopédia Sexual>> e sob o título de <<Actividade Sexual nos Velhos>> faz algumas
declarações notáveis. Diz ele que a impotência sexual em homens de idade pode ser considerada
fisio- lógica, mas admite também que o poder sexual pode enfraquecer cedo e persistir até à
velhice. Em oposição a estes extremos está a crença de que o poder sexual, ordinariamente,
começa a diminuir ans 50 e termina aos 65 anos. Vecki acredita que não há limitação distinta aos
poderes reprodutivos na velhice correspondendo à menopausa da mulher e que, mesmo nos
homens, só pode ser devida a excessos muito frequentes, especialmente a masturbação na
mocidade, e um domínio em excesso do poder sexual. Ele acha que esse poder se extingue mais
cedo nas pessoas que nunca foram muito fortes e que, por causa desse desejo muito fraco, têm
adquirido renome de virtuosos. Diz mais, que esse poder desaparece mais tarde naqueles que
algumas vezes tenham controlado seus impulsos, mas sem cometer reais excessos, e que tiveram,
enfim, poder de controlar apenas os desejos sem se pre- judicarem. Vecki diz que <<os velhos,
às vezes, se queixam de que os desejos e a erecção são satisfatórios, mas a ejaculação cio sémen
só pode efectivar-se com grande esforço e mes- mo assim nem sempre se efectiva>>. Por outras
palavras, o orgasmo é difícli ou impossível de atingir.
Os dois parágrafos seguintes são de um interesse marcante: << ... Com relação aos casos
nos quais a morte ocorre logo depois do homem idoso ter casado, ou aqueles casos de
morte súbita an- tes, durante ou depois do coito, nada se prova com eles, pois ouvimos
constantemente dizer que as pessoas morrem lentamente ou de re- pente, sem ter
pensado em casamento ou em relações sexuais por muito tempo. Também se vê
homens rejuvenescidos ao lado de espo- sas jovens, viverem até uma idade avançada.
Em todo o caso aqueles velhos que ainda possuem uma boa parte de seu poder sexual
têm melhor perspectiva de uma longa vida do que aqueles que estão num estado de de-
crepitude e condenados a uma virtude que nem sempre é voluntária>>. O autor acredita
que a satisfação de reais necessi- dades sexuais é vantajosa para a velhice, pois contribui para
estimular a energia na assimilação que geralmente é tão reduzida nos velhos, e portanto, pode ser
conside- rada como um meio de favorecer a longevidade. Mal- chow, diz mais: <<a influência
rejuvenescedora da posse consciente é uma habilidade de poder expressar o amor>>.
xxxxxx
CAPfTULO XXI FERT I LI DA DE Uma
jovem ou mulher normalmente desenvolvida e gozando saúde, com os condutos uterinos perfeitos
e abertos, e cujos ovários produzam regularmente óvulos, é claro que engravida desde que
mantenha repetidas rela- ções sexuais, sem o emprego de anti-conceptivos, e com um homem
fértil. Isto é particularmente verdadeiro se ela tem uma alimentação racional, isto é, que contenha
todas as vitaminas necessárias, e especialmente vitamina <<E>>, a vitamina da reprodução
descoberta por Evans. Diz-se que a vitamina <<E>> é largamente produzida pela natureza e
uma boa dieta assegurará uma dose ade- quada da mesma. Suas fontes principais são o germe de
trigo, o óleo vegetal, sementes em geral, vegetais e ver- duras, e carnes, especialmente as de tipo
granuloso como fígado e rins. Um homem normalmente desenvolvido e com testí- culos que
produzam espermatozóides activos, com os con- dutos que levam à uretra livres, gozando boa
saúde e com dieta apropriada, está mais do que apto a fecundar uma mulher com a qual mantenha
repetidas relações sexuais. Tal homem em cada acto do coito, se não for repetido com espaços
muito curtos depositará milhões de espermatozóides, com caudas activamente rápidas, lu- tando
para se dirigir ao útero e trompas. Num relatório feito pelo dr. Scherwin A. Kaufman, do
Serviço de Ginecologia e Obstetrícia do Hospital Beth Israel, de N. Y., ele forneceu alguns
resultados interes-
santes sobre o estudo da análise do sémen de 40 homens de fertilidade comprovada e cujas
esposas estavam todas grávidas na época em que o estudo foi feito. A conta total dos
espermatozóides dos diferentes homens variou de 25 milhôes em um, tendo um volume de
somente 0,55 cc. até 1 bilião e 80 milhôes em outro. A quanti- dade normal de espermatozóides
nos 40 homens foi de 332 milhôes. Por centímetro cúbico, a proporção foi de 60 milhôes em 6
casos, menos de 40 milhôes em 2, en- quanto a proporção normal para todos os casos foi de 107
milhôes. Outras conclusôes foram as seguintes: a idade dos homens pareceu não ter nenhum
efeito; o volume da ejaculação foi normalmente de 3 cc.; a motilidade foi de 61 % no fim de 3
horas, 46 % ao fim de 6, e 28 % de- pois de decorridas 12 horas; três espécimes mostraram
definitivamente motilidade pobre; células anormais fo- ram verificadas e variaram de 3 a 18 %.
CAPfTULO XXII ESTERILIDADE A esterilidade no homem - As causas
da esterilidade no homem podem ser divididas em quatro grupos: I) Deficiência da produção de
espermatozóides ma- duros, saudáveis e activos em número suficiente. Tal de- ficiência pode ser
devida a ausência de ambos os testí- culos por qualquer causa; testículos escondidos, desen-
volvimento incompleto, moléstias ou lesão dos testículos, atrofia destas glândulas como resultado
de moléstias agu- das, tal como orquite, inflamação crónica desses órgãos; tuberculose ou sífilis, o
efeito de vários venenos, como o chumbo ou o álcool, blenorragia activa afectando essas
glândulas; e exposições variadas aos raios X, posto que haja uma grande variação na
susceptibilidade entre indi- víduos diferentes a esta influência. II) A falha na passagem dos
espermatozóides para a ampola do canal onde normalmente eles ficam deposi- tados, enquanto
aguardam a ejaculação. Esta condição é devida à obstrução dos tubos dos testículos, no epidí-
dimo ou na porção maior do canal que leva à ampola dilatada. Algumas causas dessa obstrução
são: blenor- ragia, tuberculose, sífilis, ou obstrução mecânica devida a pedaços de tecidos. III)
Uma falha no pénis pode causar a esterilidade. Pode haver ausência, pouco desenvolvimento ou
defor- mação do órgão reprodutor. Em alguns homens a aber- tura do membro não fica na ponta,
isto é, na glande, mas se abre sobre esta (epispadia) ou na sua parte in-
12R DR. I.OMBARD KELLY ferior (hipospadia) em distâncias que variam. Homens
nestas condições podem ter emissões normais mas o es- perma não é depositado no fundo da
vagina. Epispadias ou hipospadias podem ser corrigidas por operação cirúr- gica. O uso de um
saco com um buraco na ponta tem sido recomendado para assegurar a passagem do esperma para
o fundo da vagina, desde que a abertura do pénis não fique muito longe da ponta. IV)
Ejaculação prematura e a impotência impedi- rão a fertilização, porque em nenhum dos casos o
pénis penetra na vagina. Uma quantidade suficiente de esperma deve atingir a região do cérvix,
(colo do útero) para nele penetrar e chegar ao útero. As opiniões divergem em declarar quanto
tempo de- pois de casados e gozando de regulares contactos sexuais, sem ter filhos, pode um
casal ser considerado estéril. Se o casal deseja muito ter um filho e a concepção não ocorre dentro
de um ano depois do casamento, a pru- dência já aconselha a consultar um médico. O homem
deve ser examinado em primeiro lugar porque o seu exame é mais simples e mais rápido e também
porque se ele for considerado estéril não há necessidade da mu- lher ser examinada, a não ser que,
como às vezes acon- tece, o casal concorde, sob algumas restrições legais, em ser a mulher
inseminada artificialmente (com o sémen de um dador desconhecido). Depois do exame físico do
marido a fim de determi- nar se os seus órgãos generativos são normalmente desen- volvidos e
aparentemente normais, é necessário determi- nar se as suas ejaculaçôes são normais quanto à
quan- tidade do sémen, número, tamanho, forma e motilidade dos espermatozóides. (Ver cap.
XXI). O marido é orientado para se obter uma colheita do sémen capaz de poder ser examinado
ao microscópio no consultório do médico. Um espécime trazido em vidro é preferível. O sémen
pode ser ejaculado num frasco, pela retirada do órgão durante o coito normal ou como resul- tado
de uma massagem na glande, pelo marido ou pela mulher (preferivelmente pela mulher, por razôes
óbvias) até ao ponto de orgasmo. O frasco deve ter, natural- mente, uma boca larga.
AS RELAÇáES SEXUAIS NO CASAMENTO 129 Utilizando recipiente de
vidro, este deve, antecipada- mente, ser rigorosamente bem lavado e enxugado de tal forma que
nenhum corpo estranho lhe fique aderente às paredes. Os espermatozóides podem ser obtidos
num coito normal, e devem ser transferidos para o recipiente logo após a retirada do membro. Em
qualquer dos casos, seja vidro ou outro qualquer, o recipiente deve estar com- pletamente seco e
limpo. Depois que o esperma for colo- cado no recipiente, este deverá ser conservado em tem-
peratura ambiente até que seja levado ao consultório médico para o exame. Deve ser guardado
num bolso interior ou junto do corpo. Em hipótese alguma deve ser exposto à água quente ou a
um calor acima da tem- peratura normal do corpo humano, mesmo que seja por pouco tempo,
pois isto mataria os espermatozóides e arruinaria o teste. Se forem tomadas as precauções aqui
recomendadas, não há grande pressa em chegar ao con- sultório ou laboratório, dada a relativa
resistência e du- rabilidade dos germes. O tratamento da esterilidade no homem é dirigido no
sentido de aliviar ou remover a causa existente. Se for devida a um desenvolvimento muito
pequeno dos tes- tículos, em jovens, o uso de medicação da hipófise an- terior pode ser de alguma
utilidade, posto que seja du- vidosa a sua eficácia se for empregada muito depois da puberdade.
Testículos escondidos causam a esterilidade por causa da temperatura dos canais inguinais ser
mais alta que no escroto. Fazer com que os testículos desçam para o escroto, em muitos casos,
alivia a esterilidade. Curando as moléstias do aparelho generativo, removendo a exposição aos
venenos, colocando o paciente com uma dieta apropriada, restaurando a potência e corrigindo as
deformações do pénis, podem produzir os resultados de- sejados. Esterilidade na mulher. - As
causas da esterilidade na mulher podem ser divididas em 7 grupos. I) Nenhuma mulher com
infantilismo nos órgãos generativos pode conceber. Esta condição é devida a um desenvolvimento
defeituoso do sistema reprodutivo. A causa sexual disto é uma falha na hipófise anterior ou da
glândula pituitária em produzir as hormonas ne-
130 Dft. LOMBARD KELLY cessárias para o completo crescimentos dos órgãos gene-
rativos. Em alguns casos, somente o útero é infantil e não funciona, mas a falta de
desenvolvimento da vagina impedirá o coito. Se essas falhas foram descobertas a tempo durante
o desenvolvimento sexual, o tratamentos pela hormona da hipófise anterior poderá provocar o
desenvolvimento re- querido. II) Qualquer condição física ou psíquica que im- peça o coito,
tornará a mulher estéril. Esse estado de coisas tem sido chamado de impotência feminina, mas não
há qualquer analogia com a impotência masculina, a qual é devida a uma falha em atingir a
erecção ou a uma perda rápida da mesma por ejaculação prematura. Condições físicas, na
mulher, que impeçam o coito, são: a) fixação ou imobilidade das ancas ou coxas, cau- sadas por
anquilose das juntas, pela artrite, ou qual- quer condição que impeça uma suficiente abertura das
coxas para permitir a entrada do pénis. Praticando o coito em posições anormais pode resultar na
impotência do homem; é imperativo que em tais casos, a mulher tam- bém seja examinada. b)
Obstrução da vagina pelo útero caído (3.? grau), por uma cervix hipertrofiada, por um pólipo
uterino ou outros tumores. c) Anomalias do de- senvolvimento da vagina, desde a sua completa
ausência a uma vagina dupla. d) Moléstia dos genitais externos, tais como hipertrofia do clítoris
ou elefantíase dos lábios vulvares. e) Um hímen excessivamente duro, hímen im- perfurado, ou
hímen cribriforme. Condições psíquicas que podem impedir o coito são: contracção espasmódica
da vagina (vaginismo) e coito do- loroso (dispaneura). Na primeira destas condições a mu- Iher
pode não se recusar às tentativas do coito, mas o pénis não pode penetrar na vagina, apesar do
seu con- sentimento. Na última, a mulher pode simplesmente re- cusar-se a sofrer a dor durante o
coito. Ambas essas con- dições podem ter tanto uma base física como psíquica. O tratamento
das condições obstrutivas que impedem o coito é usualmente cirúrgico e a cura depende do su-
cesso ao remover-se a causa. Casos típicos podem ser curados por sugestões hipnóticas, mas se
existe uma base
AS RELAÇõeS SEXUAIS NO CASAMENTO 131 física e esta causa dor, é
indispensável que seja remo- vida. Um médico amigo do autor relatou o caso de um casal no qual
o vaginismo impediu a consumação do ca- samento por mais de um ano. Completo alívio se
seguiu a um tratamento por sugestão. III) Os fluidos vaginais podem ter uma reacção ácida
suficientemente forte para matar as células do es- perma. Um simples remédio caseiro para isto é
o su- ficiente. Basta usar o bicarbonato de sódio salpicado na ponta do pénis, logo antes da sua
penetração na vagina. ?Diz-se que determinados mucos existentes nas glându- las do colo do útero
podem atrapalhar, ou até mesmo Ímpedir a passagem dos espermatozóides. O teste de Huh- ner,
descrito no seu livro <<O diagnóstico e o tratamento das desordens sexuais do homem e da
mulher>>, é meio excelente pelo qual o médico pode facilmente determinar o efeito de tais
secreções sobre as células do esperma. Neste teste um pouco da secreção é obtido da mulher logo
após o coito e examinado ao microscópio para se conhecer a motilidade dos espermatozóides.
IV) A obstrução do canal cervical por um tecido de alguma cicatriz ou por uma posição
defeituosa do útero pode impedir a passagem dqs espermatozóides pelo útero e daí para os tubos.
As mulheres com posição de- feituosa do útero podem tornar-se grávidas, mas em al- guns ?asos
a concepção pode ser impedida. Por outras razões as posições defeituosas do útero como um
simples ângulo extremo do corpo do útero sobre o colo do mesmo deviam ser corrigidas.
Medidas cirúrgicas são geralmente necessárias. V) Moléstias dos ovários, tais como
degenerações císticas ou alguma falha endócrina, tal como diminui- ção ou cessação da influência
da glândula pituitária an- terior sobre os ovários, pode impedir a ovulação. Se óvulos plenamente
desenvolvidos não podem sair dos ová- rios porque os folículos não se rompem (folículos atrí-
ticos) esses óvulos não podem ser fertilizados, pois as células espermáticas não serão capazes de
os alcançar. A atrofia dos ovários devido a moléstias ou envenenamento, ou a fadiga géral do
corpo num todo, como em molés- tias debilitantes tais como a tuberculose, causarão a este-
132 DR. LOMBARD KELI,Y rilidade por deficiência de ovulação (assim como influên-
cia prejudicial em outros órgãos generativos, principal- mente o útero). ' VI) A obstrução dos
canais uterinos pode ocorrer na parte mais alta ou fimbriada ou mais em baíxo. Isto é geralmente
devido a uma moléstia inflamatória, a ble- norragia, sendo a mais comum entre todas. Algumas
ve- zes as células espermáticas podem atravessar o tubo e fertilizar os óvulos mas o óvulo
fertilizado não consegue passar pelo tubo. Isto quase sempre resulta no que se chama gravidez
ectópica ou tubária e praticamente sem- pre implica numa operação abdominal. Ocasionalmente
ocorre uma forte hemorragia antes da operação causada pela ruptura do tubo. O teste de Rudim,
para determinar se os tubos estão abertos, pode ser feito por um médico que o conheça. Neste
teste um gás é injectado no útero e passa através de um ou de ambos os tubos para a cavidade do
corpo se não existe uma dupla obstrução. Uma dupla obstru- ção é indicada por um manómetro
de mercúrio que acusa persistentemente 200 milímetros. VII) Uma falta de revestimento do
útero ao se pre- parar adequadamente para receber a célula ovular fecun- dada impedirá que ela se
implante no útero e a con- cepção não se dá. Isto é devido a alguma falha hormo- nal e a pituitária
anterior e o ovário são os culpados disso. Na maioria dos casos de esterilidade, estes são pro-
longados e há uma tendência muito pequena de uma cura espontânea depois de dois ou três anos.
Ocasionalmente isto não acontece e haverá um es- paço de muitos anos entre o tempo do
casamento e o nascimento do primeiro filho, ou um longo período de tempo entre nascimentos
sucessivos. Os casais, para os quais a esterilidade é uma fonte de desapontamento ou tristeza
deveriam consultar um médico competente ou um grupo de médicos. O dr. Samuel R. Meaker, de
Boston, é favorável a um exame completo de ambos os cônjuges por um bom ginecologista, um
urologista, um clínico e um endocrinologista. Os diagnósticos de todos
AS RELAÇ6ES SEXUAIS NO CASAMENTO 133 estes especialistas devem ser
reunidos e estudados antes que o diagnóstico definitivn seja proferido e o tratamento iniciado.
Esterilidade no homem e na mulher. - Há muito tempo se reconhece que um homem pode ser
fértil com uma mulher e não com outra; que uma mulher pode conceber de um homem e não de
outro. Isto tem sido atribuído a alguma incompatibilidade sexual indefinida entre indivíduns, mas a
causa não conhecida. A experiên- cia com animais indica que os indivíduos variam no seu grau de
fertilidade. Um homem de alta fertilidade po?e?.?-? ter filhos quando casado com uma mulher de
baixa? r ' ' ?Li??daLle e isto é verdade ao reverso, mas um de baixa fertilidade não produzirá filhos
quando casado com nutro de baixa fertilidade também. In.seminação artificial - Sob certas
condições a in- seminação artificial pode ser necessária para produzir a concepção. Neste caso o
médico introduz o esperma ti- rado de um tubo de ensaio, no canal cervical (canal que passa
através do útero) de onde os germes masculinos passam, pela sua própria motilidade, à cavidade
do útero. O tempo apropriado para esta nperação é durante o in- tervalo menstrual, isto é, do
décimo segundo ao décimn yuarto dia, a contar da última menstruação. Em tais casos, seria
melhor para o casal ter rela- ções sexuais normais, várias vezes entre o último dia do período e o
primeiro dia do tratamento. O coito apressa a ovulação, especialmente nas mulheres que atingem
o clímax sexual em cada acto, ou espontaneamente, ou por titilações do clítoris. Se este plano for
seguido, seria acon- selhável fazer a primeira inseminação no canal cervical logo no décimo dia a
contar do início da menstruação anterior. O tempo exacto da ovulação pode ser determi- nado
pelo método descrito nas páginas 29 e 30. (Ver fig. 11). O esperma usado na inseminação pode
ser do ma- rido ou obtido de outro homem. Questões complicadas referentes à paternidade e
herança podem snrgir se o ?sperma for de outro homem e não do marido e, desde yue as leis civis
cuidam especificamente da matéria, uma
Algumas das razões alegadas por médicos, eugenistas, assistentes sociais e outros, em favor do
controlo e limi- tação de filhos, são: um espaço de tempo adequado entre um filho e
outro; a conservação da saúde da mãe; adequado cuidado aos filhos já existentes;
existência de moléstia activa que se possa agra- var com a gravidez e o parto; certas
moléstias crónicas que prejudicariam a ges- tação; eugenia ou a prevenção contra
moléstias here- ditárias tais como a hemofilia ou dõença mental; prevenção contra riscos
de invalidez ou outros males provocados pelo parto. A medicina organizada aprova sejam
ministrados con- selhos para o uso de certns anti-conceptivos, desde que estes partam de médicos
experientes. São igualmente mi- nistrados ensinamentos sobre isto nas Faculdades de Medicina.
Existem para este fim, tanto na América do Norte como na Europa, médicos treinados em
técnicas contraceptivas e controlo da natalidade, assim como as clínicas de saúde para mulheres
são encontradas em toda a parte e podem ministrar os ensinamentos necessários. Pessoas
casadas que desejam orientação sobre o uso
138 DR. LOMBARD KELLY de anticonceptivos, deveriam procurar um médico espe-
cialista em moléstias de senhoras ou um ginecologista, ou ainda uma clínica especializada. Os
principais métodos de anti-concepção, são: a) mecânicos; b) químicos; c) mecânico-químicos;
d) físicos; e) físico-químicos; f) biológicos. Outros métodos são a esterilização e a
abstinência. A falsa abstinência, <<coitus interruptus>>, posto que gran- demente usada, é
mencionada apenas para ser conde- nada a sua prática com já se disse em páginas anteriores. Por
motivos de ordem técnico-especializada, os cinco primeiros meios anticonceptivos não podem ser
divul- gados nestas páginas, mas considerando que muitos des- tes recursos são já do
conhecimento ?lo público não é demais dar-se uma palavra de aviso para prevenir um possível
envenenamento pelo uso de duches, etc. Reco- mendamos nunca usar o bicloreto de mercúrio ou
deriva- dos de ácido carbólico, ou desinfectantes químicos muito fortes como ingredientes para
duches. Foram relatados ? casos de morte pelo seu uso imoderado. O métoda biológico. - Este
método pode ser livre- mente discutido. É dependente dos períodos chamados <<períodos
normais>>. O primeiro destes ocorre em algu- mas mulheres durante o tempo de lactação, desde
que a mãe esteja alimentando o filho pela amamentação du- rante alguns meses. O segundo
depende de. um tempo- rário intervalo estéril durante o ciclo menstrual, que vai de alguns dias
depois da ovulação até ao começo do próximo período. ' Lactação. - Durante. os três primeiros
meses do pe- ríodo de amamentação, . nma .média de.: três quartas par- tes das mães não tem
menstruação. Desde que a ovula- ção ou a soltura dos óvulos pelo ovário pode ocorrer
independentemente da menstruação, a ausência do fluxo mensal não é garantia da esterilidade;
uma mulher que
AS RELAÇõeS SEXUAIS NO CASAMENTO 239 não esteja a ser menstruada
pode, no entanto, conceber normalmente. Para d:zer tudo, o denominado <<período seguro>>
da amamentação não o é, efectivamente. De acordo com Dickinson em <<Técnicas no Controlo
da Concepção>>, actualmente, todos aqueles que não querem correr o risco devem tomar
<<precauções seguras>>. Ele também declara: <<A obrigação rotineira do médico para com o
seu paciente é portanto clara todas as vezes que um bom espaçamento seja uma medida de
salvaguarda da saúde e da força>>. Ritmo. - O uso deste métndo depende do facto de que a
ovulação se dá na maioria das mulheres, na metade do ciclo menstrual quer dizer, na vizinhança
do décimo quarto dia antes de começar o próximo período. Sabe- -se que o óvulo pode receber o
esperma e tomar parte numa fertilização bem sucedida somente dentro de um período muito curto
que raramente atinge as 12 horas , sendo o comum de 2 a 4 horas. Sabe-se
também que o esperma não tem força fertilizadora por mais de 48 horas em média. Isto quer dizer
que existem apenas dois dias em cada ciclo durante os quais a fertilização pode ocor- rer. A
dificuldade, entretanto, está em determinar quais são estes dois dias. Os ciclos menstruais nas
mulheres normais variam de 21 a 38 dias e em 75 % das mulheres varia de 8 a 9 dias no espaçn do
seu ciclo. Isto quer dizer que cada mulher deve anotar cuidadosamente os perío- dos, antes de
calcular os dias seguros do seu ciclo. É claro que será necessário acrescentar vários dias em cada
di- recção, para que o período fértil possa ser estabelecido num período de pelo menos 8 dias. A
estatística demons- tra que a parte mais certa do chamado t<período seguro>> é a semana que
precede o próximo fluxo menstrual espe- rado. O tempo de ovula?án nas mulheres sáudáveis
pode ser acuradamente estábelecido pela tomádá da tempera- tura basal (pela boçá, ão levantar-se
pela manhá) e ano- tando-a numa fichá que pode ser improvisadá rriesmo em cása: A época de se
ábster do coito ou de: tomár pre- cauções especiais é quando a témperatúrá se modifica por
elevação (fig. 11). Enquanto que á célula ovular pode deixar o ovário do oitavo ao décimo nono
dia, a maioria
140 DR. LOMBARD KELLY das ovulações ocorre do décimo segundo ao décimo quin-
to, com o máximo de probabilidades no décimo quarto dia. A temperatura baixa nas mulheres
saudáveis será de 36,8 graus mais ou menos, tomada pouco antes de le- vantar-se, e a alta
temperatura que ocorre nos dias de ovulação será na base de 37,2 graus. Termómetros espe- ciais
são agora encontrados para tomar a temperatura basal. Estes termómetros são fabricados somente
para o efeito. Podem ser lidos facilmente até pelas pessoas que têm dificuldade de ler os
termómetros clínicos comuns, que são conhecidos de todns. Os médicos podem ser consultados
para minúcias, como também são encontrados facilmente folhetos e ca- lendários para ritmos.
Tais informações devem ser obti- das por todos aqueles que desejam seQuir o método e es-
pecialmente os que pertencem à Igreja Católica, pois ele é o único método preventivo, à excepção
da abstinência total, que é sancionado pela Igreja. Para aqueles que desejam investigar o método
do ri- tmo e a determinação da temperatura basal as seguintes referências são feitas: <<Controlo
natural da Concepçãov de Leo Y. Latz (Revista da AssociaGão Médica Ame- ricana. Vol. 105,
n.?s 16 a 19 - Out. 1935) ou então o livro já popularizado, com o título: QUANDO QUER O
SEU FILHO? por G. Howell. Métodos cirúrgicos. - Estes consistem em interven- ções
cirúrgicas para evitar o fluxo e a ejaculação do es- perma pelo homem, ou para evitar a passagem
do esperma pelo tubos uterinos e dos óvulos através dos tubos, na mulher. Desde que estes
métodos não podem ser empre- gados pelos próprios pacientes, mas somente por médi- cos
especializados, alguns comentários a respeito são per- mitidos. Tais métodos deveriam ser
recomendados àqueles ca- sais que, por uma ou outra razão, não deveriam ter filhos e também
para aqueles que já tiveram o número dese- jado de filhos. O médico e o casal interessado
deveriam estudar todas as fases do problema cuidadosamente, mas o médico é quem deve tomar a
decisão, baseado nas con- siderações éticas e científicas. A esterilização já não requer a
assexualidade do in-
AS RELAÇÕES SEXUAIS NO CASAMENTO 141 divíduo, ou a extirpação dos
testículos ou ovários como antigamente. Não há necessidade de se remover nenhum órgão e a
vida sexual do indivíduo não é afectada pela simples operação. No homem, o canal deferente ou
ducto espermático pode ser ligado ou dividido de cada lado. Na mulher os tubos podem ser
alterados de modo idêntico sendo mais recomendável transplantar uma ponta de cada tubo na
parede do útero, pois as pontas amarradas po- dem-se abrir e ocorrer a fertilização. Métodos de
retirada (falsa abstinência). -Há dois des- tes métodos. O coitus interruptus que é a retirada do
pénis da vagina um pouco antes da ejaculação, e o <<coi- tus reservatus>> que é o coito
prolongado, sem terminar em orgasmo ou ejaculação por parte do homem. O pri- meiro método é
praticado comummente; o segundo quase não se pratica. Diz-se que a retirada pouco antes do
orgasmo, é o método anticonceptivo mais praticado em todo o mundo. Para homens que preferem
um coito prolongado, sem nenhum meio anticonceptivo e completamente satisfa- tório até aos
últimos instantes, este método pode sa- tisfazer. Para a mulher que pode atingir a satisfação
completa antes que o homem retire o membro, o método pode ser aparentemente bom,
especialmente se ela esti- ver pensando apenas na sua própria satisfação. Mas, o orgasmo
simultâneo com mútua satisfação total é prati- camente impossível quando o coito é interrompido
pela retirada do membro. Como método contraconceptivo este tem desvantagens marcantes,
pois o homem deve manter um controlo ex- trãordinário para poder praticá-lo e a mulher
precisará abreviar suas naturais respostas ao impulso masculino para poder ajudar o companheiro
nas suas tentativas de controlo. Há alguns homens que parecem não saber quando começa a
ejaculação e há outros nos quais o mé- todo impõe um esforço nervoso demasiado para atingi-la.
Muitos homens têm espermatozóides no muco que elimi- nam na excitação sexual, antes que
ocorra a ejaculação, e a concepção é possível pela entrada destes germes no útero. O método
nunca deveria ser usado quando a mu- lher nán consiga satisfazer-se antes da retirada, ou por
142 DR. LOMBARD KELLY orgasmo natural ou por titilação no clítoris com o dedo
enquanto o pénis está no seu lugar. A mulher que goza ou imagina que goza com a irrigação do
sémen dentro de sua vagina, não gostará de tê-lo despejado no seu abdó- men, entre suas coxas
ou na roupa da cama. A maioria das opiniões médicas parece indicar que a prática do coito
interrompido não é prejudicial ao homem e também não o é para a mulher, desde que ela possa ter
um ou mais orgasmos antes que o homem retire o membro. É definitivamente prejudicial para a
mulher que só teria satisfação completa com o acto sem interrupção, mas que não se pode
satisfazer com a retirada do mem- bro. É sempre possível, sem dúvida, para o homem, es- fregar
o clítoris da sua companheira, após a retirada do membro, e satisfazê-la dessa forma. Uma mulher
pode ter satisfação completa se isto for feito num coito com- pleto, e deve-se destacar que a vasta
maioria das mulhe- res gosta de sentir um pénis totalmente erecto na sua vagina no momento do
orgasmo. Desde que espermatozóides activos permanecem na uretra masculina depois de uma
ou duas horas após a ejaculação, uma nova colocação do pénis na vagina pode resultar na
concepção, a não ser que a passagem seja lavada antes pela emissão da urina. Como método
contraconceptivo, diz-se que a retirada tem êxito em 87 e 97 por cento entre indivíduos inteli-
gentes; a percentagem é, sem dúvida, mais baixa entre os outros. O relato bíblico do Génese 38 -
VIII, IX e X, não deixa dúvidas quanto à atitude da divindade sobre essa prática. << ... E Judha
disse a Oman, seu filho: Vai à espasa do teu irmão e casa-te com e1a para suscitares
descendências a teu irmrio. Sabendo ele que os f ilhos que nascessem não haviam de ser seus,
quando se jun- tava à mulher de seu irmão impedia com uma execranda acçrro que nascessem
filhos em nome de seu irmão. E por isso o puniu de morte o Senhor, por cometer uma acção
detestável. >> No segundo método contraconceptivo que emprega a retirada (coitus resérvatus)
o homem não chega ao or- gasmo e nem à e?aculação; a mulher pode ter ou não
AS RELAÇáES SEXUAIS NO CASAMENTO 143 o orgasmo. É costume dos
praticantes deste método, ter um coito muito prolongado com uma gradual dimi- nuição da
sensação do que prenuncia o clímax usual. Foi ensinado e geralmente usado entre os membros de
um grupo religioso conhecido como a Comunidade Oneida a qual é descrita por Havelock Elils na
sua <<Psicologia do Sexo>>. Era admitido o casamento plural e cada ho- mem era casado com
cada mulher e as crianças eram instruídas neste método pelos mais velhos. De acordo com
Dickinson em <<Técnicas e controlo da concepção>>, as relações sexuais neste clá duravam de
duas a três horas, de 2 ou 3 por noite e aparentemente não causa- vam dano nenhum. Os filhos
dos pais seleccionados eram muito superiores às crianças comuns. O grupo finalmente voltou à
estrita monogamia. <<Coitus Reservatus>>, como o outro método de reti- rada, é anti-natural
mas com a diferença de não ser nada popular. De facto, a existência do método é conhecida de
apenas um pequeno grupo. Mesmo que sirva para alguns cultores, não é para pessoas normais.
Abstinência. - Como método de controlo de filhos a abstinência das relações sexuais é o mais
perfeito, fora a esterilização. Calcula-se que seja praticada somente com esse fim, por apenas dois
por cento de pessoas. Dois casais entre cem, parecer-nos-ia uma alta avaliação, mas houve uma
série de mil casamentos de pessoas inteligen- tes entre as quais a abstinência era praticada por 8
% dos férteis. 11 % de outra série absteve-se por mais de um ano, mais principalmente por causa
de saúde fraca, e por falta de conhecimento de qualquer outro meio de prevenção. A abstinência
completa e demorada como meio con- traconceptivo em casais saudáveis e normais, sem dúvida
se aproximará de 0 %. Se o marido e a esposa são exage- radamente frígidos ou impotentes ou se
são ascéticos es- piritualmente, a abstinência pode ser aconselhada pelo médico como método
prático. Está fora da finalidade deste livro converter qual- quer casal ao uso de métodos
anti-conceptivos ou de dis- suadi-los do seu uso, evitando, portanto, descrevê-los com detalhes.
Uma breve menção foi feita de alguns métodos
144 DR. LOMBARD KELLY e mais detalhadamente descritos apenas os métodos na-
turais que dependem do tempo da ovulação (ritmo) e que não são condenados pela Lei ou pela
Igreja. Em alguns países há leis contra a disseminação de informa- ções sobre o controlo da
natalidade, mesmo do médico para o paciente. Portanto cada casal é obrigado a procurar
conselhos médicos e espirituais adequados antes de tomar qual- quer atitude para limitar os filhos
por qualquer método. Há vários métodos destinados a impedir a união do esperma com o óvulo
ou célula ovular e assim evitar a concepção, alguns dos quais muito eficientes. Se usados
adequadamente, por indivíduos inteligentes, de alta cul- tura, eles podem ser bem sucedidos, de
98 a 100 %. Se for tomada a decisão de empregar tais métodos, é abso- lutamente necessário
consultar um médico ou uma clí- nica para orientação adequada. Todo o casal normal deseja ter
um ou mais filhos. O uso de métodos anti-conceptivos durante algum tempo, não afectará os
tecidos ou também não será causa de esterilidade, mas é melhor não esperar até que o tempo fértil
da vida tenha passado para começar uma família porque então a tentativa pode resultar em
desaponta- mento. Casais sem filhos são quase sempre motivo de pena e usualmente sentem muito
a diferença entre eles e os outros. Alguns se decidem pela adopção, a fim de satisfazer o desejo
natural de ter filhos.
CAPfTULO XXIV O IMPULSO SEXUAL DA MULHER EM
RELAÇ.4O ao PARTO É um facto muito conhecido que algumas mulheres querem filhos e
que outras não os querem e que estas últimas tomam providências para evitar a gravidez. Con-
sideremos primeiro as mulheres que desejam ter filhos e perguntemos se estas são sexualmente
mais ardentes que as outras. As respostas variam por grupo, certamente? ,
muitas delas até nem têm um desejo sexual marcante, mas têm um instinto maternal
profundamente enraizado. Tais mulheres casam-se e levam uma vida conjugal normal, têm filhos e
amam seus maridos sendo bastante felizes. , Mas há muitas dentre elas que nunca
tiram real prazer das relações sexuais excepto concorrerem para a satisfação do homem. Por
outro lado, muitas delas são sexualmente ardentes e muitas são colocadas intermediariamente en-
tre estes dois extremos. Depois consideremos as mulheres que não querem ter filhos e
perguntemos até que ponto elas são sexualmente apaixonadas. A resposta aqui será a mesma.
Entre estas categorias estão todos os tipos de mulheres, medidas pelo desejo sexual. Desde que
esta situação existe de facto, a pergunta naturalmente aparece: Qual é a relação, se existe al-
guma, entre o desejo sexual e o instinto maternal? A resposta é que a relação é muito remota.
Resumindo , há na mulher um bem definido impulso sexual, com raras
excepções, e este impulso leva primeiro ao desejo de um companheiro, e depois em muitos casos,
ao con-
146 DR. L OMBARD KELLY tacto sexual para consumar a união. A maioria das mu-
lheres, ao atingir o estado de adulto, já está a par do facto de que o contacto com um homem
pode causar a fecundação e trazer o nascimento de um filho: elas sa- bem o que é uma <<mulher
perdida>> e, um grande nú- mero delas já soube que o primeiro coito é doloroso. A1- gumas
muito inocentes podem ainda acreditar que os bebés nascem pelo umbigo e algumas não sabem
que o homem tem emissão do sémen. Mas o comum das moças em idade de casar geralmente
sabe o que significa a vida de casada. Desde que isto é verdade, que atitude deve tomar a virgem
recém-casada com relação ao acto que se vai dar? Algumas resignaram-se a ele como um facto
inevitável e se engravidam, também aceitam isso como inevitável. Outras esperam o acto com
impaciência, com quase o mesmo espírito que o homem, e no seu prazer não se preocupam com o
que pode vir depois. Por outro lado, há algumas que já estipularam mesmo antes do casa- mento,
que não haverá filhos e portanto, alguma coisa deve ser feita. Este tipo, ou faz o <<alguma
coisa>> ou con- fia no seu marido para fazê-lo. Há, portanto, muitos factores que determinam se
um casal terá filhos ou não. O marido pode querer tanto ter os filhos que ignorará as objecções da
esposa ou vice- -versa. O marido ou a esposa podem ser indiferentes ao facto de nascerem filhos
ou não. Um dos dois ou ambos podem desconhecer qualquer método anti-conceptivo e nada fazer
para isso. Também os meios usados podem não ser eficientes ou podem ser usados
defeituosamente. Além do mais, os meios necessários podem, certas vezes, ser difíceis de
conseguir; e, sob certas condições, a mu- Iher pode decidir que é melhor arriscar que ter o neces-
sário trabalho. A equação pessoal pode entrar na questão, como no caso seguinte, obtido de um
correspondente. <<A sr.á X, uma mulher muito ardente era a esposa de um caixeiro-viajante que
vinha a casa somente uma vez por semana. Ela tinha um filho de dois anos de idade. Eu morava
na mesma casa que eles, como pen- s?onista, e o meu quarto ficava em frente ao deles. Gra-
AS RELAÇáES SEXUAIS NO CASAMENTO 14? dualmente, tornei-me íntimo da
jovem senhora, que na época contava apenas 22 anos, e ela contava-me muitas coisas. Contou-me
por exemplo, que ela e o marido ti- veram relações sexuais na primeira noite de casados com
muito prazer para ela, e sem nenhuma dor. Ela nunca se referiu a meios de evitar a gravidez a não
ser quando mencionei o assunto. Disse-me, então, que na sua opi- nião, quem estivesse disposto a
sentir o extremo prazer das relações sexuais deveria também estar disposta a ter filhos. Mais
tarde, ela deu à luz outro filho e mais ou menos dois anos depois divorciou-se e seu marido
casou- -se outra vez. Depois disso, perdi-a de vista. Sei que ela possuía uma seringa vaginal, mas
não creio, apesar desta convulsiva evidência, que ela tentasse evitar a concepção. Por outro lado,
pareceu-se razoável que ela tivesse mais que duas concepções em cinco anos, considerando-se a
intensidade do seu ardor. Ela possuía olhos e cabelos pretos e era de ascendência francesa.
Contou-me que soube que seu marido Ihe foi infiel durante a sua pri- meira gravidez e que desde
então nunca mais sentira nenhum real desejo por ele. Tive ocasião de duvidar disso, pois ela me
havia confessado que praticara o coito por duas vezes numa noite, com pouco intervalo>>. Se
esta mulher falou a verdade quando expressou o sentimento de que era dever da mulher ter filhos,
se não por outra razão que pagar pelo prazer que auferia na prática do coito, o caso é importante.
Em primeiro lugar, é um ponto de vista que pode ser adoptado por muitas mulheres do seu tipo.
Mas, ainda mais impor- tante é a consideração de que esta mulher realizava o plano da natureza.
Ela sentia que sua paixão e a sua satisfação eram um meio destinado a um fim e que ela erraria se
deturpasse esse fim. Se uma mulher pensasse assim, se não tivesse prazer com o acto, mas o fazia
ape- nas para satisfazer o marido, seria outro caso. Sentisse isso ou não ela deveria saber que
estava fa- zendo uma coisa natural, a finalidade da qual deveria ser, certamente, do seu
conhecimento, e que qualquer coisa que fizesse para evitar suas consequências naturais seria
contra a natureza. Mas muito poucas ou mesmo nenhuma mulher usando
148 DR. LOMBARD KELLY meios para evitar a concepção, sentem a consciência
acusá-las. O aborto criminal como meio de se livrar do feto ou embrião, não perturba uma mulher
que até seria incapaz de matar um frango. Um caso chegou até mim, de uma viúva com quatro
filhos, que seguiu o conselho de um amigo para evitar que o quinto chegasse a seu termo - (tenho
boas razões para crer que o amigo era o médico da família). Ela sofreu muito e precisou de ser
levada para um hospital. Depois disse com toda a calma ter visto o feto (de cinco meses) e
acrescentou que era um menino. Não demonstrou sinais de arrependimento e muito menos
remorso, mas deu a entender que na <<próxima vez>> usaria um meio menos perigoso para si.
Essa mulher é muito bonita e já se casou novamente, tendo tido já o quinto filho. Tenho muitas
razôes para acreditar que ela é sexualmente apaixonada e uma vez chegou a confessar-me que era
um <<incubador humano>>. Na sua maioria, as mulheres que usam meios de evi- tar a
concepção, quando não há uma razão real para que não tenham filhos, parecem crer que se
engravidassem estariam a ser punidas pelo seu descuido, que seria uma desgraça se isso
acontecesse logo depois do casamento e que não têm obrigação nenhuma de ter filhos; que, se
podem evitá-lo, estão em muito melhor situação do que suas <<infortunadas>? irmãs.
Ocasionalmente, encontram-se mulheres que não evi- tam a concepção, achando que isso é
errado, e Havelock Ellis menciona uma que não encontrava prazer nas rela- ções sexuais a não ser
que soubesse que a finalidade era a procriação. Estes casos são raros excepto entre adeptos de
certas religiões. O suicídio da raça é um assunto muito discutido em discursos e publicações. Já
se disse que a população de França estava estacionária ou mesmo decrescendo por cau- , sa disso.
Mais recentemente, no entanto, o governo francês ? colocou em grande relevância o aumento da
família e o caso mudou de aspecto. Recentes notícias em jornais com ilustraçôes, são uma prova
de estar aumentando o número de grandes famílias no mundo. Uma vez o fale- ` cido
Theodore Roosevelt sentiu necessidade de chamar a atenção para a importância de famílias
grandes nos
AS RELAÇÕES SEXUAIS NO CASAMENTO 149 Estados Unidos e muitos
comentários de jornais o torna- ram familiar a relatos de pais que tinham até 12 filhos. Qual é a
explicação para uma ameaça de um suicí- dio racial, em qualquer país? Nenhum povo de nenhuma
nação tem falta de impulso sexual. O que deve estar a faltar num país com um índice de natalidade
mais baixo que o índice de mortalidade é um instinto maternal, e parcialmente, também um
instinto paternal. Deve-se dizer que o marido quase sempre concorda com a mulher em evitar a
gravidez e em alguns casos é o principal interessado. Se se pratica o controlo da na- talidade
numa escala mais elevada num país, mais do que em outro, deve isto significar que os
conhecimentos dos meios anti-concepcionais têm sido mais divulgados nesse país. Ninguém
argumentaria que um índice baixo de natalidade num determinado país é devido a uma abstenção
das relações sexuais ou que é causado por uma existência anormal de casos de esterilidade entre
os seus homens e mulheres. Geralmente, admitir-se-á que é de- vido a adopção? de métodos para
prevenir a concepção. O impulso sexual aqui não tem relação nenhuma com o controlo dos
filhos, no sentido de que o desejo do coito significa o desejo de ter filhos; pelo contrário, o desejo
do coito e a satisfação desse desejo tornam ne- cessários métodos de prevenir a concepção a fim
de con- tornar a realização do plano da natureza. Quer dizer, satisfazer o desejo sem contrariar a
vontade de não ter filhns. Se o desejo do coito e o desejo de ter filhos fossem os mesmos então é
evidente que qualquer meio de evitar a concepção seria inteiramente supérfluo Até que ponto o
desejo de ter filhos é hereditário, é uma questão fácil de responder. Este désejo pode ser mais
marcante em algumas raças que em outras, e nesse ponto deve ser herdado. Mas a preponderância
de maior evi- dência é contra a existência dé um instinto reprodu- tivo, o que quer dizer, em.
resumo, que o controlo de filhos tem pouca relação directa com o impulso sexual. Não há,
provavelmente, autoridade maior nesse assunto clue Havelock Ellis que escreve: - <<O objecto da
repro- dução certamente não constitui parte do impulso sexual em qualquer animal, fora o
homem, e revela uma falta
150 DR. LOMBARD KELLY do mais elementar senso de continuidade biológica, para
assegurar que no homem um processo tão fundamental e involuntário pode repentinamente ser
revolucionado. Que o impulso sexual é quase sempre associado com um forte desejo de ter filhos
não pode haver dúvida, e nas mulheres o desejo de ter um filho - quer dizer, a von- tade de
preencher as funções para as quais os seus cor- pos foram constituídos - pode tornar-se tão
intenso e imperativo que podemos considerá-lo pouco menos impe- rativo que o próprio impulso
sexual>>. Mas isto não é um impulso sexual, posto que esteja intimamente asso- ciado a ele, e o
explique também. Um instinto repro- dutivo poderia ser encontrado em animais partenogené-
ticos, mas não teria sentido, por ser inútil, em organis- mos que não se propagam pela união
sexual. Uma mu- lher pode não querer um amante, mas pode desejar um filho. Isto quer dizer
apenas que os seus instintos ma- ternais foram despertados, enquanto que seus instintos sexuais
estão ainda latentes. Um desejo pela reprodu- ção, assim que se torna instintivo, toma
necessariamente a forma do impulso sexual, porque não há nenhum outro mecanismo instintivo
pelo qual se possa expressar. Um <<instinto reprodutivo>?, sem o instinto sexual e o instinto
maternal; não pode ser admitido, seria absurdo. Mesmo nas mulheres nas quais o instinto maternal
é muito forte, geralmente se observa que quando uma mulher está amando e mesmo durante os
último estágios do seu amor, o desejo consciente por um filho pode ser forte durante o tempo em
que a paixão sexual é mais forte mas o pensamento de um filho sob condições felizes tende a
afastar-se para não prejudicar o primeiro impulso, que é o sexual. A reprodução é o fim natural e
o objecto do instinto sexual, mas dizer-se que é parte do conteúdo do impulso sexual, ou pode ser
usado para definir este im- pulso, deve. ser deixado de lado, eomo inaceitável. No entantñ, posto
que o termo <<instinto reprodutivo>> fre- quentemente usado.;. é raramente empregado num
sen- tido que possa ser considerado seriamente, é. vagamente empregado como um eufemismo
por aqueles que dese- jam velar os factos da vida sexual; e mais precisamente empregado por
aqueles que são inconscientemente domi-
CAPfTULO XXV DIAGNóSTICO DA Uma mulher que tenha saúde e seja
bem regulada, ao ter um atraso de cinco ou mais dias na sua menstrua- ção, pode estar grávida.
Isto é, no entanto, um diagnós- tico falível. Dentro de uma ou duas semanas depois do tempo em
que as regras deveriam vir, um teste pela urina determina a verdade com uma probabilidade de 98
%. O intervalo do ciclo menstrual varia muito em di- ferentes mulheres. Pode ser tão curto como
vinte ou tão longo como quarenta. Estes extremos, no entanto não são comuns, principalmente os
curtos. A regra geral tem sido de 28 dias, posto que o mais certo é entre o vigé- simo sétimo e o
vigésimo-oitavo. Como declaramos. no capítulo sobre o sistema repro- dutivo feminino (capítulo
IV) o óvulo ou o ovo deixa o ovário no meio do ciclo menstrua.l. Isto quer dizer que a ovulação
ocorre máis ou menos do décimo segundo ao décimo sexto dia antes da data provável do fluxo
mens- trual seguinte. Para viver, esta célula ovúlar; deve ser fertilizada imediàtarrìenle, pois
chegou=se à conclúsão que o ovo amadúreeidó - sQbrevive somente algumas horas depois que
deixoú o folículo ovariano. A c?ncepção, só ocorre quando o coito precede à ovulàção por uri?
péríodo relativamente curto, apenas por uns dias, quando múito. O coito frequente está apto a
apressar .?1 ovulaç?io de modo que a mesma pode ocorrer no nono ou décimo dia, em vez do
12.? ou 16.ó: Do tempo que o ovo morre,
15? DR. LOMBARD KELLY no caso de não ser fertilizado e não ter ocorrido a con-
cepção, até ao primeiro dia do próximo fluxo mens- trual, a mulher fica estéril. Este período
chamado <<se- guron pode usualmente ser contado do 18.? ao 28.? dias de um ciclo de vinte e
oito dias. Por causa de imprevisí- veis variações no tempo da ovulação em algumas mu- Iheres e
também por causa das variações na viabilidade tubar do espermatozóide em homens diferentes, o
cha- mado período <<seguro>> é de onze dias aproximadamente. Um período menstrual total
de três a cinco dias de duração que ocorra depois da concepção, não é fisioló- gico certamente; é
mais místico. Há inúmeras pessoas que conheceram mulheres que ficaram menstruadas durante
toda a gravidez. Impossível! Uma mulher que fica mens- truada no tempo certo, à sua maneira,
pode tirar da mente qualquer esperança de ter concebido. Ela deve ten- tar novamente. Depois
de uns quatro meses após a concepção uma mãe em perspectiva pode sentir movimentos, os
quais, o médico pode confirmar ou negar pelo uso do seu este- toscópio, através do qual ele pode
ouvir sons do coração do feto. O teste da urina para a gravidez (o soro san- guíneo também pode
ser usado) deve ser feito por espe- cialistas, em laboratórios. A resposta depende, em mui- tos
tipos de testes, das mudanças que ocorrem nos ovários do animal empregado no teste, (rato,
cõelho, camon- dongo) ou com a rã, que apresentará os ovários inflama- dos. Mudanças positivas
são devidas à presença no san- gue circulante e também na urina das mulheres grávidas de uma
quantidade acima do normal de substâncias seme- lhantes à pituitária anterior que estimula os
ovários. Nas mulheres não grávidas a quantidade destas substâncias químicas ou hormonas é
insuficiente para afectar os ová- rios os quais são deixados sem mudanças. O volume de urina
deve ter pelo menos 5 cc. e ser a primeira da manhã. Deve ser levado ao consultório médico ou
ao laboratório de análises, num fecipiente limpo. Um vidro bem lavado e enxuto é aconselhado. O
material deve ser conservado fresco. O calor causará a multiplicação de bactérias e mudanças na
urina que po- dem inutilizar o teste. Se a amostra tiver que ser enviada
a alguma distância, pelo correio ou outro meio, deve ser acrescentada de umas três gotas de
tricresol, lisol ou creo- lina como preservante. O tempo requerido para os diferentes tipos de
testes varia de 2 a 96 horas. O teste de Friedman ou do cõelho é um dos mais garantidos, mas
requer de 36 a 48 horas. Um estudo quantitativo deste teste foi feito por mim e por Woods, e
transcrito na Revista da Associação Médica Americana, no vol. 108, de Fev. de 1937. O teste de
duas horas, aperfeiçoado por Kupperman e Greenblatt na Faculdade de Medicina da Geórgia, em-
prega ratos brancos imaturos. É um distinto passo em frente no diagnóstico precoce da gravidez,
e é particular- mente útil nas emergências, tais como a tubária ou outra gravidez ectópica, quando
somente horas em vez de dias podem ser concedidas para uma confirmação do diagnós- tico. O
teste do camondongo determinará uma gravidez de até 8 dias depois da concepção. Se negativo,
pode ser seguido uma semana depois, pelo teste da rá, o qual é bem seguro, duas semanas depois
da concepção. Todos estes testes de gravidez são quase 100 % positivos e posto que alguns
demorem mais do que outros, pode-se confiar no médico que enviaria a amostra de urina a um
labora- tório de confiança.
CAPITULO XXVI CONTROLO SEXUAL Uma das principais causas de
incompatibilidade se- xual entre o marido e mulher é a inabilidade do primeiro em prolongar o
acto suficientemente para proporcionar à última o clímax e assim assegurar-Ihe o alívio da ten-
são, que somente o orgasmo pode produzir. Esta falta de habilidade varia do grau de absoluta
ejaculação pre- matura (até antes da intromissão na vagina) e uma eja- culação relativamente
prematura (muito antes de a es- posa ter tempo de chegar a um completo estado de ero- tismo e
satisfação total). Em Nova Jersey, uma noiva requereu a anulação do casamento (caso relatado
pela Revista da Associação Médica Americana) por causa desta deficiência por parte do marido.
A anulação foi negada pela justiça, mas a perspectiva de um casamento feliz não parecia multo
provável com este começo infeliz. No capítulo XIV, chamou-se a atenção para a ati- tude dos
maridos muçulmanos, hindus, malaios e javane- ses, cujo desejo é principalmente satisfazer as
esposas, permanecendo com o membro dentro da vagina durante um quarto de hora, ou mais.
Muitos europeus e ame- ricanos terminam o coito, em dois ou três minutos ou menos ainda e
assim, em muitos casos, deixam suas espo- sas insatisfeitas. Como já se disse noutro lugar, o
resul- tado disso é que a esposa se revolta contra o acto, ou até, o que é pior, se torna uma pessoa
neurótica. Se não há uma anormalidade nos órgãos generati- vos do casal, se um lubrificante
adequado é usado (ver
15R DR. I.OMBARD KEI,I.Y cap. V) e se o marido se aproximar da sua amada com a
determinação de proporcionar-lhe um gozo total na consumação do casamento, a união deve
durar o bas- tante para uma completa satisfação mútua. Isto quer di- zer que se o marido fizer um
esforço suficiente, pode participar no acto do coito como se fosse uma comunhão mais ou menos
demorada e com o correr do tempo con- segue mais e mais o controlo até que finalmente ele pode
permanecer o tempo que quiser. Diz-se que este con- trolo é agradável à esposa e se ela ama o
seu marido, deverá desejar que a união dure tanto quanto ele o de- seja, e num coito prolongado a
maioria das mulheres pode atingir o orgasmo por sua vontade se sabem que isso é o fim do acto, e
mesmo se já tiveram um ou mais orgasmos antes do fim. Numerosos exemplos podem ser
citados para demons- trar a influência excitadora dos centros mais altos ou cerebrais, nos órgãos
sexuais terminais dos sentidos. É possível a um homem sentir um orgasmo e ter uma eja- culação
simplesmente através do efeito da sua imagina- ção ou pela associação de ideias. Sabe-se que
ocorreu o começo do orgasmo em algumas mulheres simplesmente por estarem na presença de
um membro do sexo oposto, muito admirado por elas. Em psicopatas esta tendência pode atingir
um grau muito alto, como mostra o trecho seguinte de uma carta que este autor recebeu de um
mé- dico de Nova Iorque, mais ou menos em 1951: <<Estou a escrever ao senhor sobre um
assunto para o qual de- sejava pedir a sua ajuda. O assunto é o orgasmo es- pontâneo. Tenho uma
paciente esquizofrénica que des- creve a ocorrência de orgasmo espontâneo sem nenhuma fantasia
e tenho observado a paciente ao ter vários des- tes acessos. Ela manifesta objectivamente todas as
ca- racteristicas e diz ela, sem fantasia alguma. A literatura é escassa sobre este assunto. Na sua
vasta experiência neste campo, pode o senhor dizer-me das suas observa- ções e conhecimentos
com relação a este assunto?>>. Estes casos são citados, não por serem comuns, mas porque
mostram até que ponto os centros do cérebra podem influenciar os órgãos terminais do sentido
sexual. Isto quer dizer, é claro, que o grau mais brando demons-
AS RELAÇõeS SEXUAIS NO CASAMENTO 15? trado na ejaculação
prematura pode ser tratado por su- gestão e o conselho profissional de um psiquiatra deve ser
procurado se o marido não pode controlar-se e com- pletar a intromissão num coito
suficientemente prolon- gado, sem auxílio de fora. Se houver alguma razão para se suspeitar que
o fac- tor existente para essa falha é uma condição inflama- tória, ou uma irritação, ou uma
moléstia da próstata ou da vesícula seminal, então um urologista deve ser con- sultado. Em
homens novos, um alargamento ou molés- tia da próstata são raros mas nos noivos de idade
madura as condições desse órgão devem ser verificadas. Em al- guns casos o auxílio conjugado
do psiquiatra, do urolo- gista e do endocrinologista pode ser necessário para cor- rigir essa
condição, mas certamente nem sempre é esse o caso. Um rapaz poderia com toda a segurança
pro- curar somente o psiquiatra, na vasta maioria dos casos; seria melhor para o noivo de meia
idade fazer primeiro uma consulta com o urologista e o endocrinologista. Seria a função do
endocrinologista determinar se as glândulas da secreção interna estão normais e isto incluiria uma
verificação das hormonas dos testículos. Alguns especialistas classificam a ejaculação prema-
tura como uma forma de impotência e, indubitavelmente, eles estão certos se considerarmos o
significado da pala- vra - falta de força para amar. Não faz muita diferença para a esposa se esta
fraqueza provoca a ejaculação an- tes da entrada ou imediatamente após, se ela não tem tempo de
alcançar um fim satisfatório para o acto. É verdade que pode ocorrer a fecundação a despeito da
rápida ejaculação, desde que o sémen seja depositado no fundo da vagina, mas se a esposa deseja
e precisa da relaxação para sua tensão, então o acto é inútil. Em vez de tomar sorvete, mascar
tabaco ou mesmo fumar como os Orientais costumam fazer durante o coito, é pos- sível aos
Ocidentais conseguirem a relaxação dos mús- culos e chegarem a um estado de espírito mais
calmo com o uso de sedativos prescritos pelos seus médicos. O efeito de tal tratamento actua nos
centros mais altos do sistema nervoso central, os quais são impedidos de esti- mular em excesso
os órgãos terminais dos genitais exter-
1(i0 DR. LOMBARD KELLY nos. Krafft Ebing na sua <<Psicopatia Sexual>> refere-se a
este centro do cérebro como centro psico-sexual. O se- guinte trecho é de uma anotação na
página 73 da edi- ção da referida obra: <<Em indivíduos nos quais uma intensa hiperestesia é
associada a uma fraqueza irritató- ria do aparelho sexual, acontece que simplesmente em presença
de uma mulher atraente, sem haver a irritação periférica dos genitais, o centro psico-sexual pode
excitar a acção não somente do mecanismo da erecção, mas também os da ejaculação. Para tais
indivíduos, tudo o que é necessário para provocar o orgasmo e até a eja- culação é imaginarem-se
numa situação sexual com uma mulher que esteja sentada em frente a eles na rua, no comboio ou
numa sala. Hammond descreve vários casos deste tipo que o procuraram para tratamento da
subse- quente impotência e menciona que estes indivíduos usa- ram o termo `coito ideal' para o
acto.i> O dr. Moll, de Berlim, contou-me um caso seme- lhante e nessa ocasião a mesma
designação foi dada para o facto aqui descrito. O autor desta obra tem feito experiências com os
efeitos da anestesia local para atrasar o orgasmo e pre- venir a ejaculação prematura. Os
resultados da maioria dos casos foram muito satisfatórios, usando um prepa- rado mais forte do
que os existentes à venda é às vezes requerido para alguns homens. Os interessados devem
consultar um médico sempre que julguem ser impossível o auto-controlo, o que aliás, não é difícil.
A não ser que haja algum factor anormal psíquico ou mental no marido, ele pode aumentar o seu
poder de <<atrasar-se>> com o uso da vontade, e adquirir eficiência na arte de amar, pela
determinação de compartilhar com a sua amada a mais exaltadora de todas as experiências
sexuais.
CAPfTULO XXVII O AMOR PODE SER BELO Qualquer um que haja
lido os capítulos anteriores deste livro com a finalidade de se instruir reconhecerá logo a grande
importância de uma vida sexual bem ajus- tada para os casais normais. É uma felicidade para nós
que nos anos mais recentes o estudo e a exposição dos assuntos relacionados com o sexo se tenha
estabelecido num plano altamente científico e respeitável. É um si- nal saudável para a nossa era,
que um livro como o do Doutor Fritz Kahn <<A NOSSA VIDA SEXUAL>>, possa atingir uma
tiragem de milhares de exemplares e provo- car a publicação de uma série de livros inteiramente
de- dicados à instrução sexual. Há mais ou menos cinquenta anos, começaram a apa- recer os
trabalhos de um autor que provavelmente deve- ria ser classificado cómo o maior sexologista dos
nossos tempos. Trata-se do dr. Havelock Ellis. O seu <<Estudo da Psicologia do Sexo>> que
apareceu de 1897 a 1928, cons- titui uma referência de trabalhos do maior valor para qualquer
estudioso do sexo. No entanto, em 1898, quando seus estudos sobre o sexo eram atacados como
imorais ele conseguiu que o restante desses trabalhos fosse publi- cado fora da sua terra natal, a
Inglaterra. Não podemos relacionar aqui os nomes de até mesmo os principais pre- decessores e
contemporâneos de Ellis, mas uma referên- cia ao seu <<Estudo da Psicologia do Sexov
substituirá os mesmos, porque ele recorre livremente a todas as fontes merecedoras de crédito
para encontrar material.
1B2 DR. LOMBARD KELLY Nós devemos hoje a nossa posição comparativamente
liberal no campo da sexologia aos esforços sinceros e corajosos de um pequeno número de
indivíduos alguns dos quais nâo somente foram chamados à justiça mas até foram condenados,
por mandarem assuntos ccobsce- nos>> pelo correio. Para um relato mais interessante e instrutivo
dos esforços para reprimir material que hoje é considerado correcto e apropriado para todos
excepto uma percentagem pequena de puritanos, sugerimos ver o que consta da ccCensura de
livros de instrução Sexual>>, na ccEnciclopédia Sexual>> (pág. 104). Os comentários das altas
cortes de justiça em rebater convicções e da im- prensa em expressar a atitude moderna sobre os
assuntos comentados neste relato, são notáveis pelo seu são ponto de vista. O retardamento do
nosso progresso em relação a uma atitude compreensiva concernente à educaçâo se- xual foi
devido em grande parte às actividades de An- thony Comstock (1844-1915). Foi Comstock quem
con- seguiu com que as leis federais proibissem a remessa de assuntos obscenos pelo correio,
tanto no país como no comércio exterior (essa proibição era usualmente conhe- cida como Lei
Comstock). Ele foi a Washington em 1873 para se ocupar destes assuntos e depois recebeu um
cargo do Presidente Grant para ser ccAgente especial do Depar- tamentos dos Correios>>, (sem
ordenado até 1906). Me- Ihores esclarecimentos sobre Comstock e sua vida e acti- vidades
encontram-se na ccEnciclopédia Sexual>>. Na pá- gina 144 lê-se o seguinte: cc ... sua paixão pela
pureza o forçava a retirar das vitrinas de uma loja de roupas feitas figuras de cera (manequins)
que estivessem despidas ...>>. Outras actividades deste intolerante foram também ridí- culas na
época em que viveu. O progresso continua. A educação sexual nas esco- las públicas teve um
auspicioso começo no Oregon e dentro de algum tempo será com certeza, seguida em outros
Estados. A educação sexual nos liceus e esco- las superiores tem estado em voga, há alguns anos.
Em muitos círculos o único argumento que ainda permanece é sobre a natureza do conteúdo de
tais cursos e não sobre se são desejáveis ou não. Há ainda influências reaccio-
AS RELAÇõES SEXUAIS NO CASAMENTO 163 nárias e ainda se ouvirão
vozes contra o bom senso da revelação das instruções biológicas sobre a reprodução. É opinião
de muitos que a educação sexual deveria ser dada em casa, apesar de saber-se que poucos pais
têm o conhecimento ou a vontade, ou mesmo a necessária con- fiança em si e nos filhos, para
tornar isso possível. De facto, há extremos em ambas as direcções e um objecto comum deveria
ser a luta pela moderação e correcção científica em tão importante campo de acção. Olhando
para trás com referência ao assunto deste opúsculo poderíamos perguntar aos leitores que são
pais, se estavam ao par, antes de lê-lo, da necessidade de uma adequada educação sexual ou do
conhecimento de uma psicologia geral da vida sexual; quantos sabiam da ana- tomia e fisiologia
dos sistemas produtivos do homem e da mulher; se sabiam de lubrificantes sexuais sem mencionar
muitos dos outros tópicos fundamentais da mesma natureza. Portanto, como pode um cego guiar
ou- tro cego? Existem à venda folhetos muito bem descritos sobre <<biologia do sexo>> e ética
sexual para crianças e adolescentes, assim como para uso dos pais para respon- derem às
perguntas das crianças que são pequenas demais para ler. Muitos pais aproveitariam bastante se
lessem essas publicações. A vida de muitas mulheres é frustrada pela atitude altamente imprópria
de suas mães com relação à vida sexual. As inibições e as repressões às quais são sujeitas
raparigas e rapazes são devidas a tais máes que sendo frustradas sexualmente, arruinam as vidas
dos filhos com pontos de vista tão erróneos que podem levar à frigidez, frustração e divórcio.
Seria inútil, sem dúvida, tentar reeducar as máes, mas os filhos poderiam receber uma autêntica
instrução sexual no liceu ou na universidade que contra-atacasse a influência negativa da fonte
ma- terna. Há somente três décadas atrás, a Comstockeria (o epíteto foi aplicado por George
Bernard Shaw, às excentricidades puritanas de Antony Comstock) recebeu seu primeiro desaire.
Em Março de 1930, a Corte de Apelação perdoou da condenação, a sr.g Mary Ware Dennett.
Este assunto obsceno era um folheto intitulado: <<O lado sexual da vida: uma explicação para os
jovensii,
164 DR. LOMBARD KELLY o qual havia aparecido na Revista Médica e tinha sido
reimpresso como um folheto por causa da sua entusiás- tica recepção pelo público. Teve uma
venda enorme a vinte e cinco cêntimos (aproximadamente 7 escudos na nossa mõeda) que mal
cobriam o seu custo, e organiza- ções grandes como a União dos Seminários Teológicos e a
Associação dos Estados sobre a Criança fizeram grandes encomendas do mesmo. O próprio
Serviço Fede- ral de Saúde do Governo havia distribuído durante mui- tos anos milh6es de
folhetos quase idênticos ao da sr.á Dennett. Esta havia escrito originalmente o artigo como uma
curta compilação de informações elementares sobre o sexo para os seus dois filhos adolescentes.
O folheto foi declarado impróprio para remessa pelas autoridades postais, em 1922. Em 1928 um
inspector pos- tal pediu que um exemplar do folheto fosse enviado a uma sr.á Miles, de Grottões,
(Virgínia). A sr.á Dennett preencheu a ordem de remessa que foi prontamente efec- tuada. Seu
julgamento e condenação em Brooklyn pro- vocou uma tempestade de protestos editoriais e final-
mente houve uma apelação que foi sustentada pela Corte Superior. A opinião da Corte ao dar a
sua decisão é longa demais para ser reproduzida aqui, mas algumas sen- tenças da mesma darão
uma ideia do pensamento que a provocou. << ... pode presumir-se que qualquer estudo concer-
nente ao lado sexual da vida e explicando os órgr?os se- xuais é capaz, em algumas
circunstâncias, de provocar a luxúria - mas não se pode dizer que devido ao risco de provocar os
im pulsos sexuais, não se deve instruir os jovens nos assunlos do sexo. É que o risco de
proporcio- nar tal instrução ultrapassa as desvantagens de deixá-los às cegas com esse mistério e
essa curiosidade mórbida e de obrigá-los a procurar tais informações como pude- rem, de
corrzpanlteiros mal informados e geralmente de mente suja, em véz de fontes inteligentes e de alta
men- talidade! O trabalho da acusada sobre os fenómenos do sexó foi escritó com sinceridade de
sentimento e com idealizaçr?o cias relações .do çasamento. e as etnoções do sexo. Pensamos que
ele tende a racionalizar e dignificar
AS RELAÇõeS SEXUAIS NO CASAMENTO 165 tais emoções em vez de
provocar a luxúria. Informações positivas em lugar de mistério e curiosidade são melho- res e
provocam menos pensamentos lascivos do que uma ansiedade ignorante>>. Portanto, na média
feliz entre os puritanos de um lado e os silenciosos de outro, encontramos um meio termo para
exercício natural e apropriado das funções daqueles órgãos com os quais a raça humana foi
dotada pelo Cria- dor, não somente para a finalidade de procriação. mas também para n mútuo
prazer do marido e da mulher na arte de amar. Somente na raça humana com o seu desen-
volvimento mental a união sexual foi encarada como um meio de comunhão espiritual e uma
renovação periódica do amor e da afeição de duas pessoas para consigo mes- mas, assim agindo
para preservação dos votos matrimo- niais e proporcionando alegria para uma vida reprodu- tiva.
O sexo pode ser belo. Como fonte de inspiração poética não pode ser aproximado nem igualado a
qual- quer outra fonte inspiradora. Quando morrerá o amor de Romeu e Julieta? Quando deixarão
os escritores de admirar o espírito que dominou nas cartas de Heloísa e Abelardo? Na verdade,
somente quando esfriarem as areias do deserto. O mesmo é verdade do amor consagrado de
Roberto e Elizabeth Browning, o qual foi chamado de <<O ro- mance mais delicado da vida
moderna>>. Do primeiro ca- pítulo do livro de Lilian Whinting, citamos: <<A vida dos põetas
que se casaram parece tanto uma página de um conto de fadas - que se custa a acreditar que este
idílio imortal da Põesia, do Génio e do Amor, durou apenas quinze anos, dentro dos seus setenta
e sete e os cinquenta e cinco dela. É uma história que tocou os corações do mundo inteiro.
<< ... com brilhos místicos Como fragmentos de sonhos esquecidos>>, esta história de belas
associações e amizades de criação artística e da entrada num admirável mundo de inspi- ração e
beleza. ao tempo do seu casamento, tinha ele
APRESENTAÇÃO A Necessidade de Instrução Sexual .. .. ...... Psicologia Geral da Vida
Sexual ........... . .. . Sistema da Reprodução do Homem .... .. .... Sistema da Reprodução da
Mulher ........... Lubrificantes Sexuais ..... ........ . ... .. ......... Primeiro contacto sexual ?......... .
. ............ Frequência das Relações Sexuais ?............... As diferentes posições para o coito.
........ Localização do orgasmo na Mulher .... ....... A Causa do orgasmo sexual ..... ...............
Importância do contacto entre pénis e clítoris Comparação do impulso sexual entre o Homem
e a Mulher ..... ............. .... .... ... Frigidez e anestesia sexual na ?Mulher? ......... Outras
diferenças entre os impulsos sexuais no Homem e na Mulher ... ........... ... . . ... Amor e Dor
...... ... ... ...... ... . .. . . ... ... Impotência no Homem ... ... ........ ......... ... Higiene Sexual ... ...
.. ...... ... .... ... ......... Auto-erotismo, Masturbação, etc. ... ... ... .. . O Envelhecimento ...
.......... .. . . ... ...... ... Actividades sexuais após a menopausa ......... Fertilidade
.......................................... Esterilidade ........................... ..... Controlo da Natalidade ... ...
....... . .... ...... O impulso sexual da Mulher em relação ao parto Diagnóstico ? da ? Gravidez
? ?... ..?. ..?...... ?..? ...?...... Controlo Sexual ......... . ... ........ . ..... . . . .. O Amor pode ser belo
? ... ... ....... . . .. .. ....
AS ~ RELACÕeS SEXUAIS NO CASAM E NTO O AUTOR E A OBRA É
bástante lógico que, ao apresentarmos esta ediçÁo perguntemos aos leitores que sÁo pais, qual o
grau de cultura que possuem sobre psicologia geral; o que sabem de anatomia e f isiologia dos
sistemas reprodutivos do ho- mem e da mulher; se conhecem os tópicos f undamentais da mesma
natureza quanto às relações entre cônjuges, cuja ignorÁncia pode levar à frigidez, divór- cio e
tantos outros problemas causadbs pela frustraçÁo. Mais de noventa por cento dos adultos
desconhecem tudo sobre as perguntas formuladas. L? natural que 50% sejam casados e tenham já
cons- tituido familia! ... Então, perguntamos ainda: Como pode um cego guiar outro cego?
Pode presumir-se que, qualquer livro que pretenda explicar e ensinar lado sexual da vida. em
certas circunstdncias provocará a luxúria a qu?rn o ler. Mas; nÁo se pode dizer que devido ao
risco dc provacar impulsos sexuais nÁo se devem instruir as pessoas em assunto de tâo
transcendente importBncia. A curiosidade mórbida e o mistério que se tem f eito à volta do
problema da sexualidade sÁo, certamente, mais prejudiciais que o esclarecimento da ver- dade
feitQ por alguém de moral elevada e re base cientifica. 0 presente volume, escrito por um sábio,
professor de medicina e psicolo- giá é um livro essencial para a maturidade das pessoas adultas
interessadas no problema sexual. Mais de um milhÁo de exemplares já foram vendidos em todo o
mundo. G. LOMBARD KELLY acreditou-se como autoridade indis- rutível em assui?tos de
psicologia e sexualidade.
Livros completos, lidos por Paulinho Geller. Romances, ficção, aventuras, textos interessantes e tudo mais que tenha me chamado a atenção e que podem ser aconpanhados na íntegra. Querendo, solicite por e-mail a cópia do texto em formato .txt. Para leitura Offline.
LER é VIAJAR, APRENDER, ADQUIRIR CULTURA, É TORNAR-SE GENTE.
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segunda-feira, 21 de janeiro de 2013
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