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quinta-feira, 28 de junho de 2012

Textos da Página Momento Espírita

Textos da página momento espírita, para refletir!

Lobos Internos

Um dia um velho avô foi procurado por seu neto, que estava com raiva de um
amigo que o havia ofendido. O sábio velhinho acalmou o neto e disse com carinho:
"Deixe-me contar-lhe uma história.
Eu mesmo, algumas vezes, senti muito ódio daqueles que me ofenderam tanto,
sem arrependimento. todavia, o ódio corrói a nossa intimidade mas não fere nosso
inimigo. É o mesmo que tomar veneno desejando que o inimigo morra.
Lutei muitas vezes contra esses sentimentos.
O neto ouvia com atenção as considerações do avô. E ele continuou: "é como
se existissem dois lobos dentro de mim. um deles é bom. Não magoa ninguém. Vive
em harmonia com todos e não se ofende.
Ele só lutará quando for certo fazer isto, e da maneira correta. Mas, o
outro lobo, ah!, esse é cheio de raiva.
Mesmo as pequenas coisas desagradáveis o levam facilmente a um ataque de
ira! Ele briga com todos, o tempo todo, sem qualquer motivo. É tão irracional
que nunca consegue mudar coisa alguma!
Algumas vezes é difícil de conviver com estes dois lobos dentro de mim, pois
ambos tentam dominar meu espírito".
O garoto olhou intensamente nos olhos de seu avô e perguntou:
"E qual deles vence, vovô?"
O avô sorriu e respondeu baixinho:
"Aquele que eu alimento mais freqüentemente".
E você, qual dos dois lobos tem alimentado com mais freqüência?
A figura do lobo é significativa, uma vez que representa o grau de
animalidade que ainda rege as nossas ações.
Enquanto o ser humano não desenvolver todas as virtudes que o elevarão à
categoria de espírito superior, sempre haverá em sua intimidade um pouco dos
irracionais. E essa luta interna é que irá definindo o nosso amanhã, de acordo
com o lado que mais alimentamos.
Por vezes, um simples ato impensado, uma simples ação infeliz, pode nos
trazer conseqüências amargas por longo tempo.
Paulo, o grande apóstolo do cristianismo, identificou muito bem essa luta
íntima quando disse: "o bem que eu quero, esse eu não faço, mas o mal que não
quero, esse eu faço."
Indignado por algumas vezes ainda ser dominado pelo "homem velho", em
prejuízo do homem novo que desejava ser, Paulo desabafou e nos deixou esta
grande lição: é preciso perseverar.
É preciso deixar que esse lobo sedento de vingança e obcecado pela ira, que
ainda encontra vitalidade em nosso íntimo, não receba alimento e desapareça de
vez por todas, cedendo lugar ao homem moralmente renovado que desejamos ser.
Agindo dessa maneira poderemos um dia, não muito distante, dizer, como o
próprio apóstolo Paulo disse, depois de vencer a si mesmo: "já não sou eu quem
vive, é o cristo que vive em mim."
Mas, para que cheguemos a esse ponto, temos que travar muitas batalhas
internas a fim de fazer com que os ensinamentos e os exemplos de Jesus, o mestre
por excelência, façam sentido para nós a ponto de se constituir em força motriz,
a impulsionar os nossos pensamentos e atos.
Você sabia?
Você sabia que Paulo de tarso renunciou a muitas coisas para seguir a Jesus?
Ele, que foi um dos primeiros perseguidores dos cristãos em nome da sua
crença religiosa, depois que viu o mestre às portas da cidade de damasco,
tornou-se seu seguidor fiel até os últimos dias de sua vida.
Mas, para isso, foi preciso silenciar muitas vezes a fera interna que
tentava falar mais alto.
Foi preciso renunciar a si mesmo, deixar o orgulho de lado, tomar da sua
cruz e seguir os passos luminosos do Mestre de Nazaré.
(Baseado em arquivo recebido pela internet, sem menção ao autor)

Luta Pela Vida

"Uma fotografia se torna novo estandarte a favor da vida".
Recentemente esta manchete ocupou espaço em vários jornais nos Estados
Unidos.
A imagem foi captada por Paul Harris, que fazia a cobertura fotográfica de
uma cirurgia feita dentro do útero materno para corrigir um problema na espinha
de um feto de apenas vinte e uma semanas de gestação.
A foto é realmente espetacular. O fotógrafo conseguiu registrar o exato
momento em que o bebê põe a mãozinha para fora da pequena abertura feita pelo
médico na placenta e segura num dos seus dedos.
A minúscula mão segura firme a ponta do dedo do médico Joseph Bruner como se
quisesse agarrar-se à vida com todas as suas forças.
O tamanho da mão do bebê corresponde a mais ou menos um terço do dedo do Dr.
Joseph mas percebe-se que o pequeno está agarrando fortemente. A imagem retrata
uma verdadeira proeza médica e talvez um dos mais eloqüentes gritos em favor da
vida registrados até hoje.
A mão pequena que comoveu o mundo pertence a Samuel Alexander.
A vida de Samuel literalmente estava por um fio, já que os especialistas
sabiam que não conseguiriam mantê-lo vivo fora do útero materno e que deveriam
tratá-lo lá dentro; corrigir a anomalia do feto e deixá-lo lá para continuar seu
crescimento.
Seus pais, Julie e Alex, lutaram por muito tempo para ter um bebê e Julie já
havia sofrido dois abortamentos naturais antes de ficar grávida do pequeno
Samuel.
No entanto, após quatorze semanas de gestação os problemas apareceram. O
teste de ultrasom mostrou que Samuel tinha má-formação do cérebro e anomalias na
espinha dorsal.
Mas o casal resolveu esgotar todos os recursos para salvar o bebê. Eles
buscaram ajuda e foram informados de que na Universidade de Naderbilt em
Nashville, Tennessee, uma equipe estava realizando cirurgia fetal em caráter
experimental. Não tiveram dúvida, entraram em contato com o Dr. Joseph Bruner, o
dono do dedo que Samuel segura, e começou a corrida contra o tempo.
A operação foi um sucesso. Os médicos trataram daquele minúsculo serzinho
menor que um porquinho da Índia, dentro do útero da sua mãe. As anomalias foram
corrigidas e agora Samuel passou a ser o paciente mais novo a submeter-se àquele
tipo de cirurgia.
É impossível não se comover com fatos como esse. É impossível ficar
indiferente diante daquela pequena mão segurando o dedo do cirurgião. A imagem é
tão poderosa que talvez seja um dos mais fortes argumentos contra o aborto.
É também um grande motivo para que os médicos pensem na importante tarefa
que lhes compete na grande missão de salvar vidas.
As mãos do Dr. Joseph eram, para o pequeno Samuel, a única chance. Talvez
seja por esse motivo que ele a segurou com tanta força.
Pense nisso!
Jesus, o sublime Médico das almas, afirmou com a certeza de quem tem
autoridade: vós sois deuses.
Talvez as pessoas que O ouviram falar assim, tivessem pensado que isso era
uma blasfêmia, mas hoje nós sabemos que ele tinha razão.
Quando vemos a mão do homem realizar micro-cirurgias no ventre materno,
temos a certeza de que ele é capaz de fazer muito mais.
Não duvidamos de que em cada ser humano está depositada uma pequena centelha
do Criador que mais cedo ou mais tarde brilhará, mostrando-se e dando notícias
da sua origem divina.
Assim, entendemos que as ciências são as mãos de Deus socorrendo as Suas
criaturas através das abençoadas mãos dos profissionais sérios.
Pensemos nisso!

O Livro Luz

A história não é muito diferente de tantas outras que trazem como pano de
fundo o sofrimento... Não importa o país, ou a língua que se fale, os
sentimentos têm uma linguagem única.
Era inverno e a noite caía rápida e fria...
Aquele homem desesperado caminhava triste e só...
No peito, a dor da separação, promovida pela morte da esposa querida,
dilacerava-lhe as fibras mais sutis dos sentimentos...
A prova amarga do adeus vencera-lhe. E ele, que sonhava com a felicidade de
um matrimônio feliz e com um futuro adornado pela presença dos filhos, não
passava agora de trapo humano, solitário.
As noites de insônia e os dias de angústia minaram-lhe as forças.
Faltava ao trabalho e o chefe, reto e ríspido, o ameaçava despedir.
A vida para ele não tinha mais sentido, para que teimar em ficar vivo?
Pensava.
Sem confiança em Deus, resolvera seguir o caminho de tantos outros, ante a
fatalidade... Iria suicidar-se.
Paris, a cidade luz, estava envolta no manto escuro da noite, e um vento
gelado açoitava sem piedade.
Seguiu, a passos lentos, pelas ruas desertas e se deteve um momento a
contemplar o rio Sena...
Talvez a correnteza o levasse dali e silenciasse, em suas águas escuras e
profundas, o seu pensamento aturdido...
Sim, essa seria a solução, pensou.
Dirigiu-se como um autômato até a ponte Marie, quase apagada pela forte
serração e, ao apoiar a mão direita na murada para atirar-se, sentiu que um
objeto molhado caiu aos seus pés.
Surpreendido, distinguiu um livro que o orvalho umedecera...
Tomou o volume nas mãos e caminhou, um tanto irritado, procurando a luz
quase apagada de um poste vizinho, e pode ler no frontispício: "esta obra
salvou-me a vida. Leia-a com atenção e tenha bom proveito." Vinha assinado por
um homem.
Mesmo um pouco indeciso, resolveu ler aquela obra que, por suposto, havia
salvado a vida de alguém que pretendera, como ele, por termo à própria vida.
Já nas primeira páginas encontrou motivos para viver e lutar, suportar com
resignação e coragem os reveses da vida e refazer a esperança.
Leu o volume com dedicada atenção e resolveu presentea-lo a quem lhe havia
propiciado aquele tesouro.
Era abril de 1860... e, numa manhã fria como tantas outras na cidade de
Paris, o professor Rival recebe em sua residência uma certa encomenda
cuidadosamente embrulhada.
Abriu, e encontrou uma carta singela com os seguintes dizeres: "com a minha
gratidão, remeto-lhe o livro anexo, bem como a sua história, rogando-lhe, antes
de tudo, prosseguir em suas tarefas de esclarecimento da humanidade, pois tenho
fortes razões para isso."
Em seguida o autor da carta narra a história que acabamos de contar.
Allan Kardec, pseudônimo do ilustre professor francês Hippolyte Leon Denizar
Rival, abriu a obra e leu em seu frontispício: "esta obra salvou-me a vida.
Leia-a com atenção e tenha bom proveito." E, logo após a primeira assinatura de
A. Laurent, dizia: "salvou-me também. Deus abençoe as almas que cooperaram em
sua publicação" assinado: Joseph Perrier.
Kardec, aconchegando o livro ao peito, entendeu a sublime missão que lhe
cabia como codificador da doutrina espírita, mensageira de consolo e esperança
para a humanidade sofrida.
Essa obra que conseguiu, com suas páginas de luz, deter aqueles dois homens
às portas do suicídio, veio à lume no dia 18 de abril de 1857, e é intitulada "O
Livro dos Espíritos".
Adaptada do livro "Espírito da Verdade, cap. 52 - Há um século.

A Magia do Amor


Um executivo foi a uma palestra e ouviu um grande tribuno falar sobre o
maior bem da vida que é a paz interior. Podemos tê-la em qualquer lugar,
sozinhos ou acompanhados.
Pois o executivo resolveu fazer uma experiência. Pegou cinco belas flores e
saiu com elas pela rua, em plena cidade de São Francisco, na Califórnia. Logo
notou que as cabeças se viravam e os sorrisos se abriam para ele.
Chegou ao estacionamento e a funcionária da caixa elogiou o seu pequeno
buquê. Ela quase caiu da cadeira quando ele lhe disse que podia escolher uma
flor.
Segundos depois ele se aproximou de outra mulher, que não assistira à cena
anterior, e ela falou do perfume que ele trazia ao ambiente. Ele lhe ofereceu
uma flor.
Espantada e feliz com o inesperado, saiu dali quase a flutuar. Afinal, quem
distribui flores perfumadas numa garagem pública quase deserta, num domingo,
perto das 22 horas?
Completamente embriagado pela magia daqueles momentos, ele entrou num
restaurante. Uma garçonete com ar de preocupação foi atendê-lo. Ele percebeu que
as flores mexeram com ela.
Como se sentia com poderes especiais para fazer os outros felizes, depois
das duas experiências anteriores, ele deu a ela uma flor e um botão por abrir e
lhe disse que cuidasse bem dele, pois, ao desabrochar, lhe traria uma mensagem
de amor.
Dias depois ele voltou ao restaurante. A garçonete sorriu para ele com ar de
quem tinha encontrado a fórmula da felicidade e falou: "a flor abriu. A mensagem
era linda. Muito obrigada."
O executivo sorriu também. Sentia-se um mágico: com flores, amor no coração
e uma mensagem positiva, inventada ao sabor do momento, produzia alegria. Tão
simples que até parecia irreal.
Na manhã seguinte, ele precisava abrir um portão para passar com o carro.
Surgida nem se sabe de onde, uma sorridente mulher desconhecida que passava
correndo o abriu e fechou para ele, espontaneamente.
Ele compreendeu que havia uma harmonia universal ao seu dispor. Bastava que
a buscasse. E recomenda: "tente você também, desinteressadamente. Dá certo e a
recompensa é doce!"
***
Se você é daquelas pessoas que vive correndo, com pressa, pense um momento:"
por que a pressa? Vai salvar o mundo? Salve este momento vivendo-o com amor ao
próximo e a si mesmo. Seja mensageiro da luz, distribuindo flores em vez de
espinhos."
Pense em algo diferente, surpreendente que você possa fazer para melhorar o
ambiente do seu lar, do seu local de trabalho.
Já pensou em colocar a sua mesa mais perto da janela, para ser beijado pelo
sol, enquanto você trabalha? Isto é amor a você mesmo.
Já pensou em levar flores para sua casa e as colocar na sala, perfumando o
ambiente, alegrando a todos? Isto é amor ao próximo.
Um e outro nos dão felicidade. A felicidade desde agora, não mais tarde,
amanhã ou depois da morte. A felicidade de nos sentir e fazer os outros felizes.

Fonte:
A Magia amorosa de Divaldo Pereira Franco - José Luiz Emerim (correspondente
do Jornal o Popular - Goiânia-GO)

A Maior Dor


Qual é a maior dor?
Você já pensou nisso?
Um jovem deixou um bilhete aos familiares, pouco antes de cometer suicídio,
e expressou no papel o que estava sentindo.
Disse ele que a maior dor na vida não é morrer, mas ser ignorado.
É perder alguém que nos amava e que deixou de se importar conosco. É ser
deixado de lado por quem tanto nos apoiava e constatar que esse é o resultado da
nossa negligência.
A maior dor na vida não é morrer, mas ser esquecido. É ficar sem um
cumprimento após uma grande conquista.
É não ter um amigo telefonando só para dizer "olá". É ver a indiferença num
rosto quando abrimos nosso coração.
O que muito dói na vida é ver aqueles que foram nossos amigos, sempre muito
ocupados quando precisamos de alguém para nos consolar e nos ajudar a reerguer o
nosso ânimo.
É quando parece que nas aflições estamos sozinhos com as nossas tristezas.
Muitas dores nos afetam, mas isso pode parecer mais leve quando alguém nos dá
atenção.

É bem possível que esse jovem tenha tido seus motivos para escrever o que
escreveu. Todavia, em nenhum momento deve ter pensado naqueles que o rodeavam.
Se pudesse sentir a dor de um coração de mãe dilacerado ante o corpo sem
vida do filho amado...
Se pudesse experimentar o sofrimento de um pai que tenta, em vão, saber do
filho morto o que o levou a tamanho desatino...
Se sentisse o desespero de um irmão que busca resposta nos lábios imóveis do
ser que lhe compartilhou a infância...
Se pudesse suportar, ainda que por instantes, a dor de um amigo sincero a
contemplar seus lábios emudecidos no caixão, certamente mudaria seu conceito
sobre a maior dor.

Se você pensa que está passando pela maior dor que alguém pode experimentar,
considere o seguinte:
Uma mãe que chora sobre o corpo do filho querido que foi alvo das bombas
assassinas, em nome das guerras frias e cruéis.
Uma criança debruçada sobre o corpo inerte da mãe atingida por granadas
mortíferas.
Um órfão de guerra que é obrigado a empunhar as mesmas armas que aniquilaram
seus pais...
Um pai de família que assiste o assassinato dos seus, de mãos amarradas.
Enfim, pense um pouco nessas outras dores...
Pense um pouco nos tantos corações que sofrem dores mais amargas que as
suas.
E se ainda assim você estiver certo de que a sua dor é maior, lembre-se
daquela mãe que um dia assistiu a crucificação do filho inocente, sem poder
fazer nada.
Lembre-se também daquele que suportou a cruz do martírio mas não perdeu a
confiança no pai, que tudo sabe.
E se ainda assim você achar que é o maior dos sofredores, considere que
talvez o egoísmo esteja prejudicando a sua visão.
Pense nisso!
Descobrir qual é a maior dor, é muito difícil.
Mas a maior decepção é fácil de deduzir.
É a daqueles que se suicidam pensando que extinguirão a vida e com ela todos
os problemas.
Esses saem do corpo, mas, indubitavelmente, não saem da vida e, muito menos,
acabam com os problemas.
Portando, por mais difícil que esteja a situação, nunca vale a pena buscar
essa porta falsa, chamada suicídio.
É importante lembrar sempre: por mais escura e longa que seja a noite, o sol
sempre volta a brilhar.
E por mais que pensemos estar na solidão, temos sempre conosco um amigo fiel
e dedicado que jamais nos abandona: o Meigo Rabi da Galiléia.
Pense nisso!

(Redação do momento espírita, baseado em mensagem volante sem menção ao
autor.)

A Mais Nobre Profissão


Qual será a profissão mais nobre? Quem será mais importante: o médico que
salva vidas ou o motorista do coletivo que conduz centenas de passageiros, todos
os dias, em segurança?
Quem terá maiores méritos perante a divindade? O professor que ensina à
criança as primeiras letras, descortinando-lhe o mundo encantado do alfabeto ou
o professor universitário que prepara os jovens para o mercado de trabalho, para
a sociedade, ensinando-lhes com a própria experiência?
Analisando as tantas profissões que existem no mundo, conclui-se que nenhuma
pode ser descartada. Ao menos não enquanto vivemos a situação de planeta de
provas e expiações.
Senão vejamos: o escritor utiliza dos seus recursos e escreve livros que
renovam o pensamento do mundo.
A sua é a possibilidade de encantar, de proporcionar viagens fantásticas
pela imaginação, de utilizar sabedoria, arte e beleza, dentro da vida.
Contudo, uma vassoura simples faz a alegria da limpeza. E, sem limpeza, o
poeta não consegue trabalhar.
As máquinas agrícolas abrem sulcos profundos na terra, revolvendo-a e a
preparam para o plantio. Logo mais, as linhas que ela traça no solo
transbordarão de milho, arroz, batata, trigo, enchendo os celeiros e as mesas.
O marceneiro trabalha com cuidado a madeira e lhe confere formas que
cooperam na construção do lar.
O pedreiro ergue muros, coloca alicerces para os edifícios grandiosos.
Organiza o seu pensamento e os seus esforços e faz surgir obras fenomenais.
Mas por mais belo que seja o edifício, os seus mármores, cristais, tapetes
luxuosos, não dispensarão a mão amiga da faxineira que lhes dará brilho.
Os magistrados usam a pena e a justiça e sentenciam. Das suas sentenças
dependem vidas. Vidas que prosseguirão a ter alegrias ou se encherão de
tristezas.
Os políticos orientam e governam, elaboram leis e as votam, decidindo o que
seja melhor para o povo.
Entretanto, todos eles necessitam das mãos hábeis que conduzem as máquinas
que lhes tecem as roupas que os defende do frio.
Se os juízes se reúnem nas mesas de paz e justiça, os lavradores e
agricultores são os que lhes ofertam os recursos para as refeições.
Ninguém suponha que perante Deus, os grandes homens sejam somente aqueles
que usam a autoridade intelectual.
Que seria da humanidade se de repente não tivéssemos mais cozinheiros,
recepcionistas, lavadeiras, arrumadeiras, babás?
Que faríamos sem esta gama enorme de servidores da humanidade?
Pense nisso
Todos somos chamados a servir, na obra do Senhor, de maneira diferente.
Cada trabalhador, em seu campo de ação, pode se considerar honrado pelo bem
que possa produzir. Cada empregador ou empregado nos convençamos de que a maior
homenagem que podemos prestar ao criador é a correta execução do nosso dever,
onde estivermos.

Fonte: Livro Alvorada cristã, cap. 44

A Metamorfose


Você já observou uma borboleta pousada sobre uma folha nova, especialmente
escolhida por ela, uma que não caia antes da saída das lagartinhas do ovo,
dobrar o abdome até sentir a face inferior da folha e ali colocar o ovo?
Por essas maravilhas da natureza, que somente a providência divina explica,
cada espécie de borboleta sabe exatamente qual o tipo de planta que deve
escolher para colocar o ovo que, graças a uma substância viscosa de secagem
rápida, fixa-se imediatamente.
As borboletas são muito admiradas pela leveza de seus vôos e a beleza do
colorido de suas asas.
Elas procuram, nas flores, na areia úmida ou em frutos fermentados, o seu
alimento, sendo que as flores são muito freqüentadas pelas borboletas fêmeas,
enquanto os machos preferem as areias úmidas.
Algumas espécies existem que têm a capacidade de permanecerem imóveis por
tempo considerável, enquanto outras fazem vôos curtos, por vezes muito rápidos,
indo de uma flor a outra.
Elas buscam a pradaria, as ramadas das árvores, beijam as folhas
farfalhantes e driblam o vento apressado.
Bailam em meio às gotículas que se desprendem das quedas d'agua ou como
pétalas voejam, balançando no espaço.
Seu matiz é mensagem de alegria. A sua liberdade é um convite à paz.
No entanto, dias antes de mostrarem-se tão belas não passavam de larvas
rastejantes no solo úmido ou escondidas na casca apodrecida de algum tronco
relegado.
Lagartas, jamais sonhariam com os beijos do sol ou com o néctar das flores.
Mas, passam as semanas e após a fase de crisálida, ei-las que surgem
maravilhosas, coloridas, exuberantes, plenas de vida.
À semelhança da lagarta, vivemos no terreno das experiências humanas.
Afinal, chega um dia em que somos convidados a adormecer na carne para
despertar na espiritualidade, planando acima das dificuldades que nos afligiam.
É a morte que nos alcança e nos ensina que a vida não se resume num punhado
de matéria que entrará em decomposição. Também não é simplesmente um amontoado
de episódios marcantes ou insignificantes, promotores de esparsos sorrisos e
rios de pranto.
A vida é a do espírito, que vive para além da aduana do túmulo, tendo como
destino a vida na amplidão.
Por isso, quando formos constrangidos a acompanhar, com lágrimas, aquele
afeto que se despede das lutas do mundo, rumando para a espiritualidade, não
lastimemos, nem nos desesperemos.
Mesmo com dores n'alma, despeçamo-nos do coração querido com um suave "até
logo" porque exatamente como as borboletas, ele alcançou a liberdade, enfim.
Você sabia?
Você sabia que ao morrer o corpo, o espírito que dele se utilizava como de
um veículo, se liberta?
Ninguém se aniquila na morte. Muda-se, simplesmente, de estado vibratório,
sem que se opere uma mudança nos sentimentos, paixões e anseios, naquele que é
considerado morto.

Obras consultadas:
Enciclopédia Mirador - vol. 4 - Borboleta Livro Rosângela - Cap. 10 Ed.
Fráter Livros Espíritas.


A Montanha da Vida


A vida pode ser comparada à conquista de uma montanha. Como a vida, ela
possui altos e baixos. Para ser conquistada, deve merecer detalhada observação,
a fim de que a chegada ao topo se dê com sucesso.
Todo alpinista sabe que deve ter equipamento apropriado. Quanto mais alta a
montanha, maiores os cuidados e mais detalhados os preparativos.
No momento da escalada, o início parece ser fácil. Quanto mais subimos, mais
árduo vai se tornando o caminho.
Chegando a uma primeira etapa, necessitamos de toda a força para prosseguir.
O importante é perseguir o ideal: chegar ao topo.
À medida que subimos, o panorama que se descortina é maravilhoso. As
paisagens se desdobram à vista, mostrando-nos o verde intenso das árvores, as
rochas pontiagudas desafiando o céu. Lá embaixo, as casas dos homens tão
pequenas...
É dali, do alto, que percebemos que os nossos problemas, aqueles que já
foram superados são do tamanho daquelas casinhas.
Pode acontecer que um pequeno descuido nos faça perder o equilíbrio e
rolamos montanha abaixo. Batemos com violência em algum arbusto e podemos ficar
presos na frincha de uma pedra.
É aí que precisamos de um amigo para nos auxiliar. Podemos estar machucados,
feridos ao ponto de não conseguir, por nós mesmos, sair do lugar. O amigo vem e
nos cura os ferimentos.
Estende-nos as mãos, puxa-nos e nos auxilia a recomeçar a escalada. Os pés e
as mãos vão se firmando, a corda nos prende ao amigo que nos puxa para a subida.
Na longa jornada, os espaços acima vão sendo conquistados dia a dia.
Por vezes, o ar parece tão rarefeito que sentimos dificuldade para respirar.
O que nos salva é o equipamento certo para este momento. Depois vêm as
tempestades de neve, os ventos gélidos que são os problemas e as dificuldades
que ainda não superamos.
Se escorregamos numa ladeira de incertezas, podemos usar as nossas
habilidades para parar e voltar de novo. Se caímos num buraco de falsidade de
alguém que estava coberto de neve, sabemos a técnica para nos levantar sem
torcer o pé e sem machucar quem esteja por perto.
Para a escalada da montanha da vida, é preciso aprender a subir e descer,
cair e levantar, mas voltar sempre com a mesma coragem. Não desistir nunca de
uma nova felicidade, uma nova caminhada, uma nova paisagem, até chegar ao topo
da montanha.
***
Para os alpinistas, os mais altos picos são os que mais os atraem. Eles
desejam alcançar o topo e se esmeram.
Preparam-se durante meses. Selecionam equipe, material e depois se dispõem
para a grande conquista.
Um desses arrojados alpinistas, Waldemar Nicliewicz, o brasileiro que
conquistou o Everest, disse: "quem de nós não quer chegar ao alto de sua própria
montanha?
Todos nós temos um desejo, um sonho, um objetivo, um verdadeiro Everest. E
este Everest não tem 8.848 metros de altitude, nem está entre a china e o Nepal,
este Everest está dentro de nós.
É preciso ir em busca deste Everest, de nossa mais profunda realização."

Fonte: Texto da Internet Vídeo de Valdemar Nicliewicz (pensamento do
próprio)

As Mãos do Cristo


A paisagem era desoladora. A guerra havia terminado mas deixara marcas de
morte e destruição por toda parte.
Dos escombros que restaram da pequena cidade, as pessoas buscavam
reconstruir suas moradas.
Os dias passavam e o trabalho árduo dos moradores ia transformando as ruínas
em novos edifícios.
Restava agora restabelecer a igreja local para que os crentes pudessem
agradecer a Deus a bênção da vida, já que muitos sucumbiram ante os terrores da
guerra.
Mais algum tempo e a igrejinha estava novamente em pé. Havia, antes das
explosões, uma estátua do Cristo considerada verdadeira obra de arte.
Era preciso restabelecê-la. Vários artistas unidos conseguiram resgatar, em
meio aos escombros, os pedaços da estátua e a colocaram novamente em pé.
Todavia, apesar de todos os esforços, não encontraram as mãos, que talvez
tivessem se transformado em pó.
O tempo passou e chegou o dia da inauguração do templo reconstruído. A
população foi convidada para a festa e lá se fez presente na hora certa.
Todos estavam curiosos para saber se as mãos do Cristo haviam sido
encontradas.
A expectativa era grande. No altar estava a obra coberta com um enorme pano
branco, esperando o momento oportuno para desvelar-se aos fiéis.
E, por fim, chegou a hora tão esperada. O lençol foi retirado e lá estava
ela...
Para surpresa geral a estátua estava sem mãos.
Mas a criatividade do artista a todos surpreendeu. No lugar das mãos havia
uma frase-súplica de grande efeito: "eu não possuo mãos, só posso contar com as
suas".
***
Não sabemos ao certo o que o artista pretendia no momento em que escreveu
aquela frase, mas certamente podemos retirar dela muitas reflexões.
Sabendo que o Cristo é o caminho que nos conduzirá ao Pai, e o grande
Consolador da humanidade, deduzimos que Ele necessita da nossa ajuda para ajudar
os que sofrem mais que nós.
Podemos colocar nossas mãos no trabalho nobre, fazendo com que sejam
extensões das mãos generosas do Cristo, sempre dispostas às boas tarefas.
Nossas mãos, movidas pelo coração e a mente, são abençoados instrumentos na
construção de um mundo melhor.
Mãos que afagam com carinho os filhos do infortúnio.
Mãos que seguram outras mãos, ensinando e consolando.
Mãos que limpam feridas...
Mãos que se sustentam na lida...
Mãos calosas dos que não temem o desafio do trabalho...
Mãos delicadas que dedilham canções, alegrando corações...
Mãos que assinam leis justas...
Mãos que socorrem...
Mãos que amparam...
Mãos que não param...
As mãos invisíveis dos amigos espirituais que nos sustentam em nome do
Cristo.
***
"Mesmo que nunca venhas a necessitar de duas mãos transformadas em alavancas
socorristas, podes e deves distender as tuas, porque a dor dos outros não
permitirá, mesmo que o queiras, a propagação dos teus sorrisos."

Mal do Século XXI


Considerada pelos especialistas como "o mal do século 21", a depressão já
atinge cerca de 15% da população mundial. A depressão é um estado d'alma que tem
como causa diversos fatores. Mas o principal deles, e muitas vezes ignorado
pelos especialistas, está radicado no cerne do Espírito imortal.
O Espírito eterno é herdeiro de si mesmo. Pela lei de causa e efeito ele
traz, ao nascer, as experiências acumuladas ao longo dos milênios.
O que geralmente ocorre é que o Espírito que se reconhece culpado cria,
inconscientemente, um mecanismo de autopunição. Sabe que infringiu as leis
divinas e por isso não se permite ser feliz.
Assim, nos porões da consciência, ao que Freud chama "ID", estão esses
clichês mentais que muitas vezes são causadores de depressões graves.
Por essa razão, nem sempre é possível reverter esse mal sem uma ação
profunda e efetiva, nas raízes do problema. O que acontece, muitas vezes, é que,
sem se aperceberem da gravidade da enfermidade, muitos pais fortalecem as bases
da depressão nos primeiros anos de existência dos filhos, adotando um
comportamento inadequado.
Quando a educação se baseia principalmente em questões materiais, visando
uma projeção social e a abastança financeira do ser, geralmente está se criando
fortes bases para que a depressão possa se instalar.
Um exemplo simples está no fato de pais e educadores massificarem a idéia de
que o sucesso é de quem consegue um lugar de destaque na sociedade. E que vencer
na vida significa ter um cargo importante e dinheiro sobrando.
Desde pequena a criança aprende a fazer cálculos, ouve falar em
investimentos financeiros, juros, aprende a comparar seus brinquedos com os do
amigo, o carro do pai com o carro do vizinho, etc.
É iniciada desde cedo num mundo de competições, de concorrências, de
incentivo ao ter em detrimento do ser.
Por tudo isso, quando essa criança se torna adulta e mergulha numa
profissão, não está preparada para lidar com as emoções e fraquezas que trouxe
consigo de outras eras.
Saberá muito bem calcular o quanto seu colega ganha mais do que ele, mas não
subtrair uma simples ofensa do companheiro de trabalho.
Saberá lutar pela primeira posição na empresa, mas não tolerar a mínima
frustração de um afeto não correspondido.
Conseguirá traçar metas brilhantes para elevar os lucros da empresa, mas não
vencer o abismo que o distancia dos entes queridos.
Criará estratégias eficientes para elevar-se na hierarquia, galgando postos
de relevância, mas não compartilha a mínima tarefa em equipe.
Quando não consegue nenhuma dessas façanhas que julga importantes, frustra-
se e acredita-se imprestável, impotente, inútil.
E, no final de tudo, aparece a depressão. Esse mal que tem origem nas raízes
do ser imortal e que é causa de muitas desgraças nos dias atuais.
Outro ponto falho é deixar de passar às crianças a idéia de Deus como um pai
amoroso e justo, além de extremamente misericordioso.
Se ele cresce com a certeza da existência de Deus e do seu amor, saberá
confiar e alimentar a esperança de dias melhores, mesmo tendo que enfrentar
algumas noites sem estrelas.
A criatura que crê em Deus jamais se desespera, mesmo sabendo-se devedora
das leis que regem a vida, pois tem a certeza de que Deus não quer o castigo nem
a morte daquele que dá um passo em falso. Sabe que Deus deseja, tão somente, que
acertemos o passo no compasso das Suas soberanas leis.
***
Se o seu coração lhe diz que você já tropeçou antes, e as feridas abertas em
sua alma o impedem de ser feliz, é momento de parar um instante para refletir.
É o momento de abrir a alma ao criador, reconhecendo os atos insanos e rogar
o seu perdão em forma de oportunidades para refazer o caminho.
Certamente ouvirá a resposta do Pai amoroso a lhe dizer com suavidade:
Filho, cada dia que amanhece é a renovação da minha confiança na sua
redenção, no seu aprendizado, no seu progresso, como filho da luz que é.
E enquanto houver dias amanhecendo, você saberá que o convite do Criador
está se repetindo ao seu coração de filho bem-amado.

Texto da equipe de Redação do Momento Espírita

Maneiras de Ver as Coisas


Conta-se que uma indústria de calçados do brasil desenvolveu um projeto de
exportação de sapatos para a Índia e, em seguida, mandou dois de seus
consultores a pontos diferentes daquele país para fazer as primeiras observações
do potencial daquele futuro mercado.
Após alguns dias de pesquisas, um dos consultores enviou o seguinte fax para
a direção da indústria:
"senhores, cancelem o projeto de exportação de sapatos para a Índia. Aqui
ninguém usa sapatos".
Sem saber desse fax, alguns dias depois o segundo consultor mandou o seu
parecer:
"senhores, tripliquem a quantidade de sapatos do projeto de exportação para
a Índia, pois aqui ninguém usa sapatos, ainda."
A mesma situação era um tremendo obstáculo para um dos consultores e uma
fantástica oportunidade para o outro.
Da mesma forma, tudo na vida pode ser visto com enfoques e maneiras
diferentes.
A sabedoria popular traduz essa situação com a seguinte frase:
"os tristes acham que o vento geme; os alegres e cheios de espírito afirmam
que ele canta."
Os derrotistas falam da crise como se o mundo fosse acabar por causa dela,
mas os otimistas e empreendedores dizem o seguinte:
Bendita crise que sacode o mundo e a minha vida.
Bendita crise que está reciclando tudo.
Bendita crise que faz o mundo se reestruturar.
Bendita crise que traz a transformação.
Bendita crise que traz a evolução e o progresso.
Bendita crise que traz novos desafios.
Bendita crise que me tira a ilusão de permanência.
Bendita crise que me tira do marasmo.
Bendita crise que me ensina o que é verdadeiramente importante.
Bendita crise que me revela minha própria sabedoria.
Bendita crise que dissolve meus apegos.
Bendita crise que amplia minha visão.
Bendita crise que me faz humilde.
Bendita crise que me faz voltar a ter fé.
Bendita crise que me faz redescobrir a minha força.
Bendita crise que me faz dar mais importância à vida.
Bendita crise que abre meu coração.
Bendita crise que me mostra a luz.
Bendita crise que me mostra outras oportunidades.
Bendita crise que me traz de volta a confiança.
Bendita crise que me traz de volta à minha essência.
Bendita crise que me desperta o amor pela humanidade.
Bendita crise que é o ponto de mutação.
Bendita crise que me abre novos horizontes...
E você, como é que tem encarado as situações difíceis ou as crises?
Lembre-se que da sua maneira de ver as dificuldades dependerá a resolução ou
o seu agravamento.
Pense nisso!
O mundo é como um espelho que devolve a cada pessoa o reflexo de seus
próprios pensamentos e atos.
A maneira como você encara a vida é que vai fazer a diferença.
Pense nisso!

(Adaptação e textos recebidos pela Internet, sem menção a autor)

Matrimônio


Muitos de nós nos questionamos quanto a validade do matrimônio, da união
entre duas pessoas que se amam. Alguns afirmam que o casamento está fora de moda
ou que manter um casamento por muitos anos é para pessoas dependentes, que não
conseguem viver só.
Outros afirmam que o casal só consegue permanecer junto se cada qual
mantiver um relacionamento extra-conjugal.
É fora de dúvida que a união entre um homem e uma mulher para constituir
família, está nas leis divinas e por isso nunca estará fora de moda.
A família é o embrião da sociedade, e como tal, necessita do casal como
alicerce básico nessa pequena estrutura social.
Um dia desses, um amigo nos disse que estava dormindo sempre muito tarde.
Pensamos que estivesse fazendo hora extra no trabalho, mas ele esclareceu que o
motivo era outro.
O que o estava mantendo acordado era o diálogo com a esposa. Ambos ficavam
conversando descontraidamente e nem percebiam que a madrugada ia longe.
E o assunto daqueles dias era um dos cinco filhos do casal.
Ambos comentavam da alegria que estavam sentindo porque esse filho lhes
contou que, no colégio onde estudava, os colegas lhe ofereceram drogas por
várias vezes e, por várias vezes, ele disse não.
E o que mais os deixava felizes era porque, além de o jovem recusar as
drogas, ainda lhes contara o fato, o que não é muito comum.
Aqueles pais tinham motivos justos para alegrarem-se, pois tantos outros não
têm a mesma sorte.
Vários pais só vêm a saber que os filhos estão usando drogas pelas páginas
policiais ou quando recebem a notícia de que seu filho está preso, por
delinqüência.
Nós entendemos que, no lar em que há diálogo entre os esposos e entre pais e
filhos, muitas situações desagradáveis são evitadas.
Joanna de Ângelis, Espírito, fala sobre alguns sinais de alarme que podem
informar a situação de dificuldade antes que venha a se agravar a união
conjugal. Eis alguns deles:
silêncios injustificáveis quando os esposos estão juntos;
tédio inexplicável ante a presença do companheiro ou da companheira;
ira disfarçada quando o esposo ou a esposa emite uma opinião;
saturação dos temas habituais, tratados em casa, fugindo para intermináveis
leituras de jornais ou inacabáveis novelas de televisão;
irritabilidade contumaz sempre que se avizinha do lar;
desinteresse pelos problemas do outro;
falta de intercâmbio de opiniões;
atritos constantes que ateiam fagulhas de irritação, capazes de provocar
incêndios em forma de agressão desta ou daquela maneira... e muitos outros mais.
Observando-se esses sinais de alarme é importante que, antes que as
dificuldades abram distâncias e os espinhos da incompreensão produzam feridas
capazes de deteriorar a união conjugal, tomemos atitudes de lealdade e façamos
um exame das ocorrências, providenciando para sanar os males em pauta. E acima
de tudo, lembremo-nos de que o casamento é excelente oportunidade que Deus nos
oferece para os devidos reajustes com o companheiro ou companheira com quem nos
comprometemos antes do berço.
E quando a situação estiver difícil, roguemos a Deus que nos ajude a superar
os obstáculos para o nosso próprio bem, e para o bem dos filhos que ele nos
confiou.
Livro: Sol de Esperança, cap. 35

Medo da Solidão


Você já sentiu medo alguma vez, na vida?
É comum ouvirmos as pessoas confessando o sentimento de algum tipo de medo.
Seja medo de ficar só, medo da morte, medo da solidão e outros mais.
Dentre as várias nuanças do medo, vamos destacar o medo da solidão, que é
muito comum na sociedade hodierna.
Diz um grande pensador, que "a solidão do homem da metrópole não é a solidão
que o rodeia, mas a solidão que o habita."
Há pessoas que se sentem sós mesmo estando rodeadas de gente. Por essa
razão, percebemos que o problema não é externo, mas da intimidade do ser.
E por que é que se sente só, mesmo não se estando a sós?
Talvez a solidão se instale na alma porque encontre nela um vazio propício a
agasalhá-la. Se não houvesse espaço, é bem possível que ela ali não fizesse
morada.
Mas, afinal, como é que podemos preencher esse vazio e espantar a solidão?
A fórmula é bem simples. É tão simples que talvez por isso mesmo ninguém
acredite na sua eficácia.
Há quase dois milênios ouvimos falar dela, portanto não se trata de nenhuma
descoberta recente.
Estamos falando da caridade, como a prescreveu Jesus.
Se abandonássemos o nosso estreito mundo, e buscássemos o contato com nossos
irmãos carentes e infelizes, por certo preencheríamos o vazio em nossa
intimidade, de tal forma, que a solidão não encontraria ali espaço para se
acomodar, embora tentasse.
E isso acontece de forma tão natural que, ao nos envolvermos com os
sofrimentos alheios, tentando aliviá-los, esquecemos de nós mesmos e isso causa
uma satisfação muito salutar.
Quem ainda não experimentou essa terapia, tente. Vale a pena! E não custa
nada, a não ser o investimento da vontade firme e da disposição de vencer a
solidão.
E nesse caso, o campo é muito vasto. É fácil encontrar alguém que precise de
você.
Seja um doente solitário num hospital, uma criança num orfanato, uma pessoa
idosa abandonada pela família, uma mãe que precise de ajuda para cuidar dos
filhos, um pai desesperado com os filhos cuja mãe faleceu, um estômago vazio
para saciar, um corpo tiritando de frio para agasalhar, e assim por diante...
Não é outra a razão pela qual Jesus recomendou o amor ao próximo como
condição para quem deseja conquistar o reino dos céus que, como Ele mesmo
afirmou, está dentro de cada um de nós.
Pense nisso!
Se você está triste porque perdeu seu amor, lembre-se que há tantos que não
têm um amor para perder.
Se você está triste porque ninguém o ama, lembre-se que o amor é para ser
ofertado e não para ser exigido.
Se para você a vida não tem sentido, oferte-a a alguém, dedicando-se aos
infelizes que lutam por um minuto a mais de existência física.
E se lhe faltam as forças necessárias para lutar contra a solidão, abra o
seu coração ao Divino Pastor e peça-Lhe para que o ajude nessa empreitada.
Lembre-se sempre que foi o próprio Cristo que assegurou: "aquele que vier a
mim, de forma alguma eu lançarei fora."

Medos Infantis


Existem crianças que têm medos inexplicáveis. Sem que ninguém as tenha
amedrontado com figuras monstruosas, com a escuridão ou afogamentos, elas
demonstram temer o escuro, o mar, o rio, as armas.
Arrepiam-se e correm apavoradas para o colo dos pais, ou ficam paradas, em
choro alto, frente a determinadas situações.
Há até mesmo bebês que dormem tranqüilos no colo materno. A mãe os deita no
bercinho, beija-os com doçura e os cobre, cheia de carinho.
Entretanto, quando ela sai do quarto e apaga a luz, eles acordam aos gritos,
em tremendo pavor, demorando a se acalmarem, na seqüência.
Algumas crianças têm dificuldades com o escuro. Não conseguem entrar em um
local às escuras, mesmo acompanhadas. Registram o seu desconforto agarrando-se
às mãos de quem está com elas e mesmo assim, choram, pedem com insistência para
que seja acesa a luz.
Alguns pais, desejosos de que seus filhos cresçam sem medos, os obrigam a
enfrentar tais situações, chamando-os de maricas, bobos, e outros adjetivos
ainda mais infelizes.
Obrigam o filho a entrar em uma sala escura e apanhar algum objeto,
propositalmente, enraivecendo-se se a criança chorar, gritar e não fizer o que
pedem.
Para vencer o medo da água, adentram no mar, rio ou piscina com o filho nos
braços, obrigando-o a ficar ali. A criança chega ao desespero, arranhando e
gritando apavorada.
Os medos infantis dessa ordem não são fruto desta vida, pois que são
registrados desde os primeiros meses, sem nenhuma explicação razoável do agora.
São registros que o espírito traz por ter, em vidas anteriores, sofrido
algum mal, talvez até a morte, em lugares escuros ou na água. Quem sabe sofreu
um desabamento, ficando às escuras por algum tempo até se consumar a morte
física. Ou teve morte por afogamento, às vezes até por imprudência própria.
Eis porque tais medos infantis nos merecem todo o respeito e cuidado.
A criança deverá ser levada, aos poucos, com extremo cuidado, a entender que
agora está segura. Os pais poderão lhe afirmar isto, muitas e muitas vezes,
dizendo que a amam e que a protegerão. Que ela não precisa temer a escuridão,
que ela logo desaparece quando acendemos a luz.
Levá-la ao mar, para molhar os pés devagarinho, brincar na areia e, a pouco
e pouco, ir lhe falando da necessidade da prudência mas, também, que não há
motivo para tanto medo.
Quiçá levar o filho a piscinas muito rasas e ficar com ele, incentivando-o a
brincar na água. Jamais, em nenhuma circunstância, rir dos seus temores ou
qualificá-lo de forma negativa.
São problemas muito profundos do espírito e de forma delicada, cuidadosa e
profunda devem ser trabalhados.
***
O filho que nos chega é sempre um espírito pedindo ajuda para o seu
crescimento interior. Confia em nós e por isto nos toma para pais.
Não lhe falhemos nos momentos mais importantes. Ajudemo-lo a superar suas
dificuldades, com calma.
Não nos importe o aplauso do mundo, nem se ele não ostentará jamais as
medalhas do homem mais corajoso ou do melhor nadador. O importante é que se
torne um homem equilibrado, superando as dificuldades uma a uma, seguro e feliz.

Menos é Mais


O escritor português José Saramago escreveu: "não ter pressa não é
incompatível com não perder tempo."
Mas hoje o que mais se exige é rapidez. Rapidez em tudo. O computador deve
ser de alta velocidade, é preciso pensar rápido, agir rápido para não perder
negócios, para não perder audiência, para não perder mercado de trabalho.
No mundo dos executivos, ao contrário da realidade do trânsito, não há
limite de velocidade. A multa é alta para quem anda lento. A ordem é super
velocidade.
Para esses, cada minuto conta. E se estressam somente contando o tempo que
perdem aguardando o elevador, o semáforo abrir, o auto-atendimento bancário lhes
fornecer as informações que necessitam.
São pessoas que se sentem culpadas quando param para um cafezinho, porque
poderiam estar produzindo. A sua meta é executar projetos, ler apenas livros
técnicos, acelerar a rotina. Tudo o mais é desperdício.
E, no entanto, a vida é feita de pequenas coisas.
Felizes são aqueles que decidem subir pela escada para exercitar as pernas e
a imaginação. Aqueles que têm tempo para um sorriso ao desconhecido que está na
fila, logo atrás, esperando sua vez para ser atendido.
Os que em vez de engolirem um sanduíche rápido no escritório, preferem
almoçar com um amigo, com calma, bater um papo descontraído. Ou melhor, ir até
em casa e observar os filhos crescerem, enquanto a família se reúne em volta da
mesa.
Essas pessoas não costumam usar atalhos para encurtar caminhos. Elas
preferem procurar estradas com paisagens com que se possam deliciar.
Quando viajam, vão com calma. Não têm tempo para chegar. Como as crianças, a
quem o fazer é mais importante do que a tarefa pronta, eles param na beira da
estrada para provar uma fruta e conversar com o vendedor, que sempre tem
histórias para contar. Histórias de vida. Experiências importantes.
Quando descobrem uma paisagem bonita, param para apreciá-la. Alguns
fotografam para levar consigo aquele momento mágico. Chegam ao destino com maior
disposição e alegria.
Esses são os que adotam a filosofia de que menos é mais. Menos velocidade é
mais oportunidade de olhar para os lados e apreciar a natureza.
Menos horas de trabalho eqüivalem a mais tempo com a família. Tirando
levemente o pé do acelerador das suas vidas têm mais tempo para ouvir música,
ler algo mais além do que a profissão lhes exige, assistir um filme, meditar.
Em síntese, têm mais tempo para viver. Em verdade, a velocidade máxima
permitida para ser feliz é aquela que não nos deixa esquecer de que além dos
negócios, do trabalho, do dinheiro, o mais importante é a vida em si mesma.
***
Viver é uma arte. Todos nascemos com programas definidos que nos
possibilitem o progresso. Por isso, todo momento se faz importante.
Também todas as experiências do cotidiano nos enriquecem. Desfrutar de cada
uma delas retirando o máximo de proveito, deve ser a meta do homem sábio.
Isto significa aproveitar bem a vida. Não desperdiçar nenhuma de suas
oportunidades.

Fonte: Revista Exame de 15.12.1999 - pag. 218 - Velocidade máxima

Vida


Madre Teresa de Calcutá, que foi prêmio Nobel da paz, entre tantos exemplos
deixou também escritos de grande valor. Escreveu ela: "você sabe qual é o dia
mais belo? Hoje."
Tinha razão. Nada se iguala ao dia que se está vivendo. O ontem é passado.
Já nos trouxe a experiência e o amanhã ainda não é realidade.
"E a coisa mais fácil? Equivocar-se."
Com certeza. Quantas vezes, no mesmo dia, cometemos erros? Por pressa, damos
informações incorretas. Por descuido, fazemos uma anotação indevida. E assim por
diante.
"Qual é o presente mais belo? O perdão."
Sim, o perdão é sempre extraordinário para quem o recebe e que, normalmente,
aguarda ansioso por isso, desejando de alguma forma se redimir da falta
praticada. É suficiente que lembremos como ficamos preocupados quando ferimos um
amigo e ficamos esperando a chance de nos ver de novo ao lado dele, para, de
alguma forma, compensar o que fizemos de errado.
"Quais as pessoas mais necessárias? Os pais."
São eles que nos dão o corpo, nos alimentam, nos educam. São eles que nos
protegem nos primeiros anos, quando somos tão frágeis, incapazes de viver e
caminhar por nós mesmos. São eles que nos seguem, anos afora, sempre amigos,
atentos, cuidadosos.
"E os maiores professores? As crianças."
Sem dúvida, as crianças, pela sua forma descontraída de agir, nos dão muitos
exemplos da melhor maneira de nos portarmos na vida. As crianças são simples.
Expressam com facilidade seu carinho. Lutam pelo que desejam. Não têm vergonha
de chorar.
"O melhor remédio? O otimismo."
Quem leva a vida com otimismo, jamais se entrega ao desalento. Consegue
sempre forças renovadas para lutar e vencer.
"A expressão mais eficaz? O sorriso."
O sorriso conquista simpatias. Quando nos encontramos em lugares estranhos,
entre desconhecidos, quando todos parecem um pouco assustados, o sorriso de
alguém traz reconforto. E pode ser o início de um diálogo, logo adiante.
"A força mais potente do universo? A fé".
Não foi por outro motivo que Jesus, falando a respeito da fé, disse que se
tivéssemos fé do tamanho de um grão de mostarda, conseguiríamos mover montanhas.
Lembremos que o grão de mostarda é uma das menores sementes. É minúscula.
Finalmente, "A coisa mais bela? O amor."
O amor coloca cores na paisagem, o amor alimenta e dá forças. Por amor, uma
criatura se entrega a outra criatura e se torna co-criadora com Deus. Por amor,
um Espírito Excelso veio à Terra, cantou e viveu o amor, deixando, ao partir, o
mais belo poema do amor que a Terra já conheceu: O Evangelho.
***
Comece o seu dia agradecendo a Deus, pela bênção da vida.
Levante-se com calma.
Se você tem alguma mágoa da véspera, faça como o sol: esqueça a sombra e
brilhe outra vez.
Auxilie familiares, colegas e amigos com a sua palavra de entendimento e
esperança.
Use o sorriso com abundância e descobrirá como ele lhe trará precioso
rendimento de colaboração e felicidade.
Lembre que a fórmula da felicidade recomenda ter para com tudo e para com
todos a disposição de cooperar para o bem.
Fontes: Revista Harmonia, dez/99, número 62 - Mensagem da juventude (Madre
Teresa de Calcutá) Livro Sinal verde, caps. 1 e 2

Mensagem para um Filho


É comum as pessoas dizerem que somente se valoriza aquilo que se perde.
Assim ocorre com a saúde, as amizades, o emprego, os afetos.
Enquanto tudo se encontra à nossa disposição, enquanto estamos desfrutando
do aconchego das pessoas e do conforto que os bens materiais nos proporcionam,
quase nunca lhes damos o devido valor.
Talvez seja este o motivo que levou um casal a escrever uma mensagem
especial para sua filha Rachel, de dez anos de idade, após receber a notícia de
que ela era portadora de um câncer cerebral.
Enquanto lutavam para conseguir os recursos para a cirurgia que poderia
evitar sua morte, eles escreveram:
Filha querida. Apenas nesta manhã, nós vamos sorrir quando você rir, mesmo
sentindo vontade de chorar.
Apenas nesta manhã nós vamos deixar você escolher o que vai vestir, e sorrir
e dizer o quanto você está ótima.
Apenas nesta manhã vamos deixar a roupa para lavar de lado, pegar você e
levá-la ao parque para brincar.
Apenas nesta manhã nós vamos deixar a louça na pia e aprender com você a
montar o quebra-cabeça.
Apenas nesta tarde vamos desligar o telefone, manter o computador fora do ar
e sentar com você no quintal e soltar bolhas de sabão.
Apenas nesta tarde nós não vamos gritar nenhuma vez, nem mesmo resmungar,
quando você gritar e acenar para o carrinho de sorvetes. Se ele passar, vamos
comprar um para você.
Apenas nesta tarde não vamos nos preocupar com o que você vai ser quando
crescer.
Apenas nesta tarde nós vamos deixar você ajudar a assar biscoitos e não
vamos ficar atrás tentando consertá-los.
Apenas nesta noite vamos segurá-la nos braços e contar-lhe uma história
sobre como você nasceu e como nós a amamos.
Apenas nesta noite vamos deixar você espirrar a água do banho e não vamos
ficar nervosos.
Apenas nesta noite vamos deixar você ficar acordada até tarde, enquanto
ficamos sentados na soleira, contando todas as estrelas.
Apenas nesta noite nós vamos nos aconchegar ao seu lado por horas e perder
nossos shows favoritos na tv.
Apenas nesta noite vamos passar os dedos entre os seus cabelos, enquanto
você ora, e vamos simplesmente ser gratos a Deus por ter nos dado o maior
presente do mundo.
Vamos pensar nas mães e nos pais que procuram por seus filhos desaparecidos.
Nas mães e pais que visitam a sepultura de seus filhos ao invés de suas camas.
Nas mães e pais que estão em hospitais vendo seus filhos sofrer, gritando
por dentro que não suportam mais.
E, quando lhe dermos um beijo de boa noite, nós vamos abraçar você com mais
força e por um pouco mais de tempo.
Então, vamos agradecer a Deus por você e não pediremos nada a ele, a não ser
mais um dia.
*** Se você desfruta de um lar, não se esqueça de agradecer a Deus por
ele.
Se você possui uma esposa, mãe, filhos, não se esqueça de amá-los, enquanto
estão ao seu lado.
Não espere amanhã, nem depois. Os dias passam muito rapidamente e, logo
mais, quando você desejar abraçar os seus filhos, eles poderão estar distantes,
em outros países, gerenciando suas próprias vidas.
Não espere amanhã para dizer a sua esposa que a ama. Diga hoje. Nunca
detenha o gesto de carinho, de

Mensagem-Súplica


Eu, que sou criança ainda, dirijo a você, que já passou pelo período
infantil, e que superou a fragilidade e o medo e conseguiu seu lugar ao sol,
esta mensagem em forma de súplica.
Sei que os adultos são pessoas muito ocupadas, têm tantos compromissos que
quase não sobra tempo para se preocuparem com gente miúda feito eu.
Tenho percebido os grandes esforços e investimentos feitos em defesa da
natureza, com vistas à preservação do ecossistema. Aliás, eu não sei bem o que
isso quer dizer, mas pelo que observo, trata-se de uma iniciativa nobre, de
"gente grande".
Todavia, eu ouço falar na preservação das várias espécies animais, do mico-
leão dourado, do mico de topete, das baleias, das toninhas, do tamanduá bandeira
e de outros bichos.
Percebo o empenho de muitos na preservação das florestas, das águas, das
árvores seculares, enfim, dos cuidados com o nosso lindo planeta azul...
No entanto, eu, que também faço parte desse mundo, tenho sido esquecido e
relegado à própria sorte...
Talvez vocês pensem que eu já sei me cuidar sozinho como os demais filhotes
de animais, mas eu asseguro que não é assim...
Asseguro que nessa selva em que estamos jogados, há muitos perigos...
Vejo muitos pequeninos como eu, tragados pelos vícios variados...
Percebo filhotes indefesos como eu, seviciados por homens maus, que dividem
conosco os restos de comida e dormem, como nós, ao relento...
Penso até que eles seremos nós, amanhã... Se alguém não se compadecer do
nosso destino e nos oferecer um futuro diferente...
Sabe, equanto se empreende lutas para que algumas espécies não desapareçam
da face da Terra, eu, e muitas outras crianças morremos por falta de um pedaço
de pão.
Enquanto se gasta muito dinheiro para tratar os dentes de alguns felinos,
nossos dentinhos nascem e se deterioram sem que possamos remediar...
Enquanto se investe altas somas para reproduzir o habitat natural de alguns
bichos, muitos de nós só encontramos abrigo debaixo da marquise fria ou de algum
viaduto sombrio e infecto...
O que eu queria rogar, na verdade, é que você, que é adulto e que tem um
coração generoso a ponto de se ocupar com a preservação da natureza, observe
esses seres pequenos e indefesos que vivem nas ruas, sem lar, sem educação, sem
saúde...
Ou será que a vida humana vale tanto ou menos que a vida de um inseto?
Talvez o meu apelo se perca no ar, e a minha situação não mude... Mas se
você que o ouviu pensar um pouco a esse respeito, perceberá que todos os
esforços de preservação ambiental resultarão sem efeito, se a espécie humana não
for preservada também.
***
Ainda que as águas cristalinas e salutares jorrem de fontes protegidas...
Ainda que o ar atmosférico espalhe por todos os cantos da Terra agradáveis
aromas de flores...
Ainda que as espécies animas sejam poupadas da extinção...
Ainda que a pradaria verde e exuberante encha os olhares de júbilo e
contentamento...
Isso tudo de nada valerá se no coração do homem ainda habitar o egoísmo, o
deserto, a secura...
Tudo isso de nada adiantará enquanto morrerem centenas de crianças e de
idosos nas mãos covardes de grupos de extermínio ou nas teias cruéis da
indiferença social.

Fonte: Livro Educação e Vivências, caps. 1,2,3, ed. FRÁTER.

Mesmo Assim...


Vivemos um momento na face da Terra que, por vezes, parece que todos os
valores morais estão em baixa.
E você, que está buscando construir suas mais nobres virtudes, em muitos
momentos se sente enfraquecido pelo próprio mundo à sua volta.
Quando age com honestidade, comentam que você é tolo, que está remando
contra a maré, em vez de fazer o que todo mundo faz. Mas se você quer ser grande
perante sua consciência, seja honesto mesmo assim.
Se procura balizar seus atos na justiça, ouve que essa atitude é de a um
alienado, vivendo num mundo em que vence sempre o mais forte. No entanto, se
você confia na justiça divina, seja justo mesmo assim.
Se está construindo um lar apoiado nas colunas sólidas da fidelidade, é
comum ouvir gargalhadas insanas ou comentários maldosos a respeito do seu
comportamento. Seja fiel mesmo assim.
Quando seu coração se compadece, diante dos infelizes de toda sorte, não
falta a zombaria daqueles que pensam que cada um deve pensar em si próprio,
ignorando os sofrimentos dos irmãos de caminhada. Tenha compaixão mesmo assim.
Se dedica algumas horas do seu dia, voluntariamente, em favor de alguém,
rico ou pobre, que precisa da sua atenção e do seu carinho, percebe as
investidas da maldade daqueles que pensam que nos seus atos há uma segunda
intenção. Seja fraterno e solidário mesmo assim.
Quando você age com sinceridade, com lealdade, é comum ser taxado de
insensato, fugindo do comum em que muitos usam de subterfúgios mesquinhos para
conseguir o que desejam. Seja sincero e leal mesmo assim.
Se, diante das circunstâncias do dia-a-dia, você revela sua fé em Deus e em
Suas soberanas Leis, e é chamado de piegas ou crédulo, mantenha sua fé mesmo
assim.
Se em face de tantos desatinos no campo da sensualidade e na falta de decoro
que assola grande parte dos seres, você deseja manter-se íntegro e recatado e é
chamado de louco, mantenha-se íntegro e recatado mesmo assim.
Quando aqueles que se julgam acima do bem e do mal tentam apagar a chama da
esperança que você acalenta no íntimo, afirmando que a esperança é a ilusão da
mediocridade, mantenha a esperança mesmo assim.
E, por fim, mesmo que alguém tente roubar a sua coragem de continuar lutando
e acreditando em dias melhores, mantenha sua coragem e continue acreditando
mesmo assim.
Ao findar sua jornada terrestre, e só então, você poderá contemplar a ficha
de avaliação do seu desempenho. Somente você será responsabilizado por seus
atos. E tenha a certeza de que todos aqueles que tentaram desviá-lo do caminho
reto não estarão lá para lhe dar apoio...
Pense nisso!
Madre Teresa de Calcutá, dentre tantos conselhos preciosos que legou à
humanidade, deixou um conselho especial para aqueles que desejam construir na
intimidade as mais nobres virtudes, dizendo:
Muitas pessoas sãoirracionais, ilógicas e egocêntricas. Ame-as, mesmo assim.
Se você tem sucesso em suas boas realizações, ganhará falsos amigos e
verdadeirosinimigos. Tenha sucesso, mesmo assim.
O bem que você faz será esquecido amanhã. Faça o bem, mesmo assim.
A honestidade e a franqueza o tornam vulnerável. Seja honesto, mesmo assim.
Aquilo que você levou anos para construir, pode ser destruído de um dia para
o outro. Construa, mesmo assim.
Os pobres têm verdadeiramente necessidade de ajuda, mas alguns deles

Momentos Mágicos


A história é narrada por Ed Landry, recordando cenas dos seus quatorze anos
de idade.
Na época seu pai trabalhava das oito da noite às quatro da manhã. E foi no
período de férias do garoto que tudo aconteceu.
Ele se oferecera para preparar o café da manhã para o pai, depois do
trabalho.
O pai acabava seu turno e em plena madrugada telefonava para casa. O garoto
pulava da cama. As irmãs e a mãe se mexiam na cama e dormiam. Sabiam que não era
para elas a ligação.
Quando ele atendia, ouvia a voz animada do pai dizendo que concluíra seu
trabalho e em vinte minutos estaria em casa.
O café estará pronto, respondia o menino.
O prato predileto do pai àquela hora da manhã era ovos com bacon.
A velha frigideira de ferro saía rápido do armário e ficava à espera. O
garoto preparava o café, as torradas e ficava olhando a rua pela tela da varanda
dos fundos.
Ele podia ver quatro quarteirões de distância.
O dia desejava raiar mas as estrelas ainda brilhavam. Quando o pai atingia o
poste de iluminação, ele colocava o bacon na frigideira. Era o momento ideal.
Quando o pai lançava seu sonoro "bom dia", entrando pela cozinha, o bacon estava
no ponto.
Enquanto ele lavava o rosto e as mãos, os ovos eram preparados. O pai se
sentava à mesa e dizia: é formidável você preparar meu café da manhã. Eu me
sinto realmente agradecido.
Não é trabalho nenhum, falava Eddy. O difícil é só levantar. Depois tudo é
fácil.
Enquanto comia, o pai contava como fora seu trabalho. Mecânico de
locomotivas, ele tinha um carinho especial por cada uma delas.
Estranhamente para o filho, o pai, que deveria demonstrar cansaço após
exaustivas horas de trabalho, contava suas histórias com entusiasmo.
Quando um bocejo denunciava que o sono chamava o menino de volta para os
seus sonhos inacabados, o pai falava: Eddy, está ficando tarde. Você deve voltar
para a cama para não ficar cansado amanhã, quer dizer, hoje, daqui a pouco. Eu
vou ler o jornal e relaxar um pouco.
Agradecia o café e se olhavam profundamente nos olhos. Eddy recorda que
aquelas madrugadas eram os momentos mágicos que eles passavam juntos, de uma
forma muito especial. Uma troca de carinho muito significativa entre um pai que
deveria estar cansado e um filho adolescente com as pálpebras a pesar de sono.
***
A vida nos surpreende todos os dias com momentos especiais. Momentos que, em
verdade, não se repetem.
Quem poderá esquecer o abraço espontâneo do pequerrucho que pula no pescoço,
se pendura e fala: eu te amo?
Quem não se recordará por todos os anos da sua vida do beijo melado, cheio
de chocolate, da pequenina sorridente?
Quando a velhice nos alcançar, com certeza ainda teremos na acústica da alma
os primeiros sons das primeiras canções infantis dos nossos pequenos.
Cada momento vivido com os filhos, com a família, é de extraordinária
riqueza.
Ao longo da nossa vida, quando a solidão nos abraçar, teremos as lembranças
doces e ternas para nos fazerem companhia.

Fonte: Revista Seleções do Reader Digest, jan/2000, Bom dia, papai!


Morte e Mérito


Um dos sentimentos mais difíceis de ser suportado é o da dor causada pela
separação dos entes queridos, que a morte provoca.
Por certo enchemo-nos de amargura, ao recordar os nossos amores que seguiram
para o além pelas portas da desencarnação, no momento do impacto emocional que
nos marcou o ser...
Nada mais compreensível e natural, quando não estamos familiarizados com a
certeza de que morte é vida que se exprime em nova dimensão, recebendo em seu
seio os que concluíram seu estágio nos campos do mundo material.
No entanto, salvo os casos em que a criatura, atormentada por múltiplos e
infortunados motivos, provoca a morte do próprio corpo, os que mergulham nas
águas do rio da morte, o fazem em razão das leis do mérito que os beneficiaram
com a necessária e merecida libertação do corpo carnal.
Assim, será sempre de bom senso que não nos enredemos na angustiosa
ansiedade por partirmos também. Não nos rebelemos contra as leis divinas que
mantêm-nos ainda no chão da terra.
Quando pensarmos nos entes amados que já partiram, amemo-los com a nossa
oração e os recordemos com as mais vívidas, ternas e nobres memórias, com as
quais conseguiremos levar-lhes o buquê da nossa ternura com o perfume da nossa
saudade iluminada pela fé nos desígnios do criador.
É válido que agora, quando o tempo avança, mostrando-nos os diversos setores
de serviços que podemos executar no bem, que os executemos, dedicando a eles,
nossos mortos que vivem, o melhor dos nossos empenhos fraternais.
Fazendo-nos amigo de alguém, sem nada exigirmos em troca; tornando-nos
responsáveis pelo pão diário de uma criança, com alegria, em nome dos afetos que
vivem no além túmulo.
Atendendo a um enfermo com singela fruta ou com a refrescante presença da
oração, sem temores desnecessários.
Visitando um hospital qualquer, num dia ou hora em que possamos, fazendo a
alegria dos que jazem sem ninguém, em sofrimento, dia após dia. Levando um
sorriso fraterno e sincero a um presidiário, para que ele sinta o perdão de Deus
por meio da nossa ação.
Comprando um medicamento para alguém que não o possa adquirir, embora dele
careça; agasalhando um corpo tiritante de frio com a veste ou a coberta que
repousa sem utilidade em nossas gavetas.
Façamos estas coisas em louvor deles, os nossos mortos queridos.
Distribuindo tantas bênçãos com o coração puro, em nome dos nossos amores,
com toda certeza nos prepararemos muito bem para que os embates do mundo não nos
infelicitem, nem nos destruam na amargura; tampouco nos deixem desanimar diante
das mais diversas ou conflitivas situações.
Assim, então, veremos o tempo passar sem nos apartarmos do trabalho do bem,
vivendo em abundância, valendo-nos das oportunidades valiosas da existência
corporal, até que adquiramos, igualmente, ao longo dos dias, o mérito para
retornarmos ao convívio dos amores que partiram, com paz e alegria pelo dever
cumprido, nas regiões do mais além.
***
Que sucede à alma no instante da morte?
Que prova podemos ter da individualidade da alma depois da morte?
A resposta para essas duas perguntas você encontrará em O Livro dos
Espíritos, de Allan Kardec.
Você sabia que O Livro dos Espíritos foi editado há mais de 140 anos?
Se você deseja conhecer a Doutrina Espírita, leia-o.

(Baseado no livro: Nossas Riquezas Maiores, cap. Morte e mérito)

A Magia Infantil


Linda era chinesa e morava no Havaí. Contrariando o pai, que a desejava ver
casada com alguém dos clãs chineses, ela foi para a Califórnia. Entrou para a
universidade, apaixonou-se por um americano branco, de olhos azuis e com ele se
casou. Uma cerimônia simples, bem ao contrário das festas pomposas, no estilo
dos casamentos tradicionais, como esperava seu pai.
Depois do casamento, um silêncio pesado se fez entre pai e filha. Ele não a
visitava, ela também não.
Quando a mãe telefonava, o pai nunca pedia para falar com a filha.
Por todas estas atitudes do pai, Linda entendia que ele estava desaprovando
tudo o que ela fizera. Ela traíra todos os princípios.
Contudo, Linda se lembrava da infância feliz, no Havaí. Lembrava-se de, aos
3 anos, ser a sombra do pai. Correr atrás dele entre as bananeiras. E, quando
ela cansava, o pai a colocava nos ombros. Dali de cima ela podia ver o mundo. E
o pai cantava uma canção que falava: "você é minha luz do sol. Você me faz feliz
quando o céu está cinzento."
Então, Linda teve um bebê. Quando o bebê completou cinco meses, ela decidiu
que era a hora de mostrá-lo aos avós. Por isso, ela, o marido e o filho foram ao
Havaí. Linda estava angustiada. Será que o pai a receberia? Ela estava levando
um menino no colo, que pouco tinha a ver com os antepassados chineses. Como mãe,
ela dizia para si mesma que se seu pai rejeitasse o neto, ela nunca mais
voltaria.
Ao chegarem, as saudações foram educadas. O velho chinês olhou a criança sem
nenhuma reação.
Depois do jantar, o bebê foi acomodado em um berço em um quarto. Linda e o
marido se recolheram para um descanso. De repente, ela acordou em sobressalto.
Havia passado a hora do bebê mamar. Levantou-se. Nenhum som de choro. Pelo
contrário, ela ouviu uma risada delicada de bebê. Atravessou o corredor, chegou
à sala. Seu filho de apenas cinco meses estava deitado em uma almofada, com as
mãos e os pés em agitação alegre. Sorria para o rosto inclinado sobre ele. Um
rosto asiático, bronzeado pelo sol. O avô dava a mamadeira para o netinho,
enquanto lhe acariciava a barriguinha e cantava baixinho: "você é minha luz do
sol."
A criança conseguira, em breve tempo, conquistar o coração do avô e pôr fim
a um afastamento tolo entre pai e filha. Hoje, o avô chinês caminha feliz,
seguido por uma sombra saltitante de olhos cor de mel e cabelos encaracolados de
quatro anos de idade.
***
Os filhos não são propriedade dos pais. Portanto, têm direito a suas
escolhas.
Os pais devem recordar sempre que os filhos são espíritos, que renascem
através deles. Suas vidas, seus anseios são deles.
Aos pais cabe a orientação, a diretriz segura, mas a caminhada é de
exclusividade dos filhos.
Romper o vínculo de afeto por quaisquer questões tem sempre como
conseqüência dor para ambas as partes.
O melhor, portanto, é dialogar, ponderar e se chegar a um acordo, bom para
ambas as partes.
Um acordo em que o filho siga o caminho para a conquista da sua felicidade e
os pais se apresentem como o apoio, o abrigo seguro, a terra firme do bom senso.

Fonte: Revista Seleções do Reader's Digest, junho/2000, pág. 9

A Mais Bela Flor


O bosque estava quase deserto quando o homem sentou-se para ler embaixo dos
longos ramos de um velho carvalho.
Estava desiludido da vida, com boas razões para chorar, pois o mundo estava
tentando afundá-lo.
E como se já não tivesse razões suficientes para arruinar o seu dia, um
garoto chegou, ofegante, cansado de brincar.
Parou na sua frente, de cabeça baixa e disse, cheio de alegria:
- Veja o que encontrei!
O homem olhou desanimado e percebeu que na sua mão havia uma flor.
Que visão lamentável! Pensou consigo mesmo.
A flor tinha as pétalas caídas, folhas murchas, e certamente nenhum perfume.
Querendo ver-se livre do garoto e de sua flor, o homem desiludido fingiu
pálido sorriso e se virou para o outro lado.
Mas ao invés de recuar, o garoto sentou-se ao seu lado, levou a flor ao
nariz e declarou com estranha surpresa:
- O cheiro é ótimo, e é bonita também...
- Por isso a peguei. Tome! É sua.
A flor estava morta ou morrendo, nada de cores vibrantes como laranja,
amarelo ou vermelho, mas ele sabia que tinha que pegá-la, ou o menino jamais
sairia dali.
Então estendeu a mão para pegá-la e disse, um tanto contrafeito:
- Era o que eu precisava.
Mas, ao invés de colocá-la na mão do homem, ele a segurou no ar, sem
qualquer razão.
E naquela hora o homem notou, pela primeira vez, que o garoto era cego e que
não podia ver o que tinha nas mãos.
A voz lhe sumiu na garganta por alguns instantes...
Lágrimas quentes rolaram do seu rosto enquanto ele agradecia, emocionado,
por receber a melhor flor daquele jardim.
O garoto saiu saltitando, feliz, cheirando outra flor que tinha na mão, e
sumiu no amplo jardim, em meio ao arvoredo.
Certamente iria consolar outros corações, que embora tenham a visão física,
estão cegos para os verdadeiros valores da vida.
Agora o homem já não se sentia mais desanimado e os pensamentos lhe passavam
na mente com serenidade.
Perguntava-se a si mesmo como é que aquele garoto cego poderia ter percebido
sua tristeza a ponto de aproximar-se com uma flor para lhe oferecer.
Concluiu que talvez a sua auto-piedade o tivesse impedido de ver a natureza
que cantava ao seu redor, dando notícias de esperança e paz, alegria e
perfume...
E como Deus é misericordioso, permitiu que um garoto privado da visão física
o despertasse daquele estado depressivo.
E o homem, finalmente, conseguira ver, através dos olhos de uma criança
cega, que o problema não era o mundo, mas ele mesmo.
E ainda mergulhado em profundas reflexões, levou aquela feia flor ao nariz e
sentiu a fragrância de uma rosa...
***
Verdadeiramente cego é todo aquele que não quer ver a realidade que o cerca.
Tantas vezes, pessoas que não percebem o mundo com os olhos físicos,
penetram as maravilhas que os rodeiam e se extasiam com tanta beleza.
Talvez tenha sido por essa razão que um pensador afirmou que "o essencial é
invisível aos olhos."

(Baseado em mensagem volante, sem menção ao autor)

A Matemática da Vida


Quando somos estudantes, nem sempre conseguimos atinar com o objetivo de
estudar determinadas matérias. É comum se ouvir de garotos e garotas comentários
a respeito desta ou daquela matéria, da qual não conseguem vislumbrar
necessidade para suas vidas.
Contudo, todo aprendizado pode ser aplicável em nossas vidas. Vejamos, por
exemplo, a matemática. Além de nos fornecer facilidade no trato com os cálculos,
sem os quais ficaria comprometido o nosso conforto, pois não se poderia
construir as maravilhas da engenharia moderna, nem estabelecer relações
comerciais com os indivíduos e as nações, verificamos que ela se encontra
presente em nossa intimidade.
É graças à matemática que podemos contar as batidas da bomba cardíaca e os
movimentos respiratórios para avaliação do estado de saúde ou enfermidade dos
indivíduos.
E, na nossa vida moral, podemos utilizar muito das operações aritméticas
mais simples.
Assim, podemos subtrair um pouco do conforto de algumas horas e aplica-las
em benefício do próximo. Agindo assim, somamos méritos para nós mesmos.
Se subtraímos o orgulho do nosso coração, somaremos humildade à nossa
personalidade e a soma final será grandiosa.
Subtraindo erros das nossas vidas, somaremos mais anos de paz à nossa
existência.
Subtraindo a maldade da nossa mente, somaremos amor e bondade à nossa fé,
conquistando maior saldo de alegrias.
Subtraindo o desespero das nossas tarefas, encontraremos a esperança que,
somada à renúncia, nos ofertará dias de muita ventura.
Subtraindo o ódio dos nossos passos e somando dedicação ao serviço do bem,
teremos um resultado equilibrado.
Subtraindo a inquietação das nossas noites, receberemos uma soma de repouso
benéfico.
Diminuindo a ironia dos nossos lábios, somaremos piedade às nossas palavras,
resultando em compreensão ao nosso semelhante.
Subtraindo a inveja dos nossos olhos, somaremos caridade às vidas alheias,
habilitando-nos para a claridade da vida maior.
Diminuindo o mal das nossas horas e multiplicando os minutos em ações
abençoadas, nosso saldo será de dias povoados de oportunidades de auxílio.
Enfim, subtraindo os maus instintos, que nos infelicitam os dias, colocando
em seu lugar a soma dos nossos esforços na ternura, descobriremos um saldo extra
de conquistas valiosas na operação final da existência.
E quem não deseja um saldo extra?
***
Quanto mais lutas redentoras, menos dores nos alcançarão na vida.
Quanto mais disposição para a renovação, menos inquietudes em nossas noites.
Quanto mais esforço pessoal, menos desespero em nosso trabalho diário.
Quanto mais amor em nossos dias, menos tortura a nos afligir os corações.
Multiplicar coisas positivas e subtrair as negativas determinará exatamente
o padrão das nossas vidas, concedendo-nos harmonia e nos habilitando para o
grande vôo rumo ás estrelas, ao infinito e à perfeição.

Redação do Momento Espírita, baseado no livro Ementário Espírita, de Divaldo
Pereira Franco, cap. Na subtração e na soma.

A Missão da Maternidade


O bispo de La Serena, Chile, dom Ramon Angel Jara, teve oportunidade de
escrever um texto muito poético que diz:
"Uma simples mulher existe que, pela imensidão de seu amor, tem um pouco de
Deus.
Pela constância de sua dedicação, tem muito de anjo. Que, sendo moça, pensa
como uma anciã e, sendo velha, age com as forças todas da juventude.
Quando ignorante, melhor que qualquer sábio desvenda os segredos da vida.
Quando sábia, assume a simplicidade das crianças. Pobre, sabe enriquecer-se
com a felicidade dos que ama. Rica, sabe empobrecer-se para que seu coração não
sangre ferido pelos ingratos.
Forte, estremece ao choro de uma criancinha. Fraca, se revela com a bravura
dos leões.
Viva, não lhe sabemos dar valor porque à sua sombra todas as dores se
apagam.
Morta, tudo o que somos e tudo o que temos daríamos para vê-la de novo, e
dela receber um aperto de seus braços, uma palavra de seus lábios.
Não exijam de mim que diga o nome dessa mulher, se não quiserem que ensope
de lágrimas esse álbum. Porque eu a vi passar no meu caminho.
Quando crescerem seus filhos, leiam para eles esta página. Eles lhes
cobrirão de beijos a fronte. Digam-lhes que um pobre viandante, em troca da
suntuosa hospedagem recebida, aqui deixou para todos o retrato de sua própria
mãe."
Na atualidade, a mulher assumiu muitos papéis. Lançou-se no mundo e se
transformou na operária, juíza, cientista, professora, militar, policial,
secretária, empresária, presidente, general e tudo o mais que no passado era
privilégio do homem.
A mulher se tornou em verdade uma super-mulher que além dos afazeres
domésticos, conquistou o seu espaço no mercado de trabalho. Naturalmente, não
para competir com o homem, mas para somar com ele, pois dos esforços de ambos
resulta o sustento e o bem-estar da família.
A rainha do lar se transformou na mulher que atua e decide na sociedade.
Das quatro paredes do lar para o palco do mundo. Contudo, essa mulher
senadora, escriturária, deputada, médica, administradora de empresa não perdeu a
ternura.
Ela prossegue a acolher em seu ninho afetivo o esposo e os filhos.
Equilibrada e consciente, ela brilha no mundo e norteia o lar. Embora
interprete muitos papéis, ela não esqueceu do seu mais importante papel: o de
ser mãe.
***
Dentre todas as mulheres que se projetaram no mundo, realizando grandes
feitos, a nossa lembrança recua no tempo buscando uma mulher especial.
A história não lhe registra grandes discursos, mas o evangelho lhe aponta
gestos e palavras que valem muito mais.
Mãe de um filho muito especial, que revolucionou a história, manteve-se
firme na adversidade, na dor, exemplificando o que ele ensinara.
Não deixou testamento, riquezas ou haveres mas legou à humanidade a
excelente lição da mulher que gera o filho, alimenta-o e o entrega ao mundo para
servir ao mundo.
Seu nome era Maria... Maria de Nazaré.
Fonte:
01. Correio Fraterno do ABC, 05/00 artigo de Cirso Santiago "Um poético e
autêntico retrato de uma genitora - homenagem à toda mulher-mãe.
02. Retrato de mãe - texto de Dom Ramón Angel Jara, bispo de La Serena,
Chile, traduzido por Guilherme de Almeida.

Ao Meu Querido Pai


Olá, pai!
Eu, que já fui criança um dia e que agora sou jovem, quase adulto, gostaria
de dizer o que vai aqui dentro do meu coração, neste dia especial.
Eu sei que temos tido alguns desentendimentos, mas creia papai, você é e
sempre será meu grande herói.
Sabe, pai, quando observo suas mãos fortes, embora algumas marcas feitas
pelo tempo, penso no quanto elas significam para mim, pois foram as primeiras a
acariciar as minhas, inseguras na infância.
Quando vejo seus passos firmes, não esqueço de que foram eles que orientaram
meus primeiros passos...
Quando você me pede para ler algumas palavras que seus olhos já não
conseguem ver com precisão, faço isso com carinho, pois não esqueço das palavras
que você repetiu inúmeras vezes para que eu aprendesse a falar.
Percebo que hoje suas decisões são mais lentas, mas sei também que minhas
primeiras decisões foram por elas balizadas.
Talvez você não esteja tão atualizado, quanto às novas tecnologias, mas eu
me lembro bem que você pensou muito pouco em si mesmo, para fazer de mim uma
pessoa de bem.
Se hoje sua saúde anda um pouco debilitada, sei que muito do seu desgaste
foi para garantir a minha saúde.
E se você não pronuncia corretamente alguma palavra, eu entendo, pois se
esqueceu de si mesmo para que eu pudesse cursar uma universidade.
Se hoje sua memória o trai, não esqueço das tantas vezes que advogou a meu
favor, nas situações difíceis em que me envolvia.
Hoje eu cresci, papai, já não sou mais aquela criança indefesa, graças a
você.
Hoje a juventude me empolga as horas... Mas eu não esqueci minha infância,
meus primeiros passos, minhas primeiras palavras, meus primeiros sorrisos...
Acredite que tudo isso está bem vivo em minha memória, e eu sei que nesse
seu peito, já cansado, ainda pulsa o mesmo coração amoroso de outrora...
É verdade que o tempo passou, mas eu nem me dei conta, pois você esteve
sempre ao meu lado, disposto a me proteger e a me ensinar...
Sabe velho, embora eu não tenha muito jeito para falar coisas bonitas,
desejo lhe dizer o quanto você têm sido importante em minha vida.
Hoje você pode não ser mais aquele moço forte, quanto ao corpo, mas tem um
certo ar de sabedoria que na sua imagem de ontem não existia.
Eu sei, pai, que apesar de o tempo ter passado, em seu peito o coração ainda
pulsa no mesmo compasso...
Que o afeto que você cultivou agora floresce em minha alma... Que as emoções
vividas ainda podem ser sentidas como nos velhos tempos...
Hoje eu reconheço, meu pai, que apesar dos longos invernos suportados, você
ainda mantêm acesa a chama de amor e ternura pelos seres que embalou na
infância...
Por isso tudo, e muito mais, eu quero lhe agradecer de todo meu coração:
"Pela amizade que você me devota...
Pelos meus defeitos que você nem nota...
Por meus valores que você aumenta...
Pela minha fé que você alimenta...
Por esta paz que nós nos transmitimos...
Por este pão de amor que repartimos...
Pelo silêncio que diz quase tudo...
Por esse olhar que me reprova mudo...
Pela pureza dos seus sentimentos...
Pela presença em todos os momentos...
Por ser presente, mesmo quando ausente...
Por ser feliz quando me vê contente...
Por ficar triste, quando estou tristonho...
Por rir comigo, quando estou risonho...
Por repreender-me quando estou errado...
Por meus segredos, sempre bem guardados...
Por me apontar Deus a todo instante...
Por esse amor fraterno sempre tão constante..."

(Texto final, entre aspas, de uma mensagem recebida pela Internet, sem
menção ao autor)

Mágos Sem Razão


Era uma vez um rapaz que ia muito mal na escola. Suas notas e seu
comportamento eram uma decepção para seus pais que, como a maioria, sonhavam em
vê-lo formado e bem sucedido.
Um belo dia, o pai lhe propôs um acordo: se você, meu filho, mudar seu
comportamento, se dedicar aos estudos e conseguir entrar para a Universidade de
Medicina, lhe darei um carro de presente.
Por causa do carro o rapaz mudou totalmente de atitude. Passou a estudar
como nunca e a se comportar muito bem.
O pai estava feliz, mas tinha uma preocupação: sabia que a mudança do rapaz
não era fruto de uma conversão sincera, mas apenas pelo interesse em obter o
automóvel, e isso era ruim!
Assim, o grande dia chegou. Fora aprovado para o curso de medicina. Como
havia prometido, o pai convidou a família e os amigos para uma festa de
comemoração. O rapaz tinha por certo que na festa o pai lhe daria o automóvel.
Mas, quando pediu a palavra, o pai elogiou o resultado obtido pelo filho e
lhe passou as mãos uma caixa de presente.
Crendo que ali estavam as chaves do carro, o rapaz abriu emocionado o
pacote. Mas para sua surpresa era uma bíblia.
O rapaz, visivelmente decepcionado, nada disse. E a partir daquele dia o
silêncio e a distância separavam pai e filho.
O jovem se sentia traído e agora lutava para ser independente. Deixou a casa
dos pais e foi morar no campus da universidade. Raramente mandava notícias para
a família.
O tempo passou, ele se formou, conseguiu um emprego em um bom hospital e se
esqueceu completamente do pai. Todas as tentativas do pai para reatar os laços
afetivos foram em vão.
Os anos rolaram até que um dia o velho, muito triste com a situação, adoeceu
e não resistiu, vindo a falecer.
No enterro a mãe entregou ao filho indiferente, a bíblia que tinha sido o
último presente do pai e que havia sido deixada para trás.
De volta a sua casa o rapaz, que nunca perdoara o pai, ao colocar o livro
numa estante notou que entre as suas páginas havia um envelope.
Abriu-o e encontrou uma carta, e dentro dela, um cheque. A carta dizia:
"meu querido filho, sei o quanto você deseja ter um carro. Eu prometi e aqui
está o cheque para que você escolha aquele carro que mais lhe agradar.
No entanto, fiz questão de lhe dar um presente ainda melhor: a bíblia, pois
nela aprenderá o amor de Deus pelas suas criaturas e a fazer o bem, não pelo
prazer da recompensa, mas pela gratidão e pelo dever de consciência".
Corroído de remorso, o filho caiu em profundo pranto...
Pense nisso!
O perdão incondicional é uma das mais sublimes virtudes que os seres podem
almejar.
Quem perdoa sempre, não corre o risco de arrepender-se mais tarde por ter
alimentado tanto tempo uma mágoa sem razão.
Por isso é que devemos ter sempre em mente a recomendação do mestre Jesus:
"perdoar setenta vezes sete", isto é: perdoar sempre.
Pense nisso!

Texto da Equipe de Redação do Momento Espírita, baseado

Maneira de Dizer as Coisas


Uma sábia e conhecida anedota árabe diz que, certa feita, um sultão sonhou
que havia perdido todos os dentes.
Logo que despertou, mandou chamar um adivinho para que interpretasse seu
sonho.
- Que desgraça, senhor! Exclamou o adivinho.
- Cada dente caído representa a perda de um parente de vossa majestade.
- Mas que insolente - gritou o sultão, enfurecido. Como te atreves a dizer-
me semelhante coisa? Fora daqui!
Chamou os guardas e ordenou que lhe dessem cem açoites.
Mandou que trouxessem outro adivinho e lhe contou sobre o sonho.
Este, após ouvir o sultão com atenção, disse-lhe:
- Excelso senhor! Grande felicidade vos está reservada. O sonho significa
que haveis de sobreviver a todos os vossos parentes.
A fisionomia do sultão iluminou-se num sorriso, e ele mandou dar cem moedas
de ouro ao segundo adivinho.
E quando este saía do palácio, um dos cortesãos lhe disse admirado:
- Não é possível! A interpretação que você fez foi a mesma que o seu colega
havia feito. Não entendo porque ao primeiro ele pagou com cem açoites e a você
com cem moedas de ouro.
- Lembra-te meu amigo - respondeu o adivinho - que tudo depende da maneira
de dizer.
Um dos grandes desafios da humanidade é aprender a arte de comunicar-se.
Da comunicação depende, muitas vezes, a felicidade ou a desgraça, a paz ou a
guerra.
Que a verdade deve ser dita em qualquer situação, não resta dúvida. Mas a
forma com que ela é comunicada é que tem provocado, em alguns casos, grandes
problemas.
A verdade pode ser comparada a uma pedra preciosa. Se a lançarmos no rosto
de alguém pode ferir, provocando dor e revolta.
Mas se a envolvemos em delicada embalagem e a oferecemos com ternura,
certamente será aceita com facilidade.
A embalagem, nesse caso, é a indulgência, o carinho, a compreensão e, acima
de tudo, a vontade sincera de ajudar a pessoa a quem nos dirigimos.
Ademais, será sábio de nossa parte se antes de dizer aos outros o que
julgamos ser uma verdade, dizê-la a nós mesmos diante do espelho.
E, conforme seja a nossa reação, podemos seguir em frente ou deixar de lado
o nosso intento.
Importante mesmo, é ter sempre em mente que o que fará diferença é a maneira
de dizer as coisas...
***
A sublime arte da comunicação foi sabiamente ensinada por Jesus.
Ele falava com sabedoria tanto aos doutores da lei quanto às pessoas simples
e iletradas.
Há pessoas que se dizem bons comunicadores mas que não conseguem fazer com
que suas palavras cheguem aos corações e às mentes.
Jesus, o comunicador por excelência, falava e Suas palavras calavam fundo
nas almas, porque aliava às palavras, os Seus atos, ou seja, falava e
exemplificava com a própria vivência.
O grande segredo para uma boa comunicação, portanto, é o exemplo de quem
fala.

Mansuetude e Poder


A mansuetude é, por vezes, confundida com fraqueza espiritual, apatia ou
indiferença. Pensa-se que a pessoa portadora dessa virtude está impedida de
reclamar seus direitos e deve tolerar com passividade todos os abusos.
Acredita-se que a mansuetude não combina com o poder, pois este tem se
confundido com prepotência, o despotismo e a violência.
Contudo, mais uma vez vamos encontrar na natureza lições preciosas a nos
dizer que o verdadeiro poder anda de mãos dadas com a mansuetude.
Na natureza tudo acontece com poder e silêncio, com um silêncio poderoso; o
Sol nasce e se põe em profunda quietude; move gigantescos sistemas planetários,
mas penetra suavemente pela vidraça de uma janela sem a quebrar.
Acaricia as pétalas de uma flor sem a ferir, e beija as faces de uma criança
adormecida sem a acordar.
As estrelas e galáxias descrevem as suas órbitas com estupenda velocidade
pelas vias inexploradas do cosmos, mas nunca deram sinal da sua presença pelo
mais leve ruído.
O oxigênio, poderoso mantenedor da vida, penetra em nossos pulmões, circula
discreto pelo nosso corpo, e nem lhe notamos a presença.
A luz, a vida e o espírito os maiores poderes do universo, atuam com a
suavidade de uma aparente ausência.
Como nos domínios da natureza, o verdadeiro poder do homem não consiste em
atos de violência física, mas sim numa atitude de presença metafísica; não se
trata de fazer algo, mas de ser alguém.
Quando um homem conquista o verdadeiro poder, toda a antiga violência acaba
em benevolência.
A violência é sinal de fraqueza, a benevolência é indício de poder.
Os grandes mestres sabem ser severos e rigorosos sem renegarem a mais
perfeita mansuetude e benevolência.
O Criador, que é o supremo poder, age com tamanha mansuetude que a maioria
dos homens nem percebe a Sua ação.
Essa poderosa força, na qual todos estamos mergulhados, mantém o universo em
movimento, cria novos mundos a cada instante, faz pulsar o coração dos abutres e
dos colibris, dos bandidos e dos homens de bem, na mais harmoniosa mansuetude.
Até mesmo a morte, mensageira da liberdade, chega de mansinho e, como hábil
cirurgiã, rompe os laços que prendem a alma ao corpo, libertando-a do cativeiro
físico.
Assim se expressa o verdadeiro poder: sem ruído, sem alarde e sem
violência...
***
Sempre que a palavra poder lhe vier à mente, lembre-se do Sol e de sua
incontestável mansuetude: nasce e se põe em profunda quietude; move gigantescos
sistemas planetários, mas penetra suavemente pela vidraça de uma janela sem a
quebrar. Acaricia as pétalas de uma flor sem a ferir, e beija as faces de uma
criança adormecida sem a acordar.

Equipe de Redação do Momento Espírita, com base no cap. Bem-aventurados os
mansos, porque eles possuirão a Terra, do livro Sabedoria das parábolas, de
Huberto Rohden, ed. Alvorada.

Medicação Preventiva


A moda, em matéria de saúde, é se falar em medicina preventiva. As pessoas
programam seus check-ups anuais, se submetem a baterias de exames e buscam uma
alimentação balanceada.
Exercícios físicos, repouso, férias e lazer complementam o quadro.
Contudo, mesmo cuidando do corpo o homem prossegue doente. Isto porque está
cuidando da roupagem, da casca, e tem se esquecido da parte que dá saúde e
disposição ao corpo: a alma.
Por isso, vamos dividir com você algumas anotações que achamos muito
interessantes. Elas dizem o seguinte:
Sintomas: taquicardia, vertigens, insônia, tremores pelo corpo todo.
Causas: rancor profundo, intolerância para com as atitudes alheias e
dificuldade de relacionamento com as pessoas.
Conseqüências: grande desarranjo emocional, sistema nervoso abalado, rugas
precoces. Se não medicado a tempo, pode levar o indivíduo à loucura. A pessoa se
torna insuportável, juiz de todas as atitudes alheias e insaciável, provocando
muito sofrimento aos que com ela convivem.
Medicamento indicado: perdão, que tem como composição química tolerância,
compreensão, renúncia, paciência e sensibilidade.
Apresentação do medicamento: está em estado latente no íntimo de todo ser
humano, e pode ser buscado através do raciocínio lógico de quem não gosta de
sofrer.
O medicamento deve ser tomado de minuto a minuto. Logo provoca tranqüilidade
física e mental, proporcionando um bem estar geral.
Como todo medicamento tem contra indicações. No caso, não é indicado para
pacientes que gostam de sofrer e sentem prazer em carregar um pesado fardo nas
costas, chamado rancor.
Como terapia complementar se recomenda, nas crises agudas, respirar
profundamente durante alguns minutos e procurar a natureza para meditação.
Buscar, através da prece, a ajuda divina.
Importante usar o medicamento para si próprio. Se tentar curar somente as
outras pessoas, o doente continuará doente.
Precaução especial: o medicamento deve ser deixado ao alcance das crianças.
***
A pedra bruta perdoa as mãos que a ferem, transformando-se em peça de arte
valiosa.
O grão de trigo esmagado perdoa o agricultor que o atira ao solo,
multiplicando-se em muitos grãos que enriquecem a mesa.
O ferro se deixa dobrar sob altas temperaturas e perdoa os que o modelam,
construindo segurança e conforto.
Perdoar é impositivo para cada hora e todo instante.
Para todos os que nos ferem e magoam, usemos o perdão como medicamento
valioso, lembrando que o perdão é sempre mais útil a quem o concede.

(Automedicação preventiva - texto de Rubens R. Pereira, publicado no GEAE)

Medo do Desconhecido


Contam as lendas que um dia um espião foi preso e condenado à morte pelo
general do exército persa.
Sua sentença era o fuzilamento, mas o general tinha um hábito diferente e
sempre oferecia ao condenado outra opção. E essa outra opção era escolher entre
enfrentar o pelotão de fuzilamento ou entrar por uma porta preta.
Com a aproximação da hora da execução o general ordenou que trouxessem o
espião à sua presença para uma breve entrevista.
Diante do condenado, fez a seguinte pergunta: o que você quer - a porta
preta ou o fuzilamento?
A escolha não era fácil, por isso o prisioneiro ficou pensativo e, só depois
de alguns minutos, deu a resposta: prefiro o fuzilamento.
Depois que a sentença foi executada o general virou-se para o seu ajudante e
disse: "assim é com a maioria dos homens. Preferem o caminho conhecido ao
desconhecido".
E o que existe atrás da porta preta? Perguntou o ajudante.
A liberdade, respondeu o general. E poucos foram os homens corajosos que a
escolheram.
Essa é uma das mais fortes características do ser humano: optar sempre pelo
caminho conhecido, por medo de enfrentar o desconhecido.
Geralmente as pessoas não abrem mão da acomodação que uma situação
previsível lhes oferece. É mais fácil ficar com a segurança do que já se sabe do
que aventurar-se a investigar novos caminhos.
É por essa razão que muitos não abrem mão de conceitos e preconceitos para
não se expor às novas idéias e raciocínios que exigem uma certa dose de ousadia.
Em vez da liberdade de pensar e agir, preferem o bombardeio de idéias já
elaboradas pelos outros, nem sempre bem intencionados.
Acomodam-se facilmente a copiar modos e costumes em vez de usar a razão e o
discernimento para construir seu próprio modo de viver, sua personalidade.
Podemos chamar esse fenômeno de "clonagem das idéias".
Por causa dessa forma de agir e pensar é que muitos adolescentes são
facilmente levados por um caminho já trilhado pela maioria, por necessidade de
aceitação no grupo, ou por insegurança.
É em virtude disso que muitos daqueles que detém o poder insuflam idéias e
medos em pessoas que não se arvoram a pensar com liberdade.
Para que tenhamos um exemplo disso, basta observar o sucesso que as músicas
de mau gosto, de rimas pobres, de palavras chulas e conteúdo pernicioso têm
feito junto à população, através dos meios de comunicação de massa.
É a imitação das idéias, dos maneirismos, dos modismos...
Aos domingos, pode-se ligar a televisão e passear pelos canais abertos para
que esta tese se confirme: só se vê as mesmas imagens e o mesmo batuque, os
mesmos conjuntos musicais com os mesmos gestos combinados, e a mesma rima pobre.
É preciso ousar e sair desse círculo vicioso da mesmice.
É preciso criar programas nobres, que desenvolvam nas crianças, jovens e
adultos, um senso crítico capaz de lhes propiciar a conquista da própria
liberdade.
Liberdade de pensar, de agir, de ser...
Liberdade de discordar da maioria, quando se está convicto de que se está
certo.
Liberdade de consciência, de fé religiosa..., liberdade de sentir.
Pense nisso!
Nem sempre o caminho já batido por muitos é o caminho que nos conduzirá à
liberdade.
Nem sempre nadar a favor da correnteza é indício de chegada a um porto
seguro.
Às vezes, é preciso abrir trilhas ainda desconhecidas da maioria, mesmo que
tenhamos que seguir só.
Por vezes, é preciso nadar contra a corrente, optar pela porta estreita,
para que se possa vislumbrar um mundo livre, feliz, sem constrangimentos que
tolhem a liberdade e infelicitam os seres.
Pense nisso!

Texto da Equipe de Redação do Momento Espírita

Menino Bandido


Na praça, a multidão, tumultuada, observava um homem triste, algemado, em
plena rua.
Os gritos de condenação ecoavam por todos os lados: "Assassino!" "Celerado!"
"É uma fera solta, diziam uns.
"É um monstro que merece o devido castigo, gritavam outros.
"Donde vieste, matador cruel?"
E o infeliz, cansado, mal se agüentando nos pés, implora por misericórdia.
"Por Deus, me poupem a lembrança!" Já basta a aflição que me oprime a
alma..."
"Vocês me perguntam quem eu sou e de onde venho. Pois bem, eu vou lhes
dizer."
"Eu fui aquela criança a quem todos fecharam a porta..."
"Fui o pequeno mendigo que todos viram passar, indiferentes à minha sorte."
"Fui aquela criança sem lar, sem escola, sem saúde, sem esperança...
"Faminto, descalço e roto, a minha vida era assim..."
"Cresci na lama do esgoto, e nunca tive alguém por mim..."
"Jamais provei um abraço caloroso de mãe ou de pai, de irmão ou de amigo."
"Hoje dizem que sou um réprobo, mas o que se pode esperar de alguém excluído
da sociedade como eu?"
E, por fim, limpando o pranto abundante que lhe corria no rosto, conclui:
"Nem eu mesmo sei quem eu sou. Talvez seja um monstro, um assassino cruel,
um assaltante sem escrúpulo, ou, quiçá, seja apenas um pequeno mendigo moral,
diante dos olhos de Deus".
A multidão silenciou...
Nada mais se ouviu além dos passos trôpegos daquele homem triste a caminhar
na direção do cárcere...
***
Se analisássemos a história de cada ser humano que se perde nos lodaçais do
crime, talvez fôssemos menos implacáveis em nossos julgamentos.
Lembremos que essas criaturas que vivem à margem da sociedade são nossos
irmãos, necessitados de amparo e orientação.
São seres que sentem, sofrem, lutam e se desesperam diante da nossa
indiferença.
Jesus, conhecedor da história de cada um dos espíritos confiados à Sua
guarda, sabia que os homens são mais frágeis do que perversos.
E é essa fragilidade que os faz amargos, rebeldes e violentos diante da
própria impossibilidade de soerguimento.
São esses os verdadeiros enfermos da alma que necessitam de médico, de
tratamentos, e não os sãos, conforme afirmou Jesus.
Você sabia?
Você sabia que há países em que o regime penitenciário é totalmente voltado
à regeneração do infrator e não de punição pura e simples?
As autoridades entendem que a pessoa que comete crimes, está enferma, e como
tal deve ser tratada.
É por esse motivo que nesses países o delinqüente trabalha e estuda. E se
tirou a vida de um pai, por exemplo, deve sustentar financeiramente a família da
vítima, bem como a sua própria família, de maneira a não se constituir num peso
para o Estado.
Ao cumprir a pena, o indivíduo está apto a ser reintegrado à sociedade, da
qual, em verdade, jamais foi excluído.

(Baseado na poesia "A Primeira Pedra", do livro Antologia dos Imortais.)

Mensagem da Criança ao Homem


Olhando as crianças maltrapilhas que perambulam pelas ruas sem rumo e sem
esperança, ficamos a imaginar qual será a mensagem que seus olhos tristes e
melancólicos trazem aos homens. Se pudéssemos registrar seus apelos, talvez
ouvíssemos seus gritos silenciosos a nos dizer:
Construíste palácios que assombram a Terra; entretanto, se me largas ao
relento porque me faltem recursos para pagar a hospedagem, é possível que a
noite me enregele de frio.
Multiplicaste os celeiros de frutos e cereais, garantindo os próprio
tesouros; contudo, se me negas lugar á mesa, porque eu não tenha dinheiro a fim
de pagar o pão, receio morrer de fome.
Levantaste universidades maravilhosas, mas, se me fechas a porta da
educação, porque eu não possua uma chave de ouro, temo abraçar o crime sem
perceber.
Criaste hospitais gigantescos; no entanto, se não me defendes contra as
garras da enfermidade, porque eu não te apresente uma ficha de crédito, descerei
bem cedo ao torvelinho da morte.
Proclamas o bem por base da evolução; todavia, se não tens paciência para
comigo, porque eu te aborreça, provavelmente ainda hoje cairei na armadilha do
mal, como ave desprevenida no laço do caçador.
Dizes que eu sou o futuro. Não me desampares o presente.
Dizes que sou a esperança da paz. Não me induzas à guerra.
Dizes que eu sou a promessa do bem. Não me confies ao mal.
Não espero somente o teu pão. Dá-me luz e entendimento.
Não te rogo apenas brinquedos. Peço-te bons exemplos e boas palavras.
Não sou simples folha seca rolando ao vento. Sou alguém que te bate à porta
em nome de Deus.
Em nome de Deus, que dizes amar, compadece-te de mim!...
Ensina-me o trabalho e a humildade, o devotamento e o perdão.
Compadece-te de mim e orienta-me para o que seja bom e justo...
Ajuda-me hoje para que eu te ajude amanhã.
Não te peço o máximo que alguém talvez te venha a solicitar em meu
benefício...
Rogo apenas o mínimo do que me podes dar para que eu possa viver e aprender.
***
Cada criança que nasce é uma estrela que Deus coloca sobre a face da Terra
para que seja amparada pelas nossas mãos.
Não permitamos que essas frágeis estrelas se apaguem por falta de calor
humano.
Pela lei da reencarnação, é possível que um desses pequeninos seja um afeto
do nosso coração que volta, estendendo-nos as mãos em busca de socorro e
proteção.
Ademais, Jesus asseverou que tudo o que fizéssemos a esses pequeninos, era a
ele mesmo que o estávamos fazendo.
(Adaptação do livro Luz no Lar, cap. 51 e Antologia da Criança, cap. 2)

Mensagem do Velho ao Moço


Você já foi criança um dia... mas os anos se dobraram e fizeram de você um
jovem, quase um adulto... E agora você me olha com certo desprezo só porque
muitos anos se dobraram para mim e hoje eu sou um velho...
Você observa minhas mãos trêmulas e encarquilhadas e se esquece que foram as
primeiras a acariciar as suas, inseguras na infância.
Critica os meus passos lentos, vacilantes, esquecendo-se de que foram eles
que orientaram seus primeiros passos.
Reclama quando lhe peço para ler uma palavra que meus olhos já não conseguem
vislumbrar com precisão, esquecido das várias palavras que eu repeti inúmeras
vezes para que você aprendesse a falar.
Fala da lentidão das minhas decisões, esquecendo-se de que suas primeiras
decisões foram por elas balizadas.
Diz que eu sou um velho desatualizado, mas eu confesso que pensei muito
pouco em mim, para fazer de você um homem de bem.
Reclama da minha saúde debilitada, mas creia, muito trabalho foi preciso
para garantir a sua.
Ri quando não pronuncio corretamente uma palavra, mas eu lhe afirmo que
esqueci de mim mesmo, para que você pudesse cursar uma Universidade.
Diz que não possuo argumentos convincentes em nossos raros diálogos,
todavia, muitas foram as vezes que advoguei em seu favor nas situações difíceis
em que se envolvia.
Hoje você cresceu...
É um moço robusto e a juventude lhe empolga as horas...
Esqueceu sua infância, seus primeiros passos, suas primeiras palavras, seus
primeiros sorrisos...
Mas acredite, tudo isso está bem vivo na memória deste velho cansado, em
cujo peito ainda pulsa o mesmo coração amoroso de outrora...
É verdade que o tempo passou, mas eu nem me dei conta...
Só notei naquele dia... naquele dia em que você me chamou de velho pela
primeira vez, e eu olhei no espelho...
Lá estava um velho de cabelos brancos, vincos profundos na face e um certo
ar de sabedoria que na imagem de ontem não existia.
Por isso eu lhe digo, meu jovem, que o tempo é implacável, e um dia você
também contemplará o espelho e perceberá que a imagem nele refletida não é mais
a que hoje você admira...
Mas você sentirá que em seu peito o coração ainda pulsa no mesmo compasso...
Que o afeto que você cultivou não se desvaneceu...
Que as emoções vividas ainda podem ser sentidas como nos velhos tempos...
Que as palavras amargas ainda lhe ferem com a mesma intensidade...
E que apesar dos longos invernos suportados, você não ficou frio diante da
indiferença dos seres que embalou na infância...
Por isso que eu lhe aconselho, meu filho:
Não ria nem blasfeme do estado em que eu estou, eu já fui o que você é, e
você será o que eu sou...
Pense nisso!
Aquele que despreza seus velhos, é como galho que deixa o tronco que o
sustenta tombar sem apoio.
A ingratidão para com os que nos sustentaram na infância é semente de
amargura lançada no solo, para colheita futura.
Assim, façamos aos nossos velhos o que gostaríamos que nos fizessem quando a
nossa idade já estiver bastante avançada.
Pensemos nisso!
autoria:equipe do Momento Espírita

Mensagem que Salva


Em setembro de 1995, um jornal publicou uma interessante história.
Tratava-se de uma jovem que, sem objetivos na vida, começou a achar que tudo
estava contra ela. Ficou deprimida e pensou em se suicidar. Tentou uma vez em um
hotel mas a camareira entrou e chamou socorro a tempo, e ela foi salva.
Quando saiu do hospital, continuou com o firme propósito de acabar com a
vida. Começou a estocar remédios. Às vezes, começava a olhar para o teto,
procurando um lugar para colocar uma corda e terminar com tudo. Era um tormento
constante. A idéia não saía de sua cabeça. Dois meses depois, ela foi até um
hotel levando trezentos comprimidos em sua bolsa.
Felizmente três amigas atentas, dessas criaturas atenciosas que Deus coloca
na trajetória dos seres, para servirem de anjos de guarda, descobriram o seu
plano. Com muito esforço, a levaram até o hospital, antes que ela fizesse uso
dos comprimidos.
Enquanto aguardava para ser atendida, na sala de espera do hospital, ela
apalpava os comprimidos que trazia consigo, pensando em como faria para enganar
as amigas e tomar a medicação.
Enfim, como o atendimento demorou um pouco, ela pôs os olhos sobre uma
mesinha e viu uma revista. Pegou-a e abriu. Seus olhos ficaram arregalados de
espanto, quando leu: "antes de você se matar".
O artigo oferecia diversas razões fortíssimas para se optar pela vida em vez
do suicídio. De uma forma misteriosa, aquelas observações foram calando em sua
alma e ela desistiu de se matar. Chamou uma enfermeira e lhe entregou todos os
comprimidos. Nunca mais tentou se matar. Decidiu viver.
Ao publicar a sua história, afirmava que tudo acontecera há dez anos.
Uma mensagem salva uma vida. Isto nos mostra como é importante que as coisas
boas, as coisas positivas sejam passadas adiante, sejam propagadas.
Cada um de nós, onde esteja, pode ser um propagandista das coisas positivas,
elevadas, nobres. Podemos procurar um folheto que fale do otimismo, da fé em
Deus, da beleza da vida e passá-lo adiante. Aquilo que nos faz bem, nos sustenta
a esperança, deve ir além para favorecer igualmente outras vidas. Se lemos um
livro que traz lições excelentes, por que não emprestá-lo a alguém que sabemos
estar enfrentando muitas dificuldades? Se conhecemos a mensagem do Cristo, que é
um poema de vida abundante, por que não passar a outros?
Lembremos: às vezes, tudo o que é preciso para resgatar uma vida, fortalecer
um coração é uma palavra generosa, uma mensagem de esperança e consolação.
***
O bem é tudo quanto estimula a vida, produz para a vida, respeita e
dignifica a vida.
O bem é simples. A sua linguagem singela dispensa aparências.
Um sorriso a quem, em uma sala de espera, aguarda ansioso pela notícia de um
parente hospitalizado.
Um aperto de mão, uma flor a quem está triste. Um gesto de carinho
inesperado.
Habituemo-nos a espalhar o bem, oferecendo ao mundo os nossos esforços a
benefício de outras vidas.
Fonte: Pequenos milagres, pág. 131 Repositório de sabedoria, vol. I

Mentira e Descrédito


Você costuma mentir para seus filhos?
É possível que, sem uma reflexão aprofundada, a maioria dos pais responda
que não. Que a mentira não é uma boa medida pedagógica.
No entanto, é muito comum, no trato com os filhos, observarmos pais, mães e
outros educadores, lançando mão de pequenas mentiras para convencer os filhos a
fazerem o que eles desejam ou o que deve ser feito.
Assim é que, há poucos dias, vimos pelo telejornal, uma mãe convencer o
filho a embarcar no avião, num dia em que jogaria o time para o qual ele torcia,
mentindo que na aeronave ele poderia assistir ao jogo pela televisão.
Ao ser entrevistada, ela respondeu ao repórter que havia inventado uma
"mentirinha" para que o filho embarcasse sem dar trabalho.
Apenas uma mentira sem importância para a mãe, mas de grandes proporções
para aquele garotinho ávido por assistir seu time disputar uma partida decisiva.
Muitas vezes, para nos livrar da insistência do filho, prometemos coisas que
sabemos, de antemão, que não vamos cumprir.
Se ele quer ir ao zoológico, por exemplo, prometemos que o levaremos noutro
dia, e esse dia não chega nunca.
Se não quer ir para a escola, fazemos mil propostas interessantes, mas, tão
logo ele consinta em ir, nos esquecemos delas.
Vezes sem conta, percebemos pais que enganam os filhos dizendo que vão dar
uma saidinha e logo voltam, e se demoram dias em viagens de lazer, enquanto os
pequenos, desiludidos, esperam e esperam...
São mentiras que, aparentemente sem importância, constróem nas almas
infantis a descrença, a desconfiança e a insegurança.
São essas pequenas pedras apodrecidas que levantam homens falsos e
mentirosos que não têm compromisso com a verdade e, muito menos, com os
sentimentos alheios.
Crescem enganados e, se não forem espíritos elevados, incorporam essas
vivências de forma natural, e a devolvem à sociedade conforme a receberam.
Depois, essa mesma sociedade reclama quando é iludida com promessas não
cumpridas, com plataformas que não passam de simulacro, com mentiras e
enganações.
É importante que pensemos, com seriedade, nas palavras destiladas dia a dia,
junto aos filhos.
É imprescindível que analisemos muito bem as promessas que fazemos e, uma
vez feitas, que sejam cumpridas. Mas, se por um motivo ou outro não as pudermos
cumprir, que expliquemos o motivo, sem mentir nem iludir.
No princípio pode parecer difícil, mas a experiência prova que a verdade é
eficaz e duradoura e que a mentira, além de ter as "pernas curtas", é
ineficiente e prejudicial.
Pense nisso!
A mentira é como ácido corrosivo; dilacera os laços afetivos e os rompe
pouco a pouco.
A verdade é a pedra boa que, empregada na construção do afeto, a torna
sólida e duradoura, resistente a qualquer tempestade.
Pensemos nisso!

Moderna Parábola do Filho Pródigo


Quando ouvimos falar de filho pródigo, logo nos vem à mente um homem rico
dissipando a sua fortuna material nas festas e gozos do mundo. No entanto, se
dilatarmos nossa visão perceberemos outros aspectos que merecem atenção.
Os filhos pródigos não estão somente onde há dinheiro em abundância. Podemos
encontrá-los em todos os campos da atividade humana, ocupando diversas posições.
Grandes cientistas da Terra são perdulários da inteligência, destilando
venenos intelectuais, indignos das concessões de que foram aquinhoados.
Artistas preciosos gastam, por vezes, inutilmente, a imaginação e a
sensibilidade, através de aventuras mesquinhas, caindo no relaxamento e nos
resvaladouros do crime.
Filhos pródigos que estão, nesse momento, desperdiçando a fortuna do tempo,
acomodados confortavelmente em poltronas macias, curtindo a ociosidade.
Ou então, usando seus conhecimentos para criar coisas ou situações
prejudiciais aos demais.
Há os que dissipam a saúde através dos vícios de toda ordem. Os que são
pródigos em desculpas para seus próprios erros, e econômicos quando se trata de
desculpar os equívocos alheios.
Governantes que desperdiçam a confiança que lhes foi depositada, jogando
fora a oportunidade de testemunhar dignidade e honradez.
Pais que se demitem da missão que lhes foi conferida e deixam escoar a
bendita oportunidade de elevar moralmente a prole que Deus lhes confiou.
Filhos pródigos somos quase todos nós que perdemos a oportunidade de ser
gentil, de calar uma ofensa, evitar um ataque de ira, conter um comentário
maldoso.
Temos sido avaros, ou comedidos quando se trata de doar-nos, de oferecer
algo de nós mesmos, e econômicos quando alguém nos pede uns minutos de atenção,
um favor qualquer, mas pródigos em passar as horas ocupando-nos com coisa
nenhuma.
Economizamos bons modos, e distribuímos críticas azedas, queixas sem fim, e
palavrões a mancheias.
Não econonomizamos o palavrório vão, mas custa-nos falar bem de alguém ou de
alguma coisa.
É importante que pensemos um pouco a respeito do uso que temos feito de tudo
o que nos é concedido: tempo, saber, saúde, oportunidades. Porque é sabido que
tudo o que esbanjamos nos fará falta, hoje ou amanhã.
É bom verificarmos se não estamos sendo pródigos demais com as coisas ruins,
poupando as nossas virtudes ou deixando de cultivá-las.
Pense nisso!
Os empeços que criamos na estrada evolutiva, só retardam a nossa felicidade.
Enquanto nos detivermos nos caminhos estreitos dos enganos, não perceberemos
a grande avenida iluminada que nos conduzirá ao Pai.
Essa avenida é a mensagem do Cristo, pois a afirmativa é Dele: "eu sou o
caminho da verdadeira vida, ninguém chegará ao Pai, senão por mim".
Pensemos nisso!
Fonte: Livro Pão Nosso, cap. 2

Moral Cristã


Quando se fala em moral cristã, é possível que alguém alegue ser ela tão
velha e que, mesmo assim, nada tem produzido de eficiente na reforma dos
costumes. Ora, como pode ser velho aquilo que não foi usado?
A moral cristã é, em sua pureza e em sua essência, desconhecida da
humanidade.
Sua atuação ainda não se fez sentir com profundidade e de forma ostensiva.
Todavia, do entendimento da moral do Cristo depende a nossa felicidade sob
todos os aspectos.
Não são poucos os que questionam como é possível ter vindo o filho de Deus
ao mundo e não ter iluminado todos os erros das ciências e retirado dos homens
toda a ignorância.
A resposta está no fato de que Jesus veio trazer à humanidade outra
proposta: a de nos ensinar a sermos bons, iluminando a própria intimidade e
conquistando com os próprios esforços, a felicidade almejada.
É por esse motivo que Jesus não ensinou aos filósofos a composição dos
continentes, nem aos geômetras a quadratura do círculo, nem aos navegantes a
direção do norte ou do sul, nem aos químicos o descobrimento da pedra filosofal,
nem aos médicos as virtudes das ervas e plantas, nem aos astrólogos e astrônomos
o curso, a grandeza, o número e as influências dos astros.
Só nos ensinou a ser humildes.
Só nos ensinou a ser castos.
Só nos ensinou a fugir da avareza.
Só nos ensinou a perdoar as injúrias.
Só nos ensinou a sofrer perseguições pela causa da justiça.
Só nos ensinou a eliminar os vícios e exercitar as virtudes, porque estas
são as regras e conclusões. Estes os preceitos e os teoremas por onde se aprende
a ser bom, a ser justo.
Essa é a ciência que Jesus professou e veio ensinar a todos nós.
E é de semelhante ensino que precisamos nos dias atuais.
Se atentarmos para os aspectos da problemática dos nossos dias, perceberemos
que a crise que aterroriza o mundo, é a crise de caráter, responsável por todas
as outras.
Perceberemos que o momento reclama a ação de homens honestos, escrupulosos,
possuídos do espírito de justiça e compenetrados das suas responsabilidades.
Temos vivido sob o despotismo da inteligência. Cumpre-nos sacudir-lhe o jugo
e proclamar o reinado do caráter, o império da consciência, da moral e dos
sentimentos.
Eis a grande lição deixada pelo filho de Deus, até hoje incompreendida.
Eis a chave para solucionar todos os problemas da humanidade: conhecer e
viver os ensinos do sublime Galileu que afirmou com a segurança de quem sabe o
que diz, que ninguém chegará ao Pai senão através dEle.
***
O cristão está convocado para o ministério enobrecido de edificar o bem em
toda parte, consolidando as possibilidades de serviço relevante, como passo
inicial para a elaboração de melhores dias.
Do livro: Em Torno do Mestre, cap. Instrução e Educação.

Morte Inexistente


Afirmam que a morte não existe. Que não se trata senão de uma passagem de um
estágio para outro.
Será que para um coração de mãe que vê seu filho demandar a aduana do
túmulo, tais afirmativas valem como consolo?
Para um pai que acompanha, em lágrimas, o esquife que abriga o corpo do
filho morto, isto será suficiente?
Como aplacar a saudade sem limites e a dor superlativa? Haverá algo que
possa amenizar o sofrimento da ausência?
Aconteceu na vida de uma mãe que viu partir a sua pequena de sete anos.
Tudo transcorreu como muito rápido. À tarde, ela brincava no parque,
travessa e afoita como sempre.
Ao entardecer, voltou ao lar mais cedo do que o habitual, queixando-se de
dores de cabeça. Parecia um pouco febril.
Tudo foi levado à conta de um resfriado leve. A medicação suave se fez no
próprio lar. A criança se recolheu ao leito. A febre e a dor aumentaram de
intensidade nas horas que se seguiram.
No dia seguinte, resolveu-se levar a criança ao médico. Internamento às
pressas, exames, diagnóstico terrível.
Em poucas horas o quadro agravou-se. Depois, foi a longa espera do lado de
fora do centro de terapia intensiva, para as visitas com hora certa e rápidas.
Finalmente, a morte. O corpo gélido. A dor da separação. Os lábios que
sorriam, cantavam, emudeceram. As mãos que faziam carícias enrijeceram. O corpo
que realizava acrobacias nas árvores, no parque de diversões tornou-se imóvel.
Os dias que se seguiram foram de silêncio. O tilintar do telefone, a
conversa das pessoas, incomodavam.
Se sua filha morrera, tudo deveria vestir-se de luto, como seu coração de
mãe.
O jardim em primavera de cores parecia ofendê-la porque seus olhos somente
viam a escuridão, desde que o raio de sol de sua vida fora arrebatado.
Certa noite, sonhou. Viu sua pequena filha vestida de azul, cor que lhe caía
tão bem e realçava sua pele, seus cabelos, seu sorriso.
A pequena sorria, estendendo os braços: "mãe, por que tanta amargura e
revolta?"
A voz era doce e terna, falando-lhe enquanto a acariciava com suas mãozinhas
mimosas.
- findou meu tempo na terra, mãezinha. Foi tão bom. Mas era somente o tempo
que me faltava para completar. Deus permitiu-me a volta ao mundo espiritual,
desde que cumpri o que estava estabelecido.
- Por que chora, mãezinha, a liberdade de sua filha? Não vê como estou bem e
feliz? Estou com você e desejo vê-la sorrir novamente.
- Permita-se o retorno à alegria. Dedique-se a crianças sem lar, doe meus
brinquedos, faça outros pequenos felizes em meu nome. E Deus, que tudo vê, nos
abençoará a ambas."
Quando despertou, na manhã seguinte, a jovem mãe trazia a nítida lembrança
das carícias e dos afagos da filha.
Ergueu-se, abriu a janela, aspirou o ar perfumado da manhã de luz, observou
as tintas da madrugada que se despedia, sorriu e decidiu-se por voltar a viver
com alegria e esperança.
Você sabia?
Você sabia que a morte pode ser comparada a uma breve despedida?
Os que nos deixam na terra, verdadeiramente não nos abandonam, já que para
os verdadeiros amores jamais se apaga a chama do afeto.
Dessa forma, não existem adeuses, mas sim um "até breve", pois logo mais
tornaremos a nos ver, a nos reencontrar, no mundo dos espíritos ou no mundo
corporal.
Nossos amores, se não estão conosco, ao nosso lado, permanecem em algum
lugar, porque jamais se perde a ponte entre o céu e o coração.

A Nota da Esperança


Foi num jornal de grande circulação que lemos recentemente a incrível
história do violinista Isaac Perelman.
No dia 18 de novembro de 1995, Isaac se apresentou no Lincoln Center em Nova
Iorque. Às oito horas daquela noite ele pisou no palco.
O que para a maioria das pessoas seria uma tarefa simples, para Isaac sempre
representava um tremendo esforço.
Apoiado por aparelhos ortopédicos, presos nas suas pernas, e em duas
muletas, Isaac caminhou, como sempre fazia, a passos lentos, mas sem perder a
majestade.
As pessoas em geral já estavam acostumadas com a cena, pois sabiam que a
causa era uma poliomielite que o atingiu ainda na sua infância.
Isaac aproximou-se da cadeira, sentou-se, desatou os aparelhos ortopédicos,
deixou as muletas a seu lado, no chão. Com o auxílio das mãos, encolheu uma
perna para trás e esticou a outra para frente.
Em seguida, retirou seu precioso violino da caixa, colocou-o sobre o ombro,
apoiado em uma das mãos. Com a outra mão segurou o arco, e apontou para o
regente da orquestra, indicando que ele começasse.
O que se viu em seguida, como de hábito, foi a genialidade de um homem
através de seu violino, embalando o público com acordes de talentosa maestria.
De repente se ouviu um estalo!
Uma das quatro cordas do violino havia se rompido!
Todos olharam, em silêncio absoluto, para Isaac.
Ele fechou os olhos, respirou profundamente, levantou o arco pedindo ao
regente que continuasse no exato ponto em que haviam parado.
E Isaac tocou com incrível paixão, criando em sua mente, em sua alma, notas
e acordes, de forma a produzir os mesmos sons da partitura original.
O público quase não podia acreditar. Isaac estava tocando a mesma sinfonia
com um violino com três cordas.
Quando terminou, o público se levantou e não parava mais de aplaudir.
Finalmente, os aplausos cessaram a pedido do violinista. As palavras que ele
pronunciou tinham a doçura da convicção e continham uma grande lição:
Um músico deve produzir sonoridade com aquilo que lhe resta.
***
Todos somos músicos no concerto da vida. Mesmo com o coração dilacerado, as
cordas dos sentimentos quebradas, é preciso continuar a executar as notas
musicais.
Podem ser notas simples, isoladas, mas que aos poucos formarão uma melodia.
E embalados pela melodia da nossa própria dor haveremos de encontrar forças
para executar a bela sinfonia da vida.
Mesmo que os dias amanheçam chuvosos e frios. Mesmo que o amor tenha
partido. Mesmo que tenhamos ontem acompanhado os corpos dos nossos amores ao
cemitério.
Continuemos tocando a melodia e descobrindo as notas de esperança que a vida
nos oferece, no sorriso de uma criança, na mão de um amigo, no abraço carinhoso
de um companheiro.

Fonte:
Jornal Gazeta do Povo, agosto/2000 - a nota da esperança de Edmond Fatuch

Não Deixe para Depois


O pai de família chegou em casa e se sentou à mesa com as contas do mês a
pagar, e algumas já vencidas, quando seu filhinho, cheio de alegria, entrou
correndo na sala e disse com entusiasmo: "feliz aniversário, papai! Mamãe disse
que você está completando 55 anos hoje, por isso eu vou lhe dar 55 beijos, um
para cada ano."
O garoto começou a fazer o que prometera, quando o pai exclamou:
Oh! Filho, agora não! Estou tão ocupado!
O menino fez silêncio imediato. Mas o seu gesto chamou a atenção do
aniversariante.
Olhando-o o pai percebeu que havia lágrimas em seus grandes olhos azuis.
Desculpando-se, disse ao filho: "você pode terminar amanhã."
O menino não respondeu e não foi capaz de disfarçar o seu desapontamento
enquanto se afastava.
Naquela mesma noite o pai lhe falou: "venha cá e termine de me dar seus
beijos agora, filho."
Ou ele não ouviu ou não estava mais com vontade, pois não atendeu ao pedido.
Dois meses depois, um acidente levou o garoto. Seu corpo foi sepultado num
pequeno cemitério perto do lugar onde ele gostava de brincar.
Aquele pai, constantemente se sentava ao lado do túmulo do seu pequeno e,
observando a natureza, pensava consigo mesmo:
"O canto do sabiá não é mais doce que a voz do meu filho, e a rolinha que
canta para os seus filhotes não é tão gentil como o menininho que deixou de
completar a sua declaração de amor."
Ah! Se eu pudesse ao menos lhe dizer como me arrependo daquelas palavras
impensadas, e como o meu coração está doendo agora por causa de minha falta de
delicadeza.
"Hoje eu fico aqui sentado, pensando em como pude não retribuir seu afeto,
mas entristeci seu pequeno coração, cheio de ternura."
Às vezes, por motivos banais, deixamos passar oportunidades únicas, que
jamais se repetirão em nossas vidas.
São momentos em que uma distração qualquer nos afasta do abraço afetuoso de
um ser querido...
Um compromisso, que poderíamos adiar, nos impede de ficar um pouco mais com
alguém que nos deixará em breve...
Depois, como aconteceu ao pai que recusou os beijos do filho, só resta a dor
do arrependimento.
E essa dor é como um fogo que queima sem consumir.
E não é necessário que a pessoa a quem negamos nossa atenção seja arrebatada
pela morte, para que sintamos o desconforto do arrependimento.
Quantos filhos deixam de procurar os pais, por falta de atenção, e se vão,
em busca de alguém que ouça seus desabafos ou responda suas perguntas.
Quantas esposas se fecham no mutismo, depois de várias tentativas de diálogo
com o companheiro indiferente ou frio.
Quantos esposos se isolam após tentativas frustradas de entendimento.
Por todas essas razões, vale a pena prestar atenção nos braços que se
distendem para um abraço, os lábios que se dispõem para um beijo, as mãos que se
oferecem para um carinho.
Pense nisso!
Um gesto de ternura deve ser sempre bem recebido, mesmo que estejamos
sobrecarregados, cansados, sem vontade de atender.
Uma demonstração de amor é sempre bem-vinda, para dar novo colorido às
nossas horas, ao nosso dia-a-dia, às nossas lutas.
O amor, quando chega, dissipa as trevas, clareia o caminho, perfuma o
ambiente e refaz o ânimo de quem lhe recebe a suave visita.
Pense nisso!

Equipe de Redação do Momento Espírita, baseado em história de autoria
desconhecida.

Não Passe Recibo


Em cada momento da sua vida diária, você se verá a braços com desafios que
exigirão muita prudência de sua parte, para que não se envolva em situações-
problemas, muitas vezes difíceis.
Você sabe que a Terra vem passando por momentos graves em todas as áreas.
A violência tem-se tornado a grande intérprete desses tempos planetários, já
que sua proposta é de fácil aceitação pela quase maioria dos humanos nos
estágios em que se achem no mundo.
Se você estiver na rua, na condução, no lazer ou mesmo no lar, encontrará
diversas pessoas, muitas delas companheiras suas ou familiares, cujos
comportamentos, cujas posturas poderão causar-lhe chateações, irritações,
capazes de estimular seu lado frágil ou sua intolerância.
Tenha muito cuidado para não ser vítima do seu próprio temperamento.
Exercite-se na conquista da tranqüilidade, acautelando-se contra a ira ou a
revolta que podem apanhá-lo desprevenido.
A proposta escusa das equipes de espíritos das sombras é converter a vida
social da terra num inferno verdadeiro, no qual cada pessoa não enxergue outra
saída para os seus problemas, senão saídas violentas.
Não morda essa isca. Procure manter ou desenvolver sua paciência.
Você ouvirá palavras ditas rudemente e outras, como afiado gume que lhe irão
penetrando fina e suavemente, mas cujo objetivo é infelicitar-lhe.
Verá em toda parte arrancadas bruscas de veículos em mãos nervosas.
Ouvirá palavrões estrondeando a sua volta. Deparará a provocação em forma de
mau atendimento onde você paga e paga caro por qualquer serviço.
Você faceará a violência da calúnia, do mexerico, da zombaria e do desdém.
Aprume-se no pensamento superior. Pense sempre em nível mais alto e não revide,
não se deixe enredar.
Quando algo for muito forte para a sua sensibilidade ou para os seus nervos,
afaste-se, física ou mentalmente, buscando nos ensinos de Jesus o amparo de que
necessite.
Recorde o mestre ao ensinar-nos a "não contender com o mal".
Seja qual for a perturbação que ocorra a sua volta, mantenha-se em paz. Não
tema carantonhas, não se agonize com ameaças. Não responda às agressões que
serão apenas fogos cruzados. Não passe recibo às violências.
Se você obtiver êxito, sairá ileso desses pântanos viscosos formados pelos
psiquismos doentes de "vivos" e "mortos".
Caso morda a isca ao invés de morder a língua, guarde a certeza de que seus
destemperos o aproximarão da cadeia, do túmulo ou de inabordáveis remorsos que
não o deixarão viver em harmonia.
A determinação das sombras é fazer tombar, é atrasar ou impedir o passo de
todos os que demonstrem possibilidades mais nítidas de união com Jesus.
Ore, policie-se, fale e aja da melhor forma, para que, em pleno incêndio
moral no mundo, você se mantenha resguardado pela redoma da paz que vem
construindo com seus esforços para uma abençoada passagem planetária.
***
O infortúnio que, à primeira vista, parece imerecido tem sua razão de ser, e
aquele que se encontra em sofrimento pode sempre dizer: "perdoa-me, Senhor,
porque pequei."

(Cap. 14 do livro "Para uso Diário", ed. Fráter Livros Espíritas.)

Não se Deixe Desestimular


No seu aprendizado diário, na caminhada necessária para a evolução, você
encontra empeços variados ao longo do caminho, que parecem destinados a lhe
desanimar no longo percurso.
Muitas vezes você encontra os chamados "inimigos gratuitos", os amigos
faladores que o deixam em situações difíceis.
Outras vezes se depara com enfermidades físicas, com as deficiências de
caráter de tanta gente, o que lhe provoca profunda tristeza, pois são
companheiros que não movem uma palha em seu favor, embora ocupem seu tempo
sempre que encontram a mínima dificuldade.
Você tem à sua volta a inflação que cresce e os ganhos materiais que parecem
não acompanhá-la, o que lhe faz pensar que quanto mais trabalha menos ganha e
gasta mais.
Você costuma ver desmoronar os mais acalentados sonhos domésticos, sem se
sentir no direito de fugir.
Desmoronam os anseios do cônjuge atencioso e afetuoso; dos filhos
estudiosos, responsáveis, respeitosos; da família companheira capaz de suprir
você de energias nas horas apertadas para o seu coração.
Como se não bastasse, ainda surge a indiferença que o faz sentir-se
solitário no mundo, sem qualquer apoio ou sustentação moral.
Contudo, seja qual for a luta que lhe caiba, seja qual for o testemunho que
tenha de enfrentar, não se deixe desestimular, não se permita o abatimento.
Você não é vítima da vida.
Encontra-se unicamente em processo de reeducação, tendo oportunidade de
acertar-se com a vida que um dia desrespeitou em vários de seus aspectos.
Você que conhece Jesus, ou que um dia ouviu sobre a lei de causa e efeito,
deve raciocinar que o bem ou o mal semeado na vida, da vida será colhido, e o
seu desconsolo ou o seu desalento em nada colaborará para a resolução dos seus
problemas.
Você deverá, então, aprender a analisar melhor as situações pelas quais
tenha que passar. Deverá aprender a perdoar, a compreender, a respeitar
diferenças, a falar menos, a penetrar melhor as razões das coisas, a condenar
menos, a ser mais indulgente.
O tempo implacável não pára. Assim, se você o aproveitar para aprender a
crescer e ser feliz, ele o abençoará com expressiva claridade.
Caso o desperdice, recolhendo-se à maldição do desânimo ou à fuga,
verdadeiramente terá lançado fora o mais expressivo tesouro que nos é oferecido
pelo criador, para que nos façamos ricos e felizes: o tempo.
Não se perca nas teias do desestímulo. Confie sempre em Deus, que lhe dá
sempre o melhor, dando-lhe chances de brilhar e ser feliz.
Pense nisso!
Os obstáculos que surgem no seu caminho, não são para impedir seus passos,
são desafios para serem superados.
Cada vez que você consegue vencer uma dificuldade, sai dela mais fortalecido
e mais confiante.
Assim, não se deixe, jamais, desestimular em circunstância alguma, pois Deus
confia no seu poder de vencer os impedimentos e vencer-se a si mesmo.

Baseado no capítulo 10 do livro "Para uso diário", ed. Fráter Livros
Espíritas.

Não Sepultamos o Espírito


Alguns dias após a tragédia ocorrida em Nova Iorque, que abalou o mundo
inteiro e, de forma especial, os norte-americanos, o número de mortos já somava
milhares.
As pessoas, inconformadas pela separação brusca dos entes queridos que foram
arrebatados do corpo de forma violenta, eram tomadas pelo desespero.
Após uma cerimônia simples, dezenas de bombeiros foram sepultados.
Aqueles homens morreram no cumprimento do dever. Morreram tentando apagar as
labaredas que devoravam os dois edifícios e também socorrendo os feridos mais
graves.
Agora eles também se despediam do palco terreno, encerrando definitivamente
o expediente no corpo físico.
O Capelão, encarregado da capela do corpo de bombeiros, proferia algumas
palavras de consolo aos familiares dos falecidos.
De forma serena, expressava profunda fé na vida eterna.
Dizia ele aos seus ouvintes:
- Logo mais estes corpos serão enterrados...
- Nós vamos enterrar os corpos, mas não sepultaremos os espíritos, pois o
espírito continua vivo, após a morte.
- Vamos enterrar as mãos, mas não sepultaremos suas obras.
- Vamos enterrar os pés, mas não sepultaremos seus passos.
- Vamos enterrar as bocas, mas não sepultaremos as palavras que foram ditas.
- Vamos enterrar os cérebros, mas suas idéias não podem ser sepultadas.
- Vamos enterrar os corações, mas seus sentimentos ninguém conseguirá
sepultar.
- Assim sendo, este não é um momento de dizer um adeus definitivo, mas de
dizer "até breve", pois iremos encontra-los na outra vida.
O capelão, como todo cristão, sabe que não se pode sepultar o Espírito, pois
o Espírito é imortal.
Todo cristão sabe que só corpos podem ser destruídos, porque o Espírito é
indestrutível.
Todo cristão tem certeza de que a vida não acaba com a morte, pois é eterna,
conforme ensinou e demonstrou o Mestre de Nazaré.
Vitor Hugo, poeta e romancista francês que viveu no século passado, falou da
imortalidade da alma dizendo: de cada vez que morremos ganhamos mais vida.
As almas passam de uma esfera para a outra sem perda da personalidade,
tornando-se cada vez mais brilhantes. Eu sou uma alma. Sei bem que vou entregar
à sepultura aquilo que não sou.
Quando eu descer à sepultura, poderei dizer, como tantos: meu dia de
trabalho acabou. Mas não posso dizer: minha vida acabou. Meu dia de trabalho se
iniciará de novo na manhã seguinte.
O túmulo não é um beco sem saída, é uma passagem. Fecha-se ao crepúsculo e a
aurora vem abri-lo novamente.
As palavras do capelão e o depoimento de Victor Hugo, demonstram que a
imortalidade e a individualidade da alma, bem como sua conseqüente evolução
infinita, é uma necessidade lógica para todos aqueles que acreditam num Deus
sábio e justo.
Pense nisso!
É natural que você lamente o sofrimento daqueles familiares que choram a
morte dos seus e que rogue a Deus para que os fortaleça nessa hora amarga.
Todavia, pense um pouco naqueles que promovem o terrorismo e com ele tanta
desgraça.
Lembre-se que esses são merecedores da nossa mais profunda compaixão, pois
são loucos que não sabem o que fazem.
Aqueles que perderam o corpo no desastre, resgataram algum débito pendente
com as leis divinas e se libertaram, mas os terroristas estão se endividando
desastrosamente.
Quem, nesse caso, é mais necessitado de piedade e preces?
Pense nisso, e não se esqueça de rogar a Deus por eles também!

Texto da Equipe de Redação do Momento Espírita

Necessidade de Afeto


Morrie era apenas um garoto de oito anos. Seu pai era de origem russa e não
sabia falar inglês. Por isso, quando chegou o telegrama, noticiando a morte da
mãe, foi o próprio garoto que leu.
No cemitério, ele ficou olhando jogarem terra sobre o caixão de sua mãe e
acreditou que nunca mais seria feliz sobre a face da Terra.
Nos dias que se seguiram, para aliviar a saudade, ele procurava lembrar os
doces momentos de ternura que tivera com a mãe.
Eram muito pobres. O pai mudou-se para os estados unidos fugindo do exército
russo e nem sempre conseguia emprego.
Por essa razão a família vivia mais da assistência pública do que dos
próprios recursos.
Depois da morte da mãe, o garoto e seu irmão foram mandados para uma região
de muita mata. Durante o dia eles se divertiam a correr. Quando chegava a noite,
Morrie ficava olhando para o pai, esperando que ele o acariciasse. Mas o homem
rude não manifestava qualquer gesto de afeto.
Morrie se sentia muito só. Sentia grande falta do carinho da mãe. Um ano
depois, com apenas nove anos de idade, já se sentia um velho. Parecia carregar o
peso do mundo nos ombros.
Então uma imigrante romena, de feições singelas se casou com seu pai.
Foi o abraço salvador para o pequeno. Era uma mulher de muita energia. Tinha
uma aura que aquecia o lar. Se o marido produzia uma atmosfera cinza, ela
transformava em claridade.
Se ele fazia silêncio, ela falava. À noite, cantava para os meninos com sua
voz suave, que durante o dia sabia ministrar lições. Ela cantava músicas pobres
e tristes, mas os acalentava.
Eva era o seu nome e desejava boa noite aos dois com um beijo para cada um.
Era um momento mágico para Morrie. Ele ficava esperando aquele beijo como um
pequenino animal espera o seu prato de alimento.
A presença de Eva lhe dizia que ele tinha uma mãe de novo. Muitas vezes o
único alimento que tinham era o pão.
Mesmo assim, ela o ensinou a amar o estudo e a se preocupar com os outros.
Eva considerava a instrução o único antídoto contra a pobreza.
Ela aprimorava seu inglês, estudando com dedicação, à noite, enquanto os
garotos, sentados à mesa da cozinha, também estudavam.
Morrie cresceu e se tornou professor. Setenta anos depois, ao recordar do
telegrama noticiando a morte de sua mãe, ainda sentia doer o coração, mas a
lembrança de Eva lhe trazia de volta evocações ternas e doces de um tempo em que
um menino assustado e carente de afeto, encontrou um colo de mãe para se aninhar
e crescer em segurança.
***
Os espíritos nos dizem que Deus permite que haja órfãos, para que lhes
sirvamos de pais.
Amparar essas criaturinhas, evitando que sofram fome e frio e lhes dirigir a
alma, para que não despenquem no vício, é caridade.
No entanto, o mais precioso de todos os benefícios é o do amor. Nada que
possa substituir uma carícia, um sorriso amistoso, uma palavra de carinho.
Por isso, perguntemos à criança que nos olha, se além de pão e agasalho, ela
não deseja a proteção do nosso abraço e a música da nossa voz, dizendo-lhe:
gosto muito de você.

Fontes: A última grande lição - cap. O professor O Evangelho segundo o
espiritismo, Cap. XIII item 18

Ninho Vazio


Nos primeiros versículos do livro bíblico do Eclesiastes, lê-se que há tempo
para tudo. Tempo de semeadura. Tempo de floração. Tempo de seca. Tempo de chuvas
abundantes.
No ciclo do matrimônio igualmente existe o período inicial da adaptação, das
descobertas do outro, da vinda dos filhos.
Tempo de noites mal-dormidas. De fraldas e mamadeiras. Tempo de garotos na
escola, de lições, da universidade. Dias inquietantes dos namoricos, dos vôos
mais distantes dos filhos ainda jovens.
Finalmente, chega o tempo em que o casal se descobre com o ninho vazio.
Não mais as vozes dos jovens a dizer: "olá, cheguei! Oi, velho! Oi,mãe!"
Não mais os sons dos aparelhos eletrônicos, as risadas, os pés sobre o sofá
da sala, a linha telefônica sempre ocupada.
De repente, como aves migratórias, os filhos se vão. Vão para a formação dos
seus próprios lares e consolidação das suas carreiras profissionais.
Quando se descobrem a sós, muitas vezes, os cônjuges passam a se
desarmonizar. Agora, com tempo dilatado, podem olhar mais detidamente um ao
outro, descobrindo imperfeições e defeitos.
As separações ocorrem com freqüência nesse ciclo. A vitalidade do casamento
fica enfraquecida, surgem os desentendimentos, e o casal entra em crise.
É uma fase que exige sabedoria.
O salmista David, traduzindo as necessidades especiais assim se expressa:
"não me rejeites no tempo da velhice. Não me desampares, quando se for acabando
a minha força. Agora também, quando estou velho e de cabelos brancos, não me
desampares."
É justamente quando se necessita mais do outro que a criatividade há que ser
acionada, para tornar o espaço do ninho vazio uma ventura.
É o momento de aprofundar o relacionamento conjugal. Retomar os verdes dias
do namoro, redescobrindo o prazer do calor de um aconchego mais demorado.
Deter-se a olhar um ao outro, recordando quando, exatamente, os cabelos
começaram a ficar prateados.
Relembrar as lutas intensas, cujos traços estão impressos nas faces de
ambos. Utilizar o tempo na leitura nobre, trocando impressões, discutindo
panoramas e vivências. Idealizar juntos, novas metas.
Tornar a usufruir o sabor das manhãs claras, no passeio de mãos dadas, no
bosque próximo.
Saborear juntos pequenos detalhes: a ida à pizzaria, os diálogos sem pressa,
o concerto, o cinema, o teatro. Enfim, é imprescindível que os cônjuges
estabeleçam prioridades.
E o matrimônio é prioritário. Tudo que venha deteriorar o equilíbrio
conjugal, deve ser eliminado. Desenvolver amizade e companheirismo entre si. O
tempo e os interesses compartilhados conferem segurança e alegria e espantam a
rotina.
***
Quando te surpreendas demasiadamente crítico, para com a criatura que
contigo compartilhou dores e alegrias de uma vida; que contigo ombreou nas
dificuldades mais amargas; a criatura à qual entregaste o corpo e a alma, pára
um pouco!
Pensa em tudo que juntos idealizaram e construíram. Recorda os primeiros
dias. Pensa em quantas vezes foi aquele o ombro amigo em que te apoiaste e
choraste.
Pensa em quantas vezes os abraços, os apertos de mão, uma doce carícia te
fizeram adquirir forças para os embates do mundo.
Deixa-te penetrar pela ternura das lembranças e então, olha o teu par e ama-
o um tanto mais, enquanto prossigas no caminho com ele.

Equipe de Redação do Momento Espírita.

Nossa Casa


Um velho carpinteiro estava em vias de se aposentar. Chegou ao seu superior
e informou a decisão. Os anos lhe pesavam muito e ele desejava uma vida mais
calma.
Queria descansar um pouco, estar mais com a família, despreocupar-se de
horários e rígidas disciplinas que o trabalho lhe impunha.
Porque fosse um excelente funcionário, seu chefe se entristeceu. Perderia um
colaborador precioso.
Como última tarefa, antes de deixar seu posto de tantos anos, o chefe lhe
pediu que construísse uma última casa. Era um favor especial que ele pedia.
O carpinteiro consentiu. A medida que as paredes iam subindo, as peças sendo
delineadas, o acabamento sendo feito podia se perceber à distância que os
pensamentos e o coração do servidor não estavam ali.
Ele não se empenhou no trabalho. Não se preocupou na seleção da matéria-
prima, de forma que as portas, janelas e o teto apresentavam sérios defeitos.
Como também não teve cuidado com a mão de obra, a casa tomou um aspecto
lamentável. Foi uma maneira bem desagradável dele encerrar a sua carreira.
Surpresa maior foi quando o chefe veio inspecionar a obra terminada. Olhou e
pareceu não ficar satisfeito. Aquele não era um trabalho do seu melhor
carpinteiro.
No entanto, tomou as chaves da casa e as entregou ao carpinteiro.
"Esta casa é sua. É meu presente para você, por tantos anos de dedicação em
minha empresa."
Que choque! Que vergonha! Se ele soubesse que a casa seria sua, teria
caprichado. Teria buscado os melhores materiais, a melhor mão de obra. O
acabamento teria merecido atenção especial.
Mas agora ele iria morar naquela casa tão mal feita.
Assim acontece conosco. Construímos nossas vidas de maneira distraída e
descuidada.
Esquecemos de levantar paredes sólidas de afeto que nos garantirão o abrigo
na hora da adversidade. Não providenciamos teto seguro de honradez para os dias
do infortúnio.
Não nos preocupamos com detalhes pequenos como gentileza, delicadeza,
atenções que demonstrem interesse para com os demais.
Pensemos em nós como um carpinteiro. Pensemos em nossa casa. Cada dia
martelamos um prego novo, colocamos uma armação, estendemos vigas, levantamos
paredes.
Construamos com sabedoria nossa vida. Porque a nossa vida de hoje é o
resultado de nossas atitudes e escolhas feitas no ontem. Tanto quanto nossa vida
do amanhã será o resultado das atitudes e escolhas que fizermos hoje.
E se nos sentirmos falharem as forças, recordemos a advertência que se
encontra na primeira epístola de Tiago, versículo 5: "se alguém tem falta de
sabedoria, peça a Deus. Ele a dará porque é generoso e dá com bondade a todos."
***
Tudo que realizes, faze-o com alegria.
Coloca estrelas de esperança no céu de tua vida e alegra-te pela
oportunidade evolutiva.
A alegria que é resultado de uma conduta digna, é geradora de saúde e bem-
estar.
E toda alegria resulta de uma visão positiva da vida, que se enriquece de
inestimáveis tesouros de paz interior.
O teu amanhã será de luz se hoje semeares bom ânimo, o bem e a amizade.

Fontes: Gazeta Cristã ano 3 novembro/99 Episódios Diários cap. 40

Nossa Terra


Contemplando os quadros de miséria do nosso mundo, crianças que são pele e
ossos, velhos que vivem desamparados, o desânimo nos chega.
Contemplando as multidões que passam parecendo sem rumo, desejando somente
sobreviver a qualquer custo, somos tentados a pensar que este planeta é um
verdadeiro vale de lágrimas, um lugar de exílio doloroso.
Sofremos, muitas vezes, por verificar a fragilidade da saúde humana e o
trabalho dos anos no corpo físico. Anos que o vão tornando enfraquecido, mais
enfermo, com maiores necessidades.
Tudo isso nos entristece. No entanto, se observarmos com mais cuidado
perceberemos que o nosso mundo terreno não é somente miséria, fome, desamparo e
flagelos.
O nosso planeta é um grande campo experimental, onde cada espírito que aqui
vive tem por dever o aprimoramento de si mesmo e o compromisso de socorrer o seu
semelhante.
Mas é também um local de muita beleza. A divindade se esmerou em cuidados
para nos permitir gozar alegrias. Basta que olhemos e descobriremos as explosões
de flores nos jardins, bosques e pradarias.
O tapete verde do pasto abundante se estendendo por montanhas, em tons que
vão do claro ao escuro, como uma enorme colcha de retalhos estendida sobre a
Terra.
O vento que nos acaricia os cabelos é aquele mesmo colaborador na reprodução
das espécies floridas, carregando o pólen em seus braços, espalhando-o pelas
campinas. Vento amigo que dedilha sinfonias nas cabeleiras das árvores para que
possamos ouvir a voz da natureza.
É neste planeta abençoado que sentimos a garoa nos molhando o rosto.
Observamos as chuvas fortes, os relâmpagos que traçam desenhos luminosos nos
céus escuros.
É aqui que, nas noites quentes, o pirilampo fica piscando e de dia o Sol se
apresenta com todo seu vigor.
É aqui que o filete d'agua pura desce a montanha e o mar se mostra
exuberante.
É na Terra que encontramos as borboletas coloridas dançando no ar e os
pássaros cantantes que enchem os nossos ouvidos de sons. A erva rasteira e a
árvore gigantesca, que desafia os séculos.
Tudo nos fala do amor de Deus em todos os setores da vida no mundo.
Nosso mundo é uma sublimada escola. Busquemos assimilar as mais importantes
lições que nos farão alcançar o esperado progresso.
Não o condenemos. Nem nos entristeçamos. Consideremos todas as
possibilidades de beleza e som que o planeta nos concede a fim de que nos
renovemos e nos iluminemos.
Valorizemos nosso mundo e cuidemos de tudo que nos rodeia: animais, vegetais
e nossos irmãos em humanidade.
***
É importante que nos integremos às belezas do nosso mundo.
Que aprendamos a observar as madrugadas de luz, quando o sol se espreguiça,
espalhando os seus raios pela terra.
As auroras de rara beleza. As águas do mar que batem forte contra os
penhascos. As estrelas, cujo brilho se projeta sobre nós.
Então haveremos de descobrir que nos compete amar e respeitar o nosso
planeta, esse campo excelente de trabalho com que Deus nos felicita as horas.

Baseado no livro "Para uso diário", cap. 1

Nosso Everest


Edmund Hillary foi o primeiro homem a escalar o Everest. Seu feito coincidiu
com a coroação da rainha Elizabeth, a quem dedicou a conquista, e de quem
recebeu o título de cavalheiro pertencente à nobreza.
Um ano antes da conquista, Hillary já havia tentado a escalada e fracassara
por completo. Mesmo assim, os ingleses reconheceram seu esforço e o convidaram
para falar a uma numerosa platéia.
O alpinista começou a descrever suas dificuldades e, apesar dos aplausos,
dizia sentir-se frustrado e incapaz.
Em dado momento, porém, largou o microfone, aproximou-se da enorme gravura
que ilustrava seu percurso e gritou:
Monte Everest, você me venceu esta primeira vez. Mas eu irei vence-lo no
próximo ano, por uma razão muito simples: você já chegou ao máximo de sua
altura, enquanto eu ainda estou crescendo!
Todos precisamos ter, em nossas vidas, os nossos próprios "Everestes", isto
é, objetivos a alcançar, metas a atingir.
Sem ter um alvo, um fim, torna-se bastante difícil a caminhada, pois não
saberíamos para onde ir, e onde aplicar os nossos esforços.
Ouvimos, certa feita, um pensamento que dizia o seguinte:
"Para uma nau sem direção, todo vento é sempre contra"; se não sabemos que
direção tomar, nunca buscaremos aproveitar os acontecimentos que vêm ao nosso
favor e as ajudas que recebemos.
Para traçar estes objetivos faz-se necessária uma análise profunda de nossos
valores, do que sentimos, e se o que fazemos é realmente importante para nós,
"espíritos imortais".
Desta forma não corremos o risco de criar metas ilusórias, como os sucessos
passageiros do mundo, ou como a riqueza vazia que ainda seduz tanto nossos
sentidos.
É possível almejar sim, o crescimento financeiro, as conquistas materiais em
família, o conforto; mas não podemos esquecer de desejar também o crescimento
espiritual, a possibilidade de ajudar os necessitados, a conquista da harmonia
entre os familiares.
Após desejar, e ter certeza de que este desejo é nobre, é chegado o momento
de correr em busca do objetivo, empregando o esforço, a persistência, sempre
amparado pela amiga indispensável - a esperança.
Virão momentos de desânimo, em que seremos convidados a desistir da
caminhada.
Encontraremos dificuldades diversas, que nos farão voltar à base da
montanha, exaustos.
Mas nunca nos permitamos abandonar a certeza de que podemos nos superar, e
que todas as adversidades nos fazem mais fortes, mais previdentes para uma
próxima tentativa.
O pico da montanha estará sempre lá, estático, enquanto nossa vontade,
nossas forças, jamais terão limites. Chegar ao topo é uma questão de tempo e de
perseverança.
Se as conquistas importantes não fossem assim, não teríamos mérito algum em
alcança-las.
Você sabia?
Você sabia que uma técnica muito útil para alcançarmos nossos objetivos é a
da visualização?
Criamos imagens, cenas em nossa mente, projetando como seria a conquista
desta meta, imaginando-nos lá, no futuro, comemorando o fim atingido.
Isso nos faz mais fortes, mais empolgados, e combate seriamente o desânimo
destruidor.
Para muitos esta técnica é conhecida apenas como "sonhar".
Jamais deixemos de sonhar.

Equipe de Redação do Momento Espírita, com base no livro Histórias para
pais, filhos e netos, de Paulo Coelho.

O Nevoeiro da Incredulidade


A primeira mulher a atravessar a nado o Canal da Mancha foi uma jovem de
vinte anos de idade. Seu nome era Gertrude Ederle e esse fato se deu no dia 6 de
agosto de 1926.
Depois dela, uma outra mulher, de trinta e quatro anos, Florence Chadwick,
tornou-se a primeira mulher a atravessar o Canal da Mancha, nos dois sentidos.
Mas, em 1952, essa mesma mulher decidiu atravessar a nado os 33 km entre a
Ilha de Catalina e Long Beach, na Califórnia.
O dia 4 de julho, escolhido para a proeza, não estava propício. A manhã
estava muito fria e havia um nevoeiro intenso.
Ela se preparou e mergulhou na água. Contudo, mal conseguia ver os barcos
que a acompanhavam. O nevoeiro era denso.
O frio e o cansaço não conseguiam fazê-la desistir. Ela podia ouvir as vozes
de incentivo do treinador.
Contudo, as forças a foram abandonando. Ela continuou nadando. Era a sua
determinação a lhe ordenar que prosseguisse.
Mas, um pouco antes de chegar à praia, ela pediu para ser recolhida a bordo.
De nada valeram as rogativas de sua mãe e de seu treinador.
Não posso mais! Não agüento mais! Dizia ela.
Minutos depois ela descobriu que restavam apenas oitocentos metros para
chegar à praia.
Ante a desolação dos que lhe seguiam os esforços de perto, incentivando-a,
falou: "não estou dando desculpas, mas se eu tivesse conseguido ver a praia,
poderia ter chegado até lá."
Florence Chadwinck foi vencida não pelo frio, nem pelo cansaço. Foi
derrotada pelo nevoeiro.
Com os homens, ocorre de forma semelhante. O nevoeiro da incredulidade
interfere em muitos caminhos.
Quando o incrédulo se vê a braços com dores profundas, permite-se a
desesperança.
Quando a morte lhe vem arrebatar um ser querido, para o conduzir ao reino
dos espíritos, ele se desespera. Desiste de viver.
Acredita-se sem forças e não consegue vislumbrar uma réstia de esperança.
Tudo lhe parece envolto em brumas.
Por não crer que a vida prossegue para além da área física, mais se
desalenta.
Se as dificuldades financeiras se avolumam, o emprego corre riscos e o chefe
se mostra irritadiço, ele se angustia.
Tudo lhe parece intransponível, uma carga excessivamente pesada.
Em tal clima, alguns chegam à depressão e até ao suicídio.
E, no entanto, a anotação Evangélica estabelece que tudo é possível àquele
que crê.
***
A fé clareia as noites mais sombrias. Nas paisagens do inverno rigoroso é
ela que nos permite antever a primavera, cobrindo de flores os jardins.
Por isso, se o nevoeiro da incredulidade estiver a insistir na paisagem dos
seus dias, busque estudar e meditar acerca daquilo que hoje você afirma não
crer. Permita-se iluminar pelo sol que dissipa as nuvens e espanca as trevas. O
sol chamado reflexão.

Dicionário da Alma - verbete fé.
Jornal Viva Feliz - pag. 6 - Determinado a Vencer.

Uma Nova Chance


Há alguns meses, a mídia veiculou uma notícia interessante. Dizia que jovens
que cometeram crimes na Inglaterra, após cumprirem a pena estabelecida pela
justiça, voltavam ao convívio social, com nomes diferentes.
A troca de identidade foi providenciada para que não houvesse discriminação
por parte da população, e para que os jovens não fossem condenados outra vez
pelo preconceito.
Enfim, estariam recebendo uma nova chance de acertar o passo e crescer.
Isso parece justo, pois o ser humano tem um senso de julgamento um tanto
estreito e dificilmente oferece oportunidade para quem já teve o nome anotado
nos registros policiais.
Com uma nova identidade, aqueles jovens teriam possibilidade de se
reintegrar ao convívio social, encontrar emprego e ter uma vida digna.
Fazendo um paralelo com essa medida adotada pelas autoridades inglesas e a
justiça divina, podemos entender um pouco mais a respeito da realidade da lei de
reencarnação.
Deus nos oferece inúmeras chances de acertar o passo no compasso das suas
soberanas leis, por esse mecanismo de troca de identidade.
Isso se dá pelo despojamento do corpo físico, com a morte, e pela
possibilidade de voltar ao palco terrestre em um novo corpo, uma nova identidade
e outro nome.
Em outras palavras: saímos de cena, pelas portas do túmulo, e retornamos a
ela pelas portas do berço, sem perder os conhecimentos adquiridos até então.
É assim que Deus nos renova infinitas chances de crescer e conquistar a paz
de consciência, ajustando-nos com as leis que regem o universo moral.
Assumindo uma nova identidade, mas sem perder suas conquistas anteriores, o
espírito infrator terá nova oportunidade de reconquistar as pessoas às quais
prejudicou, obter novamente a confiança da sociedade e progredir.
Um exemplo disso e a prova de que dá certo, é o caso de Judas, o traidor de
Jesus.
A humanidade cristã ainda o espanca e o incendeia, personalizado num boneco,
feito para ser malhado, até os dias de hoje, mesmo que seu delito tenha ocorrido
há dois milênios.
Mas esse mesmo espírito já voltou ao palco terrestre inúmeras vezes e já
está há muitos degraus acima daqueles que o malham todos os anos.
Em sua última aparição nos palcos terrestres, aquele mesmo espírito, usando
uma nova identidade, ficou conhecido do mundo inteiro, como a brava guerreira
francesa Joana D'arc.
Mas isso só aconteceu porque não foi reconhecido, senão teria sido espancado
até à morte, pelos justiceiros terrenos.
Com as possibilidades mediúnicas de que era portadora, a jovem francesa
recebia orientações diretas dos amigos espirituais e as seguia com incontestável
fidelidade.
Conquistou a paz da própria consciência permanecendo fiel às vozes do além
até o sacrifício na fogueira, sem abjurar ou negar as verdades que conhecia.
Assim fica mais fácil entender que realmente Deus não quer a morte do
pecador, mas a sua redenção.
Se a redenção do espírito que animou o corpo de Judas dependesse dos homens,
certamente jamais teria obtido outra chance até hoje.
Mas Deus, que é a soberana justiça e misericórdia, permitiu que aquele
espírito mudasse de nome, de personalidade, a fim de aprender e crescer, para
atingir o objetivo de todos os filhos de Deus, que é a conquista da felicidade
suprema.
***
A reencarnação é abençoado e valioso ensejo que o Espírito recebe para a
própria sublimação, na longa jornada da imortalidade.

Redação do Momento Espírita, com base no cap. 5, do livro Crônicas de além
túmulo.

Em Nome de Deus


Graças ao sentimento de fraternidade muitas pessoas têm se movimentado para
amenizar o fardo das pessoas financeiramente carentes.
São criadas as associações de bairro, com intuito de somar esforços para
minorar as lutas dos mais necessitados.
Existem também as Instituições filantrópicas de cunho religioso, as
organizações não governamentais e outras tantas que se movimentam em prol dos
semelhantes.
Isso demonstra que o ser humano está mais sensível aos sofrimentos alheios,
e isto é um bom sinal.
Todavia, seria importante refletirmos um pouco em como estamos fazendo a
caridade.
Sabemos que o necessitado é nosso irmão de caminhada. Mas, será que o
estamos tratando como tal?
Será que não estamos jogando coisas como quem alimenta porcos?
O Cristo, exemplo máximo de caridade, jamais fez exigências às pessoas que
atendia em nome de Deus, nem ficava à distância como se não quisesse contaminar-
se.
Há pessoas que, embora revestidas de boas intenções, tornam ainda mais
penoso o sofrimento daqueles a quem se propõem ajudar.
Dão a esmola com tanta soberba que ela queima a mão do necessitado como se
fosse uma brasa incandescente.
Se oferecem uma alimentação ao "assistido", não se sentam com eles à mesa,
não compartilham das mesmas louças e talheres, como se a pobreza fosse
contagiosa.
Isto se torna mais grave quando aqueles que buscam fazer a caridade a fazem
em nome de Deus.
Lamentavelmente, em algumas instituições religiosas a ajuda tem gosto de fel
para quem dela necessita.
Exige-se que a pessoa professe a mesma religião do "caridoso", esquecendo-se
dos exemplos do Homem de Nazaré, que prescreveu fazer o bem sem olhar a quem.
Jesus não perguntava às pessoas que Lhe buscavam o auxílio sobre qual era a
sua crença, seus objetivos de vida, sua condição moral. Ele simplesmente
ajudava.
É importante que repensemos o que temos feito em nome de uma assistência
social.
É importante que a nossa caridade seja, antes de tudo, a caridade moral,
como a ensinou o Cristo.
Pense nisso!
Se você se propuser a ajudar alguém em nome de Deus, faça-o com afeto e
fraternidade.
E, dentro do possível, busque converter a esmola em emprego, dando
oportunidade de crescimento àqueles que estão em situação menos favorecida.
Manter os irmãos necessitados dependentes da nossa esmola, é falta de
caridade e demonstração de egoísmo.
Fazer exigências descabidas a quem nos pede amparo, é ato de prepotência que
Deus desaprova.
A caridade, para ser efetiva, deve ter o contributo do coração. Um abraço
carinhoso, um aperto de mão, um gesto de carinho, um minuto de conversa.
O que Deus espera que façamos em Seu nome, é promover o ser humano e dar-lhe
condições de viver com dignidade.
Fazer caridade em nome de Deus, portanto, é coisa muito séria pois se não
tomarmos os devidos cuidados, afastaremos as criaturas do Criador ao invés de
aproximá-las dEle.


Jóias Devolvidas

Narra antiga lenda árabe, que um rabi, religioso dedicado, vivia muito feliz
com sua família.
Esposa admirável e dois filhos queridos.
Certa vez, por imperativos da religião, o rabi empreendeu longa viagem
ausentando-se do lar por
vários dias.
No período em que estava ausente, um grave acidente provocou a morte dos
dois filhos amados.
A mãezinha sentiu o coração dilacerado de dor. No entanto, por ser uma
mulher forte, sustentada
pela fé e pela confiança em Deus, suportou o choque com bravura.
Todavia, uma preocupação lhe vinha à mente: como dar ao esposo a triste
notícia?
Sabendo-o portador de insuficiência cardíaca, temia que não suportasse
tamanha comoção.
Lembrou-se de fazer uma prece. Rogou a Deus auxílio para resolver a difícil
questão.
Alguns dias depois, num final de tarde, o rabi retornou ao lar.
Abraçou longamente a esposa e perguntou pelos filhos...
Ela pediu para que não se preocupasse. Que tomasse o seu banho, e logo
depois ela lhe falaria
dos moços.
Alguns minutos depois estavam ambos sentados à mesa. Ela lhe perguntou sobre
a viagem, e
logo ele perguntou novamente pelos filhos.
A esposa, numa atitude um tanto embaraçada, respondeu ao marido: deixe os
filhos. Primeiro
quero que me ajude a resolver um problema que considero grave.
O marido, já um pouco preocupado perguntou: o que aconteceu? Notei você
abatida! Fale!
Resolveremos juntos, com a ajuda de Deus.
- Enquanto você esteve ausente, um amigo nosso visitou-me e deixou duas
jóias de valor
incalculável, para que as guardasse. São jóias muito preciosas! Jamais vi algo
tão belo!
- O problema é esse! Ele vem buscá-las e eu não estou disposta a devolvê-
las, pois já me afeiçoei
a elas. O que você me diz?
- Ora mulher! Não estou entendendo o seu comportamento! Você nunca cultivou
vaidades!... Por
que isso agora?
- É que nunca havia visto jóias assim! São maravilhosas!
- Podem até ser, mas não lhe pertencem! Terá que devolvê-las.
- Mas eu não consigo aceitar a idéia de perdê-las!
E o rabi respondeu com firmeza: ninguém perde o que não possui. Retê-las
equivaleria a roubo!
- Vamos devolvê-las, eu a ajudarei. Faremos isso juntos, hoje mesmo.
- Pois bem, meu querido, seja feita a sua vontade. O tesouro será devolvido.
Na verdade isso já
foi feito. As jóias preciosas eram nossos filhos.
- Deus os confiou à nossa guarda, e durante a sua viagem veio buscá-los.
Eles se foram.
O rabi compreendeu a mensagem. Abraçou a esposa, e juntos derramaram grossas
lágrimas. Sem
revolta nem desespero.
Os filhos são jóias preciosas que o Criador nos confia a fim de que as
ajudemos a burilar-se.
Não percamos a oportunidade de enfeitá-las de virtudes. Assim, quando
tivermos que devolvê-
las a Deus, que possam estar ainda mais belas e mais valiosas.
Fonte: livro "Quem tem medo da morte? Cap. Jóias devolvidas.

Oi, Jesus, eu sou o Zé

Cada dia, ao meio dia, um pobre velho entrava na igreja e, poucos minutos
depois, saía. Um dia,
o sacristão lhe perguntou o que fazia, pois havia objetos de valor na igreja.
Venho rezar, respondeu o velho.
Mas é estranho, disse o sacristão, que você consiga rezar tão depressa.
Bem, retrucou o velho, eu não sei rezar aquelas orações compridas. Mas todo
dia, ao meio dia, eu
entro na igreja e falo: "Oi, Jesus, eu sou o Zé, vim Lhe visitar".
Num minuto, já estou de saída. É só uma oraçãozinha, mas tenho certeza que
Ele me ouve.
Alguns dias depois, Zé sofreu um acidente e foi internado num hospital. Na
enfermaria, passou a
exercer grande influência sobre todos.
Os doentes mais tristes tornaram-se alegres e, naquele ambiente onde antes
só se ouviam
lamentos, agora muitos risos passaram a ser ouvidos.
Um dia, a freira responsável pela enfermaria aproximou-se do Zé e comentou:
os outros doentes
dizem que você está sempre tão alegre, Zé...
O pobre enfermo respondeu prontamente: é verdade, irmã. Estou sempre muito
alegre! E digo-
lhe que é por causa daquela visita que recebo todos os dias. Ela me faz
imensamente feliz.
A irmã ficou intrigada. Já tinha notado que a cadeira encostada na cama do
Zé estava sempre
vazia. Aquele velho era um solitário, sem ninguém.
Quem o visita? E a que horas? Perguntou-lhe.
Bem, irmã, todos os dias, ao meio dia, ele vem ficar ao pé da cama por
alguns minutos, talvez
segundos... Quando olho para Ele, Ele sorri e me diz: "Oi, Zé, eu sou Jesus, vim
te visitar".
A história é singela e seu autor é desconhecido.
No entanto, o ensinamento que contém nos faz refletir profundamente.
Fala-nos da fé, da simplicidade, da dedicação e da perseverança.
Quem de nós dispõe, como o Zé, diariamente, de alguns minutos para falar com
Jesus?
Muitos ainda confundimos a oração com um amontoado de palavras que vão
saindo da boca,
destituídas de sentimento e de humildade.
Quantos de nós temos tal perseverança, tanto nas horas de alegria quanto nas
de dor, para elevar
o pensamento a Jesus, confiando-lhe a nossa intimidade, com a certeza de que ele
nos ouvirá?
A oração é uma ponte que se distende da alma opressa para que o alívio possa
chegar.
"É o fio misterioso, que nos coloca em comunhão com as esferas divinas."
"É um bálsamo que cura nossas chagas interiores."
"É um templo, em cuja doce intimidade encontraremos paz e refúgio".
Enfim, "para as sombras da nossa alma, a oração será sempre libertadora
alvorada, repleta de
renovação e luz."
É importante que cultivemos a fé inabalável nas soberanas leis que regem a
vida e das quais o
Sublime Galileu nos trouxe notícias.
É preciso orar, ainda que a nossa oração seja singela, mas que seja movida
pelo sentimento.
"Orando, chegarás ao Senhor, que te deu, na prece, um meio seguro de
comunicação com a
infinita bondade de Deus, em cujo seio dessedentarás o espírito aflito..."

Jovens e jovens

A juventude, os jovens de modo geral, têm sido assunto constante nos
noticiários atuais.
Fala-se das jovens adolescentes que engravidam prematuramente...
De jovens perdidos no lodaçal dos vícios...
De jovens que põem fogo em índios e mendigos...
De jovens tresloucados, que se arrebentam em acidentes violentos nas
competições ilegais,
chamadas "rachas".
Quando lemos ou ouvimos tais informações, ficamos chocados com tantos
desatinos e logo
imaginamos o que será do futuro da Terra, se a juventude está perdida.
Todavia, os olhos e ouvidos interessados, podem ler ou ouvir vez que outra,
uma tímida notícia
de jovens que se dedicam com fervor ao bem geral.
São jovens cientistas premiados pelos esforços dedicados em busca de melhor
qualidade de vida
para enfermos anônimos...
Jovens que se entregam de corpo e alma às artes, exaltando o bem e o belo.
Com habilidade extraem sons melodiosos dos teclados...
Com graciosidade cantam, dançam, fazem acrobacias nas quadras esportivas...
Jovens saudáveis que dedicam o tempo a distrair e alegrar pessoas idosas e
enfermas
enclausuradas em velhanatos...
Adolescentes que se chocam com a miséria do próximo e envidam esforços para
minorar-lhes o
sofrimento...
Tantos são os jovens que são arrimo da família. Que trabalham de sol a sol
na lavoura, regando
com o próprio suor a terra generosa de onde retiram o sustento...
Jovens médicos que, com mãos hábeis, fazem cirurgias extraindo tumores dos
corpos, sem deixar
vazio o coração dos pacientes desesperados.
Jovens que, apesar de conquistarem a fama, não se permitem a promiscuidade
nem se prestam a
promover produtos que incitam aos vícios nem aos desregramentos na área da
sexualidade.
Jovens que falam do Cristo e buscam viver Seus ensinos..
Como podemos perceber, há jovens e jovens...
Se o bem fosse mais divulgado, certamente seria imitado e adotado como
postura por tantos
jovens indecisos, inseguros, que acabam se decidindo pela maioria, ou pelo que
pensam ser a
maioria.
Assim, tenhamos a certeza de que a juventude não está perdida e que o futuro
já está
acontecendo hoje, com essa força juvenil saudável e entusiasta, capaz de
derrubar as estruturas
apodrecidas da sociedade em que vive e fortalecer os costumes sadios e
promissores vigentes.
Pense nisso!
Ser jovem é não ter cumplicidade negativa com o passado. É não se deixar
contaminar pelos
hábitos viciados de outras gerações.
Ser jovem é viver com entusiasmo, semeando alegria com discernimento.
A juventude é a primavera da vida, e jovem sem entusiasmo é como uma flor
sem perfume, que
tende a ser derrubada pelos primeiros ventos do inverno.
Portanto, o jovem para ser feliz, deve erguer bem alto a bandeira da
solidariedade, da
fraternidade e da verdadeira liberdade, que é a paz da consciência tranqüila.

Os jardins

É comum se associar a lembrança de uma pessoa a algo que a caracterize.
Digamos, seja seu
toque pessoal.
Dia desses, ao passarmos por um jardim cheio de cores vivas, fomos
surpreendidos por uma
frase partida dos lábios de uma senhora: Um jardim tão bem cuidado me recorda
minha avó.
A amiga que a acompanhava logo indagou do porquê.
A continuidade do diálogo, cujas frases nos chegavam com clareza, trazidas
pela brisa mansa nos
surpreendeu.
Minha avó, dizia, passou sua vida a plantar flores. Recordo-me da infância e
do bangalô de
minha avó. Quase não havia terra para plantar. A construção era nova e o local
mais parecia um
campo de batalha que as minas tivessem revolvido e deixado em total desalinho.
Pois minha avó não desanimou. Com pedras desenhou retângulos no solo, afofou
a terra,
preparou-a e plantou suas amadas roseiras. Jardins eram a sua marca registrada.
A senhora alongou o olhar na distância, como a revolver a saudade na terra
do coração e
prosseguiu:
Era uma pessoa excepcional minha avó. Já mais idosa, os filhos optaram por
colocá-la em um
apartamento. Mais segurança, diziam, menos trabalho. Afinal, eles temiam o peso
dos anos
naqueles ombros já não tão fortes.
Quando vi o apartamento, entristeci. Tinha uma varanda sim, mas nem sombra
de terra, onde ela
pudesse utilizar da sua mágica pessoal para transformar em um pedacinho de céu
perfumado.
Pensei que ela iria murchar. Imaginei-a a fenecer, como flores ao sopro do
inverno rigoroso ou sob
o sol escaldante do verão. Qual não foi minha surpresa ao visitá-la, alguns
meses depois.
Levei-lhe um ramalhete de rosas multicoloridas, contando alegrar-lhe o lar.
Ela abraçou as rosas, agradeceu e seu rosto se iluminou como em êxtase.
São lindas, querida. E perfumadas.
Depositou-as com cuidado sobre uma mesa, tomou-me pela mão e levou-me até à
varanda.
Naquele minúsculo espaço, a terra gentil permitia brotar rosas de delicado
perfume e graça. As
mãos mágicas de minha avó haviam transformado um retângulo de cimento frio em
uma nesga de
paraíso florido.
Suas mãos acariciaram as flores qual se o fizessem a um filho querido.
Depois, ela me
reconduziu à sala, e mostrou um troféu. As flores de sua varanda haviam sido
eleitas as segundas
mais belas de toda a cidade.
Transformar a terra inculta em um oásis de beleza ou deixá-la entregue às
ervas daninhas e
espinheiros é opção pessoal.
Assim nos jardins das nossas vidas. Podemos ser indiferentes e ociosos,
relegando tudo ao
descaso, nada realizando de bom, de belo, de útil. Ou podemos optar por semear
flores de alegria,
rosas de ventura. Quiçá apenas umas tímidas violetas de discreto perfume.
Contudo, não sejamos dos que erguem espinheiros. Tornemo-nos jardineiros
cuidadosos a fim de
que, pelas veredas por onde transitarmos, deixemos o perfume e a beleza das
nossas ações.
Semeando estrelas, seremos convidados a espancar trevas.
Semeando esperanças, haveremos de nos tornar luzeiros para corações
entristecidos.
Onde quer que estejamos, sempre poderemos semear as luzes do amor e da
esperança.
(Baseado na história da revista Seleções do Rider's Digest 06/1998 "Os
Jardins de Nossas
Vidas".)

O jogo do contente

Foi no ano de 1912 que a escritora americana Eleanor Hodman Porter lançou a
novela intitulada
Polyanna. A repercussão, na época, no mundo inteiro foi de uma impressionante
onda de esperança,
entusiasmo e otimismo.
A novela relata a história de uma menina, órfã de mãe, cujo pai encomenda
para o natal uma
boneca que ela estava pedindo há muito tempo.
Quando chegou a encomenda, contudo, para grande decepção da menina, o
embrulho continha
um par de muletas. Quando ela começa a chorar, o pai a consola dizendo que ela
deve ficar
contente. Contente por que? Desabafa ela. Eu pedi uma boneca e ganhei um par de
muletas. Pois
fique contente por não precisar delas.
A partir daí, o pai, muito sábio, estabelece o que ele chamaria o jogo do
contente.
Assim, quando ele morre e Polyanna é entregue aos cuidados de uma tia
amarga, carrancuda,
exigente, em vez de sofrer com as maldades que ela lhe apronta, Polyanna
encontra em tudo um
motivo para ser feliz.
O quarto é muito pequeno? Ótimo, assim ela o limpará bem mais depressa.
Não existem quadros na parede, como havia em sua casa? Que bom, assim ela
poderá abrir a
janela e olhar os quadros da natureza, ao vivo.
Não tem um espelho? Excelente, assim nem verá as sardas do seu rosto.
Mais tarde, ela acabará conquistando para o jogo do contente a empregada e a
própria tia, austera
e má.
A história que foi continuada em uma outra obra, chamada Polyanna moça, nos
remete aos
conceitos exarados em o evangelho segundo o espiritismo, a respeito do homem de
bem, que "sabe
que todas as vicissitudes da vida, todas as dores, todas as decepções são provas
ou expiações e as
aceita sem murmurar."
Portanto, nos momentos de graves dificuldades, busquemos os motivos para nos
alegrar.
Nosso passeio de final de semana não deu certo, por causa da chuva que caiu
torrencial?
Alegremo-nos por estarmos em nossa casa, abrigados, e aproveitemos esses dias
para uma
convivência maior com a família.
A viagem de férias, tão planejada, foi por água abaixo porque o salário não
chegou e a
gratificação foi menor do que o esperado?
Fiquemos contentes e vamos curtir o cantinho doméstico. Aproveitemos o tempo
para conviver
com os amigos, sair com os filhos. Conhecer os recantos públicos da cidade,
conviver com a
natureza.
Viver com alegria é uma arte. Por isso mesmo, preservemos a jovialidade em
nossa conduta.
Porque um cenho carregado sempre reflete aflição, desgosto e contrariedade. E
não faz bem a
ninguém.
Destilemos alegria e bom ânimo, irradiando o bem estar que provém de nosso
coração.
"O tesouro de um comportamento jovial tem o preço da felicidade que oferece
a todas as
pessoas."
Alegremo-nos e nos sintamos felizes por viver na terra, especialmente nesta
nova era de um novo
milênio de tantas esperanças, e colaboremos eficazmente pela concretização do
bem nos corações e
a paz no mundo, começando pela instalação em nós mesmos.

Jesus de Nazaré

Aqueles eram dias em que Roma dominava o mundo...
Sua águia sedenta de sangue sobrevoava o cadáver das civilizações e povos
vencidos.
Os valores éticos eram esquecidos...
A desconsideração moral permitia que os ideais da humanidade fossem
manipulados pelas
estruturas políticas odientas que levavam por terra as construções filosóficas e
espirituais do
passado.
Foi nessa paisagem que Jesus veio apresentar a doutrina de amor, propondo
uma nova ordem
fundamentada na solidariedade fraternal.
Surgiu na Terra o Homem-Luz para modificar a arcaica estrutura do homem-
fera.
Tratava-se de Personalidade inconfundível e única. Deixava transparecer nos
olhos,
profundamente misericordiosos, uma beleza suave e indefinível.
Longos e sedosos cabelos molduravam-Lhe o semblante compassivo, como se
fossem fios
castanhos, levemente dourados por luz desconhecida.
Sorriso divino, revelando ao mesmo tempo bondade imensa e singular energia.
Irradiava da Sua melancólica e majestosa figura uma fascinação irresistível.
Sua palavra, Seus feitos, Seus silêncios estóicos dividiram os tempos e os
fatos da história.
Conviveu com a ralé, e, trabalhando-a logrou fazer heróis e santos,
servidores incansáveis e ases
da abnegação...
Utilizando-se do cenário da natureza, compôs a mais comovedora sinfonia de
esperança. Na cátedra
natural de um monte, apresentou a regra áurea para a humanidade, através dos
robustos e
desafiadores conceitos contidos nas bem-aventuranças.
Dignificou um estábulo e sublimou uma cruz...
Exaltou um grão pequenino de mostarda e repudiou a hipocrisia dourada dos
poderosos em
trânsito para o túmulo, quanto a covardia mofa, embora disfarçada, dos déspotas
da ilusão
mentirosa.
Levantou paralíticos.
Limpou leprosos.
Restituiu a visão a cegos.
Reabilitou mulheres infelizes.
Curou loucos.
Reanimou desalentados e sofredores.
Em troca do amor que dedicou foi alçado à cruz...
Seus pés, que tanto haviam caminhado para a semeadura do bem, estavam
ensangüentados.
Suas mãos generosas e acariciadoras eram duas rosas vermelhas, gotejando o
sangue do suplício.
Sua fronte, em que se haviam abrigado os pensamentos mais puros do mundo, se
mostrava
aureolada de espinhos.
O Mestre, todavia, que vivera e falara da Boa Nova que é toda uma cascata de
luz e de alegria,
prenunciando a vitória da vida sobre a morte, do bem sobre o mal, da bondade
sobre a
perversidade, roga a Deus com extrema sinceridade:
"Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem!..."
O amor é o perene amanhecer, após as sombras ameaçadoras.
A palavra de Jesus, na tônica do amor, é a canção sublime que embalou Sua
época e até hoje
constitui o apoio e a segurança das vidas que se Lhe entregam em totalidade.

A justiça e os dramas humanos

O artigo de um juiz, recentemente publicado em jornal de grande circulação,
é de causar emoção
nas almas mais insensíveis.
Seu artigo diz o seguinte:
"Indaga-me, jovem amigo, se as sentenças podem ter alma e paixão.
O esquema legal da sentença não proíbe que tenha alma, que nela pulsem vida
e emoção,
conforme o caso.
Na minha própria vida de juiz senti muitas vezes que era preciso dar sangue
e alma às sentenças.
Como devolver, por exemplo, a liberdade a uma mulher grávida, presa porque
trazia consigo
algumas gramas de maconha, sem penetrar na sua sensibilidade, na sua condição de
pessoa
humana?
Foi o que tentei fazer ao libertar Edna, uma pobre mulher que estava presa
há oito meses, prestes
a dar à luz, com o despacho que a seguir transcrevo:
A acusada é multiplicadamente marginalizada:
Por ser mulher, numa sociedade machista...
Por ser pobre, cujo latifúndio são os sete palmos de terra dos versos
imortais do poeta.
Por ser prostituta, desconsiderada pelos homens, mas amada por um Nazareno
que certa vez
passou por este mundo.
Por não ter saúde.
Por estar grávida, santificada pelo feto que tem dentro de si. Mulher diante
da qual este juiz
deveria se ajoelhar numa homenagem à maternidade, porém que, na nossa estrutura
social, em vez
de estar recebendo cuidados pré-natais, espera pelo filho na cadeia.
É uma dupla liberdade a que concedo neste despacho: liberdade para Edna e
liberdade para o
filho de Edna que, se do ventre da mãe puder ouvir o som da palavra humana,
sinta o calor e o
amor da palavra que lhe dirijo, para que venha a este mundo, com forças para
lutar, sofrer e
sobreviver.
Quando tanta gente foge da maternidade...
Quando pílulas anti-concepcionais, pagas por instituições estrangeiras, são
distribuídas de graça
e sem qualquer critério ao povo brasileiro...
Quando milhares de brasileiras, mesmo jovens e sem discernimento, são
esterilizadas...
Quando se deve afirmar ao mundo que os seres têm direito à vida, que é
preciso distribuir melhor
os bens da terra e não reduzir os comensais...
Quando, por motivo de conforto ou até mesmo por motivos fúteis, mulheres se
privam de gerar,
Edna engrandece hoje este Fórum, com o feto que traz dentro de si.
Este juiz renegaria todo o seu credo, rasgaria todos os seus princípios,
trairia a memória de sua
mãe, se permitisse sair Edna deste Fórum sob prisão.
Saia livre, saia abençoada por Deus...
Saia com seu filho, traga seu filho à luz...
Porque cada choro de uma criança que nasce é a esperança de um mundo novo,
mais fraterno,
mais puro, e algum dia cristão...
Expeça-se incontinenti o Alvará de Soltura."
O artigo vem assinado pelo meritíssimo juiz João Batista Herkenhoff, livre-
docente da
Universidade Federal do Espírito Santo.
Ao ouvir o despacho desse magistrado, a esperança de um mundo novo e justo
se desdobra à
nossa frente.
Esperança de um dia as leis humanas se tornarem educativas e não punitivas.
Esperança de ver as sanções proporcionais às faltas cometidas.
Esperança de, num julgamento, ser levado em conta o passado de cada ser, sua
infância, as
possibilidades que teve de educação, de saúde, de carinho, de afeto.
Enfim, esperança de que a humanidade atente para as leis de Deus e nelas
baseie as suas.

Um jovem de valor

Você conhece ou pelo menos já ouviu falar desses conjuntos residenciais onde
moram muitas
famílias, num estilo condomínio fechado?
Na tentativa de fugir da violência, há algum tempo as pessoas têm buscado
uma forma de vida
mais segura, isolando-se nos condomínios.
Todavia, há um tipo de ameaça que não se pode conter com grades e muros: é a
ameaça das
drogas.
Os pais, muitas vezes descuidam dessa problemática por acharem que seus
filhos estão seguros,
vivendo cercados por altos muros e guardas na portaria. Mas, infelizmente, a
realidade é outra.
Há pais que deixam seus filhos pequenos o dia inteiro sozinhos, tendo que
sobreviver por si
mesmos, sem amparo e sem ninguém.
Alguns desses pequeninos buscam a ajuda dos vizinhos, para esquentar a
comida que está pronta
desde o dia anterior, ou para queixarem-se das dores que sentem.
Quando os vizinhos não estão assoberbados demais, atendem esses filhos de
ninguém, por
pensarem que bem poderiam ser seus filhos a mendigar uma migalha de atenção dos
estranhos.
Outros, no entanto, os dispensam logo, pois não querem preocupações com
filhos alheios.
Mas, em meio a todas essas situações, descobrimos um jovem que se preocupa
com essa
situação.
Certamente um jovem de muito valor.
Conta ele que, quando criança, viveu por alguns anos num conjunto
residencial de classe média e
fez lá muitos amigos.
Um dia sua família mudou-se para outro lugar e só depois de muito tempo ele
voltou à sua antiga
morada para descobrir, com muita tristeza, que vários dos seus amigos de
infância estavam
dependentes de drogas.
Ele indignou-se com a situação mas não pôde fazer nada por seus amigos. No
entanto, com o
forte desejo de evitar que as crianças que vivem hoje naquele condomínio
adentrem também pelo
mesmo caminho, ele resolveu fazer algo.
Dentro do seu coração juvenil, entendeu que se os garotos pudessem ocupar o
tempo praticando
esportes, talvez não caíssem nas malhas mortíferas das drogas.
Assim pensando, criou uma escolinha de futebol e convidou a garotada para
aprender a jogar.
Mas aquele jovem especial não ensina somente as regras do futebol aos seus
pequenos alunos,
ensina, principalmente, as regras da boa conduta, do respeito mútuo, da
verdadeira amizade.
Incentiva-os a estudar, pede-lhes o boletim da escola e felicita-se quando
seus aprendizes tiram
boas notas.
Visita-os em seus apartamentos, promove campeonatos com times de outros
condomínios,
envolve a garotada com fraternidade e muito carinho.
E não pensem que ele só faz isso na vida, não, pois ele também estuda e
trabalha, como qualquer
outro jovem da sua idade. O tempo que ele dedica na promoção daqueles meninos, é
o tempo que
ele poderia estar utilizando em algum lazer ou outro interesse próprio.
Esse moço é apenas um jovem comum, confundido com outros tantos jovens. Mas
ele tem uma
característica muito especial: preocupa-se com o futuro das crianças. Talvez
mais que os próprios
pais delas.
Ele entende que, dando-lhes uma ocupação útil, talvez possa evitar que sejam
adotadas por um
traficante de drogas.
Apenas um jovem como outro qualquer...
Certamente um jovem de muito valor...
Pense nisso!
Se você é um desses pais que vive em condomínio, pense com muito carinho a
respeito do
assunto das drogas.
Há pais tão alheios ao que seus filhos fazem, que nem se dão conta de que
eles estão na esquina
ao lado, fazendo uso de drogas no grupinho de amigos.
Se você realmente ama seu filho, vale a pena atentar para essa problemática
que vem se
agravando mais e mais entre os jovens de classe média.
Vale a pena cuidar bem da sua criança, pois não há dinheiro que valha a vida
desse pequeno
tesouro que Deus lhe confia.
Pense nisso, mas pense agora!

Jerusalém e Jericó

A parábola do bom samaritano é bem conhecida do mundo cristão.
Jesus a utilizou para ensinar grandes verdades.
Diz o mestre que um homem descia de Jerusalém para Jericó e foi assaltado no
meio do
caminho.
Jesus se refere a um homem. Não diz se era nobre ou plebeu, se era rico ou
pobre, diz somente
que era um homem. Poderia ter dito que um homem ia, se dirigia, rumava de
Jerusalém para Jericó,
mas ele usa o verbo descia, a fim de passar um ensinamento.
Outro detalhe importante está nas cidades a que Jesus se refere: Jerusalém e
Jericó. Ele poderia
ter dito que um homem transitava pela estrada, ia de uma cidade a outra,
caminhava entre duas
cidades, mas ele cita o nome dessas cidades.
E aqui vale uma rápida consideração sobre as duas cidades. A cidade de
Jerusalém representava
as coisas espirituais, as coisas de Deus, era a sede do templo de Salomão.
Jericó era um grande pólo
comercial, a cidade das trocas de mercadorias, do ouro, da usurpação.
Representava as coisas do
mundo.
Jerusalém significa as coisas do alto, Jericó as baixadas.
O grande ensinamento contido nessa parábola está expresso no verbo que Jesus
utilizou e nas
duas cidades.
Dizer que o homem descia de Jerusalém significa dizer que ele deixava os
interesses espirituais
para cuidar das coisas do mundo, dos interesses materiais.
E quando abandonamos a posição Jerusalém para viver a posição Jericó,
estamos sujeitos a
assaltos, quedas, ferimentos, dores.
Quantos pais de família honrados, fiéis, que de uma hora para outra resolvem
buscar uma
aventura fora do lar. Deixam sua posição Jerusalém para mergulhar na posição
Jericó e são
assaltados por terríveis reveses.
O comerciante honesto, que luta com dificuldades mas com dignidade e que de
repente resolve
enganar seus clientes, tirando um pouco no peso, nas medidas, na qualidade do
produto.
Funcionários que trabalharam anos a fio com dignidade e que um dia resolvem
aceitar o convite
da desonra, caem nas armadilhas da corrupção, e sofrem os assaltos da
intranqüilidade e da
vergonha.
Políticos que se mantém com o dinheiro suado do trabalho abençoado e um dia
se deixam
enredar pelas teias dos interesses egoístas e despencam vertiginosamente para as
baixadas infelizes,
sofrendo assaltos de toda ordem.
Todos aqueles que descem da posição Jerusalém para a posição Jericó sofrem
os tormentos na
própria alma.
A posição Jerusalém não traz resultados imediatos, mas traz a paz da
consciência tranqüila. A
possibilidade de conciliar o sono, de andar com a cabeça erguida.
A posição Jericó geralmente vem acompanhada de aplausos interesseiros, de
glórias efêmeras, de
bajulação hipócrita.
A primeira é perene, duradoura, eterna. A segunda é passageira como as
flores de um dia.
Paulo o grande apóstolo dos gentios, depois do contato com o mestre de
Nazaré às portas de
damasco, jamais abandonou os valores espirituais, jamais desceu da posição
Jerusalém para as
baixadas das coisas do mundo, da posição Jericó.
Sua caminhada foi áspera e muitas foram as renúncias, mas ele fez a viagem
definitiva rumo às
paragens celestes com a alma envolta em luz.
Seu rastro perfumado perdura até os dias de hoje, como um convite de amor
para quem deseja
conquistar a felicidade eterna.
Um dia, o amor vestiu-se de homem e andou sobre a Terra.
Ensinou as verdades da vida numa linguagem simples e ao mesmo tempo
profunda.
Revestiu os ensinamentos com parábolas de grande sabedoria.
E falou com ternura: "eu sou o caminho da verdadeira vida".
E convidou-nos como um irmão maior: "quem quiser vir após mim, tome de sua
cruz, negue-se a
si mesmo e siga-me".

Lesões Afetivas

Várias são as lesões que atingem o ser humano durante sua jornada terrena.
Algumas leves, de
fácil cicatrização, outras mais profundas e duradouras.
Dentre elas vamos encontrar as que são responsáveis por desatinos de variada
ordem, que são as
lesões afetivas.
Fruto do desrespeito que temos uns pelos outros, as lesões afetivas têm
ocasionado homicídios,
suicídios, abortos, injúrias que dilapidam ou arrasam a existência das vítimas,
feridas no afeto que
lhes alimentava as forças.
Quantas lágrimas de aflição, quantos crimes são cometidos na sombra, em nome
dessas lesões
provocadas nas profundezas da alma!
Esquecendo-nos de que cada criatura leva em sua intimidade caracteres
próprios, não
conseguimos medir suas resistências, nem suas reações diante de uma promessa não
cumprida.
Usando a desculpa do amor livre e do sexo liberado, não temos atentado para
as conseqüências
amargas que resultam da nossa falta de respeito ao próximo.
Na ânsia de satisfazer os desejos carnais, não hesitamos em nos envolver
levianamente com
pessoas que sentem, tanto quanto nós mesmos, carências de afeto e sede de
compreensão e carinho.
Quantas crianças nascem, fruto desses envolvimentos irresponsáveis, e
amargam o abandono e a
solidão como filhos rejeitados por um ou outro dos pais, ou pelos dois.
Quantos levam no coraçãozinho a tristeza de não poder pronunciar a doce
palavra pai, porque
aquele que o gerou não honrou o compromisso, deixando à companheira toda a
responsabilidade
pela condução da criança.
Quantos homens e mulheres que empenharam sua fidelidade, nos votos feitos
por ocasião do
matrimônio, e que levianamente os rompem, envolvendo-se com outras pessoas,
espalhando lesões
afetivas inconseqüentes.
Certamente muitos desses delitos não são catalogados pelas leis humanas, mas
não passam
desapercebidos nas leis de Deus, que exigem dos responsáveis a devida reparação,
no momento
oportuno.
É importante que reflitamos acerca desse assunto que nos diz respeito. É
imprescindível que
respeitemos os sentimentos alheios tanto quanto desejamos ter os nossos
sentimentos respeitados.
Se não quisermos ou não pudermos manter um romance de carinho a dois, não o
iniciemos.
Lembremos que acima das leis humanas, existem as leis divinas, das quais não
poderemos fugir,
como seres imortais que somos. Se as infringirmos, teremos que efetuar a devida
reparação mais
cedo ou mais tarde.
Se hoje a carência afetiva nos dilacera a alma, pode ser que estejamos
reparando delitos
cometidos anteriormente. É possível que Deus permita que soframos a falta do
afeto que não
soubemos valorizar outrora.
Você sabia que muitos de nós estamos altamente compromissados com as Leis de
Deus, em
matéria de amor e sexo irresponsáveis?
Por esse motivo, mesmo estando casada, grande parte das criaturas sente
falta de afeto e carinho,
amargando as conseqüências dos delitos cometidos contra os semelhantes, na área
da afetividade.
Dessa forma, vale a pena valorizarmos os sentimentos alheios, para que no
futuro sejamos
merecedores do afeto e da fidelidade que tanto necessitamos.
Livro: momentos de ouro, cap. Lesões Afetivas

O Livro Luz

A história não é muito diferente de tantas outras que trazem como pano de
fundo o sofrimento...
Não importa o país, ou a língua que se fale, os sentimentos têm uma
linguagem única.
Era inverno e a noite caía rápida e fria...
Aquele homem desesperado caminhava triste e só...
No peito, a dor da separação, promovida pela morte da esposa querida,
dilacerava-lhe as fibras
mais sutis dos sentimentos...
A prova amarga do adeus vencera-lhe. E ele, que sonhava com a felicidade de
um matrimônio
feliz e com um futuro adornado pela presença dos filhos, não passava agora de
trapo humano,
solitário.
As noites de insônia e os dias de angústia minaram-lhe as forças.
Faltava ao trabalho e o chefe, reto e ríspido, o ameaçava despedir.
A vida para ele não tinha mais sentido, para que teimar em ficar vivo?
Pensava.
Sem confiança em Deus, resolvera seguir o caminho de tantos outros, ante a
fatalidade... Iria
suicidar-se.
Paris, a cidade luz, estava envolta no manto escuro da noite, e um vento
gelado açoitava sem
piedade.
Seguiu, a passos lentos, pelas ruas desertas e se deteve um momento a
contemplar o rio Sena...
Talvez a correnteza o levasse dali e silenciasse, em suas águas escuras e
profundas, o seu
pensamento aturdido...
Sim, essa seria a solução, pensou.
Dirigiu-se como um autômato até a ponte Marie, quase apagada pela forte
serração e, ao apoiar a
mão direita na murada para atirar-se, sentiu que um objeto molhado caiu aos seus
pés.
Surpreendido, distinguiu um livro que o orvalho umedecera...
Tomou o volume nas mãos e caminhou, um tanto irritado, procurando a luz
quase apagada de um
poste vizinho, e pode ler no frontispício: "esta obra salvou-me a vida. Leia-a
com atenção e tenha
bom proveito." Vinha assinado por um homem.
Mesmo um pouco indeciso, resolveu ler aquela obra que, por suposto, havia
salvado a vida de
alguém que pretendera, como ele, por termo à própria vida.
Já nas primeira páginas encontrou motivos para viver e lutar, suportar com
resignação e coragem
os reveses da vida e refazer a esperança.
Leu o volume com dedicada atenção e resolveu presenteá-lo a quem lhe havia
propiciado aquele
tesouro.
Era abril de 1860... e, numa manhã fria como tantas outras na cidade de
Paris, o professor Rival
recebe em sua residência uma certa encomenda cuidadosamente embrulhada.
Abriu, e encontrou uma carta singela com os seguintes dizeres: "com a minha
gratidão, remeto-
lhe o livro anexo, bem como a sua história, rogando-lhe, antes de tudo,
prosseguir em suas tarefas
de esclarecimento da humanidade, pois tenho fortes razões para isso."
Em seguida o autor da carta narra a história que acabamos de contar.
Allan Kardec, pseudônimo do ilustre professor francês Hippolyte Leon Denizar
Rival, abriu a
obra e leu em seu frontispício: "esta obra salvou-me a vida. Leia-a com atenção
e tenha bom
proveito." E, logo após a primeira assinatura de A. Laurent, dizia: "salvou-me
também. Deus
abençoe as almas que cooperaram em sua publicação" assinado: Joseph Perrier.
Kardec, aconchegando o livro ao peito, entendeu a sublime missão que lhe
cabia como
codificador da doutrina espírita, mensageira de consolo e esperança para a
humanidade sofrida.
Essa obra que conseguiu, com suas páginas de luz, deter aqueles dois homens
às portas do
suicídio, veio à lume no dia 18 de abril de 1857, e é intitulada "O Livro dos
Espíritos".
Adaptada do livro "Espírito da Verdade, cap. 52 - Há um século.

As leis

Nos tempos que estamos vivendo, surgem quase todos os dias leis numerosas
que objetivam
estabelecer normas para as relações sociais dos indivíduos, empresas e nações.
Ao mesmo tempo, outras tantas leis são revogadas, por não mais atenderem às
necessidades dos
grupos a que se destinavam.
Assim, as leis que mantinham os privilégios de famílias reais ou imperiais
tombaram, ante sua
ilegitimidade ou imoralidade.
Leis que conferiam poderes a determinadas camadas sociais tiveram que cair,
graças a homens
que chegaram a expor suas vidas em favor de uma vida melhor para todos.
Leis que estabeleciam a perseguição dos opositores e premiavam bajuladores,
foram substituídas
por outras, criadas por legisladores amadurecidos e com mais ampla visão social.
Em contrapartida, surgiram leis que estabelecem direitos e deveres a todos e
a cada um, leis que
favorecem a qualquer cidadão se credenciar a cargos públicos, leis que expressam
a igualdade de
direitos de todos os homens.
Naturalmente, a verdadeira justiça ainda não é a virtude mais apreciada em
todas as
comunidades.
Em muitos países, impera ainda a força, os favorecimentos imorais e a
arbitrariedade.
Povos existem que morrem de fome, enquanto vige o uso indevido dos bens
públicos e a má
administração.
Ainda ocorre o domínio de povos sobre povos, por causa de interesses
criminosos, das riquezas
ou das posições estratégicas ou comerciais.
Tudo isso, no entanto, passará um dia.
As leis interesseiras, que privilegiam grupos ou pessoas, serão banidas da
terra.
Mas as leis de Deus, que são de perfeita justiça e de perfeito amor, essas
permanecerão,
sobrepondo-se ao tempo e às criaturas.
Nelas, não há privilégios, nem concessões indevidas.
Como ensinou Jesus: "a cada um será concedido conforme suas obras."
São exatamente as leis divinas que Jesus veio cumprir, dar execução.
Ante elas, leis humanas que ainda semeiam sombras, que apóiam a indignidade
cairão, a pouco e
pouco, graças aos homens que, abraçando os princípios cristãos, lutarão por
eliminá-las da face da
Terra.
Você sabia que ao afirmar Jesus que vinha cumprir a lei de Deus, Ele quis
dizer que veio
desenvolve-la, dar-lhe seu verdadeiro sentido, apropriá-la ao grau de
adiantamento dos homens?
É por esse motivo que nos ensinos de Jesus se encontra o princípio dos
deveres para com Deus e
para com o próximo.
(Do livro: Quem é o Cristo? - cap. 1)

Libertando os afetos

Certo dia, num final de inverno, quando as flores da primavera começavam o
seu sublime
trabalho de recobrir os campos ressecados pelo rigor do inverno, aquela alma
generosa deixava o
corpo físico.
A despedida foi dolorosa. As mãos quentes dos que ficaram desejavam reter
aquele corpo hirto,
sem vida, sem movimento.
Inconformados perguntavam: por que justo ele, que era tão gentil e carinhoso
com todos?
Por que justamente ele, que sabia falar e calar, consolar e distribuir
entusiasmo à sua volta?
Por que ele, que era um bom filho, bom irmão, bom esposo e bom pai?
Por que Deus o levou?
Por que não levou os criminosos renitentes, os corruptos inveterados, os
estelionatários, os
infiéis, enfim, porque não levou os homens que degradam a sociedade?
A resposta para todos esses questionamentos é muito simples.
Consideremos que a vida na Terra é uma oportunidade de crescimento para o
espírito imortal.
A existência, no corpo físico, é uma experiência necessária para que o
espírito progrida na
conquista de sua felicidade.
Seria, por assim dizer, um tipo de prisão, onde ele pode quitar suas dívidas
para com as leis
divinas e conquistar novas virtudes.
Assim sendo, quem tem poucos débitos liberta-se antes. Quem tem menos
compromissos libera-
se deles em menor tempo.
Dessa forma, por que queremos que o nosso ente caro permaneça no cárcere se
já recebeu o
alvará de soltura?
Não seria justo, nem do ponto de vista ético nem do racional.
Não queremos dizer com isto que todos os que se libertam antes são menos
devedores, pois essa
não é a realidade.
Como sabemos, muitos partem antes do tempo por imprevidência ou pelos abusos
de toda
ordem.
O que gostaríamos de enfatizar é que aqueles que partem naturalmente, pelos
meios
estabelecidos pela divindade, sem a intervenção egoísta do homem, podem estar
recebendo sua
carta de alforria, e por essa razão alçam vôo antes de nós.
Morrer, para o justo, é libertar-se. É matar a saudade dos afetos que o
antecederam na viagem de
volta. É receber as glórias da vitória por ter vencido mais uma etapa no mundo
físico.
E morrer, para o injusto, é deparar-se com o tribunal da própria consciência
a acusá-lo por não
ter sido corajoso o bastante para vencer-se a si mesmo, e por não ter logrado
conquistar mais
virtudes.
É por essa razão que não devemos lamentar a morte dos justos, mas sim a
daqueles que
desperdiçam a existência buscando o gozo exclusivo do corpo, sem pensar no
espírito, único que
sobrevive além da aduana do túmulo.
Certo dia, num final de inverno, quando as flores da primavera começavam o
seu sublime
trabalho de recobrir os campos ressecados pelo rigor do inverno, aquela alma
generosa deixava o
corpo físico.
Seria o fim?
Não. É apenas o crepúsculo de uma existência que se encerra, e a aurora de
uma nova etapa que
se inicia, na Vida que nunca cessa.

A lição das gaivotas

Um enorme transatlântico partiu de movimentado porto rumo a outro
continente. Do convés, os
passageiros acenavam lenços e agitavam mãos, em manifestações de adeuses.
No porto, muitas pessoas acenavam igualmente e lançavam beijos ao ar, num
misto de
antecipada saudade e carinho.
Pouco depois os que se encontravam no convés, ainda observando os que
permaneciam em terra,
puderam constatar uma nuvem de gaivotas prateadas acompanhando o imenso navio.
O seu vôo atraiu a atenção de quase todos, tanto pela algazarra que
promoviam, quanto pelo
capricho de suas voltas, ao redor da enorme máquina concebida pelo homem.
Passada uma meia hora de viagem, o tempo se tornou ameaçador. Ondas de
espuma se
levantavam ao açoitar dos ventos violentos.
Esboçou-se no firmamento uma tremenda tempestade. Com suas possantes
máquinas, o navio
cortava as vagas agitadas e parecia fazê-lo com dificuldade, dada a presença dos
elementos da
natureza em convulsão.
Um dos poucos viajantes que até então permanecia no tombadilho, contemplou
as aves a voejar e
as lastimou.
Como podiam elas, com suas asas tão débeis lutar contra o tufão,
desamparadas nos céus? Elas
nada tinham além do próprio corpo para o enfrentar.
Suas asas resistiriam ao vento implacável, se o possante navio, com suas
máquinas que
representam milhares de cavalos resistia com dificuldade ao tempo torrencial?
De repente, aquele homem que estava tão compadecido das avezinhas do mar,
ficou perplexo. É
que as pequenas gaivotas, estendendo as asas que Deus lhes deu abandonaram o
navio na
tempestade e se ergueram acima da tormenta, passando a voar numa região serena
dos ares.
E a máquina, representando a ciência humana, prosseguiu na sua luta penosa
para resistir à fúria
dos elementos.
Em nossas vidas ocorre de forma semelhante. Quando pretendemos lutar
unicamente com nossos
próprios meios, encontramos o fustigar dos ventos das dificuldades atrozes, que
vergastam a alma e
maceram o corpo.
Contudo, se utilizarmos os recursos da oração alcançaremos as possibilidades
das asas das
gaivotas.
Pelas asas poderosas da prece, o homem pode se elevar acima das tempestades
do cotidiano e
voar placidamente.
Envolvidos pelas luzes da prece, alcançaremos regiões que o vendaval das
paixões inferiores não
alcança.
Fortificados pela oração, enfrentaremos o mar agitado dos problemas, a fúria
das vicissitudes, e
chegaremos ao porto seguro que todos almejamos.
Quando o triunfo nos alcançar ou quando sofrermos aparentes quedas,
busquemos Jesus e
falemos sem palavras ao Seu coração de Mestre e Amigo.
Condutor vigilante de nossas almas, Ele assumirá o leme da frágil embarcação
das nossas vidas,
permitindo-nos singrar o mar agitado das nossas dores, com coragem e segurança.
A medida ideal será sempre orar antes de agir, a fim de evitar que
procedamos de forma
imprevidente, o que nos conduziria ao desespero e a maior soma de dores.
(Do livro: Lendas do Céu e da Terra (Malba Tahan) A Tempestade e as
gaivotas)

A lição do carvalho

Era um velho carvalho no meio de um grande floresta. Há alguns anos, uma
enorme tempestade
o deixara quebrado e feio. Jamais conseguira se reerguer, como as demais
árvores.
Quando a primavera chegava, o adornava de flores novas e verdes e o outono
tomava o cuidado
de pintá-las todas de cor avermelhada.
Mas os ventos inclementes sopravam e levavam todas as folhas e nada mais
podia disfarçar a sua
feiúra.
A árvore foi se sentindo esquecida, abandonada, sem utilidade. E um enorme
vazio tomou conta
dela.
Quando o vento do outono passou por ali, ela se lamentou: "ninguém mais me
quer. Não sirvo
para nada. Sou um velho inútil."
Mais alguns dias se passaram e, na proximidade do inverno, um pica-pau
sentou-se em seu
tronco e começou a bicá-lo, de forma insistente.
Tanto bicou que conseguiu fazer um pequeno furo, uma portinha de entrada
para sua residência
de inverno, no tronco oco do carvalho.
Arrumou tudo com muito bom gosto. Aliás, estava praticamente tudo arrumado.
As paredes eram
quentinhas, aconchegantes e havia muitos bichinhos que poderiam alimentá-lo e
aos seus filhotes.
- Como estou feliz em ter encontrado esta árvore oca! Ela será a salvação
para mim e minha
família no frio que se aproxima.
Pouco tempo depois, um esquilo aproximou-se e ficou correndo pelo tronco
envelhecido, até
achar um buraco redondo, que seria a janelinha da sua casa.
Forrou por dentro com musgo e arrumou pilhas e pilhas de nozes que o
deveriam alimentar
durante toda a estação de ventos gelados.
- Como estou agradecido, falou o esquilo, por ter encontrado esta árvore
oca.
O carvalho passou a sentir umas coisas estranhas. As asas dos passarinhos
roçando em sua
intimidade, o coração alegre do esquilo, suas patas miúdas apalpando o tronco
diariamente fizeram
com que a árvore se sentisse feliz.
Seus ramos passaram a cantar felicidade. Quando chegou a época das chuvas,
deixou-se molhar,
permitindo que as gotas escorressem por seus galhos, lentamente. Aceitou a neve
que a envolveu
em seu manto por muitas semanas, agradeceu os raios do sol e a luz das estrelas.
Tudo era motivo de felicidade. A velha árvore redescobrira a alegria de
servir.
Ninguém há que nada possua para dar. Ninguém existe que não possa fazer algo
a benefício do
seu irmão. Um sorriso, uma prece, um gesto, um abraço, um agasalho, um pão.
Há tanto que se fazer na terra. Existem tantos aguardando a cota do nosso
gesto de ternura.
Ninguém inútil ou desprezível. Cabe-nos redescobrir a riqueza que em nós existe
e distribui-la a
quem dela necessite ou espere.
Se nos sentirmos solitários, em meio às dificuldades que nos alcancem,
aprendamos a estender
sorrisos nos caminhos por onde passarmos.
Antes de nos amargurarmos e cobrar gestos de carinho de amigos e parentes,
antecipemo-nos e
doemos a nossa cota de amor, ainda hoje, permitindo-nos usufruir a alegria de
dar e dar-se.
(O Livro das Virtudes II - pág. 33 - A Árvore Solitária)

O lado bom

Conta o diretor de uma agência funerária que em sua profissão tinha visto
enterros de todos os
tipos, mas nenhum o havia comovido tanto quanto o do velho Hank, o homem mais
desprezado da
sua região.
Um dia o prefeito comunicou-lhe que o velho Hank morrera, e pediu-lhe para
que se
encarregasse dos funerais. O enterro não seria muito concorrido, pois havia
muita gente que teria
satisfação em ver aquele velho sob sete palmos de terra.
Hank vivera, durante muitos anos, numa cabana solitária, tendo por únicos
companheiros cinco
ou seis cães vadios. Cercara bem o seu terreno e não permitia a entrada de
ninguém. Uma vez por
semana, vinha à cidade comprar alimentos e embebedar-se, e além de tudo era
brigão.
Um por um, os habitantes foram se voltando contra o infeliz, que ficou
conhecido como o
homem que todos odiavam.
O velho Hank não era religioso, mas de acordo com os costumes, o agente
funerário pediu a um
pastor que fizesse a cerimônia. "Não vai ser fácil para o senhor", disse-lhe.
"não há muito que dizer
de bom sobre o velho Hank. Bastará que leia uma página das escrituras e nós o
enterramos logo."
O sacerdote, alma generosa, respondeu-lhe dizendo nunca ter conhecido alguém
que não tivesse
um lado bom.
No dia seguinte, o pastor e o diretor almoçaram juntos no restaurante local.
Falaram com a
proprietária sobre o velho.
A senhora sabe de alguma coisa boa, a respeito dele? Perguntou o ministro. A
mulher, embora
surpreendida pela pergunta, respondeu logo com suavidade: "Agora já posso contar
o segredo do
velho Hank."
E, tirando uma caixa escondida sob o balcão, continuou: "Durante muito anos,
o velho comeu
aqui, quando fazia a sua visita semanal à cidade. Todas as vezes, deixava comigo
algum dinheiro
para que eu guardasse a fim de comprar presentes, no Natal, para as crianças
pobres."
"Vejam, há quase 40 dólares. Ele sempre completava cinqüenta, no natal."
Naquela tarde o edifício da prefeitura estava cheio de curiosos. O sacerdote
pediu para que os
alunos da escola em frente fossem dispensados para assistir ao funeral.
Quando as crianças chegaram, o pastor encaminhou-se para o caixão e iniciou
o serviço fúnebre.
Disse mais ou menos o seguinte: "Hank, aqui viemos para enterrar-te. Há muita
gente, mas são bem
poucos os que lamentam a tua morte. O caixão está nu, pois ninguém teve o gesto
de colher nem
mesmo algumas flores silvestres para enfeitá-lo".
"Mas, meu caro Hank, eu jamais enterrei alguém sem uma homenagem de flores e
tu não serás o
primeiro. Tu tens, afinal de contas, alguns amigos aqui presentes, embora eles
nunca te tivessem
conhecido".
Voltou-se para as crianças e perguntou quais as que haviam recebido, no
Natal, presentes
enviados por "um amigo desconhecido". Um murmúrio de surpresa percorreu o
auditório quando
21 crianças subiram para perto do caixão.
Disse-lhes, então, o sacerdote, que o velho Hank era o "amigo desconhecido".
Pediu-lhes que se dessem as mãos e fizessem uma roda em volta do caixão.
"Hank, prosseguiu ele, comovido, tu tens de fato alguns amigos aqui, mas
eles não conheceram
você a tempo de trazer-te flores."
"Em todo caso, formaram aqui uma grinalda das mais belas flores que crescem
no jardim de
Deus: as crianças, às quais tu proporcionaste momentos de felicidade."
Ninguém é essencialmente mau. Todos os filhos de Deus trazem em sua
intimidade a centelha do
Amor Divino e a farão brilhar um dia.
(História da Revista Seleções do Rider's Digest, dez/1948.)

As lágrimas

Existem pessoas que afirmam terem uma grande dificuldade para chorar.
Algumas, com certa
inveja, comentam sobre a facilidade de outras em demonstrar sentimentos através
das lágrimas.
Há quem acredite que as lágrimas são próprias da feminilidade, que atestam
fraqueza,
fragilidade.
Lemos, recentemente a história de um pai que não conseguia chorar e foi
surpreendido pela
pergunta de seu filho de 5 anos:
- Pai, por que nunca vi você chorar?
Que poderia ele responder? Talvez fossem seus anos de raiva, tristeza e até
alegria engolidas,
que o impedissem de se expressar com lágrimas, ou talvez porque fora educado com
os conceitos
de que o homem não deve chorar.
A verdade é que aquele pai sofria de problemas de depressão, com os quais
lutava há tempos e
somente respondeu:
- Filho, lágrimas fazem bem para meninos e meninas. Fico feliz que você
possa chorar sempre
que está triste. Os pais, às vezes, têm dificuldade para mostrar como sentem.
Talvez eu possa
melhorar algum dia.
Nos dias que se seguiram, o pai orou intensamente a Deus rogando por alguma
coisa que o
fizesse sentir-se melhor.
Aproximava-se o Natal com todo seu encanto e magia. O diretor da escola
perguntou se Patrick,
o garoto de 5 anos, poderia cantar uma estrofe de uma canção Natalina, em um
culto na igreja.
Naturalmente, os pais se encheram de entusiasmo. O filho tinha pendores para
a música.
Estudava piano desde os 4 anos de idade. Gostava de cantar.
À medida que os dias iam sendo marcados no calendário, dando ciência da
proximidade do
evento, pais e filho começaram a ficar assustados.
O menino começou a temer não conseguir e o pai, principalmente o pai
compareceu à cerimônia
religiosa na véspera de Natal, com expectativas limitadas.
Colocou-se no lugar do filho e imaginou que jamais ele enfrentaria um
microfone e uma igreja
com centenas de pessoas.
O garoto, vestido de branco, aproximou-se do microfone e começou a entoar as
notas uma a
uma. Eram versos lindos que enchiam o espaço e os corações.
O pai contemplou o menino e sentiu-se invadir por uma onda de ternura. O que
seu filho cantava
tinha sabor de eternidade, uma beleza sem par.
Parecia-lhe que um anjo se corporificara ali, perante a congregação, para
brindar a todos com um
presente especial de Natal. Então, grossas lágrimas surgiram nos olhos naquele
pai. A canção
terminou e ele buscou o filho, ainda nos corredores.
Ajoelhou-se, para ficar do tamanho dele e penetrou com o seu o olhar azul do
filho.
- Patrick, você se lembra de quando me perguntou por que nunca me tinha
visto chorar?
O menino afirmou com a cabeça.
- Bem, estou chorando agora. Seu canto foi tão lindo que me fez chorar.
O garoto sorriu, feliz, e atirou-se nos braços do pai, dizendo-lhe ao ouvido
enquanto o estreitava
fortemente:
- Às vezes, a vida é tão bonita que a gente tem de chorar.
Por temperamento nos retraímos em muitas circunstâncias, quando deveríamos
exteriorizar os
sentimentos que nos invadem.
Todos detemos a capacidade dos melhores sentimentos de amor. Expressá-los,
permitir que
outros compartilhem das nossas emoções, das alegrias ou das dores que nos
invadam o íntimo, é
também exercício de humildade e fraternidade.
Quando nos sentirmos tocar nas fibras mais delicadas de nosso ser, pela
música, um gesto de
carinho, uma conquista dos nossos pequenos, permitamo-nos a visita das lágrimas
doces, expressão
do amor que alimenta outros amores, sem vergonha, porque ninguém evolui
realmente sem o
cultivo dos sentimentos mais edificantes.
(Baseado na revista Seleções do Rider's Digest, de 12/98 - Longe, na
Manjedoura)

Luta pela vida

"Uma fotografia se torna novo estandarte a favor da vida".
Recentemente esta manchete ocupou espaço em vários jornais nos Estados
Unidos.
A imagem foi captada por Paul Harris, que fazia a cobertura fotográfica de
uma cirurgia feita
dentro do útero materno para corrigir um problema na espinha de um feto de
apenas vinte e uma
semanas de gestação.
A foto é realmente espetacular. O fotógrafo conseguiu registrar o exato
momento em que o bebê
põe a mãozinha para fora da pequena abertura feita pelo médico na placenta e
segura num dos seus
dedos.
A minúscula mão segura firme a ponta do dedo do médico Joseph Bruner como se
quisesse
agarrar-se à vida com todas as suas forças.
O tamanho da mão do bebê corresponde a mais ou menos um terço do dedo do Dr.
Joseph mas
percebe-se que o pequeno está agarrando fortemente. A imagem retrata uma
verdadeira proeza
médica e talvez um dos mais eloqüentes gritos em favor da vida registrados até
hoje.
A mão pequena que comoveu o mundo pertence a Samuel Alexander.
A vida de Samuel literalmente estava por um fio, já que os especialistas
sabiam que não
conseguiriam mantê-lo vivo fora do útero materno e que deveriam tratá-lo lá
dentro; corrigir a
anomalia do feto e deixá-lo lá para continuar seu crescimento.
Seus pais, Julie e Alex, lutaram por muito tempo para ter um bebê e Julie já
havia sofrido dois
abortamentos naturais antes de ficar grávida do pequeno Samuel.
No entanto, após quatorze semanas de gestação os problemas apareceram. O
teste de ultra-som
mostrou que Samuel tinha má-formação do cérebro e anomalias na espinha dorsal.
Mas o casal resolveu esgotar todos os recursos para salvar o bebê. Eles
buscaram ajuda e foram
informados de que na Universidade de Naderbilt em Nashville, Tennessee, uma
equipe estava
realizando cirurgia fetal em caráter experimental. Não tiveram dúvida, entraram
em contato com o
Dr. Joseph Bruner, o dono do dedo que Samuel segura, e começou a corrida contra
o tempo.
A operação foi um sucesso. Os médicos trataram daquele minúsculo serzinho
menor que um
porquinho da Índia, dentro do útero da sua mãe. As anomalias foram corrigidas e
agora Samuel
passou a ser o paciente mais novo a submeter-se àquele tipo de cirurgia.
É impossível não se comover com fatos como esse. É impossível ficar
indiferente diante daquela
pequena mão segurando o dedo do cirurgião. A imagem é tão poderosa que talvez
seja um dos mais
fortes argumentos contra o aborto.
É também um grande motivo para que os médicos pensem na importante tarefa
que lhes compete
na grande missão de salvar vidas.
As mãos do Dr. Joseph eram, para o pequeno Samuel, a única chance. Talvez
seja por esse
motivo que ele a segurou com tanta força.
Pense nisso!
Jesus, o sublime Médico das almas, afirmou com a certeza de quem tem
autoridade: vós sois
deuses.
Talvez as pessoas que O ouviram falar assim, tivessem pensado que isso era
uma blasfêmia, mas
hoje nós sabemos que ele tinha razão.
Quando vemos a mão do homem realizar micro-cirurgias no ventre materno,
temos a certeza de
que ele é capaz de fazer muito mais.
Não duvidamos de que em cada ser humano está depositada uma pequena centelha
do Criador
que mais cedo ou mais tarde brilhará, mostrando-se e dando notícias da sua
origem divina.
Assim, entendemos que as ciências são as mãos de Deus socorrendo as Suas
criaturas através das
abençoadas mãos dos profissionais sérios.
Pensemos nisso!

Lobos internos

Um dia um velho avô foi procurado por seu neto, que estava com raiva de um
amigo que o havia
ofendido.
O sábio velhinho acalmou o neto e disse com carinho:
"Deixe-me contar-lhe uma história.
Eu mesmo, algumas vezes, senti muito ódio daqueles que me ofenderam tanto,
sem
arrependimento. todavia, o ódio corrói a nossa intimidade mas não fere nosso
inimigo. É o mesmo
que tomar veneno desejando que o inimigo morra.
Lutei muitas vezes contra esses sentimentos.
O neto ouvia com atenção as considerações do avô. E ele continuou: "é como
se existissem dois
lobos dentro de mim. um deles é bom. Não magoa ninguém. Vive em harmonia com
todos e não se
ofende.
Ele só lutará quando for certo fazer isto, e da maneira correta. Mas, o
outro lobo, ah!, esse é
cheio de raiva.
Mesmo as pequenas coisas desagradáveis o levam facilmente a um ataque de
ira! Ele briga com
todos, o tempo todo, sem qualquer motivo. É tão irracional que nunca consegue
mudar coisa
alguma!
Algumas vezes é difícil de conviver com estes dois lobos dentro de mim, pois
ambos tentam
dominar meu espírito".
O garoto olhou intensamente nos olhos de seu avô e perguntou:
"E qual deles vence, vovô?"
O avô sorriu e respondeu baixinho:
"Aquele que eu alimento mais freqüentemente".
E você, qual dos dois lobos tem alimentado com mais freqüência?
A figura do lobo é significativa, uma vez que representa o grau de
animalidade que ainda rege as
nossas ações.
Enquanto o ser humano não desenvolver todas as virtudes que o elevarão à
categoria de espírito
superior, sempre haverá em sua intimidade um pouco dos irracionais. E essa luta
interna é que irá
definindo o nosso amanhã, de acordo com o lado que mais alimentamos.
Por vezes, um simples ato impensado, uma simples ação infeliz, pode nos
trazer conseqüências
amargas por longo tempo.
Paulo, o grande apóstolo do cristianismo, identificou muito bem essa luta
íntima quando disse:
"o bem que eu quero, esse eu não faço, mas o mal que não quero, esse eu faço."
Indignado por algumas vezes ainda ser dominado pelo "homem velho", em
prejuízo do homem
novo que desejava ser, Paulo desabafou e nos deixou esta grande lição: é preciso
perseverar.
É preciso deixar que esse lobo sedento de vingança e obcecado pela ira, que
ainda encontra
vitalidade em nosso íntimo, não receba alimento e desapareça de vez por todas,
cedendo lugar ao
homem moralmente renovado que desejamos ser.
Agindo dessa maneira poderemos um dia, não muito distante, dizer, como o
próprio apóstolo
Paulo disse, depois de vencer a si mesmo: "já não sou eu quem vive, é o cristo
que vive em mim."
Mas, para que cheguemos a esse ponto, temos que travar muitas batalhas
internas a fim de fazer
com que os ensinamentos e os exemplos de Jesus, o mestre por excelência, façam
sentido para nós
a ponto de se constituir em força motriz, a impulsionar os nossos pensamentos e
atos.
Você sabia?
Você sabia que Paulo de tarso renunciou a muitas coisas para seguir a Jesus?
Ele, que foi um dos primeiros perseguidores dos cristãos em nome da sua
crença religiosa,
depois que viu o mestre às portas da cidade de damasco, tornou-se seu seguidor
fiel até os últimos
dias de sua vida.
Mas, para isso, foi preciso silenciar muitas vezes a fera interna que
tentava falar mais alto.
Foi preciso renunciar a si mesmo, deixar o orgulho de lado, tomar da sua
cruz e seguir os passos
luminosos do Mestre de Nazaré.
(Baseado em arquivo recebido pela internet, sem menção ao autor)

Lição de um coração infantil

Foi ao visitar o hospital que o menino conheceu a garota doente. Ao entrar,
ele teve uma vaga
impressão de tristeza. Achou estranho. Afinal, o médico lhe mostrou um grande
armário com
pílulas contra tosse, pomada amarela contra bolhas e pó branco contra febre.
Mostrou-lhe a sala onde se podia olhar através do corpo de uma pessoa como
através de uma
janela, para ver onde a doença se escondeu. Mostrou-lhe outra com espelho, onde
se operavam
tantas coisas que ameaçavam a vida.
Estranho, pensava o garoto. Se aqui impedem o mal de ir adiante, tudo devia
parecer alegre e feliz.
Por que estou sentindo tanta tristeza?
O médico lhe explicou como a doença insistia em entrar no corpo das
pessoas. Que havia mil
espécies de doenças, que usavam máscaras para que não pudessem ser reconhecidas
e como era
difícil manter a saúde.
Explicou ainda que era preciso estudar muito para desmascarar, desanimar a
doença, colocá-la
para fora e atrair a saúde, impedindo-a de fugir.
Mas, quando entrou no quarto da doentinha, ele a achou muito bonita, mas
pálida. Os cabelos se
esparramavam pelo travesseiro.
Ela lhe disse que não podia andar. Mas também não tinha muita importância
porque ela não tinha
lugar nenhum para ir. Roberto lhe falou do jardim, cheio de flores, que ele
tinha em sua casa. Ela
pareceu se animar um pouco e respondeu que se tivesse um jardim, talvez sentisse
vontade de sarar,
para passear entre as flores.
Enquanto ela continuava desfilando sua tristeza, contando das pílulas e
injeções que devia tomar
todos os dias e dos exercícios que precisava fazer, Roberto pensava: para esta
menina sarar, é
preciso que ela deseje ver o dia seguinte.
Se ela tivesse uma flor, com sua maneira toda especial de se abrir, de
improvisar surpresas,
talvez quisesse sarar. Uma flor que cresce é uma verdadeira adivinhação que
recomeça cada manhã.
Um dia ela entreabre um botão, num outro desfralda uma folha mais verde que uma
rã, num outro
desenrola uma pétala.
Talvez esta menina esqueça a doença, esperando cada dia uma surpresa.
Roberto afirmou que ela iria sarar e desejou ardentemente isto.
Depois foi providenciar flores, diversas flores e as colocou sobre a mesa,
perto da janela, aos pés
da cama.
Trouxe uma esplêndida rosa, que parecia ir lentamente abrindo suas pétalas
como se estivesse
envergonhada ou talvez quisesse guardar a surpresa para outro dia.
Então, a menina que somente ficava olhando o teto e contando os buraquinhos
da madeira,
contemplou as flores e sorriu.
Naquela noite mesmo a tristeza saiu pela janela e a menina começou a mover
as pernas.
Você sabia?
Que a medicina não pode quase nada contra um coração muito triste?
E que para curar-se dos males físicos é preciso ter vontade de viver?
Todo bom médico sabe disso. E sabe também que para travar a luta
ininterrupta contra a doença,
preservando a saúde, é preciso ver nos pacientes seus irmãos.
Em síntese, é necessário amar muito as criaturas. Só assim ele tem condições
de detectar as
doenças e restabelecer a saúde dos seus pacientes.

Limitações

Recentemente recebemos uma carta de um ouvinte pedindo para que falássemos
sobre os anseios
de realizações frustrados em virtude das limitações físicas e psicológicas, na
presente reencarnação.
Se teríamos possibilidade de realizar esses anseios noutra existência, se
poderíamos escolher um
corpo física e psicologicamente preparado para as realizações pretendidas.
A Doutrina Espírita esclarece que realmente somos seres imortais, que fomos
criados para a
eternidade.
Assim sendo, conforme os ensinos de Jesus, a cada um de nós é dado segundo
nossas próprias
obras. Somos herdeiros de nós mesmos através das múltiplas existências terrenas.
Se hoje temos limitações físicas e/ou psicológicas, é que precisamos destes
limites para nosso
próprio crescimento. Talvez tenhamos usado de forma equivocada nossas
possibilidades e hoje elas
nos fazem falta. Ou ainda, tenhamos optado pelas limitações físicas para que o
espírito pudesse
adquirir outros aprendizados.
Temos notícia de vários espíritos que foram constrangidos pelas Leis Maiores
a ter uma
existência de encarceramento num corpo físico totalmente deficiente para que
pudesse desenvolver
o amor.
Um deles, sendo totalmente dependente dos pais que o atendiam com extremado
afeto, pôde
sentir esse amor e aprender a valorizá-lo, o que não havia feito até então.
Às vezes, o que nos parece uma desgraça, é uma verdadeira bênção para o
progresso do espírito.
Os ensinos de Jesus Cristo, tornam compreensíveis mais essa questão, quando
esclarecem que se
nossos braços, olhos, pernas, são motivo de escândalo, é preferível que entremos
na vida (física)
sem eles, do que cairmos novamente por causa deles.
É claro que o mestre não sugeria que amputássemos os braços nem outro órgão
qualquer, como
entendem alguns, mas que sentíssemos a falta deles para poder valorizá-los mais
tarde.
É assim que aqueles que abusamos das possibilidades da fala fazendo fofoca,
intriga, calúnias,
lesamos nossos centros fonadores, a tal ponto, que numa próxima existência
poderemos renascer
com problemas na voz, como a gagueira, por exemplo.
Isso de forma alguma é castigo. É oportunidade de valorizar algo através da
privação, porque, de
certa forma, nós costumamos mesmo valorizar as coisas ou as pessoas, depois que
as perdemos.
Dessa forma, se hoje não conseguimos realizar todos os nossos anseios, um
novo amanhecer virá
trazendo com ele novas oportunidades.
Isso é claro, dependendo sempre da nossa semeadura, já que o que estamos
colhendo hoje, é o
resultado do plantio anterior, se não da existência atual, de outra existência
mais remota. Mas
sempre resultado da nossa semeadura.
Você sabia?
Que é pelos nossos pensamentos e atos de hoje que fazemos a escolha da nossa
próxima
existência? Não a fazemos como quem se coloca diante de uma vitrine e aponta o
que deseja para
si, mas, através do nosso comportamento atual, já poderemos imaginar como será a
nossa próxima
existência.
Assim como pelas nossas condições atuais podemos remontar às causas que as
geraram, ou seja,
hoje estamos colhendo, de forma obrigatória, o que plantamos livremente no
passado.
Assim sendo, procuremos escolher muito bem as sementes que plantamos hoje,
para que
possamos esperar um amanhã mais feliz para todos nós.

Lar, um lugar para voltar

Você já se deu conta da importância do seu lar?
Não nos referimos ao valor financeiro da sua casa, mas da importância do aconchego do lar.
Na correria do nosso dia-a-dia, muitos de nós não pensamos no que significa ter um lar para
voltar ao final de um dia de trabalhos intensos e cansativos.
No entanto, o lar é a base segura de todos aqueles que possuem esse grande tesouro.
Temos acompanhado as histórias de pessoas que obtiveram grande sucesso nas artes, na música,
nos esportes, e todos eles apontam a união familiar como ponto de apoio seguro.
Existem pessoas que lutaram com dificuldades, passaram por necessidades de toda ordem, mas
lograram êxito graças ao carinho e à dignidade dos pais que ofereceram suporte para vencer os
obstáculos.
Por essa razão, o lar é um elemento indispensável como base para uma carreira de sucesso.
Não importa o tamanho da construção nem o material de que é feito, mas importa que seja um
verdadeiro ninho de amor, afeto e amizade.
Pode ser uma mansão ou uma tapera...
Um bangalô, ou um barraco singelo...
Pode faltar o pão, mas não deve faltar o abraço de ternura de uma mãe dedicada...
Pode faltar uma cama confortável, mas não deve faltar os braços fortes de um pai que ampara e
orienta...
Pode faltar o luxo, mas não deve faltar o toque delicado de uma mãe caprichosa.
Pode faltar muita coisa, mas não pode faltar o diálogo amigo que estreita os laços e se faz ponte
de entendimento em todas as situações.
A casa pode ser frágil e não oferecer resistência contra a chuva fria, mas o lar deve ser bastante
resistente para suportar as investidas das drogas e de todos os vícios.
A construção pode balançar com os açoites dos ventos impiedosos, mas o lar deve se manter
firme mesmo diante das investidas mais ásperas da indignidade e da desonra.
Se você nunca havia pensado nisso, pense agora.
E, à noitinha, enquanto o sol se despede do dia e o manto escuro da noite se estende sobre a
cidade, e você, vencido pelo cansaço, avistar seu lar de portas abertas e um familiar de braços
abertos para dizer:
- Olá! Como foi seu dia?
Você perceberá como é importante poder voltar para casa.
Com chuva ou com sol, lá está o nosso lar para nos acolher e nos dar abrigo.
Por essa razão, valorizemos esse refúgio seguro no qual passamos a maior parte de nossas vidas,
valorizando também aqueles que compartilham conosco desse pequeno oásis e fazendo com que ele
possa ser um verdadeiro porto seguro.
E nunca nos esqueçamos de que o lar, mesmo quando assinalado pelas dores decorrentes do
aprimoramento das arestas dos que o constituem, é oficina purificadora onde se devem trabalhar as
bases seguras da humanidade de todos os tempos.
autoria: equipe do Momento Espírita

Lugar Certo

O dia havia apenas amanhecido e o agricultor solitário já estava capinando a lavoura.
Aquele seria, como outros tantos, um dia de trabalhos árduos de sol a sol.
Ele sulcava o solo e ao mesmo tempo pensava na vida. Como era difícil a sua luta diária para
sustentar a família.
Algumas vezes se surpreendeu questionando a justiça divina, que o escolhera para o trabalho
duro enquanto privilegiava outros com tarefas leves e agradáveis.
O sol já ia alto quando ele, cansado, tirou o chapéu e limpou o suor que escorria pelo rosto.
Apoiou o braço sobre o cabo da enxada e se deteve a olhar ao redor por alguns instantes.
Ao longe podia-se ver a rodovia que cruzava as plantações e ele avistou um ônibus que transitava
pelas cercanias. Imediatamente pensou consigo mesmo: "vida boa deve ser a daquele motorista de
ônibus. Trabalha sentado, e sem muito esforço conduz muita gente a vários destinos. Não toma
chuva nem sol e ainda de quebra deve ouvir uma musiquinha para se distrair".
De fato o motorista trabalha sentado e não está sujeito às intempéries.
Todavia, ao ser ultrapassado por um automóvel de passeio, começou a pensar de si para consigo:
"vida boa mesmo deve ser a desse executivo, dirigindo um carrão de luxo!".
"Não tem patrão para lhe cobrar horários nem tem que passar dias na estrada como eu, longe de
casa e da família."
No entanto, logo à frente o executivo pensava em como era difícil a sua labuta.
As preocupações com os negócios, as viagens longas, as reuniões intermináveis, o salário dos
empregados no final do mês, os impostos, aplicações, investimentos e outras tantas coisas para
resolver.
Mergulhado em seus pensamentos, olhou para o céu e avistou um avião que cruzava os ares, e
disse como quem tinha certeza: "vida boa é a de piloto de avião. Conhece o mundo inteiro de graça,
não precisa enfrentar esse trânsito infernal e o salário é compensador".
Dentro da cabina da aeronave estava um homem a pensar nos seus próprios problemas: "como é
dura a vida que eu levo. Semanas longe da esposa, dos filhos, dos amigos. Vivo mais tempo no ar
do que no solo e, para agravar, estou sempre preocupado com as centenas de pessoas que viajam
sob minha responsabilidade".
Nesse instante, um ponto escuro no solo lhe chamou atenção. Observou atentamente e percebeu
que era um homem trabalhando na lavoura.
Exclamou para si mesmo com certa melancolia: "ah como eu gostaria de estar no lugar daquele
homem, trabalhando tranqüilamente em meio à vegetação e ouvindo o canto dos pássaros, sem
maiores preocupações! E ao final do dia voltar para casa, abraçar a esposa e os filhos, jantar e
repousar serenamente ao lado daqueles que tanto amo. Isso sim é que é vida boa!".
Pense nisso!
Deus, que é a Inteligência Suprema do Universo, sabe qual é o melhor lugar para cada um de
seus filhos.
Deus sabe o de que necessitamos para evoluir e que lições devemos aprender.
Por essa razão todos estamos no lugar correto, com as pessoas certas, e na profissão adequada ao
nosso adiantamento.
Lembremo-nos de que, se temos problemas, temos também soluções e muitos motivos de alegria.
Por isso, façamos o melhor que esteja ao nosso alcance, pois viver é, e sempre será, um grande
desafio à inteligência humana e à capacidade do homem de florescer no lugar exato em que foi
plantado.
Pense nisso!

A lição do amor

Muitas obras já foram escritas a respeito do ódio entre pessoas, famílias ou comunidades. A
literatura celebrizou romances como Romeu e Julieta. A tragédia de um amor com o pano de fundo
do ódio de duas famílias.
As telas cinematográfica e as novelas da televisão vitalizam com cores muito vivas dramas em
que o ódio passa de geração a geração.
O que quer dizer que a criança ao nascer, passa a ser alimentada com a informação da
necessidade de odiar aquele ou aqueles que seus avós e pais odeiam.
Apesar de vivermos o final do século XX, tais fatos não se passam somente nos teatros, filmes
ou novelas.
Observa-se que, no cotidiano, existe muito ódio sendo alimentado e transmitido de pai para filho.
Não é de se estranhar, assim, que haja tanta guerra, desentendimento, discórdia entre os povos.
Pois tudo vem do berço.
Desde a gestação o espírito que anima o corpo do bebê em formação passa a ser sufocado com as
emanações do ódio de que se nutrem os familiares. Pai e mãe em especial.
Seria tão mais digno dos que nos dizemos cristãos, que, se não conseguimos perdoar o desafeto,
não repassássemos aos nossos filhos tal problema. Se a problemática é nossa, nós a devemos
resolver e jamais passá-la adiante. Mesmo porque, na seqüência do tempo, o que era motivo de
ódio mortal se dilui.
Por vezes, até os que dizem odiar não recordam com exatidão porque assim procedem. E se
desculpam dizendo que são motivos graves, de épocas anteriores à sua, que a questão é familiar,
etc.
Recentemente, pudemos observar um caso que nos emocionou. Um jovem de família abastada,
casou-se com uma jovem pobre e sem nome de família expressivo. Contrariada, a mãe do rapaz o
deserdou e ele partiu para outras paragens para refazer sua vida.
Construiu seu lar sobre bases de honestidade e trabalho e repassou tais valores para sua filha.
Morrendo muito jovem, deixou a viúva com poucos recursos. Ela, por sua vez, não se intimidou.
Trabalhou e educou a filha.
Certo dia, a avó as procurou desejando ver a neta. Receosa, temia que a nora houvesse
envenenado a menina contra ela. Qual não foi sua surpresa ao ser abraçada pela neta de oito anos, e
ouvir da sua boca: "vovó, que bom que a senhora veio! Queria tanto lhe conhecer. Minha mãe
sempre diz que a senhora é uma pessoa muito boa, como meu pai."
Durante anos, a mãe simplesmente passara para a garota a lição do amor. Consciente de que as
questões que diziam respeito a ela e seu marido não deveriam prosseguir no tempo.
A lição de amor comoveu a velha avó, que retornou ao seu lar após a visita, para repensar a
própria atitude.
Você sabia?
Que os pais são responsáveis pelos espíritos dos filhos? Assim, se eles vierem a falir, por culpa
dos pais, estes terão que prestar contas a Deus.
E você sabia que a maternidade e a paternidade são das missões mais grandiosas que Deus confia
aos homens?
Por isso vale a pena empregar todos os esforços para merecer a confiança do criador.

Lição no apólogo

Um velho apólogo, divulgado em vários países e que pertence à alma do povo, contém
ensinamentos filosóficos enriquecedores.
Conta que um homem foi convocado a comparecer no fórum para solução imediata dos
problemas e dúvidas que lhe manchavam a vida. A condenação era quase certa.
Todavia, o cavalheiro que possuía três amigos, vendo-se em dificuldades procurou seus três
benfeitores, suplicando-lhes proteção e conselhos.
O primeiro falou-lhe com certa arrogância:
Não posso fazer nada por você, a não ser arranjar uma roupa nova para que compareça bem
vestido diante do juiz.
Dirigiu-se então ao segundo amigo e este, muito preocupado, disse-lhe com toda sinceridade:
Embora goste muito de você, nada mais posso fazer, do que acompanhá-lo até à porta do
tribunal. Dali não posso passar. Você terá que seguir só.
O homem aproximou-se do terceiro amigo e lhe suplicou ajuda. E este, por sua vez, com grande
afeição falou-lhe com humildade:
Irei com você e falarei em sua defesa.
E assim o terceiro amigo fez. Estendeu-lhe os braços, amparou-o em todos os momentos da luta
e falou com tanta segurança e com tanta eloqüência em seu benefício, diante da justiça, que o
suspeito foi absolvido com a aprovação dos próprios acusadores.
A lição do apólogo diz respeito à nossa própria história frente à morte.
Todos nós, diante do túmulo, somos convocados a comparecer ante o tribunal da consciência
para prestar contas à contabilidade divina.
E todos recorremos àqueles que nos protegem.
O primeiro amigo, o doador de trajes novos, é o dinheiro, que nos garante o sepultamento.
O segundo, que nos acompanha até à porta do tribunal, é o mundo, representado na pessoa dos
nossos parentes ou na presença das nossas afeições mais queridas que, com pesar, nos seguem até à
beira da sepultura.
O terceiro, aquele que irá conosco e falará em nossa defesa, é o bem que praticamos, a
transformar-se em gênio tutelar de nossos destinos, e que, falando em nós e por nós, diante da
justiça, consegue mais amplas oportunidades de serviço, ou nosso passaporte para esferas mais
felizes.
E assim como o bem que praticamos abre as portas da felicidade, igualmente as más ações
depõem contra nós, enclausarando-nos aos sofrimentos, remetendo-nos junto aos círculos pesados
das sombras.
Percebemos, então, a grandeza da justiça divina a se concretizar no ensino do Mestre de Nazaré:
Cada um receberá conforme as suas obras.
Atendamos assim ao bem, onde estivermos, hoje, amanhã e sempre, na certeza de que o bem que
realizamos é a única luz do caminho infinito que jamais se apagará.
(Do livro "Vozes do Grande Além", cap. 32)

Leis morais

A lei de gravitação universal é uma das leis que regem o mundo físico. Isso ninguém pode
contestar.
Da mesma forma que existem leis regendo o universo físico, há leis que regem o mundo moral.
Jesus a elas se referia quando asseverou: "é mais fácil passar o céu e a terra, do que perder-se um
til da lei" (Lc. 16:14 -17)
Sabemos que não poderia referir-se Jesus às leis humanas, tão falhas ainda.
Muitos crimes são cometidos no mais completo anonimato. Como poderiam as leis humanas
punir tais infrações se delas não toma conhecimento?
Jesus conhecia em totalidade os mecanismos que regem as leis morais. Ele sabia que nenhuma
infração passa desapercebida. Sabia que todos nós estamos nelas mergulhados e que jamais as
poderemos burlar sem assumir as conseqüências.
Dessa forma, nenhum til da lei se perderá. Todos os nossos pensamentos e atos equivocados
estão registrados nos arquivos sublimes à espera da devida reparação.
Assim como todos os pensamentos e atos conformes com essas leis estão creditados em nossa
economia moral, constituindo-se em méritos luminosos em nosso favor.
Quando Jesus afirmou que "a cada um será dado conforme suas obras" (Mt. 16:27), resumiu, de
forma esplêndida o mecanismo da justiça divina.
Não há nada mais consolador do que saber que cada um responderá, mais cedo ou mais tarde,
pelo atos cometidos.
Assim, não temos mais que nos ocupar nem nos agastar com os equívocos dos outros. As leis
humanas cuidam deles. E o que, por ventura, escapar das leis dos homens, não escapará das leis
divinas.
Quando Pedro, o Apóstolo, questionou o mestre acerca do destino dos homens corruptos e
injustos da sua época, Jesus respondeu sabiamente: não se preocupe com eles, Pedro. Eles viverão.
A resposta do mestre foi curta mas profundamente sábia. Jesus sabia que a vida não cessa. Sabia
também que logo mais os infratores teriam que refazer os equívocos e ajustar-se com as leis, das
quais não se perde nem um til.
Assim, quando a leviandade e a corrupção, a violência e indiferença dos homens nos incomodar,
tenhamos uma única certeza: eles viverão.
Não nos desesperemos, pois cada um receberá conforme suas obras.
Você sabia?
Você sabia que são dez as leis morais que regem a vida?
São elas: lei de adoração, lei do trabalho, lei de reprodução, de conservação, de destruição, lei de
sociedade, lei do progresso, de igualdade, de liberdade e de justiça, amor e caridade.
E você sabia que essa classificação das leis foi trazida pelos Espíritos Superiores?
Se você deseja conhecer mais sobre esse assunto e outros tantos que nos dizem respeito, leia "O
Livro dos Espíritos, de Allan Kardec.
É um livro de fácil leitura, pois está disposto em forma de perguntas e respostas, todas
encadeadas didaticamente.
(O Livro dos Espíritos - Parte Terceira, Das Leis Morais)

Lição de felicidade

Foi um dia desses. Eram dois irmãos vindos da favela. Um deles deveria ter cinco anos e o outro
dez. Pés descalços, braços nus. Batiam de porta em porta, pedindo comida. Estavam famintos.
Mas as portas não se abriam. A indiferença lhes atirava ao rosto expressões rudes, em que
palavras como moleque, trabalho e filhos de ninguém se misturavam.
Finalmente, em uma casa singela, uma senhora atenta lhes disse: "vou ver se tenho alguma coisa
para lhes dar. Coitadinhos."
E voltou com uma latinha de leite. Que alegria!
Os garotos se sentaram na calçada. O menor disse para o irmão: "você é mais velho, tome
primeiro..."
Estendeu a lata e ficou olhando-o, com a boca semi-aberta, mexendo a ponta da língua,
parecendo sentir o gosto do líquido entre seus dentes brancos.
O menino de dez anos levou a lata à boca, no gesto de beber. Mas, apertou fortemente os lábios
para que nenhuma gota do leite penetrasse. Depois, devolveu a latinha ao irmãozinho: "agora é a
sua vez. Só um pouco", recomendou.
O pequeno deu um grande gole e exclamou: "como está gostoso."
Agora eu, disse o mais velho. Tornou a levar a latinha, já meio vazia, à boca e repetiu o gesto de
beber, sem beber nada.
"Agora você". "Agora eu". "Agora você".
Depois de quatro ou cinco goles, talvez seis, o menorzinho, de cabelo encaracolado,
barrigudinho, esgotou o leite todo. Sozinho.
Foi nesse momento que o mais extraordinário aconteceu. O mais velho começou a cantar e a
jogar futebol com a latinha. Estava radiante, todo felicidade. De estômago vazio. De coração
transbordando de alegria.
Pulava com a naturalidade de quem está habituado a fazer coisas grandiosas sem dar
importância.
Observando aqueles dois irmãos e o "agora você", "agora eu", nossos olhos se encheram de
lágrimas.
Que lição de felicidade. Que demonstração de altruísmo. O maior, em verdade, demonstrou, pelo
seu gesto que é sempre mais feliz aquele que dá do que aquele que recebe.
Este é o segredo do amor. Sacrificar-se a criatura com tal naturalidade, de forma tão discreta, que
o amado nem possa agradecer pelo que está recebendo.
Enquanto os dois irmãos desciam a rua, cantarolando, abraçados, em nossa mente vários ensinos
de Jesus foram sendo recordados.
"Fazer ao outro o que gostaria que lhe fosse feito." "O óbulo da viúva."
"Amai-vos uns aos outros..."
Coloca, nas janelas da tua alma, o amor, a bondade, a compaixão, a ternura para que alcances a
felicidade.
Amando, ampliarás o círculo dos teus afetos e serás, para os teus amigos, uma bênção.
Faze o bem, sempre que possas. E se a ocasião não aparecer, cria a oportunidade de servir. Deste
modo, a felicidade estará esperando por ti.
(Texto de autor desconhecido)

A lâmpada queimada

Era véspera de Natal. Em todas as casas havia intensa alegria. Nas ruas, era grande o movimento.
Pessoas transitavam com pacotes, entrando e saindo de lojas cheias de compradores e vendedores
ansiosos.
O homem e a mulher se aproximaram de um restaurante. A mulher trazia nos olhos o brilho dos
que sabem compartilhar alegrias e se sentem felizes com pequenas coisas. Sorria.
O homem se apresentava carrancudo. O rosto marcado por rugas de preocupação. No coração,
um tanto de revolta.
Sentaram-se à mesa e, enquanto ela olhava o cardápio, procurando algo simples e gostoso para o
lanche, ele começou a reclamar. Reclamou que as coisas não estavam dando certo. Ele tinha
investido em um determinado produto em sua loja, contando que as vendas fossem excelentes, mas
não foram.
O produto não era tão atraente assim. Ou talvez fosse o preço. Enfim, o comerciante reclamava e
reclamava.
De repente, ele parou de falar. Observou que sua esposa parecia não estar ouvindo o que ele
dizia. Em verdade, ela estava mesmo era em outra esfera.
Olhava fixamente para uma árvore de natal que enfeitava o balcão do pequeno restaurante. Sim,
ela não estava interessada na sua conversa.
Ele também olhou na mesma direção e, de forma mecânica, comentou: a árvore está bem
enfeitada, mas tem uma lâmpada queimada no meio das luzes.
É verdade, respondeu a mulher. Há uma lâmpada queimada. E você conseguiu vê-la porque está
pessimista, meu amor. Não conseguiu perceber a beleza das dezenas de outras luzes coloridas que
acendem e apagam, lançando reflexos no ambiente.
Assim também acontece com a nossa vida. Você está reclamando da venda do produto que não
deu certo e se mostra triste. Mas está esquecido das dezenas de bênçãos que brilharam durante todo
o ano para nós. Você está fixando seu olhar na única lâmpada que não iluminou nada.
Não há dúvida de que acharemos, no balanço das nossas vidas, diversas ocorrências que nos
infelicitam. Podemos chegar a sentir como se o mundo ruísse sob os nossos pés.
Porém, a maior tristeza que pode se abater sobre a criatura, multiplicando dificuldades para o
espírito, é o mau aproveitamento das oportunidades que Deus lhe concede, para evoluir e brilhar.
Meditemos sobre isso e descubramos as centenas de lâmpadas que brilham em nossos caminhos.
Ao lado das dores e problemas que nos atingem as vidas, numerosas são as bênçãos que nos
oferece a divindade.
Apliquemo-nos no dom de ver e ouvir o que é bom, belo e positivo.
Contemplemos a noite que se estende sobre a terra e sem nos determos no seu manto escuro,
descubramos no brilho das estrelas as milhares de lâmpadas que Deus posicionou no espaço para
encher de luz os nossos olhos.
Acostumemo-nos a observar e a ver o bem em toda a parte a fim de que a felicidade nos alcance
e possamos sentir a presença do criador, que é amor na sua expressão mais sustentando-nos as
vidas.
Do livro Rosângela, , cap. 4, ed. FRÁTER.

Lenda das lágrimas

Contam as lendas que, quando o Criador concluiu a sua obra, dividiu-a em departamentos e os
confiou aos cuidados dos Anjos. Após algum tempo, o Todo Poderoso resolveu fazer uma
avaliação da sua criação e convocou os servidores para uma reunião. O primeiro a falar foi o Anjo
das luzes. Postou-se respeitosamente diante do Criador e lhe falou com entusiasmo: "Senhor, todas
as claridades que criastes para a Terra continuam refletindo as bênçãos da sua misericórdia.
O Sol ilumina os dias terrenos com os resplendores divinos, vitalizando todas as coisas da
natureza e repartindo com elas o seu calor e a sua energia. Deus abençoou o Anjo das luzes,
concedendo-lhe a faculdade de multiplicá-las na face do mundo.
Depois foi a vez do Anjo da terra e das águas, que exclamou com alegria:
"Senhor, sobre o mundo que criastes, a terra continua alimentando fartamente todas as criaturas;
todos os reinos da natureza retiram dela os tesouros sagrados da vida. E as águas, que parecem
constituir o sangue bendito da sua obra terrena, circulam no seio imenso, cantando as suas glórias.
O Criador agradeceu as palavras do servidor fiel, abençoando-lhe os trabalhos.
Em seguida, falou radiante, o Anjo das árvores e das flores.
"Senhor, a missão que concedestes aos vegetais da Terra vem sendo cumprida com sublime
dedicação. As árvores oferecem sua sombra, seus frutos e utilidades a todas as criaturas, como
braços misericordiosos do vosso amor paternal, estendidos sobre o solo do planeta.
Logo após falou o Anjo dos animais, apresentando a Deus seu relato sincero.
Os animais terrestres, Senhor, sabem respeitar as suas leis e acatar a sua vontade. Todos têm a
sua missão a cumprir, e alguns se colocam ao lado do homem, para ajudá-lo. As aves enfeitam os
ares e alegram a todos com suas melodias admiráveis, louvando a sabedoria do seu Criador.
Deus, jubiloso, abençoou seu mensageiro, derramando-lhe vibrações de agradecimento.
Foi quando, então, chegou a vez do Anjo dos homens. Angustiado e cabisbaixo, provocando a
admiração dos demais, exclamou com tristeza:
"Senhor, ai de mim! Enquanto meus companheiros falam da grandeza com que são executados
seus decretos na face da Terra, não posso afirmar o mesmo dos homens...
Os seres humanos se perdem num labirinto formado por eles mesmos. Dentro do seu livre-
arbítrio criam todos os motivos de infelicidade. Inventaram a chamada propriedade sobre os bens
que Lhe pertencem inteiramente, e dão curso ao egoísmo e a ambição pelo domínio e pela posse.
Esqueceram-se totalmente do seu Criador e vivem se digladiando.
Deus, percebendo que o Anjo não conseguia mais falar porque sua voz estava embargada pelas
lágrimas, falou docemente:
Essa situação será remediada. Alçou as mãos generosas e fez nascer, ali mesmo no céu, um curso
de águas cristalinas e, enchendo um cântaro com essas pérolas líquidas, entregou-o ao servidor,
dizendo:
Volta à Terra e derrama no coração de meus filhos este líquido celeste a que chamarás água das
lágrimas...
Seu gosto é amargo, mas tem a propriedade de fazer que os homens me recordem, lembrando-se
da minha misericórdia paternal. Se eles sofrem e se desesperam pela posse passageira das coisas da
Terra, é porque me esqueceram, esquecendo sua origem divina.
... E desde esse dia o Anjo dos homens derrama na alma atormentada e aflita da humanidade, a
água bendita das lágrimas remissoras.
A lenda encerra uma grande verdade: cada criatura humana, no momento dos seus prantos e
amarguras, recorda, instintivamente, a paternidade de Deus e as alvoradas divinas da vida
espiritual.
Fonte: Livro "Crônicas de além túmulo", cap, 22 - Lenda das Lágrimas

A lição da carpintaria

Conta-se que certa vez uma estranha assembléia teve lugar em uma carpintaria.
Foi uma reunião das ferramentas para tirar as suas diferenças. O martelo assumiu a presidência
da reunião, com arrogância. Entretanto, logo foi exigido que ele renunciasse. O motivo? É que ele
fazia ruído demais. Passava o tempo todo golpeando, batendo. Não havia quem agüentasse.
O martelo aceitou a sua culpa, mas exigiu que também fosse retirado da assembléia o parafuso. É
que ele precisava dar muitas voltas para servir para alguma coisa. Com isso, se perdia tempo
precioso. O parafuso aceitou se retirar, desde que a lixa igualmente fosse expulsa. Era muito áspera
em seu tratamento. E, além do mais, vivia tendo atritos com os demais. A lixa se levantou e
apontou os defeitos do metro. Ele igualmente deveria sair do local, porque sempre ficava medindo
os demais conforme a sua medida. Por acaso, ele estava achando que era o único perfeito?
Enquanto assim discutiam, entrou o carpinteiro. Colocou o avental e iniciou, feliz, o seu
trabalho. Tomou a madeira e usou o martelo, o parafuso, a lixa e o metro.
Depois de algumas horas, a madeira grossa e rude do início tinha se transformado em um lindo
móvel.
Ele contemplou a sua obra, elogiou e saiu da carpintaria.
Bastou fechar a porta, para as ferramentas retomarem a discussão. Contudo, o serrote com calma
falou:
Senhores, foi demonstrado que todos temos defeitos. Mas também pudemos observar, nas
últimas horas, que todos temos qualidades. Foi exatamente com as nossas qualidades que o
carpinteiro trabalhou e conseguiu criar uma obra de arte, um móvel muito bem acabado.
Então, todos concordaram que o martelo era forte, o parafuso unia e dava força, a lixa era
especial para afinar e limar a aspereza. O metro era preciso, exato em suas medidas. Sentiram-se
como uma equipe capaz de produzir móveis de qualidade. Sentiram-se felizes com seus pontos
fortes e por trabalharem juntos.
A mesma coisa acontece com os seres humanos. Quando as pessoas buscam pequenos defeitos
nos demais, a situação se mostra negativa e tensa.
Ao buscar perceber os pontos positivos dos outros, é quando florescem os melhores lucros para
as relações dos seres humanos.
Encontrar qualidades é, portanto, uma tarefa a que nos devemos dedicar, pois ela é capaz de
inspirar todos os êxitos humanos.
Se você está disposto a ser uma pessoa produtiva no bem, otimista, criadora, comece a cultivar a
sua capacidade de descobrir as virtudes nas pessoas.
Comece dentro do seu lar. Observe quantas qualidades positivas tem seu irmão, sua esposa, seu
marido, sua sogra. Com certeza você se surpreenderá. Depois, aumente a sua pesquisa e olhe para o
seu vizinho, o colega de trabalho, as pessoas que lhe servem todos os dias: o motorista de ônibus, o
cobrador, a moça do caixa do supermercado, a atendente da farmácia.
Ao fim do dia, você terá descoberto que esse imenso mundo de Deus está repleto de pessoas
boas, de qualidades preciosas, prestativas e amigas.
E você terá se enriquecido de paz.
(Baseado em texto recebido pela internet, com a observação "autor desconhecido".)

Liderança compartilhada

Conta-se que Alexandre, o grande, conduzia seu exército para casa depois da grande vitória
contra Porus, na Índia. Cruzavam por uma região árida e deserta e os soldados sofriam
terrivelmente com o calor, a fome e, mais que tudo, a sede. Os lábios rachavam e as gargantas
ardiam devido à falta de água. Muitos estavam prestes a se deixar cair no chão e desistir. Por volta
do meio-dia, o exército encontrou um destacamento de viajantes grego. Vinham montados em
mulas e carregavam alguns recipientes com água.
Um deles, vendo o rei quase sufocar de sede, encheu um elmo com água e o ofereceu a ele.
Alexandre pegou o elmo nas mãos e olhou em torno de si. Viu os rostos sofridos dos soldados,
que ansiavam, tanto quanto ele, por algo refrescante.
"Obrigado, mas pode ficar com a água", disse ele, "pois não tem sentido matar a minha sede
sozinho, e você não têm o suficiente para todos." Devolveu a água sem tomar uma gota. Os
soldados, aclamando seu rei, puseram-se de pé e pediram que o líder continuasse a conduzi-los
adiante.
O rei Alexandre deu um grande exemplo de verdadeira liderança. De uma liderança que
compartilha, que divide, que caminha lado a lado, diferente do autoritarismo, que centraliza o poder
e inibe a ação e a iniciativa dos seus liderados.
Esse modelo de líder que estabelece regras para os outros e que não as cumpre, já está
ultrapassado pelo novo modelo de liderança compartilhada.
Para ser um bom líder é preciso estar disposto a seguir à frente para abrir o caminho, para dar o
exemplo, para orientar e conduzir sua equipe. Hoje já não tem mais lugar aquele modelo de líder
que ficava no alto do seu trono dando ordens e exigindo que fossem cumpridas.
O que realmente funciona, é o tipo de líder que serve mais, que abre caminhos, que descobre
meios de superar obstáculos junto com a equipe. É o líder que incentiva, que desperta a motivação
e o entusiasmo e que está sempre disposto a ouvir e a corrigir o passo se for necessário.
O verdadeiro líder é aquele que não espera pelos outros e não escolhe as tarefas, mas realiza tudo
o que está ao seu alcance.O líder seguro é naturalmente respeitado pela sua autoridade intelecto-
moral e não pela prepotência que geralmente afasta os companheiros de equipe e espalha o temor
ao invés de despertar o respeito.
Ademais, quem está investido da responsabilidade de conduzir outras pessoas, é alguém que tem
a tarefa de oferecer o melhor de si, de ser uma lição viva, mas uma boa lição viva, capaz de
conduzir ao bem e à liberdade.
E esse modelo de liderança também é válido para os pais e educadores em geral. Quem consegue
despertar em seu time o desejo de envolvimento e comprometimento com as tarefas ou com as
metas que deverão ser atingidas, está a um passo da vitória.
Assim, se você está investido na função de chefia, seja ela em que nível for, lembre-se sempre do
exemplo de Alexandre, o grande, e considere cada membro da sua equipe, tão importante quando
você mesmo. E isso, independente da função que cada um ocupe.
Pense nisso!
Você está no lugar correto, com as pessoas certas e na melhor situação que as leis divinas lhe
permitem estar.
Se hoje você ocupa a posição de líder, é porque precisa aprender a liderar com sabedoria para
que possa crescer e promover o crescimento dos que lhe seguem os exemplos.
Se você está sob a coordenação de alguém, é porque precisa aprender a aceitar orientações com o
firme propósito de colaborar, dando o melhor de si.
Tanto uma posição quanto a outra são excelentes oportunidades de crescimento e regeneração
que Deus oferece a quem tem o desejo sincero de elevar-se na escala evolutiva, rumo à felicidade
tão sonhada.
Pense nisso!


A Ação de Deus

Linda era uma modelo famosa. Requisitada e disputada, conseguia contratos
milionários. Apesar do dinheiro, da fama e da beleza, ela não era feliz.
Sentia um imenso vazio por dentro. Sofria de pavor, ansiedade e insônia.
Pensou em tomar medicamentos. Alguns amigos aprovaram, outros não.
Ela decidiu procurar outras terapias. Assinou contratos que jamais havia
sonhado. Trabalhava muito, mas continuava atormentada.
Um dia, pela manhã, indo de carro para o trabalho, pelo caminho costumeiro,
o trânsito parou. Um guarda estava desviando todo o trânsito para uma ruazinha
estreita, porque um encanamento havia rompido na avenida principal.
Dirigindo lentamente pela rua desconhecida, ela passou em frente a uma
igreja. Um cartaz, escrito à mão, dizia: "sem Deus não há paz. Conheça deus,
conheça a paz. Todos são bem-vindos".
Ela achou estranho e seguiu em frente. No dia seguinte, fazendo o mesmo
trajeto, o trânsito parou. Um incêndio em uma loja fez com que, outra vez, o
trânsito fosse desviado por aquela mesma ruazinha.
"De novo!", Pensou linda. E passou outra vez pela igreja. Lá estava o
cartaz, que agora lhe pareceu atraente. De dentro do carro, espiou o interior da
igreja.
No terceiro dia, ela pensou em mudar de trajeto. Mas achou que estava sendo
muito boba. Afinal, qual era a probabilidade de em três dias seguidos, acontecer
o desvio do trânsito, no mesmo local?
"Vai ser um teste", pensou. "Se acontecer alguma coisa e o trânsito for
desviado, vou ter certeza de que é um sinal".
Quando ela chegou na avenida, lá estavam os policiais outra vez. Um grande
acidente, explicou um dos policiais, desviando o trânsito, para a já conhecida
ruazinha.
"É demais", falou linda, consigo mesma. Estacionou o carro e entrou na
igreja. Lá dentro, havia apenas um padre. Ele ergueu os olhos, olhou para ela
com um sorriso e perguntou:
"Por que demorou tanto?" - Ele havia visto o carro de linda passar ali nos
três dias. Eles conversaram muito e como resultado, linda passou a freqüentar a
pequena igreja.
Encontrou a paz e a serenidade que estava esperando. Exatamente como dizia o
cartaz. Ela precisava de Deus na sua vida. E, sem dúvida, fora Deus que
providenciara para que, de alguma forma, entendesse que ela precisava voltar-se
para ele, alimentar o seu espírito com a fé, a esperança e o amor.
A providência divina sempre se faz presente em nossas vidas. Ocorre que, nem
sempre, estamos de olhos e ouvidos atentos para perceber e entender.
Filhos bem-amados do Criador, não podemos esquecer de buscar o amparo desse
Pai amoroso e bom, para que nele encontremos o nosso refúgio seguro.
Muitos o procuram nas igrejas, nos templos. Outros, nos livros. Alguns
tentam o coração do próximo para ver se ali descobrem Deus.
Em verdade, muitos são os caminhos, mas o encontro verdadeiro se dá portas a
dentro do nosso coração.

O Abraço

Estudos têm revelado que a necessidade de ser tocado é inata no homem. O
contato nos deixa mais confortáveis e em paz.
O Dr. Harold Voth, psiquiatra da Universidade de Kansas, disse:" o abraço é
o melhor tratamento para a depressão." Objetivamente, ele faz com que o sistema
imunológico do organismo seja ativado.
Abraçar traz nova vida para um corpo cansado e faz com que você se sinta
mais jovem e mais vibrante.
No lar, um abraço todos os dias reforçará os relacionamentos e reduzirá
significativamente os atritos.
Helen Colton reforça esse pensamento: "quando a pessoa é tocada a quantidade
de hemoglobina no sangue aumenta significativamente. Hemoglobina é a parte do
sangue que leva o suprimento vital de oxigênio para todos os órgãos do corpo,
incluindo coração e cérebro.
O aumento da hemoglobina ativa todo o corpo, auxilia a prevenir doenças e
acelera a recuperação do organismo, no caso de alguma enfermidade."
É interessante notar que reservamos nossos abraços para ocasiões de grande
alegria, tragédias ou catástrofes.
Refugiamo-nos na segurança dos abraços alheios depois de terremotos,
enchentes e acidentes.
Homens, que jamais fariam isso em outras ocasiões, se abraçam e se acariciam
com entusiasmado afeto depois de vencerem um jogo ou de realizarem um importante
feito atlético.
Membros de uma família reunidos em um enterro encontram consolo e ternura
uns nos braços dos outros, embora não tenham o hábito dessas demonstrações de
afeição.
O abraço é um ato de encontro de si mesmo e do outro. Para abraçar é
necessário uma atitude aberta e um sincero desejo de receber o outro.
Por isso, é fácil abraçar uma pessoa estimada e querida. Mas se torna
difícil abraçar um estranho.
Sentimos dificuldade em abraçar um mendigo ou um desconhecido. E cada pessoa
acaba por descobrir em sua capacidade de abraçar seu nível de humanização, seu
grau de evolução afetiva.
É natural no ser humano o desejo de demonstrar afeição. Contudo, por alguma
razão misteriosa ligamos ternura com sentimentalidade, fraqueza e
vulnerabilidade. Geralmente hesitamos tanto em abraçar quanto em deixar que nos
abracem.
O abraço é uma afirmação muito humana de ser querido e de ter valor.
É bom. Não custa nada e exige pouco esforço. É saudável para quem dá e quem
recebe.
Pense nisso!
Você tem abraçado ultimamente sua mulher, seu marido, seu pai, sua mãe, seu
filho?
Você costuma abraçar os seus afetos somente em datas especiais?
Quando você encontra um amigo, costuma cumprimentá-lo simplesmente com um
aperto de mão e um beijo formal?
A emoção do abraço tem uma qualidade especial. Experimente abraçar mais.
Vivemos em uma sociedade onde a grande queixa é de carência afetiva.
Que tal experimentar a terapia do abraço?

Amizade: um tesouro a ser conquistado

Pesquisadores da universidade de Yale, nos Estados Unidos da América,
realizaram um estudo com dez mil executivos Seniors para medir o poder da
amizade na qualidade de vida dos americanos.
O resultado foi impressionante: ter amigos reduzia em nada menos que 50% o
risco de morte, sobretudo por doenças, num período de cinco anos. Estas
informações foram publicadas por um jornal carioca, recentemente, nos convidam a
pensar a respeito das amizades que cultivamos.
Muitos de nós temos facilidades para fazer novos amigos. Mas, nem sempre
temos habilidade suficiente para manter essas amizades. É que, pelo grau de
intimidade que os amigos vão adquirindo em nossas vidas, nos esquecemos de os
respeitar.
Assim, num dia difícil, acreditamos que temos o direito de gritar com o
amigo. Afinal, com alguém devemos desabafar a raiva que nos domina. Porque
estamos juntos muitas horas, justamente por sermos amigos, nos permitimos usar
para com eles de olhares agressivos, de palavras rudes.
Ou então, usamos os nossos amigos para a lamentação constante. Todos os
dias, em todos os momentos em que nos encontramos, seja para um lanche, um
passeio, uma ida ao teatro ou ao cinema, lá estamos nós, usando os ouvidos dos
nossos amigos como lixeira.
É isso mesmo. Despejando neles toda a lama da nossa amargura, das nossas
queixas, das nossas reclamações. Quase sempre, produto da nossa forma pessimista
de ver a vida. Sim, nossos amigos devem saber das dificuldades que nos alcançam
para nos poderem ajudar. O que não quer dizer que devamos estragar todos os
momentos de encontro, de troca de afetos, com os nossos pedidos, a nossa
tristeza.
Os amigos também têm suas dificuldades e para nos alegrar, procuram esquecê-
las e vêm, com sua presença, colocar flores na nossa estrada árida. Outras
vezes, nos permitimos usar nossos amigos para brincadeiras tolas, até de mau
gosto. Acreditando que eles, por serem nossos amigos, devem suportar tudo. E
quase sempre nos tornamos inconvenientes e os machucamos.
Por isso, a melhor fórmula para fazer e manter amigos é usar a gentileza, a
simpatia, a doçura no trato com as pessoas.
Lembremos que a amizade, como o amor, necessita ser alimentada como as
plantas do nosso jardim. Por isso a amizade necessita, para se manter da terra
fofa da bondade, do sol do afeto, da chuva da generosidade, da brisa leve dos
pequenos gestos de todos os dias.
Usa a cortesia nos teus movimentos e ações, gerando simpatia e amizade.
Podes começar no teu ambiente de trabalho. Os que trabalham contigo merecem
a tua consideração e o teu respeito.
Torna-os teus amigos. Por isso, no trato com eles, usa as expressões: por
favor, muito obrigado.
Lembra-te de dizer bom dia, com um sorriso, desejando de verdade que eles
todos tenham um bom dia.
Observa e ajuda quanto puderes, gerando clima de simpatia.
Sê amigo de todos e espalha o perfume da amizade por onde vás e onde
estejas.

Autonomia nas ações

Conta um escritor que certo dia acompanhou um amigo até à banca de jornais
onde este costumava comprar o seu exemplar diariamente.
Ao se aproximarem do balcão, seu amigo cumprimentou amavelmente o jornaleiro
e como retorno recebeu um tratamento rude e grosseiro. O amigo pegou o jornal,
que foi jogado em sua direção, sorriu, agradeceu e desejou um bom final de
semana ao jornaleiro. Quando ambos caminhavam pela rua, o escritor perguntou ao
seu amigo:
- Ele sempre o trata assim, com tanta grosseria?
- Sim, respondeu o rapaz. Infelizmente é sempre assim.
- E você é sempre tão polido e amigável com ele? Perguntou novamente o
escritor.
- Sim, eu sou, respondeu prontamente seu amigo.
- E por que você é educado, se ele é tão grosseiro e inamistoso com você?
- Ora, respondeu o jovem, por que não quero que ele decida como eu devo ser.
E você, como costuma se comportar diante de pessoas rudes e deseducadas?
Importante questão esta, que nos oferece oportunidade de refletir sobre a
nossa maneira de ser, nas mais variadas situações do dia-a-dia.
É comum as pessoas justificarem suas ações grosseiras com o comportamento
dos outros, mas essa é uma atitude bastante imatura e incoerente.
Primeiro, porque, se reprovamos nos outros a falta de educação, temos a
obrigação de agir de forma diferente, ou então somos iguais e de nada temos que
reclamar.
E se já temos a autonomia para nos comportar educadamente, sem nos fazer
espelho de pessoas mal-humoradas deveremos ter, igualmente, a grandeza de alma
para desculpar e exemplificar a forma correta de tratar os outros.
Se o nosso comportamento, a nossa educação, depende da forma com que somos
tratados, então não temos autonomia, independência, liberdade intelectual nem
moral para nos conduzir por nós mesmos.
Quando agimos com cortesia e amabilidade diante de pessoas agressivas ou
deseducadas, como fez o rapaz com o jornaleiro, estaremos fazendo a nossa parte
para a construção de uma sociedade mais harmoniosa e mais feliz.
O que geralmente acontece, é que costumamos refletir os atos das pessoas com
as quais vivemos, sem nos dar conta de que acabamos fazendo exatamente o que
tanto criticamos nos outros.
Se as pessoas nos tratam com aspereza, com grosseria ou falta de educação,
estão nos mostrando o que têm para oferecer. Mas nós não precisamos agir da
mesma forma, se temos uma outra face da realidade para mostrar.
Assim, lembremos sempre que, quando uma pessoa nos ofende ou maltrata, o
problema é dela, mas quando nós é que ofendemos ou maltratamos, o problema é
nosso.
Por isso, é sempre recomendável uma ação coerente avalizada pelo bom senso,
ao invés de uma reação impensada que poderá trazer consigo grande soma de
dissabores.
Pense nisso!
Se lhe oferecem grosseria, faça diferente: seja cortês.
Se lhe tratam com aspereza, responda com amabilidade.
Se lhe dão indiferença, doe atenção.
Se lhe ofertam mau humor, retribua com gentileza.
Se lhe tratam com rancor, responda com ternura.
Se lhe presenteiam com o ódio, anule-o com o amor.
Agindo assim você será realmente grande, pois quanto mais alguém se aproxima
da perfeição, menos a exige dos outros.

Um ângulo especial

Era uma manhã de um dia de semana, desses de céu aberto e muito sol. Um
trabalhador dirigiu-se para seu local de trabalho.
Passando em frente a um templo religioso, decidiu entrar. Era uma sala muito
ampla e ele sentou num dos últimos lugares, bem ao fundo.Ali se pôs a fazer a
sua oração cheia de vida, dialogando com Jesus.
Ouviu, então, em meio ao silêncio, a voz de alguém, cuja presença não tinha
percebido: "escute, venha aqui. Venha ver a rosa."
Ele olhou para os lados, para frente, e viu uma pessoa sentada num dos
primeiros lugares. Levantou-se e a voz falou outra vez:
"Venha ver a rosa."
Embora sem entender, ele se dirigiu até a frente e percebeu que sobre a mesa
havia realmente um vaso, no qual estava uma linda rosa.
Parou e começou a observar o homem maltrapilho que, vendo-o hesitante,
insistiu: "venha ver a rosa."
Sim, estou vendo a rosa, respondeu. Por sinal, muito bonita.
Mas o homem não se conformou e tornou a dizer:
"Não, sente-se aqui ao meu lado e veja a rosa."
Diante da insistência, o trabalhador ficou um tanto perturbado. Quem seria
aquele homem maltrapilho? O que desejaria com ele com aquele convite? Seria
sensato sentar-se ali, ao lado dele? Finalmente, venceu as próprias
resistências, e se sentou ao lado do homem.
"Veja agora a rosa, falou feliz o maltrapilho."
De fato, era um espetáculo todo diferente. Exatamente daquele lugar onde se
sentara, daquele ângulo, podia ver a rosa colocada sobre um vaso de cristal, num
colorido de arco-íris.
Dali podia-se perceber um raio de luz do sol que vinha de uma das janelas e
se refletia naquele vaso de cristal, decompondo a luz e projetando um colorido
especial sobre a rosa, dando-lhe efeitos visuais de um arco-íris.
E o trabalhador, extasiado, exclamou: é a primeira vez que vejo uma rosa em
cores de arco-íris. Mas, se eu não tivesse me sentado onde estou, se não tivesse
tido a coragem de me deslocar de onde estava, de romper preconceitos, jamais
teria conseguido ver a rosa, num espetáculo tão maravilhoso.
É preciso saber olhar o outro de um prisma diferente do nosso.
O amor assume coloridos diversos, se tivermos coragem de nos deslocar de
nosso comodismo, de romper com preconceitos, para ver a pessoa do outro de modo
diferente e novo.
Há uma rosa escondida em toda pessoa que não estamos sendo capazes de
enxergar.
Há necessidade de sairmos de nós mesmos, de nos dispormos a sentar em um
lugar incômodo, de deixar de lado as prevenções, para poder ver as rosas do
outro, de um ângulo diferente.
Realizemos esta experiência, hoje, em nossas vidas. Procuremos aceitar que
podemos ver um colorido diferente onde, para nós, nada havia antes, ou talvez,
de acordo com nosso modo de pensar, jamais poderiam ser vistas outras cores.

Atitude no lar

Certa vez uma criança de sete anos perguntou à sua mãe, que era famosa
apresentadora de programa de TV:
- Mãe, por que na tela da televisão você sempre aparece sorrindo e feliz e
em casa está sempre séria e nervosa?
A mãe, pega de surpresa, respondeu:
- É porque na televisão eu sou paga para sorrir.
E a filha, mais que depressa, tornou a perguntar:
- Mãe, quanto você quer ganhar para sorrir também em nossa casa?
A pergunta da garotinha nos oferece motivos de reflexão.
Por que não sorrir no melhor lugar do mundo, que é o nosso lar? Por que não
dar para os nossos tesouros mais preciosos, o melhor?
Você já parou para observar um irrigador de grama em funcionamento?
Girando, ele irriga toda a grama à sua volta. Mas quando chegamos mais
perto, observamos que a grama que está próxima do irrigador, está seca.
O irrigador molha a grama que está distante de si, mas não consegue molhar a
grama que está mais próxima.
Será que em nossa família estamos agindo à semelhança do irrigador de grama?
Se estamos, é hora de mudar com urgência. Verifiquemos que quando um amigo
vem à nossa casa, colocamos um sorriso no rosto.
Procuramos ser prestativos, companheiros, perguntamos como ele está, o que
tem feito. Somos extremamente simpáticos. Nosso rosto é a própria expressão da
alegria e da camaradagem. Batemos carinhosamente em suas costas. Olhamos com
respeito e amizade nos seus olhos. Sorrimos e sorrimos muito.
Toda nossa atenção, durante o tempo em que ele está conosco, é para ele.
Deixamos as nossas atividades habituais, largamos o jornal, deixamos de assistir
o programa de tv que tanto gostamos.
Termina a conversa, o amigo precisa ir embora e despedimo-nos. Acompanhamo-
lo até à porta, ficamos acenando até ele desaparecer na rua.
Agora, voltamos para o interior da nossa casa e para nossa família.
Como que num passe de mágica, nosso rosto se fecha, ficamos carrancudos.
Vamos ler nosso jornal em silêncio, e que ninguém nos perturbe. Passamos a
ser outra pessoa. Junto ao amigo somos pessoas simpáticas e sorridentes. Junto à
nossa família somos antipáticos e exigentes. Por que?
Será que os nossos amores não merecem a nossa atenção e o nosso carinho?
Pense nisso!
Se você se deu conta que está agindo mais ou menos como um irrigador de
grama, reverta logo a situação.
Ainda hoje, enquanto você está com seus filhos, sua esposa, seus pais, seja
alegre.
Converse. Interesse-se pela vida deles. O que eles fazem enquanto você está
na escola, no trabalho, na rua?
Eles estão com algum problema? Gostariam de contar?
Sorria. Conte histórias de bom conteúdo. Relate fatos de sua experiência. E
sorria.
Sobretudo, abrace com carinho, beije com amor.
Agindo assim, nossa casa se transformará em um lar.
E ainda hoje seremos mais felizes.

Amor sem ilusão

Conta-se que um jovem caminhava pelas montanhas nevadas da velha Índia,
absorvido em profundos questionamentos sobre o amor, sem poder solucionar suas
ansiedades.
Ao longo do caminho, à sua frente, percebeu que vinha em sua direção um
velho sábio.
E porque se demorasse em seus pensamentos sem encontrar uma resposta que lhe
aquietasse a alma, resolveu pedir ao sábio que o ajudasse.
Aproximou-se e falou com verdadeiro interesse:
- Senhor, desejo encontrar minha amada e construir com ela uma família com
bases no verdadeiro amor.
- Todavia, sempre que me vem à mente uma jovem bela e graciosa e eu a olho
com atenção, em meus pensamentos ela vai se transformando rapidamente.
- Seus cabelos tornam-se alvos como a neve, sua pele rósea e firme fica
pálida e se enche de profundos vincos.
- Seu olhar vivaz perde o brilho e parece perder-se no infinito. Sua forma
física se modifica acentuadamente e eu me apavoro.
- Desejo saber, meu sábio, como é que o amor poderá ser eterno, como falam
os poetas?
Nesse mesmo instante aproxima-se de ambos uma jovem envolta em luto,
trazendo no rosto expressões de profunda dor.
Dirige-se ao sábio e lhe fala com voz embargada:
- Acabo de enterrar o corpo de meu pai que morreu antes de completar 50
anos.
- Sofro porque nunca poderei ver sua cabeça branca aureolada de
conhecimentos. Seu rosto marcado pelas rugas da experiência, nem seu olhar
amadurecido pelas lições da vida.
- Sofro porque não poderei mais ouvir suas histórias sábias nem contemplar
seu sorriso de ternura.
- Não verei suas mãos enrugadas tomando as minhas com profundo afeto.
- Nesse momento o sábio dirigiu-se ao jovem e lhe falou com serenidade:
- Você percebe agora as nuanças do amor sem ilusões, meu jovem?
- O amor verdadeiro é eterno porque não se apega ao corpo físico, mas se
afeiçoa ao ser imortal que o habita temporariamente.
- É nesses sentimentos sem ilusões nem fantasias que reside o verdadeiro e
eterno amor.
A lição do velho sábio é de grande valia para todos nós que buscamos as
belezas da forma física sem observar as grandezas da alma imortal.
O sentimento que valoriza somente as aparências exteriores não é amor, é
paixão ilusória.
O amor verdadeiro observa, além da roupagem física que se desgasta e morre,
a alma que se aperfeiçoa e a deixa quando chega a hora, para prosseguir vivendo
e amando, tanto quanto o permita o seu coração imortal.
Pense nisso!
As flores, por mais belas que sejam, um dia emurchecem e morrem... Mas o seu
perfume permanece no ar e no olfato daqueles que o souberam guardar em frascos
adequados.
O corpo humano, por mais belo e cheio de vida que seja, um dia envelhece e
morre.
Mas as virtudes do espírito que dele se liberta continuam vivas nos
sentimentos daqueles que as souberam apreciar e preservar, no frasco do coração.
Pensemos nisso!

O Amor não seleciona

Era um casal sem filhos. Os anos se somavam e, por mais tentassem, a
gravidez nunca se consumava. Aderiram a sugestões e buscaram exames mais
sofisticados que lhes apontaram, enfim, a total impossibilidade de um dia se
tornarem pais dos próprios filhos.
Optaram pela adoção e se inscreveram em um programa do município, ficando à
espera.
Certo dia, a notícia chegou inesperada pelo telefone. "temos uma criança.
Vocês são os próximos da lista. Venham vê-la."
Rapidamente se deslocaram para o local. Pelo caminho se perguntavam: "como
será o bebê? Louro? Cabelos castanhos? Miúdo? Olhos negros? Menino ou menina?"
Tal fora a alegria na recepção da notícia, que se haviam esquecido de
indagar de detalhes.
Vencida a distância, foram recepcionados pela assistente social que os levou
ao berçário e apontou um dos bercinhos.
O que eles puderam ver era uma coisinha miúda embrulhada em um cobertor.
Mas a servidora pública esclareceu: "trata-se de um menino. É importante que
vocês o desembrulhem e olhem. Não sei o que acontece pois vários casais o vieram
ver e não o levaram.
Se vocês não o quiserem, chamaremos o casal seguinte da lista."
Marido e mulher se olharam, ele segurou a mão dela e falou: "querida, talvez
a criança seja deficiente ou enfermo. Pense, se fosse nosso filho, se o
tivéssemos aguardado nove meses, se ele tivesse sido gerado em seu ventre,
alimentado por nossas energias, o amaríamos, não importando como fosse.
Por isso, se Deus nos colocou em seu caminho, ele é para nós e o levaremos,
certo?"
A emoção tomou conta da jovem. Estreitaram-se num amplexo demorado. É nosso
filho, desde já." Foi a resposta.
A enfermeira lhes trouxe o pequeno embrulho. Era um menino de cor negra. A
desnutrição esculpira naquele corpo frágil uma obra esquelética, com as miúdas
costelas à mostra.
Levaram-no para casa. A primeira mamada foi emocionante. O garotinho sugou
com sofreguidão. Pobre ser! Quanta fome passara. Talvez fosse a primeira vez que
bebesse leite.
No transcorrer das semanas, o casal descobriu que o pequeno era um poço de
enfermidades complicadas. Meses depois, foi a descoberta de uma deficiência
mental.
Na medida em que mais problemas surgiam, mais o amavam.
Já se passaram cinco anos. O garoto, ao influxo do amor, venceu a
desnutrição e as enfermidades.
Carrega a deficiência, mas aprendeu a falar, embora com dificuldade, e todas
as noites quando se recolhe ao leito, enquanto os pais o ensinam a orar ao
Senhor Jesus, em gratidão pelo dia vencido, ele abraça, espontâneo a um e outro
e diz: "mamãe, papai, amo vocês."
Haverá na Terra recompensa maior do que a que se expressa na espontaneidade
de um espírito reconhecido na inocência da infância?
Você sabia?
Você sabia que o filho deficiente necessita muito dos pais? Que todo
espírito que chega ao nosso lar com deficiência e limitação necessita do nosso
amor para que se recupere e supere a própria dificuldade?
O filho deficiente é sempre compromisso para a existência dos pais.
Amemos, pois, os nossos filhos, sejam eles jóias raras de beleza e
inteligência ou diamantes brutos, necessitados de lapidação para que se lhes
descubra a riqueza oculta.

Os Anjos

O menino voltou-se para a mãe e perguntou:
- Os anjos existem mesmo? Eu nunca vi nenhum.
Como ela lhe afirmasse a existência deles, o pequeno disse que iria andar
pelas estradas, até encontrar um anjo.
- É uma boa idéia, falou a mãe. Irei com você.
Mas você anda muito devagar, argumentou o garoto. Você tem um pé aleijado.
A mãe insistiu que o acompanharia. Afinal, ela podia andar muito mais
depressa do que ele pensava.
Lá se foram. O menino saltitando e correndo e a mãe mancando, seguindo
atrás.
De repente, uma carruagem apareceu na estrada. Majestosa, puxada por lindos
cavalos brancos. Dentro dela, uma dama linda, envolta em veludos e sedas, com
plumas brancas nos cabelos escuros. As jóias eram tão brilhantes que pareciam
pequenos sóis.
Ele correu ao lado da carruagem e perguntou à senhora:
- Você é um anjo?
Ela nem respondeu. Resmungou alguma coisa ao cocheiro que chicoteou os
cavalos e a carruagem sumiu na poeira da estrada.
Os olhos e a boca do menino ficaram cheios de poeira. Ele esfregou os olhos
e tossiu bastante. Então, chegou sua mãe que limpou toda a poeira, com seu
avental de algodão azul.
- Ela não era um anjo, não é, mamãe?
- Com certeza, não. Mas um dia poderá se tornar um, respondeu a mãe.
Mais adiante uma jovem belíssima, em um vestido branco, encontrou o menino.
Seus olhos eram estrelas azuis e ele lhe perguntou:
- Você é um anjo?
Ela ergueu o pequeno em seus braços e falou feliz:
- Uma pessoa me disse ontem à noite que eu era um anjo.
Enquanto acariciava o menino e o beijava, ela viu seu namorado chegando.
Mais do que depressa, colocou o garoto no chão. Tudo foi tão rápido que ele não
conseguiu se firmar bem nos pés e caiu.
- Olhe como você sujou meu vestido branco, seu monstrinho! Disse ela,
enquanto corria ao encontro do seu amado.
O menino ficou no chão, chorando, até que chegou sua mãe e lhe enxugou as
lágrimas com seu avental de algodão azul.
Aquela moça, certamente, não era um anjo.
O garoto abraçou o pescoço da mãe e disse estar cansado.
- Você me carrega?
- É claro, disse a mãe. Foi para isso que eu vim.
Com o precioso fardo nos braços, a mãe foi mancando pelo caminho, cantando a
música que ele mais gostava.
Então o menino a abraçou com força e lhe perguntou:
- Mãe, você não é um anjo?
A mãe sorriu e falou mansinho:
- Imagine, nenhum anjo usaria um avental de algodão azul como o meu.
Anjos são todos os que na Terra se tornam guardiões dos seus amores. São
mães, pais, filhos, irmãos que renunciam a si próprios, a suas vidas em
benefício dos que amam.
As mães, sobretudo, prosseguem a se doar e velar por seus filhos, mesmo além
da fronteira da morte, transformando-se em espíritos protetores daqueles que na
terra ficaram, como pedaços de seu próprio coração.

Aprender a Florescer

Ela era uma jovem das famílias mais ricas de Los Angeles. Prestes a se
casar, seu noivo foi convocado para o Vietnã. Antes, deveria passar por um
treinamento de um mês.
Enamorada, ela optou por antecipar o casamento e partir com ele. Ao menos
poderia passar o mês do treinamento próximo dele, antes de sua partida para
terras tão longínquas e perigosas.
Próximo à base do deserto da Califórnia onde se daria o treinamento, havia
uma aldeia abandonada de índios Navajos e uma das cabanas foi especialmente
preparada para receber o casal.
O primeiro dia foi de felicidade. Ele chegou cansado, queimado pelo sol de
até 45 graus. Ela o ajudou a tirar a farda e deitar-se. Foi romântico e
maravilhoso.
Ao final da semana estava infeliz e ao fim de dez dias estava entrando em
desespero.
O marido chegava exausto do treinamento que começava às cinco horas da manhã
e terminava às dez horas da noite. Ela era viúva de um homem vivo, sempre
exaurido. Escreveu para a mãe, dizendo que não agüentava mais e perguntando se
deveria abandoná-lo.
Alguns dias depois, recebeu a resposta. A velha senhora, de muito bom senso
lhe enviou uma quadrinha em versos livres que dizia mais ou menos assim:
"Dois homens viviam em uma cela de imunda prisão. Um deles olhava para o
alto e enxergava estrelas. O outro, olhava para baixo e somente via lama.
Abraços. Mamãe."
A jovem entendeu. Ela e o marido estavam em uma cela, cada um a seu modo.
Ver as estrelas ou contemplar a lama era sua opção.
Pela primeira vez, em vinte dias de vida no deserto, ela saiu para conhecer
os arredores.
Logo adiante surpreendeu-se com a beleza de uma concha de caracol. Ela
conhecia conchas da praia, mas aquelas eram diferentes, belíssimas.
Quando seu marido chegou naquela noite, quase que ela nem o percebeu tão
aplicada estava em separar e classificar as conchas que recolhera durante todo o
dia.
Quando terminou o treinamento e ele foi para a guerra, ela decidiu
permanecer ali mesmo. Descobrira que o deserto era um mar de belezas.
De seus estudos e pesquisas resultou um livro que é considerado a obra mais
completa acerca de conchas marinhas, porque o deserto da Califórnia um dia foi
fundo de mar e é um imenso depósito de fósseis e riquezas minerais.
Mais tarde, com o retorno do esposo do Vietnã, ela voltou a Los Angeles com
a vida enriquecida por experiências salutares. Tudo porque ela aprendera a
florescer onde Deus a colocara.
Existem flores nos jardins bem cuidados. Existem flores agrestes em pleno
coração árduo do deserto.
Existem flores perdidas pelas orlas dos caminhos, enfeitando veredas
anônimas.
Muitas sementes manifestam sua vida florescendo a partir de um pequeno grão
de terra, perdido entre pedras brutas, demonstrando que a sabedoria está em
florescer onde se é plantado.
Florescer, mesmo que o jardineiro sejam os ventos graves ou as águas
abundantes.
Florescer, ainda que e as condições de calor e umidade nem sempre sejam as
favoráveis...

O Amor Perfeito

Ele era um amante da natureza. Por este motivo, adquiriu uma grande porção
de terra, contratou jardineiros e decidiu instalar um maravilhoso jardim.
Em sua mente, idealizou flores em meio a lençóis de verdura e árvores
exóticas. Romântico, imaginou cores variadas em ramalhetes perfumados, ao lado
de árvores grandes e pequenas, com flores e frutos em abundância.
Não mediu esforços, nem recursos. Consultou entendidos de toda sorte, pois
desejava que o seu jardim se tornasse um lugar extremamente agradável, onde as
pessoas pudessem respirar ar puro, perfume e ficassem felizes com a beleza.
Esperava que artistas nele se inspirassem para criar obras lindíssimas e que
os poetas nele encontrassem inspiração para versos imortais.
Transcorrido o tempo, foi visitar o jardim, cogitando de como seria o dia em
que pudesse ofertá-lo ao público.
Qual não foi a sua surpresa, ao descobrir que as flores não haviam
florescido, nem as árvores frutificado. Tudo parecia dormir, como num encantado
conto de fadas.
Arbustos, árvores e flores definhavam e pareciam morrer. Foi então que
indagando das causas, o carvalho disse que estava morrendo porque não podia ser
tão majestoso e alto quanto o pinheiro.
Já o pinheiro murchava porque não conseguia dar uvas como a parreira e esta
se mostrava encolhida e triste, por não poder desabrochar como a roseira.
Todos tendiam a invejar o porte, a esbeltez, a beleza do outro ou a sua
capacidade de florir ou frutificar.
Em meio a tanta lamentação, o homem descobriu, no entanto, uma planta
florida e viçosa. Era o amor-perfeito, que lhe disse: "supus que, quando fui
plantado, você queria um amor-perfeito. Se quisesse uma pereira, um carvalho ou
um pequeno arbusto os teria plantado. Então pensei que se não posso ser ninguém
além de eu mesmo, tentarei ser o que sou da melhor maneira possível."
Crescer e florescer onde Deus nos colocou é medida de sabedoria.
Cada um reconhecer que tem seu próprio valor e um especial papel no jardim
imenso que é a Terra que o Pai nos concedeu para nosso crescimento, é norma de
felicidade.
Descobrir seu potencial e sentir-se feliz em realizar o que sabe, o que
pode, onde está, deve se constituir sempre motivo de alegrias.
É bom pensarmos que não existe, em todo o universo, outra criatura igual a
nós. Cada indivíduo é único.
Ninguém que tenha o nosso idêntico tom de voz, a nossa vibração, o exato
ponto da nossa emoção e sensibilidade.
Ninguém que possa fazer o que podemos e devemos fazer porque cada um é um
ser especialmente concebido por Deus, para atuar no concerto da criação,
exalando o seu perfume, ofertando os seus frutos e felicitando as criaturas.
Mesmo no deserto florescem espécies de flores para atender o viajor
necessitado, demonstrando que Deus atenta para detalhes e tudo dispõe no lugar
devido.
À semelhança das plantas do deserto, ofertemos à vida o que de melhor
tenhamos, onde nos situemos, mesmo que nos sintamos em pleno deserto de corações
que nos amem ou que se recordem de nos gratificar com sua atenção.

Autoridade x Responsabilidade

Quanto pesa a responsabilidade de um cargo?
Observa-se que muitos perseguem nomeações para cargos e disputam, com ardor,
lugares que lhes conferirão autoridade sobre outros.
Contudo, quando assumem postos de comando se esquecem dos objetivos reais
para os quais foram ali colocados, passando a agir em seu próprio favor.
Tal posição nos recorda a história de um homem que foi nomeado mandarim, uma
espécie de conselheiro na China.
Envaidecido com a nova posição, pensou em mandar confeccionar roupas novas.
Seria um grande homem, agora. Importante.
Um amigo lhe recomendou que buscasse um velho sábio, um alfaiate especial
que sabia dar a cada cliente o corte perfeito.
Depois de cuidadosamente anotar todas as medidas do novo mandarim, o
alfaiate lhe perguntou há quanto tempo ele era mandarim. A informação era
importante para que ele pudesse dar o talhe perfeito à roupa.
Ora, perguntou o cliente, o que isso tem a ver com a medida do meu manto?
Paciente, o alfaiate explicou: "a informação é preciosa. É que um mandarim
recém-nomeado fica tão deslumbrado com o cargo que anda com o nariz erguido, a
cabeça levantada. Nesse caso, preciso fazer a parte da frente maior que a de
trás.
Depois de alguns anos, está ocupado com seu trabalho e os transtornos
advindos de sua experiência. Torna-se sensato e olha para diante para ver o que
vem em sua direção e o que precisa ser feito em seguida. Para esse costuro um
manto de modo que fiquem igualadas as partes da frente e a de trás.
Mais tarde, sob o peso dos anos, o corpo está curvado pela idade e pelos
trabalhos exaustivos, sem se falar na humildade que adquiriu pela vida de
esforços. É o momento de eu fazer o manto com a parte de trás mais longa.
Portanto, preciso saber há quanto tempo o senhor está no cargo para que a roupa
lhe assente perfeitamente."
O homem saiu da loja pensando muito mais nos motivos que levaram seu amigo a
lhe indicar aquele sábio alfaiate, e menos no manto que viera encomendar.
Cargos e funções, são sempre responsabilidades que nos são oferecidas pela
divindade para nosso progresso. Não há motivo para vaidade, acreditando-se
superior ou melhor que os outros.
Quando Pilatos assegurou a Jesus que tinha o poder de vida e morte, e que em
suas mãos estava o destino de suas horas seguintes, o Mestre alertou-o dizendo:
"Procurador, a autoridade de que desfrutas não é tua; foi-te concedida e poderá
ser-te retirada."
De fato isso veio a acontecer.
Apenas poucos anos após a morte de Jesus, o poder de Roma retirou do
procurador da Judéia, Pôncio Pilatos, toda a autoridade. Ele perdeu o cargo, o
prestígio, e tudo que acreditava fosse eterno em suas mãos.
Toda autoridade deve se centralizar no amor e na vida exemplar, a fim de se
fazer real.
A autoridade de que nos vejamos investidos deve ser exercida sem jamais
ferir a justiça.
No desempenho dos nossos deveres, recordemos que só uma autoridade é
soberana: aquela que procede de Deus, por ser a única legítima.

Aproveitar a Vida

Você aproveita a vida?
É muito comum ouvir as pessoas, e principalmente os jovens, dizendo que
querem aproveitar a vida. E isso geralmente é usado como desculpa para eximir-se
de assumir responsabilidades.
Mas, afinal de contas, o que é aproveitar a vida?
Para uns é matar-se aos poucos com as comilanças, bebidas alcoólicas, fumo e
outras drogas.
Para outros é arriscar a vida em esportes perigosos, noitadas de orgias,
saciedade dos desejos físicos.
Talvez isso se dê porque muitos de nós não sabemos porque estamos na Terra.
E por essa razão desperdiçamos a vida em vez de aproveitá-la.
Certo dia, um jovem que trabalhava em uma repartição pública na companhia de
outros colegas que costumavam reunir-se todos os finais de expediente para beber
e fumar a vontade, foi convidado a acompanhá-los.
Ele agradeceu e disse que não bebia e que também não lhe agradava a fumaça
do cigarro. Os demais riram-se dele e lhe perguntaram, com ironia, se a religião
não lhe permitia, ao que ele respondeu: "a minha inteligência é que me impede de
fazer isso."
E que inteligência é essa que não lhe permite aproveitar a vida? Perguntaram
os colegas.
O rapaz respondeu com serenidade: "e vocês acham que eu gastaria o dinheiro
que ganho para me envenenar?
Vocês se consideram muito espertos, mas estão pagando para estragar a
própria saúde e encurtar a vida, que para mim é preciosa demais.
Observando as coisas sob esse ponto de vista, poderemos considerar que
aproveitar a vida é dar-lhe o devido valor.
É investir os minutos preciosos que Deus nos concede em atividades úteis e
engrandecedoras.
Quando dedicamos as nossas horas na convivência salutar com os familiares,
estamos bem aproveitando a vida.
Quando fazemos exercícios, nos distraímos no lazer, na descontração
saudável, estamos dando valor à vida.
Quando estudamos, trabalhamos, passeamos, sem nos intoxicar com drogas e
excessos de toda ordem, estamos aproveitando de forma inteligente as nossas
existências.
Quando realmente gostamos de alguma coisa, fazemos esforços para preservá-
la. Assim também é com relação a vida. E não nos iludamos de que a estaremos
aproveitando acabando com ela.
Se você é partidário dessa idéia, vale a pena repensar com seriedade em que
consiste o aproveitamento da vida.
E se você acha que os vícios lhe pouparão a existência, visite alguém que
está se despedindo dela graças a um câncer de pulmão provocado pelo cigarro.
Converse com quem entrega as forças físicas a uma cirrose hepática causada
pelos alcoólicos.
Ouça um guloso inveterado que se encontra no cárcere da dor por causa dos
exageros de mesa.
Visite um infeliz que perdeu a liberdade e a saúde para as drogas que lhe
consomem lentamente.
Observando a vida através desse prisma, talvez você mude o seu conceito
sobre "aproveitar a vida".
"A vida é um poema de beleza, cujos versos são constituídos de propostas de
luz, escritas na partitura da natureza, que lhe exalta a presença em toda parte.
Em conseqüência, a oportunidade da existência física constitui um quadro a
parte de encantamento e conquistas, mediante cuja aprendizagem o espírito se
embeleza e alcança os altos planos da realidade feliz."

Amor de Mãe

Foi em dezembro de 1944 que tudo começou. Caminhões chegaram no campo de
concentração de Bergen-Belsen e despejaram 54 crianças. A mais velha tinha 14
anos e havia muitos bebês.
No alojamento das mulheres, Luba Gercak dormia. Acordou sua vizinha de
beliche e lhe perguntou: "está escutando?" É choro de criança."
A outra lhe disse que voltasse a dormir. Ela devia estar sonhando. Todos
conheciam a história de Luba. Ainda adolescente se casara com um marceneiro e
tiveram um filho, Isaac.
Quando veio a guerra, os nazistas lhe arrancaram dos braços o filho de três
anos e o jogaram em um caminhão, junto com outras crianças e velhos. Todos
inúteis para o trabalho e, portanto, com destino certo: a câmara de gás.
Logo mais, ela pôde ver um outro caminhão arrastando o corpo, sem vida, do
marido.
No primeiro momento, desistira de viver. Depois a fé lhe visitou a alma e
ela percebeu que Deus esperava muito mais dela. Então, passou a ser voluntária
nas enfermarias.
Agora, Luba ouvia choro de crianças. Quem seriam?
Abriu a porta do alojamento e viu meninos, meninas, bebês apinhados, em
choro, no meio do campo. Separados de seus pais, se encontravam desnorteados e
tinham fome e frio.
Luba as trouxe para dentro. E porque protestassem as demais ocupantes do
infecto alojamento, ela as repreendeu, dizendo: "vocês não são mães? Se fossem
seus filhos, diriam para que eu os deixasse morrer de frio? Eles são filhos de
alguém."
Em verdade, o que suas companheiras temiam era a fúria dos soldados da SS.
Luba agradeceu a Deus por ter lhe enviado aquelas crianças. O seu filho
morrera, mas faria tudo para que aquelas crianças vivessem.
Foi até o oficial da SS no acampamento e lhe contou o que fizera. Pôs sua
mão no braço dele e suplicou. Ele se deu conta que ela o tocara, o que era
proibido, e lhe aplicou um soco em pleno rosto, fazendo-a cair.
Ela se levantou, o lábio sangrando e falou: "sou mãe. Perdi meu filho em
Auschwitz. Você tem idade para ser avô. Por que há de querer maltratar crianças
e bebês?"
"Fique com elas", foi a resposta seca do oficial.
Mas ficar com elas não era suficiente. Era necessário alimentá-las. Nos dias
que se seguiram, todas as manhãs, ela ia ao depósito, à cozinha, à padaria,
implorando, barganhando e roubando alimentos.
Os meninos ficavam à janela e quando a viam chegar diziam uns aos outros:
"lá vem irmã Luba. Ela traz comida pra nós!"
À noite, ela cantava canções de ninar e as abraçava. Era a mãe que lhes
faltava. As crianças, que falavam holandês, não entendiam as palavras de Luba,
que era polonesa, mas compreendiam seu amor.
Em 15 de abril de 1945, os tanques britânicos entraram no campo, vitoriosos
e em seis idiomas passaram a rugir os alto-falantes: "estão livres! Livres!"
Luba conseguira salvar 52 das 54 crianças que adotara como filhos do
coração.
Você sabia?
Que em abril de 1995, 50 anos após a libertação, cerca de 30 homens e
mulheres se reuniram na prefeitura de Amsterdã para homenagear aquela mulher?
Recebeu, em nome da rainha beatriz, a medalha de prata por serviços
humanitários.
No entanto, declarou que sua maior recompensa era estar com aqueles seus
filhos que, com o apoio de Deus, conseguira salvar da sombra dos campos da
morte.
Por isso tudo nunca pensemos que somos muito pequenos para lutar pelas
grandes causas ou que estamos sós. Quem batalha pela justiça, tem um insuperável
aliado que se chama Deus, nosso Pai.

Que aparência tem os espíritos?

Você já pensou em como é a aparência dos espíritos depois da morte?
Terão a aparência de fantasmas?
Serão como uma nuvem de fumaça?
Ou será que se apresentam como uma assombração?
Nenhuma das alternativas está correta. Os espíritos mantêm a aparência que
tinham quando encarnados no corpo físico.
Já tivemos notícias de vários casos de aparições de espíritos em todo o
mundo. E, em todos os casos, que se tornaram célebres, as pessoas que tiveram as
visões afirmam que o espírito tinha um corpo.
Podem ter uma luminosidade diferente, mas a aparência é de um ser humano.
Um dos casos bem conhecido de todos nós é o encontro de Jesus com os
espíritos de Moisés e Elias.
Diante de Jesus e dos apóstolos Pedro, Tiago e João, esses dois espíritos se
tornam visíveis e com a mesma aparência que tinham quando seu corpo era de
carne.
Outro exemplo é do próprio Cristo. Após a crucificação Ele surge entre os
apóstolos e convive com eles por longo tempo.
Sua aparência era a mesma de antes, a tal ponto que todos o reconheceram.
Assim, podemos eliminar das nossas mentes essas idéias distorcidas de que os
espíritos têm forma diversa da que tinham quando encarnados.
Mas, se é verdade que o corpo físico fica no túmulo, que corpo é esse que
mantem a mesma forma?
A verdade é que nós somos formados por três elementos:
O Espírito, o corpo físico, e o perispírito.
O perispírito é o que Paulo, apóstolo, chamava de corpo espiritual. É
formado de matéria sutil, imperceptível aos olhos comuns, mas visível aos que
têm a faculdade mediúnica chamada vidência.
E não é só a aparência exterior que conservamos após a desencarnação.
Mantemos também todas as condições psíquicas que tínhamos na véspera.
Nada dá saltos em a natureza. E com o espírito não poderia ser diferente.
Saindo do corpo físico sem sair da vida, a criatura busca seus interesses,
no outro plano, e segue vivendo da mesma forma que viveu até o túmulo.
Se assim é, todos os esforços que empreendermos para nos aperfeiçoarmos
intelectual e moralmente, ainda hoje, não serão em vão.
Você sabia?
Você sabia que o perispírito é conhecido desde a mais remota antigüidade?
Pitágoras o denominava como carne sutil da alma.
Aristóteles o chamava corpo sutil e etéreo.
Orígenes identificava-o como aura.
Paracelso, no século 16, detectou-o sob a designação de corpo astral.
Como podemos perceber, esse corpo com o qual se mostram os espíritos, já era
muito bem conhecido, embora com denominações diferentes.
Allan Kardec, ao codificar a Doutrina Espírita chamou-o de perispírito.

Apelo da Esperança

Minha querida amiga,
Hoje, estou escrevendo especialmente para você. Tenho acompanhado os seus
últimos dias, e muito tem me preocupado a tristeza e a surda revolta que
encontrei em seu olhar.
Não me passaram desapercebidas as suas preocupações e medos e, apesar de
ter-me colocado ao seu lado, abrindo os meus braços para confortá-la, você
passou ao largo, sem abrir o seu coração ao meu.
Por isso estou aqui, insistindo com você! Não desista!
A notícia da gestação inesperada surpreendeu-a com violência e você olha ao
seu redor sem encontrar um caminho seguro para seguir.
Aquele que compartilhou com você as horas mornas dos prazeres fáceis,
talvez, não queira saber mais da sua companhia e, muito menos ainda, do fruto do
instante que já é passado.
Sua família talvez não queira saber dos seus problemas e, como de outras
vezes, apenas lhe virará as costas, dizendo que plantou e agora faz a colheita.
Mas, amiga querida, o que cresce em seu íntimo não é um problema: - é seu
filho!
Uma alma cara ao seu coração, um amor que volta aos seus braços para
acompanhar-lhe os dias que ainda estão para serem vividos.
Não aborte! Não mate a felicidade que bate às portas de sua alma, pedindo-
lhe pouso seguro!
Pela sua mente passam imagens de todos os prazeres que terá que abandonar em
nome de uma condição indesejada: as festas, os encontros, a liberdade de ir e
vir como queria e com quem queria...
Pensa em seu corpo... Em vê-lo deformado, em perder a forma cobiçada, no
desconforto, na dor, no parto.
Pensa nas despesas...nos gastos...
Mas eu sei!...eu sei de você! Sei que traz tantas coisas guardadas dentro do
coração, tantos sonhos que não compartilha com ninguém, tanta doçura que não
expressa...
Amiga, eu a conheço! Sei que tem fome de amor, desse amor profundo e sem
jaça que procurou nos braços de tantos que não a compreenderam e que muitas
vezes, desprezam o seu valor.
Aquele que retorna pelo seu ventre também sabe, por isso, escolheu-a para
chamá-la pelo mais sublime nome humano que já pousou nos lábios dos seres que
habitam essa Terra: mãe!
Reconheço que não terá dias fáceis, que alguns serão de noites sem estrelas.
Prometo, contudo, estar ao seu lado e ao lado de seu filho, observando,
alegre, seu ventre crescer, pleno de vida!
E digo mais: não contará apenas com a minha presença, mas, com a presença de
muitos que a amam e que velam pela sua paz e pela paz de seu filho!
Não desista de ser feliz! Não aborte seu sonho! Não mate seu filho, para o
seu próprio bem!
Com todo o carinho de meu coração.
Sua amiga e companheira eterna:
A esperança.

O Ateu

Conta um articulista que um farmacêutico se dizia ateu e vangloriava-se de
seu ateísmo. Deus, com certeza, deveria ser uma quimera, uma dessas fantasias
para enganar a pessoas incautas e menos letradas.
Talvez alguns mais desesperados que necessitassem de consolo e esperança.
Um dia, no quase crepúsculo, uma garotinha adentrou sua farmácia. Era loira,
de tranças e trazia um semblante preocupado. Estendeu uma receita médica e pediu
que a preparasse.
O farmacêutico, embora ateu, era homem sensível e emocionou-se ao verificar
o sofrimento daquela pequena, que, enquanto ele se dispunha a preparar a
fórmula, assim se expressava:
Prepare logo, moço, o médico disse que minha mãe precisa com urgência dessa
medicação.
Com habilidade, pois era muito bom em seu ofício, o farmacêutico preparou a
fórmula, recebeu o pagamento e entregou o embrulho para a menina, que saiu
apressada, quase a correr.
Retornou o profissional para as suas prateleiras e preparou-se para
recolocar nos seus lugares os vidros dos quais retirara os ingredientes para
aviar a receita.
É quando se dá conta, estarrecido, que cometera um terrível engano. Em vez
de usar uma certa substância medicamentosa, usara a dosagem de um violento
veneno, capaz de causar a morte a qualquer pessoa.
As pernas bambearam. O coração bateu descompassado. Foi até a rua e olhou.
Nem sinal da pequena. Onde procurá-la? O que fazer?
De repente, como se fosse tomado de uma força misteriosa, o farmacêutico se
indaga:
E se Deus existir...?
Coloca a mão na fronte e roga:
- Deus, se existes, me perdoa. Faze com que aconteça alguma coisa, qualquer
coisa para que ninguém beba daquela droga que preparei. Salva-me, Deus, de
cometer um assassinato involuntário.
Ainda se encontrava em oração, quando alguém aciona a campainha do balcão.
Pálido, preocupado, ele vai atender.
Era a menina das tranças douradas, com os olhos cheios de lágrimas e uns
cacos de vidro na mão.
- Moço, pode preparar de novo, por favor? Tropecei, cai e derrubei o vidro.
Perdi todo o remédio. Pode fazer de novo, pode?
O farmacêutico se reanima. Prepara novamente a fórmula, com todo cuidado e a
entrega, dizendo que não custa nada. Ainda formula votos de saúde para a mãe da
garota.
Desse dia em diante, o farmacêutico reformulou suas idéias. Decidiu ler e
estudar a respeito do que dizia não crer e brincava.
Porque embora a sua descrença, Deus que é Pai de todos, atendeu a sua oração
e lhe estendeu a Sua misericórdia.
No desdobramento de nossas experiências acabamos todos reconhecendo a
presença divina. É algo muito forte em nós.
Mesmo entre pessoas consideradas de má vida, e criminosos, encontraremos
vigente o conceito.
"A crença em Deus nos dá segurança, com a certeza de que não estamos
entregues à própria sorte.
É muito bom conceber que, desde sempre, antes mesmo que o conhecêssemos,
Deus já cuidava de nós.

Amizade Verdadeira

Você tem amigos?
Se ainda não os tem, não perca tempo. Comece hoje mesmo a conquistar
amizades verdadeiras, pois a amizade é um tesouro sem o qual a vida na terra não
teria sentido.
É uma força capaz de suavizar até mesmo os momentos mais difíceis na vida
das pessoas, como os da guerra, por exemplo.
Há muitas histórias comoventes a respeito de grandes amizades e a que vamos
narrar é uma delas.
Conta-se que um soldado dirigiu-se ao seu superior e lhe solicitou permissão
para ir buscar um amigo que não voltou do campo de batalha.
Permissão negada, respondeu o tenente.
Mas o soldado, sabendo que o amigo estava em apuros, ignorou a proibição e
foi a sua procura.
Algum tempo depois retornou, mortalmente ferido, transportando o cadáver do
seu amigo nos braços.
O seu superior estava furioso e o repreendeu:
- Não disse para você não se arriscar? Eu sabia que a viagem seria inútil!
- Agora eu perdi dois homens ao invés de um.
- Diga-me: valeu a pena ir lá para trazer um cadáver?
E o soldado, com o pouco de força que lhe restava, respondeu:
- Claro que sim, senhor!
Quando eu o encontrei ele ainda estava vivo e pôde me dizer:
- "Tinha certeza que você viria"!
Histórias como essa se repetirão, com outras tonalidades, enquanto existir
amizade na face da Terra.
Quantos são aqueles que se dedicam, sem cobrança, a cuidar de amigos
enfermos, amigos em dificuldades, amigos rebeldes.
Por tudo isso é que a amizade tem sido comparada a um tesouro de valor
incalculável, pois não se compra nem se vende, simplesmente se conquista.
E a verdadeira amizade é aquela que aceita a pessoa amiga como ela é, e não
tenta moldá-la como gostaria que fosse.
A amizade respeita, compreende, perdoa, apóia, defende, enaltece.
Muitas pessoas confundem a amizade com cumplicidade interesseira, mas a
amizade não é assim.
O verdadeiro amigo sabe dizer sim e sabe dizer não quando é preciso, mesmo
que para isso não seja compreendido.
Em nome da amizade, não se deve fazer tudo o que o amigo faz ou apoiá-lo em
tudo. Isso é tolice.
A amizade fiel não é conivente com os equívocos, mas está sempre alerta para
socorrer quando necessário.
Enfim, o amigo é aquele que não apenas enxuga as nossas lágrimas, mas faz de
tudo para não deixá-las cair.
O maior exemplo de amizade que passou sobre a terra, chama-se Jesus Cristo.
Ele, um Poeta dos mundos celestes, fez-se Cantor para que a Sua sublime voz
fosse escutada neste minúsculo planeta.
Príncipe dos espaços siderais, tornou-se Súdito humilde para aproximar-se
dos corações sofredores.
Senhor das estrelas, converteu-se em servo para ensinar a humildade.
Nobre de origem celeste, transformou-se em Escravo por amor aos amigos-
irmãos degredados na Terra.
Grandioso, hoje como ontem, é o amanhã dos que choram, sofrem, aguardam e
amam.
Sua veneranda presença paira dominadora sobre a humanidade, que nele
encontra alento para suas dores e forças para prosseguir na escalada para Deus.
Jesus é a síntese histórica da grandeza, da perfeição, da sabedoria e, mais
do que nunca, da amizade...

Auxílio Mútuo

Em zona montanhosa, através de região deserta, caminhavam dois velhos
amigos, ambos enfermos, cada qual a defender-se, quanto possível, contra os
golpes do ar gelado, quando foram surpreendidos por uma criança semimorta, na
estrada, ao sabor da ventania de inverno.
Um deles fixou o singular achado e exclamou, irritadiço: "não perderei
tempo. A hora exige cuidado para comigo mesmo. Sigamos à frente".
O outro, porém, mais piedoso, considerou: "amigo, salvemos o pequenino. É
nosso irmão em humanidade".
Não posso - disse o companheiro, endurecido -, sinto-me cansado e doente.
"Este desconhecido seria um peso insuportável. Temos frio e tempestade.
Precisamos chegar à aldeia próxima sem perda de minutos".
E avançou para diante em largas passadas.
O viajor de bom sentimento, contudo, inclinou-se para o menino estendido,
demorou-se alguns minutos colando-o paternalmente ao próprio peito e,
aconchegando-o ainda mais, marchou adiante, embora menos rápido.
A chuva gelada caiu, metódica, pela noite a dentro, mas ele, amparando o
valioso fardo, depois de muito tempo atingiu a hospedaria do povoado que
buscava.
Com enorme surpresa porém, não encontrou aí o colega que havia seguido na
frente.
Somente no dia imediato, depois de minuciosa procura, foi o infeliz viajante
encontrado sem vida, numa vala do caminho alagado.
Seguindo à pressa e a sós, com a idéia egoística de preservar-se, não
resistiu à onda de frio que se fizera violenta e tombou encharcado, sem recursos
com que pudesse fazer face ao congelamento.
Enquanto que o companheiro, recebendo, em troca, o suave calor da criança
que sustentava junto do próprio coração, superou os obstáculos da noite frígida,
salvando-se de semelhante desastre.
Descobrira a sublimidade do auxílio mútuo... Ajudando ao menino abandonado,
ajudara a si mesmo.
Avançando com sacrifício para ser útil a outrem, conseguira triunfar dos
percalços do caminho, alcançando as bênçãos da salvação recíproca.
As mais eloqüentes e exatas testemunhas de um homem, perante o pai supremo,
são as suas próprias obras.
Aqueles que amparamos constituem nosso sustentáculo.
O coração que amparamos constituir-se-á agora ou mais tarde em recurso a
nosso favor. Ninguém duvide.
Um homem sozinho é simplesmente um adorno vivo da solidão, mas aquele que
coopera em benefício do próximo é credor do auxílio comum.
Ajudando, seremos ajudados. Dando, receberemos: esta é a lei divina.

Advertência

Existem jóias raras na literatura mundial, por vezes até de autor
considerado anônimo. Há alguns dias, em uma obra, colhemos a seguinte
advertência, exatamente nestes moldes de que falamos:
Um dia chegará em que, num determinado momento, um médico comprovará que meu
cérebro deixou de funcionar e que, definitivamente, minha vida neste mundo
chegou ao seu fim.
Quando tal coisa acontecer, não digas que me encontro em meu leito de morte.
Estarei em meu leito de vida e cuida para que esse corpo seja doado para
contribuir de forma que os outros seres humanos tenham uma vida melhor.
Dá meus olhos ao desgraçado que jamais tenha contemplado o amanhecer, que
não tenha visto o rosto de uma criança ou, nos olhos de uma mulher, a luz do
amor.
Dá meu coração a alguma pessoa cujo coração só lhe tenha valido
intermináveis dias de sofrimento.
Meu sangue, dá-o ao adolescente resgatado de seu automóvel em ruínas, a fim
de que possa viver até poder ver seus netos brincando ao seu lado.
Dá meus rins ao enfermo, que deve recorrer a uma máquina para viver de uma
semana à outra.
Para que um garoto paralítico possa andar, toma toda a totalidade de meus
ossos, todos os meus músculos, as fibras e os nervos todos de meu corpo.
Mexe em todos os recantos de meu cérebro. Se for necessário, toma minhas
células e faze com que se desenvolvam, de modo que, algum dia, um garoto sem
fala consiga gritar com entusiasmo ao assistir a um gol, e uma garotinha surda
possa ouvir o repicar da chuva contra o vidro da janela.
O que sobrar do meu corpo, entrega-o ao fogo e lança as cinzas, ao vento,
para contribuir com o crescimento das flores.
Se algo tiveres que enterrar, que sejam os meus erros, minhas fraquezas e
todas as minhas agressões contra o meu próximo.
Se acaso quiseres recordar-me, faze-o com uma boa obra e dizendo alguma
palavra bondosa ao que tenha necessidade de ti."
As palavras de advertência desse anônimo nos convidam a meditar no tesouro
que possuímos, que é nosso corpo físico.
Tantos esquecemos de render graças a Deus por essa maquinaria maravilhosa,
tanto quanto nos olvidamos de lhe providenciar, após a morte física, o devido
destino.
Tantas são as campanhas em prol da doação de córneas, de rins e vamos
protelando sempre para mais tarde a decisão de prescrever nossa doação.
Sem nos esquecermos de que, enquanto ainda dispondo do corpo de carne,
podemos nos tornar regulares doares do valioso líquido, que representa a vida e
se chama sangue.
Meditemos se não estamos sendo demasiado egoístas em não disponibilizar esse
tesouro para que outros vivam e vivam de forma abundante.
Você sabia?
Que a retirada das córneas, após a morte, de forma alguma deforma ou mutila
o cadáver? Esta é a preocupação de alguns possíveis doadores, que não desejam
agredir a família.
E você sabia que os rins podem ser retirados do cadáver até seis horas após
ter ocorrida a morte?
E, finalmente, que, para o espírito do doador não ocorre mutilação, ao
contrário, tais atitudes revelam desprendimento e grandeza d'alma?

Amigos

O que é que faz com que uma amizade solidifique e se torne profunda?
Falando das suas experiências, alguns afirmam que foram momentos de grande
dor que fizeram com que eles descobrissem e firmassem uma sólida amizade. A
chave, portanto, seria passar por um grave problema juntos.
Outros, contudo, falam de coisas pequenas que se somam no tempo
acrescentando, a cada ano, mais uma pedra preciosa ao relacionamento.
Harry e Lawrence pertencem a esse último grupo. São primos em primeiro grau.
Nasceram com a diferença de seis meses e separados apenas por poucas quadras.
Desde a mais tenra idade, conviveram. Descobriram que eram muito parecidos.
Falavam, gostavam e pensavam de forma muito semelhante.
Quando ambos tinham em torno de 05 anos, Lawrence foi para a festa de
aniversário do primo. Era mais uma grande reunião de família, onde se misturavam
primos, tias, sobrinhos.
Harry ganhou de um dos convidados uma maravilhosa coleção de soldadinhos de
chumbo, pintados com cores vivas e aos olhos da criançada pareciam reais. O
aniversariante os pegou e mostrou a todos com orgulho.
Brincaram até tarde. Na hora da saída, Lawrence enfiou todos os soldadinhos
no bolso da calça.
Eram tão lindos que ele os desejou para si. Fingindo naturalidade, foi
saindo de fininho, encaminhando-se para a porta.
O que ele não sabia é que o bolso da calça estava furado e os soldadinhos
caíram com estardalhaço no chão.
Os adultos se viraram todos para o pequeno, com olhos acusadores. Sua mãe
lhe desferiu aquele olhar de: o que você fez?
O garoto se sentiu acuado. Tinha vontade de sair correndo, fugir, mas as
pernas lhe pesavam. Pareciam pregadas ao chão. Foi o pior momento de sua vida,
lembra Lawrence, hoje com mais de setenta anos.
Então, o primo Harry veio em seu socorro. Colocou-se ao lado dele e com
segurança falou em voz alta e clara:
Eu dei os soldadinhos para ele.
Recordando aqueles momentos, o escritor que viaja pelo mundo todo, pergunta:
- De que outro motivo preciso para amar esse sujeito?
E são amigos até hoje. Mesmo que, crescidos, tenham seguido caminhos
diferentes, prosseguiram a cultivar esse sentimento maravilhoso que nos faz
florescer e que se chama: amizade.
A amizade sincera é um oásis de repouso para o caminheiro da vida, na sua
jornada de aperfeiçoamento.
A amizade leal é a mais formosa modalidade do amor fraterno, que santifica
os impulsos do coração.
Quem sabe ser amigo verdadeiro é, sempre, o emissário da ventura e da paz.
Ter amizade é ter coração que ama e esclarece, que compreende e perdoa nas
horas mais amargas da vida.

Acreditar e Agir

Um viajante caminhava pelas margens de um grande lago de águas cristalinas e
imaginava uma forma de chegar até o outro lado, onde era seu destino.
Suspirou profundamente enquanto tentava fixar o olhar no horizonte. A voz de
um homem de cabelos brancos quebrou o silêncio momentâneo, oferecendo-se para
transportá-lo. Era um barqueiro.
O pequeno barco envelhecido, no qual a travessia seria realizada, era
provido de dois remos de madeira de carvalho. O viajante olhou detidamente e
percebeu o que pareciam ser letras em cada remo. Ao colocar os pés empoeirados
dentro do barco, observou que eram mesmo duas palavras. Num dos remos estava
entalhada a palavra acreditar e no outro agir.
Não podendo conter a curiosidade, perguntou a razão daqueles nomes originais
dados aos remos.
O barqueiro pegou o remo, no qual estava escrito acreditar, e remou com toda
força. O barco, então, começou a dar voltas sem sair do lugar em que estava. Em
seguida, pegou o remo em que estava escrito agir e remou com todo vigor.
Novamente o barco girou em sentido oposto, sem ir adiante.
Finalmente, o velho barqueiro, segurando os dois remos, movimentou-os ao
mesmo tempo e o barco, impulsionado por ambos os lados, navegou através das
águas do lago, chegando calmamente à outra margem.
Então o barqueiro disse ao viajante:
- Este barco pode ser chamado de autoconfiança. E a margem é a meta que
desejamos atingir.
- Para que o barco da autoconfiança navegue seguro e alcance a meta
pretendida, é preciso que utilizemos os dois remos ao mesmo tempo e com a mesma
intensidade: agir e acreditar.
Não basta apenas acreditar, senão o barco ficará rodando em círculos, é
preciso também agir para movimentá-lo na direção que nos levará a alcançar a
nossa meta.
Agir e acreditar. Impulsionar os remos com força e com vontade, superando as
ondas e os vendavais e não esquecer que, por vezes, é preciso remar contra a
maré.
Gandhi tinha uma meta: libertar seu povo do jugo inglês. Tinha também uma
estratégia: a não violência.
Sua autoconfiança foi tanta que atingiu a sua meta sem derramamento de
sangue. Ele não só acreditou que era possível, mas também agiu com segurança.
Madre Teresa também tinha uma meta: socorrer os pobres abandonados de
Calcutá. Acreditou, agiu, e superou a meta inicial, socorrendo pobres do mundo
inteiro.
Albert Schweitzer traçou sua meta e chegou lá. Deixou o conforto da cidade
grande e se embrenhou na selva da África francesa para atender os nativos, no
mais completo anonimato.
Como estes, teríamos outros tantos exemplos de homens e mulheres que não só
acreditaram, mas que tornaram realidade seus planos de felicidade e redenção
particular.
E você? Está remando com firmeza para atingir a meta a que se propôs?
Se o barco da sua autoconfiança está parado no meio do caminho ou andando em
círculos, é hora de tomar uma decisão e impulsioná-lo com força e com vontade.
Lembre que só você poderá acioná-lo utilizando-se dos dois remos: agir e
acreditar.
Pense nisso!
Caso você ainda não tenha uma meta traçada ou deseje refazer a sua,
considere alguns pontos:
Verifique se os caminhos que irá percorrer não estarão invadindo a
propriedade de terceiros.
Se as águas que deseja navegar estão protegidas dos calhaus da inveja, do
orgulho, do ódio.
E, antes de movimentar o barco, verifique se os remos não estão corroídos
pelo ácido do egoísmo.
Depois de tomar todas essas precauções, siga em frente e boa viagem.

A Arte dos Elogios

A baixa auto-estima é vista hoje, como uma espécie de carência de vitaminas
emocionais para as crianças e adultos.
Preocupados com o desenvolvimento dos seus filhos e com suas conquistas,
alguns pais exageram na hora dos elogios. Criança viciada em elogios se torna
problema na escola. Ela sempre ficará na dependência da aprovação verbal dos
professores. Adulada em excesso e sem motivo, a criança cresce esperando o mesmo
de todas as pessoas.
Hoje, ela espera o afago verbal dos pais, dos professores. Amanhã será do
chefe, da namorada ou do namorado para se sentir bem. É que o excesso de
elogios, e nem sempre verdadeiros, gera insegurança e não auto-estima.
O educador, escritor e pai de cinco filhos, Paul Kropp, de Toronto,
estabeleceu alguns itens que acredita importantes para aumentar a autoconfiança
dos nossos filhos, sem correr o risco de ser demasiadamente generosos em
elogios, sejam eles merecidos ou não:
1. Inclua seu filho no que você estiver fazendo. E lembre-se de que nem tudo
precisa ser perfeito no trabalho dele. Deixe a criança experimentar, agir,
auxiliar. Pequenas tarefas falam de responsabilidade e amadurecimento.
2. Não apresente ao seu filho obstáculos grandes demais. A dificuldade das
tarefas atribuídas às crianças deve ir aumentando aos poucos.
3. Não corra para ajudar o seu filho. Dê a ele a chance de experimentar a
frustração. A frustração faz parte do mundo real e a criança deve aprender,
desde cedo, a lidar com ela.
4. Certifique-se de que ele tenha desafios fora de casa: grupos de excursão,
equipes de natação, aulas de música.
5. Elogie os resultados finais com sensatez. Quando descobrir nos olhos de
seu filho que ele está satisfeito com algo que fez, não seja severo na crítica.
Finalmente, para ajudar a criança a desenvolver uma noção real de seu valor:
Preste atenção ao que seu filho faz ou diz - você não precisa concordar, mas
tem de ouvir.
Encontre tempo suficiente para desenvolverem projetos juntos, sem perder de
vistas as habilidades da criança.
Lembre-se de que não são os falsos elogios que constroem a identidade de seu
filho, mas sim a atividade e o sucesso.
Os elogios, por si mesmos, não levam nossos filhos a crescer e buscar novos
desafios. E para aquele que sabe o que quer, não serão uma ou duas críticas que
o irão abater.
Por tudo isso os pais, que conhecem seus filhos, devem usar de bom senso.
Elogios e críticas bem dosadas, aliadas ao tempo e esforço pessoal, possibilitam
a autoconfiança e a consciência do próprio valor.
Você sabia?
Você sabia que o falso elogio enche a criança de expectativas irreais? E que
a falta deles acaba por desvalorizá-la e deprimir?
Que quando a criança precisa de um elogio para elevar a sua auto-estima,
terá dificuldades para aprimorar o seu caráter porque estará sempre na
dependência do que os outros pensam? Estará buscando aprovação e não
aprimoramento.
Incentivar é permitir a possibilidade da experiência, do erro e do acerto.
Eis o caminho ideal para a correta formação do caráter dos nossos filhos.

A Conta da Vida

Quando André completou 21 anos, sua mãe lhe preparou uma festa. Ele recebeu
os amigos e festejou a data com alegria.
Quem estava entristecida era sua mãe. Apesar de estar completando a
maioridade, André não aceitava qualquer disciplina.
Com muito esforço, sua mãe conseguira que ele aprendesse as primeiras
letras. Depois, não quis mais estudar e trabalhar muito menos.
Ao deitar-se naquela noite, o jovem foi arrebatado pelas asas do sono.
Sonhou que era procurado por um mensageiro espiritual que trazia na mão um
documento.
E ante a curiosidade de André, lhe disse que aquela era a conta dos seres
sacrificados até aquele momento, em seu proveito.
Até hoje, falou o mensageiro, para te sustentar a existência morreram
aproximadamente 2000 aves, 10 bovinos, 50 suínos, 20 carneiros e 3000 peixes
diversos. Nada menos de 60.000 vidas do reino vegetal foram consumidas pela tua,
incluindo-se as do arroz, milho, feijão, trigo, das várias raízes e legumes.
Em média, bebeste 3000 litros de leite, gastaste 7.000 ovos e comeste 10.000
frutas.
Tens explorado fartamente as famílias do ar, das águas, do solo. O preço dos
teus dias nas hortas e pomares vale por uma devastação. E nem relacionamos aqui
os sacrifícios maternos, os recursos de teu pai, os obséquios dos amigos e as
atenções dos Benfeitores que te rodeiam.
Em troca, o Senhor da vida manda te perguntar o que é que fizeste de útil?
Nada deste de retorno à natureza. Lembra-te de que a própria erva se
encontra em serviço divino. Tudo é mensagem de serviço, de trabalho na natureza.
Olha para tua mãe. Os anos já lhe pesam e ela prossegue em intensa atividade
por ti e por teus irmãos, encontrando ainda tempo para se dedicar aos filhos de
ninguém.
Observa teu pai que atravessa os anos em labor digno, dando-te o exemplo de
disciplina e vontade.
Teus próprios amigos se encontram empenhados no estudo e na dedicação
profissional.
Não fiques ocioso. Produze algo de bom, marcando a tua passagem pela Terra.
O moço espantado passou a ver o desfile dos animais que havia devorado e
acordou assustado.
Amanhecia. O sol de ouro cantava em toda parte um hino ao trabalho pacífico.
André pulou da cama, foi até sua mãe e exclamou:
- Mãe, desejo retornar aos estudos ainda hoje.
Pense nisso!
Para nos assegurar a vida, Deus nos faculta o ar, o sol, a chuva, os ventos.
Para nos sustentar o corpo, recebemos o leite materno e na seqüência, seres
vegetais e animais são sacrificados todos os dias.
Com tanta preocupação de Deus pela nossa própria vida, é de indagarmos o que
a nossa vida tão preciosa está oferecendo ao mundo em troca.
Pensemos nisso!

Confiança

A história é narrada pelo filósofo Huberto Rohden. Ele viajava em um navio
rumo à Europa.
A travessia era serena e festiva, marcada pelo conforto e pelo luxo do
moderno transatlântico, sobre águas calmas e sob um céu límpido e azul.
De repente, porém, tudo mudou. O que era serenidade e calma se transformou
em um violento temporal. Desses que assustam desde os marinheiros de primeira
viagem até os mais experimentados.
Com medo, os passageiros se recolheram aos camarotes. O filósofo, porém,
preferiu contemplar o espetáculo da natureza.
Em meio a toda aquela confusão à bordo, ele notou uma criança, cuja idade
andava entre os seis e os sete anos. A criança estava totalmente despreocupada.
Brincava, cantarolava, indiferente ao que acontecia.
Impressionado com a tranqüilidade da criança, o filósofo se aproximou e
perguntou: "você não está com medo?"
A resposta veio rápida, inocente, e ao mesmo tempo profunda: "não, eu não
tenho medo. Papai está no leme." O piloto era o pai da criança.
Quando o temporal passou, a viagem prosseguiu serena para todos. Menos para
o filósofo, que não conseguia esquecer a resposta da criança.
Que imensa confiança! Se papai está no leme, nenhum mal pode acontecer.
Papai é mais forte que os ventos, mais forte que as ondas! Não há o que
temer!
A confiança é própria das crianças. Elas se entregam sem temor àqueles em
quem confiam. E, pai e mãe representam para elas a maior segurança.
Se todos os homens confiassem em Deus como as crianças confiam em seus pais,
mais amena seria a vida, porque essa confiança significa ter fé.
A fé é essa chama divina que aquece o espírito e lhe dá forças para tudo
superar: mágoas, revoltas, traições.
Com fé, o homem sobrevive ao clima de aflição, não se deixando jamais
desesperar.
Enquanto outros param à borda do abismo, acreditando que ele seja
intransponível, o homem de fé procura passagens diversas para alcançar o outro
lado em segurança.
O homem de fé é o que não se inquieta com as notícias que falam de crises e
de tempos difíceis. Prossegue trabalhando sem cansaço porque está seguro de que
terá forças para vencer.
E para que a fé não esmoreça ele a sustenta com os valores da reflexão e da
prece, porque nenhuma chama prossegue ardendo em combustível para a sustentar.
Jesus usou a figura do grão de mostarda para falar a respeito da fé,
afirmando que quem a possuísse daquele tamanho, poderia remover montanhas.
E a mulher, portadora de hemorragia há vários anos, provou ser verdade.
Bastou-lhe tocar a barra do manto de Jesus para ficar curada da sua
problemática.
Assim como deram prova de fé Jairo, que veio rogar a Jesus pela cura de sua
filha e o soldado que lhe veio pedir por seu servidor de muitos anos.
Todos, por terem fé, movimentaram forças interiores que atraíram as energias
curativas de Jesus, atingindo os objetivos que buscavam: a saúde daqueles a quem
amavam.

Cadeias da Alma

Você se considera uma pessoa livre?
Mas, afinal de contas, o que é ter liberdade?
Se pensamos que somos livres só pelo fato de não estar atrás das grades,
podemos até nos dizer livres.
Mas, será que realmente somos?
Se você diz ter liberdade plena, mas se irrita quando os outros querem; se
veste conforme os modistas determinam; sente ódio quando as circunstâncias
pedem; usa a marca que a sociedade estabelece como sendo a melhor, e se submete
a outras tantas cadeias psicológicas, você pode até dizer-se livre, mas é um
encarcerado da alma.
O homem verdadeiramente livre é senhor de si, dos seus atos, da sua vontade.
Quem é livre não se submete aos vícios, nem às convenções sociais
descabidas, nem cai em armadilhas preparadas para os descuidados.
A verdadeira liberdade é a liberdade da alma.
Gandhi, o homem que soube lutar pela paz, apesar de ficar detido atrás das
grades muitas vezes, era um homem livre, pois ninguém conseguia aprisionar-lhe a
alma.
Paulo o apóstolo, mesmo jogado numa cela fétida e úmida, manteve-se sereno e
senhor da sua liberdade moral.
Os homens podiam impedir que ele andasse livremente, mas jamais conseguiram
deter sua liberdade de pensar e sentir.
Quando um homem é livre, não se importa com o que pensam dele nem com o que
falam a seu respeito, mas sim do que fala sua própria consciência.
Os pais e mães modernos, nem sempre estão dispostos a educar os filhos para
que sejam livres pois estabelecem, desde a infância, uma série de situações que
tendem a fazer com que pensem pela cabeça dos outros.
Não os deixam ter as experiências de que necessitam para ser livres e por
isso os fazem seus dependentes.
Dependem da mãe para escolher a roupa e o calçado que irão usar, para
arrumar sua cama, para pôr ordem seus brinquedos e, às vezes, até para fazer as
lições da escola.
Sim, há pais que fazem pelos filhos as tarefas que os professores lhes
solicitam.
Pensando em ajudar, negam ao filho a oportunidade de se fazer
verdadeiramente livre.
Outros pais fazem dos filhos cópias perfeitas dos seus ídolos da tv. Compram
roupas, bolsas, calçados e outros adereços de personagens que a mídia produz,
como se fossem modelos saudáveis a serem seguidos.
Não se dão conta, esses pais, que estão criando um condicionamento negativo,
impedindo que as crianças desenvolvam o senso crítico.
Importante que pensemos com seriedade a esse respeito, buscando a nossa
liberdade moral e ajudando os filhos a conquistar sua própria libertação.
Libertação física pela limitação dos apetites, não se deixando governar
pelos instintos.
Libertação intelectual pela conquista da verdade, mantendo a mente sempre
aberta.
E libertação moral pela procura da virtude.
Somente quando soubermos governar a nós mesmos com sabedoria é que poderemos
nos dizer verdadeiramente livres.
O limite da liberdade encontra-se inscrito na consciência de cada pessoa,
que gera para si mesma o cárcere de sombra e dor, ou as asas de luz para a
perene harmonia

A Canção do Amor

Quando Karen, como qualquer mãe, soube que um bebê estava a caminho, fez
todo o possível para ajudar o seu outro filho, Michael, com três anos de idade,
a se preparar para a chegada.
Os exames mostraram que era uma menina, e todos os dias Michael cantava
perto da barriga de sua mãe. Afinal, ele já amava a sua irmãzinha antes mesmo
dela nascer.
A gravidez se desenvolveu normalmente.
No tempo certo, vieram as contrações. Primeiro, a cada cinco minutos; depois
a cada três; então, a cada minuto uma contração.
Entretanto, surgiram algumas complicações e o trabalho de parto de Karen
demorou horas. Enfim, depois de muito tempo de sofrimento a irmãzinha de Michael
nasceu. Só que ela estava muito mal.
Com a sirene no último volume, a ambulância levou a recém-nascida para a UTI
neonatal do hospital Saint Mary.
Os dias passaram. A menininha piorava. O médico disse aos pais para se
prepararem para o pior. Haviam poucas esperanças. Karen e seu marido começaram,
com muita tristeza, os preparativos para o funeral.
Há apenas alguns dias antes estavam arrumando o quarto para esperar pelo
novo bebê. E agora, os planos eram outros.
Enquanto isso Michael pedia todos os dias aos pais que o levassem para
conhecer a sua irmãzinha.
"Eu quero cantar pra ela", dizia.
A segunda semana de UTI entrou e não se sabia se o bebê sobreviveria até o
fim dela.
Michael continuava insistindo com seus pais para que o deixassem cantar para
sua irmã, mas crianças não podiam entrar na UTI.
Mas a mãe, Karen, decidiu: levaria Michael ao hospital de qualquer jeito.
Ele ainda não tinha visto a irmã e, se não fosse hoje, talvez não a visse viva.
Ela vestiu Michael e rumou para o hospital. A enfermeira não permitiu que
ele entrasse e exigiu que ela o retirasse dali. Mas Karen insistiu: "ele não irá
embora até que veja a sua irmãzinha!"
Diante da insistência e sofrimento daquela mãe, a enfermeira levou Michael
até à incubadora.
Ele olhou demoradamente para aquela trouxinha de gente que perdia a batalha
pela vida e, depois de alguns minutos, começou a cantar com sua voz infantil:
"você é o meu sol, o meu único sol. Você me deixa feliz mesmo quando o céu está
escuro..."
Naquele momento, o bebê pareceu reagir. A pulsação começou a baixar e se
estabilizou. Karen encorajou Michael a continuar cantando.
E ele prosseguiu: "você não sabe, querida, o quanto eu a amo. Por favor, não
leve o meu sol embora..."
Enquanto Michael cantava, a respiração difícil do bebê foi se tornando
suave. "continue, querido!", Pediu Karen, emocionada.
E Michael sussurrava baixinho: "outra noite, querida, eu sonhei que você
estava em meus braços..." O bebê começou a relaxar. Michael cantava. A
enfermeira começou a chorar. "você é o meu sol, o meu único sol. Você me deixa
feliz mesmo quando o céu está escuro...por favor, não leve o meu sol embora..."
No dia seguinte, a irmã de Michael já tinha se recuperado e em poucos dias
foi para casa.
O Woman's Day magazine chamou essa história de "o milagre da canção de um
irmão". Os médicos chamaram simplesmente de milagre. Karen chamou de milagre do
amor de Deus.
O amor é a presença de Deus no coração das criaturas. É força incrivelmente
poderosa, capaz de modificar as situações mais difíceis.
Quem ama, envolve a pessoa amada em suave bálsamo perfumado que penetra e
alivia as dores, os medos, a insegurança.
O amor fortalece a confiança, faz florescer a esperança, renascer a alegria,
ressurgir a felicidade.

Conselhos úteis

Em uma conferência numa universidade americana, Brian Dyson, ex-presidente
da Coca Cola, falou sobre a relação entre o trabalho e outros compromissos da
vida, dizendo: "Imagine a vida como um jogo no qual você faz malabarismo com
cinco bolas que lança no ar.
Essas bolas são: o trabalho, a família, a saúde, os amigos e o espírito.
O trabalho é uma bola de borracha. Se cair, bate no chão e pula para cima.
Mas as quatro outras não são de borracha. Se caírem no chão se quebrarão e
ficarão permanentemente danificadas. Entenda isso e busque o equilíbrio na vida.
E como conseguir isso? Anote aí dez conselhos simples:
1. Não diminua seu próprio valor, comparando-se com outras pessoas. Somos
todos diferentes. Cada um de nós é um ser especial. Não fixe seus objetivos com
base no que os outros acham importante. Só você está em condições de escolher o
que é melhor para si próprio.
2. Dê valor e respeite as coisas mais queridas ao seu coração. Apegue-se a
elas como à própria vida. Sem elas a vida carece de sentido. Não deixe que a
vida escorra entre os dedos por viver no passado ou no futuro.
Se viver um dia de cada vez, viverá todos os dias de sua vida.
3. Não desista quando ainda é capaz de um esforço a mais. Nada termina até o
momento em que se deixa de tentar. Não tema admitir que não é perfeito.
4. Não tema enfrentar riscos. É correndo riscos que aprendemos a ser
valentes.
5. Não exclua o amor de sua vida dizendo que não se pode encontrá-lo. A
melhor forma de receber amor é dá-lo. A forma mais rápida de ficar sem amor é
apegar-se demasiado a si próprio. A melhor forma de manter o amor é dar-lhe
asas.
6. Não corra tanto pela vida a ponto de esquecer onde está e para onde vai.
7. Não tenha medo de aprender. O conhecimento é leve. É um tesouro que se
carrega facilmente.
8. Não use imprudentemente o tempo ou as palavras, por ser impossível
recuperar.
9. A vida não é uma corrida, mas sim uma viagem que deve ser desfrutada a
cada passo.
10. Lembre-se: o ontem é história. O amanhã é mistério e o hoje é uma
dádiva, por isso se chama "presente".
Viva o presente com muita energia!
Pense nisso!
Estes conselhos são uma verdadeira lição de vida para quem deseja viver com
equilíbrio.
Simples e objetivos, eles podem nos levar ao sucesso pessoal em todos os
setores da vida.
Pessoas emocionalmente equilibradas têm mais alegria de viver, mais amigos e
vivem mais e melhor.
E lembre-se da comparação das cinco bolas feita por Brian Dyson.
Essas bolas são: o trabalho, a família, a saúde, os amigos e o espírito. E
somente o trabalho foi comparado a uma bola de borracha, as demais podem
quebrar-se e ficar permanentemente danificadas.
Pense nisso!

A Cadeira Vazia

Era uma singela igreja, freqüentada por moradores da região daquele distante
bairro de Londres.
Os anos se passavam e o pequeno grupo se mantinha constante nas reuniões,
ocupando sempre os mesmos lugares.
Foi por isso mesmo muito fácil ao pastor descobrir certo dia, uma cadeira
vazia. Estranhou, mas logo esqueceu. Na semana seguinte, a mesma cadeira vazia
lá estava e ninguém soube informar o que estava acontecendo. Na terceira
ausência, o pastor resolveu visitar o faltoso. No dia frio, foi encontrá-lo
sentado, muito confortável, ao lado da lareira de sua casa, a ler.
Você está doente, meu filho? Perguntou. A resposta foi negativa. Ele estava
bem.
Talvez estivesse atravessando algum problema, ousou falar o pastor,
preocupado.
Mas estava tudo em ordem. E o homem foi explicando que simplesmente deixara
de comparecer. Afinal, ele freqüentava o culto há mais de vinte anos.
Sentava na mesma cadeira, pronunciava as mesmas orações, cantava os mesmos
hinos, ouvia os mesmos sermões. Não precisava mais comparecer. Ele já sabia tudo
de cor.
O pastor refletiu por alguns momentos. Depois, se dirigiu até à lareira,
atiçou o fogo e de lá retirou uma brasa.
Ante o olhar surpreso do dono da casa, colocou a brasa sobre a soleira de
mármore, na janela.
Longe do braseiro, ela perdeu o brilho e se apagou. Logo, era somente um
carvão coberto de cinza.
Então o homem entendeu. Levantou-se de sua cadeira, caminhou até o pastor e
falou: tudo bem, pastor, entendi a mensagem.
E voltou para a igreja.
Todos nós somos brasas no braseiro da fé. Se mantemos regular freqüência ao
templo religioso, estudando e trabalhando, nos conservamos acesos e quentes.
Mas, exatamente como fazem as brasas, é preciso estender o calor. Assim,
acostumemos a não somente orar, pedir e esperar graças. Iluminados pelo
evangelho de Jesus, nos disponhamos a agir em favor dos nossos irmãos.
Como as brasas unidas se transformam em um imenso fogaréu, clareando a
escuridão e aquecendo as noites frias, unidos aos nossos irmãos de ideal,
poderemos estabelecer o calor da esperança em muitas vidas.
Abrasados pelo amor a Jesus, poderemos transformar horas monótonas em
trabalho no bem. A simples presença passiva na assembléia da nossa fé em um
dinâmico trabalho de promoção social, beneficiando a comunidade.
Pensemos nisso e coloquemos mãos à obra.
Pensamento
Clarificados pela mensagem do cristo, espalhemos calor nas planícies geladas
da indiferença, da soledade e da necessidade.
Procuremos a dor onde ela se esconda e a envolvamos nos panos quentes da
nossa dedicação.
Estendamos o brilho da esperança nas vidas amarfanhadas dos que nunca
conseguiram crer em algo que estivesse além do alcance dos seus sentidos
físicos.
Tornemo-nos brasas vivas, fazendo luz onde estejamos, atuando e servindo em
nome de Jesus.

Carta de Deus

Você já pensou em receber uma carta de Deus?
Se Deus lhe escrevesse, o que será que ele teria para lhe dizer?
Talvez a carta começasse assim:
Olá, como você acordou esta manhã?
Eu observei e esperei, pensando que você falaria comigo mesmo que fossem
apenas umas poucas palavras, para saber minha opinião sobre alguma coisa, ou me
agradecendo por algo de bom que lhe aconteceu ontem.
Mas eu notei que você estava muito ocupado, tentando encontrar uma roupa que
ficasse bem em você, para ir ao trabalho.
Então, esperei outra vez. Quando você correu pela casa de um lado para
outro, já arrumado para sair, eu estava lá. Seriam certamente poucos minutos
para você dizer alô, mas você estava realmente muito ocupado.
Você se deu conta de que tinha que esperar alguns minutos e os gastou
sentado em uma cadeira fazendo nada, estava apenas sentado.
Então, eu vi que você se levantou rapidamente e eu pensei que você queria
falar comigo, mas você correu ao telefone e ligou para um amigo para contar-lhe
as últimas novidades.
Eu vi quando você foi para o trabalho e eu esperei pacientemente o dia
inteiro. Com todas as suas atividades eu achei que você estaria realmente muito
ocupado para dizer alguma coisa.
Notei que, antes do almoço, enquanto esperava a refeição você olhou ao
redor, mas não foi dessa vez. Talvez se sentisse um pouco sem jeito ou com
vergonha de falar comigo em público.
Vi quando você observou alguns de seus amigos fazendo uma breve oração antes
do almoço, mas você não teve coragem.
Tudo bem! O dia ainda não havia acabado e eu tinha esperança que você
falasse comigo hoje.
Você foi para casa e parecia que tinha muitas coisas para fazer. Depois que
terminou algumas delas, ligou a televisão e gastou bastante tempo em frente à
tv, curtindo a programação.
Eu esperei pacientemente outra vez enquanto você jantava, e mais uma vez
você não falou comigo!
Enfim chegou a hora de ir para cama, chegou a hora de dormir...
Pensei que naquele momento você se lembraria de mim, ao menos para agradecer
pelo dia que passou, mas você devia estar muito cansado.
Depois que disse boa noite para a sua família, pulou na cama e dormiu
rapidamente.
Tudo bem, talvez você não soubesse que eu estou sempre ao seu lado.
Mas eu tenho muita paciência. Muito mais do que você possa imaginar. Desejo
ensinar a você como ser paciente com as outras pessoas e como ser bom.
Eu o amo tanto que espero todos os dias um sinal seu, um simples gesto, uma
curta oração, um pensamento de agradecimento...
Sabe, meu filho, é muito difícil manter uma conversa sozinho, um monólogo. O
bom mesmo é dialogar mas, infelizmente, você não se lembra de mim.
Bom, amanhã você vai se levantar outra vez para um novo dia. E mais uma vez
eu estarei esperando, talvez em vão, mas com muito amor para você, desejando que
você possa me dar alguma atenção, um pouco do seu tempo.
Tenha um bom dia!
Seu amigo, sempre presente, Deus.
Pense nisso!
Talvez essa suposta carta nada tenha a ver com você pois você sempre se
lembra de falar com Deus.
Mas, se alguma coisa lhe chamou atenção lembre-se que, no mínimo, você deve
gratidão a Deus pela vida.
Pelo fato de você estar respirando neste exato momento, por estar com saúde,
por poder ouvir, falar, andar...
Enfim, agradecer a Deus por ter lhe permitido existir.
Pense nisso!

Comece bem o seu dia

Qual é o primeiro pensamento que lhe vem à mente quando você acorda de
manhã?
Talvez você acredite que o que você pensa no primeiro instante do seu dia,
tem pouca importância, mas não é assim.
O pensamento é uma poderosa ferramenta com a qual você pode obter resultados
valiosos na sua jornada diária.
Assim, você pode definir como vai ser o seu dia, logo que abrir os olhos de
manhã.
Analise, conosco, se já teve algum desses pensamentos ao despertar:
Eu queria que hoje fosse feriado, para dormir até tarde!
Ah, como eu gostaria de ser milionário para não precisar trabalhar!
Meu Deus! Que vida dura. Não agüento mais ser escravo do relógio!
Ah, como é difícil ter que bater ponto todos os dias...
Ah, se eu descobrisse quem inventou o trabalho...
Um dia eu ainda acabo com esse maldito despertador para sempre!
Se você notou qualquer semelhança, não é mera coincidência não. Esses são
pensamentos matinais muito comuns em grande número de pessoas.
Há até aquelas que chegam ao cúmulo de desejar uma doença qualquer que
servisse de desculpa para ficar em casa o dia todo, em regiões de clima frio, e
curtir uma praia, nas regiões quentes.
Ora, se você saúda o dia com pensamentos dessa natureza, o que espera que o
seu dia lhe ofereça?
É importante considerar que a força de um simples pensamento pode alterar a
paisagem do seu hoje.
Se, ao acordar, você se lembrasse de agradecer pela nova manhã que Deus lhe
concede;
Pela oportunidade de estar ainda no corpo físico, quando muitos partem para
o além durante o sono.
Pelo fato de estar empregado, enquanto muitos não conseguem dormir
preocupados com uma forma de conseguir um trabalho que lhe permita sustentar a
família;
Por estar com saúde, enquanto muitos gemem de dor nos leitos dos hospitais;
certamente o seu dia teria um colorido diferente.
Quando o dia consegue vencer a noite e nos saúda pela manhã com novas
oportunidades, é hora de elevar o pensamento ao Criador e agradecer, ainda que
ligeiramente.
É hora de sintonizar com as esferas mais altas e colocar-se à disposição
para uma nova jornada de trabalho útil.
Agindo assim, em vez de criar nuvens escuras com pensamentos pessimistas,
você estará clarificando o seu dia e fazendo luz ao seu redor. Cultivando
pensamentos saudáveis você espalha uma atmosfera radiante no ar e contagia as
pessoas com as quais convive, tornando o seu ambiente mais agradável e mais
harmônico.
Ao despertar para mais um dia de experiências na terra, eleve o pensamento
aos céus através da oração.
Alcance, pelo pensamento, as altas paragens onde reina a harmonia... E já
não ouvirá os sons estridentes da Terra, mas as melodias suaves dos Anjos, dos
Arcanjos, dos Serafins, que são mais delicadas que as brisas da manhã quando
brincam na folhagem dos bosques...
Eleve a alma ao Criador e sinta o perfume das flores celestes cultivadas nos
mundos sublimes, antes de iniciar o seu dia...
Busque a paz interior e, só então, levante-se para ter um bom dia...

Colabore com Deus

Você já pensou em como pode colaborar com Deus?
Já se perguntou alguma vez o que o Criador espera de você?
É comum ouvirmos pessoas dizendo que só a Deus cabe o destino das criaturas
e das nações, mas, será que Deus não espera que façamos a parte que nos cabe?
É verdade que só Deus pode criar, mas você pode valorizar o que ele criou,
começando por valorizar-se a si mesmo.
Só Deus pode dar a vida, mas você pode respeitá-la e honrá-la, dando-lhe
valor e utilidade.
Só Deus pode dar a saúde, mas você pode preservá-la e orientar os outros
para que também a preservem, a valorizem.
Só Deus pode criar a fé mas você pode cultivá-la através do estudo das leis
que regem o universo, e dar o seu testemunho na hora que Deus lhe solicitar.
Só Deus pode infundir a esperança, mas você pode restituir a confiança ao
irmão em desespero, evitando comentários desagradáveis que não levam a nada e
nada constroem.
Só Deus pode criar as flores, mas você pode se encarregar de espalhar o seu
perfume.
Só Deus conhece a essência do amor, mas você pode aprender a amar e ensinar
o amor amando tudo o que Deus criou.
Só Deus cria o tempo, mas você pode valorizar as horas utilizando-as para
grandes realizações.
Só Deus pode criar a paz, mas você pode semear a união e pacificar o mundo a
sua volta, começando pela própria intimidade.
Só Deus cria a alegria, mas você pode sorrir a todos e fazer-se alegre para
amenizar a dor do seu semelhante.
Só Deus pode criar a força, mas você pode conquistar a fortaleza e amparar
quem se sente fraco a continuar caminhando.
Só Deus é perfeito, mas você pode buscar a perfeição em tudo o que faz.
Só Deus é a luz, mas você pode refleti-la através das boas obras, vivendo
com dignidade onde quer que se encontre.
Só Deus é a vida mas você pode restituir aos outros o desejo de viver,
semeando flores nos caminhos por onde passar.
Só Deus pode acender as estrelas, mas você pode fazer-se uma pequena chama a
clarear a noite escura de quem segue a seu lado.
Só Deus pode fazer o que parece impossível, mas você pode fazer o possível,
realizando a parte que lhe cabe na construção de um mundo melhor.
É verdade incontestável que Deus tudo pode, mas, sem dúvida, ele preferiu
contar com você...
Deus, Pai amoroso e bom, coloca à nossa disposição todos os talentos de que
necessitamos para construir a felicidade tão desejada.
Mas, como Pai justo e misericordioso, permite que conquistemos o mérito do
aprendizado pelo próprio esforço.
Deus quer que cada um dos seus filhos caminhe com as próprias pernas e
aprenda tudo o que lhe diz respeito para a aquisição da felicidade suprema e da
perfeição relativa que a todos nos aguarda.

O Chefe Ideal

O relacionamento entre patrões e empregados é algo considerado nevrálgico.
De um lado, os patrões apontam falhas em seus empregados, que vão desde o
desinteresse pelas tarefas a executar à desonestidade.
Do outro lado, os empregados reclamam de patrões excessivamente rigorosos,
exigentes, desagradáveis.
Há pouco tempo, uma pesquisa realizada por um grupo especializado em
consultoria empresarial, em nosso país, mostrou, que 29% dos executivos e
gerentes consideram o relacionamento com o seu superior o principal motivo de
satisfação no trabalho.
Mais do que isso: 60% dos funcionários se declararam propensos a deixar de
aceitar convites de outras empresas, para permanecer ao lado do chefe. E isso
até mesmo em situações em que a oferta salarial é maior.
A razão dessa mudança no relacionamento entre chefia e subordinados está no
aparecimento de um novo padrão de chefe.
Um padrão que inclui ser o chefe uma pessoa que sabe dividir os seus
conhecimentos. Não é alguém que se acredite superior a todos, dono da verdade.
Ao contrário, passa sua experiência, sua sabedoria aos subordinados, num
incentivo a que cresçam.
Por ser um líder autêntico, não teme ser substituído e compartilha de tudo
que sabe com aqueles pelos quais guarda a responsabilidade da condução e
orientação.
É também uma pessoa correta e honesta que aponta os erros aos funcionários e
lhes explica a forma correta de fazer. Não retira a tarefa de quem errou, ao
contrário, pede que ele refaça a atividade, sob sua supervisão e orientação
diretas.
Esse líder sabe fazer críticas, mas também faz elogios, atento a que todos
necessitam de estímulos para melhor exercer as suas atividades. Por conhecer o
seu pessoal, incentiva a equipe a desenvolver o seu potencial, estabelecendo
metas e sugerindo estratégias. Aceita sugestões, abrindo espaços ao diálogo
franco e aberto. Permite que todas as idéias sejam colocadas na mesa e, com
calma, analisa uma a uma com o grupo.
O chefe ideal é, assim, um líder que sabe trabalhar em equipe, valorizando a
todos e a cada um.
Por isso, para o empregado, estar subordinado a uma chefia com essas
qualidades é agradável.
De todos os líderes, o maior com certeza foi o senhor Jesus. Escolheu seus
colaboradores diretos entre as camadas simples do povo, dando especial atenção
às qualidades de cada um.
Exemplificou o que esperava do grupo, trabalhando com entusiasmo e alegria.
Não se cansava de ensinar, explicar, utilizando a linguagem do entendimento
geral a fim de se fazer bem compreendido.
Quando as discussões aconteciam no grupo evitava tomar parte, guardando
neutralidade, mas registrando em seguida as decisões daquele punhado de homens
que nele reconheciam a superioridade em todos os sentidos.
Finalmente, antes da morte, convocou-os para o serviço especial na sua
seara, levando em consideração os seus gostos, os seus interesses e as suas
aptidões pessoais. Por isso, os nomeou pescadores de almas, habituados que
estavam ao trabalho com redes, barcos e peixes.

O Duelo

Você já participou de algum duelo?
A pergunta parece um tanto fora de época, considerando-se como duelo a luta
entre duas pessoas, com armas iguais, com o propósito de lavar a alma com o
sangue do semelhante.
Sabemos que esse tipo de prática, fez seu tempo, mas atualmente já foi
banido da legislação dos países civilizados.
Todavia se considerarmos o duelo como qualquer forma de combate, de desafio,
duelo de idéias e entre tendências opostas, nossa pergunta tem muita atualidade.
Dizemos isto porque, se fizermos uma análise mais profunda dos nossos
pensamentos e atos, perceberemos que o duelo ainda faz parte do nosso dia-a-dia.
Quando queremos impor nossas idéias a qualquer custo, não respeitando a
opinião dos outros, somos o protótipo do duelista, que quer vencer por força,
mesmo que a arma empregada sejam as suas idéias.
Nas ocasiões em que nos reunimos para discutir e resolver problemas, nem
sempre estamos desarmados e, a maioria das vezes fazemos do momento um campo de
batalha.
Ao invés de haver harmonia com vista a solucionar problemas, somando forças,
colocamo-nos em posição de defesa e nos prevenimos para o ataque a qualquer
momento.
Isso acontece até mesmo portas a dentro dos lares, quando o diálogo entre os
familiares deveria ser fraterno e caloroso, os ânimos se inflamam e quase sempre
acontece o enfrentamento, a disputa.
Uma outra forma de duelo é o da sonegação de informações, quando vemos no
companheiro um adversário que poderá roubar o nosso cargo, a nossa posição, que
julgamos mais importante para a empresa.
Ao invés de somarmos esforços para o bem geral, queremos deter mais "cartas
na manga", para no caso de uma avaliação do patrão, sejamos nós os escolhidos.
No duelo das aparências, então, as pessoas compram o que não precisam com o
dinheiro que não têm, para exibir uma posição de aparente vantagem sobre quem
consideram um concorrente.
Analisando sob esses e outros tantos aspectos, se nos perguntassem se já
participamos de algum duelo, certamente a maioria de nós responderia que vive um
duelo constante.
E o empecilho que impede a mudança dessa situação desastrosa, é a cortina do
eu, que se interpõe entre nós e a comunidade da qual fazemos parte.
É o alto muro do egoísmo que se coloca entre o egoísta e os interesses
comuns.
É o espelho do orgulho que reflete somente a vontade do orgulhoso, mantendo-
o numa atitude narcisista e caprichosa, pensando em ser sempre o melhor dos
melhores, o que sempre leva vantagem, diz a última palavra, enfim, é o primeiro
a sacar a arma e a abater seu adversário, que em realidade é seu irmão, desejoso
de uma oportunidade de crescer para Deus.
"Em todos os passos da luta humana, encontramos a virtude rodeada de vícios
e o conhecimento dignificante sufocado pelos espinhos da ignorância, porque,
infelizmente, cada um de nós, de modo geral, vive à procura do "eu mesmo".

Construindo Pontes

Conta-se que, certa vez, dois irmãos que moravam em fazendas vizinhas,
separadas apenas por um riacho, entraram em conflito.
Foi a primeira grande desavença em toda uma vida trabalhando lado a lado,
repartindo as ferramentas e cuidando um do outro.
Durante anos eles percorreram uma estrada estreita e muito comprida, que
seguia ao longo do rio para, ao final de cada dia, poderem atravessá-lo e
desfrutar um da companhia do outro. Apesar do cansaço, faziam a caminhada com
prazer, pois se amavam.
Mas agora tudo havia mudado. O que começara com um pequeno mal entendido
finalmente explodiu numa troca de palavras ríspidas, seguidas por semanas de
total silêncio.
Numa manhã, o irmão mais velho ouviu baterem na sua porta. Ao abri-la notou
um homem com uma caixa de ferramentas de carpinteiro na mão.
Estou procurando trabalho- disse ele. Talvez você tenha um pequeno serviço
que eu possa executar.
Sim! - disse o fazendeiro - claro que tenho trabalho para você. Veja aquela
fazenda além do riacho. É do meu vizinho. Na realidade, meu irmão mais novo. Nós
brigamos e não posso mais suportá-lo.
- Vê aquela pilha de madeira perto do celeiro? Quero que você construa uma
cerca bem alta ao longo do rio para que eu não precise mais vê-lo.
Acho que entendo a situação - disse o carpinteiro. Mostre-me onde estão a pá
e os pregos que certamente farei um trabalho que lhe deixará satisfeito.
Como precisava ir à cidade, o irmão mais velho ajudou o carpinteiro a
encontrar o material e partiu.
O homem trabalhou arduamente durante todo aquele dia medindo, cortando e
pregando. Já anoitecia quando terminou sua obra.
O fazendeiro chegou da sua viagem e seus olhos não podiam acreditar no que
viam. Não havia qualquer cerca!
Em vez da cerca havia uma ponte que ligava as duas margens do riacho.
Era realmente um belo trabalho, mas o fazendeiro ficou enfurecido e falou:
você foi muito atrevido construindo essa ponte após tudo que lhe contei.
No entanto, as surpresas não haviam terminado. Ao olhar novamente para a
ponte, viu seu irmão aproximando-se da outra margem, correndo com os braços
abertos.
Por um instante permaneceu imóvel de seu lado do rio. Mas, de repente, num
só impulso, correu na direção do outro e abraçaram-se chorando no meio da ponte.
O carpinteiro estava partindo com sua caixa de ferramentas quando o irmão
que o contratou pediu-lhe emocionado: "espere! fique conosco mais alguns dias".
E o carpinteiro respondeu: "eu adoraria ficar, mas, infelizmente, tenho
muitas outras pontes para construir."
E você, está precisando de um carpinteiro, ou é capaz de construir sua
própria ponte para se aproximar daqueles com os quais rompeu contato?
Pense nisso!
As pessoas que estão ao seu lado, não estão aí por acaso.
Há uma razão muito especial para elas fazerem parte do seu círculo de
relação.
Por isso, não busque isolar-se construindo cercas que separam e infelicitam
os seres.
Construa pontes e busque caminhar na direção daqueles que, por ventura,
estejam distanciados de você.
E se a ponte da relação está um pouco frágil, ou balançando por causa dos
ventos da discórdia, fortaleça-a com os laços do entendimento e da verdadeira
amizade.
Agindo assim, você suprirá suas carências afetivas e encontrará a paz íntima
que tanto deseja.


Amargura Construída

Há alguns dias, uma senhora nos buscou e abriu seu coração de mãe e avó,
preocupado com a crueldade praticada por jovens, em nosso país.
Pediu-nos que falássemos a respeito do assunto. Talvez haja um jeito de
conter essa onda de violência e descaso para com a vida dos semelhantes,
desabafou.
Sem a pretensão de apresentar uma fórmula capaz de solucionar o problema
grave por que passa grande parte dos nossos jovens, exporemos algumas idéias dos
espíritos superiores que sabem, mais do que imaginamos, os dramas por que
passamos na face da Terra.
Elucidam que há possibilidades diversas para que tal situação se apresente.
Uma delas está justamente no espírito reencarnado, ou seja, no espírito que
anima o corpo do nosso filho problema, que traz a própria bagagem infeliz de
vidas anteriores.
Esse filho, mesmo tendo, por parte dos pais, os melhores exemplos de vida
digna, de honestidade e grandeza no esforço do bem, não se interessará pela
honradez ou probidade dos pais.
Ainda assim, cabe aos pais o esforço por continuar exemplificando o bem,
ainda que pareça inútil, pois um dia eles despertarão para uma realidade melhor.
Outra possibilidade é a da demissão dos pais, enquanto educadores de seus
filhos.
Pais que largam os filhos "ao Deus dará", sem se preocuparem com o que fazem
desde a infância. E estes crescem com as informações variadas que lhes chegam
por diversos meios, sem que alguém lhes oriente sobre o que é certo e o que não
é.
Filhos que passam boa parte da infância e adolescência em frente à televisão
vendo os desenhos animados de crueldade, violência e brutalidade.
Outros, passam horas manejando os "joystik's" dos vídeos-games, utilizando
fitas alugadas pelos próprios pais, que não se preocupam, sequer, em observar
com que tipo de jogos seus filhos se divertem.
Dia desses, observávamos dois garotos brincando na rua de um condomínio
fechado, onde não deveria haver perigo, pois que lá ninguém entra sem ser
convidado. Mas tal não foi a nossa surpresa, quando um dos garotinhos, de apenas
oito anos de idade, sacou do bolso um canivete e ameaçou o amiguinho, só porque
este ajuntou do chão um papel de bala que ele desejava para si.
Percebendo a possibilidade de alguém sair ferido, fomos até a portaria e
avisamos um dos porteiros que o garoto estava com o canivete. Este nos disse,
para maior surpresa ainda, que ele já havia falado com a mãe do menino, e esta
lhe dissera que sabia, pois fora ela mesma que lhe presenteara com a arma.
Podemos imaginar, pela tendência do garoto, o que ele fará com apenas mais
uns anos de idade. Essa mãe, tem grandes possibilidades de vir a amargar mais
tarde, as conseqüências de sua indiferença com relação às atitudes do filho.
Como o assunto é complexo e de interesse de grande parte dos pais,
indicamos, aos interessados, a leitura do livro "Vereda Familiar", ditado por
uma mãe de 11 filhos que já está do outro lado da vida, mas não deixa de se
preocupar e de se ocupar com as famílias que se debatem entre os tantos
problemas no campo da educação.

Gibram Kalil Gibram, fala dos pais da seguinte forma:
"Vós sois os arcos dos quais vossos filhos são arremessados como flechas
vivas.
O Arqueiro, mira o alvo na senda do infinito e vos estica com toda Sua força
para que Suas flechas se projetem, rápidas e para longe.
Que vosso encurvamento na mão do Arqueiro seja vossa alegria. Pois assim
como Ele ama a flecha que voa, ama também o arco que permanece estável."

ABORTO NÃO REALIZADO

A gravidez veio na hora indesejada, lembrava-se Laura. Veio na hora errada e
ainda trazia riscos de várias ordens. A saúde debilitada, problemas familiares,
o desemprego...
Seu primeiro impulso foi o aborto. Tomou uns chás que, em vez de "resolver",
a debilitaram ainda mais.
Recuperada, buscou uma dessas pessoas que arrancam, ainda no ventre, o
chamado problema das mães que não desejam levar adiante a gestação.
Naquele dia, a parteira havia adoecido e faltara.
Laura voltou para casa preocupada, mil situações lhe passavam pela mente.
À noite, deitou-se e custou a adormecer, mas foi vencida pelo sono. No sonho
viu um belo jovem pedindo-lhe algo que, na manhã seguinte não soube definir.
Durante todo o dia não conseguiu tirar aquela imagem da mente, de sorte que
esqueceu a gravidez.
Na noite seguinte voltou a sonhar com o mesmo jovem, só que acordou com a
agradável sensação de tão doce quanto agradável "obrigado".
Era como se ainda visse seus lábios pronunciando palavras de agradecimento,
enquanto de seu coração irradiava uma paz indefinível.
Desistiu do aborto. Enfrentou tudo, superou todos os riscos e saiu
vitoriosa...
Hoje, passados 23 anos do episódio, ouve consternada seu belo e jovem filho
pronunciar, do púlpito da solenidade de sua formatura, ante uma extasiada
multidão:
...e agradeço sobretudo à minha mãe, que me alimentou o corpo e o espírito,
dando-me não só comida, mas carinho, companhia, amor e, principalmente, vida.
E, olhando-a nos olhos, o filho pronunciou, num tom inconfundível:
- Obrigado!
Ela não teve dúvidas. Foi o mesmo obrigado, doce e agradável de um sonho, há
23 anos...
A mulher que nega o ventre ao filho que Deus lhe confia, nega-se a si mesma
a oportunidade de ouvir a cantiga alegre da criança indefesa a rogar-lhe carinho
e proteção.
Perde a oportunidade de dar à luz um espírito sedento de evolução, rogando-
lhe uma chance de reencarnar, para juntos superarem dificuldades e estreitarem
laços de amizade e afeto.
Se você mulher, está passando pela mesma situação de Laura, mire-se no seu
exemplo e permita-se ser mãe.
Permita-se sentir, daqui há alguns meses, o agradecimento no olhar do
pequenino que lhe roga o calor do colo e uma chance de viver.
Conceda-se a alegria, de daqui há alguns anos ornamentar o pescoço com a
jóia mais valiosa da face da terra: os bracinhos frágeis da criança, num abraço
carinhoso a lhe dizer: obrigado mamãe, por ter me permitido nascer e crescer, e
fazer parte desse mundo negado a tantos filhos de Deus.
Pense nisso!
Todos nós voltaremos a nascer um dia...
Se continuarmos negando oportunidades de reencarnação aos espíritos com os
quais nos comprometemos antes do berço, talvez estejamos negando a nós mesmos a
chance de uma mãe ou pai, no futuro.
Pensemos nisso!

AMOR DE MÃE

Havia um garoto que, nos seus quase oito anos, adquirira um hábito nada
salutar. Tudo para ele se resumia em dinheiro. Queria saber o preço de tudo o
que via. Se não custasse grande coisa, para ele não tinha valor algum.
Nem se apercebia o pequeno que há muitas coisas que dinheiro algum compra. E
dentre essas coisas, algumas são as melhores do mundo.
Certo dia, no café da manhã, ele teve o cuidado de colocar sobre o prato da
sua mãe um papelzinho cuidadosamente dobrado. A mãe o abriu e leu:
"Mamãe me deve: por levar recados - 3 reais; por tirar o lixo - 2 reais; por
varrer o chão - 2 reais; extras - 1 real. Total que mamãe me deve: oito reais."
A mãe espantou-se no primeiro momento. Depois, sorriu, guardou o bilhetinho
no bolso do avental e não disse nada.
O garoto foi para a escola e, naturalmente, retornou faminto. Correu para a
mesa do almoço.
Sobre o seu prato estava o seu bilhetinho com os oito reais. Os seus olhos
faiscaram.
Enfiou depressa o dinheiro no bolso e ficou imaginando o que compraria com
aquela recompensa. Mas então, percebeu que havia um outro papel ao lado do seu
prato. Igualzinho ao seu e bem dobrado.
Abriu e viu que sua mãe também lhe deixara uma conta. "Filhinho deve à
mamãe: por amá-lo - nada. Por cuidar da sua catapora - nada. Pelas roupas,
calçados e brinquedos nada. Pelas refeições e pelo lindo quarto - nada. Total
que filhinho deve à mamãe - nada."
O menino ficou sentado, lendo e relendo a sua nova conta. Não conseguia
dizer nenhuma palavra. Depois se levantou, pegou os oito reais e os colocou na
mão de sua mãe.
A partir deste dia, ele passou a ajudar sua mãe por amor.
Nossos filhos são espíritos que trazem suas virtudes e suas paixões
inferiores de outras existências. Cabe-nos examiná-las para auxiliá-los na
consolidação das primeiras e no combate às segundas.
Todo momento é propício e não deve ser desperdiçado.
As ações são sempre mais fortes que as palavras.
Na condução dos nossos filhos, cabe-nos executar a especial tarefa de agir
sempre com dignidade e bom senso, o que equivale a dizer, educar-nos.
Com exceção dos filhos extremamente rebeldes, uma boa dose de amor somada à
energia, sempre dão bons resultados.
Você sabia?
Que é no lar que recebemos os primeiros ensinamentos sobre as virtudes?
E que na construção do senso moral, dos conceitos de certo e errado são
muito importantes os exemplos dados pelos pais?
É no doce mundo familiar que se adquire o hábito da virtude que nos guiará
as ações quando sairmos mundo afora.

AMOR DE MÃE

Quanto vale um amor de mãe? Será que tem preço? Poderá haver substituto ao
laço que une mãe e filho?
Dizem alguns que amor materno é balela, piegas. Contudo, ao dispor, na
terra, que o homem fosse concebido a partir do amor de dois seres que se unem e
tivesse a gerá-lo o ventre materno, Deus estabeleceu bases seguras para que a
criatura desenvolvesse a sua extraordinária capacidade de amar. E uma das
facetas do amor é o amor materno. Conseqüentemente, a necessidade que sente o
filho de ser amado.
Certa vez, uma jovem esposa, depois de dez anos de consórcio, decidiu deixar
o lar. De algum tempo, a situação se fazia insustentável e ela decidiu começar
vida nova.
Abandonou esposo e filho, garoto de seis anos.
Dois anos depois, já com um novo amor a lhe fazer bater o coração
descompassado e um trabalho em agência de Correios, foi surpreendida por um
papel dobrado em quatro, que caiu dentre os tantos envelopes que ela separava
para envio.
Era uma folha de caderno, sem envelope, destinada simplesmente a Jesus.
A curiosidade fez com que ela abrisse a folha e começasse a ler.
"Jesus, dizia a carta escrita em letra infantil, eu estou muito doente.
Tenho muita tosse. Sei que papai cuida de mim, em todas as horas que não está no
trabalho. Tia margarida e tia magda também.
Mas Jesus, eu estou tão doente. E por isso eu escrevo esta carta para lhe
pedir um presente. O meu aniversário está próximo.
Seria possível me trazer, no dia em que eu vou completar oito anos, a minha
mãe de volta?
Não sei onde ela se encontra mas o senhor deve saber, com certeza. Se o
senhor puder, por favor, Jesus, traga minha mãe de volta.
Se ela voltar, a nossa casa vai se alegrar outra vez. Haverá flores nas
janelas. E eu melhorarei. A minha tosse vai passar.
Jesus, eu queria tanto, no meu aniversário, abraçar minha mãe outra vez.
Sei que eu não sou um bom menino, mas eu peço assim mesmo porque quando
minha mãe estava conosco ela sempre dizia que tudo o que se pedisse a você, você
conseguiria.
Eu vou ficar esperando, Jesus, por favor, traga de volta minha mãe."
A assinatura não deixava dúvidas. Era do seu filho, o garoto que deixara aos
seis anos, quando partira para sua nova vida.
Rita deixou o trabalho naquele dia e voltou para casa. Bateu à porta e
surpresa, tia margarida a viu entrar.
Passou pela sala e o marido, igualmente surpreendido, somente a olhou sem
nada dizer.
Foi ao quarto do filho, que tossia, deitado em sua cama.
Ao vê-la, o garoto sorriu, abriu os braços e exclamou:
"Mãe, Jesus trouxe você!"
Pensamento
Existem muitos corpos que não geraram outros corpos, no entanto, se fizeram
mães da dedicação em nome do amor de nosso Pai.
São criaturas que sustentam vidas, que não murcharam porque elas tomaram
para si a missão de ampará-las e socorrê-las.
(Baseado no livro Remotos Cânticos de Belém - pág. 236)

Ajuda-te, que o Céu te Ajudará

Narra-se que um sábio caminhava com os discípulos por uma estrada tortuosa,
quando encontraram um homem piedoso que, ajoelhado, rogava a Deus que o
auxiliasse a tirar seu carro do atoleiro.
Todos olharam o devoto, sensibilizaram-se e prosseguiram.
Alguns quilômetros à frente, havia um outro homem, que tinha, igualmente, o
carro atolado num lodaçal. Este, porém, esbravejava reclamando, mas tentava com
todo empenho liberar o veículo.
Comovido, o sábio propôs aos discípulos ajudá-lo.
Reuniram todas as forças e conseguiram retirar o transporte do atoleiro.
Após os agradecimentos o viajante se foi feliz.
Os aprendizes surpresos, indagaram ao mestre: senhor, o primeiro homem
orava, era piedoso e não o ajudamos. Este, que era rebelde e até praguejava,
recebeu nosso apoio. Por que?
Sem perturbar-se, o nobre professor respondeu: aquele que orava, aguardava
que Deus viesse fazer a tarefa que a ele competia. O outro, embora desesperado
por ignorância, empenhava-se, merecendo auxílio.
Muito de nós costumamos agir como o primeiro viajante. Diante das
dificuldades que nos parecem insolúveis, acomodamo-nos, esperando que Deus faça
a parte que nos cabe para a solução do problema.
Nós podemos e devemos empregar esforços para melhorar a situação em que nos
encontramos.
Há pessoas que desejam ver os obstáculos retirados do caminho por mãos
invisíveis, esquecidas de que esses obstáculos, em sua maioria, foram ali
colocados por nós mesmos, cabendo-nos agora, a responsabilidades de retirá-los.
Alguns se deixam cair no amolentamento, alegando que a situação está difícil
e que não adianta lutar.
Outros não dispõem de perseverança, abandonando a luta após ligeiros
esforços.
Com propriedade afirma a sabedoria popular que "pedra que rola não cria
limo", sugerindo alteração de rota, movimento, dinamismo, realização.
Não basta pedir ajuda a Deus, é preciso buscar, conforme o ensino de Jesus:
"buscai e achareis", "batei e abrir-se-vos-á".
Devemos, portanto, fazer a nossa parte que Deus nos ajudará no que não
estiver ao nosso alcance resolver.
Pense nisso!
Seria ideal que, sem reclamar e pensando corretamente, fizéssemos esforços
para retirar do atoleiro o carro da nossa existência, a fim de seguirmos adiante
felizes, com coragem e disposição. Confiantes de que Deus sustentará as nossas
forças para que possamos triunfar.
Pensemos nisso!

ARREPENDIMENTO E AÇÃO

Dentre as emoções mais amargas sentidas pelos seres humanos, está o
arrependimento.
Ele chega tardiamente, embrulhado em sombras, trazendo o travo do fel.
Insinua-se como tóxico penetrante, quando não irrompe desgovernado,
produzindo desastre...
Nunca antecipa sua presença, mas quando chega mata a esperança, subjuga a
coragem e vence a resistência.
É útil para despertar a consciência e desastroso para a convivência
demorada, porque destrói a vida.
Assim, o arrependimento deve ser aproveitado, pela alma que o sente, para
elevar-se acima da sua influência perniciosa.
Quando a luz do arrependimento se acende na consciência culpada, esta
visualiza, com nitidez, os desatinos cometidos e se julga irremissivelmente
perdida.
Mas o arrependimento, ao contrário do que se pensa, é bênção que enseja ao
arrependido maturidade e convite à reparação.
É a porta que se abre para que a alma equivocada busque o acerto e se renove
para Deus.
Assim, se o arrependimento nos visita, não façamos dele motivo para o
desalento.
O agricultor desavisado, que semeia espinhos ao invés de boas sementes, ou
desleixado, que permite o alastramento das ervas daninhas, quando se dá conta de
que sua lavoura corre perigo, não pode ficar se lamentando, de braços cruzados.
Ao contrário, deve agir rapidamente para recuperar o tempo perdido.
Começa por arrancar os espinheiros e limpar o eito. Depois é tempo de
preparar o solo e lançar sementes que produzam bons frutos.
Jesus, profundo conhecedor dos mapas que norteiam a intimidade dos seres,
ensinou-nos como proceder quando visitados pelo arrependimento: tomar do arado,
e não olhar para trás.
Um exemplo célebre na história do cristianismo é o de Maria de Magdala.
Mulher jovem e bonita, se comprazia nos prazeres efêmeros e vazios. Mas
quando vislumbrou uma proposta de felicidade efetiva, refez as metas, fortaleceu
os ânimos e seguiu com coragem.
Não ficou isenta das conseqüências dos atos pretéritos, mas não titubeou
ante o campo que o Mestre lhe ofereceu para ser joeirado.
O profeta Ezequiel fala que o desejo do Criador não é a morte do ímpio, mas
a eliminação da impiedade.
Contudo, para que haja a eliminação da impiedade é preciso que o ímpio caia
em si, qual filho pródigo, e volte-se para o Pai.
Assim, se o arrependimento bater nas portas da nossa consciência, acolhamo-
lo com a tranqüilidade de quem reconhece que se equivocou, mas que deseja,
sinceramente, refazer a lição com acerto.
Pense nisso!
Para evitar arrependimentos futuros convém que façamos, no momento presente,
o melhor que estiver ao nosso alcance.
A consciência é guia seguro para nortear nossas atitudes, uma vez que nela
estão inscritas as leis divinas.
Em última análise, arrepender-se é jamais ter que pedir perdão.
Pensemos nisso!

A Arte de Formar Caracteres

A prática e as pesquisas realizadas por psicólogos demonstram a necessidade
de se repensar a questão da educação dos filhos.
Depois que as experiências provaram que o método do autoritarismo, aplicado
por nossos pais, estava ultrapassado e de certa forma ineficiente, optou-se por
outro método menos eficaz e até danoso: o da "liberdade sem responsabilidade".
Considerada por alguns psicólogos como prejudicial ao desenvolvimento sadio
da criança, a palavra "não" foi banida do vocabulário de muitos pais, que hoje
amargam profundamente a total falta de controle sobre a prole.
Sem examinar a questão com mais cuidado, os pais modernos aceitaram a
filosofia do "tudo pode", não levando em conta a necessidade de se estabelecer
limites para que haja harmonia dentro do lar.
Depois de perder o controle da situação, muitos apelaram para outro método
desastroso: o da barganha.
Impotentes diante da teimosia dos filhos, criados sem as normas básicas de
disciplina, os pais se perdem nos labirintos das "compensações", em que tudo é
negociado.
Se é hora de ir para a cama e o filho não obedece, a mãe logo lança mão de
algum motivo para a "negociata": "se você for dormir a mamãe deixa você jogar
aquela fita de "game" violenta, que você tanto gosta".
Nesse caso bastaria que a mãe, consciente da sua missão de educadora,
tomasse seu filhos pela mão e o conduzisse com carinho e firmeza para a cama.
Ou, ainda, se é hora do banho e o "anjinho" faz corpo mole, a mãe logo faz
outro "trato", esquecendo-se de que quando mais se negocia com a criança, mais
ela exigirá para cumprir sua obrigação.
Alguns psicólogos defendem a volta do autoritarismo na educação dos filhos,
mas isso já ficou provado que não dá bons resultados. Seria "domesticação" ao
invés de educação.
Considerando-se que a educação, é a arte de formar caracteres, temos de
convir que a barganha somente servirá para "deformar" os caracteres dos nossos
educandos.
Ademais, se levarmos em conta que nossos filhos são espíritos encarnados que
vêm do espaço para progredir, trazendo em si mesmos as experiências de outras
existências, boas ou não, entenderemos que a grande missão dos pais é conhecer-
lhes a intimidade a ajudá-los a caminhar para Deus.
Nossos filhos são seres inteligentes, que não aceitam somente um "não" como
resposta. Eles merecem e precisam de uma explicação coerente. Não falamos de
justificativas, mas de diálogo.
Se existe um horário para dormir, se é preciso tomar banho, se não podemos
comprar este ou aquele brinquedo, a criança tem o direito de saber porque.
Dizendo, por exemplo, que não compramos o brinquedo que ela tanto queria
porque o orçamento não comporta, ela entenderá, ao passo que se dissermos um
"não" somente, ela ficará revoltada, pensando que não compramos por má vontade.
Tudo isso requer muito investimento, que não quer dizer "perda de tempo",
como muitos pais afirmam. Investimento de tempo, paciência, afeto e carinho. A
tarefa não é tão difícil e certamente é mais eficaz.
Santo Agostinho fez a seguinte advertência em o Evangelho Segundo o
Espiritismo: "lembrai-vos de que a cada pai e a cada mãe perguntará Deus: que
fizestes do filho confiado à vossa guarda?
Se por culpa vossa ele se conservou atrasado, tereis como castigo vê-lo
entre os espíritos sofredores, quando de vós dependia que fosse ditoso."
Pensemos nisso!

Acima de Tudo, As Leis Divinas

Você certamente já leu ou ouviu, algum dia, a notícia de roubo, incêndio,
naufrágio ou explosão de algum bem móvel ou imóvel que pertencia a alguém, não é
mesmo?
No entanto, ninguém jamais ouviu ou leu uma manchete com os dizeres: "foi
roubada a coragem desta ou daquela pessoa", "foi extraviada grande porção de
otimismo, quem a encontrar favor devolver no endereço citado".
Ou então, "incêndio consumiu toda a fidelidade de fulano" ou, "naufragou a
honestidade de beltrano"
Enfim, nunca se ouve falar que as virtudes de alguém tenham sofrido assaltos
ou outro dano qualquer.
Todavia, alguns podem argumentar que isso acontece diariamente quando as
negociatas indignas põem por terra a honestidade e a honradez deste ou daquele
cidadão, que sucumbe ante grandes quantias em dinheiro ou favorecimentos de toda
ordem.
No entanto, as virtudes que se deixam arrastar por interesses próprios, não
são virtudes efetivas, são ensaios de virtudes.
Quem, verdadeiramente, conquista uma virtude, jamais a perde.
Contou-nos um amigo, jovem advogado, que labora num órgão público que, em
certa ocasião, estava com uma pilha de processos sobre a mesa, quando seu
superior entrou na sala e tomou dois daqueles processos e pôs de lado, dizendo-
lhe:
"Quero que você arquive estes processos."
O advogado perguntou por que razão deveria arquivá-los, e o diretor
respondeu simplesmente: "porque os acusados são meus amigos e me pediram esse
favor".
O moço que, por sua vez, tinha um compromisso sério com a própria
consciência, que é onde estão inscritas as leis divinas, fez com que os
processos seguissem seu curso, sem interferir.
Tempos depois, os amigos do diretor tiveram que arcar com as custas do
processo e indenizar vários cidadãos, aos quais haviam prejudicado de alguma
forma.
E, quando o diretor foi tirar satisfação com o advogado, este argumentou que
o fato de os acusados serem seus amigos, não era suficiente para isentá-los da
responsabilidade dos seus atos. E que somente a falta de provas poderia livrá-
los, o que não era o caso.
Se esse jovem advogado não tivesse firmeza de caráter, poderia ter dado
ocasião a que fosse registrado em sua ficha espiritual a seguinte anotação:
Este espírito sofreu, em tal data, um assalto da corrupção e da prepotência
e teve seus bens mais preciosos, que são a fidelidade e a honestidade, roubados.
Mas, felizmente, isso não aconteceu.
Pense nisso!
Toda vez que permitimos que nossas virtudes sejam compradas ou roubadas,
ficamos mais pobres espiritualmente.
Toda vez que aplaudimos a corrupção e a ganância, tirando proveito de
cargos, posições sociais, ou de situações diversas em benefício próprio e em
detrimento de outrem, estamos nos candidatando a entrar no mundo espiritual como
mendigos morais.
Pensemos nisso!

Amor de Amigo

Durante a segunda guerra mundial, um orfanato de missionários, numa aldeia
vietnamita, foi atingido por várias bombas.
Os missionários e duas crianças morreram na hora e muitas ficaram feridas,
inclusive uma menina de 8 anos.
Através do rádio de uma aldeia vizinha, os habitantes buscaram socorro dos
americanos. Um médico da marinha e uma enfermeira chegaram trazendo apenas
maletas de primeiros socorros.
Perceberam logo que o caso mais grave era o da menina. Se não fossem tomadas
providências imediatas ela morreria por perda de sangue. Era urgente que se
fizesse uma transfusão.
Saíram a procura de um doador com o mesmo tipo sangüíneo. Os americanos não
tinham aquele tipo de sangue, mas muitos órfãos que não tinham sido feridos
poderiam ser doadores.
O problema agora, era como pedir às crianças, já que o médico conhecia
apenas algumas palavras em vietnamita e a enfermeira tinha poucas noções de
francês.
Usando uma mistura das duas línguas e muita gesticulação, tentaram explicar
aos assustados meninos que, se não recolocassem o sangue perdido, a menina
morreria.
Então perguntaram se alguém queria doar sangue. A resposta foi um silêncio
de olhos arregalados.
Finalmente uma mão levantou-se timidamente, deixou-se cair e levantou de
novo.
Ah, obrigada - disse a enfermeira em francês. Como é o seu nome?
O garoto respondeu em voz baixa: Heng.
Deitaram Heng rapidamente na maca, esfregaram álcool em seu braço e
espetaram a agulha na veia.
Durante esses procedimentos, Heng ficou calado e imóvel.
Passado um momento, deixou escapar um soluço e cobriu depressa o rosto com a
mão livre.
Está doendo Heng? - perguntou o médico. Heng abanou a cabeça, mas daí a
pouco escapou outro soluço e mais uma vez tentou disfarçar. O médico tornou a
perguntar se doía, e ele abanou a cabeça outra vez, significando que não.
Mas os soluços ocasionais acabaram virando um choro declarado, silencioso,
os olhos apertados, o punho na boca para estancar os soluços.
O médico e a enfermeira ficaram preocupados. Alguma coisa obviamente estava
acontecendo.
Nesse instante, chegou uma enfermeira vietnamita, enviada para ajudar. Vendo
a aflição do menino, falou com ele, ouviu a resposta, e tornou a falar com voz
terna, acalmando-o.
Heng parou de chorar e olhou surpreso para a enfermeira vietnamita. Ela
confirmou com a cabeça e uma expressão de alívio estampou-se no rosto do menino.
Então ela disse aos americanos:
Ele achou que estava morrendo. Entendeu que vocês pediram para dar todo o
sangue dele para a menina poder viver.
E por que ele concordou? Perguntou o médico.
A enfermeira vietnamita repetiu a pergunta, e Heng respondeu simplesmente:
"Ela é minha amiga."
Pense nisso!
Você já pensou em ser um doador de sangue?
Geralmente só o fazemos quando a necessidade é de um familiar ou um ente
caro, mas a solidariedade convida-nos a doar para salvar vidas.
Tornando-nos um doador voluntário, estaremos contribuindo grandemente com a
sociedade.
(História do Livro das Virtudes - II, "Um Amor Maior")

Após a Tempestade

Não são muitas as pessoas que reconhecem o valor da mensagem impressa,
atribuindo aos livros pouca ou nenhuma importância.
Assim pensam, sem imaginarem o que seria dos ensinos de Jesus se os
evangelistas não os tivessem anotado e entregue à posteridade. E da filosofia de
Sócrates, sem os escritos de seu discípulo Platão.
O tempo teria se encarregado, com certeza, de os diluir nos séculos, eis que
todas as histórias que somente vivem na memória das criaturas e são passadas
oralmente, de geração a geração, acabam por se tornar lendas, cujo fundo de
verdade é bem difícil de ser identificado.
Há algum tempo, uma jovem senhora vivia um drama familiar imenso. O marido a
abandonara e ela não dispunha de meios para garantir o sustento dos três filhos
menores.
Lesada no afeto e sem vislumbrar melhores perspectivas, resolvera abandonar
a vida física. Arquitetou uma estratégia e conseguiu uma substância corrosiva
para realizar o seu intento. Enquanto retornava ao lar, acariciando no bolso a
porção fatídica, passou por uma banca de livros espíritas e a capa de um
determinado livro lhe chamou a atenção. Aproximou-se, abriu-o e leu alguns
títulos.
O atendente, vendo-a devolver o livro à prateleira e fazer o gesto de quem
iria se retirar, perguntou-lhe se não desejava levar a obra.
Timidamente, ela se desculpou, dizendo que não dispunha de dinheiro. O
jovem, sensibilizado, tomou do volume e o colocou nas mãos da senhora,
presenteando-o.
Ela se foi com a obra intitulada "Após a Tempestade". Chegando em casa,
pensou em ler uma página. Seria a sua despedida do mundo.
Folheou-o e surpreendeu-se com um título: Suicídio.
Sentou-se e leu atentamente as observações que o Espírito faz a respeito
desta fuga da vida.
Ao concluir a leitura, a vontade de matar-se já havia passado. Virou a
página e leu outra mensagem, e outra mais, até que se deu conta de que já tinha
lido várias e seu estado de ânimo mudara.
As lágrimas lhe brotavam com abundância dos olhos. Havia motivos para viver:
Deus a amava e ela era responsável por três vidas, além da sua própria.
A vida é patrimônio divino e não deve ser malbaratada. Dispôs-se a
prosseguir vivendo. Os meses escoaram e a situação se transformou. Conseguiu um
emprego, voltou-se à religião, ela que já havia se esquecido de orar e,
finalmente, cinco anos após, seu marido retornou ao lar.
Cinco anos, após a tempestade...
À semelhança da referida obra, outras tantas existem à disposição de almas
aflitas e seres sedentos de orientação. Mensagens volantes, livros, opúsculos,
todos servem ao objetivo do amor divino: atender os seus filhos que vivem o
infortúnio, para que se redescubram e descubram o amor que nunca perece.
Você sabia que o livro nobre pode ser considerado pão da vida? É preparado
com o trigo da sabedoria para sustentar as criaturas, todos os dias.
E que difundir o bom livro é espalhar esperanças no mundo? As almas
sofridas, nele encontrarão sempre, repouso para as suas fadigas e os ignorantes,
a luz do conhecimento para as suas mentes.

O Amor

"O amor é de essência divina", bradam os Imortais. O homem, nos ensaios do
amor tem muita vez se equivocado.
Em nome do amor à verdade deflagrou contendas que atravessaram anos e
atingiram a muitos.
Pelo amor a personalidades eminentes, conspurcou vidas, destroçando outras
tantas vidas.
Pelo amor a sítios e paragens históricas o homem luta, e fere, e se
desequilibra.
Contudo, o amor é de essência divina. Do que se conclui que, em momento
algum, por nenhum motivo, pode se tornar arma fratricida ou motivo de dissensão.
O verdadeiro amor simplesmente se doa e não tem limites.
Recordamo-nos de uma jovem senhora, profissional de mérito, que se
consorciou com famoso engenheiro.
A fortuna lhes sorriu, a fama, o reconhecimento público. Viviam felizes, não
fosse a depressão que vez ou outra acometia a esposa. Tomava-se de tristeza e
por horas amargava a solidão.
Nada que lhe pudesse modificar a disposição, nesses momentos. Nem a presença
do esposo, dos familiares, de amigos.
É que ela guardava um segredo e o remorso a atormentava. Nos verdes anos da
juventude engravidara e, inconseqüente, optara pelo abortamento.
Após o casamento, porque não conseguisse engravidar, passou a crer que os
céus a estavam castigando pelo ato terrível que cometera.
Mas não ousava a ninguém confidenciar o que fizera.
Até que um dia resolveu abrir a terra desconhecida do seu coração ao ser
amado. Temia perdê-lo, face à revelação.
Ele a ouviu e tomando-lhe as mãos entre as suas, murmurou: "já suspeitava de
que algo grave houvesse sucedido em sua vida. Respeitei o seu segredo e jamais a
amei menos. Agora, muito mais, se for possível um superlativo amor. Este é um
grande e especial momento em nossas vidas. Desapareceu o único impedimento que
colocava sombras em nossa união."
"Você me perdoa?" Perguntou lacrimosa.
"Quem ama, não chega a perdoar", respondeu rápido o marido.
"O fato de perdoar anularia o sentimento do amor, porque o amor compreende
sempre. Lamento que este seu gesto de confiança não tivesse se dado antes, pois
assim me impediu de usufruir a solidariedade de sofrer ao seu lado, diminuindo-
lhe a dor."
Segurando-lhe as mãos com redobrada ternura, as beijou: "não soframos mais o
passado. Construamos o futuro. Compensemos o ato criminoso, amparando os filhos
alheios, se não pudermos ser pais da própria carne. Refundamos as nossas forças
na fornalha sublime do amor, clarificados pelo amor de Deus."
O casal, tendo por testemunhas as estrelas da noite calma, renovou as
promessas de eterna ventura com dedicação perene.
Um poema musical de esperança e de mútuo auxílio se expressou, na balada
suave do amor.
Você sabia?
Que o amor cobre a multidão dos erros e equívocos? Isto significa que faltas
graves podem ser ressarcidas com devoção ao semelhante, dedicação ao bem e
trabalho incessante pelo próximo.
Quem semeia espinhos pode amenizar a aspereza do campo cultivado, passando a
aromatizar o ar com a semeadura abundante de flores coloridas e árvores
frutíferas.
(Baseado no livro: Do Abismo às Estrelas 3ª parte, cap. 6 Variações em Torno
do Tema)

Alguém para Amar

O mundo está cheio de queixas. De pessoas que se dizem solitárias. Que
desejariam ser amadas. Que vivem em busca de alguém que as ame, que as
compreenda.
O mundo está cheio de carências. Carências afetivas. Carências materiais.
Possivelmente, observando o panorama do mundo onde vivia foi que madre
Teresa de Calcutá certo dia escreveu:
Senhor, quando eu tiver fome, dai-me alguém que necessite de comida. Quando
tiver sede, dai-me alguém que precise de água. Quando sentir frio, dai-me alguém
que necessite de calor.
Quando tiver um aborrecimento, dai-me alguém que necessite de consolo.
Quando minha cruz parecer pesada, deixe-me compartilhar a cruz do outro.
Quando me achar pobre, ponde a meu lado alguém necessitado. Quando não tiver
tempo, dai-me alguém que precise de alguns dos meus minutos. Quando sofrer
humilhação, dai-me ocasião para elogiar alguém.
Quando estiver desanimada, dai-me alguém para lhe dar novo ânimo.
Quando sentir necessidade da compreensão dos outros, dai-me alguém que
necessite da minha. Quando sentir necessidade de que cuidem de mim, dai-me
alguém que eu tenha de atender.
Quando pensar em mim mesma, voltai minha atenção para outra pessoa.
Tornai-nos dignos, senhor, de servir nossos irmãos que vivem e morrem pobres
e com fome no mundo de hoje.
Dai-lhes, através de nossas mãos, o pão de cada dia, e dai-lhes, graças ao
nosso amor compassivo, a paz e a alegria.
Madre Teresa verdadeiramente conjugou o verbo amar. Sua preocupação era
primeiro com os outros.
Todos representavam para ela o próprio cristo. Em cada corpo enfermo,
desnutrido e abandonado ela via Jesus crucificado em um novo madeiro.
Amou de tal forma que estendeu a sua obra pelo mundo inteiro, abraçando
homens de todas as raças e credos religiosos.
Honrada com o prêmio Nobel da paz, prosseguiu humilde, servindo aos seus
irmãos. Tudo o que lhe importava eram os seus pobres. E os seus pobres eram os
pobres do mundo inteiro.
Amou sem fronteiras e sem limites. Serviu a Jesus em plenitude. E nunca se
ouviu de seus lábios uma queixa de solidão, amargura, cansaço ou desânimo.
Sua vida foi sempre um cântico de fidelidade a Deus, por meio dos
compromissos com as lições deixadas por Jesus.
O Cristo precisa de almas dispostas e decididas que não meçam obstáculos.
Almas que se lancem ao trabalho reconfortante e luminoso, no qual se pode ser
útil de verdade.
Almas que não esperem nada dos seus atendidos a não ser a sua felicidade,
sob as luzes do amigo Jesus.
Almas cujo único desejo seja o de amar intensamente, sem aguardar um único
gesto de gratidão.
Almas que tenham entendido o que desejou dizer Francisco de Assis: é melhor
amar do que ser amado.
Fontes: Livro Vida e Mensagem, cap. 20, ed. FRÁTER.
Poema de Madre Teresa de Calcutá - Dai-me alguém para amar.

A Arte do Matrimônio

Qual será o segredo dos casamentos duradouros? Casais que convivem há anos
falam de paciência, renúncia, compreensão.
Em verdade, cada um tem sua fórmula especial. Recentemente lemos as
anotações de um escritor que achamos muito interessantes.
Ele afirma que um bom casamento deve ser criado. No casamento, as pequenas
coisas são as grandes coisas.
É jamais ser muito velho para dar-se as mãos, diz ele. É lembrar de dizer
"te amo", pelo menos uma vez ao dia.
É nunca ir dormir zangado. É ter valores e objetivos comuns.
É estar unidos ao enfrentar o mundo. É formar um círculo de amor que una
toda a família.
É proferir elogios e ter capacidade para perdoar e esquecer.
É proporcionar uma atmosfera onde cada qual possa crescer na busca recíproca
do bem e do belo.
É não só casar-se com a pessoa certa, mas ser o companheiro perfeito."
E para ser o companheiro perfeito é preciso ter bom humor e otimismo. Ser
natural e saber agir com tato.
É saber escutar com atenção, sem interromper a cada instante.
É mostrar admiração e confiança, interessando-se pelos problemas e
atividades do outro. Perguntar o que o atormenta, o que o deixa feliz, por que
está aborrecido.
É ser discreto, sabendo o momento de deixar o companheiro a sós para que
coloque em ordem seus pensamentos.
É distribuir carinho e compreensão, combinando amor e poesia, sem esquecer
galanteios e cortesia.
É ter sabedoria para repetir os momentos do namoro. Aqueles momentos mágicos
em que a orquestra do mundo parecia tocar somente para os dois.
É ser o apoio diante dos demais. É ter cuidado no linguajar, é ser firme,
leal.
É ter atenção além do trivial e conseguir descobrir quando um se tiver
esmerado na apresentação para o outro.
Um novo corte de cabelo, uma vestimenta diferente, detalhes pequenos mas
importantes.
É saber dar atenção para a família do outro pois, ao se unir o casal, as
duas famílias formam uma unidade.
É cultivar o desejo constante de superação.
É responder dignamente e de forma justa por todos os atos.
É ser grato por tudo o que um significa na vida do outro.
O amor real, por manter as suas raízes no equilíbrio, vai se firmando dia a
dia, através da convivência estreita.
O amor, nascido de uma vivência progressiva e madura, não tende a acabar,
mas amplia-se, uma vez que os envolvidos passam a conhecer vícios e virtudes,
manias e costumes de um e de outro.
O equilíbrio do amor promove a prática da justiça e da bondade, da
cooperação e do senso de dever, da afetividade e advertência amadurecida.
Baseado nos livros: Um presente especial - cap. A arte do matrimônio, na
mulher o homem aprecia, no homem a mulher aprecia.
Vereda familiar, ed. FRÁTER - cap. 2

AMANHECEU O DIA

O dia apenas amanhecera...
Mas aquele não era um dia comum. Era o primeiro dia de uma Nova Era que ali
se iniciava para a humanidade inteira...
A partir daquele acontecimento, o mundo jamais seria o mesmo. Um
acontecimento que constituiria um novo marco na história...
Amanheceu o dia... E as luzes daquele amanhecer se espalharam lentamente
sobre Israel para logo mais, pairar soberanas por sobre toda a Terra...
As almas se aquietaram ante a mensagem silenciosa que envolvia o Oriente...
Os sofredores sentiram que um novo alento chegava para balsamizar seus
corações em brasa...
Os cegos vislumbraram uma chama que despontava além da escuridão... E os
pobres desprezados ouviram, naquele amanhecer, uma canção de esperança a ecoar
por todos os rincões da Terra...
O dia apenas amanhecera... E os equivocados, que se julgavam donos absolutos
do poder, sentiram suas bases tremerem diante Daquele que viera investido de
todos os poderes e glórias, em nome do Pai...
Os hipócritas se confundiram, e os ricos de alma pobre perceberam a
fragilidade de suas posses temporárias...
É noite em Belém... E ele chega silencioso, puro, soberano, e fica...
Ele reúne os aflitos e os agasalha junto ao próprio peito...
Nada solicita, não exige coisa alguma..., apenas ampara.
Libertador por excelência, canta o hino da verdadeira liberdade, ensinando a
destruir os grilhões da inferioridade que prende o homem às mais cruéis
cadeias...
Sol de primeira grandeza, espanca com a Sua claridade as sombras dos
milênios...
A suavidade da Sua voz mansa acorda as esperanças adormecidas e faz que se
levantem os ideais esquecidos...
Ao forte clamor do seu verbo erguem-se os dias, e as horas do futuro vibram,
aprofundando na alma do mundo os alicerces da humanidade feliz do porvir...
Jesus, Rei celeste, aceita como berço a manjedoura de uma estrebaria
singela, deixando para a humanidade a profunda lição de humildade, inaugurando
um reinado diferente entre as criaturas.
Senhor do mundo, deixa-se confundir com a multidão esfarrapada, espalhando
Seu suave perfume entre os sofredores.
Troca as glórias dos Céus pelas tardes quentes de Jericó...
Deixa a companhia dos Espíritos puros para caminhar entre os miseráveis de
toda sorte...
Aceita o pó das estradas e enfrenta fome e frio para acalentar os infelizes
sem esperanças que se arrastavam sobre a terra.
Abandona os esplendores da Via Láctea para pregar a Boa Nova nas madrugadas
mornas de Cafarnaum...
Deixa as melodias celestes para cantar a esperança embalada pela orquestra
espontânea da natureza, no cenário das primaveras e verões, entre as aldeias e o
lago.
É traído, desprezado e pregado numa cruz...
Mas ressurge numa tranqüila e luminosa manhã para dizer que a vida não cessa
e reafirmar que estaria conosco para todo o sempre...
...O dia apenas amanhece...
E hoje é dia de Natal...
Que as luzes desse amanhecer se espalhem lentamente sobre seu coração, sobre
o seu lar, sobre a Terra inteira...
E que o suave perfume do Aniversariante penetre em sua intimidade, discreto,
silencioso e aí permaneça para sempre, para que você possa sentir um feliz
Natal.
Fonte: Livro Primícias do Reino, cap. 1, LEAL.

As Aparências Enganam

Num orfanato, igual a tantos outros que enxameiam por toda parte, havia uma
pobre órfã, de oito anos de idade.
Era uma criança lamentavelmente sem encantos, de maneiras desagradáveis,
evitada pelas outras, e francamente malquista pelos professores.
Por essa razão, a pobrezinha vivia no maior isolamento. Ninguém para
brincar, ninguém para conversar...
Sem carinho, sem afeto, sem esperança... Sua única companheira era a
solidão.
O diretor do orfanato aguardava ansioso uma desculpa legítima para livrar-se
dela.
E um dia apresentou-se, aparentemente, uma boa desculpa. A companheira de
quarto da menina informou que ela estava mantendo correspondência com alguém de
fora do orfanato, o que era terminantemente proibido.
Agora mesmo, disse a informante, ela escondeu um papel numa árvore.
O diretor e seu assistente mal puderam esconder a satisfação que a denúncia
lhes causara.
Vamos tirar isso a limpo agora mesmo, disse o superior.
E, somando-se ao assistente, pediu para que a testemunha do delito os
acompanhasse a fim de lhes mostrar a prova do crime.
Dirigiram-se os três, a passos rápidos, em direção à árvore na qual estava
colocada a mensagem.
De fato, lá estava um papel delicadamente colocado entre os ramos.
O diretor desdobrou, ansioso, o bilhete, esperando encontrar ali a prova de
que necessitava para livrar-se daquela criança tão desagradável aos seus olhos.
Todavia, para seu desapontamento e remorso, no pedaço de papel um tanto
amassado, pôde ler a seguinte mensagem:
"A qualquer pessoa que encontrar este papel: eu gosto de você."
Os três investigadores ficaram tão decepcionados quanto surpresos com o que
leram.
Decepcionados porque perderam a oportunidade de livrar-se da menina
indesejável, e surpresos porque perceberam que ela era menos má do que eles
próprios.
Quantos de nós costumamos julgar as pessoas pelas aparências, embora
saibamos que estas são enganadoras.
E o pior é que, se as aparências não nos agradam, marcamos a pessoa e nos
prevenimos contra ela e suas atitudes.
Uma antiga e sábia oração dos índios Siuox, roga a Deus o auxílio para nunca
julgar o próximo antes de ter andado sete dias com as suas sandálias.
Isto quer dizer que, antes de criticar, julgar e condenar uma pessoa,
devemos nos colocar no seu lugar e entender os seus sentimentos mais profundos.
Aqueles que talvez ela queira esconder de si mesma, para proteger-se dos
sofrimentos que a sua lembrança lhe causaria.
Você sabia?
Que não há nenhuma pessoa essencialmente má?
Isso porque todos nós temos, na intimidade, a centelha divina que é o amor
em gérmen.
Assim sendo, potencialmente todos somos bons, basta que nos esforcemos para
fazer brilhar essa chama sagrada depositada em nós pelo Criador.
Jesus conhecia essa realidade, por isso afirmou: "vós sois deuses" e noutra
oportunidade insistiu: brilhe a vossa luz".
(História extraída da revista Seleções do Rider's Digest, de maio/1945)

Atitude de Hoje, Mensagem para o Amanhã

Quem observe esses frágeis seres que abrem seus olhinhos curiosos para o
cenário do mundo, logo percebe como eles dependem dos adultos.
Bebês, pequeninos, com o aroma da inocência aureolando-lhes as ações, andam
na terra em busca de carinho. Parecem avezitas implumes, tal sua delicadeza e
fragilidade.
Às vezes, as vemos colocando suas mãozinhas nas pernas dos adultos, batendo
de leve com seus dedinhos miúdos, erguendo os bracinhos a dizer sem palavras:
"quero colo."
As crianças expressam assim seu desejo de serem carregadas. Desejo que é
repelido com expressões grosseiras como: "não te pego no colo, não. Vai andar!
Quis vir junto, pois agora ande. Do contrário, poderia ter ficado em casa."
Isso cai sobre a cabecinha da criança como uma bomba. Não percebem os que
assim agem que o pequerrucho tem menos resistência, fatigando-o o esforço
contínuo da caminhada.
Dirão que a criança pula, corre, e brinca o dia todo, que, se tem energia
para brincadeira, também deverá ter para andar.
Ora, na brincadeira a criança está tendo a recompensa do prazer. Ela brinca
até cansar e ao se sentir exausta, pára.
Já não nos demos conta como mesmo o bebê de poucos meses, parece por vezes
"desligar"? É o período de calmaria, de repouso, que ele busca.
A caminhada contínua, onde não lhe é permitido parar para observar o
cachorro que late, o brinquedo colorido na vitrine vistosa, o movimento das
pessoas que circulam rápido, faz com que ela se canse com maior rapidez.
Sem se falar que, normalmente, os adultos esquecem que os pequenos estão
juntos, e andam a passo acelerado, obrigando-os a quase correr para os
acompanhar.
Outra situação que se repete com constância é a de crianças, no seu período
de imitação, desejarem ser a cabeleireira da mãe.
Munidas de escova e pente, elas tentam criar o penteado que sua mente
cataloga como maravilhoso. O que conseguem, em verdade, é despentear.
Mas elas insistem, põem a ponta da lingüinha para fora da boca, demonstrando
o esforço e alisam os cabelos com suas mãos. Satisfeitas, exclamam: "pronto."
Quantas vezes todo esse cuidado é repelido com as desculpas de "vai estragar
o meu penteado." Ou "não tenho tempo para perder."
Atitudes repetidas desta natureza terminam por passar para a criança que o
sofrimento do outro, como o seu cansaço, não importa. O lema é: "cada um por
si."
Igualmente a ensinarão que carinho é perda de tempo e a aparência vale mais
do que ele.
Não nos admiremos se, no futuro, nos depararmos com adolescentes frios e
adultos indiferentes.
Pessoas que prezarão somente o seu bem-estar, seu conforto pessoal, não se
importando com a família, amigos ou colegas.
Nas relações humanas, como tudo na vida, a questão é de aprendizado e de
semeadura.
Você sabia?
Você sabia que até aos 7 anos de idade a criança é mais suscetível às
mensagens que objetivam a educação?
E que a educação integral compreende, não somente o comportamento social, as
boas maneiras, a conduta reta, mas também a questão afetiva, emocional e
espiritual?
Assim, não desprezemos as carícias da criança. Dia virá, dobrados os anos,
em que ansiaremos por quem se aproxime de nós, nos alise os poucos cabelos
brancos.
Alguém que disponha de seu tempo para colocar sua cabeça junto à nossa e
perguntar: "como vai minha velhinha, hoje?
Está cansada? Quer um carinho?

Almas Enamoradas

Geralmente, é na juventude do corpo que temos despertado o interesse em
buscar alguém o sexo oposto para compartilhar dos nossos sonhos.
Quando encontramos a alma eleita, o coração parece bater na garganta e
ficamos sem ação. Elaboramos frases perfeitas para causar o impacto desejado, a
fim de não sermos rejeitados.
Então, tudo começa. O namoro é o "doce encantamento".
Logo começamos a pensar em consolidar a união e nos preparamos para o
casamento.
Temos a convicção de que seremos eternamente felizes. Nada nos impedirá de
realizar os sonhos acalentados na intimidade.
Durante a fase do namoro é como se estivéssemos no cais, observando o mar
calmo que nos aguarda, e nos decidimos por adentrar na embarcação do casamento.
A embarcação se afasta lentamente do cais e os primeiros momentos são de
extrema alegria, são os minutos mais agradáveis. Tudo é novidade.
Mas como no casamento de hoje observa-se a presença do ontem, representada
por almas que se amam ou se detestam, nem sempre o suave encantamento é
duradouro.
Tão logo os cônjuges deixem cair as máscaras, afiveladas com o intuito de
conquistar a alma eleita, a convivência torna-se mais amarga.
Isso acontece por estarem juntos espíritos que ainda não se amam
verdadeiramente, que é o caso da grande maioria das uniões em nosso planeta.
Assim sendo, tão logo a embarcação adentra o alto mar, e os cônjuges começam
a enfrentar as primeiras tempestades, o primeiro impulso é de voltar ao cais,
mas ele já está muito distante...
O segundo é o de pular fora da embarcação. E é o que muitos fazem.
E, como um dos esposos, ou os dois, têm seus sonhos desfeitos, logo começam
a imaginar que a alma gêmea está se constituindo em algema e desejam
ardentemente libertar-se. E o que geralmente fazem é buscar outra pessoa que
possa atender suas carências.
Esquecem-se dos primeiros momentos do namoro, em que tudo era felicidade, e
buscam outras experiências.
Alguns se atiram aos primeiros braços que encontram à disposição para logo
mais sentirem novamente o sabor amargo da decepção.
Tentam outra e outra mais, e nunca acham alguém que consolide seus anseios
de felicidade. Conseguem somente infelicitar e infelicitar-se a si mesmos, na
busca de algo que não encontram.
Se a pessoa com quem nos casamos não era bem o que esperávamos, lembremo-nos
de que, se a escolha foi feita pelo coração, sem outro interesse qualquer, é com
essa pessoa que precisamos conviver para aparar arestas.
Lembremo-nos de que na terra não há ninguém perfeito, e que nossa busca por
esse alguém será em vão.
E se houvesse alguém perfeito, esse alguém estaria buscando alguém também
perfeito que, certamente, não seríamos nós.
Você sabia?
Você sabia que os casamentos são programados antes do berço?
Nós planejamos, antes de nascer, se vamos ou não casar, com quem iremos nos
casar e quem serão nossos filhos.
Assim, temos o cônjuge que merecemos e o melhor que as leis divinas
estabeleceram para nós.
Dessa forma, busquemos amar intensamente a pessoa com quem dividimos o lar,
pois só assim conseguiremos alcançar a felicidade que tanto almejamos.
autoria: equipe do Momento Espírita

ALGO MAIS

Um crente sincero na bondade de Deus, desejando aprender como colaborar na
construção do reino de Deus, certo dia pediu ao Senhor a permissão para
compreender os propósitos divinos e saiu a campo.
De início, encontrou-se com o vento que cantava e o vento lhe disse: Deus
mandou que eu ajudasse as sementeiras e varresse os caminhos, mas eu gosto
também de cantar, embalando os doentes e as criancinhas.
Em seguida, o devoto surpreendeu uma flor que inundava o ar de perfume, e a
flor lhe contou: minha missão é preparar o fruto; entretanto, produzo também o
aroma que perfuma até mesmo os lugares mais impuros.
Logo após, o homem parou ao pé de grande árvore que protegia um poço de
água, cheio de rãs, e a árvore lhe contou: confiou-me o Senhor a tarefa de
auxiliar o homem; contudo, creio que devo amparar igualmente as fontes, os
pássaros e os animais.
O visitante olhou os feios batráquios e fez um gesto de repulsa, mas a
árvore continuou: estas rãs são boas amigas. Hoje posso ajudá-las, mas depois
serei ajudada por elas, na defesa de minhas próprias raízes contra os vermes da
destruição e da morte.
O aprendiz compreendeu o ensinamento e seguiu adiante, chegando numa grande
cerâmica.
Acariciou o barro que estava sobre a mesa e o barro lhe disse: meu trabalho
é o de garantir o solo firme, mas obedeço ao oleiro e procuro ajudar na
residência do homem, dando forma a tijolos, telhas e vasos.
Então, o devoto regressou ao lar e compreendeu que para servir na edificação
do reino de Deus é preciso ajudar aos outros, sempre mais, e realizar cada dia
algo a mais.
Temos que convir que, se cada um fizesse somente a sua obrigação, a
humanidade não teria saído das cavernas.
O progresso só se realiza porque há pessoas que fazem algo mais que sua
obrigação pura e simples.
O esforço que cada criatura faz em prol do bem comum, é o que propicia a
realização das conquistas maiores.
Se os homens de gênio tivessem apenas cumprido seu tempo justo de trabalho,
não desfrutaríamos hoje das grandes descobertas.
Se Pasteur, Tomas Edison, Pierre e Marie Curie, Grahan Bell, e outros tantos
cientistas não tivessem feito algo mais que a sua obrigação, a humanidade não
teria atingido tamanho progresso.
Nós, por nossa vez, também podemos e devemos fazer algo a mais para
conquistar uma sociedade justa e feliz.
Além das oito horas diárias de trabalho, podemos dedicar alguns minutos para
tirar alguém do analfabetismo.
Para ensinar um serviçal a utilizar corretamente os produtos e equipamentos
de trabalho.
Para socorrer um ancião desvalido, uma criança desamparada, um animal
ferido, um enfermo sem esperanças.
Aprendamos, com o devoto da fábula, que para a construção de um reino feliz,
Deus espera que cada um de nós façamos algo a mais.
(Baseado do livro "Antologia da Criança", cap., 15)

Ajuda e Socorro

Certa feita, um nobre facultativo baiano pediu a um motorista que o levasse
urgente para atender a um paciente em determinado bairro da cidade.
O motorista lhe respondeu que não podia, que iria se deitar, pois já era
tarde.
O médico insistiu, dizendo que precisava atender a um chamado urgente...
O motorista respondeu insatisfeito:
Estou cansado! Vire-se por aí. O que não falta são veículos...
O doutor insistiu um tanto mais.
Mas é tarde. Estamos perdendo tempo enquanto uma vida se vai diluindo. Seja
rápido, leve-me por favor...
Irritado o motorista arrancou o carro e saiu resmungando:
Ora essa. Era só o que me faltava aparecer. Não levo ninguém. Vou é dormir.
Chegando à casa que estava em alaridos e expectativas, o motorista, mal-
humorado, defrontou com o filhinho de cinco anos em lamentável convulsão, semi-
asfixiado.
Sem saber o que fazer, propôs colocá-lo no veículo ara conduzi-lo ao pronto
socorro, quando outro carro estacionou à porta e um médico saltou apressado.
O médico examinou o caso e identificou o "grande mal asmático". Aplicou
imediatamente uma adrenalina no pequeno, ensejando reação orgânica que lhe
permitia conduzir o paciente ao hospital com possibilidades de salvação.
O motorista olhou o venerável senhor e baixou os olhos, envergonhado. Era o
médico que ele se negara a trazer há pouco.
O paciente a quem o médico precisava atender com urgência, era seu próprio
filho.
Tantas vezes nos negamos a atender a um pedido que nos é feito porque
achamos que não tem nada a ver conosco.
Esquecemos a recomendação de jesus de fazermos aos outros o que gostaríamos
que os outros nos fizessem.
Diz-nos o bom senso, que devemos fazer o bem sem olhar a quem, e para que o
praticarmos uma única condição é necessária: a de que alguém precise do nosso
auxílio.
Não importa quem seja. Que religião professe. A que nível social pertença.
Nada disso importa se levarmos em conta que somos todos filhos do mesmo pai,
do criador do universo que a todos nos colocou no mundo para que nos ajudemos
mutuamente.
Costumamos dizer com freqüência: "que Deus te ajude!"
E temos também que nos perguntar:
Como é que Deus vai ajudar as pessoas, senão através das próprias pessoas?
É importante que pensemos nisso. Deus conta conosco, e cada vez que alguém
precisar de ajuda, questionemo-nos: e se fosse um ente muito caro ao meu
coração?
Como é que eu gostaria que o tratassem?
Agindo assim jamais nos arrependeremos e certamente estaremos construindo um
mundo bem melhor para todos nós.
Controla a má vontade e vence as qualidades inferiores.
O que negas a alguém te fará falta, agora ou depois.
Reflexiona, portando, vigilante, antes de reagir.

Amor sem ilusão

Conta-se que um jovem caminhava pelas montanhas nevadas da velha Índia,
absorvido em profundos questionamentos sobre o amor, sem poder solucionar suas
ansiedades.
Ao longo do caminho, à sua frente, percebeu que vinha em sua direção um
velho sábio.
E porque se demorasse em seus pensamentos sem encontrar uma resposta que lhe
aquietasse a alma, resolveu pedir ao sábio que o ajudasse.
Aproximou-se e falou com verdadeiro interesse:
- Senhor, desejo encontrar minha amada e construir com ela uma família com
bases no verdadeiro amor.
- Todavia, sempre que me vem à mente uma jovem bela e graciosa e eu a olho
com atenção, em meus pensamentos ela vai se transformando rapidamente.
- Seus cabelos tornam-se alvos como a neve, sua pele rósea e firme fica
pálida e se enche de profundos vincos.
- Seu olhar vivaz perde o brilho e parece perder-se no infinito. Sua forma
física se modifica acentuadamente e eu me apavoro.
- Desejo saber, meu sábio, como é que o amor poderá ser eterno, como falam
os poetas?
Nesse mesmo instante aproxima-se de ambos uma jovem envolta em luto,
trazendo no rosto expressões de profunda dor.
Dirige-se ao sábio e lhe fala com voz embargada:
- Acabo de enterrar o corpo de meu pai que morreu antes de completar 50
anos.
- Sofro porque nunca poderei ver sua cabeça branca aureolada de
conhecimentos. Seu rosto marcado pelas rugas da experiência, nem seu olhar
amadurecido pelas lições da vida.
- Sofro porque não poderei mais ouvir suas histórias sábias nem contemplar
seu sorriso de ternura.
- Não verei suas mãos enrugadas tomando as minhas com profundo afeto.
- Nesse momento o sábio dirigiu-se ao jovem e lhe falou com serenidade:
- Você percebe agora as nuanças do amor sem ilusões, meu jovem?
- O amor verdadeiro é eterno porque não se apega ao corpo físico, mas se
afeiçoa ao ser imortal que o habita temporariamente.
- É nesses sentimentos sem ilusões nem fantasias que reside o verdadeiro e
eterno amor.
A lição do velho sábio é de grande valia para todos nós que buscamos as
belezas da forma física sem observar as grandezas da alma imortal.
O sentimento que valoriza somente as aparências exteriores não é amor, é
paixão ilusória.
O amor verdadeiro observa, além da roupagem física que se desgasta e morre,
a alma que se aperfeiçoa e a deixa quando chega a hora, para prosseguir vivendo
e amando, tanto quanto o permita o seu coração imortal.
Pense nisso!
As flores, por mais belas que sejam, um dia emurchecem e morrem... Mas o seu
perfume permanece no ar e no olfato daqueles que o souberam guardar em frascos
adequados.
O corpo humano, por mais belo e cheio de vida que seja, um dia envelhece e
morre.
Mas as virtudes do espírito que dele se liberta continuam vivas nos
sentimentos daqueles que as souberam apreciar e preservar, no frasco do coração.
Pensemos nisso!

O Amor não Seleciona

Era um casal sem filhos. Os anos se somavam e, por mais tentassem, a
gravidez nunca se consumava. Aderiram a sugestões e buscaram exames mais
sofisticados que lhes apontaram, enfim, a total impossibilidade de um dia se
tornarem pais dos próprios filhos.
Optaram pela adoção e se inscreveram em um programa do município, ficando à
espera.
Certo dia, a notícia chegou inesperada pelo telefone. "temos uma criança.
Vocês são os próximos da lista. Venham vê-la."
Rapidamente se deslocaram para o local. Pelo caminho se perguntavam: "como
será o bebê? Louro? Cabelos castanhos? Miúdo? Olhos negros? Menino ou menina?"
Tal fora a alegria na recepção da notícia, que se haviam esquecido de
indagar de detalhes.
Vencida a distância, foram recepcionados pela assistente social que os levou
ao berçário e apontou um dos bercinhos.
O que eles puderam ver era uma coisinha miúda embrulhada em um cobertor.
Mas a servidora pública esclareceu: "trata-se de um menino. É importante que
vocês o desembrulhem e olhem. Não sei o que acontece pois vários casais o vieram
ver e não o levaram.
Se vocês não o quiserem, chamaremos o casal seguinte da lista."
Marido e mulher se olharam, ele segurou a mão dela e falou: "querida, talvez
a criança seja deficiente ou enfermo. Pense, se fosse nosso filho, se o
tivéssemos aguardado nove meses, se ele tivesse sido gerado em seu ventre,
alimentado por nossas energias, o amaríamos, não importando como fosse.
Por isso, se Deus nos colocou em seu caminho, ele é para nós e o levaremos,
certo?"
A emoção tomou conta da jovem. Estreitaram-se num amplexo demorado. É nosso
filho, desde já." Foi a resposta.
A enfermeira lhes trouxe o pequeno embrulho. Era um menino de cor negra. A
desnutrição esculpira naquele corpo frágil uma obra esquelética, com as miúdas
costelas à mostra.
Levaram-no para casa. A primeira mamada foi emocionante. O garotinho sugou
com sofreguidão. Pobre ser! Quanta fome passara. Talvez fosse a primeira vez que
bebesse leite.
No transcorrer das semanas, o casal descobriu que o pequeno era um poço de
enfermidades complicadas. Meses depois, foi a descoberta de uma deficiência
mental.
Na medida em que mais problemas surgiam, mais o amavam.
Já se passaram cinco anos. O garoto, ao influxo do amor, venceu a
desnutrição e as enfermidades.
Carrega a deficiência, mas aprendeu a falar, embora com dificuldade, e todas
as noites quando se recolhe ao leito, enquanto os pais o ensinam a orar ao
Senhor Jesus, em gratidão pelo dia vencido, ele abraça, espontâneo a um e outro
e diz: "mamãe, papai, amo vocês."
Haverá na Terra recompensa maior do que a que se expressa na espontaneidade
de um espírito reconhecido na inocência da infância?
Você sabia?
Você sabia que o filho deficiente necessita muito dos pais? Que todo
espírito que chega ao nosso lar com deficiência e limitação necessita do nosso
amor para que se recupere e supere a própria dificuldade?
O filho deficiente é sempre compromisso para a existência dos pais.
Amemos, pois, os nossos filhos, sejam eles jóias raras de beleza e
inteligência ou diamantes brutos, necessitados de lapidação para que se lhes
descubra a riqueza oculta.

Os anjos

O menino voltou-se para a mãe e perguntou:
- Os anjos existem mesmo? Eu nunca vi nenhum.
Como ela lhe afirmasse a existência deles, o pequeno disse que iria andar
pelas estradas, até encontrar um anjo.
- É uma boa idéia, falou a mãe. Irei com você.
Mas você anda muito devagar, argumentou o garoto. Você tem um pé aleijado.
A mãe insistiu que o acompanharia. Afinal, ela podia andar muito mais
depressa do que ele pensava.
Lá se foram. O menino saltitando e correndo e a mãe mancando, seguindo
atrás.
De repente, uma carruagem apareceu na estrada. Majestosa, puxada por lindos
cavalos brancos. Dentro dela, uma dama linda, envolta em veludos e sedas, com
plumas brancas nos cabelos escuros. As jóias eram tão brilhantes que pareciam
pequenos sóis.
Ele correu ao lado da carruagem e perguntou à senhora:
- Você é um anjo?
Ela nem respondeu. Resmungou alguma coisa ao cocheiro que chicoteou os
cavalos e a carruagem sumiu na poeira da estrada.
Os olhos e a boca do menino ficaram cheios de poeira. Ele esfregou os olhos
e tossiu bastante. Então, chegou sua mãe que limpou toda a poeira, com seu
avental de algodão azul.
- Ela não era um anjo, não é, mamãe?
- Com certeza, não. Mas um dia poderá se tornar um, respondeu a mãe.
Mais adiante uma jovem belíssima, em um vestido branco, encontrou o menino.
Seus olhos eram estrelas azuis e ele lhe perguntou:
- Você é um anjo?
Ela ergueu o pequeno em seus braços e falou feliz:
- Uma pessoa me disse ontem à noite que eu era um anjo.
Enquanto acariciava o menino e o beijava, ela viu seu namorado chegando.
Mais do que depressa, colocou o garoto no chão. Tudo foi tão rápido que ele não
conseguiu se firmar bem nos pés e caiu.
- Olhe como você sujou meu vestido branco, seu monstrinho! Disse ela,
enquanto corria ao encontro do seu amado.
O menino ficou no chão, chorando, até que chegou sua mãe e lhe enxugou as
lágrimas com seu avental de algodão azul.
Aquela moça, certamente, não era um anjo.
O garoto abraçou o pescoço da mãe e disse estar cansado.
- Você me carrega?
- É claro, disse a mãe. Foi para isso que eu vim.
Com o precioso fardo nos braços, a mãe foi mancando pelo caminho, cantando a
música que ele mais gostava.
Então o menino a abraçou com força e lhe perguntou:
- Mãe, você não é um anjo?
A mãe sorriu e falou mansinho:
- Imagine, nenhum anjo usaria um avental de algodão azul como o meu.
Anjos são todos os que na Terra se tornam guardiães dos seus amores. São
mães, pais, filhos, irmãos que renunciam a si próprios, a suas vidas em
benefício dos que amam.
As mães, sobretudo, prosseguem a se doar e velar por seus filhos, mesmo além
da fronteira da morte, transformando-se em espíritos protetores daqueles que na
terra ficaram, como pedaços de seu próprio coração.
(Do Livro das Virtudes II - Sobre Anjos)
(Baseado no livro "Em Torno do Mestre", cap. A semente e o fruto, pg. 277)

Aprender a Florescer

Ela era uma jovem das famílias mais ricas de Los Angeles. Prestes a se
casar, seu noivo foi convocado para o Vietnã. Antes, deveria passar por um
treinamento de um mês.
Enamorada, ela optou por antecipar o casamento e partir com ele. Ao menos
poderia passar o mês do treinamento próximo dele, antes de sua partida para
terras tão longínquas e perigosas.
Próximo à base do deserto da Califórnia onde se daria o treinamento, havia
uma aldeia abandonada de índios Navajos e uma das cabanas foi especialmente
preparada para receber o casal.
O primeiro dia foi de felicidade. Ele chegou cansado, queimado pelo sol de
até 45 graus. Ela o ajudou a tirar a farda e deitar-se. Foi romântico e
maravilhoso.
Ao final da semana estava infeliz e ao fim de dez dias estava entrando em
desespero.
O marido chegava exausto do treinamento que começava às cinco horas da manhã
e terminava às dez horas da noite. Ela era viúva de um homem vivo, sempre
exaurido. Escreveu para a mãe, dizendo que não agüentava mais e perguntando se
deveria abandoná-lo.
Alguns dias depois, recebeu a resposta. A velha senhora, de muito bom senso
lhe enviou uma quadrinha em versos livres que dizia mais ou menos assim:
"Dois homens viviam em uma cela de imunda prisão. Um deles olhava para o
alto e enxergava estrelas. O outro, olhava para baixo e somente via lama.
Abraços. Mamãe."
A jovem entendeu. Ela e o marido estavam em uma cela, cada um a seu modo.
Ver as estrelas ou contemplar a lama era sua opção.
Pela primeira vez, em vinte dias de vida no deserto, ela saiu para conhecer
os arredores.
Logo adiante surpreendeu-se com a beleza de uma concha de caracol. Ela
conhecia conchas da praia, mas aquelas eram diferentes, belíssimas.
Quando seu marido chegou naquela noite, quase que ela nem o percebeu tão
aplicada estava em separar e classificar as conchas que recolhera durante todo o
dia.
Quando terminou o treinamento e ele foi para a guerra, ela decidiu
permanecer ali mesmo. Descobrira que o deserto era um mar de belezas.
De seus estudos e pesquisas resultou um livro que é considerado a obra mais
completa acerca de conchas marinhas, porque o deserto da Califórnia um dia foi
fundo de mar e é um imenso depósito de fósseis e riquezas minerais.
Mais tarde, com o retorno do esposo do Vietnã, ela voltou a Los Angeles com
a vida enriquecida por experiências salutares. Tudo porque ela aprendera a
florescer onde Deus a colocara.
Existem flores nos jardins bem cuidados. Existem flores agrestes em pleno
coração árduo do deserto.
Existem flores perdidas pelas orlas dos caminhos, enfeitando veredas
anônimas.
Muitas sementes manifestam sua vida florescendo a partir de um pequeno grão
de terra, perdido entre pedras brutas, demonstrando que a sabedoria está em
florescer onde se é plantado.
Florescer, mesmo que o jardineiro sejam os ventos graves ou as águas
abundantes.
Florescer, ainda que e as condições de calor e umidade nem sempre sejam as
favoráveis...
(Baseado em palestra de Divaldo Franco - Floresça onde for plantado)

O amor perfeito

Ele era um amante da natureza. Por este motivo, adquiriu uma grande porção
de terra, contratou jardineiros e decidiu instalar um maravilhoso jardim.
Em sua mente, idealizou flores em meio a lençóis de verdura e árvores
exóticas. Romântico, imaginou cores variadas em ramalhetes perfumados, ao lado
de árvores grandes e pequenas, com flores e frutos em abundância.
Não mediu esforços, nem recursos. Consultou entendidos de toda sorte, pois
desejava que o seu jardim se tornasse um lugar extremamente agradável, onde as
pessoas pudessem respirar ar puro, perfume e ficassem felizes com a beleza.
Esperava que artistas nele se inspirassem para criar obras lindíssimas e que
os poetas nele encontrassem inspiração para versos imortais.
Transcorrido o tempo, foi visitar o jardim, cogitando de como seria o dia em
que pudesse ofertá-lo ao público.
Qual não foi a sua surpresa, ao descobrir que as flores não haviam
florescido, nem as árvores frutificado. Tudo parecia dormir, como num encantado
conto de fadas.
Arbustos, árvores e flores definhavam e pareciam morrer. Foi então que
indagando das causas, o carvalho disse que estava morrendo porque não podia ser
tão majestoso e alto quanto o pinheiro.
Já o pinheiro murchava porque não conseguia dar uvas como a parreira e esta
se mostrava encolhida e triste, por não poder desabrochar como a roseira.
Todos tendiam a invejar o porte, a esbeltez, a beleza do outro ou a sua
capacidade de florir ou frutificar.
Em meio a tanta lamentação, o homem descobriu, no entanto, uma planta
florida e viçosa. Era o amor-perfeito, que lhe disse: "supus que, quando fui
plantado, você queria um amor-perfeito. Se quisesse uma pereira, um carvalho ou
um pequeno arbusto os teria plantado. Então pensei que se não posso ser ninguém
além de eu mesmo, tentarei ser o que sou da melhor maneira possível."
Crescer e florescer onde Deus nos colocou é medida de sabedoria.
Cada um reconhecer que tem seu próprio valor e um especial papel no jardim
imenso que é a Terra que o Pai nos concedeu para nosso crescimento, é norma de
felicidade.
Descobrir seu potencial e sentir-se feliz em realizar o que sabe, o que
pode, onde está, deve se constituir sempre motivo de alegrias.
É bom pensarmos que não existe, em todo o universo, outra criatura igual a
nós. Cada indivíduo é único.
Ninguém que tenha o nosso idêntico tom de voz, a nossa vibração, o exato
ponto da nossa emoção e sensibilidade.
Ninguém que possa fazer o que podemos e devemos fazer porque cada um é um
ser especialmente concebido por Deus, para atuar no concerto da criação,
exalando o seu perfume, ofertando os seus frutos e felicitando as criaturas.
Mesmo no deserto florescem espécies de flores para atender o viajor
necessitado, demonstrando que Deus atenta para detalhes e tudo dispõe no lugar
devido.
À semelhança das plantas do deserto, ofertemos à vida o que de melhor
tenhamos, onde nos situemos, mesmo que nos sintamos em pleno deserto de corações
que nos amem ou que se recordem de nos gratificar com sua atenção.
(Seleções do Rider's Digest jan/99 - Amor-perfeito)

Autoridade x Responsabilidade

Quanto pesa a responsabilidade de um cargo?
Observa-se que muitos perseguem nomeações para cargos e disputam, com ardor,
lugares que lhes conferirão autoridade sobre outros.
Contudo, quando assumem postos de comando se esquecem dos objetivos reais
para os quais foram ali colocados, passando a agir em seu próprio favor.
Tal posição nos recorda a história de um homem que foi nomeado mandarim, uma
espécie de conselheiro na China.
Envaidecido com a nova posição, pensou em mandar confeccionar roupas novas.
Seria um grande homem, agora. Importante.
Um amigo lhe recomendou que buscasse um velho sábio, um alfaiate especial
que sabia dar a cada cliente o corte perfeito.
Depois de cuidadosamente anotar todas as medidas do novo mandarim, o
alfaiate lhe perguntou há quanto tempo ele era mandarim. A informação era
importante para que ele pudesse dar o talhe perfeito à roupa.
Ora, perguntou o cliente, o que isso tem a ver com a medida do meu manto?
Paciente, o alfaiate explicou: "a informação é preciosa. É que um mandarim
recém-nomeado fica tão deslumbrado com o cargo que anda com o nariz erguido, a
cabeça levantada. Nesse caso, preciso fazer a parte da frente maior que a de
trás.
Depois de alguns anos, está ocupado com seu trabalho e os transtornos
advindos de sua experiência. Torna-se sensato e olha para diante para ver o que
vem em sua direção e o que precisa ser feito em seguida. Para esse costuro um
manto de modo que fiquem igualadas as partes da frente e a de trás.
Mais tarde, sob o peso dos anos, o corpo está curvado pela idade e pelos
trabalhos exaustivos, sem se falar na humildade que adquiriu pela vida de
esforços. É o momento de eu fazer o manto com a parte de trás mais longa.
Portanto, preciso saber há quanto tempo o senhor está no cargo para que a roupa
lhe assente perfeitamente."
O homem saiu da loja pensando muito mais nos motivos que levaram seu amigo a
lhe indicar aquele sábio alfaiate, e menos no manto que viera encomendar.
Cargos e funções, são sempre responsabilidades que nos são oferecidas pela
divindade para nosso progresso. Não há motivo para vaidade, acreditando-se
superior ou melhor que os outros.
Quando Pilatos assegurou a Jesus que tinha o poder de vida e morte, e que em
suas mãos estava o destino de suas horas seguintes, o Mestre alertou-o dizendo:
"Procurador, a autoridade de que desfrutas não é tua; foi-te concedida e poderá
ser-te retirada."
De fato isso veio a acontecer.
Apenas poucos anos após a morte de Jesus, o poder de Roma retirou do
procurador da Judéia, Pôncio Pilatos, toda a autoridade. Ele perdeu o cargo, o
prestígio, e tudo que acreditava fosse eterno em suas mãos.
Toda autoridade deve se centralizar no amor e na vida exemplar, a fim de se
fazer real.
A autoridade de que nos vejamos investidos deve ser exercida sem jamais
ferir a justiça.
No desempenho dos nossos deveres, recordemos que só uma autoridade é
soberana: aquela que procede de Deus, por ser a única legítima.
(Baseado na Revista Brasil Rotário - julho de 1998, nº 913)

APROVEITAR A VIDA

Você aproveita a vida?
É muito comum ouvir as pessoas, e principalmente os jovens, dizendo que
querem aproveitar a vida. E isso geralmente é usado como desculpa para eximir-se
de assumir responsabilidades.
Mas, afinal de contas, o que é aproveitar a vida?
Para uns é matar-se aos poucos com as comilanças, bebidas alcoólicas, fumo e
outras drogas.
Para outros é arriscar a vida em esportes perigosos, noitadas de orgias,
saciedade dos desejos físicos.
Talvez isso se dê porque muitos de nós não sabemos porque estamos na Terra.
E por essa razão desperdiçamos a vida em vez de aproveitá-la.
Certo dia, um jovem que trabalhava em uma repartição pública na companhia de
outros colegas que costumavam reunir-se todos os finais de expediente para beber
e fumar a vontade, foi convidado a acompanhá-los.
Ele agradeceu e disse que não bebia e que também não lhe agradava a fumaça
do cigarro. Os demais riram-se dele e lhe perguntaram, com ironia, se a religião
não lhe permitia, ao que ele respondeu: "a minha inteligência é que me impede de
fazer isso."
E que inteligência é essa que não lhe permite aproveitar a vida? Perguntaram
os colegas.
O rapaz respondeu com serenidade: "e vocês acham que eu gastaria o dinheiro
que ganho para me envenenar?
Vocês se consideram muito espertos, mas estão pagando para estragar a
própria saúde e encurtar a vida, que para mim é preciosa demais.
Observando as coisas sob esse ponto de vista, poderemos considerar que
aproveitar a vida é dar-lhe o devido valor.
É investir os minutos preciosos que Deus nos concede em atividades úteis e
engrandecedoras.
Quando dedicamos as nossas horas na convivência salutar com os familiares,
estamos bem aproveitando a vida.
Quando fazemos exercícios, nos distraímos no lazer, na descontração
saudável, estamos dando valor à vida.
Quando estudamos, trabalhamos, passeamos, sem nos intoxicar com drogas e
excessos de toda ordem, estamos aproveitando de forma inteligente as nossas
existências.
Quando realmente gostamos de alguma coisa, fazemos esforços para preservá-
la. Assim também é com relação a vida. E não nos iludamos de que a estaremos
aproveitando acabando com ela.
Se você é partidário dessa idéia, vale a pena repensar com seriedade em que
consiste o aproveitamento da vida.
E se você acha que os vícios lhe pouparão a existência, visite alguém que
está se despedindo dela graças a um câncer de pulmão provocado pelo cigarro.
Converse com quem entrega as forças físicas a uma cirrose hepática causada
pelos alcoólicos.
Ouça um guloso inveterado que se encontra no cárcere da dor por causa dos
exageros de mesa.
Visite um infeliz que perdeu a liberdade e a saúde para as drogas que lhe
consomem lentamente.
Observando a vida através desse prisma, talvez você mude o seu conceito
sobre "aproveitar a vida".
"A vida é um poema de beleza, cujos versos são constituídos de propostas de
luz, escritas na partitura da natureza, que lhe exalta a presença em toda parte.
Em conseqüência, a oportunidade da existência física constitui um quadro a
parte de encantamento e conquistas, mediante cuja aprendizagem o espírito se
embeleza e alcança os altos planos da realidade feliz."
(Vida: Desafios e Soluções - cap. Alegria de Viver.)

AMOR DE MÃE

Foi em dezembro de 1944 que tudo começou. Caminhões chegaram no campo de
concentração de Bergen-Belsen e despejaram 54 crianças. A mais velha tinha 14
anos e havia muitos bebês.
No alojamento das mulheres, Luba Gercak dormia. Acordou sua vizinha de
beliche e lhe perguntou: "está escutando?" É choro de criança."
A outra lhe disse que voltasse a dormir. Ela devia estar sonhando. Todos
conheciam a história de Luba. Ainda adolescente se casara com um marceneiro e
tiveram um filho, Isaac.
Quando veio a guerra, os nazistas lhe arrancaram dos braços o filho de três
anos e o jogaram em um caminhão, junto com outras crianças e velhos. Todos
inúteis para o trabalho e, portanto, com destino certo: a câmara de gás.
Logo mais, ela pôde ver um outro caminhão arrastando o corpo, sem vida, do
marido.
No primeiro momento, desistira de viver. Depois a fé lhe visitou a alma e
ela percebeu que Deus esperava muito mais dela. Então, passou a ser voluntária
nas enfermarias.
Agora, Luba ouvia choro de crianças. Quem seriam?
Abriu a porta do alojamento e viu meninos, meninas, bebês apinhados, em
choro, no meio do campo. Separados de seus pais, se encontravam desnorteados e
tinham fome e frio.
Luba as trouxe para dentro. E porque protestassem as demais ocupantes do
infecto alojamento, ela as repreendeu, dizendo: "vocês não são mães? Se fossem
seus filhos, diriam para que eu os deixasse morrer de frio? Eles são filhos de
alguém."
Em verdade, o que suas companheiras temiam era a fúria dos soldados da SS.
Luba agradeceu a Deus por ter lhe enviado aquelas crianças. O seu filho
morrera, mas faria tudo para que aquelas crianças vivessem.
Foi até o oficial da SS no acampamento e lhe contou o que fizera. Pôs sua
mão no braço dele e suplicou. Ele se deu conta que ela o tocara, o que era
proibido, e lhe aplicou um soco em pleno rosto, fazendo-a cair.
Ela se levantou, o lábio sangrando e falou: "sou mãe. Perdi meu filho em
Auschwitz. Você tem idade para ser avô. Por que há de querer maltratar crianças
e bebês?"
"Fique com elas", foi a resposta seca do oficial.
Mas ficar com elas não era suficiente. Era necessário alimentá-las. Nos dias
que se seguiram, todas as manhãs, ela ia ao depósito, à cozinha, à padaria,
implorando, barganhando e roubando alimentos.
Os meninos ficavam à janela e quando a viam chegar diziam uns aos outros:
"lá vem irmã Luba. Ela traz comida pra nós!"
À noite, ela cantava canções de ninar e as abraçava. Era a mãe que lhes
faltava. As crianças, que falavam holandês, não entendiam as palavras de Luba,
que era polonesa, mas compreendiam seu amor.
Em 15 de abril de 1945, os tanques britânicos entraram no campo, vitoriosos
e em seis idiomas passaram a rugir os alto-falantes: "estão livres! Livres!"
Luba conseguira salvar 52 das 54 crianças que adotara como filhos do
coração.
Você sabia?
Que em abril de 1995, 50 anos após a libertação, cerca de 30 homens e
mulheres se reuniram na prefeitura de Amsterdã para homenagear aquela mulher?
Recebeu, em nome da rainha beatriz, a medalha de prata por serviços
humanitários.
No entanto, declarou que sua maior recompensa era estar com aqueles seus
filhos que, com o apoio de Deus, conseguira salvar da sombra dos campos da
morte.
Por isso tudo nunca pensemos que somos muito pequenos para lutar pelas
grandes causas ou que estamos sós. Quem batalha pela justiça, tem um insuperável
aliado que se chama Deus, nosso Pai.
(Baseado na revista Seleções do Reader's Digest, março 99, Uma Heroína no
Inferno)

Que aparência têm os espíritos?

Você já pensou em como é a aparência dos espíritos depois da morte?
Terão a aparência de fantasmas?
Serão como uma nuvem de fumaça?
Ou será que se apresentam como uma assombração?
Nenhuma das alternativas está correta. Os espíritos mantêm a aparência que
tinham quando encarnados no corpo físico.
Já tivemos notícias de vários casos de aparições de espíritos em todo o
mundo. E, em todos os casos, que se tornaram célebres, as pessoas que tiveram as
visões afirmam que o espírito tinha um corpo.
Podem ter uma luminosidade diferente, mas a aparência é de um ser humano.
Um dos casos bem conhecido de todos nós é o encontro de Jesus com os
espíritos de Moisés e Elias.
Diante de Jesus e dos apóstolos Pedro, Tiago e João, esses dois espíritos se
tornam visíveis e com a mesma aparência que tinham quando seu corpo era de
carne.
Outro exemplo é do próprio Cristo. Após a crucificação Ele surge entre os
apóstolos e convive com eles por longo tempo.
Sua aparência era a mesma de antes, a tal ponto que todos o reconheceram.
Assim, podemos eliminar das nossas mentes essas idéias distorcidas de que os
espíritos têm forma diversa da que tinham quando encarnados.
Mas, se é verdade que o corpo físico fica no túmulo, que corpo é esse que
mantém a mesma forma?
A verdade é que nós somos formados por três elementos:
O Espírito, o corpo físico, e o perispírito.
O perispírito é o que Paulo, apóstolo, chamava de corpo espiritual. É
formado de matéria sutil, imperceptível aos olhos comuns, mas visível aos que
têm a faculdade mediúnica chamada vidência.
E não é só a aparência exterior que conservamos após a desencarnação.
Mantemos também todas as condições psíquicas que tínhamos na véspera.
Nada dá saltos em a natureza. E com o espírito não poderia ser diferente.
Saindo do corpo físico sem sair da vida, a criatura busca seus interesses,
no outro plano, e segue vivendo da mesma forma que viveu até o túmulo.
Se assim é, todos os esforços que empreendermos para nos aperfeiçoarmos
intelectual e moralmente, ainda hoje, não serão em vão.
Você sabia?
Você sabia que o perispírito é conhecido desde a mais remota antigüidade?
Pitágoras o denominava como carne sutil da alma.
Aristóteles o chamava corpo sutil e etéreo.
Orígenes identificava-o como aura.
Paracelso, no século 16, detectou-o sob a designação de corpo astral.
Como podemos perceber, esse corpo com o qual se mostram os espíritos, já era
muito bem conhecido, embora com denominações diferentes.
Allan Kardec, ao codificar a Doutrina Espírita chamou-o de perispírito.
(Baseado no livro Estudos Espíritas, cap. Perispírito)

Apelo da Esperança

Minha querida amiga,
Hoje, estou escrevendo especialmente para você. Tenho acompanhado os seus
últimos dias, e muito tem me preocupado a tristeza e a surda revolta que
encontrei em seu olhar.
Não me passaram desapercebidas as suas preocupações e medos e, apesar de
ter-me colocado ao seu lado, abrindo os meus braços para confortá-la, você
passou ao largo, sem abrir o seu coração ao meu.
Por isso estou aqui, insistindo com você! Não desista!
A notícia da gestação inesperada surpreendeu-a com violência e você olha ao
seu redor sem encontrar um caminho seguro para seguir.
Aquele que compartilhou com você as horas mornas dos prazeres fáceis,
talvez, não queira saber mais da sua companhia e, muito menos ainda, do fruto do
instante que já é passado.
Sua família talvez não queira saber dos seus problemas e, como de outras
vezes, apenas lhe virará as costas, dizendo que plantou e agora faz a colheita.
Mas, amiga querida, o que cresce em seu íntimo não é um problema: - é seu
filho!
Uma alma cara ao seu coração, um amor que volta aos seus braços para
acompanhar-lhe os dias que ainda estão para serem vividos.
Não aborte! Não mate a felicidade que bate às portas de sua alma, pedindo-
lhe pouso seguro!
Pela sua mente passam imagens de todos os prazeres que terá que abandonar em
nome de uma condição indesejada: as festas, os encontros, a liberdade de ir e
vir como queria e com quem queria...
Pensa em seu corpo... Em vê-lo deformado, em perder a forma cobiçada, no
desconforto, na dor, no parto.
Pensa nas despesas...nos gastos...
Mas eu sei!...eu sei de você! Sei que traz tantas coisas guardadas dentro do
coração, tantos sonhos que não compartilha com ninguém, tanta doçura que não
expressa...
Amiga, eu a conheço! Sei que tem fome de amor, desse amor profundo e sem
jaça que procurou nos braços de tantos que não a compreenderam e que muitas
vezes, desprezam o seu valor.
Aquele que retorna pelo seu ventre também sabe, por isso, escolheu-a para
chamá-la pelo mais sublime nome humano que já pousou nos lábios dos seres que
habitam essa Terra: mãe!
Reconheço que não terá dias fáceis, que alguns serão de noites sem estrelas.
Prometo, contudo, estar ao seu lado e ao lado de seu filho, observando,
alegre, seu ventre crescer, pleno de vida!
E digo mais: não contará apenas com a minha presença, mas, com a presença de
muitos que a amam e que velam pela sua paz e pela paz de seu filho!
Não desista de ser feliz! Não aborte seu sonho! Não mate seu filho, para o
seu próprio bem!
Com todo o carinho de meu coração.
Sua amiga e companheira eterna:
A esperança.

O Ateu

Conta um articulista que um farmacêutico se dizia ateu e vangloriava-se de
seu ateísmo. Deus, com certeza, deveria ser uma quimera, uma dessas fantasias
para enganar a pessoas incautas e menos letradas.
Talvez alguns mais desesperados que necessitassem de consolo e esperança.
Um dia, no quase crepúsculo, uma garotinha adentrou sua farmácia. Era loira,
de tranças e trazia um semblante preocupado. Estendeu uma receita médica e pediu
que a preparasse.
O farmacêutico, embora ateu, era homem sensível e emocionou-se ao verificar
o sofrimento daquela pequena, que, enquanto ele se dispunha a preparar a
fórmula, assim se expressava:
Prepare logo, moço, o médico disse que minha mãe precisa com urgência dessa
medicação.
Com habilidade, pois era muito bom em seu ofício, o farmacêutico preparou a
fórmula, recebeu o pagamento e entregou o embrulho para a menina, que saiu
apressada, quase a correr.
Retornou o profissional para as suas prateleiras e preparou-se para
recolocar nos seus lugares os vidros dos quais retirara os ingredientes para
aviar a receita.
É quando se dá conta, estarrecido, que cometera um terrível engano. Em vez
de usar uma certa substância medicamentosa, usara a dosagem de um violento
veneno, capaz de causar a morte a qualquer pessoa.
As pernas bambearam. O coração bateu descompassado. Foi até a rua e olhou.
Nem sinal da pequena. Onde procurá-la? O que fazer?
De repente, como se fosse tomado de uma força misteriosa, o farmacêutico se
indaga:
E se Deus existir...?
Coloca a mão na fronte e roga:
- Deus, se existes, me perdoa. Faze com que aconteça alguma coisa, qualquer
coisa para que ninguém beba daquela droga que preparei. Salva-me, Deus, de
cometer um assassinato involuntário.
Ainda se encontrava em oração, quando alguém aciona a campainha do balcão.
Pálido, preocupado, ele vai atender.
Era a menina das tranças douradas, com os olhos cheios de lágrimas e uns
cacos de vidro na mão.
- Moço, pode preparar de novo, por favor? Tropecei, cai e derrubei o vidro.
Perdi todo o remédio. Pode fazer de novo, pode?
O farmacêutico se reanima. Prepara novamente a fórmula, com todo cuidado e a
entrega, dizendo que não custa nada. Ainda formula votos de saúde para a mãe da
garota.
Desse dia em diante, o farmacêutico reformulou suas idéias. Decidiu ler e
estudar a respeito do que dizia não crer e brincava.
Porque embora a sua descrença, Deus que é Pai de todos, atendeu a sua oração
e lhe estendeu a Sua misericórdia.
No desdobramento de nossas experiências acabamos todos reconhecendo a
presença divina. É algo muito forte em nós.
Mesmo entre pessoas consideradas de má vida, e criminosos, encontraremos
vigente o conceito.
"A crença em Deus nos dá segurança, com a certeza de que não estamos
entregues à própria sorte.
É muito bom conceber que, desde sempre, antes mesmo que o conhecêssemos,
Deus já cuidava de nós.
(A presença de Deus, cap. 2 e 3)

Amor e Renúncia

A conversa informal durante o café da manhã foi mais uma oportunidade de
aprendizado para os que ouviam aquela senhora de semblante calmo e cabelos
embranquecidos pelas muitas primaveras já vividas.
Ela pôs o café e o leite na xícara e alguém lhe ofereceu açúcar. Mas a
senhora agradeceu dizendo que não fazia uso de açúcar. Alguém alcançou-lhe
rapidamente o adoçante, por pensar que deveria estar cumprindo alguma dieta.
Mas ela agradeceu novamente dizendo que tomava apenas café com leite, sem
açúcar nem adoçante dietético.
Sua atitude causou admiração, pois raras pessoas dispensam o açúcar. Mas ela
contou a sua história.
Disse que logo depois que se casara havia deixado de usar açúcar.
Imediatamente imaginamos que deveria ser para acompanhar o marido que, por
certo, não gostava de doce.
Mas aquela senhora, que agora lembrava com carinho do marido já falecido há
alguns anos, esclareceu que o motivo era outro.
Falou de como o seu jovem esposo gostava de açúcar, e falou também da
escassez do produto durante a segunda guerra mundial.
Disse que por causa do racionamento conseguiam apenas alguns quilos por mês
e que mal dava para seu companheiro.
Ela, que o amava muito, renunciou ao açúcar para que seu bem amado não
ficasse sem.
Declarou que depois que a guerra acabou e a situação se normalizou, já não
fazia mais questão de adoçar seu café e que havia perdido completamente o hábito
do doce.
Hoje em dia, talvez uma atitude dessas causasse espanto naqueles que não
conseguem analisar o valor e a grandeza de uma renúncia desse porte.
Somente quem ama, verdadeiramente, é capaz de um gesto nobre em favor da
pessoa amada.
Nos dias atuais, em que os casais se separam por questões tão
insignificantes, vale a pena lembrar as heroínas e os heróis anônimos que
renunciaram ou renunciam a tantas coisas para fazer a felicidade do companheiro
ou companheira.
Nesses dias em que raros cônjuges abrem mão de uma simples opinião em prol
da harmonia do lar, vale lembrar que a vida a dois deve ser um exercício
constante de renúncia e abnegação.
Não estamos falando de anulação nem de subserviência de um ou de outro, mas
simplesmente da necessidade de relevar ou tolerar os defeitos um do outro.
Não é preciso chegar ao ponto de abrir mão de algo que se goste por mero
capricho ou exigência do cônjuge, mas se pudermos renunciar a algo para que
nosso amor seja feliz, essa será uma atitude de grande nobreza de nossa parte.
Afinal de contas, o verdadeiro amor é feito de renúncia e abnegação senão
não é amor, é egoísmo.
Se entre aqueles que optaram por dividir o lar, o leito e o carinho a dois,
não existir tolerância, de quem podemos esperar tal virtude?
Se você ainda não havia pensado nisso, pense agora.
Pense que, quando se opta por viver as experiências do casamento, decide-se
por compartilhar uma vida a dois e isso quer dizer, muitas vezes, abrir mão de
alguns caprichos em prol da harmonia no lar.
Se você só se deu conta disso depois que já havia se casado, lembre-se de
que a convivência é uma arte e um desafio que merece ser vivido com toda
dedicação e carinho. Pois quando aprendermos a viver em harmonia dentro do lar,
estaremos preparados para viver bem em qualquer sociedade.
'O matrimônio é uma sociedade de ajuda mútua, cujos bens são os filhos -
espíritos com os quais nos encontramos vinculados pelos processos e necessidades
da evolução'.
autoria: equipe do Momento Espírita

Amor e Renúncia II

Agora ele já é um homem maduro...
Muitas foram as experiências vividas junto aos seus doze irmãos e de vez em
quando ele conta uma delas.
Lembra-se de quando era apenas um menino e se inquietava por que sua
mãezinha raras vezes almoçava ou jantava junto com ele e os demais filhos.
Um dia perguntou por que ela não se alimentava com eles e ela respondeu com
um sorriso de ternura:
- É que não sinto fome, meu filho.
Ele achava estranho o fato de sua velha mãe não sentir fome, mas sempre que
lhe perguntava ela respondia que realmente não estava com fome.
Os anos passaram... Os filhos cresceram e hoje ele sabe que sua mãezinha
deixava de comer mas não era por falta de fome e sim por falta de comida.
Ela, uma mulher semi-analfabeta, conduzia os filhos com tanto amor que
nenhum dos treze filhos percebeu que renunciava à comida para que eles pudessem
alimentar-se precariamente.
Jamais os fez sentirem-se culpados pelas necessidades que a família
enfrentava.
Esse é o verdadeiro amor.
O amor que sabe renunciar até mesmo às necessidades mais básicas, como o
alimento, por exemplo, para que os filhos cresçam seguros e sem culpa.
Hoje ela habita o Mundo dos Espíritos, e certamente pode contemplar cada um
dos seus filhos como quem fez tudo o que devia ser feito para que se tornassem
pessoas de bem.
Nos dias atuais, lamentavelmente, vemos pais e mães que culpam os filhos por
tudo o que não conseguem realizar.
Se a mãe não pode exercer a profissão que escolheu, a culpa é dos filhos,
que vieram na hora errada.
Se falta dinheiro, os filhos levam a culpa. Afinal de contas o colégio é
caro, os livros, as roupas etc.
Se o casal não pode realizar a viagem de férias, a sós, é por causa dos
filhos que teimam em existir para atrapalhar a vida dos pais.
Nesses dias de tantos desencontros entre pais e filhos, vale a pena meditar
a respeito da renúncia daquela mãe que deixava de comer para que os filhos que
pôs no mundo pudessem sobreviver.
Vale a pena pensar na grandeza do amor...
Do amor que sabe renunciar e sabe calar para não ferir os sentimentos
daqueles com quem convive e que dependem da segurança do lar para crescer e
dignificar o mundo que os acolhe com doçura e carinho.
Se você, como mãe, está impedida de fazer tudo o que gostaria por causa da
presença dos filhos, não os culpe. Lembre-se de que eles crescem muito rápido e
saberão reconhecer os seu esforços e renúncias.
E, ainda que não reconheçam, pense em como a vida não teria sentido sem a
presença deles no lar.
Pense que se Deus os levasse hoje você estaria livre para fazer o que
deseja, mas não é isso que você quer.
Por essa razão, considere que o tempo que você dedica aos filhos não é tempo
que você perde, mas tempo que você investe.
O verdadeiro amor é aquele que é capaz de renunciar sem ferir e de se
dedicar sem cobrança.
O amor de mãe é a mais sublime expressão do amor na face da Terra.
Nada se pode comparar à ternura de uma mãe abraçando os filhos seus.
É por isso que muitos de nós, nas horas amargas, lembramos da Mãe mais
sublime que já pisou na Terra: Maria, a mãe de Jesus.

ATENTADO À DIGNIDADE

Quando você comete um equívoco qualquer, o que espera dos outros com relação
ao seu ato infeliz?
Salvo os casos patológicos, as pessoas esperam que os outros tolerem e
desculpem seus erros, ou, então, que as ensinem a fazer o certo, não é verdade?
Todavia, mesmo com esse entendimento, não é assim que agimos com relação aos
equívocos das outras pessoas.
Um exemplo disso é o infeliz sistema de recuperação de presos vigente em
nosso país e em outras nações da terra.
É um sistema que atenta contra a dignidade humana e dificulta a recuperação
do delinqüente, tornando-o ainda mais rebelde e mais criminoso.
Abandonado pela sociedade o preso busca apoio naqueles que lhe inspiram ódio
contra esta que lhe parece injusta, acumulando sentimentos de agressividade e
ressentimento para descarregar mais tarde naqueles que consideram responsáveis
pelo seu encarceramento.
Ao invés de entender a prisão como uma forma de reparação do mal praticado,
nela vê somente um instrumento de punição e de crueldade, que mais o degrada e
enlouquece.
Não raro, indivíduos que cometem pequenos delitos são obrigados à
convivência com pessoas inescrupulosas, em pequenas celas, onde aprendem com
requinte de detalhes a criminalidade.
Nesses casos, em vez de se resolver o problema, se cria um ainda maior,
aumentando o número e o grau da delinqüência.
Já é tempo de se pensar em resolver problemas e não agravá-los com métodos
remanescentes dos tempos medievais, de torturas e degradações contra o ser
humano.
De um modo geral, isso se dá por causa do conceito que se faz do mal, sob
seus vários aspectos, confundindo-se o mal, propriamente dito, com aquele que o
pratica.
Talvez seja por isso que não temos sido eficientes nesse combate.
Para agirmos corretamente em prol do saneamento moral, é preciso não
confundir o crime com o criminoso, o vício com o viciado, a rebeldia com o
rebelde, do mesmo que não confundimos o doente com a doença.
Do mesmo modo que se combatem as enfermidades e não os enfermos, assim
também se devem combater o crime, o vício, a rebeldia, e não o criminoso, o
viciado, o rebelde.
O mal não é intrínseco no indivíduo, não faz parte da natureza íntima do
espírito, mas é uma anomalia como são as outras enfermidades.
O bem, tal como a saúde, é o estado natural inerente ao ser. Um corpo doente
constitui um caso de desequilíbrio, precisamente como um espírito transviado,
rebelde, viciado ou criminoso.
Portanto, os distúrbios psíquicos devem ser tratados com o mesmo cuidado que
se tratam as doenças do corpo.
Assim como não resolvemos o problema das doenças batendo no enfermo e
punindo-o, também não devemos combater os problemas morais espancando e punindo
o delinqüente.
Pode-se e deve-se envidar esforços para que o criminoso se restabeleça e se
integre na sociedade como um cidadão sadio, cumprindo as penas estabelecidas
pelas leis com dignidade e confiança e não como um ser imprestável, pois ele
também é filho de deus.
Agindo assim daremos o devido valor às palavras do cristo quando recomenda
que amemos os nossos inimigos e façamos o bem aos que nos fazem mal, porque ele
não proclamou somente um preceito de alta humanidade; proferiu uma sentença
profundamente pedagógica e sábia.
A benevolência, contrastando com a agressão, é o único processo educativo
capaz de corrigir e regenerar o equivocado.
Num tempo não muito distante, os processos arbitrários e injustos cederão
lugar a mecanismos de educação e de reeducação, assim como de crescimento moral,
através dos quais aqueles que delinqüirem encontrarão misericórdia e amor
conduzindo-os ao equilíbrio e à paz.
(Texto baseado no cap. O Criminoso e o Crime, do livro Em Torno do Mestre e
da pergunta 78 do livro Atualidade do Pensamento Espírita)

Amizade Verdadeira

Você tem amigos?
Se ainda não os tem, não perca tempo. Comece hoje mesmo a conquistar
amizades verdadeiras, pois a amizade é um tesouro sem o qual a vida na terra não
teria sentido.
É uma força capaz de suavizar até mesmo os momentos mais difíceis na vida
das pessoas, como os da guerra, por exemplo.
Há muitas histórias comoventes a respeito de grandes amizades e a que vamos
narrar é uma delas.
Conta-se que um soldado dirigiu-se ao seu superior e lhe solicitou permissão
para ir buscar um amigo que não voltou do campo de batalha.
Permissão negada, respondeu o tenente.
Mas o soldado, sabendo que o amigo estava em apuros, ignorou a proibição e
foi a sua procura.
Algum tempo depois retornou, mortalmente ferido, transportando o cadáver do
seu amigo nos braços.
O seu superior estava furioso e o repreendeu:
- Não disse para você não se arriscar? Eu sabia que a viagem seria inútil!
- Agora eu perdi dois homens ao invés de um.
- Diga-me: valeu a pena ir lá para trazer um cadáver?
E o soldado, com o pouco de força que lhe restava, respondeu:
- Claro que sim, senhor!
Quando eu o encontrei ele ainda estava vivo e pôde me dizer:
- "Tinha certeza que você viria"!
Histórias como essa se repetirão, com outras tonalidades, enquanto existir
amizade na face da Terra.
Quantos são aqueles que se dedicam, sem cobrança, a cuidar de amigos
enfermos, amigos em dificuldades, amigos rebeldes.
Por tudo isso é que a amizade tem sido comparada a um tesouro de valor
incalculável, pois não se compra nem se vende, simplesmente se conquista.
E a verdadeira amizade é aquela que aceita a pessoa amiga como ela é, e não
tenta moldá-la como gostaria que fosse.
A amizade respeita, compreende, perdoa, apóia, defende, enaltece.
Muitas pessoas confundem a amizade com cumplicidade interesseira, mas a
amizade não é assim.
O verdadeiro amigo sabe dizer sim e sabe dizer não quando é preciso, mesmo
que para isso não seja compreendido.
Em nome da amizade, não se deve fazer tudo o que o amigo faz ou apoiá-lo em
tudo. Isso é tolice.
A amizade fiel não é conivente com os equívocos, mas está sempre alerta para
socorrer quando necessário.
Enfim, o amigo é aquele que não apenas enxuga as nossas lágrimas, mas faz de
tudo para não deixá-las cair.
O maior exemplo de amizade que passou sobre a terra, chama-se Jesus Cristo.
Ele, um Poeta dos mundos celestes, fez-se Cantor para que a Sua sublime voz
fosse escutada neste minúsculo planeta.
Príncipe dos espaços siderais, tornou-se Súdito humilde para aproximar-se
dos corações sofredores.
Senhor das estrelas, converteu-se em servo para ensinar a humildade.
Nobre de origem celeste, transformou-se em Escravo por amor aos amigos-
irmãos degredados na Terra.
Grandioso, hoje como ontem, é o amanhã dos que choram, sofrem, aguardam e
amam.
Sua veneranda presença paira dominadora sobre a humanidade, que nele
encontra alento para suas dores e forças para prosseguir na escalada para Deus.
Jesus é a síntese histórica da grandeza, da perfeição, da sabedoria e, mais
do que nunca, da amizade...
(História recebida pela Internet, sem menção ao autor)

AUXÍLIO MÚTUO

Em zona montanhosa, através de região deserta, caminhavam dois velhos
amigos, ambos enfermos, cada qual a defender-se, quanto possível, contra os
golpes do ar gelado, quando foram surpreendidos por uma criança semimorta, na
estrada, ao sabor da ventania de inverno.
Um deles fixou o singular achado e exclamou, irritadiço: "não perderei
tempo. A hora exige cuidado para comigo mesmo. Sigamos à frente".
O outro, porém, mais piedoso, considerou: "amigo, salvemos o pequenino. É
nosso irmão em humanidade".
Não posso - disse o companheiro, endurecido -, sinto-me cansado e doente.
"Este desconhecido seria um peso insuportável. Temos frio e tempestade.
Precisamos chegar à aldeia próxima sem perda de minutos".
E avançou para diante em largas passadas.
O viajor de bom sentimento, contudo, inclinou-se para o menino estendido,
demorou-se alguns minutos colando-o paternalmente ao próprio peito e,
aconchegando-o ainda mais, marchou adiante, embora menos rápido.
A chuva gelada caiu, metódica, pela noite a dentro, mas ele, amparando o
valioso fardo, depois de muito tempo atingiu a hospedaria do povoado que
buscava.
Com enorme surpresa porém, não encontrou aí o colega que havia seguido na
frente.
Somente no dia imediato, depois de minuciosa procura, foi o infeliz viajante
encontrado sem vida, numa vala do caminho alagado.
Seguindo à pressa e a sós, com a idéia egoística de preservar-se, não
resistiu à onda de frio que se fizera violenta e tombou encharcado, sem recursos
com que pudesse fazer face ao congelamento.
Enquanto que o companheiro, recebendo, em troca, o suave calor da criança
que sustentava junto do próprio coração, superou os obstáculos da noite frígida,
salvando-se de semelhante desastre.
Descobrira a sublimidade do auxílio mútuo... Ajudando ao menino abandonado,
ajudara a si mesmo.
Avançando com sacrifício para ser útil a outrem, conseguira triunfar dos
percalços do caminho, alcançando as bênçãos da salvação recíproca.
As mais eloqüentes e exatas testemunhas de um homem, perante o pai supremo,
são as suas próprias obras.
Aqueles que amparamos constituem nosso sustentáculo.
O coração que amparamos constituir-se-á agora ou mais tarde em recurso a
nosso favor. Ninguém duvide.
Um homem sozinho é simplesmente um adorno vivo da solidão, mas aquele que
coopera em benefício do próximo é credor do auxílio comum.
Ajudando, seremos ajudados. Dando, receberemos: esta é a lei divina.
Do livro Jesus no Lar cap. Auxílio mútuo.

ADVERTÊNCIA

Existem jóias raras na literatura mundial, por vezes até de autor
considerado anônimo. Há alguns dias, em uma obra, colhemos a seguinte
advertência, exatamente nestes moldes de que falamos:
Um dia chegará em que, num determinado momento, um médico comprovará que meu
cérebro deixou de funcionar e que, definitivamente, minha vida neste mundo
chegou ao seu fim.
Quando tal coisa acontecer, não digas que me encontro em meu leito de morte.
Estarei em meu leito de vida e cuida para que esse corpo seja doado para
contribuir de forma que os outros seres humanos tenham uma vida melhor.
Dá meus olhos ao desgraçado que jamais tenha contemplado o amanhecer, que
não tenha visto o rosto de uma criança ou, nos olhos de uma mulher, a luz do
amor.
Dá meu coração a alguma pessoa cujo coração só lhe tenha valido
intermináveis dias de sofrimento.
Meu sangue, dá-o ao adolescente resgatado de seu automóvel em ruínas, a fim
de que possa viver até poder ver seus netos brincando ao seu lado.
Dá meus rins ao enfermo, que deve recorrer a uma máquina para viver de uma
semana à outra.
Para que um garoto paralítico possa andar, toma toda a totalidade de meus
ossos, todos os meus músculos, as fibras e os nervos todos de meu corpo.
Mexe em todos os recantos de meu cérebro. Se for necessário, toma minhas
células e faze com que se desenvolvam, de modo que, algum dia, um garoto sem
fala consiga gritar com entusiasmo ao assistir a um gol, e uma garotinha surda
possa ouvir o repicar da chuva contra o vidro da janela.
O que sobrar do meu corpo, entrega-o ao fogo e lança as cinzas, ao vento,
para contribuir com o crescimento das flores.
Se algo tiveres que enterrar, que sejam os meus erros, minhas fraquezas e
todas as minhas agressões contra o meu próximo.
Se acaso quiseres recordar-me, faze-o com uma boa obra e dizendo alguma
palavra bondosa ao que tenha necessidade de ti."
As palavras de advertência desse anônimo nos convidam a meditar no tesouro
que possuímos, que é nosso corpo físico.
Tantos esquecemos de render graças a Deus por essa maquinaria maravilhosa,
tanto quanto nos olvidamos de lhe providenciar, após a morte física, o devido
destino.
Tantas são as campanhas em prol da doação de córneas, de rins e vamos
protelando sempre para mais tarde a decisão de prescrever nossa doação.
Sem nos esquecermos de que, enquanto ainda dispondo do corpo de carne,
podemos nos tornar regulares doares do valioso líquido, que representa a vida e
se chama sangue.
Meditemos se não estamos sendo demasiado egoístas em não disponibilizar esse
tesouro para que outros vivam e vivam de forma abundante.
Você sabia?
Que a retirada das córneas, após a morte, de forma alguma deforma ou mutila
o cadáver? Esta é a preocupação de alguns possíveis doadores, que não desejam
agredir a família.
E você sabia que os rins podem ser retirados do cadáver até seis horas após
ter ocorrida a morte?
E, finalmente, que, para o espírito do doador não ocorre mutilação, ao
contrário, tais atitudes revelam desprendimento e grandeza d'alma?
Fonte:
Livro: Um presente especial, pág. 158 - Em minha lembrança

AMIGOS

O que é que faz com que uma amizade solidifique e se torne profunda?
Falando das suas experiências, alguns afirmam que foram momentos de grande
dor que fizeram com que eles descobrissem e firmassem uma sólida amizade. A
chave, portanto, seria passar por um grave problema juntos.
Outros, contudo, falam de coisas pequenas que se somam no tempo
acrescentando, a cada ano, mais uma pedra preciosa ao relacionamento.
Harry e Lawrence pertencem a esse último grupo. São primos em primeiro grau.
Nasceram com a diferença de seis meses e separados apenas por poucas quadras.
Desde a mais tenra idade, conviveram. Descobriram que eram muito parecidos.
Falavam, gostavam e pensavam de forma muito semelhante.
Quando ambos tinham em torno de 05 anos, Lawrence foi para a festa de
aniversário do primo. Era mais uma grande reunião de família, onde se misturavam
primos, tias, sobrinhos.
Harry ganhou de um dos convidados uma maravilhosa coleção de soldadinhos de
chumbo, pintados com cores vivas e aos olhos da criançada pareciam reais. O
aniversariante os pegou e mostrou a todos com orgulho.
Brincaram até tarde. Na hora da saída, Lawrence enfiou todos os soldadinhos
no bolso da calça.
Eram tão lindos que ele os desejou para si. Fingindo naturalidade, foi
saindo de fininho, encaminhando-se para a porta.
O que ele não sabia é que o bolso da calça estava furado e os soldadinhos
caíram com estardalhaço no chão.
Os adultos se viraram todos para o pequeno, com olhos acusadores. Sua mãe
lhe desferiu aquele olhar de: o que você fez?
O garoto se sentiu acuado. Tinha vontade de sair correndo, fugir, mas as
pernas lhe pesavam. Pareciam pregadas ao chão. Foi o pior momento de sua vida,
lembra Lawrence, hoje com mais de setenta anos.
Então, o primo Harry veio em seu socorro. Colocou-se ao lado dele e com
segurança falou em voz alta e clara:
Eu dei os soldadinhos para ele.
Recordando aqueles momentos, o escritor que viaja pelo mundo todo, pergunta:
- De que outro motivo preciso para amar esse sujeito?
E são amigos até hoje. Mesmo que, crescidos, tenham seguido caminhos
diferentes, prosseguiram a cultivar esse sentimento maravilhoso que nos faz
florescer e que se chama: amizade.
A amizade sincera é um oásis de repouso para o caminheiro da vida, na sua
jornada de aperfeiçoamento.
A amizade leal é a mais formosa modalidade do amor fraterno, que santifica
os impulsos do coração.
Quem sabe ser amigo verdadeiro é, sempre, o emissário da ventura e da paz.
Ter amizade é ter coração que ama e esclarece, que compreende e perdoa nas
horas mais amargas da vida.
Revista seleções do reader's digest março/2000 - o último calouro
Livro: O Consolador, perg. 174

ACREDITAR E AGIR

Um viajante caminhava pelas margens de um grande lago de águas cristalinas e
imaginava uma forma de chegar até o outro lado, onde era seu destino.
Suspirou profundamente enquanto tentava fixar o olhar no horizonte. A voz de
um homem de cabelos brancos quebrou o silêncio momentâneo, oferecendo-se para
transportá-lo. Era um barqueiro.
O pequeno barco envelhecido, no qual a travessia seria realizada, era
provido de dois remos de madeira de carvalho. O viajante olhou detidamente e
percebeu o que pareciam ser letras em cada remo. Ao colocar os pés empoeirados
dentro do barco, observou que eram mesmo duas palavras. Num dos remos estava
entalhada a palavra acreditar e no outro agir.
Não podendo conter a curiosidade, perguntou a razão daqueles nomes originais
dados aos remos.
O barqueiro pegou o remo, no qual estava escrito acreditar, e remou com toda
força. O barco, então, começou a dar voltas sem sair do lugar em que estava. Em
seguida, pegou o remo em que estava escrito agir e remou com todo vigor.
Novamente o barco girou em sentido oposto, sem ir adiante.
Finalmente, o velho barqueiro, segurando os dois remos, movimentou-os ao
mesmo tempo e o barco, impulsionado por ambos os lados, navegou através das
águas do lago, chegando calmamente à outra margem.
Então o barqueiro disse ao viajante:
- Este barco pode ser chamado de autoconfiança. E a margem é a meta que
desejamos atingir.
- Para que o barco da autoconfiança navegue seguro e alcance a meta
pretendida, é preciso que utilizemos os dois remos ao mesmo tempo e com a mesma
intensidade: agir e acreditar.
Não basta apenas acreditar, senão o barco ficará rodando em círculos, é
preciso também agir para movimentá-lo na direção que nos levará a alcançar a
nossa meta.
Agir e acreditar. Impulsionar os remos com força e com vontade, superando as
ondas e os vendavais e não esquecer que, por vezes, é preciso remar contra a
maré.
Gandhi tinha uma meta: libertar seu povo do jugo inglês. Tinha também uma
estratégia: a não violência.
Sua autoconfiança foi tanta que atingiu a sua meta sem derramamento de
sangue. Ele não só acreditou que era possível, mas também agiu com segurança.
Madre Teresa também tinha uma meta: socorrer os pobres abandonados de
Calcutá. Acreditou, agiu, e superou a meta inicial, socorrendo pobres do mundo
inteiro.
Albert Schweitzer traçou sua meta e chegou lá. Deixou o conforto da cidade
grande e se embrenhou na selva da África francesa para atender os nativos, no
mais completo anonimato.
Como estes, teríamos outros tantos exemplos de homens e mulheres que não só
acreditaram, mas que tornaram realidade seus planos de felicidade e redenção
particular.
E você? Está remando com firmeza para atingir a meta a que se propôs?
Se o barco da sua autoconfiança está parado no meio do caminho ou andando em
círculos, é hora de tomar uma decisão e impulsioná-lo com força e com vontade.
Lembre que só você poderá acioná-lo utilizando-se dos dois remos: agir e
acreditar.
Pense nisso!
Caso você ainda não tenha uma meta traçada ou deseje refazer a sua,
considere alguns pontos:
Verifique se os caminhos que irá percorrer não estarão invadindo a
propriedade de terceiros.
Se as águas que deseja navegar estão protegidas dos calhaus da inveja, do
orgulho, do ódio.
E, antes de movimentar o barco, verifique se os remos não estão corroídos
pelo ácido do egoísmo.
Depois de tomar todas essas precauções, siga em frente e boa viagem.
(Baseado em texto recebido pela Internet, sem menção a autor)

ADVERSÁRIOS DA FELICIDADE

Eles formavam um casal harmônico. Jovens e belos desfilavam pelas ruas de
mãos dadas e sorrisos nos lábios.
Tudo parecia lhes sorrir. Profissionais liberais, administravam sua agenda
de forma que a profissão não lhes tomasse todas as horas.
Escoavam os meses e se reprisavam os anos de gentilezas, traduzindo
carinhoso afeto.
Até que um dia, um cliente mais ousado tomou atitudes indevidas e, embora
fosse rechaçado com firmeza pela jovem esposa, o esposo se encheu de ciúmes.
A partir de então, o relacionamento começou a deteriorar. Ele se tornou frio
para com ela. Os diálogos amigos se transformaram em monossílabos forçados.
Ela passou a agasalhar mágoa no seu coração.
Finalmente, optaram pela separação. A pedido dela, ele saiu de casa. Agora
se encontravam somente no campo profissional, pois trabalhavam no mesmo local.
As noites solitárias começaram a se tornar intermináveis e ele passou a sentir a
falta dela. Analisou os motivos da separação e descobriu que havia sido muito
infantil. Resolveu pedir desculpas e retornar ao lar.
Em uma noite, decidiu que ao se erguer pela manhã, iria até uma
floricultura, compraria lindas flores e as remeteria para a sua amada.
Pensou em versos cheios de amor para esconder entre o ramalhete delicado:
alma gêmea da minhalma. Flor de luz da minha vida. Sublime estrela caída das
belezas da amplidão. És meu tesouro infinito. Juro-te eterna aliança. Porque eu
sou tua esperança. Como és todo o meu amor.
Adormeceu pensando em como se ajoelharia aos seus pés, confessando-lhe o
amor que sentia.
Quando amanheceu o dia, vestiu-se, perfumou-se e foi até a frente da casa.
Então se sentiu um tolo romântico.
E se ela não o perdoasse? E se ela não estivesse disposta a reatar o
relacionamento?
Afastou-se. Durante todo aquele dia a idéia não lhe saía da cabeça. Afinal,
ela estava ali, tão perto, trabalhando na outra sala. Não encomendou as flores.
Mas leu e releu os versos que escrevera. Chegou a noite, cheia de estrelas. O
quarto de hotel parecia sufocá-lo. Saiu, comprou flores, escreveu os versos em
lindo cartão e se dirigiu para a casa dela.
A passo acelerado, foi chegando. Tinha na mente para sair pelos lábios todas
as frases de perdão e juras de amor.
Com o coração em descompasso, bateu à porta. A empregada atendeu chorosa e
vendo-o apontou para o interior da sala.
A jovem tivera um problema cardíaco e morrera. As flores que ele levava
serviram para lhe adornar o caixão. Mas os versos que ele fizera, esses ele não
poderia jamais declamar aos seus ouvidos. Era tarde demais...
O ciúme é perigoso adversário. Tem a capacidade de destruir relações
afetivas, ferindo os que a ele se entregam.
Se você já se permitiu dominar por ele, pense em quanto já perdeu em
oportunidades de ser feliz. Quantas vezes se tornou frio, agressivo. Quantas
vezes magoou e se sentiu magoado.
E tome uma decisão imediata. Abandone esse sentimento e retorne às fontes
generosas do amor. Só quem ama é feliz e faz os outros felizes.
Fonte:
Há dois mil anos, 2ª parte cap. 4. ED. FEB.

A Arte dos Elogios

A baixa auto-estima é vista hoje, como uma espécie de carência de vitaminas
emocionais para as crianças e adultos.
Preocupados com o desenvolvimento dos seus filhos e com suas conquistas,
alguns pais exageram na hora dos elogios. Criança viciada em elogios se torna
problema na escola. Ela sempre ficará na dependência da aprovação verbal dos
professores. Adulada em excesso e sem motivo, a criança cresce esperando o mesmo
de todas as pessoas.
Hoje, ela espera o afago verbal dos pais, dos professores. Amanhã será do
chefe, da namorada ou do namorado para se sentir bem. É que o excesso de
elogios, e nem sempre verdadeiros, gera insegurança e não auto-estima.
O educador, escritor e pai de cinco filhos, Paul Kropp, de Toronto,
estabeleceu alguns itens que acredita importantes para aumentar a autoconfiança
dos nossos filhos, sem correr o risco de ser demasiadamente generosos em
elogios, sejam eles merecidos ou não:
1. Inclua seu filho no que você estiver fazendo. E lembre-se de que nem tudo
precisa ser perfeito no trabalho dele. Deixe a criança experimentar, agir,
auxiliar. Pequenas tarefas falam de responsabilidade e amadurecimento.
2. Não apresente ao seu filho obstáculos grandes demais. A dificuldade das
tarefas atribuídas às crianças deve ir aumentando aos poucos.
3. Não corra para ajudar o seu filho. Dê a ele a chance de experimentar a
frustração. A frustração faz parte do mundo real e a criança deve aprender,
desde cedo, a lidar com ela.
4. Certifique-se de que ele tenha desafios fora de casa: grupos de excursão,
equipes de natação, aulas de música.
5. Elogie os resultados finais com sensatez. Quando descobrir nos olhos de
seu filho que ele está satisfeito com algo que fez, não seja severo na crítica.
Finalmente, para ajudar a criança a desenvolver uma noção real de seu valor:
Preste atenção ao que seu filho faz ou diz - você não precisa concordar, mas
tem de ouvir.
Encontre tempo suficiente para desenvolverem projetos juntos, sem perder de
vistas as habilidades da criança.
Lembre-se de que não são os falsos elogios que constroem a identidade de seu
filho, mas sim a atividade e o sucesso.
Os elogios, por si mesmos, não levam nossos filhos a crescer e buscar novos
desafios. E para aquele que sabe o que quer, não serão uma ou duas críticas que
o irão abater.
Por tudo isso os pais, que conhecem seus filhos, devem usar de bom senso.
Elogios e críticas bem dosadas, aliadas ao tempo e esforço pessoal, possibilitam
a autoconfiança e a consciência do próprio valor.
Você sabia?
Você sabia que o falso elogio enche a criança de expectativas irreais? E que
a falta deles acaba por desvalorizá-la e deprimir?
Que quando a criança precisa de um elogio para elevar a sua auto-estima,
terá dificuldades para aprimorar o seu caráter porque estará sempre na
dependência do que os outros pensam? Estará buscando aprovação e não
aprimoramento.
Incentivar é permitir a possibilidade da experiência, do erro e do acerto.
Eis o caminho ideal para a correta formação do caráter dos nossos filhos.
Fonte:
Revista Seleções do Reader's Digest maio/2000 - Seu filho é viciado em
elogios?, Pág.77

Apesar dos Limites

No tempo em que ainda era um simples estudante de medicina numa universidade
do meio oeste dos estados unidos da América, Dr. Marlin nutria a estúpida
preocupação com um mundo cheio de pessoas aleijadas e de doentes sem esperança
de cura.
Por essa razão, era partidário da eutanásia e da eliminação dos aleijados
sem cura.
Moço e irreverente, costumava travar calorosas discussões com os colegas que
pensavam de maneira diferente da sua.
Aos seus inflamados argumentos, os companheiros respondiam:
"Mas então você não vê que nós aqui estamos estudando medicina precisamente
para cuidar dos aleijados, dos coxos e dos cegos?"
"Os médicos existem neste mundo para curar os doentes". Era sempre a
resposta que ele dava. E se nada pudermos fazer em seu benefício, o melhor para
eles é a morte".
No entanto, uma noite, quando prestava serviço como interno de hospital, no
último ano do curso, Marlin foi chamado para assistir a uma parturiente,
imigrante alemã, que morava num bairro miserável da cidade.
Era o décimo filho que a pobre mulher dava à luz, e o bebê entrou neste
mundo com uma das perninhas bastante mais curta do que a outra.
Antes de fazer com que a criança pudesse respirar por si mesma, acudiu-lhe
um pensamento: "Que despropósito! Este pequeno vai passar a vida inteira
arrastando esta pobre perna."
"Na escola será vítima de chacota dos outros meninos, que o chamarão
"manco".
"Para que hei de obrigá-lo a viver? O mundo nunca dará pela falta dele."
Mas, apesar dos pensamentos, o garoto levou a melhor. O jovem médico não
conseguiu deixar de insuflar o ar da vida naqueles pequenos pulmões, pondo-os a
funcionar.
Cumprido o dever, o interno agarrou a maleta do ofício e foi embora
censurando o próprio procedimento. "Não posso compreender por que fiz isto!"
Como se não houvesse filhos demais naquele antro de miséria. Não entendo porque
deixei viver mais aquele, e ainda por cima estropiado."
Os anos correram...
O Dr. Marlim consagrou-se como médico e conquistou vasta clientela. As
idéias que sustentava na juventude mudaram. Agora ele se dedicava a salvar e
conservar vidas.
Um dia, seu filho único e a esposa morreram num acidente de automóvel, e
Marlim tomou a filha do casal para criar.
Amava com todas as forças a netinha "Bárbara".
No verão em que completou dez anos, a menina acordou, certa manhã,
queixando-se de torcicolo e de dores nas pernas e nos braços...
De começo pensou-se que fosse poliomielite, a temível paralisia infantil,
mas depois verificou-se que era uma raríssima infecção causada por vírus pouco
conhecido que também causava paralisia.
O Dr. Marlim reuniu vários neurologistas e todos foram unânimes em afirmar
que não se conhecia remédio nem tratamento algum para aquela enfermidade.
"Em todo caso, existe um médico no Oeste, homem moço, que escreveu
recentemente sobre o êxito que tem obtido em casos como este", observou um dos
neurologistas.
O Dr. Marlim não teve dúvidas. Tomou a neta e se dirigiu para o hospital
indicado.
Quando ficou frente a frente com o médico, único capaz de salvar a neta tão
querida, o Dr. Marlim observou que o jovem colega coxeava acentuadamente...
"Esta perna curta faz de mim um igual dos meus doentes", observou o Dr. T.
J. Miller, ao notar o olhar do Dr. Marlim. "Consinto que as crianças me chamem
de "manco", e elas adoram isso.
"De fato prefiro esse nome ao meu nome real, que é Tadeu, que sempre me
pareceu um tanto pomposo e ridículo! Como a tantos outros meninos, deram-me o
nome do moço interno que uma noite me ajudou a vir ao mundo..."
O Dr. Tadeu Marlim empalideceu e engoliu a seco. Por alguns minutos lembrou-
se dos pensamentos que lhe acorreram naquela noite distante: "O mundo nunca dará
pela falta dele".
Estendeu comovidamente a mão ao jovem colega, o coxinho devotado, graças a
quem a neta ia poder andar outra vez, e pensou consigo mesmo: "Em todo caso,
sempre é melhor ser coxo do que cego, como eu fui, por muito tempo".
(Adaptado da revista Seleções do Reader's Digest, de fev/1948)